domingo, 8 de outubro de 2023

A PROPAGANDA E O CAOS

Daniel Vaz de Carvalho [*]

"Os media ocidentais tornaram-se uma paródia de informações incorretas, desinformação e propaganda imperialista descarada.  Ninguém em sã consciência pode levá-los a sério." -- Strategic Culture

1 – A propaganda

Democracia, direitos humanos, terrorismo, tudo isto é usado de acordo com os interesses hegemónicos. Os seus critérios têm que prevalecer sobre a realidade, sobre a verdade. Porém, os que nesta via se enredam não ficam imunes. A propaganda não ganha guerras e viver à margem da realidade impede que os próprios avaliem as consequências das suas ações. Desta forma, o ocidente mergulhou num caótico ciclo de crises mascarado com propaganda, como se esta as pudesse resolver.

Mesmo antes de 2014 a Rússia foi sujeita a alusões agressivas, desprezo pelos seus direitos de segurança, ser tratada em pé de igualdade pelos países e instituições do ocidente, provocações a que não deveria reagir, pois eram testes à obediência. Para o poder hegemónico a não submissão é agressão, eis o fundamento do que se passa relativamente à China, Rússia, Irão, RPDC, etc.

Para o justificar perante a opinião pública, “especialistas internacionais” tem por obrigação defender e justificar o que quer que o império faça. As suas narrativas não têm qualquer credibilidade: trata-se de um esbracejar inconsequente face à realidade, com opiniões a querer passar por factos.

A propaganda apresenta a Ucrânia a combater pela democracia e pela independência recuperada em 1991. A Ucrânia foi independente entre 1917 e 1922, quando se integrou na URSS e desde 1990 com a dissolução da URSS, contra a vontade maioritária do povo ucraniano (tal como as outras Repúblicas) quando 70% votou pela não dissolução. Algo que Gorbatchov, obedecendo ao ocidente, ignorou. A partir daqui foi sempre a decair em termos económicos e sociais. A Ucrânia tinha então 50 milhões de habitantes; em 2000, 41 milhões; por um censo deste ano 23 milhões.

“Comentadores” mantêm a absurda mentira de que o ocidente está “a defender a democracia”, apesar de tudo o que se sabe sobre a corrupção do clã de Kiev, repressão, mobilizações forçadas, arbitrariedades dos grupos nazis, proibição de todos os partidos políticos de oposição. Em compensação, dizem que a Rússia é um país totalitário, “repressivo a nível interno e implacável a nível externo”. Um totalitarismo, do qual não apresentam provas concretas, nem dizem que as suas leis repressivas seguem critérios há muito postos em prática nos EUA, nem mencionam que nos EUA há 2,3 milhões de pessoas presas, de longe o líder mundial, e 4,3 milhões em liberdade condicional, além de que em 2022, foram mortas pela polícia 1 183 pessoas.

Mas que “independência” tem a Ucrânia? A de obedecer ao guião posto em prática por Washington em 2014? Quando os partidos pró-russos tinham maioria e o Partido Comunista aumentava a votação. Propaga-se a ideia de que a Ucrânia tem o direito de escolher aliados e fazer parte da NATO. Talvez, se isso fosse uma escolha democrática e sem ingerência estrangeira, mas assumindo as consequências do que resultaria quanto à segurança dos vizinhos.

A Ucrânia não tem independência, nem soberania. Ucrânia nem sequer é um Estado funcional: o ocidente tem a seu cargo 70% das despesas do governo. É um Estado falido cujo futuro foi destruído pelas estratégias do ocidente. Em 1992 a sua dívida externa era nula, graças ao facto de a Rússia assumir os passivos das Repúblicas. Segundo o ex-primeiro-ministro ucraniano Nikolai Azarov a dívida do país pode chegar a 173 mil milhões de dólares no final de 2023.

As estimativas de entregas dos EUA e da UE/NATO à Ucrânia variam entre 150 e 200 mil milhões de dólares, só no ano passado. Claro que há quem ganhe com a morte: os fabricantes de armas ocidentais tiveram um recorde de vendas de 400 mil milhões de dólares em 2022, prevendo-se este ano 450 mil milhões.

Centenas, mesmo milhares de milhões de dólares acabam nos bolsos de governantes e altos funcionários de Kiev. Para manter as aparências tem havido demissões por corrupção. Porém, o próprio Zelensky tem participações substanciais (formalmente transferidas para um sócio) em três empresas em paraísos fiscais e comprou moradias de luxo em várias partes do mundo por dezenas de milhões de dólares.

