quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O exército israelita matou meu filho com gás 'como Auschwitz' - mãe do soldado

Wyatt Reed e Max Blumental | The Grayzone | # Traduzido em português do Brasil

Uma mãe israelense indignada gerou alvoroço depois de acusar o exército israelense de deliberadamente matar seu filho com gás enquanto ele estava detido em um túnel de Gaza. Agora ela diz que os militares israelenses removeram a lápide de seu filho depois que sua mensagem crítica se tornou viral.

O seu assassinato segue um padrão de ataques militares israelitas contra prisioneiros israelitas em Gaza, levantando questões sobre a existência de uma política de fogo amigo para evitar trocas de prisioneiros.

A mãe de um soldado israelita, agora morto, capturado por militantes do Hamas em 7 de Outubro, diz que foram os militares israelitas, e não os combatentes da resistência palestiniana, que mataram o seu filho. Numa publicação recentemente publicada no Facebook, a mãe israelita Maayan Sherman escreveu que o seu filho Ron foi “de facto assassinado – não pelo Hamas”, mas em circunstâncias mais semelhantes a “Auschwitz e os chuveiros”.

A morte do seu filho, escreveu ela, foi causada “não por tiros acidentais, nem por fogo cruzado, mas por homicídio premeditado – bombardeamento com gás venenoso”.

A mãe de Ron Sherman, um dos soldados israelenses capturados em 10/07, acusa nosso exército de ser responsável por sua morte em um túnel em Gaza e afirma que ele morreu como resultado do uso israelense de gases venenosos como parte de uma tentativa de assassinato. para matar militantes palestinos nos túneis. https://t.co/rgeh73YBoK

-Asaf Ronel (@AsafRonel) 17 de janeiro de 2024

“Ron foi sequestrado por negligência criminosa de todos os altos funcionários do exército e deste maldito governo, que deu ordem para eliminá-lo para acertar contas com algum terrorista de Jabalya”, acrescentou ela.

“Falsa Justiça” em Haia

A CIJ “nomeia” Netanyahu para “prevenir” e “punir” “os responsáveis ​​por “atos genocidas”

A Criminalização do Direito Internacional. Parte I

Michel Chossudovsky | Substack | * Traduzido em português do Brasil

Introdução

Embora a CIJ tenha rejeitado a tentativa de Israel de rejeitar as afirmações da África do Sul, o Acórdão – que está cheio de contradições – apoia, em última análise, o governo do Likud. 

Além disso, nenhum cessar-fogo foi declarado pela CIJ com vista a salvar vidas . Desde 7 de Outubro, amplamente documentadas, as atrocidades cometidas contra o Povo da Palestina são indescritíveis. Pelo menos 10.000 crianças foram mortas: “ É uma criança palestiniana morta a cada 15 minutos … Milhares de outras estão desaparecidas sob os escombros, a maioria delas presumivelmente mortas”.

De importância: O Julgamento sugere que os militares israelitas, e não o governo de Netanyahu, devem ser responsabilizados pela prática de actos criminosos que violam o Artigo 2 da Convenção do Genocídio.  O que esta “declaração” sugere é que “as mãos de Netanyahu estão limpas”. Absurdo!

Há amplas evidências de que o genocídio foi cuidadosamente planeado muito antes de 7 de outubro de 2023 pelo Gabinete de Netanyahu. 

Existe uma estrutura de comando dentro das forças armadas israelenses. Os soldados e pilotos israelitas obedecem às “ordens ilegais” emanadas do governo de Netanyahu.

América endossa o genocídio

Em muitos aspectos,  o acórdão do Tribunal Mundial contradiz o seu próprio mandato : presidido por um antigo conselheiro jurídico de Hillary Clinton , isto não deveria constituir surpresa.

A CIJ está sob os holofotes de Washington. Não tenhamos ilusões, os EUA apoiaram firmemente o empreendimento criminoso de Israel: 

“Os EUA afirmaram que a decisão do TIJ era consistente com a visão de Washington de que Israel tem o direito de tomar medidas, de acordo com o direito internacional, para garantir que o ataque de 7 de Outubro não possa ser repetido. 

