terça-feira, 5 de junho de 2018

CONTE | Novo PM italiano promete mudanças radicais


Em discurso inaugural, Giuseppe Conte promete luta contra corrupção, privilégios e migração ilegal, além de buscar uma aproximação com Moscou, num governo que não pode ser qualificado de direita e nem de esquerda".

O novo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, apoiado pelo eurocético Movimento Cinco Estrelas (M5S) e pela ultradireitista Liga (ex-Liga Norte), apresentou nesta terça-feira (05/06) seu governo, em discurso de posse perante o Senado como "um novo sistema contra os privilégios no país", dizendo representar "uma mudança radical".

Conte, um jurista e professor universitário de 53 anos que não fazia parte do Parlamento italiano, admitiu não ter experiência política e afirmou ser um "simples cidadão" que se declarou disponível e colocou sua experiência a serviço do país.

O novo primeiro-ministro italiano acrescentou que assumirá o cargo com "humildade, determinação e conhecimento de seus limites", mas também com a abnegação de quem compreende o peso da responsabilidade que lhe outorgaram, sendo "o advogado que protegerá os interesses de todo o povo italiano".

Em resposta às críticas de que seu governo é populista ou antissistema, Conte afirmou que "se o populismo é escutar as necessidades do povo e antissistema é introduzir um novo sistema que remova velhos privilégios, então estas qualificações são merecidas".

"Não acredito que se trate de uma simples novidade. A novidade é que iniciamos uma mudança radical da qual estamos orgulhosos." Seu governo "não pode ser qualificado nem de direita e nem de esquerda".

Em seguida, Conte enumerou os pontos do programa de governo assinado entre a Liga e o M5S, entre os quais se destacam uma renda mínima de cidadania para os desempregados, luta contra a corrupção e fim da migração ilegal. A nova coalizão italiana pretende acabar com "o mercado da imigração, que cresceu desproporcionalmente sob o manto da falsa solidariedade".

Na política internacional, reiterou que, embora seja membro da Otan e os Estados Unidos sejam um "parceiro privilegiado", a Itália promoverá "uma abertura à Rússia" e "revisará o sistema de sanções, sobretudo as que afetam a sociedade civil".

Conte garantiu ainda a introdução de alíquotas tributárias fixas, já que "a pressão fiscal, unida ao excesso de burocracia, incidem negativamente na relação com os contribuintes e sobre a competitividade do país", e afirmou que ajudará a evitar a "evasão fiscal".

Ele explicou que serão reforçadas as agências de emprego, que ajudará os aposentados para que tenham uma pensão digna, e se comprometeu a eliminar as listas de espera no sistema de saúde.

Um dos temas em que mais se aprofundou, em seu discurso de uma hora e 11 minutos, foi a luta contra a corrupção, com interdições para os corruptos a introdução de policiais infiltrados na investigação de casos. Ele prometeu que seu Executivo lutará com "todos os meios contra as máfias". Após o discurso, Conte iniciou um debate com a participação de todas as forças políticas.

PV/efe/dpa | Deutsche Welle

Putin defende aproximação com União Europeia


Presidente russo nega desejo de desestabilizar bloco europeu e pede fortalecimento dos laços entre Moscou e Bruxelas. "Quanto mais problemas houver na UE, maiores serão os riscos e as incertezas para nós", diz.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, defendeu uma maior cooperação entre o governo russo e a União Europeia (UE). Segundo Putin, Moscou não busca a desestabilização do bloco comunitário europeu – apesar de se aproximar de partidos críticos da UE.

"Não estamos perseguindo o objetivo de dividir algo ou alguém na UE", disse Putin em entrevista à emissora estatal austríaca Österreichischer Rundfunk (ORF), um dia antes de visitar Viena.

Em vez disso, é de interesse da liderança russa "que a União Europeia esteja unida e floresça". "A UE é nosso parceiro comercial e econômico mais importante", justificou o presidente russo.

Segundo ele, quaisquer contatos de nível partidário com movimentos nacionalistas e eurocéticos não visam desestabilizar o bloco. "Pelo contrário, precisamos fortalecer a cooperação com a UE", disse Putin. "Quanto mais problemas houver na UE, maiores serão os riscos e as incertezas para nós."

A cooperação entre a legenda Rússia Unida – partido do qual foi fundador – e partidos de direita, como a Alternativa para a Alemanha (AfD) e o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), é decidida de forma pragmática. 

Putin afirmou que a Rússia Unida também gostaria de estabelecer contatos com outras forças políticas. "Tentamos cooperar com aqueles que expressam publicamente o desejo de trabalhar conosco", disse.

Putin é aguardado nesta terça-feira (05/06) para uma visita de um dia à Áustria. É a primeira visita de Putin a um país da União Europeia desde a sua reeleição como presidente russo em março. O homem mais poderoso da Rússia e líderes do Estado e do governo austríaco, entre eles o chanceler federal Sebastian Kurz, pretendem dialogar sobre a crise na Ucrânia, sanções econômicas e a situação política global.

Putin enalteceu os bons contatos com a Áustria, que faz parte da União Europeia, mas não da Otan. "Apesar de todas as dificuldades, o diálogo não foi interrompido nos últimos anos", disse.

PV/dpa/rtr | Deutsche Welle

Geopolítica de petróleo e gás: Aproxima-se uma tempestade de petróleo


Rússia, sauditas e Irão têm todas as cartas

“Chevron e Exxon Mobil têm participação na petroleira em Tengiz; Exxon, em Kashagan; e Chevron, em Karachaganak, todas no Cazaquistão. (…) OK. Agora, então, imaginem que Washington resolva que Chevron e Exxon Mobil não podem continuar a fazer negócios com empresas russas ‘sancionadas’…” 

Pepe Escobar, Asia Times (de Doha) in Russia Insider*

Rússia e Arábia Saudita estão em debate profundo sobre aumentar a produção de petróleo OPEP e não OPEP em 1 milhão de barris/dia para compensar a queda drástica na produção na Venezuela além de possíveis reduções depois que as novas sanções dos EUA contra o Irã entrarem em vigência em novembro.

O problema é que nem esse aumento pensado na produção bastará, segundo o Credit Suisse; apenas 500 mil barris/dia seriam acrescentados ao mercado global.

O petróleo já alcançou $80 o barril – de que não se ouve falar desde 2014. O aumento da produção poderia certamente alterar a tendência. Ao mesmo tempo, fornecedores chaves manteriam o cru nos mercados futuros em $70-$80 o barril. Mas o preço poderia chegar até a $100 antes do fim do ano, dependendo do impacto que tenham as sanções norte-americanas.

