domingo, 20 de dezembro de 2015

Espanha. Eleições. PP GANHA MAS PERDE. VAI SER MUITO DIFICIL FORMAR GOVERNO



O PP de Rajoy perde a maioria mas vence as eleições em Espanha. O PSOE é a segunda força política. O Podemos ocupa a terceira posição e o Ciudadanos fica na quarta posição.

Este é o resultado apurado dos partidos mais votados e com maior número de deputados eleitos quando estão escrutinados todos os votos.

Das quatro principais forças políticas os deputados que formarão o parlamento espanhol ficarão assim distribuídos: PP 123: PSOE 90; PODEMOS 69; CIUDADANOS 40 (resultados provisórios).

Há unanimidade entre os espanhóis e as manchetes dos principais jornais de Espanha: “Vai ser muito difícil o PP governar”.

O jornal El País diz que “Ganha o PP, sem votos para governar” e salienta que “uma nova etapa política surge hoje com a necessidade de acordos e uma insólita incerteza. O surgimento em força no parlamento de Ciudadanos e, especialmente, do Podemos desenhou um novo tabuleiro político-partidário em que o PP é o mais votado mas com menos de 30%”. Destaca o El País as “muitas dificuldades que o PP terá para formar governo e para que Mariano Rajoy volte a ser presidente do governo”

Iglésias, líder do Podemos, já declarou que se ao fim de dois meses não for formado governo terão de ser convocadas novas eleições.

*Quadro da imagem mais recente do jornal espanhol El País.

Espanha. PP PERDE MAIORIA. FICA COM MENOS DEPUTADOS QUE PSOE E PODEMOS JUNTOS



O PP de Rajoy perde a maioria mas vence as eleições em Espanha. O PSOE é a segunda força política. O Podemos ocupa a terceira posição e o Ciudadanos fica na quarta posição.

Este o resultado provisório dos partidos mais votados e com maior número de deputados eleitos quando estão apurados cerca de 98 por cento dos votos.

Das quatro principais forças políticas os deputados que formarão o parlamento espanhol ficarão assim distribuídos: PP 121: PSOE 92; PODEMOS 69; CIUDADANOS 40 (resultados provisórios).

*Quadro da imagem mais recente possível do jornal espanhol El País.

Eleições em Espanha. Boca das urnas. PP ganha, Podemos é segundo mas PSOE tem mais deputados



As urnas fecharam em Espanha e já são conhecidos os resultados de duas sondagens à boca das urnas.

A sondagem GAD 3 dá 28,1% ao PP, que conquistaria entre 121 e 124 deputados. Em segundo lugar, em percentagem, está o Podemos, de Pablo Iglesias, com 21,1% dos votos, e entre 70 a 74 deputados. O PSOE, apesar de ter menor percentagem de votos (20,4%), conquistaria mais deputados, 83. O Ciudadanos, de Albert Rivera, fica em quarto com 14,9% e entre 46 e 50 deputados.

Outra sondagem à boca das urnas, da RTVE-FORTA, dá ao PP 26,8% e entre 114 e 118 deputados. O Podemos teria 21,7% e elegeria entre 76 e 80 deputados para o Parlamento. O PSOE, liderado por Pedro Sánchez, surge novamente em terceiro a nível de percentagem (20,5%), mas com mais deputados, entre 81 e 85. O Ciudadanos surge com 15,2% e elege entre 47 e 50 representantes.

A sondagem GAD3 dá ainda 4,3% dos votos à Esquerda Unida, que teria elegeria entre dois e quatro deputados. O Democracia e Liberdade teria 1,8% e pode eleger entre cinco e sete representantes para o Parlamento. A Esquerda Republicana da Catalunha consegue 2,7% dos votos e entre oito e nove deputados. O Partido Nacionalista Basco elege dois a quatro deputados com 0,9% de votos. Finalmente a Coligação Canária e Geroa Bai (Navarra) podem conseguir eleger um deputado cada.

Diário de Notícias

Espanha. PODEMOS, DA INDIGNAÇÃO NAS PRAÇAS AO ASSALTO DO PALÁCIO MONCLOA



Com apoio social e práticas adaptadas aos novos tempos, o Podemos foi capaz de mudar para sempre a forma de se fazer política na Espanha.

Roberto Vasques e Rose Segurado, desde Madrid, especial para Carta Maior

Neste alvorecer de século, como um sopro premonitório daquilo que poderia marcar uma época de mudança civilizatória, os povos de distintas partes do planeta lograram mover as estruturas do sistema-mundo político e questionar seus oligarcas.

O que mal parecia uma suave brisa em Tunes ganhou corpo, atravessou o deserto e, como um tufão, culminou na Primavera Árabe. Sem perder força, cruzou o Mediterrâneo, inspirou o surrado povo grego e propiciou o surgimento do Movimento dos Indignados na Espanha.

Conhecidos como Movimento 15M – em referência à data do início da ocupação da Porta do Sol (praça central de Madri), 15 de Maio de 2011– os indignados espanhóis foram a resposta cidadã aos efeitos da crise econômica internacional sobre aquele povo ibérico. Esse descontentamento, em virtude da dramática deterioração das condições socioeconômicas, abrirá passo à incorporação de uma dimensão política a esta crise e resultará no questionamento de velhos consensos estabelecidos no Pacto da Moncloa. A Instituição Monárquica, o Concordato com a Igreja Católica, a questão territorial (e suas tensões independentistas) eo modelo de representação política (partidos, seus líderes e a legislação eleitoral) eregidos na Constituição de 1978 serão postos em cheque

Essa contundente interpelação cidadã ao status quo advogaria por mais democracia e participação política e revelaria o profundo mal-estar social com a classe política (principalmente dos dois grandes partidos), identificada como autocentrada e corrupta. Palavras de ordem como “Lo llaman democracia y no lo es” e “No nos representan” foram entoadas à exaustão por multidões que ocuparam as praças ao longo de todo o território nacional. Uma crise de legitimidade que ficaria conhecida como a “crisis del Régimen”.

Entretanto, dado seu caráter eminentemente multitudinário e autogestionário, assim como sua desconfiança com o sistema político, o 15M não vislumbrou em sua agenda a construção de uma alternativa política que pudesse canalizar institucionalmente suas demandas.

Paradoxalmente, nas eleições presidenciais de novembro de 2011, alguns meses após o ciclo de manifestações, o Partido Popular conseguiria o seu melhor resultado desde a redemocratização, alcançando uma maioria absoluta que lhe permitiria governar sem restrições. Não obstante, em termos nominais, sua votação seria muito próxima à adquirida nas presidenciais anteriores, de março de 2008, quando obtivera pouco mais de 10 milhões de votos. O triunfo do PP resultava portanto, em grande medida, da vertiginosa queda no total de votantes do PSOE que, com mais de 4 milhões de eleitores perdidos, alcançaria seu pior resultado desde a redemocratização do país em 1977. A desastrosa gestão da crise no segundo governo de Zapatero, tanto econômica como política, custaria caro aos socialistas.

Os biênio subsequente (2012-2013) colocaria em evidência a decomposição do sistema político vigente.  Governo e oposição –  assim como os demais partidos, monarquia, sindicatos patronais e de trabalhadores, meios de comunicação e demais instituições – promoveram um espetáculo de insensibilidade social e abuso de velhas práticas políticas para a perplexidade da cidadania.