“Continuamos a acreditar que as alegações de genocídio são infundadas e observamos que o tribunal não fez uma conclusão sobre o genocídio nem apelou a um cessar-fogo na sua decisão e que apelou à libertação incondicional e imediata de todos os reféns detidos pelo Hamas”, disse um comunicado. Disse o porta-voz do Departamento de Estado. Al Jazeera , 26 de janeiro de 2024, grifo nosso)

A presidente da CIJ,  Joan E. Donoghue,  foi consultora jurídica da secretária de Estado Hillary Clinton durante a administração Obama. Joan Donoghue recebe instruções de Washington.

Além disso, a condução do genocídio é um esforço conjunto Israel-EUA com as forças dos EUA envolvidas nas unidades de combate de Israel. 

Ninguém nos meios de comunicação social nem no movimento pela paz sublinhou o facto de o Presidente do TIJ estar de facto em “conflito de interesses”.

“A raiva do mundo foi pacificada durante algum tempo com a falsa celebração de uma falsa “vitória” em Haia . O juiz-chefe dos EUA na CIJ deve estar rindo.

O genocídio de Israel continuará enquanto os EUA e o seu chefe de justiça no TIJ manterem o mundo à distância durante muito tempo com novas palavras falsas e ações adiadas.” ( Karsten Riise,  ênfase de Pesquisa Global adicionada)

Os crimes cometidos por Israel têm “caráter genocida”

Segundo a República da África do Sul — referindo-se ao Artigo II  da Convenção sobre Genocídio —, os crimes cometidos pelo Estado de Israel “ são de caráter genocida porque se destinam a provocar a destruição de uma parte substancial da população nacional, racial palestina”. e grupo étnico. ...”:

“Os actos em questão incluem matar palestinianos em Gaza, causando-lhes graves danos físicos e mentais, e infligindo -lhes condições de vida calculadas para provocar a sua destruição física.

… Essa intenção também deve ser inferida adequadamente da natureza e conduta da operação militar de Israel em Gaza, tendo em conta, entre outros aspectos, o fracasso de Israel em fornecer ou garantir alimentos essenciais, água, medicamentos, combustível, abrigo e outra assistência humanitária para os sitiados e bloqueou o povo palestino, o que o levou à beira da fome.

Os actos são todos atribuíveis ao [Estado de] Israel , que não conseguiu prevenir o genocídio e está a cometer genocídio em manifesta violação da Convenção do Genocídio. … " (enfase adicionada)

(Veja  o documento de 84 páginas da República da África do Sul submetido à CIJ 

Clique aqui para acessar o texto completo da Convenção sobre Genocídio .

Portugal-UE | Jato Dissuasor


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal-UE: Protestos dos agricultores bloqueiam várias estradas do país

Várias estradas de acesso à fronteira com Espanha estão hoje bloqueadas por agricultores portugueses com os seus tratores, que aderiram aos protestos que acontecem noutros países da Europa, reclamando a valorização do setor e condições justas.

Em causa está uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, que decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

Os agricultores começaram os protestos ao início do dia e, segundo a Guarda Nacional Republicana (GNR), pelas 07:30, várias estradas do país estavam condicionadas, entre as quais a A25, na Guarda, com uma concentração de 200 tratores entre o nó de Leomil e Vilar Formoso, que juntou agricultores de toda a Beira Interior.

Já em Elvas, distrito de Portalegre, os agricultores concentrados junto à fronteira do Caia ameaçam mesmo levar os protestos até Lisboa, caso o Governo não os contacte sobre as reivindicações do setor.

Também em Santarém uma concentração de 100 veículos agrícolas provocou um condicionamento na ponte da Chamusca, enquanto em Beja, entre Vila Verde e Ficalho, na Estrada Nacional 260, os agricultores manifestaram-se com cerca de 45 tratores e quatro viaturas pesadas.

Camionistas espanhóis retidos na fronteira de Vila Verde de Ficalho, concelho de Serpa (Beja), devido ao corte da Estrada Nacional 260 (EN260) por agricultores alentejanos, disseram compreender o protesto, restando-lhes só a opção de regressarem à base.

Mais tarde, os cerca de 800 agricultores e 100 tratores concentrados na Ponte da Chamusca deslocaram-se para um novo ponto de protesto, com o objetivo de cortar o trânsito na Autoestrada 23, junto à saída da Cardiga, em direção a Tomar.

No distrito de Bragança, um grupo de agricultores com 60 tratores reuniu-se em Mogadouro para percorrer em marcha lenta a Estrada Nacional (EN) 221 até à fronteira da Bemposta.

