quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Portugal - Mário Soares: “O POVO ODEIA PASSOS COELHO”

 


O histórico socialista continua a ter no primeiro-ministro o seu alvo preferencial, e no seu artigo de opinião do Diário de Notícias, Mário Soares escreve que Passos devia ter-se demitido mas que não o terá feito “certamente porque se julga eterno”. E acrescenta: “Assim, vai acabar mal. Muito mal. É que o Povo está farto - odeia-o - e não vai aguentar muito mais tempo esta situação”.
 
Mário Soares acredita que os portugueses “odeiam” o Governo, mas que esse sentimento também se pode referir ao próprio primeiro-ministro. “Assim, vai acabar mal. Muito mal. É que o Povo está farto - odeia-o - e não vai aguentar muito mais tempo esta situação”, sublinha o antigo chefe de Estado.
 
“Passos Coelho reconheceu a derrota. É verdade. E até felicitou António José Seguro, líder do PS. Mas logo a seguir disse que não tencionava demitir-se... Certamente porque se julga eterno, por direito divino, se calhar, visto que até perdeu na sua própria terra, Vila Real de Trás-os-Montes. Não seguiu o bom exemplo de Guterres, por muito menos. Porquê? Porque não tem vergonha na cara?”, acrescentou Soares.
 
Para Soares, a situação ainda vai piorar, pois o “Governo vai ter de pagar o que já não tem para pagar”, e lembra que o Orçamento ainda não é conhecido, “porque para Passos Coelho, apesar de falar pelos cotovelos, o segredo é a alma do negócio”.
 
Sobre o vice-primeiro-ministro, o socialista também nada de bom tem a dizer: “Portas, o chamado vice-primeiro-ministro, que aliás tem a missão (super ingrata) de falar com a troika, parece não saber como. A troika só pensa em comprometer o Partido Socialista, que só se fosse irresponsável aceitaria tal negócio”.
 
Na opinião do antigo chefe de Estado, “é o péssimo que se segue ao pior. Ninguém sabe ao certo o que aí vem”.
 
O histórico socialista aproveita ainda para apontar baterias a Cavaco Silva dizendo que “agora deu-lhe para viajar. É uma outra maneira de fugir a falar aos seus compatriotas”.
 
Notícias ao Minuto
 

Jornalista brasileira pode ter sido detida nos EUA a pedido de Joaquim Barbosa

 


Duas pessoas sabiam da ida da jornalista à Universidade: a Diretora de Comunicação e o próprio Joaquim Barbosa, a quem a jornalista telefonou pedindo entrevista. Não há nenhum histórico entre a Universidade, o jornal e sua repórter Cláudia Trevisan, cuja foto estava nas mãos de um policial, com a ordem de detê-la.
 
Jornal GGN – Carta Maior
 
Do Jornal GGN - Pelo relato da correspondente do Estadão, Cláudia Trevisan – que foi detida e algemada pela polícia, ao tentar assistir a uma palestra do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa na Universidade de Yale – a maior suspeita sobre o causador do episódio recai sobre o próprio Barbosa.

A correspondente entrou normalmente em Yale, circulou pelos corredores em que circulam alunos, professores e visitantes.

Ao pedir informações a um policial, foi detida. E as declarações do policial deixam as pistas sobre a origem das denúncias contra a correspondente (http://glurl.co/csC):

“Foi o único momento em que me alterei. Disse que ele não podia fazer isso. Ele respondeu que sim e teve seu êxtase autoritário: we know who you are, you are a reporter (você sabe quem você é, você é uma repórter). Que crime!!!! We have your picture, you were told several times you could not come (Nós temos sua foto, você foi avisada várias vezes que não podia vir)”.

A troco de quê a policia de Yale teria uma foto da correspondente? Foram avisados por quem? Havia duas pessoas que sabiam de sua ida à Universidade: a Diretora de Comunicação e o próprio Joaquim Barbosa, a quem a jornalista telefonou pedindo entrevista.

A Diretora negou a autorização para assistir à palestra. Certamente, não havia como lhe negar o acesso à Universidade, que é aberta a alunos e ao público. Não há nenhum histórico entre a Universidade, o jornal e sua repórter, para sua foto estar nas mãos de um policial, com a ordem de detê-la.

Segundo o relato:

“Fui algemada enquanto ele dizia "you know why you are being arrested, no?" (você sabe porque está sendo presa, não?). Ao que eu dizia que não. "You were told several times you could not come here" (Você foi avisada diversas vezes que não poderia vir aqui). Ao que eu repetia que não”.

As únicas informações objetivas sobre ela eram de Joaquim Barbosa, que já provocou conflito com outros jornalistas do Estadão, devido a denúncias sobre gastos com passagem e a compra da casa em Miami.

“Ela também havia conversado previamente, por telefone celular, com o próprio ministro Barbosa, a quem solicitou uma entrevista. Barbosa disse que não estava disposto a falar com a imprensa. Claudia, então, informou o presidente do STF que o aguardaria e o abordaria do lado de fora do prédio” (http://glurl.co/csA).

'Não entrei escondida nem forcei a entrada'

Leia a íntegra do relato da correspondente do 'Estado' em Washington, Cláudia Trevisan, enviado ao embaixador Cézar Amaral, cônsul-geral do Brasil em Hartford (EUA)
27 de setembro de 2013 | 19h 04

Cláudia Trevisan - correspondente do Estado em Washington

Caro Cézar, obrigada por sua preocupação e empenho no caso. A história começou na manhã de esta quinta-feira, 26, quando o jornal decidiu que eu deveria tentar falar com o ministro Joaquim Barbosa na Faculdade de Direito de Yale. Ele participava lá de um evento chamado "Global Constitutionalism Seminar 2013".
 
