sábado, 3 de dezembro de 2011

Angola: Directora da Human Rights Watch espancada em Luanda, por polícia do MPLA




Alexandre Neto, Luanda – VOA News

Quatro jornalistas, entre os quais o conhecido activista e investigador Rafael Marques foram levados para a Unidade Operativa de Luanda da Polícia Nacional

Uma representante de Human Rights Watch foi espancada por forças de segurança, quando acompanhava, este sábado, uma manifestação de jovens na Praça da Independência, na capital angolana. Lisa Remli, directora para África daquela organização - que se encontra em Angola a efectuar um estudo - não ficou ferida com gravidade, mas oito jovens que participavam na manifestação ficaram - um dos quais com gravidade - na sequência da intervenção feita por indivíduos à paisana.

Paralelamente, quatro jornalistas, entre os quais o conhecido activista e investigador Rafael Marques foram levados para a Unidade Operativa de Luanda da Polícia Nacional.As ordens de detenção foram inicialmente dadas contra Isabel João, jornalista do "Novo Jornal",presente nas imediações da Praça da Independência,entretanto encerrada com gradeamentos e para onde manifestantes se dirigiam.Em solidariedade para com a sua colega, seguiram para a unidade policial Coque Mukuta ("Rádio Despertar") e António Paulo ("Novo Jornal"). Os jornalistas foram, posteriormente, libertados.

A polícia e auxiliares à civil, "kaenches", designação local de homens de boa compleição física, tudo fazeram para impedir a aproximação de dezenas de manifestantes, idos do município do Kazenga, o mais populoso de Luanda.

Desde as primeiras horas que os jovens se tinham concentrado num conhecido local, denominado "o Tanque" naquele município, onde cantavam e gritavam palavras de ordem contra o lengevo mandato do actual Presidente da República.

*Adenda no título por PG

A PRIMAVERA TARDA EM CHEGAR A ANGOLA




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

Milhares de jovens manifestaram-se hoje, pacificamente, em Luanda. O regime, como é habitual, respondeu com a sua principal arma: a razão da força, onde nem faltaram cães e agentes a cavalo.

A polícia contou, mais uma vez, com o seu poder popular (civis) para meter na ordem todos aqueles que teimam em pensar diferente do regime que, recorde-se, governa Angola desde 1975 e que tem um presidente, não eleito, há 32 anos no poder.

Também como é habitual, todos são culpados até prova em contrário. Assim sendo, enquanto a CPPL (presidida por Angola) e a restante comunidade internacional olha para o lado, alguns dos manifestante foram para a choldra e outros para o hospital.

Não adianta, pelo menos por enquanto, dizer que a polícia (armada até aos dentes) e os seus capangas à civil, desrespeitam o direito à manifestação e os direitos humanos. E não adianta porque Angola não é um Estado de Direito mas, antes, um reino em que o soba tem plenos poderes, inclusive para mandar matar quem pense de maneira diferente.

Os manifestantes que continuam a semear a Primavera, embora até agora vivam no mais duro Inverno, bem gritaram que "a polícia é do povo, não é do MPLA". Esqueceram-se, contudo, que num regime totalitário como é o angolano, o MPLA é Angola e Angola é o MPLA.

Recorde-se que a 3 de Setembro uma manifestação organizada pelo movimento de jovens terminou com a detenção de 21 manifestantes, 18 dos quais foram julgados e condenados a penas de prisão entre um mês e 90 dias, por ofensas corporais à Polícia e danos materiais.

Em Angola "vive-se uma democracia com medo", diz o "rapper" angolano Mona Dya Kidi. Mentira. No reino de Eduardo dos Santos existe a mais avançada democracia de que há conhecimento… Duvidam? É só perguntarem, entre outros, a Cavaco Silva, Passos Coelho ou Armando Guebuza.

Falar, no caso de Angola, de democracia com medo é uma forma de branquear a situação, compreensível no contexto de que os angolanos sabem que o regime mata primeiro e pergunta depois. Aliás, se existe medo é porque não existe democracia.

O regime de Eduardo dos Santos sabe bem que a melhor forma de exercer a sua “democracia” é ter 70% da população na miséria, é ter tirado a coluna vertebral à esmagadora maioria dos seus opositores políticos, a começar pela UNITA, é dizer ao povo que tem de escolher entre a liberdade e um saco de fuba.

O regime não brinca em serviço e, por isso, nada como preventivamente mostrar aos manifestantes (bem como aos jornalistas) que quem manda é o MPLA.

José Eduardo dos Santos que tem, que ainda tem, a cobertura internacional (comprada, mas tem), sabe que pôr o povo a pensar com a barriga é a melhor forma de o manter calado e quieto.

Aliás, se assim não for o que lhe restará? Provavelmente, “peixe podre, fuba podre, 50 angolares e porrada se refilares”.

Defender a liberdade de expressão não é nada do outro mundo, mas é algo que o regime não quer. Tudo quanto envolva a liberdade (com excepção da liberdade para estar de acordo com o regime) é algo que causa alergias graves a Eduardo dos Santos.

Recorde-se, a propósito das manifestação, que Bento Bento, primeiro secretário provincial de Luanda do MPLA, foi claro quando disse: "Quem tentar manifestar-se será neutralizado, porque Angola tem leis e instituições e o bom cidadão cumpre as leis, respeita o país e é patriota."

Apesar de tudo, as manifestações fazem – por muito pequenas que (ainda) sejam - tremer o regime. A tal ponto que – relembremos - perante o anúncio da primeira manifestação, o Governo angolano apressou-se a pagar salários em atraso nas Forças Armadas e na Polícia, a fazer promoções em série e a, inclusive, a mandar carradas de alimentos para a casa de milhares de militares.

