terça-feira, 19 de julho de 2011

Timor-Leste: BAD DESTACA FORTE CRESCIMENTO MAS ADVERTE PARA INFLAÇÃO




LUSA

Díli, 19 jul (Lusa) -- A economia de Timor-Leste vai manter este ano um crescimento de 10 por cento, impulsionada pelo aumento dos preços do petróleo e pelo investimento público, revela o mais recente relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento.

De acordo com o relatório do BAD de monitorização das economias do Pacífico, divulgado segunda feira em Manila, Timor-Leste é a economia do Pacífico que mais vai crescer este ano, com uma expansão na ordem dos 10 por cento, seguida da Papua Nova Guiné (8,5 por cento), impulsionadas pela alta do preço do petróleo e pelo aumento do investimento público e na extração de recursos.

As Ilhas Salomão são a terceira economia da região com um crescimento assinalável, de cerca de 7,5 por cento, impulsionada pela retoma da mineração de ouro e pelo aumento da exploração madeireira.

As restantes 11 economias estudadas apresentam um crescimento médio bastante mais modesto, de 1,5 por cento em 2011, com a perspetiva de subirem para 1,9 por cento em 2012.

O relatório de julho do BAD assinala com preocupação a tendência inflacionária em 2011 na região, que deverá rondar os 8,4 por cento, com particular atenção a Timor-Leste, Papua Nova Guiné e Ilhas Fiji, economias fortemente dependentes das importações e por isso bastante sensíveis às flutuações dos preços dos bens alimentares e dos combustíveis.

O BAD produz no relatório uma recomendação geral para esses países se resguardarem dessa volatilidade dos preços, criando reservas de segurança alimentar pela diversificação da sua base agrícola e explorando energias alternativas.

METRO DE SUPERFICIE PODERÁ TORNAR-SE REALIDADE EM MOÇAMBIQUE




MACAUHUB

Maputo, Moçambique, 19 Jul – As primeiras carreiras de metro de superfície e eléctricos, ligando Maputo, Matola e o distrito de Marracuene poderão ser feitas a partir dos finais 2013, caso o Governo valide o estudo de viabilidade apresentado sábado, por uma firma italiana na capital, escreve o jornal Notícias.

O estudo prevê a construção e operacionalização de uma rede de metros e eléctricos, bem como a instalação de um sistema intermodal de transporte, que incluirá autocarros, viaturas pessoais e parques de estacionamento nos pontos de tomada e/ou largada de cada um dos meios.

De acordo com o estudo que vinha sendo elaborado desde Março pela SALCEF, o sistema completa-se em 2026. Mas já na primeira fase, uma rede básica de metros e eléctricos ligando várias zonas dos municípios da Matola e Maputo, bem como o distrito de Marracuene estará, activa em 2016.

Até 2026, toda a malha nas três áreas estaria operacional, sendo que nessa fase, os utentes já passariam a dispor de parques de estacionamento, nos quais deixariam as suas viaturas particulares e tomar um metro e/ou eléctrico para qualquer ponto da Matola, Maputo e Marracuene.

O estudo foi elaborado com base nos projectos dos dois municípios e nos dados actuais e previsões de escoamento de carga e passageiros ao longo das linhas férreas existentes, considerando que se pretende usar as mesmas infra-estruturas e construir outras apenas para reforçar e adequar ao novo cenário.

Para a primeira fase, a firma italiana estima que sejam necessários cerca de 955 milhões de dólares norte-americanos, dos quais 40 porcento serão usados na aquisição de material rolante, sistemas de gestão do tráfego e de segurança das operações, considerando que várias composições transitarão pelas mesmas linhas.(macauhub)

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Portuguesa Galp investe 140 milhões de dólares na produção de petróleo e gás em Angola





Luanda, Angola, 19 Jul – A Galp iniciou o desenvolvimento de uma nova vaga de projectos em Angola prevendo investimentos da ordem dos 140 milhões de dólares em 2011 maioritariamente para a área da exploração e produção de petróleo e gás natural, escreve o semanário Expansão na sua última edição.

Segundo o jornal com este investimento a Galp eleva para 1000 milhões de euros o total do investimento da empresa portuguesa no mercado angolano o que coloca a petrolífera como a maior investidora portuguesa em Angola.

“Os alvos prioritários são o bloco 14 -o único que está actualmente em fase de produção-, onde os visados são os campos de Lucapa e Malanje e o bloco 14K-campo Lianzi. Desta lista faz ainda parte o bloco 32″, assinala o Expansão.

Angola continua a ser, nos próximos anos, uma das principais fontes de receita da Galp, escreve o jornal.

Angola representa cerca de um quinto do novo objectivo global de 200 mil barris diários fixado para 2020 pela Galp número que reflecte um acréscimo de 50 mil barris diários face à anterior meta.

A Galp prevê até 2020 um aumento anual de 7% da produção de petróleo em Angola.(macauhub)

Feira Internacional de Luanda inicia hoje com exposições de mais de 600 empresas




DESTAK - LUSA

A 28.ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA 2011) abre hoje em Luanda, com a presença de 650 empresas angolanas e estrangeiras, de um total de 23 países inscritos, sendo Portugal a maior participação internacional.

O evento, que encerra no domingo, decorrerá em cinco pavilhões, com dimensões entre os mil e cinco mil metros quadrados, tendo Portugal um pavilhão para as empresas representadas na FILDA.

Na quarta-feira, o programa da feira reserva o dia dedicado à Alemanha, Espanha e ao Turismo em Angola, bem como o VII Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Em declarações à agência Lusa, o delegado do Escritório da Economia Alemã em Angola, Ricardo Gerigk, disse que vão expor na feira 15 empresas alemãs, algumas já implantadas em Angola e outras novas.

Segundo Ricardo Gerigk, este ano a procura por empresas alemãs na feira poderá ser maior, tendo em conta a recente visita que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, realizou a este país de África.

“A FILDA é sempre uma incógnita, ela tem sido boa para algumas empresas e para outras muito menos, mas acredito que a visita da chanceler trará uma repercussão positiva à nossa participação, acho que vamos ser muito procurados tanto por empresas, pessoas particulares e por políticos”, disse.

O dia dedicado a Portugal e ao Brasil está reservado para quinta-feira, bem como duas conferências, nomeadamente “Vantagens de Soluções de Energias Provisórias” e outra sobre Seguros.

O dia de sexta-feira será dedicado aos petróleos, com a realização de palestras sobre o sector e a visita do ministro à feira, estando o sábado reservado ao dia da internet.

Nesta edição que tem como lema: “Os Desafios da Atracção de Investimento” estreiam países como o Paquistão, o Quénia, a Indonésia e Cabo-Verde.

Entre os países participantes já confirmados, figuram Portugal, Brasil, Espanha, China, França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos da América, Índia, Tunísia, Noruega, Itália, África do Sul, Gana, Argentina, Quénia, Guiné Equatorial, Paquistão, Turquia, Indonésia, Macau e Cabo-Verde.

