domingo, 31 de julho de 2011

ACÉFALOS E EUNUCOS… COM CARTEIRA




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

O comércio do jornalismo é hoje, em Portugal, feito por um maior número de profissionais com carteira (profissional... mas vazia). Acresce que qualquer analfabeto pode ser “jornalista”.

José Rebelo, professor universitário que coordenou equipa do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Instituto Universitário de Lisboa e que realizou o estudo "Ser jornalista em Portugal - perfis sociológicos", considera preocupante o facto de cada vez mais estagiários estarem a ser utilizados como jornalistas profissionais.
  
Se informar é uma das prioridades dos jornalistas, não o é para os que na maioria dos casos fazem jornais, rádio ou televisão.

Hoje (salvo muito poucas excepções) não se fazem jornais, fazem-se linhas de enchimento de conteúdos de linha branca em forma de papel, rádio, televisão ou Internet. E fazem-se à medida e por medida do cliente. E o cliente não é o público. É quem paga, é quem manda.

A coisa está brava? Não, não está. Estaria se falássemos de Jornalismo. Resta, contudo, a certeza de que é mais a parra do que a uva. Desde logo porque, ao contrário do que seria de esperar, os «macacos» não estão nos galhos certos.

E quando assim acontece (e acontece muitas vezes), os produtores de conteúdos procuram apenas sobrevalorizar as ideias de poder em detrimento do poder das ideias.

A convivência entre os diferentes poderes não tem sido fácil. O suposto Estado de Direito democrático em Portugal ainda é – na melhor das hipóteses - uma criança e, como tal, há muitos vícios, deformações e preconceitos herdados ou estimulados que a muitos dá jeito conservar e sobre os quais espero que, um dia qualquer, o CIES faça também um estudo.

É claro que o «quero, posso e mando» que hoje está instituído por essas linhas de enchimento fora, apenas serve quem entende que jornalismo é uma mera forma de propaganda. Propaganda sobretudo político-económica.

Mas esta discussão, que alimento como forma de salubridade mental, é uma maneira de tapar o sol com uma peneira. Tenho a exacta noção de que os Jornalistas são comidos à grande e à francesa com a conivência activa de muitos que tendo a Carteira Profissional de Jornalista, que trabalhando nas Redacções, não passam de néscios a quem foi dado o poder de um capataz.

O problema principal reside no facto de que (basta ver as Redacções/linhas de enchimento), médicos, advogados, arquitectos, engenheiros, treinadores de futebol, amigos, filhos e amantes serem “jornalistas”.

O jornalismo que vamos tendo, qual reles bordel, aceita tudo e todos. É um pouco semelhante à política

E, de facto, aos Jornalistas falta-lhe cada vez mais autoridade moral para contestar o que quer que seja. Se todos podem ser jornalistas, porque carga de água não podem os jornalistas ser deputados, assessores de políticos, publicitários etc.?

Podem. Tal como podem, depois regressar às Redacções/linhas de enchimento para serem fiéis acéfalos dos amos a quem antes serviram.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

CHINA: SETE MORTOS EM ATAQUE A FACADAS EM XINJIANG




UOL - AFP

PEQUIM, 30 Jul 2011 (AFP) - Sete pessoas morreram e 28 ficaram feridas após ataques a facadas em uma multidão em Xinjiang, região da China onde foram registrados atos violentos em meados de julho, informou a mídia estatal neste domingo (horário local).

Um dos atacantes foi mais tarde morto na violência originada por esse ato na cidade de Kasghar e outro foi preso, informou a Tianshannet, um site operado pelo governo regional.

Em 19 de julho, 20 pessoas da minoria étnica uigur morreram na China durante o confronto com a polícia de Hotan, na região de Xinjiang (noroeste do país). Os confrontos começaram quando um grupo de uigures tentou manter policiais como reféns para tentar libertar membros das suas famílias que estavam detidos.

Atual situação de Portugal é oportunidade para investidores da China - agência de rating




SIC NOTÍCIAS - LUSA

A atual situação de crise em Portugal é uma oportunidade para os investidores chineses, que poderão ajudar à resolução dos problemas financeiros de muitas empresas nacionais, afirmou o presidente da agência de 'rating' chinesa Dagong.

