domingo, 17 de setembro de 2023

Em Vladivostok, o Extremo Oriente Russo surge

Esta semana, em Vladivostok, o “Extremo Oriente Russo” estava em plena e gloriosa exibição. A Rússia, a China, a Índia e o Sul Global estiveram todos lá para contribuir para este comércio, investimento, infra-estruturas, transportes e renascimento institucional.

Pepe Escobar* | The Cradle | # Traduzido em português do Brasil

VLADIVOSTOK – O Presidente russo, Vladimir Putin, abriu e encerrou o seu discurso bastante detalhado no Fórum Económico Oriental em Vladivostok com uma mensagem retumbante:  “O Extremo Oriente é a prioridade estratégica da Rússia para todo o século XXI.”

E essa é exatamente a sensação que se teria antes do discurso, interagindo com executivos de negócios que se misturavam nos impressionantes fóruns da Universidade Federal do Extremo Oriente (inaugurada há apenas 11 anos), tendo como pano de fundo a ponte suspensa de mais de quatro quilômetros de extensão. para a Ilha Russky através do estreito do Bósforo Oriental.

As possibilidades de desenvolvimento daquilo que é, de facto, a Ásia Russa, e um dos principais nós da Ásia-Pacífico, são literalmente estonteantes. Dados do Ministério para o Desenvolvimento do Extremo Oriente Russo e do Ártico - confirmados por vários dos painéis mais chamativos durante o Fórum - listam 2.800 projetos de investimento em curso, 646 dos quais já estão em funcionamento, completos com o criação de várias Zonas Económicas Especiais Avançadas (ASEZ) internacionais e a expansão do Porto Livre de Vladivostok, sede de várias centenas de pequenas e médias empresas ( PME).  

Tudo isto vai muito além do “pivô para o Leste” da Rússia, anunciado por Putin em 2012, dois anos antes dos acontecimentos de Maidan em Kiev. A magia do Extremo Oriente sem estar no local - começando por Vladivostok, a encantadora e não oficial capital do Extremo Oriente, com as suas colinas deslumbrantes, arquitectura impressionante, ilhas verdejantes, baías arenosas e, claro, o terminal da lendária Ferrovia Transiberiana. 

O que os visitantes do Sul Global experimentaram – o Ocidente coletivo esteve praticamente ausente do Fórum – foi um trabalho em progresso no desenvolvimento sustentável: um estado soberano dando o tom em termos de integração de grandes áreas do seu território à nova era geoeconómica policêntrica e emergente . As delegações da ASEAN (Laos, Mianmar, Filipinas) e do mundo árabe, para não mencionar a Índia e a China, compreenderam perfeitamente o quadro.

Cimeira Putin-Kim provoca histeria ocidental e mostra o fracasso do imperialismo

Cimeira Putin-Kim: A histeria ocidental não consegue esconder o fracasso histórico do imperialismo e da criminalidade ocidentais

Strategic Culture Foundation | editorial | #Traduzido em português do Brasil

Em vez de admitir a verdade histórica e as realidades sobre a natureza nefasta do imperialismo ocidental liderado pelos EUA, os patéticos meios de comunicação ocidentais prefeririam concentrar-se na “nefasta salada de pato” supostamente comida por Putin e Kim.

Os meios de comunicação ocidentais tornaram-se uma paródia de reportagens falsas, desinformação e de propaganda imperialista aberta. Ninguém em sã consciência pode mais levar a sério suas reivindicações. Esta semana, esses meios de comunicação “se destacaram” nos seus enganos e distorções com a cobertura histérica do encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.

É, no entanto, instrutivo analisar o que motiva a histeria ocidental e as falsas narrativas.

O tom das reportagens e comentários ocidentais era semelhante ao da leitura de resenhas de um novo filme de James Bond. Segundo eles, a cimeira foi retratada como um tête-à-tête entre os vilões mais covardes do mundo. O Washington Post talvez tenha interpretado os louros como uma hipérbole, descrevendo a cimeira como tendo um “glamour nefasto” e prosseguiu mencionando a chegada de Kim num comboio à prova de balas (como se isso fosse de alguma forma estranho) e como os dois líderes se encontraram num “porto espacial remoto”. ” (deixa a música de James Bond) e jantei “salada de pato e bolinhos de caranguejo” (oh, que maldade!). Parecia que tudo o que faltava era um tanque de tubarões.