A guerra na Ucrânia perdeu claramente o apelo duma suposta cruzada pela “democracia”. Nos EUA, bandeiras amarelas e azuis desapareceram das janelas e dos carros. Foi errado afirmar que tínhamos (os EUA) algum interesse nacional naquele triste país. O governo orquestrou este fiasco sob todos os aspetos. A Ucrânia foi reduzida a um Estado falido e os americanos começaram a notar que o dinheiro que vai para a liderança neonazi e cleptocrática de Zelensky é dinheiro que falta para a população empobrecida, prestações sociais e infraestruturas.

Camuflando as intenções subjacentes à guerra, produziu-se o dogma de que se trata de uma agressão não provocada. Contudo, muitos antes, experientes analistas (como Paul Craig Roberts, Finniam Cunningam, Chris Hedges, Pablo Escobar, etc) passaram anos alertando que as ações ocidentais iriam provocar uma guerra com a Rússia.

A propaganda baseia-se na “invasão não provocada da Ucrânia". "Por quê? Porque eles sabem perfeitamente que foi provocada", disse Chomsky. O facto é que grandes potências nunca aceitarão ameaças de outras grandes potências nas suas fronteiras. Esse é um ponto-chave para entender os grandes conflitos, não apenas entre os EUA e a Rússia, mas também entre os EUA e a China – porém os EUA são os únicos que acumulam forças militares nas fronteiras dos que definem como seus inimigos.

A propaganda dos “especialistas” vai mais longe: Putin iniciou a guerra contra a Ucrânia por desejo de vingança (!), uma guerra para o regime russo consolidar o poder. Quanto a vingança, só se for por ter parado os crimes do grupos nazis contra a população do Donbass. Dizem que “quer impedir a modernização da Rússia” (!). Sabemos o que significa esta “modernização”: neoliberalismo e domínio das transacionais, a “modernização” das crises, crescentes desigualdades e pobreza. Nada dizem sobre a capacidade técnico-cientifica demonstrada pela força militar russa, nos mísseis hipersónicos, na energia nuclear, na substituição de importações, na forma como as sanções se mostraram ineficazes. Para a propaganda, na Rússia não existe Constituição, eleições, oposição e governos federados é um “regime” unipessoal, de alguém que, aliás, certa propaganda periodicamente diz que já morreu.

Este afastamento da realidade e de objetivos consistentes leva à descredibilização e conflitos de interesses. Nos EUA a maioria não quer continuar a financiar a Ucrânia, tendo a perceção do buraco financeiro que Washington acumula (33,5 milhões de milhões de dólares!). Claro que o império custa dinheiro: só desde o 2001 o custo das guerras, atinge mais de 8,8 milhões de milhões de dólares… Esta situação deu lugar a divergências não só no Congresso, mas também entre a CIA e a Agência de Inteligência de Defesa com reflexos nas políticas relativamente à Ucrânia e à China.

O clã de Kiev tem razões para estar inquieto – e, segundo consta, o chefe aumenta as doses de cocaína – à semelhança dos nazis e fascistas no final da guerra, temendo pelo julgamento do povo, serem responsabilizados pelos crimes cometidos e destruição do país.

A função principal de Zelensky é pedir dinheiro e persuadir países a apoia-lo. Mas a sua viagem a Nova Iorque foi um fracasso: o Congresso ignorou-o; de Biden só obteve promessas vagas; ao discursar na AG da ONU, metade dos delegados abandonou a sala. A entrada para a NATO e UE, não vai além de pensamento oco. Como consolo teve a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, incluindo “socialistas” que foram a Kiev saudar e apoiar um regime que proibiu partidos congéneres, prendeu seus militantes e transformou criminosos nazis em heróis nacionais. Que vergonha – mais uma da social-democracia!

Portugal | Ultrapassagens em marcha à ré

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

O primeiro-ministro afirmou, em entrevista à CNN Portugal, que em várias áreas, “a realidade tem avançado mais depressa” do que era suposto quando delineou algumas políticas. Será que os problemas com que o Governo se depara para responder aos anseios e necessidades dos portugueses resultam de uma aceleração imprevista da realidade, ou é o Governo que, em muitos casos, opta por “avançar” começando por meter a marcha-atrás?