Aproveitando-se do poder conferido por sua maioria parlamentar, o PP, sob a escusa de enfrentar a crise e dar conta da herança maldita recebida, poria em prática um duríssimo ajuste fiscal, assim como um conjunto de medidas arbitrárias e casuísticas, fragilizando o Estado de Direito, os direitos humanos, as liberdades civis e a pluralidade política. Autoritário e arrogante, não por acaso foi o último partido a incorporar, ainda que timidamente e com muita relutância, as mudanças na forma e na agenda políticas trazidas pelo Podemos.

O PSOE – aturdido após seu pior resultado eleitoral pós-redemocratização e com dificuldades de rearticular seu discurso frente às críticas às políticas do final do Governo Zapatero – não lograva se reoxigenar, elegendo como Secretario Geral a Alfredo Perez Rubalcaba, velha guarda do partido e último Vice-Presidente político de Zapatero. Com discurso e imagem vinculados à velha política, Rubalcaba se mostrou um líder frágil frente ao pacote de maldades levado adiante pelo governo Rajoy. Não emplacou. Não sem razão, seria pressionado a renunciar, abrindo espaço para que, em julho de 2014, Pedro Sanchez, um economista madrileno de 43 anos, assumisse a secretaria geral do partido. Como a grande maioria dos partidos, o PSOE se via obrigado a seguir o paradigma imposto por Podemos e iniciar uma operação de “câmbio cosmético”, acudindo um líder jovem, com discurso jovem, que “jogasse fora a gravata e dobrasse a mangas da camisa”.

Nessa cruzada, o governo contaria com o total apoio dos setores empresariais que, por sua vez, exigiriam mais rigor fiscal e flexibilização laboral, sob a égide de lograr maior competitividade à economia. Os meios de comunicação em uníssono, com maior ou menor fervor, apoiariam o duríssimo ajuste econômico e ecoariam o mantra do governo pelo qual a responsabilidade pela crise seria de todos os espanhóis que “haviam vivido por cima de suas possibilidades” nos anos que anteriores.

Os principais sindicatos, também debilitados pela crise de legitimidade que golpeava a todas as instituições democráticas do país, se revelavam sem força para encampar e liderar as reivindicações das classes trabalhadoras e populares e se veriam arrastados para a lama, imersos em alguns dos sem número de casos de corrupção que viriam a luz nesse período.

Simultaneamente, a semente do 15M começava a germinar, principiando o surgimento de uma série de novos movimentos sociais. Entre eles, merecem destaque as Marés (“Las Mareas”, em relação a “enxurrada” de pessoas participantes) contra os cortes em saúde (Maré Branca) e em educação (Maré Verde), bem como os movimentos a favor dos direitos dos imigrantes (alvo das políticas xenófobas e racista executadas pelo Governo) e dos desempregados (desde 2009 a Espanha se depararia com índices de desemprego ao redor de 25% de sua força de trabalho).

Também merece destaque o Movimento Juventude Sem Futuro – que pôs em evidência o drama social resultante dos alarmantes índices de desemprego juvenil, superiores aos 50%, e o consequente processo de emigração massiva sofrido por aquela que seria reconhecida pela sociedade espanhola como a geração mais preparada e estuda (gerando outra Maré, a Granate/Lilás) de toda sua história. Das fileiras deste movimento proveriam, mais adiante, grande parte dos quadros políticos e militantes do Podemos.

Significativas também, foram as iniciativas populares de apoio aos setores sociais em risco de pobreza e exclusão social. Segundo dados da Cáritas/Oxfam, esses setores abarcariam quase 30% da população espanhola. Este drama social levou, inclusive, ao aparecimento de ações diretas, como o saque a supermercados na Andaluzia ou os “escraches”, espécie de caricaturas intimidadoras nas casas dos políticos indentificados como corruptos e pertencentes à casta.

No entanto, a cara mais visível desses novos movimentos sociais possivelmente tenha sido assumida pela “PAH”: Plataforma dos Afetados pelas Hipotecas. Espaço responsável pela articulação e defesa das dezenas de milhares de famílias que se viram obrigadas a abandonarem suas casas frente à impossibilidade de honrarem com o pagamento de seus empréstimos imobiliários, em virtude do estouro da famosa bolha imobiliária que arrasou a Espanha (basta recordar que a recém eleita prefeita de Barcelona, Ada Colau, era a porta-voz dessa entidade. Do mesmo modo, diversos líderes das distintas Marés se elegeram vereadores e deputados estaduais). Esta bolha se caracterizou por um processo através do qual se generalizava o crédito imobiliário às famílias, a taxas subsidiadas, mas em condições draconianas (como não prever a dação como amortização da dívida). Com a crise, se multiplicaram exponencialmente os casos de descumprimento contratual (inadimplência), levando centenas de milhares de famílias a devolverem seus imóveis e, ainda assim, continuarem responsáveis pelo pagamento das dívidas contraídas.

Em decorrência desta perversão contratual, não pouco foram os casos de suicídios de chefes e chefas de família que – já desmoralizados frente a uma perversa situação na qual eram socialmente recriminados como únicos responsáveis pela perda de seus empregos e de suas casas – preferiram tirar suas vidas para evitar a vergonha social e por acreditar que com isso diminuiriam o sofrimento de seus familiares ao lhes desobrigar de continuarem a pagar suas dívidas imobiliárias.

Frente a esta situação, o governo espanhol não demonstraria a menor sensibilidade, negando-se a discutir a agenda sugerida pela PAH – que advogava a suspensão temporária dos despejos, a instituição da “dación en pago” nos contratos hipotecários (ou seja, o cancelamento da dívida mediante a entrega do imóvel) e a criação de uma política de aluguel social

Se a intransigência foi a regra para as famílias despejadas, com a outra ponta dos contratos, ou seja, os bancos credores, imperaria a camaradagem. Com a justificativa de evitar-se um “risco financeiro sistêmico”, o governo aceitaria ser “resgatado” pela União Europeia, destinando mais de 60 milhões de euros ao “salvamento” das instituições financeiras credoras. Como resultado, os bancos seriam beneficiados com generosas quantias a juros ultra-subsidiados (as quais ainda não se está claro se serão devolvidas) para reequilibrarem seus balanços, ao mesmo tempo em que seguiam tomando os imóveis de seus credores inadimplentes, chegando-se a pitoresca situação na qual os bancos se transformavam em enormes agências imobiliárias, administrando milhares de imóveis residenciais entre seus ativos .

A situação encontra sua dimensão mais burlesca quando, ao mesmo tempo em que os cidadãos são responsabilizados pela crise e os bancos perdoados, os escândalos de corrupção se multiplicam vertiginosamente, maculando ainda mais a já desgastada imagem dos partidos políticos.

Contudo, até o final de 2013 as mobilizações iniciadas com o 15M e continuadas pelos novos movimentos sociais não encontrarão alternativas institucionais. Levada a  um ponto insustentável, será a partir de janeiro de 2014 que começarão a surgir os primeiros sinais de alternativa institucional, quando, em um manifesto intitulado “Mover Ficha”, assinado no Teatro do Bairro de Lavapiés, é fundado o Podemos.