O tom ameaçador projectado pela gama de meios de comunicação ocidentais especulou que a Rússia fecharia um acordo com a Coreia do Norte para fornecer munições de artilharia para o conflito de 18 meses na Ucrânia. Houve também fortes inferências de que a Rússia ajudaria a reforçar o arsenal nuclear do seu vizinho do Leste Asiático, representando assim, alegadamente, uma ameaça maior para os Estados Unidos.

Lavrov: EUA travam guerra contra a Rússia ao gerir o conflito na Ucrânia

MOSCOU (Sputnik) - Não importa o que os Estados Unidos digam, eles estão administrando o conflito na Ucrânia, fornecendo armas, munições e inteligência, e assim travando uma guerra contra a Rússia, disse no domingo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

#Traduzido em português do Brasil

"O que está a acontecer é que a Ucrânia está preparada há anos para lutar com as mãos e com os seus corpos para derrotar estrategicamente a Rússia. Não importa o que digam, eles estão a gerir esta guerra, estão a fornecer armas, munições, informações, dados de satélite - eles estão travando uma guerra contra nós", disse Lavrov.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse numa reunião com o seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, que os Estados Unidos tentam resolver todos os problemas que encontram com força, ameaças ou sanções económicas. Ele destacou que a Rússia não representa uma ameaça para ninguém e os próprios americanos reconhecem que a verdadeira ameaça emana da Casa Branca.

Os EUA e os seus aliados começaram a despejar armas e munições na Ucrânia pouco depois de a Rússia ter lançado a sua operação militar no país em Fevereiro de 2022. O Kremlin alertou repetidamente contra uma nova escalada que levasse ao envolvimento directo da NATO no conflito.

Imagem: © Sputnik / Sergey Guneev

Ocidente acha que Ucrânia devia passar do ataque para a defesa em outubro - relatório

MOSCOU (Sputnik) - A Ucrânia precisa passar da tentativa de operações ofensivas contra as forças armadas russas para a manutenção de posições na segunda quinzena de outubro devido às condições climáticas, informou a mídia no domingo, citando um oficial de defesa ocidental.

#Traduzido em português do Brasil

As condições meteorológicas vão piorar antes de novembro, com o terreno a tornar-se demasiado lamacento, dificultando a movimentação rápida de equipamentos blindados pesados, pelo que as forças ucranianas devem concentrar-se na proteção da sua infraestrutura contra drones e mísseis russos durante o inverno, disse o responsável da defesa.

A Rússia iniciou a sua operação militar na Ucrânia em Fevereiro de 2022. A Ucrânia lançou a sua última contra-ofensiva no início de Junho. Três meses depois, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a contra-ofensiva ucraniana falhou, com a Ucrânia sofrendo 71 mil baixas. Vários responsáveis ​​ocidentais também admitiram que a contra-ofensiva ucraniana não teve sucesso.

Imagem: © Sputnik

NATO avisa que guerra na Ucrânia vai ser "longa", lembrou Stoltenberg

Quando terminar, "não há dúvida" de que Ucrânia entrará na Aliança

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, disse numa entrevista publicada este domingo na Alemanha que "devemos preparar-nos para uma longa guerra na Ucrânia" e que "não há dúvida de que a Ucrânia acabará por fazer parte da NATO". 

De acordo com a AFP, que cita a entrevista, Jens Stoltenberg notou que "a maioria das guerras dura mais do que o esperado quando começam" e que essa deve ser a realidade também na Ucrânia: "Todos desejamos uma paz rápida. Mas, ao mesmo tempo, temos de reconhecer: se o Presidente Zelensky e os ucranianos pararem de lutar, o seu país deixará de existir. Se o Presidente Putin e a Rússia deporem as armas, teremos paz".

Quanto à entrada da Ucrânia na NATO, o secretário-geral da Aliança confirmou que o país se aproximou daquele colectivo em Julho — mas atira as decisões para quando o conflito na Ucrânia terminar. "Quando esta guerra terminar, precisaremos de garantias de segurança para a Ucrânia. Caso contrário, a história poderá se repetir", considerou.

Marta Leite Ferreira | Público, ao minuto

BCE aprofunda a desunião

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Tivemos uma semana de exposição de contradições do projeto político União Europeia (UE) e de negação do significado da palavra união. A presidente da Comissão Europeia, no discurso sobre o estado da União, tratou da retórica política e das narrativas que alimentam a relevância falaciosa de um eurocentrismo decadente. O BCE, fazendo política, impõe medidas promotoras da extrema-direita, agrava as condições de vida das pessoas e de muitas empresas, avança no caminho para mais desemprego. O BCE está a cavar bloqueios económicos (até à Alemanha) e sociais, a desunião entre países, povos e camadas das populações.