Em entrevista à Agência Lusa por telefone a partir de Macau - e que  contou com a tradução da Dagong para inglês -, Guan Jianzhong observou que  o "problema de Portugal é ter acumulado muita dívida ao longo dos anos,  mas em termos do ambiente e do crescimento económicos, a situação não é  assim tão má".

Por outro lado, o dirigente de uma das quatro principais agências de  notação da China e da única que não tem a Moodys, Fitch ou Standard & Poors  como parceira de negócio, também atribui a responsabilidade pela atual situação  portuguesa às "inapropriadas notas dadas pelas agências de avaliação de  crédito internacionais". 

"A Dagong tem uma opinião diferente, pensamos que as perspetivas de  Portugal não são tão negativas no que se refere ao mercado e investimento",  acrescentou o responsável, que não prevê grandes mudanças na solvência do  país "se a situação económica se conseguir estabilizar e se não se verificar  um forte choque externo". 

Ao referir os planos do Governo de privatizar algumas empresas, Guan  Jianzhong considera que, "do ponto de vista do investimento, a atual situação  de Portugal poderá ser uma oportunidade para os investidores chineses, porque  muitas empresas estão a enfrentar dificuldades financeiras e neste momento  precisam de ajuda externa". 

A China já terá adquirido cerca de 4 mil milhões de euros em dívida  portuguesa, segundo números disponibilizados à Lusa por fontes do mercado.

Até ao momento, nenhuma empresa chinesa solicitou à Dagong análises  económicas relativas a empresas nacionais que estão na iminência de serem  privatizadas, afirmou o responsável, manifestando a expetativa de que a  sua agência possa vir a ter a "oportunidade de fornecer serviços" a Portugal.

O Banco Espírito Santo (BES) está em contactos com a Dagong para ser  avaliado por esta entidade, segundo confirmou recentemente à Lusa uma fonte  oficial do banco, que no final de 2010 suspendeu o contrato com a Fitch.

Quanto ao recente acordo europeu sobre o segundo plano de resgate à  Grécia, Jianzhong considera que "reduziu a possibilidade de contágio da  crise da dívida a outros países como Portugal, pelo menos temporariamente",  e "será benéfico para a Irlanda e Portugal uma vez que conta com a ajuda  do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e do Fundo Monetário Internacional".

Mas em relação à Grécia, a Dagong é mais cautelosa e considera que,  até 2014, este plano evitará que o país entre em incumprimento, mas "a médio  e longo prazo continua a não ser suficiente para melhorar a solvência do  Governo". 

Os líderes da Zona Euro acordaram um segundo plano de resgate da Grécia  no valor de 158 mil milhões de euros, dos quais cerca de 109 mil milhões  de empréstimos serão oriundos da Europa e do FMI e o restante, cerca de  50 mil milhões de euros, serão provenientes do setor privado credor da Grécia.

A Dagong atribui a Portugal um 'rating' de BBB+ e à Grécia de CCC.

Educação: Brasil com mais medalhas nas primeiras Olimpíadas de Matemática da Lusofonia




SIC NOTÍCIAS

Coimbra, 29 jul (Lusa) -- O Brasil conquistou quatro das 13 medalhas entregues esta noite, em Coimbra, nas primeiras Olimpíadas de Matemática da Lusofonia, que decorreram na cidade quarta e quinta-feira, disse esta noite fonte da organização.

Vinte e três alunos de seis países, com idades entre os 11 e os 18 anos, participaram no evento promovido pela Sociedade Portuguesa de Matemática e o Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, que terminou hoje com a atribuição dos prémios pelo ministro da Educação, Nuno Crato.

Angola, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, Timor-Leste e Portugal estiveram representados na primeira edição das Olimpíadas de Matemática da Lusofonia, que em 2010 se realizam no Brasil, de acordo com a organização.

Ministro considera que há muito trabalho a fazer para desenvolver ensino da matemática





O ministro da Educação, Nuno Crato, defendeu  hoje, em Coimbra, que é preciso "continuar a trabalhar" para desenvolver  o ensino da matemática, melhorando o grau de exigência dos programas escolares.

"Nós, em Portugal, passámos quase três décadas até conseguirmos uma  medalha de ouro nas olimpíadas internacionais. Portanto, há muito trabalho  a fazer. Isto faz-se com experiência, com o apoio de professores dedicados,  das sociedades de matemática e com mais horas letivas", afirmou aos jornalistas.