Guiné-Bissau: Partidos da oposição organizam nova manifestação contra primeiro-ministro




CSR.(MB/MSE) - LUSA

Lisboa, 19 jul (Lusa) -- Cerca de dez partidos da oposição da Guiné-Bissau deverão manifestar-se novamente hoje, pela segunda vez em seis dias, nas ruas de Bissau, pedindo a demissão do primeiro-ministro do país, Carlos Gomes Júnior.

O protesto de hoje foi convocado ainda durante a primeira manifestação, realizada na quinta-feira passada, em que os partidos afirmaram que vão protestar "até que o primeiro-ministro se demita ou seja demitido".

A promessa das manifestações de rua para exigir a demissão de Carlos Gomes Júnior foi vincada por Sori Djaló, presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS), principal força política da oposição na Guiné-Bissau.

A manifestação de quinta-feira, depois de um início tímido, reuniu centenas de pessoas nas ruas de Bissau.

"Justiça", "queremos justiça","o governo deve assumir a sua responsabilidade", "os assassinos devem ser levados à justiça", "abaixo os assassinos" e "viva a justiça e a democracia", foram as palavras de ordem mais utilizadas pelos manifestantes.

Os manifestantes transportavam também cartazes com a imagem do antigo Presidente Nino Vieira e do ex-chefe das Forças Armadas, mortos em março de 2009, e dos deputados Hélder Proença e Baciro Dabó, assassinados em junho do mesmo ano.

É para estes crimes que os dez partidos da oposição querem justiça.

Num comício realizado terça-feira passada, em Bissau, o primeiro-ministro pediu para o "deixarem em paz", sublinhando que "tem as mãos limpas".

Pirataria: Marinha israelense aborda navio do comboio humanitário que seguia a Gaza




OPERA MUNDI – EFE, Jerusalém

A Marinha israelense abordou nesta terça-feira (19/07) o Dignité-Al Karama (Dignidade), navio francês do comboio humanitário que navegava em direção a Gaza, e assumiu o controle da embarcação.

Os soldados israelenses "abordaram o navio sem encontrar resistência e o estão rebocando até o porto de Ashdod", no litoral mediterrâneo de Israel, disse um porta-voz militar israelense à agência Efe.

A Marinha só atuou "depois que todos os canais diplomáticos fossem esgotados e as contínuas ligações para navio ignoradas", indicou um comunicado militar em que acrescentou que, ao negar-se a desviar para Ashdod, "foi necessário abordar o barco".

Os militares israelenses "tomaram todas as precauções necessárias e dessa vez evitaram causar ferimentos aos ativistas, além de garantir a segurança dos soldados", diz o comunicado, que explicou que após a abordagem foi verificado o estado de saúde dos passageiros e oferecido a eles comida e bebida.

A Polícia israelense vai interrogar todos os ativistas, jornalistas e a tripulação, que estão sob a custódia do Ministério do Interior e a Autoridade de Imigração.

A ordem de tomar a embarcação foi dada diretamente pelo chefe do Estado-Maior israelense, o general Benny Gantz, depois que a tripulação do Dignité-Al Karama rejeitasse alterar o rumo em direção à faixa palestina, segundo a versão digital do diário israelense Ha'aretz, que tem um jornalista na embarcação.

Navios da Marinha israelense começaram a seguir de perto o iate, de 19 metros de comprimento, quando este estava a 50 milhas náuticas do litoral de Gaza e exigiram que identificasse o destino final e informasse sobre a presença de armas a bordo, indicou o rotativo.

Um dos ativistas respondeu que o porto de destino era Gaza e que não havia nenhum tipo de armas a bordo.

O porta-voz militar não respondeu à pergunta da Efe sobre se a intercepção do Dignité ocorreu em águas internacionais ou nas águas exclusivas de Gaza.

"O Dignité foi abordado de forma ilegal em águas internacionais, quando estava a 40 milhas de distância do litoral palestino", disse à Efe a partir de Paris Julien Rivoire, porta-voz da organização francesa que fretou a embarcação.

"É a segunda vez que os israelenses abordam uma embarcação com delegação pacífica que quer chegar a Gaza para levar uma mensagem de apoio da comunidade internacional", destacou Rivoire e afirmou que "a abordagem de um navio civil em águas internacionais é ilegal, como também o bloqueio marítimo imposto por Israel a Gaza".

O Dignité-Al Karama, único barco do comboio humanitário que conseguiu driblar as autoridades gregas e partir rumo à faixa palestina, levava a bordo dez ativistas e três tripulantes, além de três jornalistas, uma de Ha'aretz e dois da rede de televisão catariana Al Jazeera.

*Título alterado por PG

A PERDA DE CONFIANÇA NA ORDEM ATUAL




LEONARDO BOFF – CARTA MAIOR, Debate Aberto

Vigora uma desconfiança generalizada de que deste sistema não poderá vir nada de bom para a humanidade. Estamos indo de mal a pior em todos os itens da vida e da natureza. O futuro depende do cabedal de confiança que os povos depositam em suas capacidades e nas possibilidades da realidade. E esta confiança está minguando dia a dia.

Na perspectiva das grandes maiorias da humanidade, a atual ordem é uma ordem na desordem, produzida e mantida por aquelas forças e países que se beneficiam dela, aumentando seu poder e seus ganhos. Essa desordem deriva do fato de que a globalização econômica não deu origem a uma globalização política. Não há nenhuma instância ou força que controle a voracidade da globalização econômica. Joseph Stiglitz e Paul Krugman, dois prêmios Nobel em economia, criticam o Presidente Obama por não ter imposto freios aos ladrões de Wall Street e da City, ao invés de se ter rendido a eles. Depois de terem provocado a crise, ainda foram beneficiados com inversões bilionários de dinheiro público. Voltaram, airosos, ao sistema de especulação financeira.

Estes excepcionais economistas são ótimos na análise; mas, mudos na apresentação de saídas à atual crise. Talvez, como insinuam, por estarem convencidos de que a solução da economia não esteja na economia, mas no ‘refazimento’ das relações sociais destruídas pela economia de mercado, especialmente, a especulativa. Esta é sem compaixão e desprovida de qualquer projeto de mundo, de sociedade e de política. Seu propósito é acumular maximamente, apropriando-se de bens comuns vitais como água, sementes e solos e destroçado economias nacionais.

Para os especuladores, também no Brasil, o dinheiro serve para produzir mais dinheiro e não para produzir mais bens. Aqui o Governo tem que pagar 150 bilhões de reais anuais pelos empréstimos tomados, enquanto repassa apenas cerca de 60 bilhões para os projetos sociais. Esta disparidade resulta eticamente perversa, consequência do tipo de sociedade a qual nos incorporamos, sociedade essa que colocou, como eixo estruturador central, a economia, que de tudo faz mercadoria até da vida.

