segunda-feira, 16 de abril de 2012

A TRETA DO ENVELHECIMENTO ATIVO




Fernando Santos – Jornal de Notícias, opinião

Está a chegar ao fim a ilusão (ou a patranha?) da existência de uma Europa vanguardista no modelo social. A legitimação de um mercado global construído na base de concorrência desigual, sem escrúpulos na exploração do trabalho a partir dos chamados países emergentes, está a destruir a grande vantagem do projeto europeu. O mingar do crescimento económico dita cada vez maiores taxas de desemprego, menor fixação de horizontes risonhos, contendo todos os ingredientes para uma explosão social de consequências incalculáveis, um dia destes....

O Mundo mudou, de facto - e Portugal não foge à regra.

Não é tão distante assim: no início dos anos 80 do século passado as previsões e a oratória oficialista para onde apontavam? Para uma sociedade talhada ao encurtamento dos horários de trabalho, sem perda - ou mesmo ganho - nas retribuições. Filosofava-se sobre as profissões do futuro e nelas cabiam todas as relacionadas com as indústrias do lazer. A par de outras vertentes ligadas ao turismo, jurava-se estar mais perto do sucesso profissional quem optasse por especializar-se nas chamadas atividades de tempos livres, lúdicas ou não. Os "clowns" poderiam dormir descansados. E afinal......

O modelo social europeu parece-se cada vez mais com um caranguejo: regride, regride.

Os cortes orçamentais impostos às políticas de bem-estar para contrabalançar a retração económica e a subida em flecha do número de desempregados a que é preciso garantir mínimos de sobrevivência resulta em todo o contrário do prognosticado. Tenta-se travar os danos provocados pela abertura de autênticas crateras financeiras e o modelo social degrada-se a cada dia, não obstante a artilharia semântica usada pelos governantes. O paradigma de uma reforma digna em idade ainda capaz de proporcionar viagens feitas de conhecimento e de proporcionar futuro a profissões ligadas às tais atividades de tempos livres projetadas como el dorado há duas décadas, já era. A semântica dos governantes passou a ser a de engana-tolos. Os cortes nas pensões, ou até o cenário de aumento da idade mínima para a reforma, baseiam-se, agora, no pseudo virtuosismo do chamado envelhecimento ativo. Como se um tranquilo e convincente namoro na terceira idade ou uma mais frequente passagem pelos ginásios seja pior do que ter de picar e voltar a picar o ponto na empresa em dificuldades.... Como se não valesse a pena fazer contas e perceber se uma das saídas para as novas gerações, mais bem preparadas, não passa pela sua introdução no mercado de trabalho trocando os seus subsídios de desemprego pelo pagamento de reformas a quem para elas já descontou e as almeja....

Pois.

Enquanto a Europa não tiver a coragem de colocar travão a um mercado global sem regras nos seus principais concorrentes, a alternativa é o desmantelamento dos apoios sociais e o crescimento explosivo do desemprego. Dando-se por cá a originalidade de quem é obrigado a estar ao alto não ter dinheiro para comer mas poder frequentar museus à borla. Toda uma inversão na atividade de tempos livres projetada no final do século passado.


SALAFRÁRIO QUE ENGANA UM PORTUGUÊS...




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, manifestou confiança na vitória de Berta Cabral nas eleições regionais de Outubro nos Açores, destacando a importância da escolha dos açorianos para o futuro da região e da autonomia.

E se Passos Coelho está confiante é porque Berta Cabral vai mesmo… perder. Este é um daqueles apoios que os açorianos, sociais-democratas ou não, bem dispensam. Apesar de tudo, mesmo que no meio das agruras insulares, sabem bem o que o líder do PSD está a fazer enquanto primeiro-ministro.

“Estou tranquilo e muito confiante por saber que os sociais-democratas, sob a liderança de Berta Cabral, saberão dar aos açorianos a liberdade de escolha e a autonomia que merecem”, afirmou Pedro Passos Coelho no encerramento do XIX Congresso Regional do PSD/Açores, em Ponta Delgada.

A tranquilidade é algo que já vem do tempo em que se sentiu africanista (embora de Massamá). A confiança, essa surgiu depois de ter enganado os portugueses e chegado a primeiro-ministro. Aliás, Passos Coelho continua tranquilo e confiante que será pela sua mão que Portugal (já sem portugueses) vai ao fundo.

“Berta Cabral bate-se pelos Açores, por todas as ilhas e por todos os açorianos”, afirmou Passos Coelho, acrescentando saber, também como primeiro-ministro, que “do lado dos Açores, está alguém que coloca acima de tudo os interesses dos açorianos”.

Se é verdade o que diz Passos Coelho, então o melhor é colocar Berta Cabral como primeiro-ministro. É que nas ocidentais praias lusitanas não há quem coloque “acima de tudo os interesses dos… portugueses”.

Passos Coelho diz que os “os açorianos sentem que o tempo da mudança lhes bateu à porta”. O aviso está dado. Vejam o que se passa no continente e aprendam. Se quiserem ser, para além de escravos, um povo esquelético, faminto e que procura sobreviver sem comer, então vão na cantiga do líder nacional que dizia “ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam”, acrescentando que “os que têm mais terão que ajudar os que têm menos”.

