quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Angola: REGIME PREPARA MAQUILHAGEM DE ELEVADO GABARITO MUNDIAL




Angola está a promover uma acção de formação destinada a agentes do Estado que vão estar, nos próximos dois anos, ligados a matérias relacionadas com o mandato do país no Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas.

Orlando Castro – Folha 8 Diário

Sim. Todo o cuidado é pouco. Nesta matéria, como em muitas outras, o Presidente da República (nunca nominalmente eleito e no poder desde 1979) sabe que o regime não é sério nem íntegro. E exactamente por isso vai fazer tudo para parecer, durante dois anos, íntegro e sério. A regra de ouro do MPLA é simples: não importa o que o país é mas, isso sim, o que parece que é.

A formação de três dias (só por aqui se vê o alcance estrutural do embuste), ministrada por duas especialistas do Security Council Report, abrange, além de diplomatas, representantes de vários ministérios e jornalistas/propagandistas do regime.

Em declarações à imprensa, o secretário de Estado das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, disse que as autoridades angolanas entenderam que para um bom exercício do mandato, “com o rigor e a responsabilidade que isso exige”, deviam ser formados todos os intervenientes.

“Não só sobre as matérias que são discutidas no Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas, e principalmente, sobe os métodos de funcionamento do CS. Portanto, contratamos o Security Council Report, que é uma instituição que funciona junto das Nações Unidas para esse efeito”, referiu.

Segundo Manuel Augusto, essa instituição existente desde 2005, foi crida depois da constatação de que muitos países apenas no fim do seu mandato é que começavam a perceber o funcionamento do CS da ONU.

“Foi feita já uma formação junto dos nossos funcionários em Nova Iorque e agora estamos a fazê-la em Luanda e sempre que sentirmos necessidade vamos recorrer ao Security Council Report”, sublinhou.

Recorde-se o que se passou recentemente quando Angola foi confrontada perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, sobre liberdade de expressão, de manifestação e restrições a activistas.

O ministro da Justiça e Direitos Humanos, Rui Carneiro Mangueira, respondeu – por exemplo – que no caso de processos em tribunal “o interesse particular da pessoa ofendida suplanta o interesse do Estado nestas matérias, daí que não se compreenda como pode haver interesse da parte do Estado em violar ou restringir o direito à liberdade de expressão”.

Como as perguntas eram uma formalidade, os países que levantaram a questão até sorriram com o atestado de matumbez que o ministro lhes passou.

Quanto ao direito de manifestação, o ministro disse – mesmo sem a assessoria da Security Council Report – que é garantido, mas as manifestações são por vezes interrompidas quando “os manifestantes e contra-manifestantes desencadeiam agressões mutuas que levam à perturbação da ordem pública”.

Ninguém se preocupou em questionar a razão pela qual há cada vez mais angolanos a serem agredidos, torturados e mortos. É certo que isso é irrelevante para a ONU, até porque as vítimas não são propriamente angolanos nem gente. Para se ser angolano e gente é condição sine qua non ser militante do MPLA. Não é o caso das vítimas. Mera coincidência, como é óbvio.

Rui Carneiro Mangueira defendeu ainda que o direito de associação é previsto pela lei angolana e que existem em Angola cerca de 300 associações de defesa dos direitos humanos.

O ministro defendeu as acções do Governo para reforçar os direitos humanos em Angola, citando a reforma da Justiça e do Direito, a melhor distribuição da riqueza e o programa de habitação e urbanismo e lembrando que o país ainda sente as consequências do conflito armado, que terminou em 2002.

Como testemunhas abonatórias do regime, para além de países como a Guiné Equatorial, Coreia do Norte e Portugal, estão cidadãos como Alves Kamulingue, Isaías Cassule, Hilbert Ganga, Rafael Marques de Morais e William Tonet. Isto, é claro, para além dos jacarés.

PASSA A SER PROIBIDO CHOVER EM LUANDA




A morte de três crianças e a inundação de 944 casas é o balanço das fortes chuvas que atingiram a região de Luanda.

Os dados foram avançados hoje pelo porta-voz do comando provincial de Luanda do serviço de protecção civil e bombeiros, Faustino Minguenje.

As chuvas que tiveram início por volta das cinco da manhã de terça-feira prolongaram-se até ao fim da manhã, tendo provocado igualmente deslizamentos de terras.

Segundo o responsável, as mortes ocorreram no distrito urbano do Sambizanga, quando crianças entre os sete e 12 anos tomavam banho num charco provocado pelas chuvas.

Faustino Minguenje adiantou igualmente que das 944 casas inundadas, 78 correm o risco de ruir, sublinhando que ficaram também alagadas uma escola, uma creche, dois centros de saúde e várias ruas.

O responsável acrescentou que continuam os trabalhos de sucção das águas em vários municípios de Luanda, mas a realização dessa acção tem sido dificultada em algumas zonas devido à localização de algumas casas.

O porta-voz disse também que por causas das enormes quantidades de lixo, algumas valas de drenagem de água encontram-se cheias e sem poder dar vazão das águas, com probabilidade de escoamento para as residências vizinhas.

Folha 8 Diário


Angola é o país lusófono com maior índice de corrupção, seguido de Timor-Leste




Angola, Cabo Verde e Timor perderam pontos, Moçambique ganhou um ponto e a Guiné-Bissau manteve a pontuação.

