sábado, 5 de outubro de 2013

Portugal: GOLPES DE MACHETE

 


 
Em declarações à Rádio Nacional de Angola, Rui Machete pediu “diplomaticamente” desculpas por haver figuras do regime angolano a serem investigadas pela justiça portuguesa. Se, algum dia, vier a ser investigado, apesar de, por enquanto, não fazer parte do regime angolano, espero merecer o mesmo tratamento de um qualquer membro do governo português. Pela minha parte, estão, desde já, desculpados, mas que não volte a repetir-se.
 
Nessas mesmas declarações, Machete acrescenta às desculpas a declaração de impotência, lembrando que o governo português não pode intervir nas investigações. Resumidamente, o ministro pede desculpa a um país estrangeiro por haver uma entidade pública portuguesa que, tanto quanto se sabe, está a cumprir o seu dever. Não deixa de ser uma novidade refrescante pedir desculpa por se cumprir um dever.
 
Para complementar o seu pedido de desculpas, Machete afirma que pediu informações à Procuradora-Geral da República. Posteriormente, veio desmentir as suas próprias declarações, explicando que se baseou num comunicado do DCIAP. Talvez alguém devesse explicar ao ministro que pedir informações a uma pessoa ou ler um comunicado não são a mesma coisa. Talvez não valha a pena explicar ao mesmo ministro que proferir incorrecções factuais é feio, porque já lá vai o tempo em que devia ter torcido o pepino.
 
A subserviência ao poder económico, sobretudo se estrangeiro, é típica desta raça de pequenos políticos que conseguem manter-se em cargos importantes, graças à ausência de vergonha. É esta mesma gente que sacrifica o próprio povo porque recebe ordens da Alemanha, que pede desculpas a um regime corrupto por causa do petróleo angolano ou que cria o caos ortográfico à espera dos restos do colosso económico brasileiro.
 
Num país civilizado, Machete sairia do governo a bem ou a mal. O problema é que, num país civilizado, não teríamos uma nulidade como presidente da República e uma pessoa factualmente incorrecta como primeiro-ministro. É, portanto, compreensível que o ministro se mantenha no cargo, mesmo que não saiba desempenhar a função. Nada de novo.
 
Leia mais em Aventar
 

ANGOLA, COCÓ, RANHETA E MACHETE

 

Balneário Público
 
Antes em Portugal prevalecia o dito “Cocó, Ranheta e Facada – os três da vida airada”. Mudou. Tudo muda em Portugal… para pior. Atualmente é “Cocó, Ranheta e Machete – os três que aturamos com frete”. Frete porque é um grande frete este triste filme de cordel em que Rui Machete, ministro dos negócios estrangeiros, diz que faz o que não deve - em entrevista na Rádio Nacional de Angola – e demonstra que é absolutamente “natural e democrático” não existir separação de poderes entre os vários orgãos de soberania, no caso governo e justiça. Isso é o que normalmente acontece em Angola. Quem manda é o rei Eduardo dos Santos. Não sabiamos ao certo (apesar de suspeitarmos) que tal acontece em Portugal. Mas Rui Machete disse-o explicitamente. E até pediu desculpa aos angolanos por em Portugal a justiça andar a “incomodar” aqueles que os roubam e investem em Portugal dinheiro sujo. A que angolanos é que Machete terá pedido desculpa? Aos que são roubados? Certamente que não. Portanto pediu desculpa aos que roubam, que comem e que até atiram santolas para o lixo. Que são ricos por obra e graça do espírito santo larápio. Mas Angola fica para lá do equador. Longe. Assunto arrumado. Agora em Portugal Machete tem de dar contas sobre as suas declarações: “Porque até falei com a Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, e o que por lá existe é coisa de somenos importância que vai dar nada, pelo que os larápios que investem em Portugal (e noutros países) podem ficar descansados e continuar a roubar os angolanos e a investir todo o dinheiro sujo em Portugal”. Pronto. O ministro falou com a Joana e a justiça enfiou a viola no saco e não irá mais incomodar os larápios dos dinheiros sujos. Machete não disse exatamente assim mas para bom entendedor… Agora os partidos da oposição querem (e bem) que Machete se demita porque não respeita a separação de poderes, tão importante em democracia. Hoje, surge o Ranheta, que é primeiro-ministro, e diz que Machete não é para se demitir nem para ser demitido porque usou palavras infelizes mas daí não existe mal que justifique a demissão e que quanto a Angola só espera que tudo continue pelo melhor. O que dá para perceber, simplificando, que podem continuar a roubar os angolanos e investirem em Portugal. Que se lixem as eleições em Angola, que se lixe a fome e miséria, os crimes do regime ditatorial eduardino. Venha de lá o produto dos roubos e pronto. A oposição em Portugal já pediu a Cavaco Silva reparo sobre a urgência de demissão de Machete. O Cocó, que é um muito mau presidente da república, nem disse água vai nem água vem. Ou por outra: disse mas não disse. Disse mas não se percebeu o que disse sobre o assunto. Isto, se é que disse algo inteligível. É que o Cocó padece de diarreia mental e de verborreia compulsiva, para além de ter visões completamente estapafúrdias (fruto de tanto trabalhar a tramar os outros). Como é o caso de ver vacas a rir, a senhora de Fátima das finanças, referir-se aos cidadões que não existem em Portugal e que ignora – porque o que existem são cidadãos. Até muito provavelmente vê capitões no exército e refere-se-lhes quando conversa com o sovina do ministro da defesa. Certo é que no exército de Portugal não existem capitões mas sim capitães. Em Portugal não existem cidadões, as vacas não riem. A senhora de Fátima é uma santa e não quer nada com Cocós do tipo de Cavaco Silva porque uma santa só pode ver nele o diabo. E pronto. Sobre o Machete (em vez do Facada), sobre o Ranheta e sobre o Cocó, está quase tudo dito. Machete continua ministro, Cocó e Ranheta também matêm os poleiros, os angolanos vão continuar a ser roubados e o dinheiro sujo vai continuar a fruir em Portugal para cair nas mãos dos compadres do costume. Eduardo dos Santos ri e deve estar por esta hora a pensar que afinal estava enganado acerca de Portugal e desta democracia porque, pensando melhor, ela é cada vez mais parecida com a democracia imposta em Angola com o slogan “Fome e Porrada Não Vão Faltar”. E já agora, senhor dos Santos, os Cocós daqui estão cada vez mais parecidos consigo, assim como o PSD está cada vez mais parecido com o MPLA.
 