António Costa é um político experimentado, conhece a coisa pública e os contextos internos e externos e é primeiro-ministro há oito anos. Quando chegou ao Governo, conhecia bem o ataque em curso à escola pública: as reclamações da Direita sobre “o direito de todos os portugueses” à escolha de escola; a teorização tacanha sobre o “excesso de professores”; o ataque aos sindicatos para estilhaçar a mediação (negociação) organizada e responsabilizável; a desvalorização das profissões e das carreiras, como elementos da precarização do trabalho e da desvalorização dos salários.

Travou uma ou outra loucura, mas rápido optou pela cartilha que vinha de trás.

O PM tem hoje uma leitura trapalhona, insuportável, sobre a Escola. Manipula impactos das opções que toma, improvisa teoria sobre a renovação geracional e as formações dos professores, persiste, contra tudo, em não resolver o problema da contagem do tempo.

Como autarca de Lisboa sabia que a Lei das Rendas Assunção Cristas era desastrosa, que era urgente reabilitar espaços das grandes cidades, que se aceleravam os problemas de acesso à habitação para os jovens. Não respondeu como devia, embarcou na panaceia do alojamento local inserido num turismo de baixo valor acrescentado, como resposta à falta de emprego qualificado. Os seus ministros da economia entraram no barco dos vistos gold e na produção de incentivos ao investimento imobiliário estrangeiro.

Na saúde, as políticas do Governo - excetuando o período da pandemia que contou com enorme generosidade e capacidade organizativa dos profissionais do setor - têm sido desastrosas. Propositadamente, confunde o investimento do OE em Saúde (setor que é um enorme balde roto por onde passam milhões e milhões para o privado) com o investimento no SNS. Ora, melhores serviços de saúde implicam o estancar daquele buraco, o reforço da estrutura, das valências, das competências profissionais no SNS e isso não tem estado a acontecer.

Nas políticas salariais, o Governo impôs na Concertação Social um referencial, para 2023, que se sabia ficar muito abaixo “da realidade” que o mercado induziria. Agora, quando a CIP (num exercício de marketing e manipulação) ajudou a acabar com o tabu dos aumentos salariais, o Governo não aproveita o facto para impulsionar devidamente o seu crescimento real. Dá espaço à jogada da CIP, vai definir um referencial que até o mercado, uma vez mais, confirmará ultrapassado. Entra no jogo da Direita que apresenta alterações na política fiscal como a banha da cobra que melhora os rendimentos das pessoas, que substitui os salários, que garante acesso à habitação e a “atração de talento”.

A Direita só tem para oferecer doses mais amplas do andar para trás. No dia 5 de outubro, Carlos Moedas, que gosta de se apresentar como moderado, mas achou que é tempo de se colocar em bicos de pés para entrar na lista de putativos candidatos a líder do PSD, já começou a roubar bandeiras à extrema-direita.

O PM pode não ser surpreendido pela realidade e ajudar a transformá-la positivamente.

É uma questão de escolha.

* Investigador e professor universitário

Portugal | Mortágua: “Governo está a destruir o SNS”

Neste sábado, Mariana Mortágua afirmou que o executivo socialista está a destruir o Serviço Nacional de Saúde não por incompetência, mas sim “em nome do negócio e de uma obsessão orçamental irresponsável”.

Durante um almoço no âmbito do fórum Climático - da Europa ao Algarve, Mariana Mortágua acusou o Governo socialista de não hesitar “em privar gerações futuras de um serviços público de saúde”.

A coordenadora do Bloco disse-o “com todas as letras”: “o Governo está a destruir o SNS”.

De acordo com a dirigente bloquista, “há duas razões para isso, e nenhuma delas é boa: está a fazê-lo em nome do negócio e de uma obsessão orçamental irresponsável”.

Mariana Mortágua lembrou que, neste fim de semana, as urgências estão encerradas ou comprometidas em Viana do Castelo, Póvoa do Varzim, Chaves, Braga, Barcelos, Vila Real, Matosinhos, Penafiel, Santa Maria da Feira, Aveiro, Viseu, Guarda, Vila Nova de Gaia, Figueira da Foz, Leiria, Tomar, Caldas da Rainha, Santarém, Torres Vedras, Lisboa, Barreiro, Almada, Amadora e Portimão.