Corretores de petróleo no Golfo Persa disseram a Asia Times que o preço atual do petróleo seria “muito mais alto hoje, se os estados do Golfo cumprissem o papel que sempre tiveram, de reduzir a produção” – para 10% ou 15% ou 20% da oferta da OPEP. Segundo um trader de Abu Dhabi, “os atuais cortes da OPEP só atingem 1,8 milhões de barris por dia, o que é ridículo e indica que os EUA ainda estão pressionando para manter baixo o preço.”

Um acordo russo-saudita poderia com certeza virar a mesa.

E há também a questão adicional da redução da oferta da OPEP. Há um consenso entre os traders de que “o corte a ser substituído é de cerca de 8% do suprimento total, que dá aproximadamente 8 milhões de barris/dia/ano. Grande parte disso foi alcançado na extração pré-2014, mas nos próximos quatro anos a extração cairá consideravelmente, colapso estimado em 50%.”

Implica dizer que a única regra é a incerteza. Como se não bastasse, a Société Générale previu que as sanções dos EUA podem tirar do mercado global até 500 mil barris/dia de cru iraniano.

E isso nos leva ao assunto realmente importante no futuro de curto prazo, que surgiu de análises que Asia Times cruzou, de traders do Golfo Persa e de diplomatas na União Europeia: à parte as questões técnicas, a questão é como os mercados de petróleo e energia são hoje reféns da pressão geopolítica.

Os EUA estão em posição relativamente confortável. A produção de petróleo alcançou 10,7 milhões de barris/dia – o suficiente para as necessidades domésticas. E a produção do petróleo de xisto deve chegar no próximo mês à produção recorde de 7,18 milhões de barris/dia, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA.

Os EUA importam apenas 3,7 milhões de barris/dia – três milhões dos quais, do Canadá. Como traders no Golfo Persa confirmaram, os EUA “importam óleo pesado e exportam óleo leve. Em três anos, o país estará essencialmente totalmente independente.”

Sancionar ou morrer

Mais uma vez, o coração da matéria tem a ver com o petrodólar. Depois que o governo Trump separou-se unilateralmente do acordo nuclear iraniano (Plano Amplo Conjunto de Ação, ing. Joint Comprehensive Plan of Action, JCPOA), diplomatas da União Europeia em Bruxelas admitem off the record e ainda em choque, que erraram muito gravemente ao “não configurar a Eurozona como área distinta e separada da hegemonia do dólar”. Agora podem ter de pagar o alto preço da própria impotência, cedendo o comércio com o Irã, tornado “ilegal”.

A União Europeia – pelo menos na retórica – quer agora pagar em euros pelo petróleo iraniano. Acrescente-se a isso o ultimatum que o governo Trump fez à chanceler Merkel: desista do gasoduto Ramo Norte II a partir da Rússia, ou os EUA aplicarão tarifas extras sobre o aço e o alumínio –, isso, para que se possa avaliar o ponto de ignição do qual se aproximam hoje as relações EUA-UE.

Essa matéria do Deutsche Bank Research tem o mérito de destacar as vantagens do gasoduto Ramo Norte II. E toca num dos nervos, quando destaca que “os fluxos de gás russo que atravessam a Ucrânia parecem instalados para se manterem depois de 2019, quando expirarem os velhos contratos”. E isso “pode promover a aceitação do Ramo Norte II”.

Mas essa não é a história completa.

Diplomatas da União Europeia temem que “os EUA possam estrangular o Irã, bloqueando o acesso dos iranianos aos sistemas SWIFT e CHIPS [dois sistemas de compensações bancárias internacionais], o que impedirá que façam as compensações do que recebam, além de também estrangular o Irã com sanções.”

Simultaneamente, no Golfo Persa não é segredo entre os traders que mais cedo ou mais tarde todos terão de enfrentar a realidade de que o Irã, se atacado pelos EUA, “tem poder para derrubar as economias ocidentais, se destruir 20% da produção de petróleo no Oriente Médio. E a Rússia também tem esse poder.

A Rússia é amplamente autossuficiente para atender as próprias necessidades. Pode ganhar dessa vez – como batalha econômica, em vez de batalha militar”.

Os EUA parecem estar ampliando a proverbial “oferta que ninguém pode recusar” também à União Europeia: uma entrega furtiva, garantida, de Gás Natural Liquefeito (GNL), na eventualidade (pouco provável) de corte do fornecimento de gás natural russo para a União Europeia.

Para começar, a Gazprom russa não tem qualquer intenção de deixar vedar seu extremamente lucrativo mercado europeu. Além disso, essa suposta capacidade dos EUA para fornecer GNL “ainda não existe nos EUA. Os EUA não podem substituir o petróleo ou o gás russos para a União Europeia” – disseram os traders –, ainda que “o petróleo russo fornecido à UE tenha diminuído 40%, ao tempo em que as exportações de petróleo russo para a China cresceram 30%.”

Indiferente à realidade objetiva, o EUA-Capitólio, servindo-se da lei CAATSA, Countering America’s Adversaries Through Sanctions Act [“lei das sanções”], prepara-se para atacar os setores russos de defesa e energia com sanções secundárias (que se aplicam a nações que negociem com Moscou) devastadoras.

E esse movimento de aprofundar as sanções sobre o Irã e sobre a Rússia, sem dúvida terá repercussões imensas não só na Europa, mas em toda a Ásia Central.

Problemas no Cazaquistão

Considerem-se os três principais projetos de energia do Cazaquistão: Tengiz, Kashagan e Karachaganak. A maior parte das exportações de cru do Cazaquistão corre pelos 1.500 km do oleoduto Caspian Pipeline Consortium, CPC – que pertence em parte a Moscou (Transneft é proprietária de 24%, contra 15% da Chevron e 7,5% da Exxon Mobil).

A expansão dos dois projetos, Tengiz e Kashagan, que bombeia cerca de 950 mil barris/dia para a costa russa do Mar Negro, depende de rotas russas de trânsito.

Os 250 mil barris/dia de condensado de Karachaganak seguem Caspian Pipeline Consortium, CPC, e quase 18 bilhões de metros cúbicos de gás ao ano vão para a Rússia e são comercializados pela Gazprom.

Chevron e Exxon Mobil têm participação em Tengiz; Exxon, em Kashagan; e Chevron, em Karachaganak.

Executivos de petróleo e gás russos foram apanhados na rede das sanções dos EUA. A Transneft está sob sanções desde 2014. OK. Agora, então, imaginem que Washington resolva que Chevron e Exxon Mobil não podem continuar a fazer negócios com empresas russas…

Acrescente-se a tudo isso a reação da Rússia. Recente legislação aprovada na Rússia criminaliza empresas russas que aceitem sanções dos EUA – e ainda é possível retaliar também com proibição de empresas norte-americanas trabalharem na construção de infraestrutura na Rússia.