O que vimos, entretanto, no discurso de Ursula von der Leyen? i) um amontoado de desejos a partir de pressupostos errados; ii) ausência de um olhar sério sobre os obstáculos com que a UE, os estados-membros e os cidadãos se deparam e sobre como arrumar a casa; iii) uma visão sobre o futuro da UE sem espaço e objetivos próprios exequíveis no quadro das mudanças em curso no Mundo; iv) realce ao compromisso de alargamento a Leste, justificado no discurso apenas pelo belicismo em que estamos enredados.

Não vêm dali respostas aos problemas dos cidadãos, mas este discurso ajuda na submissão dos povos e facilita a entrada da extrema-direita no “projeto europeu”. Imperou a invocação da suspeita superioridade moral dos europeus, a sobrevalorização bacoca das capacidades e da “liderança” da UE nas políticas ambientais, na supercomputação, no digital e na inteligência artificial, quando se sabe que a “Europa” vem acumulando enormes atrasos no plano científico e tecnológico.

A pandemia de covid 19, em 2020, mostrou com toda a crueza muito trabalho brutalmente desvalorizado e ainda os perigos da precariedade laboral. As afirmações bondosas de que era preciso responder a essas injustiças evaporaram-se num ápice. A espiral inflacionista, que aí começou e se ampliou com a guerra na Ucrânia, resultou da escabrosa exploração que alguns setores e grandes companhias fizeram, mas o coro a culpabilizar os salários pela inflação foi forte. Os trabalhadores, os sindicatos e setores progressistas travaram essa cabala e reforçaram a reivindicação de melhoria dos salários, mas logo outro cutelo os ameaça.

A extensão das cadeias de produção à escala global contribuiu para um longo período de baixa inflação. Essas cadeias estilhaçaram. O desafio agora é a construção de cadeias novas assentes em maior proximidade e menor risco de ruturas, com maior atenção dos estados aos interesses e potencialidades específicas e a novos alinhamentos em função de mudanças vindas da geopolítica. Esta opção traz alguma inflação, o que impõe melhoria de salários como fator de equilíbrio na formação e distribuição da riqueza e como elemento impulsionador das economias. As decisões do BCE opõem-se a esta nova realidade, em benefício da economia dominante no Ocidente e da imposição de políticas monetárias neoliberais.

O neoliberalismo (o BCE é uma das suas expressões) tem utilizado os impactos de cada crise para amedrontar e submeter as pessoas. Agora, trabalha na indução de uma crise permanente, para manietar os trabalhadores, os sindicatos, atores sociais e até governos. Quer tornar inacessíveis sociedades democráticas e mais justas, com direitos universais e solidários.

A besta tem de ser afrontada, mesmo por muitos dos que contribuíram para a sua criação. Todavia, não basta dizer-lhe que estão a criar-nos “dores de cabeça”, ou ganidos de governantes. É preciso morder-lhe a sério.

*Investigador e professor universitário

Imagem: David Pugliese, Argentina | Cartoon Movement

Ajuda oferecida por Portugal e países "amigos" será necessária a médio prazo

Sismo em Marrocos causou 2.946 mortos e 5.674 feridos

Embaixador de Marrocos em Lisboa explica porque é que o país não decidiu aceitar as ajudas oferecidas por muitos países depois do sismo que fez quase três mil mortos.

O embaixador de Marrocos em Lisboa prevê que as ajudas oferecidas por Portugal e outros países "amigos" após o sismo da semana passada será necessária a médio prazo, não sendo logo aceites para evitar descoordenação, e rejeitou atrasos nas operações de salvamento.

"Horas depois do acontecimento (a 8 de setembro), Marrocos preferiu intervir rapidamente com as suas forças, com os seus meios pessoais, mas também para fazer uma avaliação exata do que queríamos e do tipo de ajuda de que necessitávamos", afirmou Othmane Bahnini, numa entrevista à agência Lusa.

Para o diplomata marroquino, que frisou que nenhum país está preparado para enfrentar, no imediato, um sismo da magnitude do que assolou Marrocos (entre 6,8 e 7 na escala de Richter), a "recusa" da ajuda disponibilizada por muitos países - Rabat só aceitou, no início, o apoio de Espanha, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e Qatar - deveu-se à necessidade de saber quais as prioridades e evitar a falta de coordenação.

