terça-feira, 25 de julho de 2023

Angola | Injustiça e Nulidades Relevantes – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Franz Kafka é ele e a cumplicidade com Dostoiévski  ou  Nietzsche. Conheci-o nas páginas do livro A Metamorfose e tornámo-nos íntimos nas páginas de O Processo. Durante alguns anos li o livro todas as madrugadas, que são as melhores horas para mergulhar na leitura sem interferências viciosas. Nunca vi o absurdo nas suas páginas. Nunca li concessões a uma humanidade que havia de revelar a sua absoluta indiferença, ante as bombas atómicas de Hiroxima e Nagasaki. Ele escreveu porque viveu o nascimento das armas químicas na I Guerra Mundial. Eu dei os primeiros passos ameaçado pelo fogo das fornalhas de duas guerras de extermínio. E assim cresci no crime do colonialismo e da guerra colonial.

Ravachol, o líder dos ilegalistas, dizia que não há inocentes. Tenho de desmenti-lo porque estou inocente desse crime hediondo que foi despejar bombas de destruição maciça sobre duas cidades japonesas, Hiroxima e Nagasaki, quando o Japão já estava derrotado e de joelhos ante os vencedores. Nessa altura só sabia dizer Papá e Mamã. Pouco mais. Mas foi o fogo que saía das fornalhas das duas guerras que moldou o meu amor à Justiça. Acima da Liberdade, da Independência, da Dignidade, da Cidadania está a Justiça. Vivo com essa paixão desde os anos da juventude.

Carlos São Vicente, filho do meu mestre e amigo Acácio Barradas, é um homem admirável. Deram-lhe uma oportunidade e ele construiu um mundo. Deram-lhe o exclusivo dos seguros do petróleo angolano e ele fez fortuna. Investiu os lucros em Angola, sobretudo na Hotelaria. Criou riqueza e postos de trabalho. O empresário foi preso no dia 22 de Setembro de 2020 à ordem da Procuradoria-Geral da República (PGR). 

Um mês e meio antes, em 8 de Agosto de 2020, a mesma Procuradoria-Geral da República garantiu nos autos de Carta Rogatória recebida da Suíça, que existia absoluta legalidade nas actividades do empresário. Este atestado surgiu depois de meses de investigações oficiais. Sem que nada tivesse acontecido de novo que levasse à sua prisão. Prender um cidadão, só mesmo em último recurso. Salvo se existir um clima de ódio figadal à Liberdade, como é o caso que envolve o injustiçado Carlos São Vicente. Um inocente preso ilegalmente.

A sentença condenatória da primeira instância (Tribunal da Comarca de Luanda) tem na base ilegalidades gritantes e inconstitucionalidades. O empresário Carlos São Vicente recorreu para o Supremo Tribunal porque ainda não existia o Tribunal da Relação. O processo kafkiano piorou. A sentença foi confirmada espezinhando as Leis e a Constituição da República. Entrou recurso no Tribunal Constitucional. Muitos meses depois saiu um Acórdão que deu cobertura às ilegalidades e inconstitucionalidades. 

Estão em causa nulidades relevantes. Foram ignoradas formalidades processuais, actos formais inerentes à própria tramitação do processo, actos que a lei proíbe, actos formais cuja observância a lei exige mas foram ignorados. A lei chama-lhes nulidades. Uma fonte do Tribunal Constitucional ajudou-me a perceber o processo kafkiano. Eu tiro as minhas conclusões e assumo as opiniões que aqui expresso.

EUA estão cansados de exigências de Zelenky e de destruir pontes com a Europa

A afirmação é de Douglas MacKinnon, ex-assessor de política e comunicações do Pentágono, em um artigo para o The Hill

A Anglo Alliance permite o comportamento petulante de Zelensky

Ahmed Adel* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

As autoridades americanas estão ficando cansadas de o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fazer exigências intermináveis ​​de apoio ocidental, escreve Douglas MacKinnon, ex-assessor de política e comunicações do Pentágono, em um artigo para o The Hill. Mesmo sem a perspicácia de MacKinnon, é evidente que os líderes ocidentais estão se cansando das exigências de Zelensky, como visto na recente Cúpula da OTAN na Lituânia e no rescaldo do evento.

MacKinnon, citando fontes, aponta em seu artigo que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em junho de 2022, “perdeu a paciência e gritou que Zelensky deveria mostrar mais gratidão pelos bilhões em ajuda que recebia dos Estados Unidos por meio do povo americano”.