Leia mais em Balneário Público
 

IMIGRAÇÃO: O ELEVADO PREÇO DA ENTRADA NA UNIÃO EUROPEIA

 


Cicero, Berlim – Presseurop – cartoon Heiko Sakurai
 
No pilar: “O barco dos imigrantes desconhecidos”
 
A 3 de outubro, quando os meios de comunicação italianos ainda estavam ocupados com a moção de confiança no Parlamento, uma notícia mais preocupante silenciou o debate político. Um barco que transportava mais de 500 imigrantes incendiou-se e naufragou perto da ilha de Lampedusa. Até agora foram resgatadas 155 pessoas, os mortos já ascendem a 95 e 250 passageiros estão ainda desaparecidos.
 
A tragédia, que acontece apenas alguns dias depois de 13 outros imigrantes se terem afogado quando tentavam chegar à costa da Sicília, provocou a indignação de muitas figuras públicas, incluindo o Papa Francisco. A comissária europeia para os Assuntos Internos, Cecilia Malmström aceitou o convite do ministro do Interior italiano Angelino Alfano para visitar Lampedusa, um dos principais locais de entrada na Europa, para responder aos críticos que defendem que a Europa não está a fazer o suficiente para enfrentar a crise.
 
*Heiko Sakurai é um desenhador de imprensa alemão, nascido em 1971. Colabora com o mensal Cicero e com os diários Berliner Zeitung e Westdeutschen Allgemeine Zeitung. Publicou também nos diários Die Welt e Financial Times Deutschland.
 

Alexis Tsipras: “GRÉCIA VIVE UMA CATÁSTROFE HUMANITÁRIA”

 


Alexis Tsipras, chefe da oposição grega e presidente do partido de esquerda Syriza, propôs em Bruxelas a realização de uma conferência europeia sobre a dívida para debater tudo o que está em causa na situação atual, incluindo moratórias, juros, prazos, emprego e crescimento econômico. "O problema não é da Grécia, é um problema europeu e a solução não é a austeridade”, defendeu o líder da esquerda grega que descreveu a “paisagem de devastação social” existente no seu país como uma “catástrofe humanitária”.
 
Esquerda.net - Carta Maior
 
Lisboa - “Pedimos mais uma vez aos dirigentes das instituições europeias que digam a verdade aos europeus, que reconheçam que o problema não é da Grécia, é um problema europeu e a solução não é a austeridade”, declarou Tsipras durante uma conferência realizada nas instalações do Parlamento Europeu, em Bruxelas, a convite do grupo da Esquerda Unitária (GUE/NGL).

Durante a reunião, o presidente do Syriza descreveu a “paisagem de devastação social” existente no seu país, que enfrenta uma “catástrofe humanitária”. O desemprego atingiu os 30% e já chega aos 60% entre os jovens até aos 25 anos, um terço da população vive abaixo do limiar de pobreza, explicou. No entanto, a dívida soberana grega, que era de 110% do PIB no início da intervenção da troika, está agora em 170%, a Grécia vive o quinto ano consecutivo de recessão e “nada nos faz prever” que a economia venha a crescer.

“Três anos de intervenção da troika e vários anos de políticas neoliberais na Europa não levaram a nada”, denunciou Alexis Tsipras. “O programa não está atingir nenhum dos objetivos propostos e se o continuarmos a aplicar significa que iremos correr grandes riscos não só na Grécia como em toda a EU”. Por isso, acrescentou “é altura de os dirigentes europeus tomarem decisões” assumindo que a política de austeridade fracassou. “A solução passa pela democracia europeia e pela coesão social”, disse. “As escolhas têm sido feitas contra a democracia e aplicadas por organismos não eleitos”, acrescentou Tsipras citando o exemplo da marginalização do Parlamento Europeu, “que tem sido um espectador e tem um papel a desempenhar”.

O dirigente grego foi apresentado aos presentes pela presidente do GUE/NGL, a eurodeputada alemã Gabi Zimmer, que considerou “absurdo que se fale em pagar as dívidas enquanto o povo luta para sobreviver”. Primeiro que tudo, acrescentou, “há que criar condições que permitam ao povo viver com dignidade” porque, além do mais, “o caos social tem permitido o crescimento da extrema direita”.

Também o desenvolvimento das forças fascistas e nazis não é apenas um problema da Grécia, com o Aurora Dourada, mas de toda a União Europeia, considerou Alexis Tsipras. A propósito de uma intervenção de um jornalista sobre paralelismos históricos lembrou que a ascensão do nazismo na Europa nos anos trinta do século passado, após a grande depressão, foi resultado “da aplicação de políticas económicas selvagens, tal como acontece hoje”, pelo que os atuais dirigentes europeus deveriam ter presente essa realidade de uma forma muito clara.