Basta também ver que, perante essas manifestações, o regime põe nas rua e por todo o lado – mesmo em locais onde os angolanos nem sabem que iria haver manifestações – os militares e a polícia a avisar que qualquer apoio popular aos insurrectos significava o regresso da guerra.

No entanto, por muita força que tenha a máquina repressora do regime angolano (e tem-na), por muito apoio que tenha de alguns órgãos de comunicação estrangeiros, como a RTP, nunca conseguirá fazer esquecer que 70% dos angolanos vivem na miséria.

Nunca fará esquecer que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.

Nunca fará esquecer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.

Nunca fará esquecer que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos, que 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros, que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população, que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda.

Nunca fará esquecer que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.

Por tudo isto, a luta continua e a vitória é certa! Pode demorar, mas vai chegar.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: ESCRAVOS NA TERRA E NO MAR A BEM DA… NAÇÃO!

MANIFESTAÇÃO EM LUANDA MARCADA POR INCIDENTES COM A POLÍCIA



EL – CFF - LUSA

Luanda, 03 dez (Lusa) - Dezenas de jovens começaram a manifestar-se ao princípio da tarde junto à Praça da Independência, em Luanda, numa ação que provocou uma resposta musculada da polícia, com recurso a cães e agentes a cavalo.

A ação policial está a ser reforçada por civis que se aproximam dos manifestantes, auxiliando a polícia para tentar impedir o avanço da manifestação.

Iuri Mendes, ligado à organização da manifestação de hoje, disse à Lusa que "foram feitas detenções", embora desconheça o seu número exato, acrescentando que haverá pelo menos três feridos.

Mendes contesta a atuação da polícia, que "desrespeita o direito de manifestação consagrado na Constituição angolana": "Em vez de proteger, [a polícia] desrespeita os direitos humanos."

A agência Lusa tentou obter um comentário dos oficiais da polícia presentes no local, que se escusaram a prestar declarações, alegando estar em curso a operação de controlo da manifestação.

Antes da carga policial os manifestantes gritavam "a polícia é do povo, não é do MPLA" (partido no poder).

Entre os manifestantes está o "rapper" Brigadeiro Mata Frakuz, que já participou em protestos anteriores.

Um dos feridos é um jovem chamado Adolfo, que tinha sido detido numa manifestação a 03 de setembro.

Antes do início da manifestação, Sampaio Liberdade, do Movimento Revolucionário Estudantil, dissera à Lusa esperar duas a três mil pessoas no protesto de hoje.

O movimento de jovens já promoveu desde o início do ano cinco manifestações de contestação ao regime do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, com participações que têm rondado as 500 pessoas.

A 03 de setembro uma manifestação organizada pelo movimento de jovens terminou com a detenção de 21 manifestantes, 18 dos quais foram julgados e condenados a penas de prisão entre um mês e 90 dias, por ofensas corporais à polícia e danos materiais.

Sampaio Liberdade garantiu que as manifestações são pacíficas e que têm vindo a fazer um trabalho de "consciencialização" dos participantes para que "tudo seja feito" para "evitar a violência".

Na organização da manifestação, participam além do Movimento Revolucionário Estudantil, mais amplo, dois movimentos de jovens de caráter local.

Um milhar de manifestantes em protesto em Atenas contra coligação de extrema-direita



SMS – LUSA

Atenas, 03 dez (Lusa) - Um milhar de imigrantes e de militantes anti-racistas manifestam-se hoje em Atenas contra o governo de extrema-direita, por receio de falta de medidas de integração e do ressurgimento da violência racista.

Exibindo uma faixa onde pode ler-se "Fora com os fascistas dos ministérios", os manifestantes concentraram-se na praça Omnia, no centro de Atenas, onde vivem inúmeros imigrantes, de onde deverão partir rumo ao Parlamento helénico, segundo a agência France Presse.

Fonte da organização, citada pela agência francesa, indicou que o protesto é contra a presença de quatro ministros de extrema-direita que integram o novo governo de coligação de Lucas Papademos, que a 11 de novembro sucedeu ao Executivo do primeiro-ministro socialista, Georges Papandréou, num clima de grave crise económica e financeira.

*Foto em Lusa

O MAR E AS DESGRAÇAS DE CAXINAS




FERNANDO SANTOS – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Caxinas. Infelizmente, aquela zona de Vila do Conde está talhada para a mediatização, a maioria das vezes pelas piores razões: tragédia e luto.

O caxineiro típico é marcado por dois genes: o das estrelas do futebol, de André a Paulinho Santos, tendo no zénite o impacto internacional de Fábio Coentrão, e o dos pescadores. Ora, neste dúplice estado de alma, sabe a pouco o gozo provocado nas gentes da terra pelos seus futebolistas, tantos são os corações apertados e marcados pela tragédia na comunidade piscatória. A angústia pelo desaparecimento, ontem, de mais um barco de pesca não traz nada de novo; é um repositório.

A dor do povo das Caxinas referencia, no entanto, apenas um pequeníssimo segmento do risco e do sofrimento de uma das mais difíceis e incompreendidas profissões em Portugal. De Viana do Castelo a Vila Real de Santo António, passando por Aveiro, Nazaré, Figueira da Foz ou Peniche, ser pescador é sinónimo de dificuldade, desemprego, aventura, naufrágio, morte.

Certo: não há como fugir aos perigos dos oceanos. Mas impressiona como, dispondo da maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia - e uma das maiores do Mundo -, foi nas últimas décadas o país capaz de desmantelar o potencial económico derivado das actividades marítimas. Terminado o período ultramarino, o até então país das Descobertas e dos marinheiros virou-se para dentro, priorizou a adesão à União Europeia e, aprofundando-a, por essa via fez o característico de comerciantes de meia-tijela: desmantelou frotas, trocou quotas de pesca por subsídios e algo incompreensível - o pagamento de subsídios a pescadores para se manterem em terra.