Traders no Golfo Persa dizem que, se a Rússia finalmente se convencer a “redirecionar sua oferta de petróleo e gás natural para a China, e a União Europeia ficar totalmente exposta ao Oriente Médio para receber petróleo extraído de/por estados do Golfo, todos gravemente instáveis, toda a Europa pode a qualquer momento ver-se em colapso, no sentido econômico, no caso de corte na produção de um ou outro estado do Golfo.”

A opção nuclear

Com isso somos lançados no coração do jogo geopolítico, como já admitem, jamais on the record, especialistas em Bruxelas: a União Europeia tem de reavaliar sua aliança estratégica com EUA essencialmente independentes em termos energéticos. “Estamos arriscando todos os nossos recursos de energia naquelas análises geopolíticas à Halford Mackinder, de que eles têm de conseguir separar Rússia e China.”

É referência direta ao falecido epígono de Mackinder, Zbigniew “Grande Tabuleiro de Xadrez” Brzezinski, que morreu sonhando com conseguir pôr a China contra a Rússia.

Em Bruxelas, há crescente percepção de que a pressão dos EUA contra Irã, Rússia e China é efeito do medo geopolítico de que toda a massa continental eurasiana, organizada como super bloco comercial via a Iniciativa Cinturão e Estrada (ICE), a União Econômica Eurasiana (UEE), a Organização de Cooperação de Xangai (OCX), o Banco Asiático de Investimento e Infraestrutura (BAII) está escapando da influência de Washington.

Essa análise[1] aproxima-se muito de como os três nodos chaves da integração da Eurásia no século21 – Rússia, China e Irã – identificaram a questão chave: ambas as moedas, o euro e o yuan têm afastar-se do petrodólar; o meio ideal, como os chineses destacam, para “pôr fim à oscilação entre ciclos de dólar forte e ciclos de dólar fraco, que são tão lucrativos para instituições financeiras norte-americanas, mas letais para mercados emergentes.”

E é por isso que os mercados de petróleo futuro de Xangai estão passando por tamanha mudança, já aprofundando o mercado de papéis soberanos da China. Traders do Golfo Persa manifestam forte interesse em como os traders asiáticos lucram do fato de o petroyuan ter lastro ouro (pode ser resgatado em ouro). O petróleo iraniano vendido em Xangai também expandirá esse processo.

Tampouco é segredo entre os traders do Golfo Persa que no caso – esperemos que nunca aconteça – de uma guerra Israel-sauditas-EUA no sudoeste da Ásia, contra o Irã, um cenário de guerra a favor do qual o Pentágono jogará seria “destruir os poços de petróleo nos países do Conselho de Cooperação do Golfo. O Estreito de Ormuz nem precisaria ser bloqueado, porque destruir os poços de petróleo teria efeito muitas vezes mais eficaz.”

E o que a possível perda de mais de 20% do suprimento mundial de petróleo pode significar é apavorante: a implosão, de consequências inimagináveis, da pirâmide de quatrilhão de derivativos e, consequentemente, da superestrutura de todo o cassino financeiro ocidental.

Podem chamar de reação em cadeia de uma arma nuclear financeira de destruição em massa. Comparada a isso, a crise financeira de 2008 não passaria de passeio num parque de preservação ecológica.

*Em Oriente Mídia | Traduzido por Vila Vudu

* “A storm IS coming” [Vem aí uma tempestade] – RI deu título muito pertinente ao meu mais recente mergulho na matrix de petróleo e gás. E está muito próxima, It’s just a shot away [aprox. “à distância de um tiro/de um beijo”, by The Rolling Stones]” (Pepe Escobar, pelo Facebook).

[1] “De tanto que distribuem sanções pelo mundo, EUA inadvertidamente firmam e confirmam o multipolarismo”, 28/5/2018, Alastair Crooke, Strategic Culture Foundation(traduzido em Blog do Alok [NTs]).

FRANÇA | Seja jovem e cale a boca!


Rémy Herrera

Em 22 de Maio último, na sequência de uma manifestação da função pública em Paris, a que aderiram ferroviários e estudantes, cerca de uma centena de jovens – muitas vezes menores e alguns apenas com 14 anos! – foram presos pelas forças da ordem quando protestavam e ocupavam um liceu (o Lycée Arago) da capital.

Antes de serem colocados sob custódia, cerca de sessenta deles foram parqueados como gado num furgão da polícia durante mais de quatro horas, sem autorização para prevenirem seus parentes, beberem ou irem às toilettes. Na sequência destas interpelações, traumatizantes para adolescentes e angustiantes para as suas famílias, vários destes jovens foram apresentados, algemados nos pulsos, em procedimento de urgência, diante de um juiz.

Qual o delito cometido por estes jovens rebeldes? Eles haviam decidido – e tido a coragem – de se oporem (sem provocarem nenhuma degradação, com excepção de um vidro partido) à "reforma" neoliberal do sector da educação que o presidente Macron quer impor. Um dos jovens interpelados declara: "Fiquei chocado com a agressividade das forças da ordem e as condições de detenção. Pretendeu-se fazer de nós um exemplo para travar a mobilização dos jovens, mas vou continuar a mobilizar-me, ainda mais".

Desde há meses os sindicatos estudantis de esquerda afirmam a sua recusa em ver a educação mercantilizada – quando o sistema francês dá um lugar preponderante ao público –, com as despesas de inscrição aumentadas – os cursos do superior eram até à pouco ainda eram (quase) gratuitos –, com a selecção generalizada à entrada da universidade –, o acesso a esta era, até uma lei recente, garantido a todos após o bacharelato. Eles dizem não ao facto de que cada vez mais jovens desfavorecidos são proibidos, pelo dinheiro, de fazerem estudos e serem condenados ao desemprego. Muitos professores também estão mobilizados. Todos reclamam mais meios para o sector educativo, asfixiado pela austeridade.

Seja o que for que se pense do presidente Macron, e seja qual for o qualificativo que se dê a um governo que age assim, um regime que está reduzido a atacar dessa forma juventude, evidentemente não se porta bem. Aqui não se passa nem um dia sem repressão política da cólera social. Será que se pretende que nos habituemos a ver as CRS invadir campus universitários em efervescência, a espancar estudantes recalcitrantes? Seria preciso que aceitássemos assistir passivamente ao confisco por uma hierarquia ministerial autoritária decisões de assembleias-gerais de professores e funcionários administrativos em luta? Isto equivale a renunciar aos poucos espaços democráticos concedidos pela nossa sociedade capitalista!

Só a comédia da democracia burguesa é tolerada. E por enquanto. Num teatro de Paris (o Odéon, célebre por ter sido ocupado pelos estudantes em Maio de 1968), foi dados um espectáculo em 7 de Maio a fim de rememorar os acontecimentos de 50 anos atrás. Tudo se desenrolava como o previsto... até que verdadeiros estudantes (de hoje!) subitamente irrompessem na sala do espectáculo e se fizessem convidar a tomar a palavra para explicar ao público os motivos das suas contestações actuais. A direcção do teatro, em pânico, chama a polícia que fez evacuar manu militari, num mal-estar geral, os jovens perturba-festas!