Veja também:
link Correspondente do 'Estado' é presa e algemada em Yale (EUA)

Liguei para a diretora de Comunicações da Faculdade de Direito, Janet Conroy, e perguntei se poderia ter acesso ao evento. A resposta foi que não. Segundo ela, o evento era fechado e eu não poderia entrar no prédio. Eu disse que iria mesmo assim e esperaria o ministro na calçada.

Cheguei a New Haven por volta das 14h30 e fui para a Faculdade de Direito. Quando entrei, me dirigi à segurança que estava na portaria e perguntei onde estava sendo realizado o evento. Meu objetivo era ter certeza do local para poder esperar o ministro do lado de fora. Ela disse que não tinha informação sobre o seminário no website da faculdade e sugeriu que eu olhasse nas salas do corredor principal do prédio. Não pediu minha identificação nem impediu que eu entrasse. Pelo contrário.

Portanto, I did not sneak or broke in (não entrei escondida nem forcei a entrada). Eu andei pelos corredores, olhei pelos vidros dentro das salas, subi dois andares, comprei uma água na cafeteria, sentei no pátio interno e conclui que o seminário não estava ocorrendo naquele edifício.

Sai de lá e fui ao Wooley Hall, uma sala de concertos da Faculdade de Direito onde seriam realizados os eventos de hoje do seminário. As portas do lugar ficam abertas e a entrada é livre. Muitas pessoas usam o hall como atalho entre uma praça e a rua que fica do outro lado. Não havia ninguém para pedir informações na entrada.

Subi as escadas e me dirigi a um policial. Perguntei se o evento estava sendo realizado ali. Ele não respondeu e pediu que eu o acompanhasse, o que fiz sem protestar ou resistir. No andar de baixo, ele começou a me fazer perguntas. Eu não disse que era jornalista, mas falei que estava em busca do ministro Joaquim Barbosa e que pretendia esperá-lo do lado de fora. Informei meu endereço, telefone e voluntariamente entreguei meu passaporte quando ele pediu uma identificação. Quando estávamos já do lado de fora do prédio, pedi meu passaporte de volta e ele se recusou a entregá-lo.

Foi o único momento em que me alterei. Disse que ele não podia fazer isso. Ele respondeu que sim e teve seu êxtase autoritário: we know who you are, you are a reporter (você sabe quem você é, você é uma repórter). Que crime!!!! We have your picture, you were told several times you could not come (Nós temos sua foto, você foi avisada várias vezes que não podia vir). Ao que respondi que sim, era uma repórter, mas não havia sido alertada several times (muitas vezes) de que não poderia estar ali. Ao que ele respondeu que eu seria presa por "criminal trespassing" (invasão criminosa).

Duas policiais chegaram e ficaram me vigiando. Nesse momento, consegui ligar para o Benoni na Embaixada de Washington e avisar que seria presa. Logo depois, o mesmo policial, DeJesus, voltou, ordenou que eu ficasse em pé de costas para ele e colocasse minhas mãos para trás. Fui algemada enquanto ele dizia "you know why you are being arrested, no?" (você sabe porque está sendo presa, não?). Ao que eu dizia que não. "You were told several times you could not come here" (Você foi avisada diversas vezes que não poderia vir aqui). Ao que eu repetia que não.

Isso ocorreu por volta das 16h15. Em nenhum momento me disseram o "Miranda Rights" (leitura obrigatória dos direitos). Fui colocada em um carro de polícia e esperei por cerca de uma hora. Nesse período, apareceu uma pessoa ligada ao dean ("diretor") da Faculdade de Direito, que falou com o policial rapidamente. Ele me viu no carro, mas não se interessou por saber minha versão dos fatos (quando estudei Direito, aprendemos a desconfiar de relatos policiais e a valorizar o contraditório).

Por volta das 17h15 fui transferida para um camburão e levada ao distrito policial. Pedi para dar um telefonema, mas não permitiram. Disseram que eu teria que ser "processed first", o popular fichada. Fui revistada por uma policial e colocada em uma cela, dessas que vemos em filmes americanos. Havia um vaso sanitário e um policial fornecia papel higiênico pela grade. Não havia nenhum privacidade e tinha que "ir ao banheiro" com policiais passando pelo corredor. Fiquei cerca de 3h30 na cela. No total, permaneci quase cinco horas incomunicável. Só pude dar meu primeiro telefone às 21h20, pouco antes de ser solta.

A grande questão é por que fui presa se obedeci ao policial, não ofereci resistência e pretendia sair do prédio. Ao que eu saiba, ser jornalista não é crime tipificado pela legislação americana.
 
Leia mais em Carta Maior
 

Falta de financiamento adia eleições na Guiné-Bissau para data a definir

 

Deutsche Welle
 
As eleições na Guiné-Bissau estão marcadas para 24 de novembro, mas todo o processo eleitorial está congelado por falta de financiamento. O movimento Ação Cidadã alerta que o adiamento só vai aumentar a pobreza no país.
 
As próximas eleições gerais na Guiné-Bissau vão ser adiadas para uma data ainda a definir, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em concertação com o Governo de transição.
 
O movimento Ação Cidadã não tem dúvidas de que o adiamento das eleições só vai aumentar a pobreza e gerar mais crise social no país, diz uma porta-voz do grupo de jovens dos quadros guineenses, Elizabeth Neia Fernandes. "Isto é adiar novos postos de trabalho, adiar a segurança do pagamento dos salários", afirma.
 
Conta que este mês muitos salários não foram pagos e questiona como se pode "garantir que vai ser pago no próximo mês?". Para Fernandes, o atraso do pagamento significa "menos dinheiro a entrar na economia guineense e isso acaba por empobrecer o país inteiro".
 