Falando à margem das primeiras Olimpíadas de Matemática da Lusofonia,  que decorreram quarta e quinta-feira em Coimbra, Crato considerou que é  preciso "continuar a trabalhar para desenvolver a matemática" em Portugal.

Questionado sobre se os manuais escolares são de fraca qualidade, como  considerou um dos professores do projeto Delfos (escola de matemática para  jovens), o ministro da Educação respondeu que, em primeiro lugar, é preciso  "melhorar o grau de exigência dos programas". 

Sublinhou que "os manuais escolares têm vindo a ser revistos por comissões  independentes, que têm ajudado a melhorá-los" e disse que pensa "que é preciso  prosseguir esse caminho". 

Confrontado com as preocupações da Associação Nacional de Municípios  sobre os cerca de 1500 auxiliares educativos que terminam contrato no final  deste mês, Nuno Crato disse esperar que o problema se resolva e que o Ministério  estará atento ao caso, mas serão os municípios a responder "caso a caso".

O ministro preside esta noite, no Palácio de São Marcos, à entrega dos  prémios das primeiras Olimpíadas de Matemática da Lusofonia, em que participaram  vinte e três alunos de seis países. 

À competição não compareceram alunos da Guiné-Bissau e de S. Tomé e  Príncipe, mas apenas um professor observador, tendo em vista a presença  desses países em olimpíadas futuras. 

Angola, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, Timor-Leste e Portugal estão  representados na primeira edição desta iniciativa, que para o ano se realiza  no Brasil, de acordo com a organização.  
 
*Foto em SIC NOTÍCIAS

PORTUGUÊS NA CPLP TRÊS ANOS DEPOIS




No dia  25 de Julho, fez três anos que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) aprovou, na sua VII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, que se realizou em Lisboa, uma estratégia de internacionalização do português, falado em quatro continentes, por um número estimado de 245 milhões de pessoas.

A estratégia, idealizada pelo actual presidente português, Aníbal Cavaco Silva, baseou-se num estudo, coordenado por Carlos Reis, sobre o estatuto do português no mundo, especialmente em organizações regionais e internacionais.

Na época, os oito países da CPLP comprometeram-se em contratar mais intérpretes, tradutores e leitores, bem como em fazer do português uma língua oficial ou de trabalho nas organizações internacionais.

Para financiar a iniciativa, os Estados-membros da CPLP sugeriram uma articulação entre Angola, Brasil e Portugal. Mas, com a recessão global, vieram também as dificuldades. Na maior organização internacional do mundo, as Nações Unidas, o português é oficial em poucas agências.

De 2008 para cá, por causas variadas, a estratégia de aumentar a presença do português no mundo deu passos tímidos. Em apenas dois anos, transformou-se a meta de fazer do português língua oficial ou de trabalho para “língua de documentação”, uma espécie de “terceira via”, selada no Plano de Acção de Brasília, de 2010.

O Acordo Ortográfico, o carro-chefe da internacionalização, entrou em vigor no Brasil em 2009, mas, até agora, engatinha na maioria dos Estados da CPLP.

A falta de intérpretes, em encontros de alto nível da ONU e de outras organizações, faz com que muitos altos representantes dos países lusófonos discursem em outras línguas que não o português. Na União Europeia, apesar de ser língua oficial, o português está entre as línguas menos usadas. E aí surge a pergunta: o que foi feito da estratégia de 2008 para afirmar o português no mundo?

A política da língua é uma política de Estados, mas apenas pode ser catapultada com a ajuda dos seus falantes, de forma organizada. Por que não lançar mão deste elemento?

Já no estudo de 2008, Carlos Reis alertou para que a iniciativa poderia render frutos em 10 anos, se fosse bem executada. Se tomarmos por base os escassos resultados dos últimos três anos, o sucesso da estratégia pode estar seriamente em causa.

Cabe à CPLP liderar e conferir os passos a dar, mas esta apenas será eficiente se houver vontade política. A CPLP, sob a liderança dinâmica do seu Secretário Executivo, Domingos Simões Pereira, vive hoje um momento ímpar com o apoio especializado do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), que passa por uma reforma dirigida pelo professor Gilvan Mueller de Oliveira, considerado uma das maiores autoridades brasileiras em Política da Língua. Hoje, muitos países, de vários continentes, querem pertencer à CPLP.