O chefe da oposição grega abordou a questão específica do Aurora Dourada, considerando que se trata de mais do que um partido fascista: “é desde 1997 uma organização criminosa” que conseguiu “infiltrar o aparelho policial e judicial”, explicou. Qualificou as recentes prisões de dirigentes do grupo como “uma vitória do movimento antifascista na Europa”, mas encarou com muita cautela os desenvolvimentos do processo. “O nazismo tem de ser derrotado política, ideológica e moralmente”, advertiu o dirigente do Syriza. “A melhor arma contra o fascismo é a própria democracia”. Por isso, acrescentou, “chegou a hora de combater as políticas de austeridade na Europa, que conduzem o povo a uma situação de barbárie”.

Alexis Tsipras declarou que “não há que esperar grande coisa” da próxima presidência grega da União Europeia, se for protagonizada pelo atual governo, uma aliança de bloco central entre direita e socialistas. Afirmou, no entanto, que o Syriza trabalha na possibilidade de haver eleições antecipadas e de um governo de esquerda a assumir a presidência, o que seria uma situação absolutamente nova no quadro existente.

“A Grécia tem sido usada como uma cobaia para a aplicação de políticas neoliberais de barbárie”, disse. “Devemos interrogar-nos se queremos uma União Europeia de coesão social e democracia ou uma Europa de crueldade”. Pela nossa parte, acrescentou, “queremos respirar uma vida nova na Europa, pelo que uma vasta quantia de dívida nominal deve ser apagada”

(*) Artigo publicado no site do grupo parlamentar europeu do Bloco de Esquerda
 
Leia mais em Carta Maior
 

Portugal: CIDADÃO EXEMPLAR

 

We Have Kaos in the Garden
 
Rui Machete, à época presidente do Conselho Superior da SLN, terá sido pago nessa qualidade, recebendo por presença em cada reunião mais de mil euros, através de uma das principais sociedades offshore do grupo BPN, a Jared Finance.

O esquema montado pelo grupo de Oliveira Costa passava por transformar esse capital em seguros de vida, fugindo assim às Finanças. O dinheiro das apólices era depois levantado com direito a juros.

O actual ministro dos Negócios Estrangeiros e os outros membros do Conselho Superior foram, naquelas datas, pagos em espécie, através deste mecanismo constituído em seu nome na Real Vida Seguros, pertencente ao grupo.

Mentiroso quando disse que nunca tinha tido acções da SLN no Parlamento, trafulha e agora Ministro. Um percurso limpinho, limpinho, de quem nos exige sacrifícios e nos fala de moral. Um cidadão exemplar sem dúvida. E o pior é que este esquema não foi só utilizado no BPN, nas grandes empresas onde os grandes moralistas, os que nos falam da necessidade de pagar a dívida, de reduzir salários, de fazer sacrifícios, os pagamentos por debaixo da mesa são coisa comum. Bandalhos. Morre tanta gente que faz falta.

Leia mais em We Have Kaos in the Garden
 

Portugal – MACHETE: TÃO HONESTO QUANTO CAVACO

 

Balneário Público
 
Enquanto os contribuintes e eleitores portugueses continuarem a ser lorpas os abusos dos políticos, banqueiros, empresários, gestores e outros proxenetas com remunerações e negociatas de avultadas quantias vão continuar. A fuga ao pagamento dos impostos devidos será constante. Por isso dizem na comunicação social de hoje que “Machete terá sido remunerado com seguros de vida para fugir ao Fisco”, aqui retirado de Notícias Ao Minuto. E diz mais: “A remuneração do agora ministro nos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, enquanto presidente do Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), terá sido paga através de dinheiro transformado em apólices de seguro de vida para fugir ao Fisco.” E diz mais se forem ler. Este Machete, agora ministro de Passos e de Cavaco, mas sempre da súcia PSD, tem proporcionado quase todas as semanas razão de ser o Machete das manchetes dos jornais com apontamentos de milongas, negociatas e até mentiras ao Parlamento, ou vontades não aprovadas por deputados de queixas à PGR – e a PGR não lê jornais? – entre outras que para o caso não vale alongar. A falta de honestidade e de vergonha na cara destes Al Capones da política, da banca, do grande empresariado, dos gestores sugadores lá vai de aparecendo nas bordas da enorme fossa das falcatruas, da corrupção, do conluio e do nepotismo. Mas logo passa ao esquecimento… E a seguir vem outra. E depois outra. Deste, daquele, daquela, politicos, governantes, ex-governantes. Justo dizer: É fartar vilanagem. Agora é o Machete… Mas há tantos do mesmo género que até já cansa. E dizem então que a corrupção em Portugal não está por demais? Está. Não existe cano de esgoto que dê rápido escoamento a tantos casos. Nem que fosse uma manilha (cano) com 2 ou 3 metros de diâmetro. Na Lapa PSD ou no Rato PS, nem uma manilha de 6 metros permitiria escoamento de tanta trampa. Já no Caldas do CDS talvez 3 metros de diâmetro chegassem para escoar a sujeira. Mesmo assim é sempre demais. Em Belém… Em Belém… Depois falamos. Machete é tão honesto quanto Cavaco. Deixem o senhor ministro em paz, deixem os senhores trabalharem!
 
Leia mais em Balneário Público
 

Brasil: QUANDO OS DÓLARES FALAM MAIS ALTO

 


Mário Augusto Jakobskind* – Direto da Redação
 
Engana-se quem pensa que já se conhecem todos os fatos relacionados com o golpe civil militar de 1964 que derrubou o Presidente constitucional João Goulart. Nos últimos meses, graças ao trabalho das Comissões da Verdade, sejam estaduais ou a Nacional, muito fato novo vem sendo divulgado.
 
Mas um fato desta semana, protagonizado por João Vicente Goulart, ao ouvir uma denúncia do então Major do Exército Erimá Pinheiro Moreira, poderá mudar o entendimento de muita gente sobre a ocorrência mais negativa da história recente brasileira. O alerta tem endereço certo, ou seja, aqueles que ainda imaginam terem os golpistas civis e militares agido por idealismo ou algo do gênero.
 