Alguma coisa está errada no reino de Macron. Esta alguma coisa é talvez um povo que recusa o destino que se lhe reserva. Um povo que, lentamente, toma consciência de que a desmontagem dos serviços público não é um progresso, que as "reformas" louvadas pelos media a soldo da finança não são senão destruições. Um povo que, penosamente, aprende a se por de pé para marchar novamente. Tudo isso exigirá tempo. Mas é claro que somos numerosos nós os que não os queremos deixar actuar.

O ministro do Interior, Gérard Collomb, sem dúvida já o compreendeu. Ele anunciou em 27 de Maio: "Se se quiser manter amanhã o direito de manifestar, que é uma liberdade fundamental, é preciso que as pessoas que queiram exprimir sua opinião possam também se opor aos "arruaceiros" e não, pela sua passividade, serem, de certo ponto de vista, cúmplices do que se passa [os danos provocado]". Condicionar o direito de manifestar em França à transformação em policiais de todos os "manifestantes ordinários", como ele os chama, que belo projecto de sociedade! 

03/Junho/2018

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

BILDERBERG | Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és



Mário Motta, Lisboa

Clube secreto ou grande máfia são só duas das definições que popularmente muitos usam para os Bilderberg. Há ainda os que lhes chamam DDM (Donos do Mundo). Para a grande maioria significam simplesmente uns desconchavados filhos da pátria do cifrão, estrategas que se reúnem sem que se saiba o que ali discutem, o que ali fazem, porque o fazem tão secretamente. Diz-se que aquilo que ali fazem é discutir estratégias para tramar a população mundial e com base na exploração desenfreada enriquecerem, destinarem focos de guerras que alimentem a indústria do armamento, arquitetarem “revoluções coloridas”, condenarem à fome populações de países do dito terceiro mundo e todos aqueles que se "portem mal" e que os confrontem  em prol de sociedades justas, e na realidade democráticas, igualitárias, equilibradas, pacíficas, socialmente justas, humanas, etc.

Naquele grupo, também chamado de GSS (Grupo de Sacanas Secretos), não são só os divulgados que se reúnem mas também os patrões-mor, talvez Al Capones de colarinho branco que detêm 90 por cento da riqueza do mundo. Todos aqueles filhos da pátria do cifrão e da desgraça dos povos nasceram em vários países, pátrias que traíram. De Portugal existem uns quantos, sendo um dos notáveis o cherne escamudo e super banhudo Durão Barroso. O mais notável, dito português, Pinto Balsemão, parece que chefe da banda secreta dos nascidos na Pátria Lusa Atraiçoada é esse grande negociante-comunicador e outras coisas manchadas ou nem por isso.

Bilderberg vai novamente reunir. Podemos dizer que são mais que as mães que não os deviam ter parido. O ECO dá disso notícia e o PG puxou para aqui a notícia. Não pela sua relevância mas sim para que os mais esquecidos meditem sobre todas aquelas peças de arte da miséria de milhões de vítimas do mundo inteiro. Este ano parece que vão mais duas estagiárias portuguesas de tais nefastas artes, cujas caras estão documentadas na foto acima, uma é Paula Amorim e a outra Isabel Mota – talvez só para a organização fingir que cumpre as quotas entre géneros – assim à laia de pares de jarras regadas com águas das fossas pestilentas.

Estão todos convidados, os que estão a ler isto, a inteirarem-se da quantidade de marmanjos e marmanjas que vão estar na perniciosa e secreta reunião Bilderberg. Vejam a lista no ECO, aqui com ligação no final da prosa.

Os Bildebergzinhos são mainatos dos patrões-mor mas bons patriotas do cifrão, já se sabe, e o que mais vier do piorio para as gentes, vide Barroso. É a tal coisa: diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és… Pois. (MM | PG)

Durão Barroso, Paula Amorim e Isabel Mota vão estar no “clube secreto” de Bilderberg

Enquanto Barroso é repetente, as duas gestoras estreiam-se na edição deste ano dos encontros deste "clube secreto", a acontecer em Turim.

Durão Barroso, Paula Amorim e Isabel Mota são as personalidades portuguesas a marcarem presença em mais um encontro de Bilderberg, que este ano será em Turim. Enquanto Barroso é repetente, as duas gestoras estreiam-se neste “clube secreto”.

Os nomes, que tinham já sido apontados esta segunda-feira pelo Observador, fazem parte da lista oficial dos 128 convidados de 23 países, que foi revelada esta terça-feira. Para além destes, vão estar presentes quatro espanhóis, entre os quais Sáenz de Santamaría, vice- primeira-ministra do governo de Rajoy, que entretanto saiu do poder.

Em maior número estão os norte-americanos, sendo eles 37. Fazem ainda parte da lista 21 CEO, 27 chairmans, quatro primeiros-ministros, um ex-primeiro-ministro e dois vice-presidentes — sendo que um deles já não o é.

Todas estas altas personalidades vão estar reunidas para discutir os doze temas centrais: populismo na Europa, o desafio da desigualdade, o futuro do trabalho, inteligência artificial, os Estados Unidos antes das eleições intercalares, comércio livre, a liderança mundial dos EUA, Rússia, computação quântica, Arábia Saúdita e Irão, o mundo da “pós-verdade” e temas da atualidade.

Na edição do ano passado, os escolhidos de Barroso para representar a comitiva portuguesa no “clube secreto” de Bilderberg foram o gestor da EDP, António Mexia, e o ex-ministro e sócio do escritório de advogados CMS Rui Pena & Arnaut, José Luís Arnault. No entanto, o primeiro não esteve presente visto ter sido constituído arguido no caso dos CMEC após o convite.

Juliana Nogueira Santos | ECO – Economia Online

Portugal | A época da chantagem


Paula Ferreira | Jornal de Notícias | opinião

A guerra está aberta entre sindicatos de professores e Ministério da Educação. E a altura do ano escolhida não podia ser pior. Afinal que têm os alunos a ver com esta luta, sem fim à vista? Tudo e nada. Tudo, porque só professores motivados conseguem dar aulas que conquistem os mais novos; nada, porque o foco dos estudantes, neste momento, são os exames - que, no atual sistema de ensino, significa o futuro.

A luta dos professores será justa. Não é isso que está em causa, é também o futuro da classe em jogo. Todavia, ameaçar fazer greve às avaliações, deixando milhares de alunos com o destino suspenso, não parece o melhor caminho.