Voz da América

Angola foi o país lusófono que mais pontos perdeu no Índice de Percepção da Corrupção 2014, caindo oito posições no ranking, segundo o relatório anual divulgado hoje pela organização não-governamental Transparência Internacional.

Angola teve uma queda de quatro pontos no ranking da Transparência Internacional, caindo do 153.º lugar (23 pontos) em 2013 para o 161.º (19 pontos) em 2014 na tabela da organização não-governamental.

Timor-Leste também caiu na tabela da ONG e perdeu dois pontos, passando da 119.ª posição (30 pontos) em 2013 para o 133.º (28 pontos) em 2014.

São Tomé e Príncipe perdeu lugares no ranking, mas manteve a mesma pontuação, descendo do 72.º lugar (42 pontos) no ano passado para 76.º lugar este ano (42 pontos). Cabo Verde caiu uma posição na lista e perdeu um ponto, passando do 41.º lugar (58 pontos em 2013) para 42.º lugar (57 pontos em 2014).

Já Moçambique manteve-se na mesma posição na tabela, mas ganhou um ponto, permanecendo em 119.º lugar e passando de 30 pontos em 2013 para 31 pontos em 2014.

A Guiné-Bissau manteve a sua pontuação (19 pontos) e subiu dois lugares na tabela, passando da 163.ª posição em 2013 para 161.ª este ano.

Corrupção no BRICS

O Brasil melhorou a sua prestação, subindo do 72.º lugar em 2013 (42 pontos) para 69.º em 2014 (43 pontos).

Entretanto, o documento faz referência sobre a corrupção nos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), lembrando o escândalo de desvio de dinheiro na companhia petrolífera estatal brasileira, Petrobras, para vários partidos políticos, sobretudo para o Partido dos Trabalhadores (PT), que está no poder.

Portugal melhorou a sua colocação, passando do 33.º lugar (62 pontos) em 2013 para 31.º (63 pontos) em 2014.

A Guiné Equatorial, membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa desde 23 de Julho deste ano, não consta deste atual relatório da ONG. No ano passado, a Guiné Equatorial estava em 163.º lugar, com 19 pontos.

Mais de dois terços dos 175 países têm pontuação abaixo de 50, numa escala de 0 (percebido como altamente corrupto) a 100 (percebido como pouco corrupto).

A Dinamarca está em primeiro lugar da lista com 92 pontos, enquanto a Somália e a Coreia do Norte partilham o último lugar da tabela, com apenas oito pontos (ambos no 174.º)

O Índice de Percepção da Corrupção, que avalia o sector público dos países, é composto por índices de corrupção de entidades internacionais consideradas credíveis, como o Banco Mundial.

No ano passado, 177 países e territórios foram analisados, mas em 2014 ficaram de fora o Brunei, a Guiné Equatorial e Santa Lúcia. Samoa foi incluído este ano no Índice de Percepção da Corrupção 2014.

Cabo Verde: MARINHA PORTUGUESA DÁ APOIO ÀS VÍTIMAS DO VULCÃO DO FOGO




Erupção vulcânica do Fogo: Primeiro-Ministro visitou Fragata Álvares Cabral

O Primeiro-Ministro, José Maria Neves (JMN), nesta quarta-feira, 03 de Dezembro, pelas 15H30 horas, visitou a Fragata Álvares Cabral, que chegou no início da tarde deste dia à Praia, com uma tripulação de 201 elementos para prestar assistência médico-sanitária e apoio logístico aos afectados pela erupção vulcânica na ilha do Fogo.

Segundo fonte do Gabinete de JMN, o navio chegou a Cabo Verde com um helicóptero e cerca de uma dezena de embarcações para apoio no transporte de pessoal e material para o terreno, para além de mais de 1.000 máscaras, cobertores, e outros materiais de apoio humanitário.

“A guarnição da Álvares Cabral foi reforçada com fuzileiros, mergulhadores e equipas médicas, num total de 201 tripulantes, 25 dos quais mulheres”, acrescenta a fonte.

A Fragata fica fundeada ao largo da ilha do Fogo, local a partir do qual vai desenvolver as operações.

Recorda-se que a vinda do navio ao arquipélago é uma pronta resposta das autoridades portuguesas ao pedido de Cabo Verde, face a uma situação de catástrofe provocada pela erupção do vulcão na ilha do Fogo.

A Semana (cv)

Notícia atualizada por PG

Cabo Verde – Vulcão do Fogo: "Homi Grande" sem misericórdia sobre Chã das Caldeiras




As lavas, fruto da erupção vulcânica, avançam sem misericórdia sobre Chã das Caldeiras. Ontem, terça-feira, foi o dia mais difícil. A fúria do vulcão foi bem forte e a lava engoliu uma boa parte da Portela. Já a situação de hoje é de alguma acalmia na Chã, com o abrandamento da actividade vulcânica nas últimas horas. Mas a lava caminha lentamente em direcção às Igrejas Católica e Adventista.

O dia de ontem foi de desalento, desespero e tristeza. Viu-se uma parte da Portela, principal povoação da Chã, a ser engolida pelas lavas. Escola, Hotel Pedra Brabo, Unidade Sanitária de Base, Delegação Municipal e várias casas ficaram debaixo do manto negro das lavas.

Dezenas de pessoas presenciaram esta fúria da natureza com os olhos húmidos, dentes cerrados e abanando a cabeça. Não acreditavam naquilo que estavam a ver. Como que a tentar reunir forças dentro de si para travar ou empurrar as lavas. Mas o ritmo da corrente de lava continua implacável, imprevisível e não mostra sinais de trégua.