Até ao momento, nenhuma entidade estrangeira disponibilizou meios financeiros para que o processo eleitoral se inicie no terreno. O Governo diz que ainda aguarda a promessa da comunidade internacional, que por sua vez, alega não poder financiar uma das eleições mais caras do mundo para um país com cerca de 800 mil potenciais eleitores.
 
Polémica entre Governo e ONU
 
José Ramos Horta, representante especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bissau, afirma que as autoridades guineenses não podem culpar os parceiros neste sentido, porque a Guiné-Bissau é um Estado soberano. "Não podem dizer que isto é uma responsabilidade da comunidade internacional", disse o timorense Ramos Horta.
 
Afirma que o país precisa de assumir um compromisso com a comunidade internacional e com os guineenses, de tentar avançar com o processo eleitoral. "A Guiné-Bissau deve dizer: estamos determinados a realizar as eleições nos prazos em que nos comprometemos, mas não temos financiamento e pedimos apoio", afirma o representante da ONU em Bissau.
 
Segundo Ramos Horta, os atores políticos guineenses pretendem que seja incluído no orçamento das eleições as despesas partidárias e até dos eleitores que vão a voto. O orçamento que ronda os 15 milhões de euros é para Ramos-Horta "muito elevado".
 
"Será a eleicao mais cara per capita que conheço", afirma o representante especial do secretário-geral da ONU. Ramos Horta ironiza dizendo que "quase se pode dizer que cada votante guineense, com este orçamento, vai receber uma camisola, um relógio Gucci comprado na Itália, por ocasião das eleições".
 
Jovens querem envolvimento da ONU
 
O impasse na organização do pleito eleitoral levou o grupo de jovens guineenses do Movimento Ação Cidadã a defender que devem ser as Nações Unidas a organizar as próximas eleições gerais no país. Essa seria uma forma de garantir a segurança e dar maior credibilidade ao processo, defende Elizabeth Neia Fernandes, uma das animadoras do movimento que surgiu logo após o golpe militar.
 
"Não podemos ter pessoas aqui a organizar as eleições porque não vamos ter essa transparência ou independência", diz. Elizabeth Fernandes acredita que o cenário habitual vivido na época eleitoral vai repetir-se e que, no fim do processo, irá começar-se a apontar dedos".
 
O Movimento Ação Cidadã considera que perante o atual cenário político do país não existem garantias de que as próximas eleições irão ao encontro das expectativas. As eleições estão marcadas para o próximo dia 24 de novembro, sem que nada de palpável tenha sido feito. Todo o processo está parado por falta de dinheiro.
 

Angola: Partos à luz das velas e mau atendimento nos hospitais pediátricos na Huíla

 

Deutsche Welle
 
Camas divididas por três grávidas, más instalações, falta de higiene e de luz elétrica são queixas apontadas pelas mulheres ao serviço de partos nos centros materno-infantis na periferia da cidade angolana do Lubango.
 
O atendimento nos hospitais periféricos da cidade do Lubango é descrito como lastimável pelos seus utentes. A falta de energia elétrica na rede pública faz com que muitos pacientes, entre eles gestantes, sejam assistidos nos hospitais à luz das velas.
 
Os geradores há muito avariaram nas instalações hospitalares e os postos médicos dos bairros Bula Matady, Nabambi e o Hospital Municipal do Lubango, mais conhecido por Ana Paula, são os apontados como maus exemplos.
 
Maria Lourenço Gouveia narra a história que a sua irmã mais nova viveu recentemente. "A falta de energia elétrica faz com que nós, mulheres, tenhamos os partos à luz das velas", afirma. Acrescenta que as mulheres que não têm um carro próprio, têm que esperar que a ambulância as vá buscar, o que demora "duas, três ou até quatro horas e o bebé acaba mesmo por morrer dentro da barriga", relata Maria Gouveia.
 
Falta de condições higiénicas
 
A falta de higiene nos hospitais também é referenciada por Maria Lourenço Gouveia. "Os quartos de internamento são péssimos, as casas de banho estão cheias de sangue, há falta de água". Para além disto, conta que às vezes, depois do parto, "três, quatro pessoas" dividem uma "só cama, com os seus bébés". Não conseguem descansar e há até mães que têm que se sentar numa "cadeira depois do parto", conclui.
 
O lixo nauseabundo no pátio da Maternidade do Lubango é um autêntico atentado à saúde pública, de acordo com Jacinta Kalianguila. "No contentor há muito lixo e fica a cheirar muito mal", queixa-se a utente. Para além disso, Jacinta conta que recebeu uma receita médica que demorou a chegar e quando tentou ir levantar os medicamentos, foi impedida porque, segundo a resposta do hospital, "chegou tarde".
 
"O Estado não tem é vontade, porque capacidade para ultrapassar estes problemas como energia elétrica ou mau atendimento, o Estado tem capacidade para mudar", afirma o historiador Mário Gaspar.
 
Para ele, o Estado angolano não tem vontade de investir nestes hospitais porque os elementos que o constituiem, não os usam para fazer os seus tratamentos. "É do nosso conhecimento que as suas esposas, filhas, não recorrem a estes serviços. Recorrem à Namíbia ou à Europa", conta o historiador, que defende que quando "o Estado quer, faz".
 
A DW África tentou contactar o Director provincial de saúde da Huila, mas sem sucesso.
 

Compra milionária de barcos franceses em Moçambique levanta suspeitas

 

Deutsche Welle
 
24 traineiras e seis barcos-patrulha serão comprados pela Empresa Moçambicana de Atum - EMATUM. Segundo a imprensa, o Estado garante o pagamento dos barcos, mas crescem suspeitas por falta de detalhes sobre o negócio.
 