Tenho dúvidas que os propósitos de Mário Nogueira e de João Dias da Silva tenham sucesso junto da classe que representam. Um professor acompanha o percurso dos seus alunos, um professor faz do sucesso do aluno o seu sucesso e o fracasso será também o seu fracasso. Como irão os docentes, por mais plausíveis que sejam as suas reivindicações, reagir perante os olhares ansiosos dos alunos, que acompanharam ao longo de um ano ou de um ciclo de ensino? Uma décima, a mais ou a menos, na nota de um exame, pode mudar o rumo das suas vidas.

Uma decisão difícil. Exigem a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço em que a contagem está congelada. Do outro lado, o Ministério da Educação mostra-se disponível a contar apenas dois anos, nove meses e 18 dias.

O compromisso com os alunos não é da exclusiva responsabilidade dos professores. O Estado de igual modo o deve ter. Tiago Brandão Rodrigues ao pôr um ponto final nas reuniões com os sindicatos, depois de recusada a sua proposta - que apaga parte da vida profissional de muitos docentes -, coloca o contencioso no plano do inegociável. O ministro tem a obrigação de perceber uma coisa: a altura do ano não é propícia a chantagem.

*Editora-executiva-adjunta

Costa no antigamente: FÁTIMA, FADO, FUTEBOL… FOGO!


Até parece que não existem problemas em Portugal para serem resolvidos rapidamente, até parece que não existem setores em Portugal que precisam de atenção, incentivos e medidas para que Portugal e a equipa de milhões - que somos nós - não desista, nem abrande, da recuperação pós-debulho e roubos de banqueiros, de políticos e outros dos tais de colarinho branco. E isso até parece porque vimos Costa a abraçar o futebol, e o mundial do dito. E o caminho que deixou de trilhar com a tal "geringonça". A seguir é Fátima e o fado, como antigamente? É demais. Para não expressar aqui a tal palavra ordinária… Fogo! Costa está a ficar como Passos e outros aldrabões. (MM | PG)

Sermos Campeões Europeus "é responsabilidade que não nos pode criar peso"

O primeiro-ministro diz que o facto de sermos Campeões Europeus não pode "criar um peso" e mostrou-se confiante no sucesso da Seleção Nacional no Campeonato do Mundo na Rússia.

António Costa esteve esta manhã na Cidade do Futebol, em Oeiras, em visita à Seleção Nacional, a quem dirigiu palavras de apoio.

“Que todos eles se realizem enquanto os excelentes profissionais que são. Que representarão, seguramente, Portugal com toda a dignidade e profissionalismo como o têm feito”, começou por dizer o primeiro-ministro sobre os 23 escolhidos de Fernando Santos. 

Costa não nega que o facto de sermos Campeões Europeus é uma responsabilidade. Mas afiança que “é uma responsabilidade que não nos pode criar um peso”. O líder socialista disse ainda que Portugal tem motivos para encarar esta prova com “muito otimismo e muita confiança”, deixando rasgados elogios ao trabalho da Federação Portuguesa de Futebol, no sentido de mostrar como deve ser o desporto. 

Sobre as ‘visitas’ à Rússia, Costa destacou que está previsto que seja Marcelo Rebelo de Sousa a marcar presença no jogo inaugural. “Eu irei ao Portugal-Irão. Depois irei aos oitavos de final, o Presidente da Assembleia da República irá aos quartos, o Sr. Presidente da República irá às meias-finais e depois iremos todos à final”, detalhou o primeiro-ministro, que se mostrou confiante no sucesso da equipa das quinas. 

Questionado sobre a necessidade de reconfortar Rui Patrício devido à situação que viveu no Sporting, clube com o qual rescindiu contrato, Costa disse ser de tamanha importância que os jogadores se sintam motivados. 

“Sabemos que nem todos tiveram uma vida calma e tranquila nos últimos tempos isso acontece-nos a todos e sabemos que o estado de espírito é essencial para darmos o nosso melhor. O Rui Patrício é uma marca extraordinária do futebol português, é um atleta que nos merece o carinho e o respeito de todos e com quem contamos para fazer um grande campeonato do mundo. É preciso que estejam todos a 100%”, concluiu.

Tiago Miguel Simões | Notícias ao Minuto

Há mais lixo em Portugal. Vide no Largo do Rato, no Ministério da Educação e etc.


Ontem Portugal esteve sem comboios, hoje ainda está quase deserto em imensas ferrovias. Querem que um só ferroviário controle uma “lagarta” tão grande a transportar centenas de passageiros, querem deixar os que têm dificuldades motoras e não conseguem subir para as carruagens nas estações – a ver passar os comboios. Querem “mamar” e abusar, esquecendo o popular dito “mama mas não abuses”. E lá está o governo a favor das medidas que se borrifam para as pessoas, para a prestação de serviços aos que lhes pagam chorudas mordomias que a acrescentam aos vencimentos e outros negócios… Nem os chulos fazem isso às prostitutas a que se alapam. E se fizerem elas mudam de chulo.

E o lixo, deuses nossos que estais tão em baixo, que dizem ter sido os portugueses a produzir mais um quilo e tal por dia que anteriormente. Se calhar não foram os portugueses no seu todo mas só alguns. Por exemplo: constatamos que o ministro da Educação é uma lixeira nauseabunda – vide a chantagem que aquele “democrata” faz aos professores. Isto num pseudo governo socialista! Ou numa lixeira socialista? Esse tal Tiago Brandão Rodrigues e outros nas ilhargas de Costa estão a dar trunfos à lambisgóia da direita populista da Cristas e dos ainda passistas que são também lixo no PSD.

Parece que Costa não tem força para prosseguir aquele nadinha na berma esquerda da estrada em que pôs os pés para ser governo com a cobertura da aliança parlamentar com os partidos à esquerda no Parlamento. Direita volver e antidemocracia. É, não é Costa? Com que então, na educação, mais um ditador à laia do anterior (passista). Já agora um chantagista a apertar com os professores que viram as suas carreiras mandadas para o lixo e que por mais que tentem não estão a conseguir recuperarem-nas. E lá está, no Ministério da Educação, o Tiago a chafurdar na lixeira das suas políticas ditatoriais e chantagistas. Mas que bela democracia a deste PS que se tem vindo a assomar à janela das ratazanas da direita instalados no xuxial xuxalista. Bem, o recomendável é deixar a “coisa” andar. Vamos ver se o PS de Costa passa a PS do abominável Chico Assis e quejandos.

Já agora, ainda não foram aqui referidos os problemas na agricultura, nem vão ser abordados. A não ser o mau estado de padecimento dos tomates de certos e incertos que se dizem de esquerda e socialistas. Estão a apodrecer a olhos vistos, a mirrar, engelhados e muito pequeninos… Deste modo não tardará que o Largo do Rato se veja repleto de eunucos. E tanto que há para dizer sobre as constantes viragens à direita do PS… Assim, não!