Em Coimbra, centenas de tratores e máquinas agrícolas percorreram em marcha lenta a Estrada Nacional (EN) 111 em direção à Baixa de Coimbra, onde os promotores do protesto esperavam juntar, ao final da manhã, meio milhar de veículos.

Neste caso, a manifestação, aparentemente espontânea e não integrada na programação do protesto do Movimento Civil Agricultores de Portugal, partiu de um grupo de produtores agrícolas do Baixo Mondego, que se concentraram em Montemor-o-Velho, a cerca de 25 quilómetros de Coimbra.

Ao final da manhã, em declarações à SIC, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, disse que os agricultores devem confiar no Governo e que vai pedir autorização à Comissão Europeia para utilizar o Orçamento do Estado para evitar distorções no mercado.

"Os agricultores devem confiar no Governo e nas instâncias europeias. A PAC [política agrícola comum] é o único instrumento europeu para fazer face à produção de alimentos e, neste momento, não serve os desafios que os agricultores têm pela frente", afirmou a governante.

Maria do Céu Antunes garantiu que o Governo vai pedir autorização à Comissão Europeia para utilizar o Orçamento do Estado para que não haja distorções no mercado, isto porque, entre os motivos do descontentamento, está a concorrência estrangeira.

A ministra realçou ainda que o Governo está a trabalhar com o setor e com as instâncias europeias para desbloquear os apoios extraordinários o mais rápido possível.

As ações de protesto junto à fronteira estão a ser acompanhadas pela GNR e pela Guardia Civil espanhola.

O Movimento Civil de Agricultores, que se apresenta como espontâneo e apartidário, garantiu que os agricultores portugueses estão preparados para "se defenderem do ataque permanente à sustentabilidade, à soberania alimentar e à vida rural".

Em França, os agricultores estão a bloquear várias estradas para denunciar, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.

O protesto também tem crescido em países como Espanha, Bélgica, Grécia, Alemanha ou Itália.

Notícias ao Minuto | Lusa

Portugal | Abril começa em fevereiro

Ricardo Marques, jornalista | Expresso (curto)

O cidadão sonhava morar num enorme casarão, tão alto que lá de cima, das águas-furtadas, se visse o país inteiro, mais o mar e as ilhas lá ao longe. Como não pode, faz de conta que si

Gosta de ficar à janela, a ver o que traz o vento e os dias

É, digamos, um ponto de vista.

O cidadão olha para o lado, em direção ao Porto, e vê uns bons milhares de polícias na rua aos gritos, como sucedeu ontem. São agentes da PSP, militares da GNR e, provavelmente, também guardas prisionais e andam há semanas a insistir no mesmo. Querem receber um subsídio de risco, tal como sucede com os inspetores da Polícia Judiciária. O Governo explica que não dá, que nem pensar, que está em gestão.

E os polícias pensam: isto não está bom.

Lá do alto, se forçar um pouco a vista, o cidadão vê também as colunas de fumo que sobem no coração da Europa, entupido de tratores e agricultores furiosos . Os de cá, os agricultores, elevam a voz e ameaçam fazer parecido. A ministra da Agricultura, do governo em gestão, aproveita e anuncia apoios de 500 milhões (uma mistura de subsídios, empréstimos, dinheiro europeu e uma redução de 55% no imposto sobre o gasóleo verde).

E os agricultores pensam: isto não está mau. (mas mesmo assim, esta manhã vão sair com os tratores para a estrada e é provável que o trânsito complique)

Com uns bons binóculos políticos, que bloqueiam tudo o resto, surgem eleições no horizonte.

Começam já este domingo, nos Açores, onde há uns meses ficou um orçamento por aprovar. As contas não ficaram mais fáceis desde então. Sem maiorias à vista, e com a campanha eleitoral na máxima força, parece que tudo vai voltar a depender de coligações e entendimentos. Pelo meio, há quem promete aparecer na noite decisiva, mesmo sem convite.

Sobre a Madeira, por onde há uma semana passou um tufão judicial que arrasou o governo regional, o cidadão contempla a paisagem distante e pensa que não vai haver eleições, e não está errado. Há muitos comentadores e alguns partidos a pensar assim. A seguir pensa que vai haver eleições, e não está certo. Há outros tantos comentadores, e outros partidos, que pensam o mesmo.