O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, esteve esta segunda-feira (30.09) na costa norte francesa, acompanhado pelo homólogo francês, François Hollande. Guebuza deslocou-se ao porto de Cherbourg e visitou os estaleiros da empresa que vai construir trinta barcos com dinheiro moçambicano.
 
Mas enquanto Armando Guebuza visitava os estaleiros na costa francesa, em Moçambique persistem as dúvidas sobre o negócio da compra das embarcações.
 
A imprensa moçambicana diz que a EMATUM é a responsável pela compra das 24 traineiras e seis barcos-patrulha. Esta empresa foi criada há apenas dois meses, segundo a edição na internet do jornal moçambicano "O País". Um mês depois de ser criada, a EMATUM teria feito a encomenda, avaliada em 300 milhões de euros.
 
Ainda segundo a imprensa, a EMATUM é detida maioritariamente pelo Instituto de Gestão de Participações do Estado (IGEPE) e pelo Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE).
 
Costa moçambicana tem de estar "protegida"
 
Em França, o Presidente moçambicano confirmou que o Governo está envolvido na compra dos barcos e afirmou que o país "precisa de ter a certeza de que a costa está protegida e que as águas territoriais não são violadas". Na quarta-feira passada (25.09), o ministro das Finanças, Manuel Chang, já afirmara que os barcos-patrulha vão ajudar no combate à pirataria.
 
Mas ao olhar para as notícias dos últimos dias, o analista do Centro de Integridade Pública (CIP), Baltazar Fael, fica com várias dúvidas. Baltazar Fael ainda não está totalmente convencido que estes barcos franceses são mesmo precisos.
 
Afirma que é essencial que este negócio seja "transparente e que o Governo dê uma versão oficial" do assunto e ainda "que mostre de facto, com base nos contratos que assinou, nas necessidades do país, se de facto o país tem necessidade de 30 barcos a este valor que se avança de 300 milhões, enquanto se calhar existem outras prioridades", afirma o analista.
 
Até agora, faltam detalhes sobre o negócio. E os membros do executivo moçambicano apresentam versões contraditórias sobre a origem das dezenas de milhões de euros para comprar os barcos franceses.

Contradições sobre financiamento
 
O ministro das Finanças, Manuel Chang, desmentiu na semana passada as notícias que diziam que o Governo ia emitir títulos de dívida no valor de 370 milhões de euros para financiar a compra das embarcações. Segundo o ministro, o Estado funciona apenas como garante do negócio e só pagará a dívida caso a empresa, a EMATUM, não puder pagar.
 
Mas esta segunda-feira (30.09), o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Henrique Banze, disse que "o dinheiro do negócio dos barcos vem de um crédito de um país estrangeiro", que o político não quis revelar à agência de notícias Associated Press.
 
A DW África tentou contactar o Ministério das Finanças e o Ministério da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique, sem sucesso.
 
Sobre as contradições no discurso do Governo moçambicano, Baltazar Fael, do CIP, coloca duas hipóteses: "Ou esta é uma manobra de diversão para distrair as pessoas e depois de algum tempo esquecerem-se e alguns dos políticos ganharem com o negócio ou, de outra forma, é revelador de um Governo que não está a conseguir gerir este processo".
 
Baltazar Fael acredita que este processo possa não estar a ser adequadamente gerido pois, "se a imprensa levantou este assunto é porque há algumas zonas menos claras neste negócio", conclui.
 

FRANÇOIS HOLLANDE É SOCIALISTA?

 


Salim Lamrani, Paris – Opera Mundi
 
Com a nova reforma da aposentadoria, primeiro governo de esquerda da V República atenta contra as conquistas sociais
 
O primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault anunciou no dia 27 de agosto de 2013 uma nova reforma do sistema de aposentadoria com uma ampliação do tempo de contribuição para 43 anos. É a primeira vez na história da V República que uma maioria de esquerda arremete contra este símbolo do progresso social, conquistado a preço de muitas lutas: o direito à uma existência digna nos últimos anos de vida. Nem o presidente Jacques Chirac (1995-2007), nem Nicolas Sarkozy (2007-2012) – ambos de direita e de inclinação neoliberal — se atreveram a adiar a tal ponto a idade mínima para se aposentar. 1
 
Entretanto, quando se encontrava na oposição, Hollande condenou com vigor a ampliação do tempo de contribuição para 41 anos, depois das reformas de 2003 (Ley Fillon), de Chirac: “O projeto do governo Raffarin [primeiro-ministro] suscita três objeções importantes por parte dos socialistas: a rejeição à uma filosofia que consiste em pedir aos assalariados que trabalhem mais tempo para ganhar menos. A ampliação do tempo de contribuição — 40, 41, 42 anos e até mais se assim for necessário — era a posição dos empresários, agora é a solução do governo Raffarin”. 2

Quando, em 2010, Sarkozy ampliou novamente o tempo de contribuição, Hollande não deixou de estigmatizar esse atentado contra uma conquista social valorizada pelos cidadãos franceses: “É a reforma mais injusta arbitrada pelo presidente Sarkozy. Ele quis mandar um sinal aos mercados e aos sócios europeus. Escolheu fazer com que os pobres e aqueles que começaram a trabalhar cedo paguem. Esta reforma vai penalizar aqueles que entraram cedo na vida ativa e que poderiam se aposentar aos 60 anos, porque tinham todos os seus direitos, mas que terão de trabalhar não apenas 41 anos, mas 42, 43 ou inclusive 44 anos”. 3

Mas, uma vez no poder, longe de revogar as reformas de Fillon e Sarkozy, Hollande as validou e foi além, atentando contra todo um setor de pessoas vulneráveis: os idosos. De fato, para poder se aposentar com uma aposentadoria integral , os trabalhadores terão de contribuir mais, até 43 anos. Agora veja, é notório que o desemprego das pessoas com mais de 50 anos é cada vez mais significativo, como o dos jovens. A consequência previsível é que eles terão de se aposentar sem ter contribuído o suficiente para ter o benefício de uma aposentadoria integral, o que vai resultar no aumento da pobreza e da precariedade das pessoas da terceira idade.
 