“Os açorianos podem contar com uma mudança tranquila, mas decisiva, para que se abra um novo ciclo de oportunidades para todas as ilhas”, afirmou Passos Coelho, recordando que o país atravessa uma fase de dificuldades e as pessoas “querem saber como se pode utilizar melhor os recursos existentes”.

O que ele não disse agora, mas disse há uns tempos, foi que “se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas. Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português”.

Neste discurso no encerramento do congresso regional do PSD/Açores, Passos Coelho falou também da situação nacional, defendendo a importância de ter uma “linguagem directa e de verdade com os portugueses” porque a crise pode ser uma “grande oportunidade para construir um futuro diferente”.

Para Passos Coelho, a verdade é aquilo que ele quiser. Este fulano é o mesmo que disse “a ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento. A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos”.

Este é o mesmo fulano que disse: “Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate”.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: RAMOS HORTA QUER ESTAR EM TODAS

REI DE ESPANHA MATA QUE SE FARTA… ANIMAIS COM CORNOS!



António Veríssimo

Existe um ditado português que diz que “de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos”. Isso porque os reis de Espanha sempre tiveram uma grande tendência para ocupar e anexar Portugal e nunca aprendiam que as suas trpas chegavam ao país, invadiam-no, mas acabavam sempre por levar porrada e fugir. Daí o ditado e o asco a Espanha. Isso era noutros tempos. Na atualidade nada move os portugueses contra Espanha e – esperemos – vice-versa. Somos vizinhos e até se diz que “hermanos”.

Exatamente por serem “nuestros hermanos” é que devemos lamentá-los. Então não é que eles, os espanhóis, ainda têm mais azar que nós com Cavaco Silva, o presidente da República? Ah, pois têm! A família real é um desastre pegado! Aquele rei o que precisa é de reforma, os príncipes idem, o genro do rei também… E agora nem me lembro de mais nenhum. Resuma-se:

Ora, que conste, o genro do rei foi apanhado há uns tempos num cambalacho e teve ou tem de ir a tribunal… Parece que uma vigarice com uma das suas empresas é o motivo. Um dia destes, há duas semanas ou assim, o príncipe de 14 ou 15 anos deu um tiro no pé… Mas deu mesmo, não é força de expressão. Agora, há um dia ou dois, surgiu nas notícias que o rei estava doente e em tratamento em África… Claro, andou por lá aos tiros.

Este rei, que pertence a uma Liga Qualquer da Proteção da Natureza, andava em África em safari a sério. A matar grandes e preciosos elefantes. Imaginem o contra-senso. Protege a natureza a matá-la. Há ainda o agravante de se ter escapulido de Espanha sem o povinho saber. Ele sabia que ia fazer trampa e então não disse ao que ia. Pois.

Dizem agora na comunicação social que ele teve um ataque de uma maleita qualquer… Cá para mim ele levou foi uma trombada do elefante moribundo. Bem feito. Eu disse bem, não disse que ele fez uma trombada (isso é normal) mas sim que o elefante que matou antes de ir para o céu ainda lhe deu uma trombada. Em tudo isto há um pormenor interessante: reparem que o rei (a acreditar nas fotografias que se clicarem ampliam) tem tendência para matar animais com cornos… Esperemos que com aquela tendência não aconteça um dia que se suicide.

E o príncipe pequenito que anda a “brincar” com armas? Como estará o pezito do pré-adolescente? Esperemos que melhor e que ao menos as unhas tenham ficado aparadas. Esperemos também que não mate nenhum dos irmãos. Sim, que não siga o exemplo do rei, que quando era miúdo matou o irmão com uma arma… distraidamente. Foi um acidente.

Bem, mas rei, é rei. Um rei não tem traumas. Lá porque matou o irmão quando era imberbe isso não quer dizer que não mate outras coisas. De preferência com cornos. Aaaaah, por isso é que os espelhos lá do palácio duram pouco tempo, inteiros. Pois. Está sempre a disparar zagalotes para os desgraçados. É só ver-se num espelho e bumba!

“Nuestros hermanos” têm é de se livrar daquela gentinha com tendências para estas cenas malucas, desastrosas e dignas de parasitas. III República! Pois então!

*Publicado originalmente em Página Lusófona, blogue do autor

Bissau: PM GOMES JÚNIOR PODE SER LIBERTADO DENTRO DE MOMENTOS



Redação - AV

O blogue da Aly Silva, Ditadura do Consenso, vai informando quase sempre em curtas mensagens aspetos importantes sobre a situação na Guiné-Bissau. Há cerca de uma hora informava que o primeiro-ministro e candidato mais votado na primeira volta das presidenciais, “Carlos Gomes Jr., pode ser libertado dentro de momentos, segundo uma fonte” do Corpo Diplomático acreditada em Bissau.

Mas, na Guiné-Bissau, não existem só malvados golpistas e assassinos (esses até são só uns quantos) também existe gente pacifica de bom coração e solidária. A isso se refere António Aly Silva em pequena anotação referente à preocupante falta de gasóleo do Hospital Simão Mendes, em Bissau. Ao saber da péssima situação “o empresário Veríssimo Nancassa oferece amanhã 7 mil litros de gasóleo ao hospital”, cujo consumo diário é de “40 litros/hora”, acrescenta o jornalista guineense Aly Silva.  