O Major farmacêutico em questão, hoje anistiado como Coronel, servia em São Paulo em 31 de março de 1964 sob as ordens do então comandante II Exército, General Amaury Kruel (foto). Na manhã daquele dia, Kruel dizia em alto e bom som que resistiria aos golpistas, mas em pouco tempo mudou de posição. E qual foi o motivo de o general, que era amigo do Presidente Jango Goulart, ter mudado de posição assim tão de repente, não mais que de repente?
 
Mineiro de Alvinópolis, Erimá Moreira, hoje com 94 anos, e há muito com o fato ocorrido naquele dia trágico atravessado na garganta, decidiu contar em detalhes o que aconteceu. O militar, que era também proprietário de um laboratório farmacêutico e posteriormente convidado a assumir a direção de um hospital, foi procurado por Kruel no hospital. Naquele encontro, o general garantiu ao major que Jango não seria derrubado e que o II Exército garantiria a vida do Presidente da República.
 
Pois bem, as 2 da tarde Erimá foi procurado por um emissário de Kruel de nome Ascoli de Oliveira dizendo que o general queria se reunir com um pessoal fora das dependências do II Exército. Erimá indicou então o espaço do laboratório localizado na esquina da Avenida Aclimação, local que hoje é a sede de uma escola particular de São Paulo. Pouco tempo depois apareceu o próprio comandante do II Exército, que antes de se dirigir a uma sala onde receberia os visitantes pediu ao então major que aguardasse a chegada do grupo.
 
Erimá Moreira ficou aguardando até que apareceram quatro pessoas, um deles o presidente interino da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), de nome Raphael de Souza Noschese, este já conhecido do major. Três dos visitantes carregavam duas maletas grandes cada um. Erimá, por questão de segurança, porque temia que pudessem estar carregando explosivos ou armas, mandou abrir as maletas e viu uma grande quantidade de notas de dólares. Terminada a reunião foi pedida que a equipe do major levasse as maletas até o porta-malas do carro de Amaury Kruel, o que foi feito.
 
De manhã cedo, por volta das 6,30 da manhã, Erimá Moreira conta que mais ou menos uma hora e meia depois da chegada no laboratório ligou o rádio de pilha para ouvir o discurso do comandante do II Exército. Moreira disse que levou um susto quando ouviu Kruel dizer que se “o Presidente da República não demitisse os comunistas do governo ficaria ao lado da “revolução”.
 
Erimá Moreira então associou o que tinha acontecido no dia anterior com a mudança de postura do Kruel e falou para si mesmo: “pelo amor de Deus será que ajudei o Kruel a derrubar o Presidente da República?”
 
Ainda ouvindo o discurso de Kruel, conta Erimá, chegaram uns praças para avisar que tinha uma reunião marcada com o general no QG do II Exército.
 
Na reunião, vários militares, alguns comandantes de unidades, eram perguntados se apoiavam Kruel. “Eu não aceitei e pedi para ser transferido”.
 
Indignado, Erimá Moreira dirigiu-se a um coronel do staff do comandante do II Exército para perguntar se o general Kruel não tinha recebido todo aquele dinheiro para garantir a vida do Presidente. “Me transfiram daqui, que com o Kruel no comando eu não fico”.
 
“Aí então – prossegue Erimá Moreira – me colocaram de férias para eu esfriar a cabeça. Na volta das férias, depois de um mês, fiquei sabendo pelo jornal que o Kruel havia me cassado”.
 
A partir de então o Major e a família passaram maus momentos com os vizinhos dizendo à minha mulher que era casada com um comunista. “Naquela época, quem fosse preso ou cassado era considerado comunista”.
 
“Algum tempo depois contei esta história que estou contando agora ao General Carlos Luis Guedes, meu amigo desde quando servimos em unidades militares em São João del Rey. Fiz um relatório por escrito e com firma reconhecida. O General Guedes tirou xerox e levou o relato para a mesa do Kruel. Em menos de 24 horas o Kruel pediu para ira para a Reserva. Fiquei sabendo que com o milhão de dólares que recebeu do governo dos Estados Unidos comprou duas fazendas na Bahia”.
 
Ao finalizar o relato, o hoje Coronel Erimá Moreira mostrou-se aliviado e ao ser perguntado se autorizava a divulgação desse depoimento, ele respondeu que “não tinha problema nenhum”.
 
Nesse sentido, sugerimos aos editores de todas as mídias que procurem o Coronel Erimá Pinheiro Moreira para ouvir dele próprio o que foi contado neste espaço. Sugerimos em especial aos editores de O Globo, periódico que recentemente fez uma autocrítica por ter apoiado o golpe de 64, que elaborem matéria com o militar que reside em São Paulo.
 
*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
 
Leia mais em Direto da Redação
 

A hipócrita corrupção governamental cabo-verdiana e os seus efeitos negativos

 


Carlos Fortes Lopes, M.A. - Cabo Verde Direto, opinião
 
Em Cabo Verde quando um pobre, apodera-se ilegalmente de um pão ou uma bolacha, por necessidade e sobrevivência familiar, e inicialmente crucificado publicamente, posteriormente julgado e judicialmente condenado como ladrão

Ironicamente, quando um funcionário publico rouba aos cofres do Estado o caso e tratado com todo o cuidado, com convenientes demoras judiciais, "com o intuito de proteger o chefe etc., etc.".

Entre o número muito limitado de processos criminais instaurados, a maioria desses processos prescrevem-se, por incompatibilidade do sistema judicial partidarizado existente no Pais, deixando os autores ilibados de qualquer culpa.