O argumento usado por Hollande — costumeiramente usado pelos neoliberais — é que o aumento da expectativa de vida, agora considerado um obstáculo, exige uma ampliação do tempo de contribuições. Agora veja, se a expectativa de vida aumenta, é precisamente porque as pessoas trabalham menos tempo e podem disfrutar de sua aposentadoria com boa saúde. Assim, a reforma de Hollande terá impacto sobre o estado de saúde dos trabalhadores e, portanto, sobre sua expectativa de vida.

Por outro lado, esta reforma — exigida pela Comissão Europeia— que prevê, além disso, um aumento dos impostos diretos e em consequência uma diminuição dos salários, é um contrassenso econômico. De fato, agrava a austeridade para os idosos que não têm anos suficientes de trabalho — cujas aposentadorias vão diminuir automaticamente — e para os jovens que vão entrar mais tarde no mercado de trabalho por causa da saída deferida por seus predecessores. Assim, a diminuição dos salários devido à alta dos impostos diretos e à diminuição das aposentadorias vai ocasionar uma redução do consumo e, portanto, uma baixa da atividade econômica, que será traduzida em um aumento do desemprego, para desembocar na diminuição dos recebimentos do Estado (impostos não pagos pelos novos desocupados) e um aumento de seus gastos (para pagar os subsídios do desemprego).

Desde que chegou ao poder, François Hollande multiplicou as decisões favoráveis aos conglomerados econômicos e financeiros, particularmente com o benefício fiscal às empresas de 20 bilhões de euros e com a recusa em regular o mundo financeiro apesar das promessas eleitorais. Também adotou medidas contra o interesse geral e contra os setores mais modestos, com o aumento do IVA e a reforma do sistema de aposentadoria. A consequência foi imediata: o Partido Socialista perdeu todas as oito eleições parciais levadas a cabo sob a presidência de Hollande desde a sua eleição em maio de 2012, entre as quais cinco circunscrições onde tinha maioria presidencial.

1. Jean-Marc Ayrault, "Réformes des retraites: garantir notre système, corriger les injustices", Portail du Gouvernement de la République française, 27 août 2013. (site consultado no dia 1 de setembro de 2013).

2. François Hollande, "
Discours de clotûre au Congrès de Dijon", 18 de maio de 2013, Parti Socialiste. (site consultado no dia 1 de setembro de 2013).

3. Agence France Presse, "Retraites : Sarkozy a choisi ‘la réforme la plus injuste’ selon Hollande", 16 de junho de 2010.


* Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor-titular da Universidade de la Reunión e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se chama Cuba. Les médias face au défi de l’impartialité, Paris, Editions Estrella, 2013, com prólogo de Eduardo Galeano.

Contato:
lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr

Página no Facebook:
https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel
 
Leia mais em Opera Mundi
 

Agência de Segurança dos EUA recolheu localizações de telemóveis de cidadãos

 


A Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em Inglês), recolheu durante dois anos, em 2010 e 2011, localizações de telemóveis de cidadãos dos EUA, através de um programa-piloto que decidiu entretanto eliminar.
 
O diretor da NSA, general Keith Alexander, confirmou esta quarta-feira a existência do programa durante uma audiência no comité senatorial das informações, depois de o "The New York Times" ter revelado a notícia na sua edição desta quarta-feira.
 
Alexander começou a aplicar o programa para testar a capacidade dos seus sistemas de gestão de dados, mas a informação obtida não foi usada, nem para análise de informação.
 
Se tivesse decidido prosseguir com o programa para além da fase experimental, a NSA teria de obter primeiro a aprovação do tribunal encarregue da autorização da aplicação da Lei de Vigilância de Informações Estrangeiras (FISA, na sigla em Inglês), acrescentou Alexander.
 
O diretor do NSA classificou ainda como "errado" e "inexato" outro artigo do diário nova-iorquino que avançava que a agência usou desde 2010 a sua coleção de informação para criar gráficos que ilustrassem as relações sociais de alguns norte-americanos, prática que só se aplicava a estrangeiros.
 
A NSA começou a permitir em novembro de 2010 que a informação procedente de chamadas telefónicas e mensagens de correio eletrónico fosse usada para estudar as ligações de norte-americanos com suspeitos no estrangeiro, relatou o jornal, baseado em documentos fornecidos pelo ex-funcionário da agência Edward Snowden.
 
Snowden, que se encontra exilado na Federação Russa, revelou há uns meses a existência dos programas secretos da NSA para a vigilância em grande escala das comunicações de norte-americanos e estrangeiros considerados suspeitos de terrorismo.
 
A espionagem da NSA ultrapassou fronteiras e afetou governos aliados, como Brasil e México, entre muitos outros.
 
Hoje, na audiência no Senado, tanto Alexander como o diretor nacional das Informações, James Clapper, defenderam, a necessidade destes programas de espionagem como ferramenta da luta antiterrorista dos EUA.
 