Evitando renunciar à disputa político-parlamentar e buscando uma alternativa de regeneração democrática, o Podemos se apresenta a sociedade como um instrumento que pudesse canalizar institucionalmente o conjunto de demandas surgidas no calor do 15M: o partido da mudança.

Definindo-se como um Partido-movimento, o Podemos se apresenta como uma alternativa cidadã para disputar as eleições ao Parlamento Europeu de 25 de maio de 2015. Sob a batuta de Pablo Iglesias, um jovem professor de ciências políticas, em apenas 4 meses e com um orçamento irrisório vindo da contribuição voluntária dos cidadãos, o partido logra inscrever-se na junta eleitoral, convocar primárias abertas ao conjunto da cidadania e percorrer todo o país realizando comícios em praças públicas. Contrariando todas as pesquisas, elege 5 eurodeputados

O ponto de partida de sua estratégia –  ao tempo que incorporava as diversas reinvindicações dos movimentos emergidos do 15M em seu programa – foi a construção de uma nova narrativa social capaz de articular um discurso através do qual se desacreditava o relato de que “todos somos responsáveis” pela crise por havermos vividos “por cima de nossas possibilidades” .

Segundo esse novo relato, os verdadeiros responsáveis pela crise seriam, em primeiro lugar, a casta política (figura de linguagem utilizada pelos líderes do Podemos), isto é, uma elite política corrupta e envelhecida que manejaria a coisa pública de forma patrimonialista, como de seus negócios privados se tratasse, distribuindo entre grupos de empresários e banqueiros amigos contratos e obras públicas. As críticas também se dirigiriam à subserviência dos governos do PP e do PSOE aos ditames da Troika (formada pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI) e da “Sra Angela Merkel”, responsabilizando-lhes pela mitigação da soberania nacional e pelo desmantelamento do estado de bem estar social espanhol em favor dos interesses financeiros dos bancos alemães e franceses, em detrimento do já empobrecido povo espanhol. Como repetirião a exaustão os líderes do Podemos: “Se portam como se fossem mordomos de um minoria de privilegiados, quando deveriam se portar como carteiros dos cidadãos”.

Além de definir novos responsáveis pela crise, o discurso da Formação “Morada” (Rouxa) – em referência à cor do partido, homenagem à Bandeira Republicana, na qual o roxo se somava ao amarelo e vermelha da bandeira monárquica – subverterá também a velha lógica de confrontação política entre esquerda e direita, apresentando-se como um partido transversal, orientado a busca de um novo pacto social no país, realocando a fronteira política entre a defesa dos interesses de “los de abajo” versus a de “los de arriba”: os interesses do povo frente aos da Troika, cuidadosamente zelados pela “Casta”.

A difusão desse discurso seguiu uma estratégia revolucionaria em termos de comunicação política. Se fundamentou em uma utilização estratégica das redes sociais associada ao trabalho da imagem do jovem líder político que, a partir de seu programa de debate político em uma emissora de tv à cabo, é alçado a debatedor habitual de programas de tertúlia política nos principais canais televisivos. Assim, fez-se conhecido pela maioria do eleitorado e difundiu amplamente sua mensagem.

O acerto e precisão no diagnóstico e estratégia de comunicação não foram fruto do acaso. Seus líderes fundadores foram capazes de ler a situação política com maestria. Atentos às mais avançadas críticas contemporâneas à democracia, os líderes “podemitas” lograram inclusive estabelecer uma nova forma de fazer política, ou seja, definiram um conjunto de novas práticas, diferenciando-lhes das formações políticas tradicionais, a partir de três princípios básicos: transparência, austeridade e democratização.

A promoção da transparência política se faz através da disponibilização em seu portal de internet, em tempo real, de toda a movimentação financeira do partido. Também, ainda que não exigido pelo legislação espanhola, todos os cargos da direção do partido, bem como seus representantes eleitos, disponibilizam nesse portal suas declarações de renda.

Quanto à austeridade e exemplaridade no cumprimento da função política, todos os cargos do Podemos, orgânicos ou eletivos, estão sujeitos a um teto salarial de três salários mínimos (aproximadamente 1950 euros), assim como a viajar somente em classe turista e renunciar aos benefícios eventualmente oferecidos aos seu parlamentares, como planos de pensão e saúde privados, motoristas e carros oficiais, cartões corporativos entre outros. Também está limitado, pelo Estatuto do Partido, o período de participação em cargos públicos. Foi definido um máximo de 8 anos, prorrogáveis por mais quatro, mediante aprovação prévia pela Assembleia do Partido. Com essa iniciativa, busca-se promover um novo entendimento do exercício de representação política, por meio do qual a atividade parlamentar deixa de ser entendida como um fim em si mesma e passa a ser compreendida como uma contribuição temporal do cidadão à gestão dos temas coletivos.  Ao final do período de dedicação política, o cidadão regressa à sua carreira profissional, abrindo espaço para que outros participem.

Nesse sentido, resulta paradigmática a proibição estatutária à indicação de ex-representantes do Podemos a que participem dos Conselhos de Administração de empresas privadas prestadoras de serviços aos órgãos do estado. Combater essa situação amplamente condenada socialmente, conhecida como “Portas Giratórias”, resultou uma das principais bandeiras do Podemos. Vista como caso paradigmático de tráfico de favores e influências entre os velhos partidos e as grandes empresas, as Portas giratórias alcançaram sua expressão máxima nas figuras dos ex-presidentes José Maria Aznar e Felipe González, assim como mais de uma dezena de ex-ministros dos governos do PP e do PSOE.

Outra medida emblemática diz respeito ao financiamento do partido. Os estatutos partidários proíbem a solicitação de empréstimos bancários, restringindo seu financiamento à realização de aporte de militantes e simpatizantes. Nesse sentido, o Partido aceita doações mensais de pessoas físicas que variam entre 5 e 50 euros, além de recorrem, em cada campanha eleitoral, aos mecanismos de crowfounding e de microcrédito através do qual os cidadãos emprestam entre 100 e 1.000 euros ao partido, valores devolvidos alguns meses após as eleições quando, segundo a legislação espanhola, o governo ressarce aos partidos parte de seus gastos de campanha.

No que tange ao impulso democratizante, o partido se caracteriza por ser o primeiro a ter eleições abertas através de sua página na internet para todos os cargos eletivos. Também de forma direta e aberta a toda a cidadania, se elegem todos os cargos do partido, assim como o programa de governo para as eleições presidenciais. Da mesma forma, são escolhidos os projetos sociais a serem financiados pelo fundo partidário formado pelos recursos oriundos da diferença entre os salários recebidos e o salários pagos (3 salários mínimos) aos cargos públicos do partido.

Apoio social, discurso e práticas políticas adaptados aos novos tempos e novas lideranças representando o frescor, preparo e honestidade almejados. Com isso, o Podemos foi capaz de mudar para sempre a forma de se fazer política na Espanha. Porém, ainda faltava constituir uma estrutura partidária forte, capaz de cruzar o país.

