segunda-feira, 28 de julho de 2014

Portugal: A SORTE DE CARLOS DO CARMO




Na mesma semana, o cantor teve duas alegrias: recebeu um prémio internacional pela sua carreira e não recebeu os parabéns do Presidente da República. Isto, para mim, é a definição de prestígio

Ricardo Araújo Pereira – Visão, opinião

A comoção que provocou o facto de Cavaco Silva não ter endereçado votos de parabéns a Carlos do Carmo é injustificada. Que se lixe Carlos do Carmo, esse sortudo. Na mesma semana, o cantor teve duas alegrias: recebeu um prémio internacional pela sua carreira e não recebeu os parabéns do Presidente da República. Isto, para mim, é a definição de prestígio. Desconfiamos que alguma coisa está mal na nossa vida quando Cavaco Silva nos distingue. Recordo que Cavaco distinguiu Dias Loureiro com a sua amizade e Oliveira e Costa com o lugar de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. A recusa de fazer chegar um parabém a Carlos do Carmo acrescenta honra à semana já honrosa do fadista. Foi dos mais belos ultrajes que já vi, uma das mais dignificantes desconsiderações que o Presidente já concedeu.

Há um poema de Bertolt Brecht (que também nunca foi felicitado por Cavaco Silva) em que um escritor descobre, horrorizado, que as suas obras não constam da lista de livros que os nazis pretendem queimar em público, e escreve uma carta indignada ao governo a exigir que o queimem também. Suponho que haja, neste momento, várias pessoas condecoradas ou parabenteadas por Cavaco a passar por uma indignação semelhante. Porque é que Carlos do Carmo e José Saramago merecem o menosprezo do Presidente e elas não? Que mal fizeram elas ao País para terem caído nas boas graças de Cavaco?

O que nos leva a uma reflexão mais profunda sobre o mérito de Carlos do Carmo. Sim, é um excelente cantor e um nome cimeiro do fado. Mas fez assim tanto para ser abominado por Cavaco? Cristiano Ronaldo e o ciclista Rui Costa também parecem ser pessoas decentes, e no entanto foram felicitados pelo Presidente, quando ganharam, respectivamente, uma Bola de Ouro e uma Volta à Suíça. Há filhos e enteados, nisto dos desdéns que enobrecem?

Talvez Cavaco não tenha agraciado Carlos do Carmo com o seu desprezo propositadamente. Há outros factores que podem ter levado o Presidente a distinguir o fadista com esta ausência de congratulações. Uma chamada local custa 0,0861€ no primeiro minuto e 0,0391€ por minuto nos minutos seguintes, já com o IVA incluído. A factura de um telefonema de felicitações a Carlos do Carmo poderia ascender a cerca de um euro, porque todos sabemos como são estes fadistas quando a gente os saúda pelo telefone: nunca mais se calam. É isto, e aquilo, e os tempos da Severa, e quando damos por ela estamos ao telefone há mais de cinco minutos. Um telegrama tem a vantagem de não fazer falar o fadista, mas custa à volta de três euros. Ora, Cavaco já disse que o dinheiro não lhe chega para as despesas, e no fim do ano passado já felicitou o tenista João Sousa pela vitória no torneio de Kuala Lumpur: "Não posso deixar de dirigir uma felicitação muito, muito sincera e com um grande sublinhado porque projecta o nome de Portugal para o 'top' daqueles que se destacam na prática do ténis". Deve ter sido uma felicitação dispendiosa, porque era muito, muito sincera e incluía um grande sublinhado. Até 2015, não deve ter orçamento para mais parabéns. 

Portugal – EXCLUSIVO: O INTERROGATÓRIO DE RICARDO SALGADO




Em função das fontes, poços, minas de água, nascentes, piscinas e aquíferos que o Comendador tem na Justiça, conseguiu em primeira mão, primeiro pé e em exclusivo, relatar todo o interrogatório de Ricardo Salgado. Ei-lo (ou eize-le-io, para quem preferir):

Comendador Marques de Correia – Expresso, opinião

O ex- presidente do BES é conduzido até à sala de interrogatórios onde há uma secretária e cinco cadeiras, além de uma mesa com seis cadeiras e uma cadeira sem mais nada. 

Justiça - Muito bem-vindo, dr. Salgado. Pode sentar-se.

Ricardo - Obrigado! Mas gostava de saber por que razões não me deixaram vir pelo meu pé e me foram buscar às sete da manhã?

Justiça - Dr. Salgado, qual foi a coisa mais importante que fez na vida, tirando os filhos?

Ricardo - O Banco que recuperei depois de o Estado nos ter roubado (além das amizades que construí e dos laços de parentesco que criei).

Justiça - Pois, mas nós e os homens que o foram buscar às sete da manhã a coisa mais importante que fizémos na vida foi detê-lo e não íamos perder esta oportunidade!

Ricardo - Compreendo. As oportunidades não se devem perder...

Justiça - É precisamente o que nos traz aqui. Que fez ao dinheiro (impublicável por estar em segredo de Justiça) que (segredo de Justiça) na Suíça?

Ricardo - O Álvaro (segredo de Justiça), sim de Angola (segredo de Justiça) e os tipos que agora têm a mania que (segredo de Justiça). O senhor não lê o que escreve o (segredo de Justiça) no (segredo de Justiça)?

Justiça - (Tudo cortado por segredo de Justiça).

Ricardo - Ah! Isso é calúnia, até porque (segredo de Justiça). Basta ver que o meu primo Ricciardi (segredo de justiça)...

Justiça - Bom veremos... Mas temos aqui (segredo de justiça).

Ricardo - Isso parece-me (segredo de justiça que dura quatro horas).

Justiça - Somos obrigados a propor-lhe uma caução de três milhões...

Ricardo - Em cheque do (segredo de justiça) ou posso transferir do (segredo de justiça).

Justiça - (Segredo de Justiça).

Ricardo - Saibam que colaborarei sempre e vou lixar os (segredo de justiça).

Justiça - Esperemos bem que sim...

Ricardo - Até à próxima... 