Claro, os dramas vivenciados nas Caxinas e em muitos outras localidades piscatórias do país não desaparecerão nunca; mas o investimento no Mar permitiria a disposição de outros meios, eventualmente mais sofisticados e seguros; já agora, um nível de vida uns furos acima da mera sobrevivência. De resto, impressiona como os pescadores são desrespeitados em Portugal, sujeitados a algo completamente sanguessuga: os intermediários. Um quilo de sardinhas é vendido em lota ao preço da uva mijona e chega a inflacionar-se na ordem dos 600% numa banca de mercado! (E nem vale a pena recordar como as batatas ou as laranjas passam por igual processo na depauperada agricultura nacional).

Nos últimos meses, muitos dos protagonistas colaborantes no desmantelamento do aparelho produtivo português, a começar pelo presidente da República, retomaram o discurso do redireccionamento do país para o Mar. Despertaram. Tarde, por falta de capacidade do país para investir em tempo útil. Ainda assim, a emenda de mão é sempre positiva.

Seria bom que desaparecessem as desgraças (não só naufrágios) que atingem as várias Caxinas de Portugal.

Miguel Relvas diz que clima de contestação no congresso da ANAFRE foi "gerado e estimulado"



JPC - JMP

Portimão, 03 dez (Lusa) - O ministro Miguel Relvas afirmou hoje que o clima de contestação com que foi recebido, em Portimão, no encerramento do congresso nacional das freguesias foi "gerado e estimulado", mas escusou-se a apontar culpados.

"Todos estes climas são gerados e são estimulados e este clima foi estimulado. Estavam aqui vários autarcas", disse o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares aos jornalistas no final do 13.º Congresso da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), que decorreu em Portimão.

Miguel Relvas escusou-se a concretizar os mentores da contestação: "Não me compete a mim, não sou comentador político".

O ministro disse que acredita "firmemente no caminho que está a ser seguido", o que o levou a marcar presença no encerramento do congresso, observando que para evitar a contestação "o mais fácil" seria não estar presente.

"Nunca vi reformas a favor de palmas e de aplausos. As boas reformas são feitas com determinação, com realismo e contra a adversidade", disse Miguel Relvas.

O governante frisou que quando o Governo anterior assinou o acordo com a troika "estava prevista a extinção de freguesias, como estavam previstas outras medidas difíceis e delicadas que estão a ser cumpridas".

Contudo, Miguel Relvas realçou que a reforma do Estado central, regional e local, será feita como forma de valorizar as freguesias, porque, disse, "é altura dos portugueses deixarem de pagar os sacrifícios" com aumentos de impostos.

"Esta reforma tem vários autarcas a trabalhar e estamos a conversar com as associações de municípios e de freguesias ", concluiu.

*Foto em Lusa

Portugal: Joe Berardo pede resignação de Cavaco Silva da Presidência da República



AMB - LUSA

Funchal, 03 dez (Lusa) - O empresário Joe Berardo diz que o Presidente da República não tem conseguido manter o compromisso de "defender os portugueses", nem explicar o seu envolvimento em algumas situações polémicas, pelo que deve "pedir a resignação" do cargo.

"O Presidente da Republica é um pouco responsável por muita coisa que aconteceu até agora", disse o comendador à agência Lusa, acrescentando: "Acho que o Presidente da República devia pedir a resignação".

"O nosso Presidente da República, não sei por quanto tempo, vai ficar muito zangado, mas não estou preocupado com o PR, estou preocupado é com o que está a acontecer a Portugal, que não há maneira de dar a volta por cima", acrescentou Joe Berardo.

O empresário justifica o pedido de resignação, dizendo que Cavaco Silva está "relacionado com o BPN, ganhou dinheiro, e isso nunca foi bem explicado aos portugueses", e tinha encontros com Oliveira e Costa (antigo responsável do BPN), um "amigo de longa data e homem do fisco do tempo" dos seus governos.

"Vi o Presidente da República dizer publicamente que o Dias Loureiro (antigo ministro e responsável do BPN) era uma pessoa honesta, em quem tinha confiança, mas já saiu", referiu ainda o comendador.

Segundo Joe Berardo, enquanto governante, Cavaco Silva, defendeu também medidas que prejudicaram o setor das pescas de Portugal e "agora diz que o Governo devia lançar-se pelo mar".

Por isso, considera que Cavaco Silva é também responsável por "uma estratégia danosa para o futuro de Portugal, era tudo empréstimos e realmente pensava que não tínhamos que pagar esta dívida".

"Se alguém é responsável pelas coisas com as quais os portugueses estão a ser penalizados, não tem outro caminho senão pedir a resignação", argumenta, realçando que "uma coisa é ser economista e outra é ser dirigente".

E sustenta que Cavaco Silva, que garante que "defende os portugueses", podia começar por dar o exemplo, instando: "Senhor Presidente da República, vá ao país diga que não quer continuar aqui, arranje uma eleição, arranje alguém. Faça como a Itália, onde foram buscar profissionais para reger o país".

O empresário critica ainda Cavaco Silva, sendo "uma pessoa culta", por nunca ter visitado o Museu Berardo, uma referência nacional e internacional.

DELORS DIZ QUE RESPONSÁVEIS EUROPEUS AGIRAM “MUITO POUCO E MUITO TARDE”


Foto Nathalie Koulischer/Reuters
JORNAL DE NOTÍCIAS

O antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors sublinhou este sábado que a zona euro é defeituosa desde a sua criação e o esforço feito pelos líderes europeus para ultrapassar a crise tem sido "muito pouco e muito tarde".