Acresce que “o maior hospital do país não tem serviços de obstetrícia desde agosto por causa de umas obras que em outubro ainda não se iniciaram, e está a pagar ao privado para ficar com uma parte do serviço”. E que, “semana após semana, por todo o país, há responsáveis de serviços que se demitem. Ontem foi a Diretora dos Serviços Farmacêuticos do IPO”.

A coordenadora bloquista enfatizou que o SNS não está a ser destruído pela incompetência do Governo: “O Primeiro-Ministro sabe perfeitamente para onde estão a ir direitinhos os milhões que jura ter injetado no SNS. E sabe mais, também sabe perfeitamente que pagar aos privados sai muito mais caro ao Estado”, apontou. Assim como, por exemplo, sabe que sai mais caro contratar tarefeiros do que assegurar carreiras aos profissionais de saúde ou sai mais caro pagar horas extra do que assegurar carreiras aos profissionais de saúde.

Portugal | A melhor Prof

Henrique Monteiro | HenriCartoon

Só haverá paz quando forem reconhecidos os direitos do povo palestiniano - MPPM

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). 

Enquanto se mantiver a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos, não haverá paz, alerta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

O MPPM reage assim às acções desencadeadas em Gaza e em Israel na madrugada deste sábado. Eram 4h30 em Lisboa (6h30 no local), quando militantes de organizações da resistência palestiniana lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa». 

Segundo as organizações, a acção foi uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos, e confirma, insiste o MPPM num comunicado, «que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos».

Israel retaliou com a «Operação Espadas de Ferro», com ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza sitiada e, de acordo com a última contagem do Ministério da Saúde palestiniano, 313 habitantes de Gaza morreram na ofensiva, incluindo 20 crianças, enquanto outros 1990 palestinianos ficaram feridos no enclave. Do lado israelita, foram confirmadas até à manhã de hoje cerca de 300 pessoas mortas e 1864 feridas, das quais 19 estão em estado crítico, 326 em estado grave e as restantes em estado moderado ou ligeiro. 

No ano em que se assinalam os 75 anos da Nakba (catástrofe), «mais de cinco décadas depois de Israel ocupar militarmente a totalidade do território da Palestina histórica», o MPPM lembra que a campanha de limpeza étnica que acompanhou a formação de Israel se prolonga até hoje. «Em Gaza, de onde partiu esta acção, vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas, descendentes dessas sucessivas vagas de limpeza étnica», alerta o movimento.

Guerra: Muito mais de 1000 mortos. Israel ativa oficialmente estado de guerra no país

Mais de 600 pessoas morreram em Israel. Do lado da palestiniano há pelo menos 313 baixas, mas o exército israelita afirmou ter matado 400 "terroristas" em Gaza.

Conselho de Segurança israelita, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ativou oficialmente o estado de guerra no país, que permite ao Exército realizar "atividades militares significativas" no âmbito da guerra com o Hamas, informaram meios de comunicação social.

Apesar de Netanyahu já ter declarado que o país estava em guerra, assim que começou a ofensiva do Hamas, esta decisão oficial é necessária, segundo a Lei Básica de Israel.

A decisão foi finalmente adotada numa reunião entre o primeiro-ministro e os líderes da segurança israelita, composta, entre outros, pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, e pelo Chefe do Estado-Maior General, General Herzi Halevi.

Mais de 600 pessoas morreram em Israel na sequência do ataque surpresa que as milícias do Hamas iniciaram no sábado a partir de Gaza, segundo fontes médicas israelitas citadas hoje pelos meios de comunicação locais.

O número de mortes oficiais duplicou hoje, depois de um número significativo de mortos ter sido encontrado em cidades israelitas perto de Gaza que tinham sido ocupadas por milicianos palestinianos e foram libertadas nas últimas horas pelo exército israelita.

Do lado palestiniano, o número oficial de mortos em Gaza continua a ser de 313, de acordo com o mais recente relatório do Ministério da Saúde de Gaza.

No entanto, o exército israelita afirmou ter matado 400 "terroristas" em Gaza e centenas de outros em território israelita.

Netanyahu já tinha alertado no sábado que Israel embarcou "numa guerra longa e difícil" e que continuará "sem trégua até que os objetivos sejam alcançados".

"Entrámos numa guerra longa e difícil. A guerra foi-nos imposta por um ataque assassino do Hamas", começou por escrever, numa publicação na sua conta na rede social X, antigo Twitter.

O dirigente israelita explicou que "a primeira fase terminará em horas, destruindo a maior parte das forças inimigas que penetraram" no território de Israel.