Questionado sobre as demandas intermináveis ​​de Zelensky por ajuda dos EUA, um ex-funcionário de alto escalão do Pentágono disse a MacKinnon que o apoio ocidental não é infinito.

“Zelensky está agindo como uma criança mimada e petulante que consegue tudo o que quer e ainda não é o suficiente. Muitos no governo dos EUA e muitos de nossos cidadãos estão ficando cansados ​​de seu ato. Posso garantir que ele também está queimando pontes na Europa”,  disse o ex-funcionário do Pentágono.

Como os interesses da BP levam o apoio do Reino Unido a guerras, golpes e ditadores

O Ministério das Relações Exteriores é amplamente capturado pelo poluidor climático global BP. Do Irã ao Azerbaijão, do Iraque à Nigéria, da Rússia à Venezuela, o Reino Unido prioriza os lucros da corporação sobre uma política externa decente.

Mark Curtis* | Declassified UK | # Traduzido em português do Brasil

Declassified revelou recentemente que a BP bombeou petróleo iraquiano no valor de £ 15 bilhões desde que os militares do Reino Unido e dos EUA invadiram o país em 2003.

Os governos de Londres e Washington negaram por muito tempo que a guerra do Iraque fosse por causa do petróleo. No entanto, a BP retornou ao país em 2009 após uma ausência de 35 anos e recebeu uma participação significativa no maior campo de petróleo do Iraque perto de Basra, ocupada pelos britânicos, no sul do país.

Algo semelhante aconteceu na Líbia após outra intervenção militar do Reino Unido em 2011. 

Onze anos depois dessa guerra, em outubro do ano passado, a National Oil Corporation da Líbia concordou que a BP iniciasse a perfuração de gás natural no país. A BP controla áreas de exploração na Líbia cobrindo quase três vezes o tamanho do País de Gales.

As autoridades britânicas têm o hábito antigo de travar guerras que afirmam ser do interesse dos direitos humanos que são realmente sobre petróleo ou geopolítica. 

Arquivos desclassificados mostram que o governo trabalhista de Harold Wilson secretamente armou e apoiou a agressão da Nigéria contra a região secessionista de Biafra no final dos anos 1960. A prioridade voltou a ser os interesses do petróleo, então de propriedade conjunta da BP e da Shell.

Os impactos das guerras do petróleo na Grã-Bretanha dificilmente poderiam ser maiores. A guerra por Biafra foi a pior crise humanitária do mundo no final dos anos 1960, causando a morte de até três milhões de pessoas.

No Iraque, centenas de milhares foram mortos em meio a uma catástrofe humanitária. A Líbia, por sua vez, tornou-se um refúgio seguro para o terrorismo e os mercados de escravos e mergulhou em uma guerra civil da qual ainda não se recuperou.

Milhares contra a fome e a pobreza alimentar no Reino Unido

Milhares de pessoas participaram, este fim-de-semana, em protestos de rua na Grã-Bretanha para denunciar a pobreza alimentar crescente e «os lucros obscenos» dos supermercados.

A iniciativa, que partiu da People's Assembly Against Austerity (Assembleia Popular contra a Austeridade), teve sábado como dia principal e procurou chamar a atenção para a pobreza infantil e as férias escolares, um período «em que muitas famílias enfrentam dificuldades acrescidas com a alimentação».

As crianças que recebem refeições escolares gratuitas, nesta altura, deixam de o fazer, pelo que aos pais resta «a escolha sombria de passar fome, não pagar as facturas ou endividar-se».

O ano passado, por ocasião do início das férias escolares, Katie Schmuecker, que lidera um programa contra a pobreza na Joseph Rowntree Foundation, alertou para este problema, que afecta sobretudo famílias com baixos rendimentos.

Um ano depois, refere o portal thecanary.co, a People's Assembly (PA) afirma que pouco mudou e, se aconteceu, foi para pior.

De acordo com números oficiais, quase 24% dos alunos britânicos (mais de dois milhões) recebiam refeições alimentares em 2021-22, num cenário em que 4,2 milhões de crianças são afectadas pela pobreza no país.

Assim, a PA decidiu erguer a voz contra «os lucros obscenos dos supermercados», denunciando que «estão a tirar proveito de forma descarada da crise do custo de vida».

Na jornada de acção, o grupo apresentou uma «lista de reivindicações» que quer ver concretizadas, que passam pela redução dos preços dos supermercados e pelo aumento dos salários dos trabalhadores das lojas.