Delors, que chefiou a Comissão entre 1985 e 1995, considerou que os erros cometidos no lançamento do euro em 1999 conduziram à crise actual, numa entrevista publicada este sábado no jornal britânico "The Daily Telegraph".

Os políticos que lançaram o euro ignoraram as debilidades e os desequilíbrios existentes nas economias dos Estados-membros, afirmou um dos arquiteCtos da moeda única europeia.

"Os ministros das Finanças não quiseram ver os problemas", afirmou, defendendo que todos os países europeus devem repartir a responsabilidade da crise atual.

Jacques Delors, de 86 anos, especificou que a Alemanha insistiu que o Banco Central Europeu (BCE) não devia apoiar os países altamente individados com receio do aumento da inflação.

Os problemas de euro começaram com a "combinação da teimosia da ideia alemã de controlo monetário com a ausência de uma visão clara de outros países", acrescentou.

Destacou que o Reino Unido não partilha o mesmo peso do problema, mas está como os restantes países "envergonhado" com a crise financeira.

O ex-político sublinhou que a Alemanha terá dificuldades em encontrar uma solução para a crise. "Os mercados são os mercados. Agora transbordam de incerteza", afirmou.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, reuniu-se na sexta-feira em Paris com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, para discutir a crise das dívidas soberanas e os planos para reorganizar a zona euro.

TRABALHO E ESTADO SOCIAL




CARVALHO DA SILVA – JORNAL DE NOTÍCIAS, opinião

Grande parte dos problemas com que o país e a União Europeia se debatem têm a sua origem na secundarização da economia sustentada no valor do trabalho e na sua substituição pela economia da financeirização. Dir-me-ão, e com verdade, que esse é um problema global e que a génese de tal "evolução" se funda nas características genéticas do sistema capitalista e na sua actual fase de domínio da ideologia neoliberal.

Grande parte dos problemas com que o país e a União Europeia se debatem têm a sua origem na secundarização da economia sustentada no valor do trabalho e na sua substituição pela economia da financeirização. Dir-me-ão, e com verdade, que esse é um problema global e que a génese de tal "evolução" se funda nas características genéticas do sistema capitalista e na sua actual fase de domínio da ideologia neoliberal.

Tomando a mudança enunciada, coloco em relevo que a economia da financeirização foi implementada com a muleta da ideologia da tecnocracia, que torna não racionais todas as opções que não se expliquem pelo lucro imediato, controlado e apropriado pelos detentores de poderes dominantes. Todas as variáveis deste processo são traduzidas em números, tratados da forma mais fria possível mesmo que se trate de pessoas, sem contabilização de custos sociais, culturais, ambientais, políticos ou económicos a prazo.

O trabalhador é atirado para a condição de "suplemento" que se acrescenta à "técnica", debaixo de uma "racionalidade material" absoluta, ou seja, servindo a "máquina" ou o processo de acumulação da riqueza. A riqueza tem de se formar, circular e chegar ao destinatário que dela se apropria sem ganhar "gorduras", o que significa sem contribuir para o bem comum.

Os manipuladores da absolutização do conceito de inovação tecnológica ignoram propositadamente o papel dos seres humanos na manipulação das tecnologias e, acima de tudo, secundarizam a inovação social. Ora, é a inovação das práticas sociais que pode transformar positivamente a sociedade, designadamente gerindo bem a inovação tecnológica.

A correcta colocação do valor e do lugar do trabalho é hoje um desafio exigente para recentrar o papel, a estruturação e funcionamento da economia.

O trabalho é factor de produção. Ele tem de ser valorizado na concepção do emprego, nas formas da sua retribuição e na organização da sua prestação, nos processos de organização da vida dos trabalhadores, das famílias e da sociedade. Mas o trabalho é também actividade socialmente útil; factor fundamental de socialização; expressão de qualificações e espaço da sua construção; fonte de direitos sociais e de cidadania; direito universal que afirma dignidade e valorização humana; gerador das condições de acesso aos estilos de vida que a sociedade vai moldando; actividade humana desafiada a cuidar do ambiente e dos valores ecológicos; e também, pode ser factor de alienação económica, ideológico-política e até religiosa.

Os quadros de direitos e deveres dos trabalhadores, dos patrões (empresas), da responsabilidade colectiva dos povos referenciada como compromisso colectivo nos estados, têm de emanar desse lugar do trabalho.

Para perceber e interpretar as novas questões sociais há que sacudir a submissão da economia à financeirização e ao absolutismo da técnica e ter presente que Estado social è direito à saúde, à educação e formação, à segurança e protecção social, à justiça, a condições de vida digna fora e dentro do trabalho.

É também neste exercício que podemos encontrar respostas para a defesa e revitalização do Estado social, que jamais pode ser reinventado pelo individualismo institucionalizado que impera na sociedade. Temos de ir buscar meios para o sustentar captando a riqueza onde ela se forma ou circula, antes de ser indevidamente apropriada. Essa extraordinária conquista (Estado social) é, em parte, causa/efeito das dimensões daquela centralidade.

Perante as invocações da crise e das inevitabilidades procuremos construir as formas possíveis e coerentes de solidariedade, mas não se caia na perigosa ilusão de substituir o Estado social por formas de solidariedade do passado, que não consideram a cidadania e o universalismo como indispensáveis à democracia.

O Estado social, neste sistema em que vivemos, sustenta-se no Estado como força centralizadora, na "economia do trabalho" e nos compromissos capital/trabalho. E tem relações fortíssimas com o Estado-Nação, com o Estado de Direito Democrático e com o Direito do Trabalho.