Cabo Verde - A convergência não chega: PAICV e os seus moinhos de vento



A Semana (cv)

Está aberto o processo para uma eventual convergência dos quatro candidatos – Cristina Fontes (CF), Felisberto Vieira (FV), Janira Hopffer Almada (JHA), Júlio Correia (JC) - para que o PAICV saia incólume da dura prova de fogo que vai enfrentar no dia 14 de Dezembro deste ano : a escolha de uma nova liderança consensual o quanto baste para manter as suas aspirações de partido do arco do poder. Até lá, uma grande questão está sobre a mesa: quem sacrificará o seu projecto político no altar dos "superiores" interesses do partido? O analista José Maria Semedo considera que a convergência só será possível com a desistência de dois candidatos – um de cada ala - o que, pelo andar da carruagem, se afigura uma hipótese cada vez mais remota. Já Geraldo Almeida acredita que o PAICV está frente a um dilema que, pendendo numa ou noutra direcção, vai implicar custos políticos para a sua imagem. Ou sacrifica a democracia interna, mandando para o "brejo" as primárias e nomeando o candidato que lhe dá mais garantias. Ou encara o partido tal como é: dividido em quatro alas com as suas imponderáveis consequências, a pouco mais de um ano das eleições gerais no país.

As notícias que vão chegando à nossa Redacção dizem que ninguém arreda pé. Filú, que além de confiar no seu domínio sobre o maior círculo eleitoral do país (Santiago-Sul, com 11 mil dos quase 30 mil membros com capacidade eleitoral activa a nível nacional) diz que tem com ele os maiores cabos eleitorais do PAICV, em todo o país. Portanto, "dja ganha dja".

Júlio conta com o "bastião tambarina do Fogo", mas também com Praia e os foguenses espalhados por todo o país e diáspora. A isso soma alguns históricos pesos-pesados do PAICV, muitos intelectuais, seus naturais simpatizantes e amigos para dizer que nem um terramoto lhe vai impedir a caminhada, alicerçada em "bases muito sólidas".

Cristina, segunda figura do actual governo, esgrime o seu percurso de governação, peso político e intelectual caldeados em mais de uma década na linha da frente de todos os combates do país, e finca a bandeira da experiência para dizer que o lugar é naturalmente seu. Ademais, diz que o apoio dos militantes não faz mais do que crescer à volta da sua"causa". E de forma exponencial, garante.

Já a irreverente e jovem Janira Hopffer Almada escuda-se numa sondagem que lhe estará concedendo 52 por cento das intenções de voto dos militantes, contra 38% do Filú e 8% da Cristina para sentir-se vitoriosa desde já. Tanto é assim que não vai negociar com ninguém, não precisa. Os outros que venham negociar com ela, se quiserem. O enigma que falta desvendar é se os muitos jovens militantes do PAICV que dizem apoiar Janira estão inscritos nos cadernos que vêm das últimas eleições de José Maria Neves – na sua última reunião, o Conselho Nacional decidiu que nesta altura do campeonato não podem ser mexidos, ou seja, os novos militantes vão ter que esperar para uma próxima oportunidade.

Mas se o PAICV vai estar tentado a eleger quem está melhor posicionado para lhe dar os votos da juventude e da comunidade pobre, a experiência é também um trunfo forte para um partido que, estando no poder, prefere jogar no seguro e não é muito dado a grandes aventuras. Portanto, no dia 14 de Dezembro os tambarinas terão que escolher entre a experiência e a renovação.

E é neste clima de "ku mi ka podedu" que os outros dirigentes do PAICV vão ter que encontrar o "meio termo", o caminho para os superiores interesses de um partido que pouco mais de um ano depois destas eleições internas terá que encontrar o seu lugar num país que vai a votos em 2016, para escolher os seus novos dirigentes.

Marcado que está para o final da primeira quinzena de Dezembro as eleições directas para a escolha do novo líder do PAICV, começam as movimentações com vista a uma possível convergência entre os quatro concorrentes ao cargo. Com os olhos postos nas legislativas de 2016, a ideia é tentar até ao último minuto um consenso que incentive a democracia interna, ao mesmo tempo que salvaguarda a coesão do partido. Tarefa difícil, a julgar pelo andar da carruagem.

O processo conheceu o seu primeiro grande impulso com uma reunião no passado dia 11, entre o líder cessante José Maria Neves e os quatro aspirantes à sua cadeira. A fazer fé nas informações recolhidas por este jornal, no encontro que decorreu na Praia, Neves pediu aos pré-candidatos para acautelarem a unidade interna, socializando um único ou dois candidatos à liderança do PAICV.

Para altos dirigentes do partido no poder, o mais provável é que Júlio Correia, cujo apoio não parece ser ainda tão notável a nível das estruturas, junte-se a Filú. Isto, atendendo à penetração deste último, conhecido como militante todo o terreno e um dos mais combativos dirigentes do PAICV, sobretudo na região de Santiago-Sul. Os responsáveis desejam ainda que o mesmo aconteça com as duas ministras concorrentes – Cristina Fontes e Janira Hopffer Almada – que podem fundir-se numa só candidatura. Almada mobiliza sobretudo os militantes mais jovens que apostam na renovação e Fontes conta principalmente com o apoio de quadros com funções de responsabilidade no aparelho do Estado e que estão próximos da elite no poder.

Perspectiva bem diferente têm os observadores independentes ouvidos por este jornal. Estes advogam que tudo vai depender de vários factores e de quem vai sacrificar o seu projecto político em nome dos interesses em jogo, sejam eles partidários ou de carácter pessoal.

Convergência Júlio-Filú

Para Geraldo Almeida, o cenário de convergência entre Júlio Correia e Felisberto Vieira é mais fácil e depende unicamente da vontade deles. «São ambos dirigentes históricos do PAICV, têm uma trajectória humanista, às vezes romântica, da política como no caso de FV, o que não é necessariamente negativo. Por isso, a convergência JC e FV é fácil».

Porém, Almeida vê com mais dificuldade uma aproximação entre Cristina Fontes e Janira Hopffer Almada. «Cristina Fontes representa a ala conservadora do partido. É uma das principais responsáveis pela não concretização de medidas que podiam ter contribuído para uma maior democratização deste país, quais sejam a instalação do Tribunal Constitucional, a reforma do contencioso administrativo que regista um atraso considerável na sua implementação». Por outro lado, acredita que Janira Hopffer Almada tem uma visão e postura diferente nestas e noutras matérias. «Janira é pela instalação imediata do TC, advoga uma reforma do contencioso administrativo que reduza substancialmente as prerrogativas do Estado e o coloca ao lado das empresas - veja a aproximação da Janira aos empresários», sustenta este jurista.