Ciente da oportunidade aberta, Pablo Iglesias faz um emblemático discurso na praça diante do Museu Rainha Sofia, noite do dia 25 de maio de 2014, após conhecer os resultados das eleições que outorgaram ao partido as surpreendentes 5 vagas no Parlamento Europeu. Contrariando todas as expectativas, Iglesias se apresenta com semblante sério, cenho franzido e vaticina: “Por enquanto não cumprimos nosso objetivo de superar nossos adversários... Não nascemos para ser uma força política testemunhal. Nascemos para ocupar a centralidade do tabuleiro político, para ganhar. A partir de amanhã vamos trabalhar sem descanso para tirar a ‘Casta’ do Poder e voltar a por as instituições ao serviço dos interesses de seus cidadãos”.

A partir de então, começa o processo de criação do Partido. Se de início a constituição emergencial de uma sigla política foi,  nas palavras de seu líder, um “imperativo legal” que permitiu lançar uma alternativa política às eleições europeias, agora se tratava de construir coletivamente um partido capaz de abrigar e representar os novos anseios populares.

Ao longo do segundo semestre de 2014, o Podemos passa por um longo processo participativo que culmina na Assembleia Cidadã de Vista Alegre (em referência ao nome análogo do ginásio poliesportivo que acolheu o evento), na qual se votam, contando com a participação de mais de 100 mil pessoas,  os princípios políticos, éticos e organizativos do partido. Também desse processo, resulta Pablo Iglesias eleito Secretário Geral do Partido. Além disso, se definem os “Círculos” como a estrutura de organização de base do partido, responsável por promover a participação, tanto territorial como temática, e os rumos da legenda. Centenas de círculos aparecem não só na Espanha como fora do país.

O Podemos inicia o ano de 2015 consciente do calendário eleitoral. Assim, convoca uma manifestação multitudinária para o último dia do mês de janeiro. Iglesias é apoiado por mais de 200 mil pessoas que enfrentam o rigoroso  inverno madrilenho e abarrotam a “Puerta del Sol” em apoio ao Podemos e ao seu líder.

O partido provoca uma verdadeira reviravolta política. As pesquisas de opinião são unanimes em apontar seu crescimento exponencial, chegando a leva-lo a quase 30% de intenção de votos para presidente e, por conseguinte, principal força política do país.

É quando se acendem as luzes de emergência do status quo e o Podemos passa a ser alvo de um ataque político-midiático orquestrado e sem precedentes. De jovem simpático que ajudava a regenerar o sistema político (tirando os políticos de turno de suas zonas de conforto), Iglesias se transforma em uma verdadeira ameaça aos poderes constituídos, que intensificam o ataque visando enfraquecê-lo.

Nos dois meses seguintes, o partido e seus líderes ocuparão, de forma negativa, as manchetes, editoriais e colunas de opinião de todos os grandes jornais e emissoras de radio e televisão do país. Terão suas vidas minuciosamente vasculhadas, analisadas e devassadas. Sofrerão golpes diuturnamente, à exaustão.

O fato é que esses ataques surtem parcial efeito, debilitando a jovem organização. Em menos de dois meses, de líder nas pesquisas de opinião, o Podemos volta a situar-se como terceira força política. Por sua vez, o pequeno partido de perfil liberal, “Ciudadanos”, criado em 2006, vai ganhando enorme respaldo midiático. Em contraposição ao que se chamaria da mudança populista, em relação ao Podemos, é apresentado ao eleitorado como o verdadeiro representante da “mudança responsável”. Louvado por empresários, Ciudadanos viria a dividir o espaço político da mudança. Surfando na onda impulsionada por Podemos, apresenta-se como alternativa de regeneração democrática, contra a corrupção sistêmica e pelo frescor político. Seu líder, assim como o de Podemos, é um jovem político, Albert Rivera, de 35 anos. Esse administrador de empresas e ex-bancário, que vinha construindo sua carreira política de forma marginal, há 8 anos, conquista, quase sem esforço, um espaço privilegiado. O sistema se acalma. O perigo representado pelo Podemos encontrava mais uma contenção.

Enquanto isso, dava início ao que se convencionou chamar “ciclo político acelerado”. Em menos de um ano se realizam eleições estaduais na Andaluzia (março), seguida de eleições municipais em todo o país e na maioria dos estados (maio), de eleições para o governo da Catalunha (setembro) e se convocam para 20 de dezembro as eleições presidenciais. Descontadas as eleições para governador na Galícia e no País Basco, ambas previstas para 2016, todos os demais cargos eletivos do país foram ou serão se submetidos ao escrutínio popular ainda este ano. Essa situação sem precedentes no país, acentuou ainda mais o processo de “crise de Régimen”, reforçando o fim do bipartidarismo do PP-PSOE vigente durante 40 anos.

Desse ciclo eleitoral, resultará um quadro político bastante novo. Ainda que o PP e PSOE tenham se mantido como maiores partidos, a sangria de votos é inequívoca. PP e PSOE perderam todas as maiorias absolutas que possuíam nos governos estaduais (“Comunidades Autónomas”), sendo obrigados a uma experiência absolutamente nova para governar: pactuar. O Podemos e o Ciudadanos surgem como forças políticas novas, transformando o bipartidarismo em uma espécie de tetrapartidarismo. Por conseguinte, seja quem for o ganhador das eleições presidenciais, se virá obrigado a pactuar para chegar ao “Palacio de la Moncloa”.

Paralelamente, as gestões dos “gobiernos del cambio” (alianças populares em sua maioria impulsionadas e encabeçadas por Podemos), como no caso das duas maiores cidades do país, até aqui muito bem avaliadas pela população, serão um permanente elemento de pressão e contraponto entre a velha e nova política. Nas palavras de Iglesias: “Madrid y Barcelona son el motor del cambio”.

No entanto, embora continuem em franca decomposição, os dois grandes partidos resistem, concentrando ainda a maior parcela de poder, sobretudo nos rincões do país. Por sua vez, os novos partidos, Podemos e Ciudadanos, continuam se fortalecendo, sem contudo assumir o protagonismo almejado. O velho não termina de morrer e o novo não termina de nascer. Nada mais preciso que as palavras de Gramsci para explicar o momento de transformações no sistema político espanhol.

Há menos de um mês das eleições presidenciais, as perspectivas seguem abertas. Ainda que as pesquisas apontem para uma vitória do PP, que alcançaria entre 23% e 27%, o grau de incerteza é grande, deixando aberto o resultado.

A partir de uma campanha eleitoral exemplar, o Podemos retomou o fôlego e disputa palmo a palmo com o PSOE o segundo lugar, com intenções votos ao redor dos 20%. Ciudadanos, ao contrário, vê suas intenções de votos baixarem nas últimas semanas.

O caso do Ciudadanos é curioso. Nas eleições estaduais e municipais de maio o partido havia obtido um resultado bastante abaixo do que previam as pesquisas, relegado a quarta força política, bem atrás do Podemos. Ensinando sua vocação pelo poder, o partido laranja não hesitou em apoiar a investidura de governos do PP e do PSOE. Foi a muleta ideal para, por exemplo, garantir a permanência dos governo do PP de Madrid e do PSOE de Andaluzia, tidos como expressões máximas desses partidos quanto às tramas de corrupção e ao clientelismo político. No entanto, nas eleições de setembro para o governo da Catalunha o partido alcança uma excelente votação, ao mesmo tempo que Podemos obtém seu pior resultado.