Mesmo com documentos demonstrando as ilegalidades dos atos, as investigações ficam sempre aquém das exigências judiciais do lesado (Estado de Cabo Verde) e os documentos acabam por "evaporar" das gavetas do esquecimento, dos departamentos institucionais e judiciais Cabo-Verdianos.

Na generalidade, esses processos são alcunhados de "desvios" monetário institucional mas, os valores monetários nunca são retribuídos as contas dos sectores inicialmente contemplados com essas verbas.

Portanto, é obrigatório relembrar a todos que: "Desvio", monetário institucional significa empréstimo interdepartamental com a posterior retribuição do valor do empréstimo, ao departamento inicialmente contemplado com a verba. Uma definição que é objetivamente deturpada pela Sociedade Politica Cabo-verdiana, por conveniências pessoais e de camaradagem.

Consoante as denuncias feitas pelos eleitos Municipais e Deputados Nacionais, através da Comunicação Social, são inúmeros os casos de roubos nas Camaras e outras instituições públicas do País, incluindo Ministérios.

Entretanto, nada tem sido feito e as graves anomalias de gerência dos Bens Públicos Nacionais tem sido atiradas para as máquinas do esquecimento desta sociedade contaminada pela corrupção.

Por cumplicidade dos que deviam fazer algo e nada fazem.

Mesmo com claras e contundentes decisões do Tribunal de Contas, nada e feito e, o Pais continua a sua derrapagem, fortificando ainda mais esta catástrofe Social Nacional.

Nalguns casos, talvez seja por incompatibilidades políticas dos que de uma forma ou outra envolveram-se em atos de corrupção governamental com o objetivo de enriquecer a custa dos cofres do Estado.

Noutros casos, talvez por medo de serem denunciados pelo envolvimento noutras atividades ilícitas do passado ou ainda por serem pressionados pelas cúmplices maquinas políticas nacionais.

Alias, os Cabo-Verdianos continuam debatendo, diariamente, as suas fortes suspeitas de pessoas que, "sem eira nem beira", anoiteceram-se pobres e amanheceram-se ricos e são socialmente respeitadas como grandes empresários e ate, reconhecidas, estadualmente, como poderosos investidores nacionais.

Como estes casos existem dezenas mais que, apesar de terem sido publicamente relatados e nunca desmentidos, acabaram nas profundezas das gavetas do esquecimento, nas instituições judiciais do Pais. Casos como os do Município do Tarrafal de S. Nicolau, Brava, Santa Catarina do Fogo, São Felipe do Fogo, Mosteiros do Fogo, Porto Novo, Santo Antão, Praia, Santiago, etc., etc.,....apenas alguns exemplos.

Entretanto, como tudo neste Pais funciona de acordo com as programações e objetivos de Campanhas dos partidos políticos, os municípios que não pautam com os ideais do Executivo são geralmente estrangulados, ate o extremo.

Sistema semelhante ao das políticas ditadoras e autoritárias do continente africano. Estrangular comunidades, no nosso caso ilhas, com o objetivo final de criar a devida vulnerabilidade na fragilizada consciência humana, de forma a ser explorada, durante as campanhas, pelo poder de compra dos partidos políticos.

Precisamente o que acabou de acontecer em S. Vicente e Santo Antão, com os partidos políticos a jogarem com a consciência dessa gente que já foram sacrificadas ate ao extremo das suas capacidades de sobrevivência.

Enquanto o povo e estrangulado, são inúmeras as reportagens sobre roubos efetuados em instituições governamentais e publicas – ex.: recentes: Ministério das Finanças - que, entretanto, até agora nao foi justificado e ninguém e responsabilizado.

A Sra. Ministra das Finanças, com as suas públicas e contraditórias declarações não convenceu ninguém. Alias, ao esforçar-se demasiado, na tentativa defensora dos atos de roubos efetuados no seu Ministério, demonstrou uma vez mais o nível e peso da corrupção política nacional.

A corrupta epidemia governamental e social e originaria da contaminada mentalidade de proteção politica de familiares e amigos, assim como as ilegais ofertas de cargos com altas remunerações e de privilegio social que continuam sendo o "pão nosso de cada dia" dos nossos dirigentes nacionais, ao mais alto nível.

É logico e intuitivo que o que esta acontecendo hoje e o resultado dos atos de um passado muito próximo. Alias, controlar ou eliminar esta epidemia de roubos institucionais e uma luta muito difícil para a sociedade Cabo-verdiana, devido ao indireto envolvimento generalizado das diversas camadas políticas do Pais.

As nossas investigações levou-nos a concluir que esta crise de, "desvios", roubos nas instituições publicas do Pais ganhou a dimensão milionária durante a primeira Republica, apos a abertura politica e as eleições multipartidárias de 1991.

Com a afluência dos milhões provenientes da privatização das Empresas Publicas Nacionais alguns dos dirigentes não conseguiram conter as suas ganancias humanas de enriquecimento fáceis e iniciou-se assim o ciclo vicioso de "desvios" roubos institucionais, etc., etc..

A contínua gulodice milionária está ganhando outra dimensão social.

A maioria enriqueceu e outros continuam enriquecendo através de vendas de terrenos adquiridos durante as suas presenças como funcionários, deputados ou Presidentes das Camaras Municipais do Pais.

Enquanto isso, uma minoria usa outra estratégia, aproveitando dos contratos com empresas de sociedades duvidosas que apoderaram-se dos contractos milionários de infraestruturação do Pais, financiados por instituições e governos amigos de Cabo Verde.

Com tudo o que vem acontecendo, ao mais alto nível da governação nacional, só nos resta solicitar o bom senso dos políticos nacionais, se e que ainda existe algum por ai, para que estas e muitas outras cenas do filme "A Corrupção Governamental Cabo-verdiana", com membros deste governo como atores, deixe de fazer parte dos "transcripts" cinematográficos da nossa opinião escrita.