Geraldo sublinha ainda que Janira tem «uma visão progressista», às vezes até com algum exagero, como tem acontecido com as normas que tem proposto em sede de revisão da legislação laboral. «Só neste ponto tem faltado à Janira uma visão realista que busque o equilíbrio entre a dimensão social e a dimensão económica. Não obstante isso, uma eventual aproximação entre Cristina e Janira só faria sentido enquanto casamento de conveniência para projectar a candidata mais jovem», entende o interlocutor deste jornal, para quem pela aceitação que já granjeou junto da massa jovem, das famílias, dos movimentos de solidariedade e da comunidade empresarial «jamais Janira Hopffer Almada irá aceitar sacrificar-se no Altar dos Deuses a favor de Cristina Fontes».

Perigo de balcanização

No contraponto, Geraldo Almeida já não está tão seguro quanto à infalibilidade do factor juventude da Janira. Para este analista político que navega mais à vontade nas águas democratas-cristãs da UCID, a face jovem da Janira representa um pau de dois bicos: entre os militantes muitos acham que ela é ainda jovem demais para liderar um partido com o peso histórico do PAICV e, no seio da juventude, aparece como representante da comunidade jovem. «O PAICV vai ter, portanto, que ponderar entre eleger quem está melhor posicionado para lhe dar os votos da juventude e da comunidade pobre ou fazer a cooptação - nomear um candidato», comenta GA.

Já José Maria Semedo considera que a hipótese da convergência só será possível mediante a desistência de pelo menos dois concorrentes – um de cada ala. Uma possibilidade que diz ser pouco exequível, por considerar que existem quatro interessados firmes no posto em disputa.

«Na ala Felisberto Vieira – Júlio Correia seguramente irá ponderar o peso do Filú na Praia, que ficou, no entanto, fragilizado com a sua derrota frente ao actual líder do MpD e presidente da Câmara da Praia(Ulisses Correia e Silva), onde mantém certa força. O Júlio Correia está menos desgastado na Praia - o maior círculo eleitoral do País -, embora possa estar um pouco queimado na ilha do Fogo», avança.

Referindo-se à dupla constituída pelas duas mulheres, José Maria Semedo faz questão de realçar que «compete registar a longa experiência de Cristina Fontes, que poderá ter liderança no partido, mas menos na sociedade civil». Sobre este particular, diz o analista que «tudo vai depender da aceitação da Janira Hopffer Almada junto da camada jovem, já que é considerada inexperiente, apesar de mostrar muita garra nas disputas eleitorais e capacidade de luta pelos objectivos».

Diante de tudo isto, Semedo diz que, apesar dos pesares de cada um, não é de se descartar um outro cenário possível: a disputa final entre Júlio e Janira. Isto «porque Filú estaria em desvantagem no maior círculo eleitoral do País e Cristina tem pouca liderança na sociedade civil», o que pode de certa forma influenciar o voto dos militantes na hora de escolherem o seu candidato a primeiro-ministro.

O comentarista defende que a convergência entre os quatro candidatos evitaria a balcanização do PAICV. «A convergência entre os quatro candidatos seria mais saudável para o PAICV, evitando a balcanização do partido, tanto a nível dos militantes como a nível da sociedade civil».

É que, segundo fundamenta José Maria Semedo, atendendo à tradição das campanhas eleitorais em Cabo Verde, podem surgir troca de acusações com base nos pontos fracos de cada um, que serão levadas à praça pública. «Por isso, entre dois candidatos as convergências seriam maiores, embora persistisse o confronto frente a frente», pontua.

Geraldo Almeida remata, por seu lado, considerando improvável que o PAICV repita o erro das últimas presidenciais, que está ainda muito vivo na memória dos militantes. «Penso que os militantes não cometerão o mesmo erro de deixar José Maria Neves escolher o seu sucessor. Por isso, vejo com mais facilidade uma convergência entre Felisberto Vieira, Júlio Correia e Janira Hopffer Almada, com sacrifício dos dinossauros. E a favor de Janira Hopffer Almada. Sendo assim, Filú e Júlio abdicariam a favor da Janira, sendo seus vices, permanecendo aquilo que já são: referências morais e humanistas do PAICV», conclui Almeida.

São Tomé e Príncipe: PINTO MARCOU A DATA DAS ELEIÇÕES



Carlos Semedo – Téla Nón, opinião (st)

Meus Caros

Pinto marcou a data das eleições!

O coro de “janizaros” já se não faz ouvir!

Afinal onde estão as derivas para a ditadura que motivaram uma alegada queixa ao TPI? Afinal estas derivas não estarão na “massa do sangue” dos que a esgrimem durante e enquanto nisso têm interesse e depois se escondem  para “chocar” mais ovos podres?

A democracia que antes estava em perigo deixou de estar?

Entendo que os erros do passado devem estar sempre presentes quando refletimos sobre o “presente” e o “futuro”, por isso as lições da história devem sempre ser tiradas.

A minha posição atual sobre Pinto da Costa, como éda “lei da vida” foi mudando.

Quando jovem licenciado por Coimbra em 1978, recusei ir para o nosso paÍs, porque disse ao tempo ao “Ginho”, ministro da educação de Pinto da Costa que queria falar e pensar “livremente”, o que não me seria permitido na altura.

Existiram erros de governação, certo, erros de formação e orientação política claro, erros e desvios de “ditadura” de partido único, concordo.

Ficou tudo na mesma? Não! e por isso, evoluí como é fruto da análise, da reflexão e da experimentação!

Qual foi o primeiro dirigente africano dos países saídos do colonialismo e que governaram em ditadura do partido único,  a abrir o pais ao pluralismo e dar caminho à democracia?  Pinto da Costa, no que foi seguido pelos caboverdeanos.

Porque então só culpar Pinto da Costa dos desvarios e desmandos dos políticos do pluralismo de 1991 até à data ?

Dos desgovernos e erros de Gabi? Se ele governa com o apoio parlamentar, porque culpar unicamente Pinto da Costa e não culpar os partidos que estão com assento parlamentar e viabilizam a governação? E onde para a oposição do partido mais votado? Mostrem, sem gritos ou murros, uma ação de oposição, consequente, inteligente e credível!

E reflitam, mesmo os que são ou foram a favor do Diálogo Nacional!! Ah e também os que estiveram e estão contra.

Qual o atual dirigente africano que tem a coragem de se “expor” no meio do seu “povo” pelo menos de todos os que quiseram e puderam participar, lhes dão microfone para as mãos para poderem falar livremente, na sua presença, sem censura  ou perseguição?