Não são poucos que sustentam a tese de que estamos num momento dramático de decomposição dos laços sociais. Alain Touraine fala até de fase pós-social ao invés de pós-industrial.

Esta decomposição social se revela por polarizações ou por lógicas opostas: a lógica do capital produtivo cerca de 60 trilhões de dólares/ano e a do capital especulativo, cerca de 600 trilhões de dólares sob a égide do “greed is good” (a cobiça é boa). A lógica dos que defendem a maior lucratividade possível e a dos que lutam pelos direitos da vida, da humanidade e da Terra. A lógica do individualismo que destrói a “casa comum”, aumentando o número dos que não querem mais conviver e a lógica da solidariedade social a partir dos mais vulneráveis. A lógica das elites que fazem as mudanças intrassistêmicas e se apropriam dos lucros e a lógica dos assalariados, ameaçados de desemprego e sem capacidade de intervenção. A lógica da aceleração do crescimento material (o PAC) e a dos limites de cada ecossistema e da própria Terra.

Vigora uma desconfiança generalizada de que deste sistema não poderá vir nada de bom para a humanidade. Estamos indo de mal a pior em todos os itens da vida e da natureza. O futuro depende do cabedal de confiança que os povos depositam em suas capacidades e nas possibilidades da realidade. E esta confiança está minguando dia a dia.

Estamos nos confrontando com esse dilema: ou deixamos as coisas correrem assim como estão e então nos afundaremos numa crise abissal ou então nos empenharemos na gestação de uma nova vida social, capaz de sustentar um outro tipo de civilização. Os vínculos sociais novos não se derivarão nem da técnica nem da política, descoladas da natureza e de uma relação de sinergia com a Terra. Nascerão de um consenso mínimo entre os humanos, a ser ainda construído, ao redor do reconhecimento e do respeito dos direitos da vida, de cada sujeito, da humanidade e da Terra, tida como Gaia e nossa Mãe comum. A essa nova vida social devem servir a técnica, a política, as instituições e os valores do passado. Sobre isso venho pensando e escrevendo já pelo menos há vinte anos. Mas é voz perdida no deserto. “Clamei e salvei a minha alma” (clamavi et salvavi animam meam), diria desolado Marx. Mas importa continuar. O improvável é ainda possível.

*Leonardo Boff é teólogo e escritor.

A ORFANDADE CENTROAMERICANA




EMIR SADER – CARTA MAIOR, Blog do Emir

Sub-continente geografricamente a metade do caminho entre a América do Norte e a América do Sul, ao lado do Caribe, a América Central, mais do que nunca, encontra dificuldades para afirmar sua identidade na era da globalização neoliberal. À forte polarização internacional e marginalização das zonas mais frágeis do sistema capitalista, se somaram a recessão prolongada nos EUA e no México, principais sócios econômicos e referências políticas tradicionais.
 
A rebelião de países da região – governos sandinistas na Nicarágua, movimentos guerrilheiros – não produziram espaços de autonomia, ao contrário, deixaram sequelas ainda mais graves. Na Nicarágua, Daniel Ortega retornou ao governo, com uma orientação bastante mais moderada, na Guatemala as forças guerrilheiras e os movimentos indígenas não conseguiram transferir a força acumulada para forças políticas institucionais. El Salvador foi o país que melhor conseguiu adequar-se ao novo marco internacional – a passagem da bipolaridade à hegemonia imperial norteamericana.

Terminada a guerra fria, os movimentos guerrilheiros centroamericanos buscaram se reciclar para os processos políticos institucionais. Em El Salvador, a Frente Farabundo Marti – que congregava a todos os movimentos da luta armada – se transformou em um partido politico, que rapidamente conseguiu eleger vários prefeitos – inclusive na capital – e uma bancada importante no Congresso. No entanto, só nas eleições de 2009, ao lançar o nome de um jornalista muito conhecido em nível nacional – Mauricio Funes -, sempre opositor nas suas posições como candidato à presidência, conseguiram triunfar.

A situação herdada já era muito grave, antes da crise econômica internacional. Mais de 50% do fluxo comercial do país se dá com os EUA, revelando a enorme dependência do mercado norteamericano. Cerca de 1/3 da população salvadorenha – cerca de 3 milhões de pessoas – vive nos EUA, remetendo parte dos seus ganhos a El Salvador, o que constitui, 18% do PIB, como primeira fonte de ingresso do país.

Os governos neoliberais que dirigiram o país nas duas décadas posteriores ao final da guerra interna promoveram uma concentraram de renda ainda maior da existente antes dos conflitos armados. A balança comercial do país é permanentemente deficitária, El Salvador importa grande parte dos alimentos que consome. Dois de cada dez trabalhadores não tem emprego forma e cobertura social. Quando Funes assumiu, a economia salvadorenha havia sofrido um retrocesso de cerca de 4%. Perderam-se, entre 2008 e 2009, em torno de 40 mil empregos formais, além dos impactos no extenso setor informal da economia.

Imediatamente o governo elevou os recursos para as políticas socais de 24 para 134 milhões de dólares, como expressão da centralidade das políticas sociais que o governo assumiu. Foi criada a Secretaria de Inclusão Social – dirigida pela brasileira Vanda Pignato, que desenvolve um extraordinário trabalho de criatividade na área social, a começar pelas inovadoras Cidades Mulheres -, que desenvolve programas sociais que se constituem em eixos prioritarios do mandato de Funes: Proteção Social Univerisal, Pacotes escolares, Alimentação escolar, Bônus em educação e saúde, Bolsas educativas, Pensão básica universal e Programa de atenção temporária à renda.

Como resultado da aplicação das políticas sociais, nos seus dois primeiros anos o governo de Funes conseguiu resultados muito positivos: extensão da cobertura pré-natal para 98,7% dos casos; controle sobre o crescimento e a nutrição das crianças superior a 90%; taxa de matrícula escolar superior a 98%; numero de partos atendidos aumentou em 13,3%; repetição escolar diminuiu em 8%.

Atacando obstáculos estruturais à democratização de El Salvador, o governo distribuiu, em dois anos, 18 mil títulos de posse de terra, dentre os quais 35,5% foram para mulheres, secularmente excluídas do direito de propriedade. O programa de atendimento aos veteranos de guerra distribuiu bolsas e desenvolve um programa de nutrição e saúde.

Mas mesmo El Salvador, com um governo democrático e popular, sofre as consequências da crise econômica internacional e vive – como toda a região – em uma espécie de limbo: nem são atendidos pelos EUA e pelo México, em crise, nem estão disponíveis para integrar-se a processos sulamericanos, porque assinaram Tratados de Livre Comércio com os EUA. Cabe aos Brasil e aos países que integram os processos de integração regional, desenvolver propostas que atendam as necessidades centrais da área centroamericana, com El Salvador no seu centro.