Pobreza absoluta deixa o inverno mais frio para 20 milhões de ingleses, mostra pesquisa




CORREIO DO BRASIL, com The Guardian - de Londres

O frio deste inverno será mais rigoroso para cerca de 20 milhões de ingleses. Um quarto de todas as casas na Inglaterra e do País de Gales vivem na mais absoluta pobreza, sem dinheiro para comprar o combustível necessário para o aquecimento das moradias, após um outono de fortes aumentos nas contas de energia e renda estagnada. Pesquisa realizada pelo diário britânico The Guardian, publicada nesta sexta-feira, mostra que o aumento dramático na pobreza das famílias mostra-se embaraçoso para o governo, que tem a obrigação legal de eliminar a carência de combustível até 2016. A situação atual mostra que, neste caso específico, a lei não tem sido cumprida.

Projeções anteriores do governo previam que este ano haveria 4,1 milhões de famílias em situação de pobreza, taxa definida como aqueles que precisam gastar 10% ou mais de sua renda para obter calor e luz adequada. Mas estas estimativas foram calculadas antes que os preços disparassem, no ano passado, nos seis grandes fornecedores de energia. Novos novos cálculos, com base nos níveis médios de consumo de energia por pessoa, apenas na Inglaterra há cerca de 5 milhões de famílias em situação de pobreza extrema.

A revelação ocorre quanto os números mostram um número médio crescente de famílias que enfrentam o pior aperto financeiros em seus orçamentos desde que os registros começaram a ser registrados, logo após a II Grande Guerra, em 1950. Na análise da declaração de Outono do chanceler George Osborne, o influente Instituto de Estudos Fiscais diz, em relatório, que as famílias de renda média viveriam pior em 2015 do que estavam em 2002, apontando como causa o aumento incessante dos preços dos combustíveis, juntamente com a estagnação dos salários e bem-estar cortes do governo.

A subida dos preços no Verão permitiu ao maior fornecedor, a British Gas, inflacionou seu gás e a eletricidade entre 18% e 16%, logo, na média anual, para seus 9 milhões de clientes, a conta saltou de £ 1,096 a £ 1,288. Novos dados mostram diferenças regionais nos níveis da pobreza de combustível. No País de Gales, mais meio milhão de famílias, mais de 40% do total de habitantes, vivem na pobreza extrema. O nordeste e West Midlands têm níveis de pobreza além dos 30%, enquanto o Noroeste tem pouco menos de 30%. O valor para o sudeste, entretanto, é apenas 17%.

Cerca de 2,5 milhões de famílias do Reino Unido têm dívidas para com o seu fornecedor de energia e este número tende a aumentar rapidamente. A dívida média de gás daqueles em atraso é agora de £ 320, constata o Guardian.

Os principais partidos políticos da Inglaterra atacaram os seis grandes fornecedores de energia em suas convenções de Outono deste ano devido ao aumento nos preços que, em média, atingiu 21% desde o ano passado. Nos últimos cinco anos, os preços médios subiram 88%. Na reunião do Dem Lib, Chris Huhne, o secretário de energia, acusou os seis fornecedores, que provêm 99% da energia doméstica no Reino Unido, de negligência. Em sua defesa, as empresas argumentam que o aumento dos preços reflete o custo crescente da energia nos mercados globais.

A drª Brenda Boardman, consultora de meio ambiente da Universidade de Oxford, disse que a pressão estava levando os políticos a agir contra o setor energético, tendo em vista o estrago que o aumento da pobreza de combustível causa em seus círculos eleitorais a cada semana, enquanto a onda de frio aumenta no país. Cada aumento de preços de 1% leva cerca mais 40 mil famílias à pobreza de combustível, forçando-as a tomar decisões sobre o número de horas em que mantêm o aquecimento desligado ou o corte na alimentação, sem contar o aumento da dívida, disse ela. O aquecimento inadequado, acrescenta Boardman, contribui para o “excesso” de mortes no inverno, que já ronda em torno de 27 mil por ano.

REFUNDAÇÃO COMUNISTA FAZ CONGRESSO NUMA ITÁLIA EM REGRESSÃO



Correio do Brasil - Vermelho

Realiza-se de 2 a 4 de dezembro em Nápoles, 8º congresso da Refundação Comunista. O partido está na oposição ao governo “técnico”, de fato de direita, de Mário Monti e propõe uma saída pela esquerda para a grave crise que assola o país.

A Itália vive uma situação crucial em meio à situação europeia. Um governo “tecnocrata” foi praticamente imposto ao país, dominado pelo triângulo Alemanha, França e Banco Central Europeu. Mário Monti é sustentado pela centro-direita, a mesma que encabeçou o governo Berlusconi, recém-demissionário. A oposição é a extrema-direita (os separatistas protofascistas da Lega Nord), e a esquerda (Federazione di Sinistra).

Mas o “pacote anticrise” ainda não foi definido. Aí reside o nó da questão. Politicamente, a situação levou a uma simetria entre a “centro-esquerda”, o Partido Democrático (com muitos egressos da antiga esquerda) e a direita berlusconiana do Polo da Liberdade. No meio, há um “centro” político oscilante bastante eclético entre os dois polos. Aspira a ser um fiel da balança.

É um balé a três, do pior tipo. Porque na verdade ninguém se aventura a confrontar as duras medidas econômicas que virão no “pacote”. Ninguém se arrisca a vetos e isso indica que se constituirá maioria no Congresso nacional para aprovação das medidas. Os outros dois atores estão fora da dança, por enquanto.