[Em Lisboa, o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e dois empresários, Avelino Farinha e Custódio Correia, detidos pela Polícia Judiciária há mais de uma semana, estão ainda na fase do primeiro interrogatório judicial – e sem saber que medidas de coação lhes serão aplicadas. É provável que haja novidades hoje ou amanhã]

Ontem, a deputada do PAN – o pequeno parafuso que sustenta a máquina inteira – saiu calada da reunião com o representante da República. “Não alimentamos especulação”, disse Mónica Freitas. Esperava-se para hoje a indicação de um nome para suceder a Miguel Albuquerque, mas ninguém sabe ao certo.... Bom, se não for antes, saber-se-á em março, quando acabam os primeiros seis meses de vida da assembleia legislativa.

E o cidadão ouve março e vem-lhe à cabeça que em março já há umas eleições legislativas marcadas. Espera... Mas também há Europeias em junho....

Ouvem-se lá em cima os lamentos: é o fim da credibilidade da política, que devia ser assim e que devia ser assado...A politica é vítima da justiça, a justiça funciona bem, a culpa é do Passos, a culpa é do Sócrates... Este país não tem remédio.

O cidadão ouve, e pensa: eis um ponto de vista.

Outro é aceitar que Portugal é apenas um ponto de vista. E lembrar, com um sorriso, que em 1975 apareceu por aí um cartaz do Movimento Anarquista com um enorme e colorido Galo de Barcelos. Dizia assim: “ruim por ruim...vota em mim!”

Haverá melhor forma de assinalar os 50 anos do 25 de Abril do que ter quatro eleições num ano? Só mesmo arranjar umas autarquicazinhas lá para outubro.

Ficava a festa bem feita.

Angola | A Pianista e os Filhos de Eleguá – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Na chitaca da Kapopa o Velho Tuma era pastor do gado e meu professor. Ensinou-me tudo o que é preciso para sobreviver sem pedir licença a ninguém. A lição de base era diária e no sumário só existia um tema, os caminhos. Uns foram abertos por nós, na repetição dos passos atrás das cabras, que embirravam com as árvores de frutos e queriam devorá-las. Xé! Xé! Xé! E os bichos trocavam os ramos pelo capim. 

Outros caminhos eram trilhos dos cães. Tinham o cuidado de passar sempre pelo mesmo sítio até ficar desenhado um carreiro estreito no meio do mato. Depois havia a picada que levava ao Catumbo, Cangundo e Dambi. Estrada larga, bordejada por muanzas frondosas e sepulturas dos notáveis: Regedores, sobas e sobetas.

O Velho Tuma andava com uma machadinha do lado direito da cintura, uma enxadinha do lado esquerdo, um pau tão alto como ele na mão e quatro cães: Rubi, Piloto, Asiática e a Negrita. Soltava sons guturais que eram ordens imperativas às cabras. E elas obedeciam. Eu seguia-o com dificuldade e ia fazendo perguntas. Nas clareiras sentávamo-nos numa pedra, eu no seu colo, e começavam as lições. Temos de limpar bem os caminhos. Nem pedras nem capim. Quando os nossos trilhos forem invadidos pelos pedregulhos e os capinzais é porque o mundo acabou. 

Para evitar tão trágico fim íamos cortando ou arrancando o capim. Cortando os arbustos que invadiam os trilhos. As pedras eram atiradas para o mato. Tudo bem limpo. Para o mundo não acabar. Sem caminhos não há nada. 

As crianças crescem e depois vão para a escola. Mas na nossa aldeia o ensino acabava à quarta classe. Tive que mudar para o Uíge, a grande cidade. A luz nas ruas não deixava lugar à noite. Casas com casas em cima, afamadas de prédios. Primeiro andar ou mais. No chão, as ruas principais tinham uma coisa bem dura, chamada alcatrão. Lá o capim não crescia. Ninguém tropeçava nas pedras. Ali nunca chegaria o fim do mundo. Fui arrancado da cidade a tiro. Perseguido pela morte. Donde vem o cheiro a mortos, meu amor?

E nunca mais voltei aos meus caminhos da infância. Nunca mais aprendi nada com o Velho Tuma. As Mamãs do Cangundo que me alimentaram, que me embalaram ao colo, que me adormeceram, nunca mais me chamaram filho. Ainda hoje tenho na memória o seu perfume inebriante. Foram assassinadas pelas milícias dos colonos em 1961.