Votem nalgum ou escolham um de todos os que governam em África!

Porém, Pinto da Costa sentou-se numa sala repleta de gente, com as rádios a televisão e os jornais a transmitirem em sinal aberto, e abriu os microfones, para que falassem, refletissem e dissessem tudo o que lhes ia na alma e no pensamento.

Para mim, este comportamento de Pinto da Costa, representa uma “segunda abertura” ao pluralismo, desta vez “mais profunda” e maior alcance, pois se trata de total abertura para a liberdade de expressão do pensamento pela palavra aberta ao mundo. para a construção de política pela crítica aberta e de viva voz, sem perseguições ou pressões.

É uma revolução mais profunda pois irreversível, de ter posto o seu povo a falar, agora venham dizer lhes para se calar ou algum soba ou régulo partidário que lhes venham dizer que não podem falar!

Se a primeira abertura ao pluripartidarismo me mostrou um Pinto da Costa mais maduro e diferente, agora esta atitude de estar no meio do seu povo e de lhes dar a palavra, consolidou a minha convicção de que os homens podem mudar e querer coisas diferentes, como um “mais velho” no conceito tradicional do nosso povo !

Só os que não evoluem, não querem ver, como o pior cego!

Compreendo que os que sofreram e não querem ou não podem ou não sabem perdoar, o homem e até desconfiar da mudança,

Mas não saber ver? Ou não querer ver?

Será que Pinto tem mostrado que não quer o governo de Patrice?

Só porque não dissolveu a Assembleia?

Recordam-se do PR no seu discurso inicial e nos posteriores ter dito que preservaria a estabilidade governativa?

Será Pinto da Costa também o diabolizado culpado das cenas de pugilato “urros e berros” na Assembleia?

Será que Pinto da Costa tem feito o que fizeram Trovoada e Fradique?

Bom, escrevo para dizer que por mim estou farto, discordem, concordem, falem bem ou mal, mostrem me que estou a “ver mal” mas vamos ser honestos e ver para além do “clubismo” e já não se trata só de dar o benefício da dúvida, para fazermos a mudança!

INTENÇÃO VELADA DE A ALEMANHA INTEGRAR OS BRICS ASSUSTA OS EUA



Carl Edgard, com agências internacionais - de Nova York, EUA, Moscou e São Paulo, em Correio do Brasil

Os piores pesadelos do presidente Barack Obama têm ganhado forma, em uma velocidade com a qual ele não contava, no front financeiro. Uma análise do doutor em Estatística Jim Willie, PhD na matéria pela Carnegie Mellon University, nos EUA, afirma categoricamente que a Alemanha está prestes a abandonar o sistema unipolar apoiado pela Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) e os EUA, para se unir às nações dos Brics, o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, razão pela qual a agência norte-americana de espionagem NSA ampliou suas escutas à lider germânica Angela Merkel e terminou flagrada por agentes do serviço secreto alemão, após as denúncias do ex-espião Edward Snoden. Em entrevista ao blogueiro Greg Hunter, editor do USA Watchdog, Willie afirmou que a verdadeira razão por trás do recente escândalo de espionagem da NSA, visando a Alemanha, é o clima de medo que ronda o governo norte-americano de que aspotências financeiras da Europa estejam procurando fugir do inevitável colapso do dólar.

Editor de um boletim financeiro a partir de Pittsburg, no Estado norte-americano da Pensylvania, Jim Willie afirma que o apoio dos EUA à Ucrânia e as consequentes sanções impostas à Rússia integram o esforço dos EUA de tentar segurar o êxodo europeu no campo econômico e político, em nível mundial. “Aqui está a grande consequência. Os EUA, basicamente, estão dizendo à Europa: você tem duas opções aqui. Junte-se a nós na guerra contra a Rússia. Junte-se a nós nas sanções contra a Rússia. Junte-se a nós nas constantes guerras e conflitos, isolamento e destruição à sua economia, na negação do seu fornecimento de energia e na desistência dos contratos. Junte-se a nós nessas guerras e sanções, porque nós realmente queremos que você mantenha o regime do dólar. (Em contrapartida, os europeus) dizem que estão cansados do dólar… Estamos empurrando a Alemanha para fora do nosso círculo. Não se preocupem com a França, nem se preocupem com a Inglaterra, se preocupem com a Alemanha. A Alemanha tem, no momento, 3 mil empresas fazendo negócios reais, e elas não vão se juntar às sanções”.

Willie continua: “É um jogo de guerra e a Europa está enjoada dos jogos de guerra dos EUA. Defender o dólar é praticar guerra contra o mercado. Você está conosco ou está contra nós?”.

Quanto à espionagem da NSA sobre a Alemanha, Willie diz: “(Os espiões norte-americanos) estão à procura de detalhes no caso de (os alemães) passarem a apoiar a Rússia sobre o ‘dumping’ ao dólar. Eu penso, também, que estão à procura de detalhes de um possível movimento secreto da Alemanha em relação ao dólar de união aos Brics. Isto é exatamente o que eu penso que a Alemanha fará”.

Willie calcula que, quando os países se afastarem do dólar norte-americano, a impressão de dinheiro (quantitative easing, QE) aumentará e a economia tende a piorar. Willie chama isso de ‘feedback loop’, e acrescenta: “Você fecha o ‘feedback loop’ com as perdas dos rendimentos causados pelos custos mais elevados que vêm da QE. Não é estimulante. É um resgate ilícito de Wall Street que degrada, deteriora e prejudica a economia num sistema vicioso retroalimentado… Você está vendo a queda livre da economia e aceleração dos danos. A QE não aconteceu por acaso. Os estrangeiros não querem mais comprar os nossos títulos. Eles não querem comprar o título de um banco central que imprime o dinheiro para comprar o título de volta! A QE levanta a estrutura de custos e causa o encolhimento e desaparecimento dos lucros. A QE não é um estímulo. É a destruição do capital”.

Na chamada “recuperação” a grande mídia tem batido na mesma tecla durante anos, Willie diz: “Os EUA entraram em uma recessão da qual não sairão até que o dólar tenha desaparecido. Se calcular-mos a inflação corretamente… Veremos uma recessão monstro de 6% ou 7% agora. Não creio que a situação melhore até que o dólar seja descartado. Portanto, estamos entrando na fase final do dólar”.