Os Cabo-Verdianos espalhados pelas 9 ilhas habitadas, são as únicas vítimas nesta comedia e exigem, taxativamente, que algo seja feito, a nível do Executivo e da Assembleia Nacional, para por cobro a estas graves anomalias.

O Povo Sofredor exige, Ação, Transparência e Integridade de todos os Governantes, Diretores e Chefes Departamentais.

A Voz Do Povo Sofredor
 
*Mestre em Psicologia Industrial e Organizacional
 
Leia mais em Cabo Verde Direto
 

Moçambique: PAÍS DE COBARDES

 

Verdade (mz) - editorial
 
A liberdade dos povos, em qualquer parte do mundo, foi conquistada com sangue, abnegação, privação e sacrifícios hercúleos. A história de Moçambique é a prova disso. Foi preciso jorrar sangue das gerações de outrora para o país ganhar a sua soberania. Houve muita traição pelo caminho e soldados que apunhalaram pelas costas a causa comum. Os que venceram criaram os seus heróis e diabolizaram os seus oponentes.
 
Até nos países onde as mudanças tiveram um condão, diga-se, pacífico o chão continua coberto de sangue dos activistas da liberdade que tombaram pela arrogância dos que se julga(va)m donos e senhores dos direitos fundamentais dos demais. A democracia não seria possível sem a guerra dos 16 anos. Independentemente da causa primária da Renamo foi, diga-se, um processo manchado de sangue o que corrobora que não há liberdade sem sacrifício.
 
A liberdade de imprensa em Moçambique, por exemplo, floresceu com o sangue de Cardoso. Portanto, a narrativa nacional sobre a luta pela determinação jorrou, regra geral, do povo e de grandes homens, esse líquido vermelho que corre nas veias do ser humano. O fiasco da cesta b(fr)ásica só foi criado depois do sangue de Hélio regar a Avenida Acordos de Lusaka. Ou seja, tudo o que conseguimos envolveu sangue. As eleições de Daviz Simango e Manuel de Araújo, em contextos diferentes, contaram com sangue e injustiças. Agressões desnecessárias e a força das armas e das bastonadas de uma Polícia não foram suficientes para impedir as revoluções na zona centro.
 
Portanto, tudo foi conseguido com sangue. Não há meio-termo para libertar o país da garra dos opressores fantasiados de libertadores. Eles defendem o país que acreditam ser sua pertença com armas, perseguições e sonegação da liberdade. O que vemos, nos dias que correm, é que há muito pouca gente desposta a dar o seu sangue pela liberdade. Permanecemos, todos, em cima do muro a lançar impropérios, mas ninguém sai à rua para pregar um novo caminho.
 
Apenas protegidos por um computador é que conseguimos gritar: “ladrões, corruptos...”. Isso todo o mundo já sabe, mas não faz nada. Será que estamos dispostos a libertar o país dos opressores com o nosso próprio sangue? Ou vamos continuar a deixar ficar recados protegidos em condomínios e no conforto dos nosso carros topo de gama? Quando é que vamos abandonar a Julius Nyerere, as Somerchield 1 e 2 para falar para as massas? Quando é que vamos apoiar com instrução os povos oprimidos da periferia da torre de marfim onde habitamos?
 
Jamais seremos livres. Nós só gritamos, mas não abdicamos de uma única gota do nosso sangue pelo próximo. Somos mesmo um país de cobardes...
 
Leia mais em Verdade (mz)
 

XANANA GUSMÃO CUMPRE “OBRIGAÇÃO” DE VISITAR A GUINÉ-BISSAU

 


O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, encara como uma "obrigação" a visita de quatro dias que iniciou hoje à Guiné-Bissau, uma vez que o estado timorense detém a presidência do grupo G7+.
 
O G7+ é uma organização criada em abril de 2011 que reúne 18 Estados-membros, entre os quais Timor-Leste e Guiné-Bissau, e que defende reformas no modo como a comunidade internacional apoia os países frágeis ou em situação de pós-conflito.
 
"Detendo Timor-Leste a presidência do G7+, teríamos uma obrigação" em visitar a Guiné-Bissau, "como expressão de solidariedade total, para trocarmos impressões", destacou Xanana Gusmão.
 
O governante e ex-combatente pela independência timorense, aterrou em Bissau pelas 00:40 locais (01:40 em Lisboa) num voo comercial da Transportadora Aérea Portuguesa (TAP), oriundo de Lisboa.
 
Encontra-se acompanhado por uma comitiva que inclui Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, na oposição em Timor-Leste.
 
"Peço desculpas por ser esta a primeira vez que piso as terras irmãs da Guiné-Bissau", referiu, numa breve receção dada pelo primeiro-ministro de transição, Rui Duarte de Barros, no salão de honra do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira.
 
Questionado pela Lusa sobre o que esperava dizer à classe política e às chefias militares guineenses, tendo em conta a sua experiência durante e após as épocas de conflito em Timor-Leste, Xanana Gusmão preferiu destacar a "troca de experiências".
 
"Vamos ter vários encontros. Não viemos para ensinar nada. Viemos para trocar essas experiências", referiu, destacando o facto de a comitiva que dirige estar ao lado de Ramos-Horta, ex-presidente e governante timorense, que é agora o representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bissau.
 
Um perito timorense em processos eleitorais vai estar presente nos encontros com as autoridades guineenses nos próximos dias: "vamos ver tudo o que possamos transmitir", sublinhou Xanana Gusmão.
 
"Para nós, as eleições só serão boas se o recenseamento for bom e é por isso que estamos aqui", acrescentou.
 