Angola | É Preciso Ter Noção do Ridículo – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Selecção Nacional de Futebol chegou aos quartos-de-final do Campeonato Africano das Nações (CAN). A vitória desencadeou críticas ferozes à ministra que tutela o Desporto, Palmira Barbosa, ao Executivo, ao Presidente da República e a todos os deputados do MPLA. Se tivéssemos perdido, ficava tudo bem. Para quem odeia Angola, não é capaz de suportar a ideia de sermos um país e quer regressar ao tempo dos sobados, quanto pior, melhor. O brilharete dos Palancas Negras estragou tudo.

A Selecção Nacional de Futebol é de todos os angolanos. O Presidente da República é o mais alto magistrado da Nação. O Presidente de todos nós. É natural que a ministra Palmira Barbosa, entusiasmada com a vitória sobre a Namíbia, tenha dedicado este feito inédito ao Presidente da República. Por muitas críticas que nos mereça, por muita desilusão que nos cause, é o Chefe de Estado. Foi eleito por uma maioria absoluta do eleitorado. Até 2027 é o nosso Presidente, democraticamente eleito. 

William Tonet é um verdadeiro autóctone. Os dois nomes que usa são retintamente africanos. Bantus. Oriundos dos mabululus. Muito autêntico, muito sério, muito jornalista, muito amante da verdade. Confesso que tenho por ele especial admiração. Este não finge. É ele mesmo. Tem imensa piada. A propósito da vitória da Selecção Nacional frente à Namíbia fez um discurso que vai ficar nos anais do ridículo que mata. O autóctone disse isto através da Televisão Número 8:

“As pernas brilhantes em campo ganham jogos. O melhor Executivo que temos são os Palancas Negras. Libertaram-nos dos nossos colonialistas. Nós, que somos filhos dos vários reis. Eles deram-nos uma alegria. É preciso ter a noção do ridículo. Os bajuladores que se cuidem. Desinfectem a boca”. 

Invectivou insultuosamente a ministra Palmira Barbosa por ter dedicado a vitória da Selecção de todos nós ao Presidente de todos nós.

A Hora dos Genocidas – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) tem 13.000 funcionários quase todos recrutados localmente. São cidadãos da Palestina. É esta instituição que garante a existência dos milhares de seres humanos expulsos à força das suas terras de origem, pelos nazis de Telavive. Muitos ficaram recentemente sem as suas casas e as suas propriedades agrícolas na Cisjordânia, para os sionistas criarem colonatos ilegais.

A ajuda humanitária aos palestinos passa em grande parte pela UNRWA. Há mutos anos. Desde que Israel ocupa ilegalmente a Palestina. É natural que dos milhares de funcionários palestinos da instituição, alguns sejam apoiantes do HAMAS. Por afinidade ideológica ou simplesmente porque o governo na Faixa de Gaza é do HAMAS. 

As Organizações Não Governamentais (ONG) que actuam em Angola têm funcionários angolanos. Entre eles é natural que alguns sejam militantes, amigos ou simpatizantes do MPLA. Mais natural ainda é que tenham ligações estreitas às estruturas do Executivo, que é apoiado pelo MPLA na Assembleia Nacional.

Os nazis de Telavive tiveram o cuidado de divulgar falsas notícias sobre os acontecimentos de 7 de Outubro em Israel, quando combatentes do HAMAS atacaram instalações militares e militarizadas, fazendo um elevado número de reféns civis e militares. A maior parte dos mortos israelitas foi feita pelas tropas de Israel!

 Os serviços secretos israelitas difundiram fotos de “massacres” que eram simplesmente falsidades. Foi montado um cenário falso no sentido de convencer a opinião pública mundial de que o estado judaico foi vítima de um “holocausto”. Prenderam centenas de palestinos, entre eles, funcionários da UNRWA.

Os serviços secretos dos nazis de Telavive arranjaram 12 palestinos funcionários da agência da ONU (em 13.000) “implicados” nas acções do 7 de Outubro. Provas? Ninguém as viu. Mas como já estava combinado com o estado terrorista mais perigoso do mundo, os Media dão a notícia como verdadeira. A ONU despediu os suspeitos, mesmo antes de existir um julgamento com uma sentença transitada em julgado. Despedimento sem justa causa! Washington imediatamente anunciou o corte de ajuda à UNRWA. Alemanha seguiu o mesmo caminho. E até agora mais sete países entraram nesse via de castigo colectivo aos palestinos. Caiu-lhes a máscara. 