"Isto não quer dizer que sejamos seletivos, mas é também para evitar uma espécie de problema logístico a nível do país e, às vezes, não podemos abrir as fronteiras e ter uma multidão de pessoas no país e encontrarmo-nos em situações que têm de ser geridas logisticamente, dos pontos de vista da gestão e da intervenção internacional", explicou Bahnini, que se encontrava acompanhado da mulher em Marraquexe no dia do sismo.

"O mais importante é salvar vidas e intervir rapidamente no terreno. Assim, tivemos de gerir de forma progressiva a situação das necessidades da catástrofe, que é grande", acrescentou o diplomata marroquino, que agradeceu a disponibilidade do governo português, cuja ajuda será necessária no médio/longo prazos, tal como a de outros países "amigos".

Portugal | A queda de um anjo


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Líbia continua a busca pelos desaparecidos enquanto corpos aparecem em suas costas

O número de mortos nas inundações devastadoras em Derna, na Líbia, sobe para 11.300, com mais de 10.000 ainda desaparecidos, diz a ONU.

Al Jazeera com Agências | #Traduzido em português do Brasil

Uma busca desesperada pelas pessoas desaparecidas continua na cidade líbia de Derna, onde os corpos ainda aparecem nas suas costas ou apodrecem sob os escombros, uma semana depois da tempestade Daniel ter provocado inundações devastadoras no leste do país.

As Nações Unidas disseram num relatório no domingo que o número de mortos só em Derna aumentou para 11.300.

Citando o Crescente Vermelho Líbio, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) acrescentou que outras 10.100 pessoas estavam desaparecidas na cidade devastada.

“Espera-se que estes números aumentem nos próximos dias e semanas, à medida que as equipas de busca e salvamento trabalham incansavelmente para encontrar sobreviventes”, afirma o relatório da OCHA.

O número de mortos revisto ocorreu num momento em que a ajuda internacional começou a chegar, com a ONU e países da Europa e do Médio Oriente a oferecerem ajuda aos sobreviventes, incluindo 40 mil pessoas que foram deslocadas na sequência da catástrofe.

A ajuda inclui medicamentos essenciais, alimentos, tendas, cobertores e kits de higiene, bem como maquinaria pesada para ajudar a limpar os escombros e sacos para cadáveres para permitir a movimentação dos cadáveres.

No sábado, na orla marítima de Derna – onde um carro destruído podia ser visto empoleirado em cima de quebra-ventos de concreto e madeira flutuante estava espalhada em poças lamacentas – escavadores trabalharam para abrir caminho para equipes de resgate e um helicóptero escaneou o mar em busca de corpos.

Retomada da atividade militar dos EUA no Níger coloca a França em posição estratégica

A França é forçada a reagir às últimas tendências de golpes militares patrióticos e à nova resposta pragmática dos EUA ao mais recente no Níger, o último dos quais viu a retoma da sua actividade militar no país depois de Nuland ter fechado um acordo com a junta. Pode tentar desestabilizar a região por desespero ou começar a adaptar-se pragmaticamente a tudo através de respostas muito mais razoáveis ​​como a que acabou de mostrar após o golpe de estado no Gabão há algumas semanas.

Andrew Korybko* | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

Os quase dois meses desde o golpe militar patriótico do final de Julho no Níger foram caracterizados pela incerteza, enquanto a junta se preparava para uma invasão da CEDEAO liderada pela Nigéria, apoiada pela França, enquanto o Ocidente se preparava para a erradicação completa da sua influência daquele estado geoestratégico. Até agora, nada disso aconteceu, com uma mistura moderada destes dois cenários a desenrolar-se. A pressão regional continua a ser exercida sobre a junta à medida que a influência francesa diminui, mas não houve qualquer guerra e a influência dos EUA permanece.

O principal comandante da Força Aérea dos EUA para a Europa e África revelou no início desta semana que o seu país retomou recentemente as suas missões de inteligência e vigilância no Níger, como resultado de negociações com as suas autoridades militares, depois de as ter interrompido em grande parte logo após o golpe deste verão. Este desenvolvimento não deverá ser uma surpresa para aqueles que prestaram atenção à viagem da Secretária de Estado Adjunta Interina, Victoria Nuland, a Niamey, no início de Agosto. Aqui estão três análises relevantes para atualizar os outros:

* “ Victoria Nuland revelou alguns detalhes interessantes sobre suas discussões no Níger 

* “ A França supostamente pensa que os EUA a apunhalaram pelas costas durante a viagem de Nuland ao Níger 

* “ Por que a mídia dos EUA está falando sobre o general nigeriano Moussa Barmou de repente? 