Em função da blindagem mediática e do êxito nas eleições catalãs, Ciudadanos começa a campanha presidencial da melhor maneira possível. Algumas pesquisas chegaram a apontar a possibilidade de passar ao PSOE, colocando-o inclusive com possibilidades de superar ao PP e ser o grande vencedor da disputa presidencial. Contudo, o partido não conseguirá decolar e irá desinflando progressivamente. A inconsistência de suas propostas, o permanente ir e vir de uma postura ideológica a outra, assim como as derrapadas de seu candidato (com questões de gênero, com propostas contra o sentido comum, como um salário de 300 mil euros anuais para o Presidente de Governo etc) exporiam suas fragilidades e fariam com que o partido chegue ao dia da eleição, ao que parece, já relegado a sua posição anterior de linha assessoria dos velhos partidos.

Não é de se estranhar que faltando 48h para a votação, Albert Rivera viesse a público apontar, ao contrário do que havia dito durante toda a campanha, sua disposição em abster-se no processo de votação do governo, abrindo passo para que o PP voltasse a governar o país. Desde os bastidores, a explicação seria a pressão advinda dos poderes econômico-midiáticos que apoiaram ao partido, exigindo-lhe que, frente à sua caída expressiva, voltasse a assumir seu viés de centro-direita e seu papel de muleta do PP.

De forma diametralmente oposta, o Podemos inicia a campanha eleitoral fragilizado. Algumas pesquisas chegam dar-lhe exíguos 11% de intenção de votos, vaticinando ao Partido o papel de nova IU (Izquierda Unida, conglomerado entre o PC español e outras forças de esquerda), ou seja, a força de extrema esquerda marginal no sistema político. No entanto, o partido seria capaz de rearticular o diálogo com as forças políticas emergentes ao longo do território espanhol. Não por acaso, apresenta-se em listas conjuntas com os movimentos populares e cidadãos nas Comunidades Autônomas de Catalunha, Valência e Galícia. Nesses comunidades, a sigla “Podemos” será substituída, respectivamente, por “En Comun Podem”, “Compromís-Podemos” e “En Marea”.

De forma complementar, o partido voltou a mostrar ser o mais preparado e hábil na elaboração e realização de uma campanha política. Com um reduzido orçamento (2,2 milhões de euros), menor inclusive que o orçamento da Izquierda Unida, mas com o melhor dos candidatos, o partido promoverá uma “remontada”(virada) verdadeiramente emocionante. Nesse sentido, será determinante a atuação de Pablo Iglesias nas entrevistas televisivas e, sobretudo, nos debates eleitorais: um verdadeiro monstro político, nocauteando impiedosamente a seus adversários, sem perder a elegância, com muita inteligência, contundência e sagacidade.

Por sua vez, o PP fez uma campanha conservadora, ciente de sua cômoda vantagem nas pesquisas. Ainda que perda 40% dos votos que teve em 2011, o partido assumiu que melhor seria perder os anéis e conservar os dedos: perde-se a maioria absoluta, mas fica com a maior votação.

Ao PSOE, a campanha será marcada pelo desespero em tentar se conservar como segunda força política. O fantasma de uma “pasokização” (em referência ao seu homólogo grego, o “Pasok”, grande partido social democrata que junto com o “Nova Democracia” hegemonizou a política grega mas que atualmente se reduziu a força política marginal, incapaz de alcançar 10% dos votos nas 3 últimas eleições).

Em todo caso já se pode falar de perdedores e vencedores. No primeiro caso os partidos tradicionais. O Bipartidarismo, que nas seis eleições presidenciais celebradas nos últimos vinte anos somava entre 73% e 83% dos votos, dessa vez dificilmente alcançará os 50%. Além disso, as recentes e desesperadas manifestações do PSOE tentando associar o Podemos a União Soviética, Venezuela e Grécia, bem como sua postura frente ao “independentísmo” catalão e aos atentados de Paris, os aproximam ao PP e a Ciudadanos e mostram seu grau de anacronismo. No segundo caso, dos vencedores, o Podemos, que foi capaz de mudar profundamente a forma de fazer política no país. A agenda social e regeneração democrática voltaram ao centro do debate. Todos os partidos lançaram candidatos jovens, tiraram as gravatas e modernizaram os discursos e práticas políticas.

Podemos inicia a campanha com voto consolidado entre os eleitores jovens, urbano e com elevado nível educacional. Não por acaso, constitui-se como força política preferida entre estudantes. A tarefa pendente é ampliar seu voto aos eleitores de municípios pequenos e com menores níveis de escolaridade. Quanto à faixa etária, embora tenho maior concentração de votos entre os mais jovens, Podemos apresenta um apoio repartido de forma equilibrada entre os distintos segmentos etários. A exceção se dá entre eleitores maiores de 55 anos, onde o voto do partido diminui consideravelmente, permanecendo em aberto sua capacidade de penetração nesse extrato etário.

De forma geral, o desafio para Podemos passaria por buscar situar-se à frente do PSOE (“sorpaso”) e se legitimar como grande partido de oposição a um eventual governo do PP. Caso seja a segunda força, outra possibilidade seria formar governo com apoio dos parlamentares do PSOE e da IU. Assim, forçaria ao velho PSOE, como acontece na prefeitura de Madrid, a dar um giro em suas políticas e resgatar bandeiras esquecidas nos últimos anos. Caso contrário, com o PSOE à frente, o Podemos dificilmente conseguiria pressionar-lhe para que promovesse as mudanças necessárias para que o país voltasse a crescer e a promover a justiça social. Em todo caso, ser terceira ou quarta força com algo entre 15% e 20% já seria um excelente resultado para a formação “morada”, ainda mais num cenário no qual nenhum partido alcançaria os 30%.

Como mostram as pesquisas da última semana, Podemos vem em trajetória ascendente e, na última pesquisa eleitoral, da véspera da eleição, finalmente se situa como segunda força política, tanto em intenção direta de voto (16% contra 13,3% do PSOE) como na intenção de voto estimulada (21,5 contra 20,1% do PSOE).  Também por primeira vez nas pesquisas, há menos de 24h das eleições, o Podemos consegue o que parecia impossível: ultrapassar ao PSOE no número de vagas no parlamento, com um intervalo estimado entre 80 e 84 deputados, frente ao intervalo de 76-80 deputados para o PSOE.

Em todo caso, o grande vencedor dessas eleições é o conjunto dos povos deste lindo e diverso espaço plurinacional (para alguns, mal) chamado Espanha.  Decididos a não esquecer as patifarias de sua casta plutocrática, hoje, eles votam, votam “cambio”! E votam com um sorriso, porque o anelo de mudança se faz realidade: já o acariciamos a vitória com  as pontas dos dedos. Pablo Iglesias não se cansa de repetir: “Mudamos a política deste país. Agora nos falta mudar o parlamento e o governo”. Que assim seja, neste domingo! Sí se puede!

EUROPA TRANSFERIU PARTE DA SUA SOBERANIA PARA OS EUA



O principal problema da Europa é que transferiu uma parte da sua soberania para os EUA, tendo abandonado a luta pelos seus próprios interesses, disse o presidente russo, Vladimir Putin.

"Primeiro, há sempre alguns interesses nas relações entre as nações. Para os equilibrar devem aplicar-se regras acordadas e transparentes", disse o presidente em uma entrevista ao canal russo Rossiya.

O presidente salientou que o problema da Europa é a falta de qualquer política externa independente.