Jornal de Notícias
 

O INÍCIO DO “EFEITO BOOMERANG

 

Martinho Júnior, Luanda
 
1 – A implosão do socialismo real permitiu aos Estados Unidos assumir durante quase vinte anos um domínio unipolar incontestável, mas há cada vez mais sinais que essa perspectiva se está a esgotar, como também muitas das iniciativas norte-americanas começarem a resultar num “efeito boomerang” que está a trazer, no mínimo, a perda de capacidade ofensiva nos termos do que se conheceu com a dupla regência da administração republicana de George W. Bush.
 
A lógica capitalista neo liberal projectou as regras, mas os Estados Unidos foram sempre mais longe: uma vez que o dólar tinha curso universal e servia como padrão, fabricaram notas sem que houvesse uma correspondência de riqueza real… e puseram o resto do mundo a pagar por essa “iniciativa”, multiplicando as estratégias regionais manipuladas, em especial no que diz respeito aos acessos à exploração e transporte de petróleo e gás!...
 
O seu domínio propagou-se ao controlo dos media, da internet, dos “software” mais aliciantes de comunicação global, de tudo que fosse cibernética… salvo nas ilhas cultivadas por aqueles que, de sobreaviso, foram procurando fazer frente a um império cada vez mais arrogante, mais militarista, mais mercenário e… menos democrático.
 
As matrizes da desigualdade e do desequilíbrio que se foram paulatinamente instalando e são também uma das razões do deslocamento de imensos parques industriais atraídos pelos “mercados” que dessem melhores garantias de lucro, explicam a textura emergente dos BRICS, particularmente os que se situam na Ásia: a Rússia, a China e a Índia.
 
Essa textura emergente por seu turno possibilitou aumentar o nível das disputas pelo domínio energético num imenso jogo que abrange a Ásia Central e Ocidental (Médio Oriente), mas que tem também outros reflexos noutras partes do mundo, não só em relação ao petróleo e ao gás, como também em relação sobretudo aos minerais estratégicos.
 
Com gastos militares avassaladores, os Estados Unidos foram obrigados a fazer frente em termos de concorrência geo estratégica à Rússia, à China e à Índia, que foram incrementando a sua indústria militar salvaguardando-se ao mesmo tempo de exageros operacionais.
 
Desse modo os três emergentes euro-asiáticos foram consolidando interesses comuns e construindo suportes continentais alternativos, ainda que imbuídos de lógica capitalista em muitas das operações correntes, dentro e fora das suas fronteiras.
 
Em alguns casos coutadas próprias da hegemonia foram criadas sobre os escombros das fragilidades e vulnerabilidades acumuladas desde as trevas coloniais, como em África, um terreno fértil para todo o tipo de manipulações!
 
O que acontece no Atlântico em relação às “prerrogativas de domínio” por parte da hegemonia, é uma parte integrante do grande jogo global e o mundo, ao se tornar multipolar, vai definindo os contornos das esferas de influência!
 
Enquanto na Ásia o peso da Rússia, da China e da Índia começa a ser evidente a ponto de obrigar os Estados Unidos a recuar em mais uma iniciativa de guerra, neste caso em relação à Síria e ao Irão, à volta do Atlântico e em especial em África, o peso da hegemonia poucas hipóteses objectivas tem ainda de ser contrariado!
 
2 – Em princípios de 2011 assistiu-se ao primeiro corolário das iniciativas comuns entre a Rússia e a China: inaugurou-se o primeiro oleoduto entre a Sibéria e o nordeste da China e o primeiro produtor de petróleo do mundo, começava a fornecer por essa via ao maior consumidor!
 
Esse acontecimento para a Rússia marcou uma nova fase: pela primeira vez no seu território transcontinental os extremos ocidental e oriental se ligaram para além das vias marítimas, das rodovias e das ferrovias; desta feita o nó das ligações assentava nos imensos campos petrolíferos e de gás da Sibéria profunda.
 
Ao mesmo tempo o degelo está a progredir no Árctico e o binómio Rússia-China está a assumir protagonismo no norte, sem qualquer hipótese de acompanhamento por parte do poder anglo-saxónico e seus aliados:
 
Enquanto a frota estratégica da Marinha de Guerra russa cresce e explora o Árctico como nunca, quer a Rússia quer a China propõem-se em construir e lançar ao mar mais quebra-gelos e estabelecer as rotas para reduzir a distância entre os portos comerciais do Extremo Oriente asiático e da Europa para menos de metade!
 
Essas nervuras estratégicas, ao fugir ao controlo directo dos ocidentais, acicataram as motivações de sua concorrência e do seu protagonismo, quando o capitalismo a ocidente já estremecia atacado por sucessivas crises internas provocadas pela arrogância do lucro ao infinito…
 
A perda de ética, de moral e o universo unipolar que foi criado, fez elevar a fasquias dos riscos, através de fórmulas nunca antes experimentadas.
 
O terrorismo só beneficiou com essa conjuntura e, sendo uma “arma” inteligente, aparentemente contraditória, barata e prolífera, foi uma bênção secreta para as mãos que nunca deixaram de estar tintas de sangue: os lucros dos privados corporativos anglo-saxónicos e de seus aliados arábicos aumentam quanto ele mais se dissemina!
 
3 – A concorrência beneficiou de processos de estímulo, mas os estados que permitiram a absorção de tecnologias e indústrias, forçosamente tiveram que dar início às respostas para fazer face a um dólar que os obrigava a pagar em riqueza o que deixara de ser coberto pelas reservas de ouro, ao mesmo tempo que se assumiam no grande jogo do petróleo, do gás e das geo estratégias competitivas à procura de mais espaço e poder!
 