A barragem renascentista na Etiópia desmascara anos de desinformação egípcia

O preenchimento final de sua grande barragem renascentista na Etiópia desmascara anos de desinformação egípcia

O rio Nilo não secou, ​​a indústria agrícola egípcia não foi afetada de forma alguma e nenhuma guerra eclodiu por causa do projeto. Cada pessoa que anteriormente alertou sobre consequências supostamente terríveis foi simplesmente desacreditada como propagandista.

Andrew Korybko* | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

O primeiro-ministro etíope, Dr. Abiy Ahmed, anunciou na semana passada que o seu país completou o quarto e último enchimento da sua Grande Barragem da Renascença, o que deixou o Egipto a montante em ebulição, uma vez que este desenvolvimento desmascarou anos de desinformação. O rio Nilo não secou, ​​a indústria agrícola egípcia não foi afetada de forma alguma e nenhuma guerra eclodiu por causa do projeto. Cada pessoa que anteriormente alertou sobre consequências supostamente terríveis foi simplesmente desacreditada como propagandista.

Até agora, o Egipto tinha investido fortemente em assustar a comunidade internacional, fazendo-a pensar que a Etiópia estava supostamente a conspirar para manter o Nilo como refém por alguma razão inexplicável, mas a realidade é que isto nunca foi nada mais do que uma narrativa de guerra de informação destinada a prejudicar o desenvolvimento daquele país. A Al Jazeera e os outros meios de comunicação social globais que contribuíram para esta campanha de desinformação fizeram-no para obter favores do Cairo, mas agora estão expostos e não têm nada para mostrar pelos seus esforços.

Angola | As Terras Sentidas de África* -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Ocidente alargado faliu em 2008 apesar de ter roubado os fundos soberanos do Iraque e o petróleo do país. A troco de protecção também juntou o petróleo do Koweit e da Arábia Saudita. Todo o Médio Oriente pagou a factura do desmoronamento do sistema financeiro norte-americano e seus sócios europeus. Até os paraísos fiscais estremeceram! Quando viram que ainda era preciso mais, lançaram a Primavera Árabe em 2010. O Norte de África ficou em chamas. Mas o latrocínio não deu os resultados esperados. Tentaram que a golpada chegasse a Angola mas “não pegou”. 

No ano seguinte, em 2011, a OTAN (ou NATO) iniciou a guerra na Líbia para derrubar o Presidente  Muammar al-Gaddafi. França, Itália e Alemanha comandaram o assalto com o estado terrorista mais perigoso do mundo a fiscalizar. Só pararam quando o país estava destruído. Assassinaram o Presidente da República. O petróleo da Líbia é muito barato porque os custos da exploração também são. 

Os ladrões e assassinos tomaram conta das explorações petrolíferas, dividiram o “governo” em dois, pagam uns trocos e levam tudo. A Líbia era o país do mundo com mais investimentos financeiros no estrangeiro. Esse dinheiro foi roubado pelos escravocratas e colonialistas do ocidente alargado. Um Chefe de Estado Africano foi assassinado pela OTAN (ou NATO). Um país africano foi destruído à bomba. A União Africana não reclamou. A ONU apoiou os assassinos e ladrões. As Terras Sentidas de África são propriedade dos abutres do ocidente alargado. Os dirigentes africanos estão amestrados na arte de se ajoelharem ante os amos.

A destruição da Líbia como estado soberano teve o apoio da ONU, da União Africana, União Europeia e de todas as mafias financeiras do mundo. O Presidente  Muammar al-Gaddafi lançou no país a Revolução Verde que consistiu em recuperar para a agricultura milhões de hectares do deserto. Fiz uma reportagem nos campos cultivados que outrora só tinham pedras e areia. Uma emoção. O Presidente da Líbia assustou os colonialistas e esclavagistas! 

A Revolução Verde incluiu a construção de barragens que retinham a água necessária à irrigação dos campos cultivados. Com os bombardeamentos da OTAN (ou NATO) foram danificadas. Os dois “governos” instalados na Líbia pelo ocidente alargado recebem as comissões do petróleo e nada mais lhes interessa. Por isso, ao fim de 12 anos, à primeira tempestade a sério, as barragens colapsaram. Há milhares de mortos e desaparecidos. Os assassinos estão em Washington, Paris, Londres, Bruxelas, Roma e Berlim. Como sempre acontece nas Terras Sentidas de África.

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