DESENVOLVIMENTO, DEPENDÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA




GUILHERME DELGADO – BRASIL DE FATO, Análise

Dada a atual configuração da inserção do Brasil no comércio mundial, os recursos naturais passaram a figurar como vetor principal de competitividade externa. 

A economia brasileira, a julgar pelos investimentos que vem crescendo mais rapidamente na última década, deverá se expandir no quadriênio do governo Dilma puxada por três demandas estratégicas principais – os programas de energia do PAC (petróleo e hidroeletricidade), os Planos de Safra Anuais da Agricultura, e os investimentos em infraestrutura ligados à Copa do Mundo/olimpíadas. Esses três “setores” seriam como que responsáveis por alavancar o conjunto do sistema econômico, crescendo á frente dos demais, mediante aplicação de investimentos que supostamente estariam elevando a produção e a produtividade do trabalho no conjunto da economia. Esta é a aposta dos ‘desenvolvimentistas’ do governo, para o que contam com um cenário externo favorável, que confirme essas demandas. Crises externas mais graves cortariam esse ciclo de crescimento, pelas razões adiante expostas.

Por outro lado, as bases materiais sobre as quais se apoiam as apostas do desenvolvimento dependem fortemente do ingresso de capital estrangeiro para financiar mega projetos de inversão e de demanda externa por “commodities”. Essa demanda externa (exportação de mercadorias) cumpre o papel de solvência parcial à remuneração do conjunto do capital estrangeiro operante ou em trânsito no país.

Se atentarmos para a estrutura econômica dos setores que já crescem à frente dos demais há alguns anos, veremos que há certo denominador comum presente na produção do petróleo, da hidroeletricidade, do agronegócio e também da mineração. Todos esses ramos produtivos operam com base em monopólio de recursos naturais, que nas suas dotações originais independem de investimentos ou de aplicação do trabalho humano para produzi-los.

Dada a atual configuração da inserção do Brasil no comércio mundial, os recursos naturais passaram a figurar como vetor principal de competitividade externa. O pressuposto dessa competitividade, baseada em estoques finitos de recursos naturais, é preocupante por varias razões. As matérias primas aí produzidas apresentam baixa agregação de trabalho humano; há forte pressão por super-exploração dos recursos naturais em curto prazo; e a inovação técnica de ponta no sistema industrial fica relativamente relegada a segundo plano, (exceto no caso do petróleo – pré-sal), porque os ganhos de produtividade do subsistema exportador estão muito mais ligados às chamadas vantagens comparativas naturais.

Temos uma armadilha grave nesse quadro estratégico. Competitividade externa de “commodities” agrícolas e minerais, apoiada no argumento da produtividade da terra e das jazidas minerais disponíveis, sustenta um processo de acumulação de capital no conjunto da economia fortemente dependente de capital estrangeiro. A resultante inevitável é superexploração de jazidas e terra novas e ou intensificação do pacote técnico agroquímico nas zonas já exploradas, para obter maior fatia no mercado externo de produtos primários. Esse arranjo não é sustentável em médio prazo, econômica e ecologicamente. Os tais ganhos de produtividade exportados em minerais, petróleo, carnes, grãos, etanol etc. tendem a se extinguir no tempo com a dilapidação paulatina dos recursos naturais não renováveis.

O perfil distributivo deste modelo não é menos perverso. Os ganhos de produtividade na fase expansiva das “commodities” viram renda da terra e do capital, capturadas privadamente pelos proprietários de terras, jazidas e do capital; mas os custos sociais e ambientais da superexploração desses recursos e do trabalho precarizado aí envolvido são da sociedade como um todo. Compensações se tornam necessárias, mas não seria remédio suficiente para suprir a renda da força de trabalho e os custos sociais degradantes do trabalho e do meio ambiente.

Este quadro econômico de produção e repartição do excedente econômico evidentemente não se compra com democracia política e social. Não está claro que o governo atual tenha clareza de sua não sustentabilidade em médio prazo. O sistema tributário e a política social provavelmente teriam que extrair e redistribuir uma parcela muito grade da renda da terra e do capital para suprir necessidades básicas; e ainda que o fizessem não resolveriam o problema de fundo. Mas como fazê-lo se esse sistema estiver sob controle político dos donos da riqueza?

A FALSA BANDEIRA




RODOLPHO MOTTA LIMA* – DIRETO DA REDAÇÃO

Zuenir Ventura, em crônica do dia 13.07, sugere  que, nos “tempos de leniência moral” em que se vive, talvez estejamos necessitados de um pouco de “udenismo”, o que, para ele,  não faria mal a ninguém.  Que o Zuenir me perdoe, mas, ainda que o admire e lhe reconheça a intenção, essa é uma declaração pouco feliz.

A história da UDN entre nós não é, como a crônica faz supor, a história do moralismo, mas do “falso moralismo”, aquele que simula um conveniente repúdio às falcatruas dos inimigos políticos, mas que, na mesma medida, “esquece” ações semelhantes, quando não mais danosas, se provenientes dos correligionários. A “eterna vigilância” da UDN – sabem os que viveram aquela época – era, na realidade, o discurso do lobo sob pele do cordeiro. Era uma espécie  de combustível que, iludindo a classe média (esse agrupamento social cujos valores fluidos e muitas vezes hipócritas permitem manipulações de todo gênero), ia sedimentando um posicionamento golpista capaz de, em nome da “indignação nacional”, justificar ações políticas antidemocráticas, pondo a nu o espírito golpista da direita de então.

Ficou célebre, na época, a frase do udenista Carlos Lacerda – não por acaso conhecido como “O Corvo” - sobre o então  candidato Juscelino Kubitschek, seu desafeto político: "Juscelino não deve ser candidato. Se for, não deve ser eleito. Se for, não deve tomar posse. Se tomar posse, não deve governar, deve ser deposto". Uma pérola democrática, não? Em realidade, ela apenas anunciava o movimento retrógrado que acabaria por gerar, alguns poucos anos depois, com Lacerda e Magalhães Pinto como líderes civis, o golpe militar que viria infelicitar este país por quase duas décadas.  O golpe, aliás, tinha outro fortíssimo ator civil, aliado dos udenistas:  o governador paulista Adhemar de Barros, que em certa campanha eleitoral cunhou o slogan “Adhemar rouba mas faz” ... 
       
Estou aqui escrevendo esta coluna e lembrando que, quando estudante da Faculdade Nacional de Direito e colega do Eliakim na diretoria do CACO (Centro Acadêmico Cândido de Oliveira), escrevi um artigo para o jornal estudantil “Crítica”, intitulado “O Imperdoável Perdão”, que tratava  de um célebre escândalo que ocorreu justamente no governo Carlos Lacerda, em 1961: a redução do então ICM (atual ICMS) sobre as exportações de café e o perdão das multas cujos recursos para sustá-las haviam sido rejeitados pelo Supremo Tribunal Federal. Uma  vergonha, um crime contra os cofres públicos, que bem revela o tipo de moralidade que o udenismo defendia.