"Ao mesmo tempo, iniciamos a formação ofensiva e esta continuará sem reservas e sem tréguas até atingirmos os objetivos. Restauraremos a segurança aos cidadãos de Israel e venceremos", concluiu.

Israel e Palestina

Farid Huseynli, Azerbaijão | Cartoon Movement

África está a acordar e o Sul Global está em ascensão

Oraib Al Rantawi | Al Mayadeen | opinião | # Traduzido em português do Brasil

A China destaca-se como um modelo que está a ganhar força global – não por ser invocada por regimes e governos para justificar o seu regime autoritário, como aconteceu no passado, mas por se infiltrar na opinião pública.

Superficialmente, não existe uma relação directa entre a série de golpes/revoluções em África e a ascendência sem precedentes dos BRICS, especialmente desde a histórica cimeira de Joanesburgo.

A cimeira foi marcada pela presença de mais de 40 chefes de estado, mas os BRICS optaram por limitar a sua adesão na maior parte e admitir apenas seis novas nações, pelo menos nesta fase. No entanto, à superfície, encontramos uma relação causal entre os rápidos desenvolvimentos em África e a ascensão do Sul Global.

Se as potências influentes dos BRICS, a China e a Rússia, não conseguissem alargar a sua influência sobre vastas áreas do continente africano e o seu crescente poder para fornecer alternativas económicas, de segurança e militares e, na verdade, oferecendo um guarda-chuva político aos novos líderes africanos, estaríamos não ter testemunhado esta série de golpes militares de vários episódios com amplo apoio popular, nem o líder em causa teria sido capaz de colocar o desafio ao velho-novo colonialismo que testemunhámos em certos países do Sahel-Sahara em particular. Os acontecimentos que hoje se desenrolam na África Ocidental e na região Sahelo-Sahariana são um campo de testes e, pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria e a ascensão da ordem mundial unipolar, estão a conseguir revelar as características de uma nova sociedade multipolar. ordem.

Guerra: Abu Obeida apela a todos os palestinos para se 'juntarem à batalha"

The Palestine Chronicle | # Traduzido em português do Brasil

Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Al-Qassam, divulgou uma nova mensagem no domingo, apelando a todos os palestinos que se juntem à batalha. Aqui está a declaração completa:

Abu Obeida disse que os combatentes palestinianos “continuam a envolver-se em confrontos ferozes e heróicos (…) em múltiplas frentes”.

Acrescentou que esta batalha “será imortalizada na história e valorizada pelas gerações futuras”.

Texto completo da declaração de Abu Obeida

“Desde ontem à noite, a liderança das Brigadas Al-Qassam substituiu com sucesso algumas forças de combate por outras e enviou tropas adicionais. A artilharia das Brigadas Al-Qassam fornece apoio de fogo com morteiros e foguetes, incluindo o mais recente apoio prestado aos combatentes no assentamento de “Sderot”.

“Os nossos combatentes, no âmbito da batalha em curso contra as incursões de Al-Aqsa, continuam a envolver-se em confrontos ferozes e heróicos, lutando em múltiplas frentes, infligindo baixas ao inimigo.

“Apelamos aos filhos do nosso povo em todas as áreas da nossa pátria para se juntarem a esta batalha, que será imortalizada na história e apreciada pelas gerações futuras, com a ajuda de Allah”.

O que aconteceu em Israel? Uma análise de como o ataque do Hamas se desenrolou

O grupo palestino Hamas lançou a Operação Al-Aqsa Flood dentro de Israel, matando dezenas e fazendo reféns num ataque chocante.

Al Jazeera | 07 de Outubro de 2923 | # Traduzido em português do Brasil 

Um  ataque surpresa  do grupo palestiniano Hamas a Israel – combinando homens armados que violam as barreiras de segurança e uma série de foguetes disparados de Gaza – foi lançado na madrugada do feriado judaico de Simchat Torá.

O ataque de sábado ocorreu 50 anos e um dia depois que as forças egípcias e sírias lançaram um ataque durante o feriado judaico de Yom Kippur, em um esforço para recuperar o território que Israel havia tomado durante um breve conflito em 1967.

Veja como o ataque descarado se desenrolou:

03:30 GMT – Fogo de foguete de cobertura

Por volta das 6h30 (03h30 GMT), o Hamas disparou uma enorme barragem de foguetes contra o sul de Israel, com sirenes ouvidas em lugares tão distantes quanto Tel Aviv e Beersheba.