"Na verdade, a Europa a abandonou e entregou uma parte da sua soberania, talvez a parte mais importante, a uma aliança", disse ele.

Segundo o presidente, é bastante normal para os membros de uma aliança político-militar transferir alguns dos seus poderes para as autoridades supranacionais.

"Mas, quanto à Europa, este não é apenas um organismo supranacional. Na verdade, a Europa cedeu parte de seus poderes não à OTAN, mas ao principal país da OTAN — os Estados Unidos", disse Putin.


Como exemplo, o presidente lembrou a intervenção dos EUA no Iraque, que foi contestada pela Alemanha e França. Em seguida, os dois países foram informados de que não tinham razão.

«Na realidade, [o ex-presidente da França Jacques] Chirac, uma pessoa muito educada, que tinha laços muito estreitos e de confiança com a parte sunita do Oriente Médio, previu as consequências. Agora, o resultado são Estados fracassados nesses países e a ascensão do terrorismo. Paris foi atacada. Chirac tinha razão. Schroeder [ex-chanceler alemã] também tinha razão", disse Putin.

Sputnik

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NOVAS E VELHAS CRISES NA UNIÃO EUROPEIA



Barbara Wesel – Deutsche Welle, opinião

Última cúpula da União Europeia do ano termina sem progressos e com premiê britânico semeando mais discórdia. As perspectivas não são boas para 2016, opina Barbara Wesel, correspondente da DW em Bruxelas.

"As crises que temos permanecerão e novas virão", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em sua previsão para o ano que vem. Juncker é um experiente navegador na política europeia. Ele não precisa provar nada a ninguém.

Foi a 12ª cúpula deste ano, e os líderes governamentais não foram capazes de reunir muita energia. E, provavelmente, eles precisam urgentemente de um tempo de uns dos outros. Deve ser cansativo e desmoralizante ouvir os mesmos argumentos constantemente e notar que todo o sistema mal está se mexendo.

Como resultado, todas as resoluções se leem como um mau certificado que os próprios europeus se deram. "Ao menos nós fomos capazes de implementar o que nós decidimos há muito tempo" – sem brincadeira, isso realmente está escrito.

Se a União Europeia tivesse simplesmente aplicado as medidas que já foram acordadas para lidar com a crise de refugiados, como realocação, registro e patrulhamento de fronteiras, então as perspectivas para o próximo ano seriam mais otimistas.

Mas do jeito que as coisas estão, temos que confiar no que a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, chama de "curva exponencial" da capacidade da Europa em aprender. Quando as coisas ficarem difíceis, Merkel poderá sempre voltar ao seu passado como cientista de física.

Ataques terroristas, o inquietante crescimento da organização extremista do "Estado Islâmico" (EI), o drama na Síria, discussões sobre a crise da dívida grega, mais de 1 milhão de refugiados na Europa, as relações tóxicas com a Rússia – estes são os problemas que moldaram o ano na União Europeia.

Muitos países têm respondido à pressão política excessiva se retirando aos seus próprios quintais nacionais. A Hungria é um destes países, juntamente com Polônia e Dinamarca. Lá, os líderes estão fechando seus olhos com força e esperando que a crise global passe por eles enquanto eles acenam a bandeira de seus países. Eles precisam amadurecer desesperadamente.

No entanto, esses líderes de governo estão na verdade impedindo os sistemas que criam consenso e levam a decisões na União Europeia. O aparato, que conseguiu manejar a crise do euro e todos os problemas anteriores lentamente, mas de maneira firme, praticamente está estagnado.

A única solução parece ser a de seguir o exemplo dado por Merkel e seus aliados no combate à crise migratória: o estabelecimento de coalizões sobre questões específicas e proceder em grupos menores. Para a UE faltam as habilidades necessárias: rapidez e flexibilidade. Por exemplo, a decisão sobre uma planejada força conjunta de patrulhamento de fronteiras não poderá ser tomada antes da metade de 2016 – exatamente no meio do pico do afluxo de refugiados!

Como se a UE já não tivesse problemas reais suficientes para lidar, agora o premiê britânico, David Cameron, acrescentou a sua autoinflingida comoção sobre o referendo do "Brexit" no Reino Unido. Está desnecessariamente tomando tempo e energia para elaborar um conjunto de contorções legais que ele possa apresentar em Londres como uma vitória sobre a Europa.

Mas não há maneiras de contornar, pois a questão é explosiva. Se as coisas correrem mal, Cameron pode acabar não só isolando seu país, como até mesmo quebrando o Reino Unido, pois a Escócia deseja permanecer na UE. Infelizmente, Não se pode esperar que Londres seja convencida por um ataque súbito de racionalidade em breve.

Alguns dos desafios que se avizinham no próximo ano são familiares: a existência do EI, a ameaça de novos ataques terroristas, guerras e crise no Oriente Médio e Putin com seus ares de czar. E novos problemas, até então desconhecidos, também surgirão.

Líderes de governo serão obrigados a mobilizar o que sobrou da solidariedade europeia para manter toda a região unida. Infelizmente, as coisas não ficarão mais fáceis. Mas talvez a fé da chanceler federal, Angela Merkel, sobre a curva de aprendizado seja justificada.

ABSTENÇÃO. MENOS ELEITORES A VOTAR EM ESPANHA



A taxa de abstenção está ligeiramente mais elevada do que há quatro anos

Os primeiros dados oficiais da afluência às urnas em Espanha foram divulgados há alguns minutos. Até às 14h locais (13h em Lisboa) tinham votado 37,02% dos eleitores, 0,86 pontos percentuais abaixo dos valores registados em 2011, à mesma hora. As eleições com maior participação às 14h foram as de 1993, com 41,83%.

Os cinco principais candidatos à presidência do governo espanhol votaram ainda durante a manhã. Segundo as previsões, haverá um parlamento muito mais fragmentado, com o aparecimento de dois novos partidos, o que obrigará a alianças.

A secretária de Estado da Comunicação, Carmen Martín Castro, e o secretário de Estado adjunto do Interior, Luis Aguilera, divulgaram os dados relativos aos votos já apurados nas Comunidades e Cidades Autónomas de Espanha. Das 17 Comunidades, quatro subiram a participação em relação a 2011: Madrid, Galiza, País Basco e Foral de Navarra. Nas Cidades, apenas Melilha.

Mais de 36,5 milhões de espanhóis foram convocados a votar nas eleições deste domingo, num dos cerca de 23 mil colégios eleitorais, 75 mil mesas de voto, 210 mil urnas, 58 mil cabines e 400 milhões de boletins. Dessas pessoas, mais de 1,5 milhões votam pela primeira vez para as eleições legislativas.

TSF - Susana Vera/Reuters

Portugal. TRAPALHADAS NO SAPATINHO



Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

Nestas semanas de ao Natal, o sapatinho dos portugueses enche-se de trapalhadas, maldades e interrogações que marcarão o seu futuro próximo. Umas são de origem caseira e podiam ser evitadas, outras são-nos remetidas pela União Europeia (UE) e por poderes globais a exigirem redobrada atenção.