Portanto, essa é uma história antiga e que – como história – nos deve ensinar. É claro que nenhum brasileiro sério pode compactuar com os focos de corrupção que – de longa data - marcam o país. Nesse aspecto, minhas palavras se confundem com as do Mair Neto, cujo último artigo (“A Pergunta do El Pais”) convido todos a ler. Mas é imprescindível saber distinguir esse saudável sentimento de repúdio às fraudes e negociatas – feitas à custa do dinheiro público para enriquecer os inimigos do povo - da orquestração conduzida diuturnamente pela grande mídia interessada na permanente desestabilização do governo federal.  No velho estilo César Maia (aquele, do DEM e do  “Palácio da Música”...), produzem-se ou requentam-se, a partir dessa mídia, ao lado de fatos que efetivamente merecem repulsa, uma saraivada de factóides pautados com a intenção clara de estimular o descrédito no governo Dilma, legitimado em eleições livres e democráticas. 
         
É indiscutível que a imprensa existe para informar e é mais óbvio ainda que deve desfrutar de total  liberdade para isso. Mas essa liberdade implica responsabilidade. Não  admite miopia,  manipulação, comprometimentos, partidarismos. E qualquer cidadão atento percebe que, em nosso país, hoje, temos uma grande imprensa “de uma nota só”, sempre disposta a apostar na ingovernabilidade e a colocar suas  fichas a serviço dessa aposta, misturando, a seu bel-prazer, verdades e mentiras, e construindo , a partir de uma estratégia bem nítida, um ambiente fundamentalista que vincula o Governo e suas ações ao Mal, reservando para si mesma  e para as oposições o papel de cruzados pelo Bem...

Não importa aos que defendem falsamente essa bandeira que, depois da inverdade divulgada,  o verdadeiro se estabeleça: o importante é plantar a semente da perfídia,em um tipo de jornalismo de quinta categoria. Foi assim com o propalado livro didático que “ensinava a falar errado”; foi assim com as “concorrências secretas”; foi assim com o “sigilo perpétuo”; foi assim com a “crise inflacionária”; foi assim e vem sendo assim, enfim, com um sem número de casos que, pautados para que se atirem pedras no Governo, deixam no ar as críticas raivosas que, em péssimo jornalismo, descontextualizam os fatos apresentados, informam com leviandade, evitam o contraditório e, com a maior sem-cerimônia, não reestabelecem a verdade, como o faria o jornalismo honesto.

Não há como  alguém considerar-se bem informado por esses arautos do caos, esses profissionais da crise, essas cassandras intelectualmente terroristas, incapazes, no seu maniqueísmo ditado por objetivos políticos, de conceder qualquer crédito a um governo que, diga-se, estabelecido há pouco mais de seis meses, dá sinais de que não quer continuar refém de procedimentos políticos nefastos. 

É claro que temos que reagir às ações de corrupção  que infelicitam o país. Temos que repudiar esse sistema político de coalisão partidária que, juntando alhos com bugalhos, e em nome da tal “governabilidade”, cria aberrações como o PMDB (partido que não disputa o poder, mas está sempre nele), o PR (com suas negociatas explícitas), o PSD (nem direita, nem centro, nem esquerda, muito pelo contrário). Temos que repudiar “mensalões” (o do PT, mas também o do PSDB mineiro, convenientemente esquecido), compras de votos (as de hoje, se houver, mas também as de ontem, como a que motivou a alteração da Constituição para a reeleição de FHC), negociatas e improbidades em geral com  dinheiro público (no Ministério dos Transportes do PR, mas também no DEM de Brasília, que parece sepultado na mídia; ou no “Palácio da Música” do Sr. César Maia; ou na farra das aposentadorias dos Governadores do Paraná; ou na vergonhosa elevação dos salários dos políticos paulistas).

Um jornalismo descomprometido sabe disso tudo, pauta-se por isso. Um jornalismo golpista atende a conveniências partidárias, patronais, ideológicas e trata os fatos com a parcialidade que traz em si o germe antidemocrático.  Combatamos a corrupção, onde ela estiver, mas não deixemos que isso se confunda com a falsa bandeira da hipocrisia de plantão. 

*Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil.

JORNALISTA QUE DENUNCIOU GRAMPOS DE JORNAL BRITÂNICO É ENCONTRADO MORTO




OPERA MUNDI – EFE, Londres

Sean Hoare, o primeiro jornalista a denunciar o envolvimento de Andy Coulson nas escutas telefônicas do "News of the World", apareceu morto nesta segunda-feira (18/07) em sua residência, em Watford, no leste da Grã-Bretanha. De acordo com as investigações, as causas são, até o momento, desconhecidas. As informações são do jornal britânico Guardian.

O jornalista trabalhou no The Sun e no News of the World, dois veículos sensacionalistas pertencentes à News Corporation, grupo de Rupert Murdoch. Nesse período, ele esteve trabalhando ao lado do também jornalista Andy Coulson, principal pivô do escândalo dos grampos jornalísticos e que, em janeiro, renunciou ao cargo de diretor de comunicação de David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido.

Segundo Hoare disse ao The New York Times em setembro de 2010, Coulson sabia das escutas telefônicas do News of the World na época em que dirigia o antigo tabloide, de 2003 a 2007.

Além disso, Hoare afirmou que o ex-diretor de comunicação de Cameron encorajava os repórteres a grampear os telefones de famosos para conseguir exclusivas.

Coulson, que sempre negou as acusações, foi preso na semana passada pela polícia – e libertado várias horas depois –, sob a suspeita de que tinha subornado policiais e interceptado ligações durante sua época à frente do jornal.

Mais recentemente, na semana passada, Hoare denunciou que os jornalistas do tabloide tinham acesso a tecnologia policial para poder localizar pessoas mediante sinais de celular em troca de subornos aos agentes.

No entanto, quando Hoare foi convocado em setembro de 2010 a comparecer a uma delegacia em Londres, ele mudou seu discurso e não envolveu Coulson com as escutas.


Lisboa: GRUPO DE MAIS DE 20 CAMIÕES EM MARCHA LENTA NA A1




TSF

Os trabalhadores da Transportadora Nacional de Camionagem protestam contra o possível encerramento da empresa, que está em processo de insolvência há mais de um ano.

Um grupo de mais de 20 camiões está numa marcha lenta na A1 que começou em Alverca com o objectivo de protestar contra a possibilidade de encerramento da Transportadora Nacional de Camionagem.

Apesar de terem o seu salário em dia, os 126 trabalhadores desta que é uma das maiores transportadoras portuguesas que está em situação de insolvência há mais de um ano decidiram fazer este protesto para darem a conhecer a sua situação.

Os trabalhadores dizem que há encomendas e que metade da frota está a funcionar, contudo, receberam na semana passada uma mensagem de telemóvel de iam ser despedidos.