A seguir o Expresso Curto. A atirar para o manso. Ah, e além disso há a tal reunião “secreta” do Bilderberg e os portugueses que daquilo fazem parte. Uma “boa” para no Expresso Curto abordarem. Pois. A não ser que o tio Balsemão não queira. Já se sabe, quem manda, pode. Pois.

Bom dia. Boas festas, aos animais que dizem irracionais – incluindo certas  e incertas pessoas. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

“Já sei o que vais fazer no próximo verão”

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

Privacidade. Uma palavra, onze singelas letras. Uma fronteira tão difícil de definir quanto o limite da própria subjetividade. Depois do (enorme) escândalo da Cambridge Analytica, parecem haver novos problemas com violações de privacidade pelo Facebook, esse gigante onde milhões de pessoas expõem diariamente as suas vidas. Uma investigação do New York Times, publicada ontem, dava conta que o Facebook partilhou dados pessoais de utilizadores com empresas de telemóveis como a Apple ou a Samsung. A empresa de Mark Zuckerberg já desmentiu qualquer má prática.

Mas começam a ser muitos casos. Zuckerberg ainda não se livrou do escândalo original e já tem vários outros à perna. No final da semana passada, o Financial Times revelava que a rede social AggregateIQ, com ligação à Cambridge Analytica, também teve acesso indevido a dados pessoais.

Nem tudo é o que parece e as culpas podem facilmente estar repartidas. Há quem abuse na partilha dos próprios dados pessoais. Um estudo no Reino Unido, por exemplo, revelava que os jovens mais rapidamente dão informações pessoais à Amazon do que ao seu banco. E sabe-se como é muito fácil os estados autoritários usarem estes instrumentos para reforçar o controlo das populações. Como contava o Virgílio Azevedo na rubrica o Futuro do Futuro na edição de 26 de maio do Expresso, já há censura feita por máquinas. Muito distante do célebre lápis azul do Exame Prévio que vigorou em Portugal durante muitos anos e com qual o Expresso bastante sofreu.

Nem mais a propósito, a universidade de Stanford nos EUA, em pleno Silicon Valley, vai incluir o estudo da ética nos seus cursos de tecnologia. Em entrevista ao Financial Times, o presidente da universidade, Marc Tessier-Lavigne, insistia que “talvez tivessem sido úteis se tivessem sido dados há sete ou 10 anos” quando questionado sobre as violações de privacidade do Facebook.

As questões éticas da tecnologia não se esgotam na privacidade. Longe disso. E a tecnologia pode ter usos bastante mais violentos. Por exemplo, a Google renunciou à colaboração com o Pentágono dos EUA que passava pelo uso de inteligência artificial em drones para melhorar a identificação de alvos militares.

OUTRAS NOTÍCIAS 

Cá dentro

O Governo aprovou, por via eletrónica, a revisão do código do trabalho. "O Governo aprovou hoje, por via electrónica, as versões finais da resolução que concretiza o 'Programa de acção para combater a precariedade e promover a negociação colectiva' e da proposta de lei que altera o Código de Trabalho", refere o comunicado do Executivo. A proposta, que terá ainda que ir ao Parlamento, esteve na Concertação Social na semana passada e altera, entre outras coisas, o limite máximo de contratos a prazo para dois anos e pretende penalizar a precariedade das empresas.

Rui Rio apresentou ontem a sua política de natalidade que, entre outras coisas, propõe um novo apoio até aos 18 anos que se traduz em mais de 10 mil euros por filho.

Morreu Frank Carlucci, o embaixador dos EUA em Lisboadurante o PREC (Processo Revolucionário em Curso). Tinha 87 anos. O Observador relembra o dia em que que Carlucci aterrou na revolução portuguesa. Na SIC, Miguel Sousa Tavares recordou o seu papel naqueles dias.

O braço-de-ferro entre Governo e professores agravou-se na ronda negocial de ontem, O governo ameaça mesmo retirar a propostaque tem em cima da mesa e os sindicatos sobem a parada. A Fenprof já admite greve aos exames e a FNE fala em não começar o próximo ano letivo. Em causa, está a contagem do tempo de serviço para as progressões de carreira.

Na novela do Sporting, ontem foi dia de manifestações – contra e a favor de Bruno de Carvalho em Alvalade – e o DN avança hoje que Jesus vai mesmo aceitar a proposta da Arábia Saudita.

A Feira do Livro foi ontem marcada por um incidente que nada teve a ver com uma controvérsia literária. Uma funcionária da APEL, a entidade que organiza a feira, interrompeu um debate sobre o racismo em termos que, vários intervenientes citados pelo Público, consideraram racistas. Seria uma ilustração in loco do que é o racismo?

Notícias rápidas: 

- peão condenado a pena de prisão por homicídio negligente por ter atravessado a rua

- Na Autoeuropa, discute-se o pagamento dos domingos

- No futebol, segundo o JN, o FC Penafiel é acusado de deixar os jogadores dos escalões de formação passar fome e o Belenenses arrisca a despromoção devido a problemas nas contas

- o chef José Avillez compra grupo Cafeína no Porto que inclui cinco restaurantes: Cafeína, Terra, Portarossa, Casa Vasco e Panca

Manchetes dos jornais: ”´Geringonça’ deixa professores sozinhos em guerra com o governo” (Público); “Mais poluição, custos e dependência: a seca de 2017 é um alerta energético”(DN); “Alunos do 1º ciclo não conseguem saltar à corda”(JN); “Professores declaram guerra ao governo” (Correio da Manhã); “Ajudas aos bancos nos últimos 19 anos custaram o equivalente a 23 pontes Vasco da Gama”(i); “Inspeção vai controlar banco de horas” (Jornal de Negócios); “Battaglia assume: «Quero sair»”(Record); “Acuña vai rescindir”(A Bola); “João Pedro chega para assinar”(Jogo)

Lá fora

As negociações entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um pacote financeiro estão avançadas. Segundo Alejandro Werner, responsável do Fundo instituição para o hemisfério ocidental, a principal preocupaçaõ é a “proteção dos mais vulneráveis”.

Roma queixa-se de o Banco Central Europeu (BCE) ter cortado a compra de dívida durante o mês de maio como forma de pressão política, como conta o Financial Times. (Um pequeno aparte: Portugal está a sofrer com isso há bastante tempo. Não acredita? Então veja o slide 42 desta apresentação a investidores da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública. São 13 mil milhões de euros a menos do que seria expectável face ao seu peso no capital do BCE desde abril de 2016)

Em Espanha, Pedro Sanchez prepara o seu governo. Já surgiram os primeiros nomes: Josep Borrell nos Negócios Estrangeiros e Carmen Calvo como vice-presidente do Governo e com a pasta da Igualdade. O Wall Street Journal fala sobre a viragem abrupta da Espanha à esquerda.