Também pediu ao governo de Sunak que controle o preço dos bens alimentares, de forma a torná-los acessíveis a todos, e refeições escolares para todas as crianças em todo o país.

Eleições em Espanha são “más notícias para a direita portuguesa”

Mariana Mortágua frisou que “não tendo qualquer programa político, qualquer alternativa”, a direita portuguesa “esperava apenas os ventos do Estado espanhol para conseguir apanhar uma boleia”. Coordenadora do Bloco espera que possa ser agora encontrada uma “solução democrática”.

Durante uma conferência de imprensa na sede nacional do Bloco para apresentar medidas para o SNS, Mariana Mortágua foi questionada sobre os resultados das eleições de domingo em Espanha.

“A melhor notícia da noite de ontem [domingo] é a estrondosa derrota da extrema-direita do Vox e, um outro facto menos mencionado, que é o desaparecimento dos liberais da política espanhola, nomeadamente o Ciudadanos que era a força liberal no Estado espanhol”, destacou.

A coordenadora do Bloco sublinhou que são “boas notícias para a democracia”, mas “más notícias para a direita portuguesa que, não tendo qualquer programa político, qualquer alternativa, esperava apenas os ventos do Estado espanhol para conseguir apanhar uma boleia”.

“Resta-nos esperar que as negociações entre os diferentes partidos com responsabilidade para o fazer, e para encontrar uma solução democrática, ocorram e que essa solução democrática possa ser encontrada”, assinalou.

Mariana Mortágua teve ocasião de “cumprimentar pessoalmente o Sumar, através de Yolanda Díaz e também todas as forças de esquerda na Galiza, na Catalunha, no País Basco”. “São estas forças que, em conjunto, podem impedir uma maioria direita no Estado espanhol”, referiu.

Esquerda.net

DOENÇA CONTAGIOSA

Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | Um país envelhecido que não é para velhos

Segundo os Censos 2021, do Instituto Nacional de Estatística (INE), em Portugal, quase um quarto da população (23,4%) tem 65 anos ou mais, um número que aumentou mais de 20% nos últimos 10 anos.

Rita Rodrigues* | Diário de Notícias | opinião

Assim, chegamos à pergunta-paradoxo: Portugal é hoje um país envelhecido, mas será o país certo para envelhecer?

O envelhecimento populacional é um problema transversal dos países ocidentais, e ao olharmos para a sua evolução, facilmente percebemos que estamos perante uma das transformações sociais mais importantes do século XXI, com impacto em todos os sectores da sociedade.

E muito se debate o envelhecimento populacional, evidenciando as mudanças que esta nova realidade demográfica implica, particularmente para os mercados de trabalho e financeiro, com a emergente silver economy a amplificar oportunidades; na alteração da tipologia da procura de bens e serviços, incluindo a habitação; nos transportes e na proteção social, incluindo a sempiterna discussão em torno da sustentabilidade dos sistemas de Segurança Social e das pensões de reforma; e, também, nas estruturas familiares e nas relações intergeracionais.

Podemos ainda referir que, além de sermos o país com a população mas velha do bloco comunitário - apenas superado pela Itália -, ainda é visível que somos pouco efetivos nos apoios e no combate ao isolamento.

Quando a Justiça é pedra no caminho para o diálogo com os independentistas catalães

Dias antes da posse de Pedro Sánchez, em janeiro de 2020, a Junta Central Eleitoral colocou em risco o apoio da ERC, ao desqualificar Oriol Junqueras como eurodeputado e o presidente Quim Torra como deputado. 

Ana Maria Pascual – Ferran Espada | Publico.es | # Traduzido em português do Brasil

Coincidência ou não, horas depois do escrutínio eleitoral que deixa a possibilidade de formação de um novo governo progressista nas mãos dos Junts per Catalunya (JxCat), a Procuradoria do Supremo Tribunal pediu esta segunda-feira ao juiz Pablo Llarena que aprove um novo mandado internacional de busca e detenção e uma ordem europeia de detenção e entrega do líder dos Junts, o ex-presidente  Carles Puigdemont, e o ex-ministro Toni Comín, ambos foragidos da Justiça espanhola. 

Fontes do Ministério Público minimizaram o assunto e qualificaram que "é uma ação processual obrigatória" após a decisão do Tribunal Geral da União Europeia (TGUE), em5 de julho, que retirou a imunidade parlamentar do ex-presidente Puigdemont e Comín . 