Também no Ditadura do Consenso, informação absolutamente credível, é referido que esta tarde em Bissau realizou-se mais uma Marcha da Juventude pela paz, que terminou “com debandada geral depois da chegada dos militares. Desta vez ninguém foi ferido”, acrescenta Aly.

Convidamos os interessados sobre a situação na Guiné-Bissau a fazer de vez em quando uma visita ao Ditadura do Consenso porque pode ler informação sintetizada, simples mas esclarecedora. Ali constam comunicados, más notícias e notícias revigorantes, boas notícias, como a de médicos voluntários e de coração grande, exemplo que extraímos parcialmente de mensagem para Aly Silva:

“Bom dia Aly,

Estamos a evidenciar a chegada de dois medicos com material para o hospital. Entao preciso de contacto, endereco, etc. Eles irao atraves de uma organizacao humanitaria para Bissau. Um deles e cirurgiao e levarao material e medicamentos. Precisamos de nome de medicamentos que precisam, etc etc…”


Guiné-Bissau: Comando Militar responsabiliza Angola por golpe de Estado



JSD – Lusa

Cidade da Praia, 16 abr (Lusa) - O porta-voz do Comando Militar que tomou quinta-feira o poder na Guiné-Bissau insistiu hoje que foi Angola quem levou as Forças Armadas guineenses a desencadear o golpe de Estado, para evitar a morte da cúpula da hierarquia castrense.

Numa entrevista telefónica à Rádio de Cabo Verde, Daba Na Wana contou a versão do Comando Militar sobre o que levou aos acontecimentos da passada quinta-feira, argumentando que foi Angola quem "violou" o acordado entre os dois países, ao enviar para a Guiné-Bissau "material de guerra" à revelia das forças de segurança locais.

Daba Na Wana defendeu que a cooperação técnico-militar bilateral previa que Angola prestasse apoio na reforma da Defesa e Segurança da Guiné-Bissau e que o armamento pesado trazido para a sede da Missang (missão angolana em Bissau), além de não estar previsto, tinha outros fins.

O porta-voz dos revoltosos referiu que os "tanques com lagartas, carros de combate e alguns morteiros para canhão" chegaram inicialmente a Bissau sem conhecimento das Forças Armadas, que pediram explicações à Missang, tendo-lhes sido respondido que se destinavam a reforçar o exército guineense.

"Tudo começou com um clima de desconfiança, que foi continuado desde que a Missang começou a transportar para Bissau material de guerra, violando claramente os acordos assinados entre os dois países no domínio da Defesa e Segurança. O acordo não incluía o envio de armas", afirmou.

Daba Na Wana acrescentou que as dúvidas acentuaram-se quando, antes da primeira volta das eleições presidenciais (18 de abril), "Angola substituiu o pessoal técnico sénior - pedreiros, carpinteiros e engenheiros da construção civil, para a reabilitação de casernas - por uma equipa de militares composta por tropas especiais".

Após a polémica, acrescentou, Angola acedeu em treinar militares guineenses com os novos equipamentos, "comprados na África do Sul", uma vez que o exército local "estava habituado a lidar com material soviético", o que aconteceu durante um mês, após o que os "meios blindados" seriam entregues as forças locais.

O porta-voz do Comando Militar indicou que, depois, as chefias militares da Missang alegaram que não tinham competência para entregar o material, remetendo a questão "para os políticos" e foi nessa sequência que se deu a discussão entre o embaixador de Angola em Bissau e o ministro da Defesa guineense.

"(O ministro da Defesa guineense) chamou o embaixador para lhe dar conta das preocupações das Forças Armadas e dele próprio. O embaixador ameaçou-o, chamando-lhe a atenção para as palavras que estava a dizer, porque aquilo poderia ser considerado uma ofensa para Angola", afirmou Daba Na Wana, na entrevista à Rádio de Cabo Verde.

"Depois desse clima de desconfiança, o primeiro-ministro (guineense) escreveu uma carta secretamente, sem passar pelo Conselho de Ministros ou pelo Parlamento, a pedir às Nações Unidas para intervir ou a aprovar uma resolução que permitisse o uso de força ou o envio de militares para um país que não está em guerra. O portador da carta foi o Ministro das Relações Exteriores de Angola, George Chicoti", disse.

"Não tendo sido o MNE guineense o portador da carta, das duas uma: ou a carta foi escrita a pedido de Angola ou foi o Governo angolano que fez a carta e pediu ao Governo de Bissau apenas para assinar" um documento a pedir à ONU a aprovação de uma resolução que legitimasse o envio da força, "a integrar por Angola, Brasil, Gana e outros países da sub-região".

"Perante o cenário, não podíamos ficar de braços cruzados à espera de uma força expedicionária do exterior para um país que não está em guerra", concluiu o porta-voz do Comando Militar guineense.

Rádios privadas voltam a emitir

Lusa

Bissau, 16 abr (Lusa) - As rádios privadas da Guiné-Bissau, que domingo tinham sido mandadas encerrar pelos militares, voltaram a emitir na tarde de hoje, constatou a Lusa.

O Comando Militar que na quinta-feira tomou o poder na Guiné-Bissau voltou domingo a mandar encerrar as rádios privadas, depois de ter dado autorização de emissão no sábado.