“Você quer se livrar de obstáculos políticos? Vá direto para o comércio e negócios. Por que é que a Exxon Mobil continua realizando projetos no Ártico e no mar Negro (na Crimeia) com os russos e suas empresas de energia? Nós já temos empresas de energia dos Estados Unidos desafiando nossas próprias sanções, e mesmo assim estamos processando os bancos franceses por fazerem a mesma coisa. Isso é loucura. Estamos perdendo o controle”, aponta.

Um mundo não norte-americano

No Brasil, a cúpula realizada em Fortaleza, na semana passada, durante a qual foi criado o Novo Banco de Desenvolvimento, chamou a atenção do mundo para o próprio projeto de desenvolvimento do bloco, bem como para o papel da China e da Rússia nesta organização. O vice-diretor do Instituto de Estudos do Extremo Oriente da Academia de Ciências da Rússia, Serguei Luzyanin, anda em paralelo à linha traçada por Willie. Leia, adiante, a entrevista que Luzyanin concedeu à agência russa de notícias VdR:

– Foi referida a criação do embrião “de um mundo não norte-americano”. Porque é que os BRICS não gostam da América do Norte?

– A cúpula brasileira ficou para a história enquanto o mais fértil encontro do “quinteto” – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A sua fertilidade não ficou apenas patente na criação de instrumentos financeiros – o Banco de Desenvolvimento e Arranjo Contingente de Reservas – mas, sobretudo, no nível de empenho dos líderes dos Brics – no auge da Guerra Fria 2.0, quando os norte-americanos tentam esmagar qualquer um que age à revelia das “recomendações” de Washington – em criarem o seu embrião “de um mundo não norte-americano”. No futuro, outros projetos poderão estar ligados ao desenvolvimento dos Brics, como a Organização de Cooperação de Xangai (RIC). O importante é que, de fato, existe a concepção “de um mundo não norte-americano” que se desenvolve ativamente e de forma concreta. Os Brics parecem prestes a se tornar o epicentro deste novo fenômeno. Não é preciso ser um político habilidoso para sentir que os povos e as civilizações dos países em vias de desenvolvimento estão cansados de “padrões norte-americanos” impostos. Aliás, padrões para tudo, economia, ideologia, forma de pensar, os “valores” propostos, vida interna e externa, etc. O mundo inteiro viu pela TV o aperto-de-mão dos cinco líderes dos Brics, ao qual, passado uns dias, se juntou praticamente toda a América Latina. É discutível se, neste impulso comum, existiu uma maior dose de contas pragmáticas ou de solidariedade emocional, mas, uma coisa é certa, nele não houve qualquer amor pela América do Norte. E isso ainda é uma forma polida de colocar as coisas.

– E quanto à adesão da Argentina, quem, no Sul, irá “apoiar” os EUA?

– Para a Índia os Brics são uma oportunidade de reforço na Ásia Austral e de desenvolvimento econômico fora da alçada da Ocidente. A motivação regional é conjugada com expectativas financeiras e tecnológicas que unem a África do Sul e o Brasil. No futuro, o “segmento” latino-americano poderá ser reforçado. Muitos peritos esperam que o “quinteto” seja alargado através da adesão da Argentina ao projeto. Ultimamente tem existido um desenvolvimento fulgurante das relações bilaterais da Rússia e da República Popular da China com países da América Latina, em setores como o tecnológico-militar, comercial, de investimento e energético. Neste quadro, as visitas em Julho de Vladimir Putin e de Xi Jinping marcaram o tendencial círculo de potenciais aliados dos Brics, nomeadamente Cuba, Venezuela, Nicarágua, Argentina, entre outros. Como é sabido, geograficamente, a America Latina “apoia”, a partir do Sul, os EUA. O reforço dos Brics, nessa zona sensível para os norte-americanos, é um trunfo adicional para o mundo em vias de desenvolvimento.

– Relativamente à “descoberta” muçulmana dos BRICS. Como será a institucionalização?

– Também se estuda o prolongamento dos Brics da direção do Islã, onde também existe descontentamento face ao domínio norte-americano. Espera-se que, após a entrada da Argentina, a fila de adesão aos Brics seja engrossada pelo maior, em termos de população, país muçulmano do mundo (cerca de 250 milhões), ou seja, a Indonésia. Ela, seja pela sua ideologia, seja pela ambições, nasceu para aderir ao projeto e assim fechar a região do Sudeste Asiático. O novo governo indonésio confirma a sua intenção de desenvolver o relacionamento com os Brics. A entrada da Indonésia encerrará a “corrente regional” que englobará as principais regiões do mundo. Além disso, cada um dos países dos Brics irá representar a “sua” região, tornando-se no seu líder informal. Brasil a América Latina, RAS a África, Rússia a Eurásia, China o Nordeste da Ásia, Indonésia o sudeste asiático. Os futuros cenários de desenvolvimento do projeto poderão ser diversos. Mas um deles já é atualmente equacionado e de forma bastante concreta. Num futuro próximo, os líderes dos BRICS deverão trabalhar no sentido da institucionalização do projeto, nomeadamente através da criação de um fórum de membros permanentes (atualmente são cinco Estados), e um fórum de observadores e de parceiros de diálogo.

– Há alguma chance de os EUA dialogarem?

– É possível que, com tempo, os EUA sejam obrigados a dialogar com os Brics. Porém, não parece ser algo que venha a ter lugar num futuro próximo. Hoje o projeto está em ascensão. Ele combina, organicamente, as vantagens de diversas civilizações, economias e culturas políticas. Aqui não existem imposições nem domínios de um só país. É claro que existem incongruências, algumas “divergências e visões diferentes quanto à concretização de alguns projetos internacionais. Mas não são diferendos estratégicos. Trata-se de questões objectivas, que surgem, normalmente, nas relações internacionais do mundo político. Os Brics acabam por ser o reflexo bastante preciso do nosso mundo multifacetado e bastante complexo.

Médio Oriente: Mesmo sob ataque, mais de 30 brasileiros permanecem em Gaza




Os que continuam na zona de conflito alegam motivos pessoais, "medo, ou não ter para onde ir", diz relatório Representação do Brasil na ANP

Opera Mundi, São Paulo, 26 julho 2014

Mesmo com a escalada de violência entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza, iniciada no começo de junho, 31 brasileiros permanecem em suas casas. De acordo com o Escritório de Representação do Brasil na Autoridade Nacional Palestina, em Ramala, na Cisjordânia, os que continuam na zona de conflito alegam motivos pessoais, familiares, "ou não ter para onde ir e até medo de sair de casa".