O Hamas disse que lançou 5.000 foguetes numa barragem inicial. Os militares de Israel disseram que 2.500 foguetes foram disparados.

A fumaça subia sobre as áreas residenciais israelenses e as pessoas se abrigavam atrás dos edifícios enquanto as sirenes soavam. Pelo menos uma mulher foi morta pelos foguetes.

“Anunciamos o início da Operação Al-Aqsa Flood e anunciamos que o primeiro ataque, que teve como alvo posições inimigas, aeroportos e fortificações militares, excedeu 5.000 mísseis e projéteis”, Mohammed Deif, chefe das Brigadas Al-Qassam, o exército ala do Hamas, disse.

As tensões aumentam à medida que Israel e Hezbollah lançam ataques

Hezbollah e Israel trocam tiros em meio a bombardeios em Gaza

TERRORISTAS CONTRA TERRORISTAS?

Os combatentes palestinos combatem os militares israelenses em diversas áreas, à medida que o número de mortos aumenta e as tensões regionais aumentam.

- O Hezbollah assume a responsabilidade pelos ataques de morteiros do Líbano nas Fazendas Shebaa ocupadas, com Israel dizendo que respondeu com ataques de artilharia.

- A escalada ocorre no momento em que crescemos temores de uma invasão terrestre de Gaza, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou transformar o enclave palestino sitiado em uma “ilha deserta” após o ataque surpresa do Hamas no sábado.

- O último número de mortos é de 313 palestinos e cerca de 300 israelenses.

- O Hamas disse que também capturou muitos israelenses e que os reféns estavam espalhados por todas as áreas da Faixa de Gaza.

- A operação do Hamas ocorreu na sequência dos ataques generalizados de colonos israelitas, do aumento das tensões no complexo da Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental ocupada, e de um número recorde de palestinos mortos.

Ver/Ler mais em AlJazeera

Lyndal Rowlands ,  Zaheena Rasheed ,  Umut Uras ,  Kim Makhlouf ,  Virginia Pietromarchi  e  Priyanka Shankar - em 8 de outubro de 20238 de outubro de 2023

Lutas entrelaçadas: O paradoxo verde encontra o paradoxo da Palestina

Marwan Bishara explica como e por que as lutas pela libertação palestina e pela justiça climática se tornaram uma só e mesma coisa.

Marwan Bishara* | Al Jazeera | opinião - 5 de outubro de 2023

As lutas pela libertação palestiniana e pela justiça climática tornaram-se interligadas, literal e figurativamente, na filosofia, bem como nas consequências tangíveis. Ambas as causas estão a ganhar impulso e a ter um amplo apoio internacional, mas enfrentam realidades prementes que fazem com que os defensores se sintam como se estivessem a correr contra o relógio.

Hoje, os palestinianos não só estão sujeitos a uma opressão crescente e a graves violações dos direitos humanos por parte do regime israelita do Apartheid, como também enfrentam uma catástrofe climática iminente. Os próprios estudos meteorológicos de Israel revelam que o Mediterrâneo Oriental é um dos locais mais vulneráveis ​​ao clima do planeta. Enquanto as temperaturas mundiais aumentaram em média 1,1°C desde os tempos pré-industriais, em Israel/Palestina as temperaturas médias aumentaram 1,5°C entre 1950 e 2017, com um aumento previsto de 4°C até ao final do século.

O Médio Oriente alargado enfrenta uma situação semelhante, com as temperaturas a subir quase duas vezes mais rapidamente que o resto do mundo, com consequências de longo alcance para a saúde e o bem-estar dos cerca de 400 milhões de pessoas que vivem na região. Apesar da maioria dos países do Médio Oriente serem signatários dos Acordos Climáticos de Paris, até agora, os seus líderes não conseguiram cumprir os compromissos assumidos no acordo. Além disso, à medida que a procura internacional aumenta, os países ricos em petróleo da região continuam a aumentar a produção de combustíveis fósseis. O facto de os Emirados Árabes Unidos terem escolhido nomear o chefe da sua empresa petrolífera estatal como presidente da conferência climática deste ano no Dubai (COP28) seria cômico se não fosse trágico.

No entanto, por mais deficientes e preocupantes que possam ser as ações dos líderes do Médio Oriente em relação às alterações climáticas, elas empalidecem em comparação com a hipocrisia demonstrada pelos seus homólogos ocidentais.

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