Na quinta-feira, dia do golpe, as rádios e a televisão da Guiné-Bissau foram encerradas pelos militares.

Guiné-Bissau: PR E PM DETIDOS ESTÃO BEM-- porta-voz Comando Militar



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 16 abr (Lusa) - O presidente interino e o primeiro-ministro da Guiné-Bissau "estão bem", a primeira-ministra interina refugiou-se na embaixada da China em Bissau e o CEMGFA "está em lugar seguro", anunciou hoje o porta-voz do Comando Militar que tomou o poder.

Daba Na Wana, porta-voz dos militares que tomaram na quinta-feira o poder na Guiné-Bissau, deu conta da situação numa entrevista à Rádio de Cabo Verde, em que justificou o encerramento de todas as fronteiras do país, mas escusou-se a indicar quem está a comandar as operações.

"Que eu saiba (Raimundo Pereira e Carlos Gomes Júnior) estão bem de saúde. A Cruz Vermelha esteve com todos. Em relação a Carlos Gomes Júnior, disseram-nos que há um lote de medicamentos que familiares querem entregar-lhe e nós abrimos essa hipótese, por razões humanitárias, e foi entregue ao ex-primeiro-ministro", disse Na Wana, que adiantou que o ministro do Interior guineense, Fernando Gomes, "está livre".

Sobre a situação real em que se encontra o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, António Indjai, que o Comando Militar anunciou estar detido, Daba Na Wana limitou-se a responder que "está em lugar seguro".

O porta-voz do Comando Militar referiu ainda ter informações de que a chefe de governo interina, Adiatu Nandigna, se terá refugiado na embaixada chinesa em Bissau.

Questionado sobre quem, de facto, chefia o levantamento militar na Guiné-Bissau, Daba Na Wana, mestre em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, apenas disse que "o importante são as razões que levaram ao levantamento e pouco importa as pessoas que estão à frente do Comando (Militar)".

Daba Na Wana justificou ainda o encerramento, decidido no domingo, das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas da Guiné-Bissau, alegando "razões de segurança".

"Quando se trata de um golpe de Estado todo o cuidado é pouco para evitar ataques externos, que a instabilidade possa interromper o processo em curso. Além do mais, chegaram notícias de fora de que a CPLP está a ser arrastada por Angola, que propôs o envio de forças para a Guiné-Bissau. Não podíamos ficar de braços cruzados deixando a fronteira aberta. São razões de segurança", concluiu.

DELEGAÇÃO DA CEDEAO JÁ ESTÁ EM BISSAU



FP - Lusa

Bissau, 16 abr (Lusa) - Uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), liderada pelo presidente da Comissão, Desiré Ouedraogo, chegou hoje a Bissau para se encontrar com os militares guineenses que realizaram um golpe de Estado na quinta-feira.

A delegação, que chegou à capital guineense ao fim do dia, deverá entregar uma mensagem especial dos chefes de Estado da organização aos militares, "reiterando a posição" da instituição "de rejeição da tomada do poder" da semana passada e "insistindo na imediata restauração da ordem constitucional".

A delegação integra, entre outros, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Costa do Marfim e da Nigéria, e os chefes da Defesa do Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Conacri, Nigéria e Senegal.

Incluem-se ainda representantes da União Africana e das Nações Unidas e forças políticas dos vários países-membros da CEDEAO.

Os militares protagonizaram na última quinta-feira um golpe de Estado na Guiné-Bissau, prendendo o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

RAMOS HORTA ACEITA MEDIAR COM CONDIÇÕES CRISE NA GUINÉ-BISSAU



TSF

O presidente timorense Ramos-Horta explicou que a condição essencial para que aceite mediar a crise na Guiné-Bissau é a da libertação de todos os detidos.

O presidente de Timor-Leste aceitou mediar com condições a crise na Guiné-Bissau, depois de um convite nesse sentido feito pela junta militar que assumiu o controlo do país após o golpe de Estado na quinta-feira.

Em declarações à agência Lusa, José Ramos-Horta explicou que as «condições sine qua non para qualquer diálogo seja dirigido por mim ou por qualquer outro mediador da CPLP será a libertação do primeiro-ministro Carlos Júnior e dos outros detidos».

O ainda chefe de Estado timorense exige também garantias de que estes detidos «não estejam a sofrer sevícias ou atos de violência física ou psicológica».

Destaque Página Global

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Ban Ki-moon felicita povo timorense pela forma como decorreu escrutínio



PAL – MSE - Lusa

Lisboa, 16 abr (Lusa) -- O secretário-geral da ONU felicitou "o povo de Timor-Leste" pela forma como decorreu hoje a segunda volta das eleições presidenciais, informou o porta-voz de Ban Ki-moon.

"A forma pacífica e ordeira como o povo de Timor-Leste exerceu o direito de voto reflete mais uma vez o compromisso com a estabilidade, a democracia e a unidade nacional", de acordo com a declaração divulgada.

O documentou adiantou que o secretário-geral reitera o "compromisso das Nações Unidas" em apoiar as eleições legislativas no país, em julho.

Segundo os primeiros resultados provisórios divulgados pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) de Timor-Leste, o candidato Taur Matan Ruak recebeu 168.200 votos e Francisco Guterres Lu Olo ficou com 111.897 votos.