Outros 12 brasileiros que moram no local – sendo 11 de duas famílias, primas entre si, e uma mulher cuja família já estava no Cairo – atravessaram a fronteira para o Egito. Uma freira brasileira foi para Belém, na Cisjordânia, e mais duas mulheres, mãe e filha, serguiram para a Jordânia. Quando o conflito se iniciou, a representação brasileira entrou em contato com os brasileiros na região e, em seguida, com a Organização das Nações Unidas (ONU) e as autoridades dos países para onde os brasileiros pretendiam se deslocar.

Entre os brasileiros, poucos são nascidos no Brasil e os outros herdaram a cidadania brasileira por serem filhos de brasileiros ou de palestinos que viveram no Brasil e conquistaram a cidadania depois de um tempo. Com exceção das duas mulheres que foram para Amã, na Jordânia, os demais brasileiros tiveram de se deslocar por conta própria até a fronteira. Mãe e filha tiveram auxílio da ONU e foram transportadas em um comboio com vários estrangeiros. Todos os deslocamentos são feitos em “janelas de oportunidade” ou “tréguas humanitárias”, como são chamados os curtos períodos de cessar-fogo.

Vários relatos, no entanto, indicam que muitos estrangeiros, incluindo brasileiros que permanecem em Gaza, têm medo de sair de casa até mesmo para deixar a região. O risco de se tornarem alvos existe. Das mais de 950 mortes registradas até o 19º dia do conflito, mais de 70% referem-se a civis, segundo a ONU. Escolas e igrejas, que servem de refúgio, estão lotadas. Com 41 quilômetros (Km) de cumprimento e de 6 km a 12 km de largura, a Faixa de Gaza tem área total de 365 km², quatro vezes menor do que o município de São Paulo.

Poucos minutos antes de Israel e Hamas darem início às 8h locais (2h de Brasília) de hoje (26) um cessar-fogo humanitário de 12 horas, pelo menos 12 civis morreram e outros 50 ficaram feridos durante um bombardeio israelense contra um edifício residencial ao sul da Faixa de Gaza.

Ainda nesta madrugada, a escalada de violência na Cisjordânia –  território palestino situado à leste de Israel – resultou na morte de pelo menos 5 palestinos que protestavam contra o Exército de Tel Aviv e contra a atual operação “Margem Protetora”, em funcionamento desde 8 de julho.

Durante a trégua humanitária, serviços de emergência encontraram na manhã deste hoje ao menos 130 corpos de homens, mulheres e crianças em escombros. Tais buscas elevaram o número de mortos para 1.030, aponta o Ministério da Saúde de Gaza, citada pela Efe.

Paralelamente, a Cisjordânia foi palco de diversas manifestações de repúdio às medidas tomadas pelo governo e pelo Exército israelense em Gaza. Segundo a Al Jazeera, milhares tomaram as ruas em cidades como Hebron e Belém. Em resposta, as Forças Armadas de Tel Aviv usaram gás lacrimogêneo e outros mecanismos para dispersar a multidão.

(*) Com Agência Brasil



O PERIGO DE DESPREZAR O SECESSIONISMO!



Eugénio Costa Almeida* - Pululu

Num recente artigo o magazine “Le Courrier International” (edição nº. 1234, de 26.Junho-2.Julho.2014) apresenta-nos um Médio Oriente sob o espectro do secessionismo devido, em grande parte, aos movimentos islamitas locais e, em particular, ao ataque dos jihadistas do califado do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

De acordo com o mapa apresentado alguns Estados da região que se apresentam, tecnicamente, consolidados, acabam por se verem cindidos em vários novos Estados; por exemplo o reino saudita é dividido em três ou cinco novos Estados, os iemenitas voltam a se dividirem em Norte e Sul; o Iraque não só desaparece como entidade una, como o ataque dos islamitas do califado permitirá, segundo aquele mídia internacional, que o Curdistão ressurja das cinzas o que, naturalmente, poderá provocar sérios conflitos nos países por quem o Curdistão foi dividido: Turquia, Síria, Iraque, Irão…

Também a Síria poderá desaparecer dando lugar a um novo e minúsculo Estado Alaouita e parte restante integrada num Estado Sunita juntamente com parte do Iraque. E não esquecer que o EIIL visa não só a restauração do Califado do Iraque como de todo o antigo império muçulmano e que ia desde Bagdad até à Península Ibérica, passando por todo o território do Norte de África.

Só que os Governos desta antiga possessão muçulmana continuam a assobiar para o lado e desprezar os movimentos jihadistas como se nada se passasse. A presença de muitos ocidentais junto dosislamitas que combatem na Síria e a recente detenção de um pretenso jihadista no aeroporto de Lisboa, um holandês de origem angolana, só colocam – ou deveriam colocar – de prevenção todos os Estados passíveis de serem divididos ou reformulados.

Mas esta é uma situação que não deve ser silenciada em muitos países onde o secessionismo está bem latente ou em clara emergência.

Recordemos o caso da Espanha com os catalães a prepararem-se para um plebiscito visando a independência da Catalunha ou dos bascos para quem a autonomia já não chega e consideram ir pelo mesmo caminho que os catalães com a particularidade dos bascos estarem divididos entre Espanha e França e com os franceses acharem que os problemas só sobrarão aos seus vizinhos espanhóis. Nada mais errado!

Também no Reino Unido a Escócia prepara-se para plebiscitar a sua independência. Os escoceses, ao contrário dos catalães e dos bascos que recebem dos espanhóis impedimentos vários e constitucionais, têm o acordo e o beneplácito dos britânicos.

E a questão do secessionismo não se fica somente pela Europa, em parte devido a históricas e mal conduzidas reformulações territoriais, algumas depois da I e da II Guerras Mundiais e do estilhaçar da antiga União Soviética com as fronteiras artificiais a serem, ultimamente – recorde-se o caso ucraniano – claramente questionadas, sob o espectro dos nacionalismos e dos migrantes linguísticos.

Também no Brasil, por exemplo um dos Estados do Sul, predominantemente de raiz germânica e branca, ponderou um referendo para a sua independência: falo do Rio Grande do Sul e, embora em menor escala, de Santa Catarina. Acresce que na Venezuela, com os problemas políticos emergentes, também alguns Estados já ponderaram sair da República Bolivariana.