Contabilizam-se 60 casas e mais de 52 cisternas destruídas pelas lavas. Foram engolidos ainda a Sede do Parque Natural do Fogo, a Escola do Ensino Básico, o Hotel Pedra Brabo, as estradas de acesso à Chã das Caldeiras, vários hectares de terreno com milhares de plantas frutíferas.

Felizmente não há mortes a lamentar. Apenas prejuízos materiais avultados, que podem aumentar nos próximos dias e que obrigam os populares e autoridades a fazer contas à vida. Nesta manhã de quarta-feira, as lavas caminham lentamente em direcção as Igrejas Católica e Adventista e estão a menos de 50 metros da Adega de vinho.

Durante o dia de ontem, o trabalho foi intenso na Adega para transferir com uma motobomba mais de 150 mil litros de vinho para um local seguro. No que diz respeito ao acesso, máquinas trabalham a todo vapor para a reabertura de uma via alternativa.
“Homi Grande” um amigo eterno.

Para muitos moradores, a Chã continua a ser um local de admiração. Lembram que o vulcão, apelidado “Homi Grandi”, deu aos solos uma das maiores potências agrícolas de Cabo Verde e um filão turístico. Tirou tudo nos últimos dias, consumindo lentamente infra-estruturas, casas, campos de cultivo. Mas, mesmo assim, consideram-no “um amigo”.

Teodoro Montrond é natural da Portela, viu a sua casa ser engolida pelas lavas vulcânicas. Diz-se triste, mas não decepcionado com o “Homi Grandi”. Guia turístico de profissão, este jovem de 30 anos conta que o vulcão deu-lhe e tirou-lhe tudo: "Mas acredito que amanhã volta a devolver-me tudo em dobro", afirma confiante.

Montrond acredita que a Chã vai reerguer para voltar a ser um grande atractivo turístico e um pólo de desenvolvimento da ilha do Fogo. Consciente do perigo, uma das preocupações deste jovem é que no futuro, "as autoridades venham impedi-los de voltar à Chã".

Já a jovem Carla Fernandes (Nena), 26 anos, é uma das 290 habitantes desalojadas de Portela que encontraram refúgio no centro de acolhimento em Achada Furna. Perdeu a sua casa, mas não sente raiva do vulcão. “São coisas da natureza”, diz. A jovem diz que não quer investir mais na Chã, mas pensa voltar para trabalhar na agricultura.

O futuro neste momento é incerto. “Estamos à espera das autoridades. Eles sim sabem o que podem fazer connosco. Não sei o que poderá acontecer daqui para frente”, disse a outra jovem Kelita Barros, ao asemanaonline.

Versão idêntica têm outros moradores com quem conversamos. Mostram-se convictos de que, apesar da tristeza e da angústia, continua a esperança “a vida não pára aqui. Agora é hora de levantar a cabeça e seguir em frente, procurando soluções”, dizem.

Nicolau Centeio – A Semana (cv)

Cabo Verde: Presidente não comenta eventuais omissões na previsão do vulcão




O Presidente de Cabo Verde escusou-se hoje a comentar eventuais omissões na previsão do vulcão que assola desde 23 de novembro a ilha cabo-verdiana do Fogo, defendendo que a prioridade do curto prazo é responder às necessidades dos desalojados.

Falando aos jornalistas ao fim da tarde, momentos após ter chegado num pequeno avião a São Filipe, Jorge Carlos Fonseca frisou que a hora é de ajudar as populações afetadas e encontrar soluções para o médio e longo prazos.

Hoje, em declarações à agência Lusa, o diretor do Instituto Tecnológico e das Energias Renováveis das Canárias (ITER) criticou a "inércia" das autoridades cabo-verdianas na prevenção da erupção vulcânica, garantindo que a informação recolhida desde março em Chã das Caldeiras apontava para uma situação "preocupante" e favorecedora do ressurgimento do vulcão do Fogo.

Nemesio Pérez Rodriguez, que se encontra na "Ilha do Vulcão" em missão do instituto, indicou que toda a informação recolhida desde março foi enviada a tempo ao Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) local, que nunca respondeu.

"Como Presidente da República e como leigo não posso pronunciar-me face a uma notícia ou a comentários que foram suscitados por essa declaração. Também a li, mas, como Presidente da República, é uma questão de postura", afirmou.

"Vamos concentrar-nos, unir esforços e articular-nos da melhor maneira, para que se possa responder às necessidades que as pessoas sentem neste momento, e preparar-nos para aquilo que esperamos sempre que seja o melhor", acrescentou.

Questionado pela Lusa sobre se haverá, passada a crise, um apuramento de responsabilidades, Jorge Carlos Fonseca afirmou que sim, salientando a necessidade de, então, se ponderar e avaliar a situação com "objetividade e serenidade", para que, acontecendo situações parecidas no futuro, se possa "reagir melhor, de forma mais eficiente, mais organizada e mais articulada".

"Creio que, num país que é um Estado de Direito democrático, onde há instituições que funcionam, esse apuramento poderá ser feito, mas, não tendo agora dados suficientes nem objetivos para fazer qualquer avaliação, preferia que todos se concentrassem em resolver os problemas de forma articulada", acrescentou.