Até agora, já foram contados 285.802 votos (1.191 brancos e 4.454 nulos), disse o STAE.

Foram chamados às urnas 627.295 eleitores, que puderam exercer o seu direito de voto em 850 assembleias distribuídas por 630 centros de votação espalhados pelos 13 distritos do país.

Taur Matan Ruak, ex-chefe das Forças Armadas, foi apoiado pelo Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e Francisco Guterres Lu Olo, pela Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

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Timor-Leste/Eleições: Taur Matan Ruak lidera quando estão contados quase 400.000 votos




Os resultados provisórios das eleições presidenciais divulgados hoje pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) de Timor-Leste até às 00:00 e quando estão contados 398.548 votos mantém a liderança de Taur Matan Ruak, com 235.299 dos votos e Francisco Guterres Lú-Olo com 155.518.

Os resultados por distrito são os seguintes:

Aileu (contagem encerrada) Taur Matan Ruak - 13.851 (70.76%) Francisco Guterres Lu Olo - 5.725 (29,24%)

Ainaro (contagem encerrada) Taur Matan Ruak - 16.602 (67,19%) Francisco Guterres Lu Olo - 7.617 (32,81%)

Baucau (85,07% dos votos contados) Francisco Guterres Lu Olo - 25.870 (54,87%) Taur Matan Ruak - 21.279 (45,13%)

Bobonaro (66,18 % dos votos contados) Taur Matan Ruak - 16.581 (68,56%) Francisco Guterres Lu Olo - 7.603 (31,44%)

Covalima (58,14% dos votos contados) Taur Matan Ruak - 10.870 (62,37%) Francisco Guterres Lu Olo - 6.557 (37,63%)

Díli (79,63% dos votos contados) Taur Matan Ruak - 43.823 (66,46%) Francisco Guterres Lu Olo - 22.111 (33,54%)

Lautém (encerrado) Taur Matan Ruak - 13.555 (50,40%) Francisco Guterres Lu Olo - 13.340 (49,60%)

Liquiça (encerrado) Taur Matan Ruak - 17.426 (64,19%) Francisco Guterres Lu Olo - 9.723 (35,81%)

Manatuto (97,87 por cento dos votos contados) Taur Matan Ruak - 14.168 (73,53%) Francisco Guterres Lu Olo - 5.100 (26,47%)

Manufahi (76,09% dos votos contados) Taur Matan Ruak - 9.269 (51,11%) Francisco Guterres Lu Olo - 8.868 (48,89%)

Oecussi (encerrado) Taur Matan Ruak - 21.252 (75,92%) Francisco Guterres Lu Olo - 6.740 (24,08%)

Viqueque (96,08% dos votos contados) Francisco Guterres Lu Olo - 22.450 (66.46%) Taur Matan Ruak - 11.330 (33.54%)

O STAE, que interrompeu a divulgação dos resultados provisórios às 00:00 em Díli, conta divulgar os resultados provisórios finais na terça-feira. A taxa de abstenção só será conhecida no final da contagem dos votos em todos os distritos. De acordo com fonte policial, a segunda volta das eleições presidenciais de Timor-Leste decorreu sem incidentes de relevo em todo o território. Em todas as assembleias visitadas pela Lusa era visível a presença policial.

Nota Página Global
Nos distritos acima mencionados só constam 12, quando na realidade deviam constar todos os distritos, que são 13. Falta o distrito de Ermera, cujos resultados apurados pelo STAE são os seguintes: Francisco Guterres "Lú-Olo"  15,247 votos, 32,94% - Taur Matan Ruak 31,042 votos, 67,06%.

O CANDIDATO DE XANANA GUSMÃO VENCEU… ACEITEM E PORTEM-SE BEM!


O novo PR de Timor-Leste e a primeira-dama
Redação – AV

TAUR VENCEU AS ELEIÇÕES POR LARGA MARGEM

Fontes timorenses que merecem todo o crédito declaram que o candidato de Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak, venceu as eleições para a Presidência de Timor-Leste.

Segundo as mesmas fontes a “diferença entre os votos conseguidos por Lu Olo”, candidato da FRETILIN, “e o candidato de Gusmão é abissal, ainda mais do que aquela que separaram Lu Olo e Ramos Horta nas eleições presidenciais anteriores” em 2007. Os resultados oficiais provisórios, fornecidos pelo STAE, já indicam que existe uma diferença de cerca de 30 por cento entre os votos apurados. Lu Olo com cerca de 33 por cento e Taur Matan Ruak com quase 63 por cento. Mais de 30 por cento é a previsão para a abstenção.

A recolha de dados obtidos nos 13 distritos permitem avançar com uma estimativa de uma “vitória muito folgada de Taur Matan Ruak, que vai ser superior aos 30 por cento até agora anunciados. Mais logo ao fim da tarde (terça feira) ninguém se admire de Taur Matan Ruak ter 73 por cento ou mais”. O que, no dizer da fonte, podem considerar um "sucesso superior ao do ainda PR Ramos Horta, que venceu com 69 e poucos por cento de votos contra 30 e poucos por cento que calharam a Lu Olo. A diferença agora vai ser maior. Taur Matan Ruak é o candidato vencedor por larga margem. É incontestável.”

Perante tanta certeza de sucesso de Taur Matan Ruak é pertinente tentar antever qual será a reação dos timorenses perante o facto. Haverá ou não distúrbios?