E se na América Latina há essas expectativas pró-secessionistas, também nós temos esse problema bem vigente e que não deve ser calado sob pena de uma situação latente mas sem clara evidência acabar como uma doença pandémica e se tornar impossível de controlar. Não esquecer que, normalmente, há sempre interesses exógenos por detrás destes movimentos secessionistas – movimentos políticos, culturais e económicos.

Também em África o perigo do secessionismo está cada vez mais latente. Na Líbia, o mesmo Le Courrier apresenta-nos um país dividido em três novos Estados: Tripolitânia, Cirenaica e Fezann; ou na Nigéria, os islamitas querem – tal como tentaram, recentemente, no Mali e procuram-no fazer na República Centro-Africana – separar a região norte, de predominância islamita, do resto do país e criar uma república islâmica.

E no nosso caso, é preciso não esquecer Cabinda e as Lundas…

Desprezar o secessionismo e achá-lo como “uma moda” é um perigo que não deve prevalecer.

A Catalunha, o País Basco e a Ucrânia são exemplos fortes de como um povo pode estar “adormecido” mas não “esquecido” e à primeira oportunidade procura fazer valer os seus pontos de vista, mesmo que usem meios menos convencionais ou “desprezem” as Constituições nacionais.

A vontade de um Povo nunca pode nem deve ser esquecida sob pena dos Governos perderam a capacidade de diálogo e/ou perderem o território nacional.

©Artigo de Opinião publicado no semanário angolano Novo Jornal, secção “1º Caderno” ed. 339 de 25-Julho-2014, pág. 22) 

*Imagem em Pululu

*Eugénio Costa Almeida* – Pululu - Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.

Portugal: O SEBASTIANISMO AO CONTRÁRIO E A NORMALIDADE POSSÍVEL




“… andamos o tempo inteiro a dormir, a deixar que decidam por nós…”

Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião

1. Parcerias público-privadas mal negociadas? Rendas excessivas no setor da eletricidade? Demasiadas Autoestradas? Toda a corrupção deste e do outro mundo? Promiscuidade entre o setor público e privado? Leis injustas e à medida? Bloqueador de qualquer mercado nacional? Responsável pela chegada da troika?

Eis Ricardo Salgado. O culpado de todos os males que nos minam. O elemento que uma vez retirado do nosso convívio fará que tudo floresça. Sem ele a nossa economia tornar-se-á pujante, o Estado será incorruptível e exemplar na gestão do bem comum, acabarão os compadrios e amiguismos.

Agora é Ricardo Salgado. Não vale a pena lembrar todos os outros culpados antes dele. Todos os que, sozinhos, conseguiram arrastar Portugal para um terrível destino. Sozinhos, omnipotentes e fonte de todos os males. Males vários, aliás. Recentemente, tivemos José Sócrates como o único culpado da crise; Cavaco Silva, o criador do monstro estatal; Oliveira Costa, até há pouco o único banqueiro que não era sério...

Podemos pensar em várias explicações para este fenómeno coletivo. Será por termos demasiadas vezes a sensação de que a culpa morre solteira, será por uma qualquer necessidade de descarregarmos toda a nossa frustração, incompetência ou impotência num alvo bem definido. Pode ser.

Mas há algo mais nesta constante busca de um bode expiatório, nesta espécie de outro lado do espelho sebastianista: um homem nos salvará e um homem será o responsável por tudo o que foi feito de errado ou está mal. Nunca pensamos como comunidade. Nunca nos questionamos. Nunca tentamos perceber se, por ação ou omissão, contribuímos para aquilo que consideramos ser as nossas desgraças, sejam as de condução política, sejam as que resultam de cataclismos económicos, sejam as criminais.

São sempre "eles" e quando temos um nome, de preferência "um poderoso", fica logo tudo explicado. Andamos o tempo inteiro a dormir, a deixar que decidam por nós, a recusar participar na vida da comunidade para de repente descobrirmos que a culpa do nosso sono era apenas de um indivíduo. Outro. Qualquer.

2. Ricardo Salgado foi provavelmente um gestor incompetente. Será o culpado de um terramoto económico em Portugal, será o maior responsável pela possível falência de muitas empresas e pela perda de muitas poupanças, terá vendido ou mandado vender gato por lebre. Será o responsável por diversas fraudes e crimes - contas adulteradas, corrupção, branqueamento de capitais, fugas ao fisco. Terá sido um dos promotores da promiscuidade entre poderes públicos e privados que, aliás, existe há séculos em Portugal. Terá construído uma rede de influência mais baseada em cumplicidades e esquemas mal explicados do que em competência.

Não serei eu a negar, e já aqui o escrevi, que havia uma maneira de fazer as coisas, própria dos líderes (Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi não estavam sozinhos) do Grupo Espírito Santo, que era péssima para a comunidade. Mas uma coisa são atividades subjetivamente lesivas para a comunidade, outra são aspetos de incidência criminal.

Nada fará melhor à comunidade do que um fim, na medida do possível, normal para este império e para os previsíveis e inevitáveis processos judiciais. Que o desmoronamento deste império com pés de papel se processe sem histerias e sem julgamentos populares. Que vão à falência as empresas que não têm capacidade para honrar os seus compromissos; que possam ser ressarcidos os que foram prejudicados; que os culpados paguem até ao último tostão; que fiquemos convictos de que não houve privilégios especiais nem humilhações provocadas por ressentimentos. E, se se provarem crimes, que os vários responsáveis sejam condenados. Nada pior se, mais uma vez, se mandar às malvas o princípio da presunção de inocência e se substituirmos os tribunais por tabloides ou que a justiça não seja justiça mas sim justiceira.

3. Quem há meia dúzia de dias competia para cair nas boas graças de Ricardo Salgado disputa agora o concurso "fui eu quem mais contribuiu para o derrubar" ou "sou eu que consigo culpá-lo de mais desgraças".

O espetáculo está montado: temos velhos revolucionários remoçados apostados em construir as mais diversas teorias da conspiração, temos jornalistas em horário nobre a promover delírios e cabalas de vão de escada. E, claro, não podiam faltar as fugas de "informação" do Ministério Público para os jornais do costume, a divulgação antecipada de diligências processuais e a costumeira fúria justiceira que parece só acordar quando os chamados poderosos já não o são. A novidade é ter aparecido políticos a cavalgar este caso para fins de política partidária interna, como foi o infelicíssimo caso de Eurico Dias do PS.