Jorge Carlos Fonseca, que chegou ao Fogo para se inteirar da situação no terreno, nele permanecendo até sábado, afirmou, por outro lado, que as erupções vulcânicas que ocorrem há 11 dias constituem uma "situação de emergência e de elevada gravidade", uma vez que os danos são "extensos" e, para já, difíceis de calcular.

"Uma situação em que as pessoas correm risco de vida e da sua integridade física, perdem as suas casas, o gado, os seus pertences e as perspetivas imediatas de vida só pode ser considerada de elevadíssima gravidade", sustentou.

"Um país como o nosso tem de se preparar e isto tem de servir também como uma espécie de lição para que, no futuro, tenhamos respostas cada vez mais atempadas, aprimoradas e eficientes, porque somos um país com um risco, o de vulcões", frisou.

No Fogo, Jorge Carlos Fonseca irá observar a situação em Chã das Caldeiras, visitar as populações afetadas e que se encontram dispersas pelos três centros de acolhimento e ajudar a perspetivar o que poderá ser feito a curto, médio e longo prazos para minorar o sofrimento das populações.

"O importante neste momento é encontrar as soluções imediatas. As pessoas têm de estar acolhidas, de se alimentar, de se vestir. Há o problema das crianças, das escolas e de como reagir face ao evoluir da situação em cada momento. Também temos de ter elementos para ponderarmos o médio o longo prazos e, para isso, temos de ter a opinião dos políticos, técnicos e cientistas e a sensibilidade das pessoas afetadas", resumiu.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Ébola: Guiné-Bissau vai reabrir fronteira com Conacri dentro de cinco dias




A Guiné-Bissau vai reabrir a fronteira com a Guiné-Conacri dentro de cinco dias, anunciou hoje o primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira.

O líder do Governo falava aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República, José Mário Vaz, para, entre outros assuntos, fazer um ponto de situação sobre as atividades do executivo.

Na cimeira da Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO) realizada no dia 06 de novembro, em Accra, capital no Gana, os chefes de Estado decidiram reabrir as fronteiras com os países afetados - Guiné-Conacri, Libéria e Serra-Leoa - para evitar a estigmatização da população.

Domingos Simões Pereira indicou a José Mário Vaz que existe um relatório técnico segundo o qual a Guiné-Bissau precisa de mais "quatro a cinco dias" para "reforçar as estruturas de vigilância sanitária" antes de reabrir a fronteira, encerrada pelo Governo guineense desde 12 de agosto.

Nenhum caso de Ébola foi declarado na Guiné-Bissau e as autoridades têm no terreno uma série de medidas de prevenção.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Guiné-Bissau: Chefe do Governo lamenta saída do ministro da Administração Interna




O primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, lamentou hoje perante os jornalistas a saída de Botche Candé do cargo de ministro da Administração Interna e prometeu anunciar nos próximos dias o nome do novo responsável pela pasta.

Domingos Simões Pereira reuniu-se hoje com o Presidente da República, José Mário Vaz, a quem fez um ponto de situação sobre as atividades de governação, num encontro que disse ser rotineiro e semanal.

Questionado sobre se a saída de Botche Candé se deveu a razões pessoais, o primeiro-ministro disse que não.

"Reconheço que é uma baixa no meu Governo", referiu.

"O presidente da República usou uma prerrogativa que lhe assiste, é constitucional. É justa a decisão", disse ainda Simões Pereira.

Botche Candé saiu do Governo na sexta-feira, alegadamente por sua iniciativa, conforme um decreto presidencial que anunciou a sua exoneração sem especificar os motivos.

Dias antes, o ministro teria sido impedido por rebeldes do Movimento das Forças Democráticas da Casamança (MFDC) de visitar certas zonas da fronteira com o Senegal.

O movimento luta há mais de 20 anos pela independência daquela província do resto do território senegalês e foram encontrados em território guineense.

O primeiro-ministro negou que tenha falado hoje com José Mário Vaz sobre Botche Candé, mas adiantou aos jornalistas que nos próximos dias vai apresentar ao presidente guineense o nome do próximo responsável pela pasta da Administração Interna.

Com a saída de Candé do Governo, o ministério tem sido coordenado interinamente pelo secretário de Estado da Ordem Pública, Doménico Sanca.
Lusa, em Notícias ao Minuto

Guiné-Bissau: Ministério Público pede 7 anos de prisão para mutilação genital feminina




O Ministério Público guineense pediu hoje pelo menos sete anos de prisão para os principais implicados na mutilação genital de três crianças do sexo feminino, com idades entre os cinco e sete anos de idade.

De acordo com as alegações feitas na audiência de hoje no Tribunal Regional de Bissau, as condenações mais pesadas podem recair sobre a mãe das crianças, uma tia, bem como a pessoa que executou a excisão.

Para o pai das crianças, o Ministério Público reclama uma pena de prisão de 11 meses e duas semanas.

O caso abrange seis arguidos e a sentença será conhecida no dia 17.

No total há sete pessoas envolvidas, mas uma ainda não foi presente ao tribunal por ter um processo autónomo, disse fonte judicial à agência Lusa.

Na sua maioria são cidadãos da Guiné-Conacri.

O caso aconteceu no dia 20 de setembro num bairro periférico de Bissau e foi imediatamente denunciado por organizações de defesa e proteção das crianças e de luta para o abandono da prática da excisão na sociedade guineense.