O governante reafirmou a ideia que já tinha deixado ao partir de Timor-Leste, na quinta-feira, de que é preferível adiar as eleições gerais de 24 de novembro para o próximo ano, depois de realizado um recenseamento que não dê margem para desconfianças no processo eleitoral.
 
Xanana Gusmão fez ainda uma alusão ao 40.º aniversário da independência da Guiné-Bissau, celebrado a 24 de setembro.
 
"Devo confessar que fizeram 40 anos muito recentemente e não mandei parabéns. Não mandei, não porque não merecessem, mas porque não era tempo ainda. Isto pode simbolizar a preocupação nos temos com a Guiné-Bissau", referiu.
 
Depois de um sábado com a agenda livre, Xanana Gusmão será recebido, no domingo, pelo presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, e na segunda-feira manterá contactos com as chefias militares.
 
Para terça-feira está prevista a apresentação de conclusões da visita após um de entre vários encontros entre membros das delegações dos dois países.
 
A Guiné-Bissau está a ser dirigida por um presidente e um governo de transição na sequência do golpe militar de 12 de abril de 2012.
 
A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) determinou que o período de transição tem que terminar antes do final deste ano com a organização de eleições gerais, marcadas para 24 de novembro.
 
No entanto, várias figuras públicas do país e da comunidade internacional têm admitido a possibilidade de o escrutínio ser adiado devido ao atraso na preparação do processo eleitoral.
 
Lusa – Notícias ao Minuto
 

Partido da Convergência Democrática da Guiné-Bissau reunido para escolher novo líder

 


Bissau, 05 out - O Partido da Convergência Democrática (PCD) da Guiné-Bissau reúne-se hoje na sua terceira convenção nacional, na cidade de Gabú (leste do país), para a escolha de uma nova liderança, disse à agência Lusa fonte da organização.
Segundo a mesma fonte, o advogado e empresário do ramo da água mineral, Vicente Fernandes, é o único candidato à sucessão de Vítor Mandinha, líder do PCD desde a fundação, em 1991.
 
Trezentos e cinquenta delegados vão estar presentes no encontro do PCD, partido também conhecido por "baguera" (abelha, em crioulo) que deverá encerrar no domingo numa unidade hoteleira de Gabú.
 
O PCD é um partido formado por jovens quadros guineenses depois da abertura do país ao multipartidarismo, nos anos 90, embora nunca tenha ganho as eleições, nas quais sempre participou.
 
O antigo ministro das Finanças, Vítor Mandinga, presidente e um dos fundadores do PCD, é o único deputado do partido na Assembleia Nacional Popular, embora representando a coligação formada com a Frente Democrática (FD) do seu irmão Jorge Mandinga.
 
O candidato à sucessão, Vicente Fernandes, já anunciou que pretende ver o PCD a constituir-se como uma alternativa ao PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo) e PRS (Partido da Renovação Social), forças políticas mais representativas no Parlamento guineense.
 
MB // JPF - Lusa
 

VIVA A REPÚBLICA! FORA COM OS POLÍTICOS E O PRESIDENTE AO CONTRÁRIO!

 

António Veríssimo
 
Foi em 1910, no dia 5 de outubro que Portugal pôs corda aos sapatos da monarquia decadente e ditatorial e implantou a República. Já lá vão 103 anos. Neste dia antes era feriado mas o governo que Passos Coelho, Paulo Portas e Cavaco Silva, chefiam, considerou deverem acabar com tal feriado e simbolismo histórico, comemorando envergonhados e quase às escondidas o mais que centenário evento.
 
O ano passado, em 2012, último dia feriado do 5 de outubro, Cavaco simbolizou a importante comemoração içando a bandeira de Portugal ao contrário. Sabe-se agora o significado de tão estranho comportamento, é que Cavaco é um presidente ao contrário e que por isso compete aos portugueses, por amor à Pátria e à Bandeira, dispôr o simbolo nacional corretamente. Assim como dispôr aquele arremedo de presidente corretamente. Ao contrário e fora.
 
Da República Portuguesa diz a Wikipédia:
 
"A Implantação da República Portuguesa foi o resultado de uma revolução organizada pelo Partido Republicano Português, iniciado no dia 2 e vitorioso na madrugada do dia 5 de outubro de 1910, que destituiu a monarquia constitucional e implantou um regime republicano em Portugal.
 
A subjugação do país aos interesses coloniais britânicos1 , os gastos da família real, o poder da igreja, a instabilidade política e social, o sistema de alternância de dois partidos no poder (os progressistas e os regeneradores), a ditadura de João Franco , a aparente incapacidade de acompanhar a evolução dos tempos e se adaptar à modernidade — tudo contribuiu para um inexorável processo de erosão da monarquia portuguesa do qual os defensores da república, particularmente o Partido Republicano, souberam tirar o melhor proveito . Por contraponto, o partido republicano apresentava-se como o único que tinha um programa capaz de devolver ao país o prestígio perdido e colocar Portugal na senda do progresso."
 
Reformulando para a atualidade:

A subjugação do país aos interesses do mercado, da troika sua mandatária e do capital selvagem, os gastos dos políticos, a corrupção, o roubo impune, a ditadura encapotada de Cavaco e do atual seu governo, os conluios e nepotismos, têm vindo a contribuir para um inexorável processo de erosão do país, da justiça, das liberdades, direitos e garantias da República Portuguesa do qual os defensores da Democracia vão ter de tirar o melhor proveito, libertando-se da súcia de malfeitores que ao engano, com falsas promessas, se apossaram dos poderes, devolvendo ao país o prestígio perdido e colocar Portugal na senda do Progresso, da Justiça e da Democracia.
 