Não sei se sabem ou não, mas, como sabemos de outros casos, serão estes os que mais contribuirão para uma possível situação em que nunca chegaremos a saber tudo o que se passou neste gigantesco drama.

*Subtítulo PG, do texto

TAP RETOMA VOOS PARA A GUINÉ-BISSAU A 26 DE OUTUBRO




A TAP suspendeu os voos para Guiné-Bissau desde dezembro passado, na sequência do embarque forçado pelas autoridades guineenses de 74 sírios no aeroporto de Bissau rumo a Lisboa

As ligações aéreas entre Portugal e a Guiné-Bissau vão ser retomadas a partir de 26 de outubro, afirmou hoje o presidente da transportadora aérea portuguesa, Fernando Pinto.
O presidente da TAP garantiu que as reservas para este voo estão a ser feitas a partir de hoje.

Fernando Pinto falava à margem da assinatura de um protocolo de cooperação, formação e capacitação nas áreas das migrações e controlo de fronteiras entre os dois países.

A TAP suspendeu os voos para Guiné-Bissau desde dezembro passado, na sequência do embarque forçado pelas autoridades guineenses de 74 sírios no aeroporto de Bissau rumo a Lisboa.

Na altura, a TAP considerou que só retomaria os voos - que eram três semanais -, depois de as autoridades guineenses garantirem medidas de segurança no aeroporto, que a companhia considera ter sido quebrada com o incidente. 

Lusa, em jornal i

LUANDA ASSUME CONTROLO DO BES ANGOLA E BANCO PORTUGUÊS PERDE A MAIORIA


Acordo sobre BES Angola negociado ao mais alto nível. SARA MATOS
ROSA SOARES  - Público

Acções do BES seguem a valorizar perto de 2%

Luanda vai assumir o controlo do BES Angola, através de uma injecção de capital no banco e o banco português perde o controlo maioritário, avança esta segunda-feira o Jornal de Negócios.

Segundo o jornal, “o BES perde a maioria, mas receberá o compromisso de que o empréstimo de 3.000 milhões ao banco angolano será reembolsado”.

No âmbito de uma operação que estará a ser negociada entre os bancos centrais dos dois países, “Angola vai assegurar a injecção de capital de que o BES  Angola necessita por ter mais de 70% da sua carteira de crédito em risco de incumprimento”, adianta o jornal.

O aumento de capital, que “está a ser negociado ao mais alto nível”, segundo oJornal Negócios, pretende evitar que o BES, agora liderado por Vítor Bento, sofra as consequências dos problemas financeiros do banco em Angola .

Em Lisboa, as acções do BES seguem a subir perto de 2%, para 0,46 euros.

O BES, que apresenta resultados semestrais esta quarta-feira, ainda não prestou esclarecimentos ao mercado sobre as consequências do pedido de gestão controlada da Espírito Santo Financial Group (ESFG), que terá constituído uma reserva de 700 milhões de euros para garantir o reembolso de papel comercial vendido aos balcões do banco.

RÚSSIA E MOÇAMBIQUE DISCUTEM COLABORAÇÃO NA GESTÃO DE GÁS E CARVÃO




Os primeiros-ministros da Rússia e de Moçambique encontraram-se no sábado em Moscovo e discutiram a possibilidade de colaboração na gestão dos recursos naturais moçambicanos, como o carvão e o gás, informou hoje a agência noticiosa AIM.

"A Rússia é um dos países que detém recursos como os moçambicanos e, naturalmente, temos muito a aprender com este país amigo de longa data", disse Vaquina, citado pela agência noticiosa de Moçambique, após um encontro em Moscovo com o homólogo russo.

O primeiro-ministro moçambicano referia-se à exploração em curso de carvão, na província de Tete, no centro de Moçambique, e também às enormes potencialidades de gás natural descobertas na bacia do Rovuma, no norte do país.

Lusa

Moçambique: GOVERNO E RENAMO ENTRAM NO “DIA DE TODAS AS DECISÕES”



O País (mz)

Na 65ª ronda do diálogo político, iniciado em Dezembro de 2012, o governo e a Renamo poderão hoje fixar os entendimentos que vão resultar no segundo “acordo geral de paz”

O Governo e a Renamo poderão selar, esta segunda-feira, o acordo final que poderá ditar o fim das hostilidades militares que desde o ano passado provocaram dezenas de mortes, na Estrada Nacional número 1 (EN1), em particular.

Depois de 64 rondas negociais, divididas entre recuos e avanços, com momentos de quase ruptura por meio, as partes anunciaram, semana finda, ter chegado a uma plataforma de entendimento que permitiu que 95% dos pontos em discussão tivessem acordo.

No seio da sociedade moçambicana, aguardam-se com expectativa as decisões da ronda negocial de hoje, que pode mesmo ditar um segundo “Acordo Geral de Paz” para o país.

De Roma a Maputo

Os acordos que podem hoje ser fechados entre o governo e a Renamo trazem consigo algumas semelhanças e factos curiosos. Enquanto o Acordo Geral assinado na capital italiana, a 4 de Outubro de 1992, foi o culminar de dois anos de conversações intensas, o acordo de Maputo está a ser negociado há cerca de ano e meio, mais precisamente 13 meses.

Segundo dados avançados pela equipa negocial do governo na actual crise político-militar, os acordos que forem fechados na ronda de hoje deverão passar pela chancela dos líderes das duas partes envolvidas no diálogo, nomeadamente, o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, num encontro que, em princípio, deverá ter lugar em Maputo.

Para além do tempo de duração do diálogo entre os acordos de Roma e de Maputo ser aproximado, há ainda o facto de os dois acordos terem resultado de tensões militares que se traduziram em mortes de vários cidadãos, entre militares e civis.

Um negociador e dois signatários

Dentre as curiosidades entre Roma e Maputo, está o facto de o acordo que se prevê próximo estar nas mãos de duas personalidades que também estiveram envolvidas no fim da guerra dos 16 anos.

O acordo de Maputo vai passar pelo crivo do um dos negociadores-chefe e um dos signatários de Roma. Guebuza liderou a equipa negocial do governo, tendo como contraparte Raúl Domingos pela Renamo, enquanto Dhlakama foi o signatário, a par do então Presidente da República, Joaquim Chissano.

Dhlakama vai assinar, pela segunda vez, um acordo para devolver a paz aos moçambicanos, mantendo deste modo o papel desempenhado em 1992, enquanto Guebuza fá-lo-á pela primeira vez.

Mais lidas da semana