As tensões que começaram a surgir nas disputas em relação à produção de energia depois do episódio da Yukos na Rússia, acirraram-se em relação ao petróleo barato, explorado nas areias, nos mares interiores (como o Cáspio), ou ainda na Sibéria, o mesmo acontecendo em relação ao gás, bem como a todos os respectivos processos de transporte por terra ou por mar:
  
- Por terra na disputa de espaços para a construção e exploração de oleodutos e gasodutos;
 
- Pelo mar para garantir a segurança das vias de escoamento em direcção aos grandes pólos transformadores e consumidores.
 
Os interesses do estado russo que colidiram no post Yeltsin com os interesses concentrados na “Russia Open Foundation” de George Soros em 2003, continuam em rota de colisão agora na Síria, onde Murdoch e Lord Jacob Rothschield procuram tirar partido das alianças nas monarquias arábicas e dos seus desejos de domínio regional em acordo tácito com Israel.
 
4 – As veladas agressões promovidas pelos Estados Unidos utilizando processos terroristas com raízes num passado não muito distante em que os grupos radicais islâmicos haviam sido cooptados para servir os seus interesses durante a Guerra Fria, tiveram a partir do 11 de Setembro de 2001 um elevado grau de manipulação sem que houvesse na fase inicial concorrentes capazes de assumir oposição: no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, na Somália, na Líbia, ou seja, contornando a imensa Rússia transcontinental e jogando com o Cáucaso e a Ásia Central a sul: o caminho mais curto para atingir a Sibéria!…
 
As avisadas Rússia e China ampararam-se reciprocamente e procuraram consolidar suas posições comuns, enfrentando os radicais islâmicos em regiões tão nevrálgicas como as do Cáucaso, as da Ásia Central e as da China Ocidental, mantendo um grau elevado de aproximação à Índia, uma Índia que desde há muito se habituou a lidar com as tensões e os conflitos contra radicalismos islâmicos, de certo modo aliás conformes à dissolução da União Indiana e às sucessivas independências do Paquistão (1947) e do Bangladeche (1971), assim como dum seu remanescente como o Caxemira!…
 
Enquanto a Rússia e a China procederam sempre contra esses radicais, os Estados Unidos manipularam-nos pelo menos nos Balcãs, na Chechénia, no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, na Líbia e na Síria…
 
Desde a década de noventa que o curso era livre para as iniciativas da hegemonia unipolar ocidental, com a sua panóplia de aliados e alianças, mas agora em que os Estados Unidos se vêem obrigados a enfrentar os efeitos em cadeia da crise do dólar e das dívidas, tal como os emergentes com seus próprios objectivos capazes de domínio no enorme continente euro-asiático e criando outras moedas para garantir maior estabilidade e equidade nas transacções comerciais, o seu poder perde fôlego e potencial.
 
Os emergentes passaram a procurar realizar capacidades que reduzissem o espaço da hegemonia unipolar, conforme os últimos acontecimentos na Síria, visando instalar e defender seus próprios interesses e abrindo caminho a soluções multipolares…
 
… Por isso os riscos se multiplicaram e as tensões atingiram níveis por vezes acima das fasquias típicas do período que se tem designado como de Guerra Fria!
 
No meio do ciclo, o Irão vai-se impondo na mais conturbada região, assumindo-se numa atitude que reforça o campo das emergências!
 
Para com o império hoje em dia o início do “efeito boomerang” é uma constante nas relações internacionais; lá diz o ditado: “quem semeia ventos arrisca-se sempre a colher tempestades”… em especial se a persistência unipolar for levada avante recorrendo à força, à mentira, à manipulação e ao ódio!
 
Artigos correlacionados:
. Novas tecnologias ao serviço da hegemonia e da morte;
. Cínicos ódios de Setembro;
. A prolífera Yukos enquanto falível “cavalo de Tróia” – publicado a 12 de Dezembro de 2003 no ACTUAL; (a seguir);
. A longa batalha por detrás dos cenários (a publicar).
Mapa: Circuitos de oleodutos e gasodutos russos em direcção ao ocidente; faltam no mapa os que foram construídos até ao oriente remoto, até Vladivostoque e ao nordeste da China!
A consultar:
. Zip, Zip – 35 – A dança das estações – Martinho Júnior – Maio de 2010 – Publicado no Página Um.
. Russia Effectively Closes a Political Opponent's Rights Group – http://www.nytimes.com/2006/03/18/international/europe/18russia.html?_r=0
. Syrian Oil Positions – Murdoch & Rothschild Possess Crystal Ball – http://intellihub.com/2013/08/30/syrian-oil-positions-murdoch-rothschild-possess-crystal-ball/
. Energia e geo-política: a batalha pela Ásia Central – http://outraspalavras.net/posts/energia-e-geopolitica-a-batalha-pela-asia-central/
. Iran, la bataille des gazoducs – http://www.voltairenet.org/Iran-la-bataille-des-gazoducs
. O Pan-Islamismo radical e a Ordem Internacional liberal – http://comum.rcaap.pt/bitstream/123456789/1416/1/NeD100_JoaoMarquesAlmeida.pdf
. Onde estava Ossama Ben Laden a 11 de Setembro de 2001? – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/onde-estava-ossama-bin-laden-em-11-de.html
. Do derrubamento de Mossadegh à ofensiva contra a Síria – http://resistir.info/mur/mossadegh_26set13.html
 

Brasil – EUA: Vergonha em Yale

 


Direto da Redação, em Espaço Livre
 
Muito embora, desta vez, não esteja envolvido no caso como protagonista principal, o Ministro Joaquim Barbosa deve ter vibrado com a prisão da jornalista Cláudia Trevisan, correspondente do jornal Estado de São Paulo. Ela procurou-o por telefone, interessada em entrevistá-lo durante a estada do ministro nos EUA, mas teve o pedido de entrevista negado por JB. Até aí, nada demais. Todos sabem que JB odeia jornalistas e não se poupa de mandá-los chafurdar na lama. Só que esta intrépida jornalista não se deu por vencida. Avisou a assessoria de JB que estaria no hall do prédio da Universidade de Yale, onde ele faria palestra em um seminário e tentaria ainda assim entrevistá-lo. Ela foi até a universidade na data e horário em que o ministro proferiria a palestra. Mas, dentro do campus, logo antes de chegar no prédio onde estava JB, ela foi identificada por policiais que já estavam alertas sobre a tentativa de entrevista (quem adivinhar como os policiais sabiam da ida dela até lá ganha uma miniatura do MacGyver).
 