Coincidência ou não, horas depois do escrutínio eleitoral que deixa a possibilidade de formação de um novo governo progressista nas mãos dos Junts per Catalunya (JxCat), a Procuradoria do Supremo Tribunal pediu esta segunda-feira ao juiz Pablo Llarena que aprove um novo mandado internacional de busca e detenção e uma ordem europeia de detenção e entrega do líder dos Junts, o ex-presidente  Carles Puigdemont, e o ex-ministro Toni Comín, ambos foragidos da Justiça espanhola. 

Fontes do Ministério Público minimizaram o assunto e qualificaram que "é uma ação processual obrigatória" após a decisão do Tribunal Geral da União Europeia (TGUE), em5 de julho, que retirou a imunidade parlamentar do ex-presidente Puigdemont eComín . 

“O Ministério Público já tinha pedido o acordo das euro-ordens e, após esta decisão e de acordo com a Lei 23/2014 sobre o reconhecimento mútuo, o Ministério Público teve de ativá-las depois de ter sido interrompido devido à decisão prejudicial que foi levantada”, indicam as fontes.

A notícia fez com que o próprio Puigdemont fosse irônico em sua conta no 'Twitter' e exclamasse: "Um dia você é decisivo na formação de um governo espanhol, no dia seguinte a Espanha ordena sua prisão". 

Espanha | BLOQUEIO POLÍTICO

Vasco Gargalo, Portugal | Cartoon Movement

A PRÓXIMA GUERRA DA EUROPA PODERIA COMEÇAR AQUI?


Com as tensões entre a Sérvia e Kosovo atingindo níveis perigosos, Declassified visitou cidades disputadas no norte de Kosovo para ver se outra guerra poderia estourar, o que provavelmente atrairia tropas britânicas.

Pill Miller* | Declassified UK | # Traduzido em português do Brasil

Atravessar a ponte sobre o rio Ibar em Mitrovica é uma jornada por um dos contrastes mais nítidos da Europa e possivelmente sua próxima linha de falha sangrenta. Ao sul do rio fica uma cidade moderna que, assim como o restante de Kosovo, exibe com orgulho sua lealdade à maioria étnica albanesa do país. 

Bandeiras da águia e homenagens ao Exército de Libertação do Kosovo (KLA), que expulsou soldados sérvios com a ajuda de Tony Blair em 1999, são onipresentes. Uma reluzente mesquita financiada pela Turquia domina a praça principal e, no dia que visitei no mês passado, a maioria das lojas estava fechada, pois as pessoas celebravam o festival islâmico de Eid Al Adha em casa com suas famílias. 

As poucas lojas abertas só aceitam euros, moeda oficial do Kosovo, embora ainda não tenha aderido à UE – e não é reconhecido como país por cinco membros do bloco. A ponte é larga o suficiente para o tráfego, mas abandonei meu carro alugado ao avisar que suas placas de Kosovo poderiam despertar hostilidade uma vez sobre o rio. 

Os únicos veículos na ponte eram um par de Land Rovers pertencentes aos Carabinieri, o esquadrão da polícia militarizada da Itália. Passei por uma barricada de concreto onde os policiais entediados não pediram nenhuma identificação. 

Afinal, esta não é uma fronteira internacional e certamente não é italiana. Os Carabinieri estão aqui apenas para manter a paz entre os dois lados da cidade mais dividida de Kosovo, cujos habitantes raramente se misturam.

Norte de Mitrovica

Quão diferente é no norte de Mitrovica me surpreendeu. Uma faixa de bandeiras sérvias vermelhas, azuis e brancas tremulava por toda a rua principal. Graffiti professou solidariedade com os companheiros eslavos, enfatizando: “Kosovo é a Sérvia, a Crimeia é a Rússia”.

Um café me deu troco em dinares sérvios. As lojas distribuíam sacolas com logotipos em cirílico. Não há nenhum sinal da mesquita Ibri, que ficava ao pé da ponte até ser incendiada em 1999.

No topo da colina, uma imponente estátua do Príncipe Lazar aponta pungentemente para trás sobre o rio. Inaugurado em 2016, ele comemora a derrota da realeza sérvia para as tropas otomanas na Batalha de Kosovo em 1389 – um evento que ainda determina a linha divisória nesta terra conturbada.