Fernando Cá, da Associação dos Amigos das Crianças (AMIC), disse aos jornalistas que a sua organização espera uma condenação dos envolvidos como forma de desencorajar a prática, já criminalizada, mas ainda observada por certas comunidades guineenses.

A defesa alega que o tribunal devia ter como atenuante o facto de os arguidos serem quase todos estrangeiros que desconhecem a existência da lei que pune a prática de excisão por terem dificuldades em compreender o crioulo (língua franca na Guiné-Bissau) e o português.

O parlamento guineense aprovou desde 2011 uma lei que criminaliza a excisão.

A lei tem sido divulgada por organizações de defesa das crianças, mas a prática ainda continua, alegadamente por desconhecimento da legislação ou por desafio à autoridade, diz a presidente do comité de luta contra as práticas nefastas na sociedade, Fatumata Djau Baldé.

É a segunda vez que um caso de excisão é julgado num tribunal na Guiné-Bissau, depois de um primeiro, em Bafatá, em 2012.

Lusa, em Notícias ao Minuto

E que fim levaram os “humanitários” que iam salvar os líbios com bombas e drones?!




Líbia - PCB - [Gleen Greenwald e Murtaza Hussain, traduzido pelo pessoal da Vila Vudu] Apenas três anos depois da intervenção militar pela OTAN contra a Líbia e com a intervenção elogiada pelos interventores como se tivesse sido retumbante sucesso, a Líbia é país em colapso total. A violência e a anarquia são de tal modo disseminadas, que "praticamente nenhum líbio consegue viver vida normal" – escreveu Stephen Kinzer, da Brown University, no Boston Globe, semana passada.

Mês passado, o Parlamento líbio, sem exército funcional que lhe garanta proteção contra milícias fortemente armadas, foi obrigado a fugir de Trípoli e abrigar-se num barco grego.
O New York Times noticiou em setembro que:

(...) o governo da Líbia declarou (...) que perdeu o controle de seus ministérios para uma coalizão de milícias que tomou a capital, Trípoli, em mais um sinal claro do esfacelamento do estado.

A luta sectária e atraso nos pagamentos destruíram quaisquer tentativas que EUA e Grã-Bretanha tenham feito para treinar soldados líbios, o que levou os dois países, semana passada, a abandonar completamente programas futuros:

(...) nenhum único soldado foi treinado pelos EUA, porque o governo líbio não compareceu com o dinheiro prometido.

A Agência Associated Press noticia hoje que uma cidade inteira, Derna, rendeu-se e jurou fidelidade ao Estado Islâmico no Iraque e Levante [ing. ISIS],

(...) tornando-se a primeira cidade fora do Iraque e da Síria a unir-se ao 'califado' anunciado pelo grupo extremista.

Relatório distribuído pela ONG Anistia Internacional há duas semanas, documentava que:

(...) milícias foras-da-lei e grupos ilegalmente armados de todos os lados do conflito na Líbia ocidental, cometem cada vez mais e maiores crimes de abusos de direitos humanos, inclusive crimes de guerra.

Em suma, é quase impossível exagerar os horrores que os líbios são obrigados a enfrentar diariamente, e a miséria tomou conta do país.

Tudo isso leva a uma pergunta óbvia: que fim levaram todos os "humanitários" que tanto insistiram que seriam movidos por profunda e nobre preocupação pelo bem-estar do povo líbio, quando clamavam a favor da intervenção pela OTAN? Quase sem exceção, os que advogavam a favor de ação militar da OTAN em campo na Líbia sempre disseram que a ação seria motivada, não por objetivos primariamente estratégicos, ou pelos recursos naturais líbios, mas por puro altruísmo.

Nicholas Kristof, do New York Times, escreveu:

(...) a Líbia nos faz lembrar que às vezes é possível usar ferramentas militares para fazer avançar causas humanitárias.

Anne-Marie Slaughter, ex-assessora do governo Obama, clamava que

(...) a intervenção tinha a ver com manter "valores universais" os quais, por sua vez, encaminhariam na direção de alcançar os objetivos estratégicos dos EUA.

Ao justificar a guerra ante os norte-americanos (mais de uma semana depois de os ataques já terem começado), o presidente Obama decretou:

(...) há nações capazes de fingir que não veem atrocidades em outros países. Os EUA, não. Os Estados Unidos da América são diferentes.

O caso é que "fingir que não veem" as atrocidades atuais – e atualmente ainda muito piores que antes – na Líbia é, precisamente, o que fazem hoje os EUA, seus aliados e a grande maioria dos "humanitários" que tanto pregaram guerras e mais guerras. De fato, depois que o bombardeio foi suspenso, os pró-guerra só se mantiveram interessados na sorte do povo líbio por tempo suficiente para se vangloriarem da própria "clarividência" e para vingar-se dos que haviam discordado deles.

Slaughter teve sua "volta da vitória" com uma coluna assinada no Financial Times do dia 24/8/2011, sob o título:"Por que se comprovou que os céticos quanto à ajuda humanitária à Líbia sempre estiveram errados" [orig. Why Líbia sceptics were proved badly wrong]. Nessa coluna ela desqualifica todos que diziam que "ainda é cedo para avaliar" e que:

(...) em um ano, ou numa década, a Líbia corre o risco de desintegrar-se em conflitos tribais ou em insurgências islamistas, ou racha ao meio, ou apenas passa, de um ditador, para outro.