E o que se segue? “Uma destas situações que seriam vergonhosas, antidemocráticas e, numa visão bem estadunidense, típicas de país que precisa de corretivos, como Iraque, Afeganistão ou Síria (bola-da-vez da mira do império ianque): os policiais identificaram Cláudia e a prenderam, por “invasão de propriedade”. De nada adiantou ela protestar, por encontrar-se numa área da universidade aberta a acesso público. Colocaram-na sob algemas e tudo mais, como se ela fosse uma trombadinha pega em flagrante delito. A profissional da imprensa brasileira foi assim tratada e mantida, sob a truculenta e vexatória detenção policial, durante as 4 horas seguintes. Por pura coincidência, foi o tempo necessário para o ministro completar sua palestra e ir embora.. Este é mais um episódio que entra para o rol das bizarrices obtusas que costumam ocorrer por onde circula a eminência de Joaquim Barbosa.
 
Em nota oficial, vide abaixo, o porta-voz da universidade esgarça-se pelo avesso na tentativa de limpar a lama que respingou deste episódio no currículo da própria Universidade de Yale, tudo em vão. A direção desta importante casa de ensino estadunidense submeteu-a ao vexame de cumprir o papel baixo e ralo de ordenar a detenção desta jornalista, que estava em local público e que exercia regular e legitimamente sua profissão (talvez até com algum denodo, inspirada nos exemplos cults de seus colegas estadunidenses Bob Woodward e Carl Bernstein). Como diriam alguns, esta prisão em Yale seria apenas um acontecimento “peculiar”, bem ao estilo Joaquim Barbosa, não ocorresse no seio de uma notória universidade produtora de cultura e de ciências nas terras de Tio Sam, país que se autoproclama “o paraíso” da democracia e “matriz mundial” da liberdade (especialmente, a liberdade de imprensa).
 
Vivemos todos agora aquele momento “mágico” em que a imprensa conservadora brasileira, aquela que adora adular JB e lançá-lo toda semana para “Presidente da República”, cala-se, fecha-se em copas, sem publicar rigorosamente nada a respeito desta infamante e vergonhosa notícia, porque é de seu interesse que assim seja. Um daqueles silêncios ensurdecedores. Todavia, se alguém do governo cogitar tratar de algum “marco regulatório” para a imprensa, os mesmos jornalões saem a campo, vociferando histericamente e bradando aos sete ventos: “há um golpe totalitário em curso” e “estão querendo atentar contra a liberdade de imprensa no Brasil”. É mole?
 
Contribuição de Rogério Guimarães Oliveira, advogado em Porto Alegre (RS). Email: rgo@via-rs.net
 
* Este espaço é preenchido com a colaboração dos leitores. Os textos serão publicados de acordo com a oportunidade do tema e/ou seguindo a ordem de recebimento.
 

BIÓLOGA BRASILEIRA É FORMALMENTE ACUSADA DE PIRATARIA NA RÚSSIA

 

Deutsche Welle
 
Ativista do Greenpeace participou de protesto contra a exploração de petróleo no Ártico. No total, 30 ambientalistas estão detidos na Rússia e mais quatro foram acusados. Se condenados, podem pegar até 15 anos de prisão.
 
Pelo menos cinco ativistas do Greenpeace, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, foram acusados de pirataria na Rússia por um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, segundo informações do grupo ambiental. Se considerados culpados, os ativistas podem pegar até 15 anos de cadeia.
 
Além da brasileira, as autoridades russas acusaram outros quatro ativistas, incluindo um britânico, um finlandês, um russo e um cidadão americano que também tem nacionalidade sueca.
 
Os cinco estão entre os 30 ativistas detidos no mês passado após um protesto no Mar de Barents, ao norte da Rússia, quando o barco quebra-gelo Arctic Sunrise, do Greenpeace, se aproximou da plataforma Prirazlomnaya, da gigante estatal do setor de energia Gazprom. Na ocasião, ativistas tentaram escalar a plataforma, considerada crucial no âmbito dos esforços da Rússia para explorar recursos naturais no Ártico. Prirazlomnaya é a primeira plataforma em alto-mar da Rússia na região e deverá começar a operar no final deste ano.
 
Na semana passada, o presidente russo Vladimir Putin declarou que os ativistas "claramente não são piratas". No entanto, Putin afirmou que eles teriam infringido a lei internacional ao protestar próximo a uma plataforma petrolífera.
 
O grupo negou as acusações dos investigadores russos e defende que a Rússia embarcou ilegalmente no barco do Greenpeace em águas internacionais. A ONG afirma que o protesto foi pacífico e não representou nenhuma ameaça. Segundo o Greenpeace, as acusações não têm fundamento legal.
 
Os ativistas de 18 países estão detidos nas cidades de Murmansk e Apatity, no norte da Rússia, aguardando as investigações. Mais acusações contra os outros 28 ativistas devem ser apresentadas em breve.
 
ME/afp/rtr
 
Leia mais em Deutsche Welle
 

Mais lidas da semana