“Reforma fiscal e das aposentadorias ou afundamos” é a chantagem da hora. A mais excruciante diz respeito às aposentadorias, a reforma previdenciária. Já vigem os 40 anos de contribuição para o direito a aposentar-se.

O governo Monti estima levar isso para a chamda “cota 100”, ou seja, exigir idade mínima de 60 anos para aposentadorias; ou levar o patamar de contribuição mínima para 43 anos. Pior ainda: estender essas medidas progressivamente para as mulheres. As três maiores centrais sindicais estão claramente contra. No contraponto, se fala em confusas medidas em favor das famílias, diminuindo impostos segundo o número de filhos. Quanto à reforma fiscal nada está claro, mas aumentarão as taxas sobre bens imóveis. Um último ponto é a modificação da constituição para permitir demissões trabalhistas sem justa causa.

Mais claro, impossível. Cruamente, fazer as gerações atuais e futuras de trabalhadores trabalharem três anos a mais, para pagar a crise. A favor disso atua o autêntico terrorismo governamental na opinião pública, bem como das autoridades europeias, a Sra. Merkel à frente. Hoje o desemprego grassa, há pedintes (muitos) nas ruas de Nápoles.

Contra, como já vimos, estão a esquerda e, por razões oportunistas, a extrema-direita. Refundação Comunista hoje se propõe a uma “a uma saída à esquerda”, agregando e unindo a esquerda no âmbito da Federação de Esquerda. Apenas no seio disto é que se intenta maior unidade entre os dois partidos comunistas, enquanto o Partido dos Comunistas Italianos, PdCI, realizou forte apelo nesse sentido, em congresso mês passado.

As eleições nacionais, em princípio, são apenas de 2013. Um processo de primárias está sendo proposto para 2012, e Refundação estima que devam ser “programáticas”. Este ano, pela Federação de Esquerda, alcançaram-se importantes prefeituras, como as de Milão e Nápoles, na chamada “primavera dos prefeitos”, com forças democráticas e progressistas. Estima-se que se pode criar uma situação como a de Espanha, onde a Izquierda Unida alcançou grande avanço eleitoral mês passado.

Mas cada país tem seu próprio processo, e na Itália, neste momento, dificilmente se terá uma saída à esquerda. Acumular forças sim, sociais, políticas e ideais (o Congresso do PRC se intitula “Futura Humanidade”), para alcançar maior expressão eleitoral. Há uma forte barreira com o sistema eleitoral bersluconiano, que além de majoritário (distrital) e com barreira de 4%, incorporou um “prêmio da maioria” pelo qual, quem chega a determinado porcentual de votos automaticamente incrementa como prêmio bancada maior.

Refundação, por exemplo, foi excluída por completo do parlamento, após ter alcançado um montante de 8,2% em 1998, participando dos dois governos de centro-esquerda, à cabeça Romano Prodi. Tinha 40 deputados nacionais e 20 senadores. Agora realiza seu 8º congresso desde seu surgimento há exatos vinte anos.

Só a luta política de classes pode dar uma saída para a crise que preserve a soberania do país sem regressão social, o mesmo em toda a Europa. Mas sempre há o risco: a coisa pode piorar antes de melhorar. Luta de classes na Europa não raro produz também saídas de extrema-direita.

*Do enviado do PCdoB a Nápoles

A grande perversão: ”os players de Wall Street deveriam estar na cadeia...




... como ladrões e bandidos”

Leonardo Boff – Correio do Brasil, opinião

Para resolver a crise econômico-financeira da Grécia e da Itália foi constituído, por exigência do Banco Central Europeu, um governo só de técnicos sem a presença de qualquer político. Partiu-se da ilusão de que se trata de um problema econômico que deve ser resolvido economicamente. Quem só entende de economia acaba não entendendo sequer a economia.

A crise não é de economia mal gerida, mas de ética e de humanidade. Estas têm a ver com a política. Por isso a primeira lição de um marxismo raso é entender que a economia não é parte da matemática e da estatística, mas um capítulo da política. Grande parte da obra de Marx é dedicada à desmontagem da economia política do capital. Quando na Inglaterra ocorreu uma crise semelhante à atual e se criou um governo de técnicos, Marx fez com ironia e deboche duras críticas, pois previa um total fracasso como efetivamente ocorreu. Não se pode usar o veneno que criou a crise como remédio para curar a crise.

Chamaram para chefiar os respectivos governos da Grécia e da Itália gente que pertencia aos altos escalões dos bancos. Foram os bancos e as bolsas que provocaram a presente crise que quase afundou todo o sistema econômico. Esses senhores são como talibãs fundamentalistas: acreditam de boa fé nos dogmas do mercado livre e no jogo das bolsas. Em que lugar do universo se proclama o ideal do greed is good, em português, a cobiça é coisa boa? Como fazer de um vício (e digamos logo, de um pecado) uma virtude? Estes estão sentados em Wall Street de Nova York e na City de Londres. Não são raposas que guardam as galinhas; mas, as devoram. Com suas manipulações, transferiram grandes fortunas para poucas mãos. E quando estourou a crise foram socorridos com bilhões de dólares tirados dos trabalhadores e dos pensionistas. Barack Obama se mostrou fraco, inclinando-se mais a eles que à sociedade civil. Com os dinheiros recebidos continuaram a farra já que a prometida regulação dos mercados ficou letra morta. Milhões de pessoas vivem no desemprego e na precarização, especialmente jovens que estão enchendo as praças, indignados, contra a cobiça, a desigualdade social e a crueldade do capital.

Gente que tem a cabeça formada pelo catecismo do pensamento único neoliberal vai tirar a Grécia e a Itália do atoleiro? O que está ocorrendo é a sacrificação de toda uma sociedade no altar dos bancos e do sistema financeiro.