Nos EUA, Donald Trump assegura que deve ter o direito de se perdoar a si próprio. Ser juiz em causa própria é um poder que muitos, certamente, gostariam de ter. A propósito do presidente americano, a CNN revelava ontem detalhes da conversa entre Trump e Macron na semana passada quando o presidente francês ligou para a Casa Branca a queixar-se das tarifas alfandegárias no aço e alumínio.

Na Arábia Saudita, as mulheres começaram a receber as cartas de condução que poderão usar dentro de três semanas. Parece um pequeno pormenor burocrático mas representa uma mudança de fundo naquela sociedade.

FRASES

“Mas, não desejando sair da União Europeia, essas empresas necessitam de encontrar uma segunda casa que lhe permita manter a sua presença na União Europeia. A todos esses [empresários] quero dizer que Portugal oferece dois em um: A possibilidade de continuarem no Reino Unido; e a possibilidade não saírem da União Europeia ao investirem em Portugal”, António Costa, Primeiro-ministro numa conferência na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa

“Nós confiámos. Percebemos que podíamos continuar a confiar. E gostaríamos de continuar a confiar nos Estados Unidos da América, independentemente das conjunturas políticas específicas dos nossos percursos históricos. Nós confiamos em vocês, confiem em nós de volta”, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República

“Bruno, rua! Demissão! Eleições já”, palavras de ordem na manifestação contra Bruno de Carvalho

O QUE ANDO A LER

Que se saiba não existem precogs, os seres pré-cognitivos que no Relatório Minoritário, o célebre conto do não menos célebre Philip K. Dick, adivinhavam os crimes antes de acontecerem. Mas há tecnologia que se aproxima muito disso. Não adivinha, nem antecipa, mas sabe muito. Muito mesmo.

O Techonology Quarterly do último número da revista The Economist é dedicado aos detetives dos dados. Ou seja, à forma como a utilização da informação é hoje usada no combate ao crime. Tudo utilizações que, por mais úteis que possam ser (ou parecer), podem representar sérias ameaças à privacidade. Não é por acaso que a primeira frase deste Data Detectives, precisamente o antetítulo da primeira peça, é precisamente “já sei o que vais fazer no próximo verão”. Porque, como diz um funcionário da empresa israelita Topline que se dedica à monitorização automática de matrículas de carros, “a privacidade morreu”.

Todo o cuidado é pouco e as paredes já não têm só ouvidos, também tem olhos. Tal como o Expresso Online que tudo acompanha e sobre tudo informa em tempo. E às 18 horas, como sempre, chega o Expresso Diário com os principais temas do dia. Tenha uma excelente terça-feira.

MULTIPOLARISMO À FORÇA!...


Martinho Júnior | Luanda  

1- Cada vez há mais sinais que a hegemonia unipolar está a esvanecer-se a contragosto, por que o império não perdeu o seu carácter arrogante e decrépito, muito menos a aristocracia financeira mundial que nutre e se nutre dos seus conteúdos de domínio.

A gestão dos desequilíbrios, imposta através de instrumentos que têm no dólar estado-unidense a sua principal esteira (em função dos padrões seguidos de há décadas, praticamente desde a IIª Guerra Mundial), já não pode ser feita nos moldes que foram seguidos“tradicionalmente”: perdida a equivalência ao ouro, a arrogância tornou-se em si e por si, um convite à abstinência, à divergência, ou mesmo à completa desobediência dos outros…

A gestão militar, com 800 bases espalhadas pelo mundo e um cacete disponível em cada esquina, seja por via de “revoluções coloridas”, seja por via de malparadas “primaveras”, ao abrirem as portas ao caos, ao terrorismo e à desagregação, estimularam as resistências em todas e quaisquer transversalidades sociais e “frentes”, incluindo (parafraseando George W. Bush), nos “mais obscuros rincões do globo”…

A gestão da própria hegemonia do império, ao inebriar-se com o “esplendor” da década de ouro do capitalismo neoliberal, a década de 90 do século passado, esqueceu-se do potencial que as novas tecnologias permitiam a outros, com respostas de toda a ordem, capazes até de neutralizar o empertigamento de inteligência e militar, onde quer que isso se manifeste!...

2- É evidente que esses e muitos outros sinais, estão a conduzir à perda de capacidade geoestratégica no enorme continente euro-asiático!...

À impotência para fazer parar a projecção da rota da seda entre as costas do Pacífico e as do Atlântico, junta-se agora a impotência para aceitar um comércio justo em relação a um vassalo que está em vias de o deixar de ser e tudo isso com as grilhetas do sionismo de Israel, do wahabismo da Arábia Saudita, do tráfico de droga do Afeganistão, do neofascismo da Ucrânia e outros “derivados” do leste europeu, nos pés de apoio em equilíbrio instável!

O vigor proteccionista que a administração republicana de Donald Trump está a procurar vincular em todos os relacionamentos internacionais (“the americans first”), é por si outro sinal do esvair da hegemonia, que mesmo assim se arroga à resistência, face às emergências multipolares e à quebra das algemas da própria União Europeia!

Todos os sinais conjugados vão contribuindo para que a arrogância não seja levada nos termos de suas pretensões (lembram-se quando alguém referia que “os Estados Unidos são um tigre de papel”?) e nem a nível interno há aquele respeito de que se procura nutrir o poder das poderosas elites barricadas nas casas bancárias que tomaram de assalto a Reserva Federal (constate-se com o Wikileaks, ou a filtragem pública de muitos “segredos” do NSA).

O poder do império da hegemonia unipolar, que foi montado com os artifícios da revolução industrial e da revolução de novas tecnologias pelo capitalismo ao dispor da aristocracia financeira mundial, perde qualidade por que, esvaindo-se cada vez mais do real, está a entrar no campo do virtual sem poder mais sair dele!

O desprezo para com o respeito devido ao planeta, ao abandonar teatralmente o Acordo de Paris, está a conduzir a administração de turno para um campo virtual feito de conhecimentos ética e moralmente degradantes e obsoletos, ou cada vez mais incoerentes, que não conduzem ao conhecimento capaz de articulações saudáveis de que a Mãe Terra e a humanidade tanto carecem!

3- Sem recursos suficientes face às emergências multipolares articuladas, para fazer valer a sua vontade nos outros continentes e em todos os oceanos da Terra os Estados Unidos estão a regredir aos tempos da Doutrina Monroe, para se barricarem no vasto continente americano, de norte a sul, como se estivessem motivados a fazer um percurso histórico de retorno ao holocausto índio durante a “conquista do oeste”!