O problema Banif há muito pairava sobre as nossas cabeças. O Governo da Direita escondeu-o propositadamente até às eleições, para não ser responsabilizado pelas faturas que nos vão surgir nos bolsos. Cavaco Silva, quando enunciava a necessidade de António Costa assumir compromissos sobre o setor financeiro, também sabia do buraco por tapar, mas jamais chamará à responsabilidade os seus amigos. E Carlos Costa, que tem desde sempre conhecimento da situação e é o representante máximo do poder da regulação, não sabe e não quer, ponderadamente, falar verdade aos portugueses e evitar cenários especulativos.

No processo Banif, mais uma vez, vale tudo. Porquê um canal de televisão, a TVI, incentivou o alarmismo? Foi para despertar a sociedade? Foi para ganhar audiências? Ou por detrás houve interessados no processo - portugueses ou tecnocratas europeus - a "encomendarem" o alarme? Estas situações são inadmissíveis. Há que respeitar os interesses dos portugueses.

Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e C.ª, ao adiarem o tratamento do problema, prejudicaram os portugueses em muitos milhões de euros; o alarmismo agravou a fatura; o poder dos funcionários da UE (que não têm estatuto político e por isso não são responsabilizáveis) tornou-se mais influente; o setor financeiro português ficou mais debilitado.

Entretanto, surgem ainda mais evidentes as contradições insanáveis do Tratado Orçamental e de certas práticas da UE. Mas esta semana já vimos, no decorrer do debate quinzenal na Assembleia da República com a presença do primeiro-ministro, Passos Coelho com um risinho de malandrice quando interrogou António Costa sobre a aplicação do tratado. É que Passos Coelho atuará no plano interno e europeu no sentido de forçar a sua leitura mais fundamentalista, o que prejudicará o povo português.

Tudo isto acontece num contexto em que, por um lado, nos caem em cima duros estilhaços da crise económica e financeira por que passa Angola, provocando danos visíveis no emprego de muitos milhares de portugueses e na vida de bastantes empresas e, por outro, anuncia-se - a partir de decisões adotadas nos Estados Unidos da América sobre a subida das taxas de juros - que não durará muito mais o tempo do dinheiro barato.

É hoje mais clara a falácia de muita da argumentação eleitoralista de Passos e Portas. Agora, ao novo Governo está colocada a exigência de forte sentido de responsabilidade na definição interna das políticas económicas e sociais; na boa e séria condução das posições do Estado na economia produtiva e nos serviços; na mobilização dos trabalhadores; no envolvimento e responsabilização dos empresários para novos rumos de desenvolvimento económico e social.

Assistimos também esta semana, em sede de Concertação Social, a uma trapalhada inculcada de pequenina burla que não abona nada em favor da credibilidade do Governo. O ministro Vieira da Silva tem experiência e capacidade suficientes para não entrar em jogos mesquinhos, mas lamentavelmente deixou-se ir. Porquê o compromisso para a atualização do salário mínimo nacional devia arrastar a redução da TSU para os patrões que pagam salários mínimos? É inconcebível que tal proposta tenha sido apresentada pela UGT. Mesmo que o valor seja diminuto, nenhuma medida que descapitalize a Segurança Social, que signifique utilização oportunista de dinheiros públicos, que desincentive os patrões a valorizarem o emprego, deve ser adotada.

Reafirmo que pode e deve desenvolver-se um muito mais amplo exercício de negociação e há diversas políticas e apoios que o Estado pode e deve construir para apoiar a capitalização das empresas, em particular as micro e pequenas e médias. O futuro das empresas e da economia passa por políticas estratégicas e não por velhas pedinchices de baixo teor moral.

Portugal. QUATRO FERIADOS RETIRADOS POR PASSOS/PORTAS VÃO SER REPOSTOS



Estes feriados passam a ser "obrigatórios" a mando da Esquerda. A maioria de Esquerda espera aprovar no parlamento a reposição de quatro feriados.

Com toda a Esquerda a favor de tornar “obrigatórios” os feriados eliminados pelo governo anterior, a discussão no Parlamento agendada para 8 de janeiro vai certamente resultar em mais dias de descanso em 2016.

A recuperar estão o Corpo de Deus - 26 de maio, quinta-feira; Implantação da República - 5 de outubro, quarta-feira; Dia de Todos os Santos - 1 de novembro, terça-feira e Restauração da Independência - 1 de dezembro, quinta-feira.

Apesar de todos defenderem a sua reposição, os vários partidos na ala Esquerda não olham para os feriados da mesma forma: PS e o PCP não identificam o feriado do Corpo de Deus como tal, enquanto o BE e o PEV sim.

Segundo o Diário de Notícias, o PCP prometeu ainda um projeto específico sobre "feriados religiosos” e no futuro apresentará uma proposta para que o dia de Carnaval seja também dia de descanso.

Já na ala Direita, PSD e CDS vão pedir no Parlamento que o Governo “proceda, em estreito diálogo com a concertação social e com a Santa Sé, à avaliação e eventual alteração do acordo quanto aos feriados civis e religiosos".

O PS admite este diálogo, mas o BE e o PEV inscrevem nos seus projetos de lei uma alteração ao Código do Trabalho, para tornar "obrigatórios" os quatro feriados, sem referência a negociações com o Vaticano.

O PEV avançou com um projeto de lei que "consagra a Terça-feira de Carnaval como feriado nacional”.

Notícias ao Minuto

Portugal. BANIF MOSTRA “QUÃO ILUSÓRIA” ERA “PROPAGANDA DA DIREITA”



O dirigente socialista Augusto Santos Silva disse, sábado, que a situação do Banif demonstrou "quão ilusórias" eram as "supostas verdades sobre que assentava a propaganda da direita" e sublinhou que terminou o "tempo da fantasia eleitoral".

"Não é verdade, não era verdade e não é verdade que o sistema financeiro e em particular o sistema bancário tivesse sido corrigido pela intervenção da troika. Embora fosse o segundo dos objetivos do programa de ajustamento - consolidar o sistema bancário português -, o que aconteceu foi o agravar das dificuldades de vários bancos portugueses", declarou o agora também ministro dos Negócios Estrangeiros durante o jantar de Natal da Federação Distrital do Porto do Partido Socialista (PS), em Matosinhos.

Santos Silva declarou, em relação ao Banco Internacional do Funchal (Banif), que "hoje o país confronta-se com uma crise, que se está a procurar resolver, mas que ela própria demonstra quão ilusórias, quão fantasiosas, quão manipulativas eram as supostas verdades sobre que assentava a propaganda da direita".

"Acabou um tempo de fantasia, de ilusão, de demagogia e de manipulação. Nós conhecemos bem os problemas, conhecemos os graves problemas que o país enfrenta, conhecemos os problemas que foram atirados para baixo do tapete por razões apenas eleitorais", disse Augusto Santos Silva.

Perante uma sala onde estavam sentadas figuras socialistas como o líder distrital José Luís Carneiro, os antigos dirigentes da federação Carlos Lage e Renato Sampaio, Augusto Santos Silva disse haver razões para viver a quadra natalícia "com esperança" em termos políticos.

Isto porque, entre outros motivos, está em funções "um Governo do Partido Socialista com o programa do Partido Socialista que beneficia de apoio parlamentar maioritário, mas que se inscreve na linha moderada de centro-esquerda que caracteriza o Partido Socialista".