Já que a maioria dos economistas dos stablisment não pensam (nem precisam) vamos tentar entender a crise à luz de dois pensadores que no mesmo ano, 1944, nos EUA nos deram uma chave esclarecedora. O primeiro foi um filósofo e economista húngaro-canadense Karl Polanyi com sua clássica obra A Grande Transformação. Em que consiste? Consiste na ditadura da economia. Após a Segunda Guerra Mundial, que ajudou a superar a grande Depressão de 1929, o capitalismo deu um golpe de mestre: anulou a política, mandou ao exílio a ética e impôs a ditadura da economia. A partir de agora não teremos como sempre houve uma sociedade com mercado, mas uma sociedade somente de mercado. O econômico estrutura tudo e faz de tudo mercadoria sob a regência de uma cruel concorrência e de uma deslavada ganância. Esta transformação dilacerou os laços sociais e aprofundou o fosso entre ricos e pobres dentro de cada país e no nível internacional.

O outro nome é de um filósofo da escola de Frankfurt, exilado nos EUA, Max Horkheimer que escreveu “Eclipse da razão” (por português de 1976). Aí se dão as razões para a Grande Transformação de Polanyi que consistem fundamentalmente nisso: a razão já não se orienta mais pela busca da verdade e pelo sentido das coisas, mas foi sequestrada pelo processo produtivo e rebaixada a uma função instrumental “transformada num simples mecanismo enfadonho de registrar fatos”. Lamenta que “justiça, igualdade, felicidade, tolerância, por séculos julgadas inerentes à razão, perderam as suas raízes intelectuais”. Quando a sociedade eclipsa a razão, fica cega, perde o sentido de estar juntos e se vê atolada no pântano dos interesses individuais ou corporativos. É o que temos visto na atual crise. Os prêmios Nobel de economia, mas humanistas, Paul Krugman e Joseph Stiglitz repetidamente escreveram que os players de Wall Street deveriam estar da cadeia como ladrões e bandidos.

Agora na Grécia e na Itália a Grande Transformação ganhou outro nome: se chama a Grande Perversão.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor

MAIS PETRÓLEO, MENOS PESCA EM CABINDA



O APOSTOLADO

A pesca começa a escassear no mar de Cabinda contra o aumento da exploração petrolífera.

Os pescadores locais procuram agora sobreviver recorrendo às águas marítimas do vizinho município do Sayo, na província do Zaire.

Mais poços de petróleo, menos espaço para a pesca em Cabinda.

“ Somos obrigados a distanciar-se de cada poço há 1 milha , isso nos obriga agora a irmos a áreas longínquas, como por exemplo no Soyo, 150, 200 e tal milhas” – deplorou o pescador Lucas Neto.

Restrições que reduzem aumentam os custos reduzindo os rendimentos.

“Os custos operacionais são elevados, porque daqui para 150, 200 milhas somos obrigados a gastar 500, 600 litros de gasolina. O custo da gasolina está um pouco acelerado, somos obrigados a levar quantidades elevadas de gelo, porque a faina que fazíamos em dois, três dias somos obrigados a fazê-la em uma semana” – disse ainda.

Agrava-se o facto das embarcações estarem vocacionadas para a pesca artesanal.

“ Não há outro remédio diante da situação” – refere Lucas neto.

Lucas Neto diz que não tem outro remédio diante da situação.

“Pouco espaços temos agora para pescar, e pescar constantemente neste espaço o peixe tende a emigra, retirar-se dessa área, e nós somos obrigados a procurar novas áreas com maior concentração de pescado, razão pela qual temos agora que fazer buscas, utilizando aparelhos, recorrer a instrumentos de navegação, GPS, sondas, para podermos ir nessas áreas longínquas, que distam às vezes 22, até 40 milhas fora da costa, fora da área artesanal” – lamentou ainda.

Angola: PRS PLANEIA MANIFESTAÇÃO NA LUNDA-NORTE





O Partido de Renovação Social (PRS) planeia manifestação em toda província da Lunda-Norte.

O protesto contra alegadas violações de direitos humanos na região poderá ocorrer entre os dias 5 e 6 de Dezembro próximo.

“Estamos a preparar uma manifestação de grande envergadura em todos ao municípios da província da Lunda-Norte” – garantiu o secretário provincial, Augusto Paulino,

O PRS acusa a empresa de segurança “TELESERVICE” de estar a praticar acções que violam os direitos humanos na região diamantífera e exige do Estado angolano a retirada das suas forças.

“Pedimos à comunidade nacional, internacional e a sociedade civil, para que não poupe esforços. O que se vive na Lunda-Norte não é normal” - disse.

Guardas da Teleservice são frequentemente acusados de assassinato de garimpeiros ao longo do rio cuango.

A população, constituída maioritariamente por garimpeiros, tem chocado com elementos desta força em confrontos muitas vezes violentos.

O último confronto registou-se em Junho deste ano, com um balanço contraditório de vítimas mortais.

Segundo populares, 14 pessoas morreram afogadas no rio Cuango, um número contrariado por fonte ligada à Sociedade Mineira do Cuango e da empresa de segurança teleservice, que admitia a morte de seis supostos garimpeiros.

Há casos que não chegam ao conhecimento público, por ocorrerem em plenas matas, segundo fontes de “O País” e da Rádio Ecclesia.

Segundo Sapalo Muautale, “há pessoas que morrem nas matas, porque não há quem controla os incidentes”.

“Gostaria de entender a razão que faz com que os seguranças usem balas reais quando surpreendem os garimpeiros”, questionou.