A ideia era levar o protesto até à Assembleia da República, no entanto, o protesto acabou por ficar bloqueado na 2º Circular, junto ao Estádio de Alvalade.

Ouvido pela TSF, Fernando Fidalgo, do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos, justificou este protesto «pelo facto de não terem garantias em relação aos seus postos de trabalho nem qualquer tipo de indmnização».

«Fomos interceptados pela polícia e estamos em cima do viaduto do Campo Grande. Estão cerca de 28 camiões parados e mais de 150 motoristas e estamos a aguardar que os deputados venham ao nosso encontro porque a polícia não nos deixa circular», acrescentou.

Portugal: MEDIDAS DA TROIKA DEVEM TER “PREPARAÇÃO ANTI-CORRUPÇÃO”, diz Cravinho





O ex-deputado João Cravinho defende que «estas operações têm de ter uma preparação anti-corrupção e um dispositivo de acompanhamento de fiscalização extremamente forte».

O antigo deputado João Cravinho, que estuda há muitos anos o fenómeno da corrupção, concorda com a tese de que a aplicação do memorando de entendimento com a troika acarreta risco e por isso sugere vigilância reforçada ao Governo e ao Parlamento.

Reagindo a um documento da Associação Cívica Transparência e Integridade, este socialista lembrou que este memorando «leva a grandes decisões nomeadamente sobre patrimónios num prazo muito curto e sob muita pressão» e por isso entende que estas devem ter uma dispositivos anti-corrupção.

«Estas operações têm de ter uma preparação anti-corrupção e um dispositivo de acompanhamento de fiscalização extremamente forte ou então o Governo terá de estar mais atento assim como terá de haver um escrutínio público por parte da Assembleia da República», adiantou, em declarações à TSF.

João Cravinho entende ainda que a promiscuidade entre políticos e interesses privados «é um facto de tal maneira notório que não é preciso estar a esmiuçar e a apresentar provas como se fosse uma hipótese».

«É uma evidência. É evidente que esta privatização do Estado, esta subordinação do interesse colectivo e comum a interesses particulares pelos mais diversos métodos e razões é um empobrecimento notável não só moral, mas também material, económico», concluiu.

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Depois das explicações pormenorizadas sobre o novo imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal, dadas pelo ministro das Finanças, pensava-se que tudo tinha ficado esclarecido. Não tinha. Do diploma que sexta-feira será debatido no Parlamento vão sendo revelados novos pormenores que mostram que o Governo não terá ficado indiferente ao caudal de críticas sobre a justiça social da nova taxa e ao facto de ela deixar de fora os rendimentos do capital. Ou seja, Vítor Gaspar ainda guardou muito para dizer aos deputados.

Do documento que foi ontem entregue na Assembleia da República e a que o DN teve acesso salta à vista uma dessas novidades. A de que o fisco vai taxar também aquilo a que juridicamente se chama "manifestações de fortuna": sempre que um contribuinte adquira bens considerados não compatíveis com o rendimento declarado no IRS, ser-lhe-á presumido um rendimento sobre o qual incidirá a nova taxa. E sempre que esse aumento patrimonial for superior a cem mil euros, a taxa será de 60%.

E da aplicação da fórmula de cálculo do novo imposto a vários exemplos contributivos percebe-se que há também cada vez mais casos excepcionais inseridos no lote dos que menos ganham e que vão ficar isentos do pagamento. Os trabalhadores por conta de outrem com salário até 778 euros vão ficar de fora (em Dezembro o imposto adicional sobre o subsídio de Natal vai ser-lhes retirado mas acabarão por ser reembolsados deste dinheiro) e os pensionistas só pagam se tiverem reformas acima de 910 euros.

Estas "novidades" que tentam conferir maior justiça social ao novo imposto são sempre de aplaudir. Mas são manifestamente insuficientes. Enquanto o Governo não revelar os cortes do lado da despesa a imagem é que estamos perante a mesma solução de sempre e a mais fácil: o aumento de impostos para os contribuintes cumpridores, ao mesmo tempo que as promessas de emagrecimento do Estado não passam disso mesmo. Só o inverter desta realidade fará os sacrifícios serem bem compreendidos.

... e o problema BPN

Sexta-feira no Parlamento os deputados irão seguramente exigir também que o Governo explique o tal desvio colossal das contas públicas já oficialmente declarado superior a dois mil milhões de euros pelo primeiro-ministro, e uma das justificações para a necessidade de criar o novo imposto extraordinário. E se há muito para esclarecer, há também casos que não oferecem dúvidas. Parte desse desvio é da responsabilidade do BPN. E é a precaver-se contra esse grande problema, que se vem arrastando no tempo, que o Governo está a criar margem financeira.

As ofertas pela compra do banco "nacionalizado" no anterior executivo na sequência dos casos de polícia que envolveram várias figuras do PSD têm de ser feitas até amanhã. Mas já se percebeu que nenhum comprador aceita herdar o enorme "buraco" financeiro, que já sorveu mais de dois mil milhões de euros ao Estado. Entre a liquidação ou a venda, Passos Coelho prefere seguramente livrar-se de tamanho peso, mas para isso tem de estar preparado financeiramente.

O primeiro-ministro sabe que o BPN lhe pode causar um grave rombo nos números do défice. E que esse rombo pode ficar na autópsia às contas nacionais feitas pelo Eurostat e pelo INE em Outubro deste ano ou em Março do próximo (como aliás aconteceu na última Primavera). Nos tais dois mil milhões, metade do novo imposto e outro tanto prometido com os tais cortes na despesa a anunciar, já estará contabilizado este alçapão.

ALEMANHA BENEFICIA COM ALTOS JUROS COBRADOS A PORTUGAL - Seguro




PMF - LUSA

Lisboa, 19 jul (Lusa) - António José Seguro, candidato à liderança do PS, diz que a Alemanha ganha com os empréstimos a Portugal e exige uma redução das taxas de juro a cobrar aos países periféricos que enfrentam processos de consolidação orçamental.

As posições do candidato ao cargo de secretário-geral do PS foram assumidas em entrevista à agência Lusa, na qual defendeu que a Alemanha, assim como outros países do Norte da Europa, "têm beneficiado com os pagamentos de altos juros por parte dos países que precisam de fazer consolidação das suas contas públicas".

Interrogado se a criação dos chamados "eurobonds" não levará a médio prazo a um aumento dos juros a pagar pelos cidadãos alemães, holandeses e austríacos, já que a dívida dos diferentes Estados-membros passaria a ser comum nos mercados internacionais, Seguro considera que essa questão está colocada ao contrário.

"Portugal paga taxas de juro à União Europeia superiores às taxas de juro que os países que emprestaram dinheiro obtêm quando se vão refinanciar aos mercados. Quem nos empresta dinheiro é beneficiário desse diferencial de taxas de juro para os seus orçamentos, podendo por essa via ajudar ao desenvolvimento das respetivas economias", contrapôs o candidato à liderança do PS.