Santos Silva sublinhou que o Governo está a concretizar aquilo com que se comprometeu: "Se já estamos a fazer agora aquilo que dissemos que fazíamos, isso significa que vamos, nos próximos quatro anos, concluir o nosso programa, concluir o nosso mandato e então apresentar-nos, no devido tempo, ao eleitorado para pedir e merecer a renovação do mandato".

Também no jantar esteve a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, que realçou ser necessário "ter um PS preparado para o combate, capaz de suportar este Governo, mas que não desapareça por o PS estar no Governo".

O Banif está em processo de reestruturação desde 2012. No final desse ano, o Estado injetou 1100 milhões de euros no banco para o recapitalizar.

Desde então, o banco começou a negociar com a Comissão Europeia o seu plano de reestruturação, que até hoje não foi aprovado, mas que se sabia incluir a saída das unidades que tem fora de Portugal.

O Banif tem estado sob os holofotes mediáticos nos últimos dias, perante a confirmação da administração de que o banco está "envolvido num processo formal e estruturado" com vista à venda a um investidor da posição do Estado. São já conhecidos cinco candidatos à compra.

Jornal de Notícias, ontem

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Eleições. SONDAGEM EM ESPANHA DÁ PODEMOS À FRENTE DOS SOCIALISTAS



A última sondagem sobre as eleições deste domingo em Espanha aponta para a vitória do Partido Popular (PP), mas também, e pela primeira vez, para uma ultrapassagem do Podemos ao Partido Socialista (PSOE). O Cidadãos fica em quarto lugar.

De acordo com a "tracking poll" publicada sábado à noite no site do jornal "El Periódico de Andorra", o PP, no poder, conseguirá 26,6% dos votos e 112 a 116 deputados. Segue-se o partido emergente Podemos, que aparece pela primeira vez em segundo lugar, com 21,5% (80 a 84 deputados). O PSOE é assim relegado para a terceira posição com 20,1% (76 a 80) e o Cidadãos, outro partido que concorre pela primeira vez às eleições nacionais, ficará em quarto com 15,3% (45 a 49). A Esquerda Unida consegue 4% (1 a 3), enquanto os vários partidos nacionalistas somam 12,5% (26 a 33 deputados).

O jornal "El Periódico de Andorra" (que pertence ao grupo com o mesmo nome, sediado na Catalunha), publicou um total de seis sondagens já depois da data limite permitida pela legislação espanhola, e foi mostrando que o PSOE e o Cidadãos estavam a perder fôlego. Ainda assim, só este sábado é que os socialistas de Pedro Sanchez foram ultrapassados pelo partido liderado por Pablo Iglesias.

A confirmar-se o cenário previsto por esta sondagem, das eleições deste domingo resultará um empate no número de deputados entre os blocos de centro direita (PP e Cidadãos) e centro esquerda (Podemos, PSOE e IU), ficando os partidos nacionalistas como fiel da balança, sobretudo os catalães e os bascos, que elegem um maior número de deputados.

Rafael Barbosa – Jornal de Notícias, ontem

Eleições. ESPANHA DIZ ADEUS AO BIPARTIDARISMO



Os espanhóis votam, este domingo, nas eleições mais renhidas das últimas décadas.

Habituados a grandes maiorias, alternadas entre os dois partidos tradicionais, este ano os eleitores viram o leque de opções abrir-se com a entrada fulgurante de duas novas formações -Podemos e Ciudadanos- que se preparam para fazer uma entrada histórica no Congresso de Deputados.

Apesar da fuga de votos que atingiu o PP, o partido atualmente no poder deverá voltar a ser a força mais votada, mas é certo que Mariano Rajoy vai perder o poder absoluto que detém. Para governar, terá de negociar para garantir o apoio de outras forças políticas, sendo uma abstenção do Ciudadanos o cenário mais provável. No entanto, tudo vai depender da distribuição final de deputados no parlamento, que neste momento apresenta grande indefinição.

Em aberto está a batalha pela segunda posição, que representa também uma luta pela hegemonia na esquerda, uma vez que PSOE e Podemos surgem nas últimas sondagens em empate técnico. Apesar de rivais, a hipótese de uma coligação entre os partidos de Pedro Sánchez e Pablo Iglesias para governar é, pelo menos, a favorita dos espanhóis nas sondagens realizadas sobre possíveis pactos pós-eleitorais.

Se o futuro governo é uma incógnita, a única certeza é que o mapa político espanhol (que se começou a desenhar com as eleições municipais e regionais de maio) será muito diferente a partir da próxima segunda-feira.

Maria João Henriques – Jornal de Notícias

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Espanha. Eleições. 36,5 MILHÕES DE ELEITORES ESCOLHEM HOJE NOVO GOVERNO



Mais de 36,5 milhões de eleitores vão hoje às urnas para escolher um novo Governo em Espanha, umas eleições das quais sairá a necessidade de acordos pós-eleitorais para formação do executivo, ou seja, o fim do bipartidismo.

Na votação, que decorre entre as 09:00 e as 20:00 locais (menos uma hora em Lisboa), os espanhóis vão eleger os 350 deputados do novo parlamento (Congresso dos Deputados) em 52 circunscrições. Serão depois estes a escolher o presidente do Governo, que até ao momento em Espanha sempre saiu da força mais votada.

Numa primeira votação no parlamento para presidente do Governo é necessária uma maioria absoluta, mas na seguinte basta uma maioria simples.

No entanto, ao contrário de eleições gerais anteriores, a força mais votada (todas as sondagens indicam que deverá ser o PP de Mariano Rajoy, atual líder do executivo) não deverá conseguir nem uma maioria absoluta, nem uma maioria suficiente para fazer um acordo com pequenos partidos regionais ou nacionalistas.

Pelo contrário, precisará de fazer um acordo com um ou mais dos outros três partidos mais fortes: o PSOE de Pedro Sánchez, e as novas formações, o Ciudadanos de Albert Rivera e o Podemos de Pablo Iglesias.

Ao não conseguir uma maioria suficiente, o vencedor também poderá ficar exposto a um acordo dos outros três ou mais partidos, colocando no Palácio da Moncloa (sede do Governo) o líder de uma força que não tenha sido a mais votada.

A esse cenário - que os dirigentes políticos em Espanha apelidaram de "solução à portuguesa" - há que juntar um outro: que um ou outro partido condicione o seu apoio ao afastamento dos atuais líderes dos partidos tradicionais, Rajoy ou Sánchez.

Independentemente dos cenários admitidos pelos vários candidatos em campanha, os espanhóis estão convencidos de que as negociações entre os partidos poderão ser longas e duras e até mesmo durar dois meses.

A campanha para as "gerais" espanholas ficou marcada por debates agressivos na televisão (debates "a quatro" sem Mariano Rajoy e um cara-a-cara entre Rajoy e Sánchez que culminou em insultos) e mesmo uma agressão a murro ao presidente do Governo, numa arruada em Pontevedra (Galiza).

As eleições de hoje são também as primeiras que se realizam com Espanha num grau de alerta 4 (o penúltimo antes do mais alto, o 5) de ameaça terrorista. Assim, 91.700 agentes da autoridade estão mobilizados para o dia eleitoral (28.803 polícias, 44.221 militares da Guardia Civil, agentes das polícias autonómicas e 13.000 polícias municipais e efetivos da Proteção Civil).

Lusa, em Notícias ao Minuto

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