A resposta foi perentória. “Pequenos distúrbios é provável que aconteçam, no estilo de pequenos incidentes que aconteceram durante a campanha eleitoral. Nada de grave acontecerá se Deus quiser. Os vencidos têm de aceitar os resultados. É assim a democracia. Vão ter de saber digerir a derrota, aceitarem e portarem-se bem.”

RAMOS HORTA QUER ESTAR EM TODAS




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Comando Militar da Guiné-Bissau pediu ao ainda presidente de Timor-Leste ajuda para mediar a crise no país. José Ramos-Horta aceitou. Ele está em todas.

A Guiné-Bissau está controlada desde quinta-feira por um Comando Militar, que desencadeou um golpe de estado, mais um, na véspera da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, disputadas pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e Kumba Ialá, que no entanto se recusa a participar na votação.

Um Conselho Nacional de Transição foi criado ontem pelos partidos de oposição, numa reunião em que o PAIGC, partido no poder, não participou.

O golpe de Estado na Guiné-Bissau mereceu – como sempre acontece - ampla condenação internacional, incluindo da CPLP que, após uma reunião em Lisboa, decidiu propor o que há anos é defendido por muita gente: uma força de interposição com aval da ONU e sanções individualizadas contra os golpistas.

De facto é de enaltecer a disposição de José Ramos-Horta para ajudar, diz ele, todos os que precisam. Recordo-me, aliás, do apelo que fez no dia 14 de Janeiro de 2011 ao Brasil e Angola para que ajudem Portugal.

Não é um apelo feito “por solidariedade para com Portugal, mas com sentido pragmático de Estado, por se tratar de um investimento num país amigo e com uma gestão muito séria, nomeadamente enquanto membro da OCDE”, explicou Ramos Horta.

Gostei. Tanto no caso da Guiné como no de Portugal. Mas, já agora, gostava que Ramos-Horte tivesse um mais lato sentido de observação, nomeadamente no que à Lusofonia respeita. Eu sei que petróleo é petróleo e direitos dos povos são (agora que Timor-Leste já é independente)... uma coisa menor.

No dia 1 de Junho de 2010, por exemplo, Ramos-Horte disse que Marrocos deve honrar os compromissos que assumiu com a comunidade internacional para realizar o referendo no Saara Ocidental.

Pois é. Pena é que, no âmbito da Lusofonia, Ramos-Horta não tenha visão, ou conhecimentos, sobre o que se passa na colónia angolana de Cabinda.

Resta a certeza de que, um dia destes, ainda vamos ver Cavaco Silva e Ramos-Horta, entre muitos outros, entre quase todos, a dizer também que devido a uma mudança no contexto geopolítico, Cabinda não é Angola e o Tibete não é China.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: SE O POVO CONTASSE PARA ALGUMA COISA…

Guiné-Bissau: Oposição angolana rejeita participação de militares angolanos...




... e quer que estes regressem a casa

EL (SBR) - Lusa

Luanda, 16 abr (Lusa) - Os principais partidos da oposição angolana rejeitam que os militares que Angola mantém na Guiné-Bissau intervenham naquele país e exige o seu regresso a casa, disseram hoje à Lusa fontes partidárias.

Segundo Alcides Sakala, porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido com representação parlamentar, a presença dos cerca de 200 militares de Angola na Guiné-Bissau, no âmbito da missão militar angolana naquele país (Missang), "está na origem do clima de tensão que se criou e conduziu à situação atual".

"Nós recomendamos que essa questão seja abordada na Assembleia Nacional, independentemente da posição aprovada pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), porque, enviarem-se mais unidades pode ter consequências muito graves", acrescentou.

A UNITA defende que deve haver "muita ponderação" e que o parlamento deve concertar com o executivo o que vai ser feito, porque, alertou Alcides Sakala, "podem morrer soldados angolanos".

"Angola pode ver-se arrastada para um conflito de maiores proporções", adiantou, citando o caso do conflito de Casamança, no sul do Senegal, que faz fronteira com o norte da Guiné-Bissau.

Para Joaquim Nafoia, porta-voz do Partido da Renovação Social (PRS, oposição) os militares angolanos que se encontram em território guineense "devem regressar imediatamente a casa".

"A questão não é se deve ou não haver autorização do parlamento. Quando a Missang foi enviada, o executivo não pediu autorização ao parlamento. O Presidente (José Eduardo dos Santos) agiu à margem das instituições oficiais e a situação agravou-se, pelo que Angola não deve mandar mais militares e exigimos o regresso imediato a casa dos que estão na Guiné-Bissau, até porque os próprios guineenses não os querem lá", acentuou.

A falta de autorização prévia por parte do parlamento foi igualmente invocada pela Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), liderada por Abel Chivukuvuku, ex-dirigente da UNITA.

Segundo o vice-presidente e porta-voz da coligação, Lindo Bernardo Tito, caso os soldados angolanos entrem em combate contra os militares guineenses "haverá flagrante violação das leis angolanas e do acordo celebrado entre os estados angolano e guineense".

"Entendemos que o que o Governo angolano devia fazer era retirar as tropas da Guiné-Bissau e ajudar a que se encontre uma solução pacífica, mas assente em premissas duradouras e não em soluções frágeis, como as que foram encontradas até hoje", adiantou.