Eu estava aqui no aniversário – 28 de junho – que é marcado como o dia nacional da Sérvia, conhecido como Vidovdan. Alguns previram que começaria este ano. Um policial kosovar de folga (e veterano do KLA) me disse que tinha visto informações de que os sérvios no norte de Mitrovica estavam prestes a declarar a sucessão de Kosovo. 

A parte norte do país tem quatro municípios de maioria sérvia que fazem fronteira com a Sérvia e poderiam ser reabsorvidos por Belgrado, que havia deslocado tropas para a fronteira. As tensões eram altas e três policiais de Kosovo foram presos por supostamente invadir a Sérvia.

Naquela noite, uma granada foi supostamente lançada contra veículos da polícia em Mitrovica, colocando as autoridades em alerta máximo. As estradas geralmente anárquicas de Kosovo foram inundadas com guardas de trânsito em cada rotatória entre a capital Pristina e Mitrovica, fazendo com que os motoristas obedecessem ao limite de velocidade – uma verdadeira raridade. 

Alguns até indicaram.

E, no entanto, o dia passou sem nenhuma declaração de independência. North Mitrovica sentiu-se calmo. Um garçom disse que estava mais preocupado com a economia do que com outra guerra. Procurei um ponto de táxi, anotando as placas. Principalmente sérvio, ou nenhum. As contínuas tentativas de Pristina de fazer cumprir as placas Kosovar, uma antiga fonte de tensão, estavam claramente sendo ignoradas.

COMO O CONGRESSO DOS EUA VOTOU PARA TORNAR A GUERRA PERMANENTE

Eric Zuesse* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

Em uma demonstração ousada da determinação bipartidária do Congresso dos EUA após o 11 de setembro de garantir para sempre a bonança que o Congresso concedeu temporariamente às indústrias de 'Defesa' americanas (fabricantes de armas de guerra, etc.), a proposta de Resolução do Congresso, em 19 de julho, “Sobre a Emenda (Paul Emdt. No. O Congresso declara guerra antes que os Estados Unidos se envolvam em guerra”, foi rejeitada no Senado dos EUA, pela enorme margem bipartidária de 83 contra 16  sim . Todos os 16 Sims eram senadores republicanos. No entanto, 32 republicanos e ambos os senadores "independentes" do Senado (Sanders de Vermont e rei do Maine)  também votaram Não - eles votaram que a cláusula da Constituição dos EUA que exige uma autorização do Congresso antes que o presidente dos EUA possa enviar forças americanas para o exterior em uma guerra, seja  anulada se  a OTAN declarar guerra. (Por exemplo: se a OTAN declara guerra contra a Rússia em relação à Ucrânia - o que PODERIA acontecer - então os Estados Unidos estão automaticamente em guerra contra a Rússia, e nenhuma autorização do Congresso é necessária para que os EUA iniciem imediatamente uma invasão nuclear da Rússia.) Então: isso foi tudo menos um voto partidário no Congresso: 83 senadores dos EUA, de ambos os partidos e de nenhum partido, endossaram-no. Mas o povo americano endossou isso? O povo americano elegeu aqueles 83 senadores americanos. Por que o povo americano fez isso? Foi isso porque os mesmos empreiteiros da 'Defesa' que financiaram as carreiras políticas desses senadores TAMBÉM financiaram os indicados do partido oposto que estavam concorrendo contra eles? Os bilionários precisam financiar ambas as partes para que isso aconteça? É a isso que a 'democracia' americana se resumiu ?

A corrupção de Biden levou à destruição da Ucrânia, afirma diplomata de Kiev - vídeo

O ex-diplomata ucraniano e insider político Andrii Telizhenko - agora sob sanções dos EUA com base no que ele diz serem falsos - fala.

Aaron Mate* | The Grayzone | # Traduzido em português do Brasil

O ex-funcionário do governo ucraniano e diplomata Andrii Telizhenko se junta a Aaron Maté para discutir como, em sua opinião, figuras poderosas dos EUA, incluindo Joe Biden, usaram a Ucrânia para corrupção pessoal e o objetivo geopolítico de sangrar a Rússia - tudo em detrimento dos ucranianos.

Telizhenko trabalhou para o gabinete do procurador-geral ucraniano em Kiev antes de se mudar para a Embaixada dos EUA na Ucrânia em 2015. Ele passou a trabalhar para a Blue Star Strategies, uma empresa de lobby administrada por democratas que representava a Burisma, a empresa de gás ucraniana que nomeou o filho de Biden, Hunter, para um lucrativo assento no conselho.