E insiste que nada jamais poderia ser pior que deixar Gaddafi no poder. Assim sendo, então,

(...) a Líbia é a prova de que o ocidente, afinal, é capaz de fazer escolhas com sabedoria.

Assim também Kristof aproveitou seu momento de fama para celebrar o quanto sempre acertara em suas avaliações e previsões e balanços, para visitar Trípoli no mesmo mês de agosto, e de lá anunciou que os norte-americanos eram vistos como heróis pelos líbios agradecidos. Embora toda sua coluna fosse carregada de ressalvas, sobre inúmeras coisas que ainda poderiam acabar terrivelmente mal, o colunista mesmo assim não se envergonhou de escrever que:

(...) essa foi das raras forças de intervenção militar movidas por razões humanitárias, e teve sucesso (...) e que (...) só em raros momentos há forças militares capazes de promover direitos humanos. A Líbia até aqui é modelo para esse tipo de intervenção.

Quando a derrota de Gaddafi já era iminente o blog Think Progress, que apoia a Casa Branca, explorou as emoções resultantes (exatamente como os Republicanos fizeram quando Saddam foi capturado), para provocar os Republicanos: "Será que John Boehner ainda acha que as operações militares dos EUA na Líbia são ilegais?" – Como se assassinar Gaddafi pudesse justificar aquela guerra, mesmo depois de o Congresso ter negado autorização para os ataques, ou, então, como se o assassinato de Gaddafi pudesse, só ele, assegurar resultado que favorecesse os líbios.

A mesma cena de patética autocongratulação repetiu-se também em outros países que participam da guerra.

No momento em que o Canadá encenava um espantoso desfile militar comemorativo da vitória na Líbia, com exibição de aviões da Força Aérea sobre o Parlamento em Ottawa, a Líbia mergulhava rapidamente na mais absoluta anarquia, noticiou The Chronicle Herald.
Em setembro de 2011, o Christian Science Monitor narrou como

(...) líderes ocidentais voam paraTrípoli para celebrar a vitória dos rebeldes e oferecer apoio à nova Líbia, cujo sucesso eles veem como modelo para outras revoluções árabes. O presidente francês Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro britânico David Cameron (na foto acima) mergulharam com prazer nos agradecimentos dos líderes favoritos da OTAN para a transição líbia, por terem combatido uma guerra "por razões exclusivamente humanitárias".

Fonte: Pátria Latina

OBAMA, AINDA TEM UMA POLÍTICA MILITAR?




Thierry Meyssan, que havia sido o primeiro a anunciar a possível nomeação de Chuck Hagel para o departamento da Defesa, interroga-se sobre as razões da sua demissão. Elas não o levam a procurá-las nos actos do secretário de Estado mas, sim, nas mudanças de política do presidente. No entretanto, conclui que Washington não tem, mais, uma política clara e que, assim, a administração Obama realiza acções perigosamente contraditórias.

Está claro que a administração de Obama não tem, mais, bússola para orientar a sua política de segurança nacional. Em maio de 2013, a Casa Branca sabotava o Conselho consultivo presidencial de Inteligência sem o renovar e, esta semana, ela desembaraçava-se do seu fiel Secretário da Defesa, Chuck Hagel. Mas, sobretudo, ela não para de adiar a publicação da nova Doutrina de Segurança nacional, que a lei lhe impunha ter já apresentado ao Congresso desde há 7 meses atrás.

Se existem directrizes, claras, em matéria de objectivos de longo prazo (impedir o desenvolvimento económico da Rússia e da China), e sobre os meios para aí chegar (movimentar as tropas estacionadas na Europa e no Golfo para o Extremo-Oriente), ninguém sabe quais são os objectivos fixados em relação ao mundo árabe actual.

Parece que, em 2010, as «primaveras árabes» preparadas, de longa data, pelo Departamento de Estado para colocar a Irmandade Muçulmana no poder, um pouco por toda a parte, foram uma surpresa —pelo menos parcialmente— para o presidente Obama. O mesmo reparo quanto à mudança de regime na Ucrânia, em 2013.

Hoje em dia, uma parte do aparelho de Estado dos E.U. bate-se contra o Emirado Islâmico, enquanto uma outra parte, do mesmo aparelho de Estado, o apoia, e combate junto com ele a República Árabe da Síria.

Chuck Hagel, que havia pedido, por escrito, uma clarificação à Conselheira de segurança da Casa Branca, não só não obteve qualquer resposta como foi largado sem nenhuma explicação.

É certo que o homem não tinha conseguido impôr-se à burocracia do seu ministério, mas, ninguém duvidava da sua capacidade, nem do apoio que lhe era dado pelos oficiais superiores. Ele havia-se oposto à guerra de Bush Jr no Iraque e, tinha-se comprometido a redirigir as forças norte-americanas para objectivos nacionais e não mais para privados.

Os seus dois possíveis principais sucessores, o senador Jack Reed e Michele Flournoy, desistiram imediatamente: eles perceberam, muito bem, que Chuck Hagel não foi demitido por ter cometido qualquer erro, mas, exactamente, por ter aplicado a política que o presidente Obama lhe havia fixado. De imediato, todos os olhares se viraram, então, para as segundas escolhas, Bob Work e Ash Carter. No entanto, não bastará ser nomeado, é preciso que a nomeação seja confirmada também pelo Senado de maioria republicana, o que não deixará de ser complicado.