António José Seguro advoga que a União Europeia tem de tomar decisões rapidamente.

"Os eurobonds podem ajudar ao financiamento de qualidade em zonas que precisam de crescimento económico; a Europa pode e deve criar de imediato uma agência de rating independente; pode e deve baixar as taxas de juro dos empréstimos que concedeu a Estados-membros, designadamente a Portugal; pode e deve reforçar o orçamento da União Europeia, que até agora pouco pode ajudar ao desenvolvimento e à convergência económica", apontou o ex-eurodeputado socialista.

Para António José Seguro, ou se olha para a Europa "como correspondendo a um projeto de solidariedade, de coesão territorial e social, onde todos partilhamos recursos e as vantagens dessa construção europeia, ou então a Europa não tem sentido nem futuro".

"Quando olho para a Europa, não gosto do que vejo, porque, atualmente, as agendas nacionais sobrepõem-se e transportam um egoísmo que não tem sentido - o Conselho Europeu de junho último foi um exemplo disso mesmo ao não resolver o problema da crise financeira grega", apontou.

Já em relação à próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo, quinta-feira, em Bruxelas, Seguro diz aguardar com expetativa os resultados.

"Espero bem que a Europa decida e não faça apenas belas proclamações, porque caso contrário tudo não passará de um debate estéril e inconsequente para a vida das pessoas. Nesse mesmo dia, aliás, promovo uma conferência com reputados economistas, empresários e dirigentes sindicais para aprofundarmos e darmos contributos sobre a situação que se vive na Europa", acrescentou António José Seguro.

Portugal: ESTA AMEAÇA QUE PAIRA SOBRE NÓS




BAPTISTA BASTOS – DIÁRIO DE NOTÍCIAS, opinião

O documentário grego A Dividocracia, exibido pela SIC, é um requisitório impressionante, por didáctico, contra o capitalismo ultraliberal, que está a destruir, na Europa e no mundo, o resto das sociedades solidárias. O cerco feito às nações periféricas obedece à estratégia que visa a imposição de uma hierarquia do poder económico sobre o poder político. Eis as origens desta nova "guerra fria".

Não chega dizer-se que a batalha se estabelece entre o dólar e o euro, e que a União Europeia está seriamente ameaçada. O documentário esclarece que a limitação entre as esferas económica e política foi dissolvida, e a sua "legitimação" estabelecida por argumentos fraudulentos. Assistimos, neste momento, em Portugal, à ilustração da tese. O Governo não só se afirma reverente ao memorando da troika (subscrito pelo PS, não o esqueçamos) como declara desejar ir mais além. Neste mundo de regras absurdas, de compressões e de constrangimentos, a democracia está ameaçada e a liberdade corre perigo.

Os abusos do poder encontram os portugueses desprotegidos e debilitados. As margens incertas da "estabilidade" servem para dar a ideia de um equilíbrio institucional inexistente. E o que é dito na imprensa, nas rádios e nas televisões é o mais ignaro compromisso com a leviandade e com a servidão. As coisas têm profundas relações umas com as outras. Quem e que instituições nos fizeram devedores de quantias extraordinárias? A ideia circulante fundamenta-se em que os políticos actuais são medíocres ou corruptos. Serão tudo isso, e as provas e os testemunhos no-lo afiançam. Mas uma nova grelha de leitura e de interpretação dos factos conduz-nos à compreensão de que a ideologia neoliberal não é associável à democracia, pela sua própria natureza totalitária.

Numa entrevista à revista Notícias Magazine, Maria de Belém Roseira, à pergunta: "Considera que o governo financeiro e económico que o mundo tem é condenável?", respondeu: "É absolutamente destrutivo. Há um sociólogo, Ulrich Beck, que diz mesmo não perceber como é que o neoliberalismo ainda não reflectiu sobre o facto de ele próprio vir dar razão a Karl Marx por o capitalismo poder destruir-se a si próprio." A relação ávida com o poder e com o lucro ameaça, inclusive, a identidade das nações e afronta a dignidade das pessoas. A questão é tão grave e chegou a tal ponto que Bento XVI (o qual não é, propriamente, um progressista) entendeu vituperar "os excessos demoníacos do capitalismo selvagem". A ambiguidade consiste em que o capitalismo não é "selvagem" ou "civilizado"; é, simplesmente, capitalismo, com múltiplas e sinistras máscaras.

Filipinas: HUMAN RIGHTS WATCH DENUNCIA IMPUNIDADE DOS HOMICÍDIOS




DESTAK - LUSA

A Human Rights Watch (HRW), grupo defensor dos direitos humanos, denunciou hoje a impunidade dos homicídios nas Filipinas, algo que atribui à falta da ação do Governo de Benigno Aquino.

Num relatório intitulado “a falta de justiça aumenta a dor: homicídios, desaparecimentos e impunidade nas Filipinas”, a HRW sustenta que existem provas do envolvimento de militares nos sete homicídios e nos três desaparecimentos que ocorreram desde que Aquino tomou posse como presidente há um ano.

“Os ativistas são assassinados na rua, enquanto que os soldados envolvidos saem impunes”, refere a subdiretora do grupo na Ásia, Elaine Pearson, ao realçar que as Filipinas só podem terminar com este tipo de abusos quando os que os ordenam ou cometem forem presos e a sua carreira militar terminar.

De acordo com a organização não governamental, nenhum suspeito foi processado durante o mandato do presidente Aquino e na última década apenas sete casos de homicídios deram entrada nos tribunais, sem registo de condenações.

A HRW também denunciou o facto das investigações destes crimes pararem “especialmente quando as provas conduzem ao exército” e criticou as ações de perseguição e de intimidação de que são alvo as testemunhas.

Quando chegou ao poder, Aquino prometeu terminar com os crimes depois do mandato de Gloria Arroyo que foi acusada de permitir que os homicídios de jornalistas, ativistas políticos e juízes passassem em branco.

No documento, a HRW pede ainda à comunidade internacional que exerça mais pressão sobre o executivo filipino, cuja intensidade diminuiu desde que Aquino assumiu a presidência.

Birmânia: 28 SOLDADOS E UM GUERRILHEIRO MORREM EM CONFRONTOS NO NORTE




DESTAK - LUSA

Pelo menos 28 soldados e um guerrilheiro morreram num confronto entre o exército e rebeldes da minoria étnica Kachin no norte de Myanmar, revelaram hoje fontes da dissidência.

La Nan, o secretário da Organização Independente Kachin, explicou ao diário “Irrawaddy” que a guerrilha também deteve 11 soldados durante os confrontos armados ao longo do fim de semana a sul da cidade de Myitkyina, capital do estado Kachin.