Telizhenko, que cooperou com o esforço de Rudy Giuliani para desenterrar informações sobre a suposta corrupção dos Bidens na Ucrânia, foi sancionado pelo Departamento do Tesouro dos EUA por “ter se envolvido direta ou indiretamente, patrocinado, ocultado ou sido cúmplice de influência estrangeira em uma eleição nos Estados Unidos”.

Convidado : Andrii Telizhenko. Consultor político que anteriormente foi funcionário do governo ucraniano e diplomata.

TRANSCRIÇÃO

 AARON MATÉ : Bem-vindo ao Pushback, sou Aaron Maté. Juntando-se a mim está Andrii Telizhenko. Ele é um ex-diplomata ucraniano sancionado pelo Departamento do Tesouro dos EUA por suposta interferência eleitoral relacionada a seus esforços para detalhar o histórico dos Bidens na Ucrânia, ao qual vamos chegar.

Andrii, obrigado por se juntar a mim.

ANDRII TELIZHENKO :   Obrigado por me receber, Aaron.

AARON MATÉ : Quero dar o crédito a Garland Nixon por esta entrevista. Ele tem um canal no YouTube e recentemente entrevistou você, e você disse muitas coisas realmente extraordinárias que acho que as pessoas deveriam ouvir. E para as pessoas que não estão familiarizadas com o seu histórico, fale-nos um pouco sobre o seu trabalho na Ucrânia como funcionário do governo.

ANDRII TELIZHENKO: Sim, logo após o Maidan, o golpe, fui nomeado conselheiro político sênior do Primeiro Vice-Primeiro Ministro da Ucrânia em questões de segurança, questões de inteligência, questões militares. Depois, fui nomeado conselheiro e tinha um protocolo com o Procurador-Geral da Ucrânia, supervisionando todas as conexões internacionais dentro do gabinete do Procurador-Geral e suas questões políticas pessoais, e estava envolvido no trabalho com a Embaixada dos EUA, a Embaixada do Canadá, todas as embaixadas do G7 no trabalho com o governo ucraniano. Depois tornei-me diplomata na Embaixada da Ucrânia e trabalhei muito de perto com a Casa Branca e nas eleições dos EUA, que, quando vi a corrupção envolvida na interferência da Ucrânia nisso, pedi demissão da Embaixada e saí, depois de seis meses trabalhando lá, e tornei-me um consultor político. Envolvi-me trabalhando com a Blue Star Strategies, uma empresa de lobby de Washington, trabalhei lá por um ano - a empresa de lobby que fazia lobby na Burisma - e foi assim que vi tudo por dentro. E quando entendi os resultados chocantes que estavam acontecendo para o meu país, para a Ucrânia - não apenas para a Ucrânia, para a corrupção que estava acontecendo lá - descobri a verdade: interferência ucraniana nas eleições, a história de Hunter Biden, Burisma, Blue Star.

E foi aí que me envolvi com Rudy Giuliani. E depois fui sancionado quando testemunhei e dei minhas evidências ao Senado dos EUA - senador [Ron] Johnson, comitê do senador [Chuck] Grassley em 2020 - que, das 87 páginas do relatório do comitê, 27 páginas são minhas evidências e minhas comunicações por e-mail com a Casa Branca, com a Blue Star, e o que passei naquela época, e o que eu poderia fornecer abertamente ao Senado naquela época, porque eles tentaram me intimar para que eu pudesse fornecer mais evidências que estava sob contrato. Mas o senador [Mitt] Romney bloqueou a intimação no comitê do Senado, e eles não conseguiram votos suficientes para me intimar e me trazer oficialmente. Então é onde estou hoje e por que fui sancionado.

AARON MATÉ : Sim, então vamos chegar a isso. Então, é realmente interessante. O senador Romney, um republicano, bloqueou os esforços de outros republicanos apenas para que você testemunhasse. Romney, por algum motivo, realmente não queria ouvir o que você tinha a dizer. Mas antes de entrarmos nisso - há muito aí - você diz, em primeiro lugar, que renunciou devido à interferência da Ucrânia nas eleições dos EUA. Você está se referindo ao período de 2016?

ANDRII TELIZHENKO : Sim, está correto. Esse é o período das eleições presidenciais de 2016 nos EUA.

AARON MATÉ : E então, você está trabalhando na Embaixada da Ucrânia na época das eleições de 2016 em Washington.