O castigo colectivo aos palestinos na Faixa de Gaza, donde partiram os operacionais do HAMAS, chamados “terroristas” por ordem dos EUA e da União Europeia, estava organizado para arrancar no dia 8 de Outubro. O governo de extrema-direita anunciou imediatamente que ia cortar à população alimentos, água, energia, combustíveis e medicamentos. O chamado ocidente alargado fingiu que não percebeu a enormidade. Mas António Guterres (inspirado pelo seu Deus?) imediatamente disse que isso era inaceitável e configurava um castigo colectivo ao povo palestino. A ONU marcou inequivocamente a sua posição. Os EUA e a União Europeia, tiveram que fazer marcha atrás. 

O “Eixo da Resistência” manifestou imediatamente apoio aos milhões de palestinos vítimas dos nazis de Telavive há pelo menos 50 anos. O castigo colectivo passou rapidamente a limpeza étnica e daí saltou para o genocídio que está em curso. Os genocidas (EUA, União Europeia e Israel) mataram até agora 26,422 civis, na maioria crianças e Mamãs. 

Nunca a Humanidade assistiu nas televisões, em directo, a tal horror. Habituados a dominar pelo medo, os dirigentes do estado terrorista mais perigoso do mundo e seus comparsas não perceberam que desta vez a guerra não ia ser de seis dias. E ao não perceberem, também lhes escapou que a agressão ia ter a oposição de toda a região, desde a Turquia ao Iémen. O trio assassino Biden, Blinken e Austin mais os seus sócios da União Europeia arranjaram um novo Vietname. O problema é que este tem implicações directas no comércio mundial! 

Olhem para Angola. Sempre que os angolanos oprimidos perderam o medo, os opressores fugiram a correr. Os exemplos mais gritantes são a Guerra do Libolo e a Guerra dos Dembos. Lá nas terras de Nambuangongo, no ninho da águia, que era a cidadela real do dembo Cazuangongo, os ocupantes levaram uma tareia militar tão grande que o comandante das tropas, Gomes da Costa, chegou a Luanda roto e descalço, com meia dúzia de soldados que sobreviveram! Mais tarde o derrotado comandou o golpe militar de 28 de Maio de 1926, que instaurou o regime fascista (Estado Novo) em Portugal.

A guerra contra os ocupantes colonialistas baixou de intensidade mas nunca parou. Até que os camponeses do algodão perderam novamente o medo. E depois os revolucionários do 4 de Fevereiro de 1961, não só perderam o medo como abalaram definitivamente as estruturas repressivas do colonialismo. A Grande Insurreição do 15 de Março foi a prova real. Os fascistas mandaram para Angola milhares de militares depressa e em força. Mas não nos meteram medo. Eles pensavam que em seis dias punham os angolanos na ordem colonial. Falharam. 

Os combatentes do MPLA fizeram uma guerra de guerrilha (também lhes chamavam terroristas, de Washington a Lisboa, Bona e Bruxelas) que durou até ao 25 de Abril de 1974. Se os nazis de Telavive e os terroristas de Washington tivessem estudado a Revolução Angolana, não estavam hoje metidos no Vietname do Médio Oriente, que ameaça a “civilização ocidental” assente no esclavagismo, no colonialismo, no genocídio. Desta vez a guerra não é nas selvas vietnamitas, longe dos olhares “civilizados” do ocidente alargado.

Hoje o muindo sabe que EUA e Alemanha, motor da União Europeia, dirigem o genocídio na Faixa de Gaza. Justificam os seus crimes com uma suposta intervenção de 12 palestinos, funcionários locais da ONU, nas operações do HAMAS em 7 de Outubro passado. Estão mesmo borrados de medo. Pensavam que em seis dias arrumavam mais uma guerra mas os miúdos das sandálias chupa cócó, das motorizadas e dos parapentes encostaram-nos às cordas! 

Até os iemenitas lhes paralisam a navegação marítima! Má altura para João Lourenço se ajoelhar ante o estado terrorista mais perigoso do mundo. Um dia destes vamos ter de receber e alimentar refugiados norte-americanos. Já estamos habituados. Tivemos que fazer o mesmo com a turma predadora de Mobutu. E muitos estrão instalados no mais alto nível do Poder!

O mundo já mudou. Esperamos que a mudança seja para melhor.

* Jornalista

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