A imprensa especializada pinta um retrato estranho do secretário demissionário. Ela realça a sua honestidade —uma qualidade muito rara em Washington— para mais o censurar por não ter feito grande coisa. Ora, o seu papel, tal como ficou definido aquando da sua nomeação, era precisamente o de não lançar novas guerras, mas sim o de reformar o Pentágono, o que ele começou a fazer. Em primeiro lugar, ele cortou, muito, as pontes entre as forças dos EUA e do Tsahal (Forças Defesa de Israel-ndT). Em seguida, ele procedeu a colossais cortes orçamentais, excepto no campo nuclear. Durante o seu mandato ele foi continuamente atacado pelos pró-israelitas, pelos neo- conservadores e pelas organizações “gays”(financiadas pelos precedentes).

A confusão, que rodeia toda a política norte-americana no mundo árabe, dura desde metade de 2012. À época, a secretária de Estado Hillary Clinton e o director da CIA, David Petraeus, tinham aproveitado a campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos para apoiar uma segunda guerra contra a Síria, desta vez via França e Catar. Uma vez o presidente Obama reeleito, e os seus dois «colaboradores» saneados, ele nomeou uma segunda administração com a missão de fazer a paz na Síria. Mas, ao fim de alguns meses, verificou-se que a política da dupla Clinton- Petraeus continuava, à revelia da Casa Branca e contra o Pentágono.

Manifestamente o presidente Obama não é mais senhor do seu próprio governo, tal como não era George W. Bush, e tudo leva a crer que ele se junta, progressivamente, à política secreta da sua própria administração. Assim, o homem que havia anunciado o fim da dissuasão nuclear, da guerra no Afeganistão e no Iraque, bem como o abandono da guerra contra o terrorismo, está em vias de empreender exactamente o contrário : moderniza e desenvolve as armas nucleares, reenvia soldados para o Afeganistão e para o Iraque, e, relança o conceito vulgar da guerra contra o terrorismo.

A demissão de Chuck Hagel não é, pois, uma sanção pela sua actuação, mas a constatação da mudança do presidente Barack Obama.

Resta compreender quais são as forças, sobre as quais se apoiavam a Sra Clinton e o general Petraeus, que acabam de sair triunfantes. Tratar-se-á do Estado profundo ou de actores económicos? Como é evidente, a imprensa dos E.U. foi completamente ultrapassada : ela não é capaz de explicar o que se passa, nem sequer de analisar esta situação e, ainda menos, de responder à questão.

No fim de tudo, as chancelarias do mundo inteiro esperam por dados novos antes de tirar conclusões. Enquanto isso, no terreno, o Pentágono bombardeia o Emirado Islâmico, ao qual outros norte-americanos fornecem armas e financiamento.

Nos Estados Unidos, como em França, os presidentes sucedem-se sem conseguir influir nos acontecimentos. Pouco importa se se trata do republicano Bush ou do democrata Obama, o UMP Sarkozy ou o social-democrata Hollande, a máquina continua, inexoravelmente, a sua corrida, sem que alguém saiba quem a programou.

Tradução: Alva - Fonte: Al-Watan (Síria)

*Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).

Portugal: VEM A PROPÓSITO




Ao que parece, a percentagem dos negócios escuros dos figurões da política de direita que chega aos tribunais é pequena. Das vezes que tal sucede, o hábito é a atitude de reserva “confiamos no funcionamento da Justica, etc.”. Mas Passos Coelho, com a desfaçatez que o caracteriza, resolveu ir mais longe.


Passos Coelho resolveu declarar que “os políticos não são todos iguais”. Com as embrulhadas de que está rodeado deita a mão seja ao que for. Mas afirmações como essa são como a história: repetidas por Passos, repetem-se como farsa.

Quer talvez distinguir-se de correligionários seus que têm estado a contas com a justiça e passado alguns anos presos, ou de outros a quem as prescrições livraram desse incómodo. Mas o sentido da afirmação “os políticos não são todos iguais” não se resume a tal problema, embora o inclua. Tem a ver com aspectos morais e éticos, é certo. Mas tem sobretudo a ver com as causas e os interesses sociais e de classe que se defendem, causas e interesses antagónicos que trazem consigo comportamentos políticos e morais necessariamente antagónicos.

“Nas sociedades divididas em classes antagónicas, a moral foi sempre uma moral de classe, basilarmente assente nas condições da vida social. […] Na moral proletária integram-se as aquisições progressistas do património ético deixado pelas classes ascendentes e pelos homens esclarecidos que, ao longo dos séculos, sonharam e lutaram por um mundo de justiça social e de aperfeiçoamento humano. O que nela é essencial não são porém os elementos herdados do passado, mas os elementos novos resultantes da natureza, objectivos e missão histórica do proletariado. Ao antagonismo irreconciliável de interesses entre o proletariado e a burguesia corresponde um antagonismo moral, que evidencia o apodrecimento e agonia do capitalismo e a certeza da vitória universal da classe operária.”

O que torna iguais os políticos burgueses não é o serem pessoalmente mais ou menos corruptos, é o estarem ao serviço de um sistema assente na exploração, na opressão, na injustiça e na desigualdade. É para desfocar essa realidade que “o imperialismo procura gravar no espírito das massas uma visão pessimista e apocalíptica do mundo e arrastá-las na própria decadência”.