Para isso Portugal tem de se libertar do jugo dos atuais políticos e dirigentes que desrespeitam a Constituição da República e os portugueses, apesar de terem jurado cumpri-la e fazê-la cumprir. Portugal tem de se libertar do presidente ao contrário e repôr na posição correta a varanda em que foi proclamada a República em 5 de outubro de 1910. Enquanto isso não acontecer a República continuará suspensa, assim como a democracia. E Portugal continuará a afundar-se.
 
Viva a República! Fora com os políticos e com o presidente ao contrário!
 

Portugal - 5 de Outubro. Que se Lixe a Troika pede demissão de PR e PM

 

Jornal i - Lusa
 
Depois da bandeira nacional ter sido hasteada, os manifestantes começaram a cantar "Grândola Vila Morena"
 
O Movimento que Lixe que se Lixe a Troika exigiu hoje a demissão do Presidente da República e do primeiro-ministro durante as comemorações oficiais do 5 de Outubro, em Lisboa.
 
À chegada ao salão nobre dos Paços do Concelho, onde decorrem as comemorações do Dia da Implantação da República, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, foram vaiados pelos elementos do Movimento que se Lixe a Troika, que se manifestam no local.
 
"Demissão", gritavam os manifestantes.
 
Os protestos, que já se faziam ouvir desde as 10:30, subiram de tom quando chegaram o Presidente da República e o primeiro-ministro, cerca das 11:15, altura em que pediram a demissão dos dois responsáveis políticos.
 
"Demissão", foi também a palavra gritada enquanto o chefe de Estado hasteava a bandeira nacional na varanda dos Paços do Concelho.
 
Depois da bandeira nacional ter sido hasteada, os manifestantes começaram a cantar "Grândola Vila Morena".
 
As comemorações oficiais do 5 de Outubro não estão a suscitar interesse por parte dos populares, despertando apenas a curiosidade de alguns turistas que passam pela Praça do Município.
 
Leia mais em Jornal i
 

5 de Outubro: Um manifestante do Movimento que se Lixe a Troika levado pela polícia

 

Jornal i - Lusa
 
Um dos elementos do Movimento que se Lixe a Troika que participava numa manifestação na Praça do Município, em Lisboa, foi levado pela Polícia quando protestava junto aos automóveis que transportavam os responsáveis políticos.
 
No final da cerimónia que assinala o primeiro ano em que o Dia da Implantação da República não é feriado registaram-se incidentes entre a Polícia e os manifestantes.
 
Gonçalo Fonseca, de 24 anos e desempregado, foi o manifestante levado pela Polícia depois de ter tocado num dos carros da comitiva dos responsáveis políticos que participaram nas comemorações.
 
À saída da esquadra da PSP, Gonçalo Fonseca disse aos jornalistas que tinha sido identificado e acusado "de provocar danos no automóvel".
 
O manifestante disse que apenas tocou "com a mão no carro", o que desencadeou uma reação por parte dos agentes da PSP que formavam um cordão de segurança para impedir que os manifestantes chegassem às viaturas.
 
"Agarraram-me, imobilizaram-me e caíram-me em cima cerca de 10 agentes", relatou.
 
Gonçalo Fonseca mostrou aos jornalistas os seus óculos partidos na sequência da intervenção da Polícia.
 
Depois deste incidente, os manifestantes do Movimento que se Lixe a Troika estão concentrados junto à esquadra da PSP, na rua do Arsenal, onde foi identificado Gonçalo Fonseca.

Leia mais em Jornal i
 

Angola: ENVERGONHADOS

 

Marcolino Moco – À Mesa do Café
 
Todos os que estamos em condições de minimamente discernir sobre as coisas essenciais, sabemos que vivemos uma situação grave no país.
 
Alguns dos que combateram contra o colonialismo, com a sua Pide, com a sua repressão que os obrigou, a alguns, como o actual Presidente da República, a sair de Angola para o exterior, são dignitários deste Estado, que reprime da mesma ou da pior maneira angolanos, mesmo perante um evento internacional. Como acreditar que depois do Dr. Filomeno Lopes, figura respeitada no país e não só, hoje chega a vez de jornalistas conhecidos, como o Rafael Marques, o Alexandre Solombe e o Coque Mukuta que são “pisados e torturados” por polícias orientados por aqueles que se julgam legitimados para fazer isso?
 
É confrangedor. Todos estamos impotentes, fingindo que tudo está normal. Hoje ouvi um padre a pregar que não critiquemos os “nossos dirigentes”. “Rezemos para que Deus os proteja e os encaminhe para o bem”. E perante tudo isso, o assunto mais importante para a mídia e os comentadores de serviço são os depósitos na conta Mfuca Muzemba, militante de um partido político. O país vai enterrando de vez o conceito dignidade humana e de que a lei vale para todos. Os juízes e juízas libertam sob caução jovens que não cometeram crime nenhum. Ajudemos pelo menos, os que podemos, a pagar. Que país é este? Que justiça amordaçada?!
 
Estes jovens são os únicos que estão a cumprir, quase isolados, o seu dever de cidadãos, perante a indiferânça de quem podia fazer alguma coisa, mesmo com um simples gesto de desaprovação. Estamos vendidos ao preço do petróleo. Todos nós estamos envergonhados. Eu pelo menos estou envergonhado. Não estava preparado para ver isso no século XXI, depois de proclamada a Paz, no meu país.
 
Luanda, 24 de Setembro de 2013
 
Nota PG: Marcolino Moco foi primeiro-ministro de Angola de dezembro de 1992 a junho de 1996. Moco foi demitido de seu papel pelo Presidente José Eduardo dos Santos, apesar de pertencer ao MPLA. O seu "carisma de tendências demasiado democráticas desagradou ao PR e ao partido que ocupa os poderes e Angola".
 
Leia mais em À Mesa do Café
 

Mais lidas da semana