Os confrontos começaram a 09 de junho quando o exército birmanês atacou posições da guerrilha com o objetivo de retomar o controlo da região onde uma empresa chinesa está a construir uma barragem.

Representantes de ambos os grupos reuniram em várias ocasiões, mas não chegaram a acordo para acabar com as hostilidades.

A guerrilha do exército Independente de Kachin possui entre 7.500 a 8.000 “soldados” que controlam áreas entre o extremo norte do país onde obtêm financiamento através da cobrança de impostos e do comércio transfronteiriço.

As autoridades birmanesas assinaram nos anos 90 um cessar-fogo com a maioria dos grupos étnicos, mas as relações foram-se deteriorando com a tentativa governamental de submeter as guerrilhas co controlo do exército.

As etnias birmanesas, que incluem os shan, karen, rakhine, mon, kachin, chin ou kayah representam cerca de 30 por cento dos 53 milhões de habitantes do país e acusam as autoridades de abusos e violações.

Alguns grupos como os karen ou shan têm desencadeado levantamentos nas últimas décadas na tentativa de coqnuistar a independência ou autonomia num conflito que já fez com que mais de 140.000 refugiados cruzassem a fronteira para a Tailândia.

Myanmar, a antiga Birmânia, é governada pelos militares desde 1962, embora em 2010 os generais tenham despido a farda para formarem um governo civil.

EUA-India: Hillary Clinton aborda segurança e anti-terrorismo com autoridades da Índia




DESTAK - LUSA

A Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, manteve hoje conversações sobre segurança e anti-terrorismo com autoridades da Índia, numa altura em que os dois países procuram ampliar a sua relação e gerir preocupações mútuas acerca do Paquistão e Afeganistão.

Hillary Clinton, que chegou a Nova Deli na segunda-feira ao final do dia, esteve hoje reunida com o conselheiro nacional de Segurança indiano, Shivshankar Menon, num encontro que decorreu à porta fechada.

Esta reunião foi a primeira de um dia dedicado a discussões entre a diplomata norte-americana e a liderança política da Índia, com estas conversações a assumirem-se como uma nova ronda de um diálogo estratégico estabelecido no ano passado para aprofundar laços entre as maiores e mais antigas democracias do mundo.

Os elementos da administração Obama que viajaram com Hillary Clinton afirmaram que as conversações vão focar-se, em primeiro lugar, nos planos dos Estados Unidos no Afeganistão, nas tensas relações entre a Índia e o seu vizinho Paquistão, bem como em aspetos económicos e comerciais.

A administração Obama está empenhada em acalmar os receios da Índia em relação a um ressurgimento de atividades extremistas islâmicas, após o anúncio da retirada de tropas do Afeganistão que começou este mês, indicaram as mesmas fontes.

Vai haver mais "banho" na segunda volta das presidenciais em São Tomé e Príncipe





Dos dez candidatos na corrida presidencial são-tomense apenas dois passaram à segunda volta, a ter lugar no dia 7 de agosto: Manuel Pinto da Costa e Evaristo de Carvalho, segundo os resultados provisórios.

Dez candidatos apresentaram-se às urnas para concorrer ao Palácio Cor-de-Rosa em São Tomé e Príncipe. Mas apenas dois passaram à segunda volta das presidenciais, no domingo. Gehard Seibert considera que os candidatos que ficaram para trás na corrida têm ainda uma palavra a dizer.

Conforme se previa, as eleições presidenciais em S. Tomé e Príncipe não ficaram decididas à primeira. Na segunda volta, concorrem Manuel Pinto da Cota, ex-presidente da República, tendo reunido 35,85% dos votos; e Evaristo de Carvalho, atual presidente do parlamento são-tomense, que conquistou 21,82% do eleitorado.

Face aos resultados obtidos, Gerhard Seibert, analista político, considera que para a segunda volta, neste momento, tem "melhor hipótese Manuel Pinto da Costa porque pode, pelo menos, teoricamente, contar com outros votos que nesta primeira volta foram dados a outras candidaturas vindas do MLSTP [Movimento para a Libertação de S. Tomé e Príncipe]". Gerhard Seibert refere-se aos quatro outros candidatos ligados àquela família política: Elsa Pinto, Aurélio Martins, Hélder Barros e Manuel Deus Lima.

Mas o especialista em assuntos são-tomenses não arrisca dar garantias da vantagem à partida de Manuel Pinto da Costa "porque se o outro candidato, Evaristo Carvalho, consegue reunir todos os votos do eleitorado que quer evitar um regresso do antigo Presidente ao poder, é possível" um outro desfecho a 7 de agosto, data da segunda ida às urnas.

Os oito candidatos que ficaram para trás na corrida à presidência são-tomense poderão ter ainda uma palavra a dizer no desfecho do ato eleitoral. O analista do Centro de Estudos Africanos do Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa, considera que os candidatos Maria das Neves ou Delfim Neves "podem desempenhar algum papel" na segunda volta pois "estes dois candidatos vão fazer uma recomendação aos seus apoiantes" o que "pode também ter alguma influencia", esclarece Seibert. Recorde-se que Maria das Neves foi a terceira candidata mais votada no passado domingo, com 14,03% dos votos; seguida de Delfim Neves, com 13,89%.

Estabilidade política

Durante a campanha eleitoral, estabilidade política foi das expressões mais ouvidas por parte dos candidatos à Presidência da República. Mas será que as águas agitadas da política são-tomense vão-se acalmar a partir de 07 de agosto?

Gehard Seibert considera que Evaristo de Carvalho apoiado pela Acção Democrática Independente (ADI) é o "preferido pelo governo". Isto porque a ADI foi o partido vencedor das legislativas e é liderado pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada.


Mas o entendimento do eleitorado parece ser diferente, uma vez que Manuel Pinto da Costa reuniu mais votos. O candidato concorre como independente, mas mantém-se ligado ao MLSTP. De acordo com Seibert, com Manuel Pinto da Costa como Presidente o "risco de conflitos entre o Presidente da República e o primeiro-ministro seria maior durante estes três anos que restam ao governo para concluir o seu mandato de quatro anos".

Por isso, está por enquanto tudo em aberto em relação à estabilidade política em S. Tomé.

Vai haver mais "banho" na segunda volta

O analista político Gerhard Seibert considera que "infelizmente" se vai continuar a verificar na segunda volta o fenómeno do "banho" - nome pelo qual é conhecido a compra de votos por parte dos candidatos ao eleitorado em São Tomé e Príncipe. Isto porque "esta estratégia de ganhar votos já faz parte integrante do processo eleitoral em São Tomé", explica o analista político do Centro de Estudos Africanos do Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa.

O fenómeno de "candidatos, partidos, [que] começaram a oferecer dinheiro em troca do voto já se tornou um hábito" e atualmente, "são os eleitores, a população que se aproxima dos candidatos, pede dinheiro em troca do voto", remata Seibert.

Autora: Glória Sousa - Edição: António Rocha

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