ANDRII TELIZHENKO : Sim.

AARON MATÉ : E o que você fez?

ANDRII TELIZHENKO : Eu era o terceiro secretário da Embaixada depois de ocupar altos cargos no governo. Fui trabalhar na Embaixada, fui convidado para trabalhar lá e estava fiscalizando as eleições como toda embaixada faz. E eles tentaram me envolver porque eu fazia parte do Deep State naquela época - eles pensaram que eu fazia parte do Deep State - e tentaram me envolver para ajudá-los a sujar o candidato presidencial Donald Trump, Paul Manafort, Carter Page, George Papadopoulos, General [Michael ]Flynn, e eu não queria me envolver nisso. Eles me apresentaram a essa mulher chamada Chalupa, Alexandra Chalupa, sobre a qual falei no artigo político de 2017 que Ken Vogel escreveu e, basicamente, ela queria sujeira. Eu disse não e dois meses depois me demiti deles, então voltei para Kiev.

E foi assim que o processo funcionou, foi parte do que eu vi coisas dentro da Casa Branca, reunindo-se por meio do Procurador-Geral da Ucrânia, o chefe do NABU [Departamento Nacional Anticorrupção da Ucrânia], onde eles conversavam sobre pessoas como Paul Manafort, com Eric Ciaramella, e a equipe de segurança nacional de Joe Biden – o vice-presidente na época – e Chalupa se reunindo em Washington, obtendo relatórios sobre George Papadopoulous e Carter Page semanas antes da investigação oficial sobre eles acontecer . Então, esse é o testemunho do qual eu participei, infelizmente. Eu vim com a verdade sobre isso. Foi quando comecei a ser difamado pela mídia liberal e pelos funcionários do Deep State, os neocons.

Se todo mundo vai aderir à OTAN, então para quê a Organização das Nações Unidas?

Strategic Culture Foundation, em Escolha do Editor | # Traduzido em português do Brasil

Caros amigos,

Saudações da mesa do  Tricontinental: Institute for Social Research 

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) realizou sua cúpula anual de 11 a 12 de julho em Vilnius, Lituânia. O comunicado divulgado após os procedimentos do primeiro dia afirmava que 'a OTAN é uma aliança defensiva', uma declaração que resume por que muitos lutam para compreender sua verdadeira essência. Uma olhada nos últimos  números de gastos militares mostra, ao contrário, que os países da OTAN e os países estreitamente aliados à OTAN respondem por quase três quartos do gasto global anual total em armas. Muitos desses países possuem sistemas de armas de última geração, que são qualitativamente mais destrutivos do que aqueles detidos pelas forças armadas da maioria dos países não pertencentes à OTAN. Ao longo do último quarto de século, a OTAN usou seu poderio militar para destruir vários estados, como o Afeganistão (2001) e a Líbia (2011), destruindo sociedades com a força bruta de sua aliança agressiva e acabando com o status da Iugoslávia (1999) como um estado unificado. É difícil, dado este registo, sustentar a opinião de que a OTAN é uma 'aliança defensiva'.

Atualmente, a OTAN tem trinta e um estados membros, sendo a mais recente a  Finlândia , que aderiu em abril de 2023. O número de membros mais do que dobrou desde que seus doze membros fundadores, todos os países da Europa e da América do Norte que fizeram parte da guerra contra as potências do Eixo, assinaram seu tratado fundador (o Tratado de Washington ou o Tratado do Atlântico Norte) em 4 de abril de 1949. É revelador que um desses membros originais – Portugal – permaneceu sob uma ditadura fascista na época, conhecida como Estado Novo (em vigor desde 1 933 até 1974).

O Artigo 10 deste  tratado  declara que os membros da OTAN – 'por acordo unânime' – podem 'convidar qualquer outro estado europeu' a aderir à aliança militar. Com base nesse princípio, a OTAN deu as boas-vindas à Grécia e à Turquia (1952), Alemanha Ocidental (1955) e Espanha (1982), expandindo seus membros na época para incluir dezesseis países. A desintegração da URSS e dos estados comunistas na Europa Oriental – a suposta ameaça que compeliu a necessidade da OTAN para começar – não acabou com a necessidade da aliança. Em vez disso, o número crescente de membros da OTAN dobrou sua ambição de usar seu poder militar, por meio do Artigo 5, para subjugar qualquer um que desafie a 'Aliança Atlântica'.

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