 Por isso os Estados Unidos estão a fazer o que melhor sabem desde a projecção do choque neoliberal a 11 de Setembro de 1973 no Chile: disseminar a subversão por via do caos, do terrorismo e da desagregação, recorrendo a correntes filosóficas e ideológicas mercenárias e contrarrevolucionárias servis ao modelo neoliberal, sobretudo contra o campo das resistências progressistas na América, de certo modo “tirando o pé” ali onde já está em desequilíbrio.

Esta reversão, no âmbito duma neo Doutrina Monroe, começou com o golpe de estado nas Honduras, a 29 de Junho de 2009 e, tornando-se crónica, está a procurar destruir, inviabilizar, ou vulnerabilizar as instituições internacionais progressistas da América Latina e cada um dos seus principais mentores: Cuba, Venezuela Bolivariana, Nicarágua Sandinista, Equador, Bolívia…

O domínio hegemónico na América Latina arrasta por um lado um cortejo de oligarquias vassalas, obstruindo as instituições democráticas e mantendo-as reféns, por outro promovem caos, terrorismo e desagregação, conforme os exemplos últimos na Venezuela e na Nicarágua!

A ameaça duma coligação de forças se atiçar contra os estados progressistas está a aumentar de intensidade desde a criação do“grupo de Lima” e entre os sucessos conta com a possível aderência duma Colômbia devassada pelos clãs da droga à NATO (reforçando o Comando Sul do Pentágono), ou um Brasil filtrado até à medula do poder de estado, Agência Brasileira de Inteligência incluída!

Os esforços da Venezuela e da Nicarágua para garantirem a paz, não se podem resumir assim ao enfrentamento que resolutamente travam face às oligarquias vassalas dos Estados Unidos, mas também face às tentativas múltiplas de “golpes de estado brandos” e ao risco dum embate militar, passando pela contínua desestabilização económica e financeira de que se tornaram dilectas vítimasnpor vontade do império da hegemonia unipolar.

A resistências dos progressistas latino-americanos é a única via de luta e o seu reforço deve ser uma prioridade para todos os emergentes que se articulam no multipolarismo, pois os Estados Unidos não podendo impor no mesmo pé a hegemonia unipolar como na década de 90 do século XX, está já forçado, ainda que não o reconheça, à oportunidade de integrar as múltiplas plataformas multipolares que se vão arquitectando em nome da paz por todos os continentes!

A fronteira entre a civilização e a barbárie, está bem nítida nos relacionamentos internacionais!

Martinho Júnior - Luanda, 3 de Junho de 2018

Fotografias:
Três primeiras fotos: os grandes lutadores progressistas da América Latina;
As duas últimas fotos foram por mim tiradas a 7 de Março de 2018, na sala do teatro Teresa Carreño em Caracas, no fecho do Foro Todos Somos Venezuela.

Brasil | Democracia sem povo


Não é segredo para ninguém que as elites brasileiras sempre foram avessas à democracia.

Joan Edesson de Oliveira* | opinião

Acostumadas ao mando sem questionamentos desde o rico berço, historicamente resolveram as suas querelas e buscaram saída para as grandes crises da nação via conciliação pelo alto, deixando de lado o povo.

Assim agiram em inúmeros momentos da vida nacional. Mesmo quando houve ampla participação popular, as elites procuraram assumir o controle da situação, impedindo assim que o povo conduzisse o seu próprio destino.

Em um momento de grave crise como o que atravessamos, não causa espanto, portanto, que as elites tentem buscar saídas sem a inclusão do povo, sem a participação da maioria da população. Tampouco causa estranheza que parcelas do judiciário embarquem em fantasias desse tipo, desprezando a opinião do povo como se fora mero detalhe. O poder judiciário no Brasil, desde as origens, foi sempre íntimo do poder econômico, dividindo quase sempre a mesma alcova.

Duas declarações de altos dignatários do poder judiciário na última semana demonstram bem esse espírito de casta, essa distância dos anseios populares.

Primeiro foi o ministro Luiz Fux, aquele da vasta e vaidosa cabeleira, que hoje preside o Tribunal Superior Eleitoral. Num fórum de debates promovido pelo jornal O Globo, ao comentar sobre os impactos da greve dos caminhoneiros, o ministro afirmou que a mesma pode prejudicar a realização das eleições deste ano. Mesmo a uma distância considerável do pleito, o ministro afirmou que “a greve acendeu o sinal amarelo sobre as eleições”. Desconfiado que sou, como todo bom matuto, soou como se o ministro estivesse dando ideia.

Não é a primeira vez que o ministro fala sobre anulação das eleições. Em abril, em outro fórum, desta vez promovido pela revista Veja, Fux afirmou que as eleições podem até ser anuladas por conta de fake News. Irônico que o ministro tenha falado isso num evento patrocinado por uma revista que tem se revelado campeã de notícias falsas.

Fux parece ter certa obsessão pelo tema da anulação das eleições. Desconfio que ele sonha em mudar o nome do tribunal, mantendo a sigla, para Tribunal Sem Eleições. Na minha opinião, quem acendeu o sinal amarelo sobre as eleições foi a fala do próprio Fux.

Ainda nesta semana chamou a atenção também a ministra Cármen Lúcia, a cândida, aquela que acredita no funcionamento das instituições. Ela agendou o debate sobre a possibilidade de mudança do sistema de governo sem a participação direta do povo, sem a consulta popular. Há alguns que acham que o povo, nesses processos, sempre atrapalha. Falando à revista Veja (sempre ela), a ministra afirmou que “não se reivindica o que não se conhece”. No Supremo, afirmou que “não fazemos milagre, fazemos direito”. São três falas/ações distintas, mas que precisam ser juntadas para melhor compreensão.

Fosse eu o célebre personagem de Voltaire, acreditaria piamente que os tribunais brasileiros fazem direito ou, mais otimista ainda, acreditaria que fazem justiça. Matuto arisco, repito, penso que se não fazem milagres propriamente ditos, praticam grandes malabarismos e contorcionismos jurídicos. Creio que os tribunais são mais profanos e menos sagrados do que se pensa.

O certo é que, para voltar ao título da coluna, boa parcela das elites sonha com uma democracia sem povo e, de preferência, sem eleições, que só servem mesmo para tumultuar a vida nacional e permitir, muito raramente, que um trabalhador se eleja presidente da República. O ato falho de ministros da mais alta corte de justiça do país mostra que alguns acalentam, nem tão secretamente, os mesmos sonhos.

Acho que, se não quisermos que o Título Eleitoral vire peça de museu, teremos que nos mobilizar muito e lutar bastante para garantir a realização de eleições limpas em 2018.

Em tempo: as entrevistas terem sido concedidas ao jornal O Globo e à revista Veja são mera coincidência, diria o Cândido. Ou não, filosofaria o baiano Caetano Veloso.

*Educador, Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará

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