A solução duradoura preconizada pela CASA-CE atribui à comunidade internacional a responsabilidade de assegurar a estabilidade, a tranquilidade e a paz na Guiné-Bissau.

"Até, pelo menos, que haja um quadro mais ou menos aceitável e que os guineenses estejam maduros para seguirem sozinhos, sem a comunidade internacional", explicou.

Quanto aos militares angolanos, Bernardo Tito defendeu que qualquer intervenção carece de autorização prévia do parlamento de Angola.
"Não tendo o parlamento angolano dado um mandato ao Presidente (José Eduardo dos Santos) para intervir militarmente noutro país, a solução será unicamente a de retirar as tropas e fazê-las regressar a Angola", concluiu.

A Lusa tentou contactar o porta-voz do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), Rui Falcão, mas tal não foi possível.

A Missang, com cerca de 200 efetivos, foi formalmente lançada a 21 de março de 2011 com o objetivo de apoiar a reforma do setor militar guineense.

Há cerca de uma semana, as autoridades de Luanda anunciaram o fim da missão na sequência de críticas de alegado envolvimento nos assuntos internos guineenses, feitas pela hierarquia castrense, que na quinta-feira protagonizou um golpe de Estado, com suspensão da Constituição e detenção, em local desconhecido, do Presidente interino, Raimundo Pereira, e do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

No fim de semana, a CPLP anunciou, em reunião extraordinária realizada em Lisboa, a decisão de propor "uma força de interposição para a Guiné-Bissau, com mandato definido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas".

Passos condena "golpe ilegítimo" na Guiné-Bissau e diz que envio de força portuguesa..




... é "pura ação de prevenção"

ATF - Lusa

Lisboa, 16 abr (Lusa) - O primeiro-ministro afirmou hoje que o envio de militares portugueses para a zona da Guiné-Bissau é "uma pura ação de prevenção" para "salvaguardar interesses de cidadãos portugueses", mas que até agora não houve qualquer pedido "emergente de intervenção".

"É sabido que por ordem do Governo, e por instrução minha direta, as Forças Armadas portuguesas aprontaram uma força que tem como missão a eventual necessidade de resgate de cidadãos portugueses na Guiné-Bissau e não qualquer outra, esses meios têm estado em movimento de modo a que possam estar operacionais caso essa eventualidade se venha a colocar, trata-se de uma pura ação de prevenção destinada a salvaguardar os interesses dos cidadãos portugueses", afirmou Pedro Passos Coelho.

O chefe do Governo, que falava aos jornalistas no final de uma visita à Base Aérea nº6, no Montijo, disse esperar que não venha a ser necessário evacuar cidadãos portugueses da Guiné e que "a legalidade possa ser rapidamente reposta".

Passos Coelho adiantou que "Portugal tem estado ativo no plano diplomático, seja ao nível do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde já suscitou esta matéria juntamente com o Brasil, seja relativamente ao espaço da CPLP" com "intensas reuniões nos últimos dias que permitem apontar para uma consonância e articulação de posições".

"Trata-se de um golpe militar absolutamente ilegítimo ocorrido durante um processo eleitoral democrático e com instituições sufragadas democraticamente no pleno uso dos seus poderes", criticou Passos.

O primeiro-ministro sublinhou ainda que "toda a ação de condenação internacional deverá ter em conta não apenas a necessidade de salvaguardar fisicamente a integridade de todas as autoridades legítimas da Guiné, como ainda de apontar para a construção de um cenário de reposição da legalidade e estabilidade no território".

P3 Orion e C-130 portugueses estacionados na ilha cabo-verdiana do Sal



JSD (ATF/SBR) - Lusa

Cidade da Praia, 16 abr (Lusa) - Os aviões militares portugueses "P3 Orion" e "C-130" estão estacionados desde domingo à noite no aeroporto da ilha cabo-verdiana do Sal para apoiar eventuais operações de retirada de cidadãos portugueses da Guiné-Bissau.

Fontes oficiais confirmaram hoje à Agência Lusa que os dois aparelhos aterraram no aeroporto internacional Amílcar Cabral, devendo o "C-130", após descarregar material diverso, regressar a Lisboa.

As fontes, que solicitaram anonimato, confirmaram que Portugal solicitou também às autoridades cabo-verdianas a respetiva autorização para a corveta e a fragata portuguesas, que partiram também no domingo, utilizarem as águas territoriais do arquipélago.

Até agora, ninguém do Governo cabo-verdiano se mostrou disponível para comentar, quer a presença militar portuguesa no arquipélago, quer a evolução da situação político-militar na Guiné-Bissau.

Os dois navios e o avião, após o "C-130" regressar a Lisboa, integram a Força de Reação Rápida (FRI) que partiu no domingo de Portugal com o objetivo de, caso necessário, apoiar as operações de retirada de cidadãos portugueses da Guiné-Bissau, país que foi alvo de um golpe de Estado na quinta-feira.

No domingo, fonte oficial do Ministério da Defesa português disse à Lusa que os militares não têm, para já, qualquer operação definida, sublinhando que a decisão foi tomada na sequência do aumento do nível de prontidão da FRI.