Fontes. Ecclesia/”O País”

Timor-Leste: BRASIL RENOVA APOIO AO SETOR DA JUSTIÇA



MSE - LUSA

Díli, 03 dez (Lusa) - O Brasil renovou o apoio à consolidação do sistema da justiça em Timor-Leste, através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, disse hoje à agência Lusa o embaixador brasileiro em Díli, Edson Monteiro.

"Assinámos com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a extensão de um programa de cooperação na área da justiça, que já vem desde 2006", afirmou o diplomata.

No âmbito deste programa, o Brasil envia um juiz, dois procuradores, quatro defensores públicos e alguns técnicos para apoiarem o setor da justiça em Timor-Leste, mas "também para ensinar e transmitir experiência", explicou o embaixador.

"É um programa muito interessante, tem tido bons resultados, já tivemos um total de nove profissionais ao longo destes anos e estamos a estender até ao final de 2012", esclareceu.

Além do setor da justiça, o Brasil coopera também com Timor-Leste no setor da educação, considerado estratégico.

"A educação, tal como a justiça, são estratégicos por causa da língua, primeiro, e Portugal e o Brasil são os países que melhor podem ajudar Timor-Leste nestas duas áreas pelas coincidências de língua e de sistema jurídico", disse.

Na educação, o Brasil, que renova o programa de apoio no próximo ano, forma professores timorenses.

"É uma tarefa complicada, são milhares de professores que precisam aprimorar os seus conhecimentos e ao mesmo tempo melhorar o conhecimento de língua portuguesa", disse, salientando que o Brasil por norma destaca para Timor-Leste cerca de 50 professores.

Ainda no âmbito da cooperação entre o Brasil e Timor-Leste, o projeto mais antigo é um centro de formação profissional que em 11 anos já formou mais de duas mil pessoas em várias áreas.

O embaixador brasileiro destacou também a importância da cooperação com Timor-Leste para o Brasil e que vai possivelmente aumentar.

"Eu posso já ilustrar a importância da cooperação com Timor-Leste, dizendo que três países se destacam entre os mais de 50 com os quais o Brasil coopera. Haiti, todos conhecem o quanto o Brasil está envolvido no Haiti, Moçambique, onde temos inúmeros projetos de cooperação, e Timor-Leste. Em termos de números de projetos são estes três países", disse.

Timor-Leste – Díli: PRIMEIRO PERCURSO PEDESTRE JÁ ESTÁ A FUNCIONAR



MSE - LUSA

Díli, 03 dez (Lusa) - O primeiro percurso pedestre de Timor-Leste, localizado junto ao Cristo Rei, em Díli, entrou hoje oficialmente em funcionamento.

O percurso, com quatro quilómetros, associa o lazer à prática de atividade física acessível a todas as faixas etárias.

Os quatro quilómetros estão todos sinalizados, incluindo placas informativas sobre ornitologia e geologia, e divididos entre um percurso de nível médio e nível avançado.

O primeiro percurso pedestre foi apresentado na sexta-feira pelos professores do Projeto de Consolidação da Língua Portuguesa.

A construção do percurso foi apoiada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente timorense e financiada pelo Instituto Camões.

No Canadá, há crianças que se levantam às seis da manhã ao sábado para aprender português




Elisa Fonseca, da agência Lusa – SOL

É de pequenino que se começa a aprender o português no Canadá, uma terra onde a língua é vagamente estranha, por ser um país oficialmente bilingue, de inglês e de francês.

O ensino do português nos primeiros níveis de aprendizagem cabe, na larga maioria, a escolas surgidas na própria comunidade portuguesa, embora o sistema educativo das principais províncias garanta igualmente a possibilidade de requerer um professor de língua estrangeira se existir um número mínimo de alunos.

Mariana Teixeira Valente, de 10 anos, e Alexandra Matos Gerko, de 11, são duas alunas do 4.º ano da Escola portuguesa de Santa Cruz, em Montreal, no Canadá.

Desde os seis anos de idade que acordam nos sábados às seis da manhã para irem à escola portuguesa e, embora o português seja um estudo meramente complementar à frequência das escolas oficiais, fazem-no pelo «gosto de aprender».

No edifício do centro comunitário da Missão católica portuguesa de Santa Cruz, começa às nove horas da manhã a aula de quatro horas, em que a professora Zulmira fala num tom descontraído em plena interactividade com os alunos.

A oralidade é a prioridade, mas lê-se e escreve-se e aprende-se ainda História de Portugal e Geografia.

No final da aula, Mariana e Alexandra contaram à Lusa o porquê de aprenderem o Português numa manhã que poderia ser dedicada ao descanso ou à brincadeira.

Mariana respondeu sem papas na língua: «Eu digo sempre na escola francesa na sexta-feira: amanhã tenho que ir à escola portuguesa. [E eles dizem:] Tu não tens sorte, tu tens de ir à escola portuguesa! Eu não tenho sorte?».

«Eu adoro ir à escola Portuguesa», prosseguiu. «Eu gosto de vir cá porque cada dia aprendo umas coisas novas e é bom», justificou.

Se para Mariana a fluência do português foi mais fácil por ter ambos os pais portugueses, no caso de Alexandra, filha de uma portuguesa e de um russo, já não fala o português em casa. «Só falo português quando vou a casa da minha avó», explicou.

«Eu gosto de aprender o Português porque é outra língua que eu posso usar no futuro. Quero ser veterinária ou engenheira e pode ser que eu não vá trabalhar só no Canadá, onde precisamos de falar inglês e francês, mas pode ser que vá para o Brasil ou Portugal e outros países onde falam o português», disse.

Ao todo, este ano são quase 370 alunos que frequentam as duas escolas portuguesas da Missão católica portuguesa de Santa Cruz em Montreal, que já existem há 40 anos.

Lusa/SOL

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