As citações são de Álvaro Cunhal (“A superioridade moral dos comunistas”). Superioridade que não resulta de “homens e mulheres ideais”, mas de uma causa e de objectivos de luta que não podem ser alcançados sem a total rejeição – também moral – da apodrecida sociedade capitalista.

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2139, 27.11.2014

DONOS DE PORTUGAL, A OLIGARQUIA QUE SEMPRE DOMINOU E ROUBA OS PORTUGUESES




Ver. 48 minutos de imagens e som da autoria do cineasta Jorge Costa. Abordagem à história, ao Salazarismo, aos Mellos, ao BES e outros. Quase nada passou à história. Tudo na mesma, com diferenças e nuances que mostram mais avultados roubos. A atualidade comprova-o. 

Antes eram os salazaristas os aliados daqueles donos de Portugal. Atualmente é Cavaco Silva, Passos Coelho, Paulo Portas e outros mais, os aliados dos mesmos de sempre. 48 minutos muito oportunos que recomendamos, talvez agora mais que nunca porque a repressão e empobrecimento dos portugueses é medonha. A miséria desfila em Portugal perante a indiferença de oligarcas da política miscigenados com oligarquias nacionais e estrangeiras que são donos de Portugal. (Redação PG)

Na Vimeo, o vídeo e o que pode ler:

Donos de Portugal é um documentário de Jorge Costa sobre cem anos de poder económico. O filme retrata a proteção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza.

Mello, Champalimaud, Espírito Santo – as fortunas cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança. Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade com o poder político. Novos grupos económicos – Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base.

No momento em que a crise desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português, este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até aqui.

Produzido para a RTP 2 no âmbito do Instituto de História Contemporânea, o filme tem montagem de Edgar Feldman e locução de Fernando Alves.

A estreia televisiva teve lugar na RTP2 a 25 de Abril de 2012. Desde esse momento, o documentário está disponível na íntegra em donosdeportugal.net.

Donos de Portugal é baseado no livro homónimo de Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas, editado em 2011 pela Afrontamento e com mais de 12 mil exemplares vendidos.


QUANDO O “FINANCIAL TIMES” ELOGIA A EXTREMA ESQUERDA



Nuno Ramos de Almeida – jornal i, opinião

No momento em que o PS entroniza António Costa e este reclama a maioria absoluta para um programa de pacto de estabilidade com voz doce, parte da Europa revolta-se

Um dos mais prestigiados analistas do jornal "Financial Times", Wolfgang Münchau, escreveu com todas as letras há poucos dias: "Vamos assumir que partilha o consenso do que a zona euro devia estar a fazer neste momento. E que especificamente defende que devia haver mais investimento público e reestruturação da dívida. Agora faça a seguinte pergunta: se for um cidadão de um país da zona euro, qual é o partido político que tem de apoiar para que isso aconteça? Pode ficar surpreendido, mas não tem muita escolha. Na Alemanha, o único que está próximo dessa agenda é o Die Link, os antigos comunistas; na Grécia será o Syriza; e em Espanha o Podemos, que lidera neste momento as sondagens", assim começa o artigo intitulado sintomaticamente: "A esquerda radical tem razão no que respeita à dívida na Europa."

Wolfgang Münchau avisou que em mais lado nenhum se podia ver uma agenda realista para a Europa. Os socialistas e os sociais-democratas macaqueavam algumas medidas avulso quando estavam na oposição para depois cumprirem caninamente, como Hollande, o plano contrário. Bastou assistir à cerimónia que entronizou António Costa este fim-de-semana, e à ausência de definição clara do que vai ser o programa económico, caso sejam governo, para perceber que estamos perante um discurso de Miss Universo a garantir que deseja "a paz no mundo". É bonito, mas não indicia nada de bom, pelo menos fora do desfile em fato de banho.

Num episódio da série "Yes, Minister", um assessor de comunicação aconselhava o governante: "Se vai anunciar algo que faça uma mudança real, escolha um cenário com mobiliário tradicional, um fato formal e música clássica. Se for para ficar tudo na mesma, vista uma roupa informal, use um quadro contemporâneo como fundo e troque a 'Sagração da Primavera', de Stravinsky." Neste fim-de-semana, no Congresso do PS, pudemos ouvir Maria do Céu Guerra, e várias declarações de esquerda, quando soubemos que a governação, seja qual for o partido do bloco central que for eleito, continuará a virar à direita, apesar de o PS continuar a fazer pisca-pisca à esquerda.

Só é possível cortar com o desastre em que nos encontramos rompendo com a política dos credores. Não aceitando o Pacto de Estabilidade. Exigindo uma vida democrática em que os cidadãos decidem o futuro do seu país, em vez de permitirem que ele seja imposto por uma burocracia não eleita, em prol do grande capital financeiro rentista que vive à conta dos contribuintes e da destruição dos serviços públicos.

Em quase todos os países sujeitos aos ditames da troika houve uma alteração das forças políticas. Portugal é até agora a excepção. Isso deve-se apenas a uma razão: as forças políticas que se opõem às políticas de bloco central não deviam ter como único objectivo condicioná-las, mas vencer, para traçar outro rumo. Ora isso só é possível afirmando a vontade de não aceitar as condições de impossibilidade que nos querem impor.

Como escreve Wolfgang Münchau, a tragédia da zona euro está na resignação aos partidos do centrão que vão conduzir a Europa a uma situação económica equivalente a um Inverno nuclear.

Editor-executivo - Escreve à terça-feira

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