A decisão de aumentar o nível de prontidão da FRI foi conhecida na sexta-feira, um dia depois do golpe militar de um autodenominado Comando Militar.

A FRI tem meios dos três ramos das Forças Armadas que variam consoante o tipo de missão, pode ser deslocada em 72 horas e é comandada pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA).

Na quinta-feira à noite um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.

Desde quinta-feira que se desconhece o paradeiro de Carlos Gomes Júnior e do Presidente interino, Raimundo Pereira.

A ação foi justificada por um autodenominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, como visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino e do Governo.

No sábado, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) decidiu "tomar a iniciativa" de propor "uma força de interposição para a Guiné-Bissau, com mandato definido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas".


Guiné-Bissau: Apoiantes de Carlos Gomes Júnior exigem regresso à ordem constitucional




FP - Lusa

Bissau, 16 abr (Lusa) - Partidos políticos, movimentos e personalidades que apoiaram Carlos Gomes Júnior na candidatura a Presidente da Guiné-Bissau condenaram o golpe de Estado de quinta-feira e exigiram "o restabelecimento imediato da ordem constitucional legalmente constituída".

Os apoiantes do candidato reuniram-se no domingo em Bissau e num comunicado hoje divulgado exigiram a libertação "imediata e incondicional" do Presidente interino, Raimundo Pereira, e do presidente e candidato do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), Carlos Gomes Júnior, ambos detidos pelos militares.

O mesmo comunicado exige o respeito pelas decisões do Supremo Tribunal de Justiça e a retoma do processo eleitoral, que deve culminar no dia 29, com a eleição de um novo Presidente da República.

Os participantes na reunião felicitaram ainda a comunidade internacional "pela decisão unânime de condenação do golpe de Estado, exigindo o restabelecimento da ordem constitucional".

No comunicado congratula-se particularmente instituições como a CPLP, CEDEAO, UA, UE e ONU.

Guiné-Bissau: Henrique Rosa indisponível para integrar solução para o país



FP - Lusa

Bissau, 16 abr (Lusa) - Henrique Rosa, candidato nas eleições presidências de março e antigo Presidente interino da Guiné-Bissau, afirmou-se hoje indisponível para "qualquer ação" para resolver a crise no país, decorrente do golpe de Estado em curso.

Na quinta-feira passada, os militares guineenses fizeram um golpe de Estado e prenderam o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

Henrique Rosa falava numa conferência de imprensa que juntou os candidatos (ou seus representantes) que contestaram a validade das eleições presidenciais de março, ganhas por Carlos Gomes Júnior.

Kumba Ialá, líder do maior partido da oposição (PRS), também se manifestou, por gestos, indisponível para a solução do problema.

Henrique Rosa lembrou que no próprio dia do golpe de Estado os cinco já tinham dito que tinham esgotado o caminho junto das instituições legais "e que tinham chegado ao fim em termos de reivindicações".

"Eu já disse que não estou disponível e os cinco não estamos", disse, quando questionado sobre que contributos poderiam dar para resolver a crise no país.

"Não nos cabe a nós, hoje há outros mestres a bordo, cabe ao Comando Militar e são os partidos políticos que estão na arena", disse.

Presidente da Comissão da CEDEAO e vários ministros estão hoje em Bissau



FP - Lusa

Bissau, 16 abr (Lusa) - Uma delegação da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), liderada pelo presidente da Comissão, Desiré Ouedraogo, estará hoje em Bissau para se encontrar com os militares guineenses.

Os militares protagonizaram na última quinta-feira um golpe de Estado na Guiné-Bissau, prendendo o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

A delegação, segundo um comunicado hoje divulgado, deverá entregar uma mensagem especial dos chefes de Estado aos militares, "reiterando a posição" da instituição "de rejeição da tomada do poder" da semana passada e "insistindo na imediata restauração da ordem constitucional".

A delegação integra, entre outros, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Costa do Marfim e da Nigéria, e os chefes da Defesa do Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Conacri, Nigéria e Senegal.

Incluem-se ainda representantes da União Africana e das Nações Unidas e forças políticas dos vários países-membros da CEDEAO.

"A delegação vai reafirmar a rejeição do golpe de Estado, que tem sido condenado pela comunidade internacional, incluindo pela ONU e pela União Africana, exigindo à junta militar a restauração Imediata do respeito pela Constituição", diz o comunicado.

A CEDEAO "expressa em particular o seu desagrado" por o golpe de Estado ter decorrido poucos dias depois de uma missão conjunta da CEDEAO/ONU e União Africana se ter reunido com a hierarquia militar guineense "para avisar sobre a sua discordância com qualquer tentativa ou tentação" de prejudicar o processo eleitoral em curso.

O comunicado avisa que os golpistas serão responsabilizados pela segurança dos líderes políticos, população e instituições e relembra que a CEDEAO tem "tolerância zero para qualquer chegada ao poder que não seja por meio constitucional".

Antes do golpe, o Conselho de Mediação e Segurança da CEDEAO já tinha recomendado o envio de um contingente militar à Guiné-Bissau, para substituir a missão angolana (Missang), para "assegurar a implementação efetiva do mapa regional para a reforma de Defesa e Segurança" na Guiné-Bissau e para assegurar a segurança no âmbito da segunda volta das eleições presidenciais, que estava marcada para o próximo dia 29.

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