A Guiné Equatorial até já fez do português língua oficial. No início deste ano, a Austrália informou a CPLP que o seu embaixador em Lisboa iria observar o trabalho do grupo. Em suma: a CPLP é hoje relevante à escala global, mas precisa de se afirmar como uma comunidade político-económica.

Para acelerar a internacionalização da nossa língua comum, na feliz expressão de António Houaiss, precisamos de metas eficientes e de um compromisso de verificação conjunta. Os interesses nacionais têm de ser contrabalançados com a compreensão do que é hoje o mundo. Não faz sentido, por exemplo, que institutos nacionais de promoção do idioma tenham como missão divulgar apenas a sua variante da língua, quando o português pertence a todos.

O Instituto Cervantes, da Espanha, tem na sua missão “a promoção e o ensino do espanhol e a difusão da cultura espanhola e hispanoamericana”.

O valor económico da língua está aí para ser explorado. Produtos “Made in Portuguese” fortalecem o comércio dos países lusófonos, mas exigem um adequado tratamento jurídico. O aumento dos negócios internacionais em países emergentes como Brasil e Angola também eleva o interesse pela língua, o que, por si só, pode gerar muitos dividendos.

Como diz o ex-presidente português Jorge Sampaio, é hora de acabar com o “abismo entre retórica e acção”, que impede a criação de uma rede mundial em língua portuguesa, sem a qual não há internacionalização.

Não podemos esperar mais uns pelos outros, que o Brasil se torne membro do Conselho de Segurança da ONU, que os países com mais orçamento ou habitantes façam mais pela promoção da língua. Esta tarefa deve ser executada em uníssono, porque é vantajosa para todos.

São precisos mais leitores nas Universidades, mais intérpretes e pessoal de comunicação nas organizações internacionais, maior presença do português na internet e nos média, livre circulação no espaço comum, aumento da produção científica (evitando a duplicação) e definição do respectivo vocabulário, mais português falado nas organizações internacionais, interação com as diásporas lusófonas, criação de uma Universidade Internacional de Língua Portuguesa etc.

Por fim, sugerimos ainda a criação de um Instituto de Língua Portuguesa multilateral para ensinar o português como língua estrangeira, gerido pelo IILP e pela CPLP, com filiais nos vários países, bem como intercâmbios de professores e estudantes de todos os países lusófonos.

Com isso, a língua tornar-se-á de todos e verdadeiramente internacional.
*As opiniões emitidas neste artigo são de inteira responsabilidade da autora e não refletem a posição das Nações Unidas.

João Relvão Caetano, 41, é Professor da Universidade Aberta e doutor em Ciência Política (relvaocaetano@gmail.com).

Mônica Villela Grayley, 42, é doutoranda em Ciências Políticas e mestre em Linguística e Ciências Políticas (monicavillela@hotmail.com).

fonte:  João Caetano e Mônica Villela Grayley*. RTC - RadioTelevisão Caboverdiana

Comissão Eleitoral ameaça suspender tempos de antena que incitem "ao ódio e violência"




EL – MYB – LUSA

São Tomé, 31 jul (Lusa) -- A Comissão Eleitoral Nacional (CEN) de São Tomé e Príncipe ameaçou hoje suspender os tempos de antena que incitam ao "ódio e violência", no quadro da campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais de 07 de agosto.

A campanha eleitoral começou na passada quinta-feira, e nos tempos de antena que a candidatura de Evaristo Carvalho tem apresentado, Manuel Pinto da Costa é classificado como "ditador" e "assassino", colando-o ao regime de partido único, que vigorou entre 1975 e 1990, período durante o qual Pinto da Costa foi Presidente da República.

Sem identificar expressamente qual a candidatura a que se refere, a CEN exorta as candidaturas de Manuel Pinto da Costa e de Evaristo Carvalho a absterem-se de usar "linguagem que incite ao ódio e violência".

"Os ataques pessoais ou institucionais não só não dignificam os seus autores, como mancham a reputação e a imagem da nossa democracia", lê-se ainda no comunicado da CEN.

No comunicado, a CEN avisa que a continuação daquele tipo de linguagem, por desrespeitar a Lei Eleitoral e o Código de Conduta adotado na pré-campanha por todas as candidaturas, poderá conduzir "à suspensão do direito de antena".

Hoje, à margem da ação de campanha que manteve na periferia norte da capital, em declarações à Lusa, Manuel Pinto da Costa criticou os "ataques pessoais" de que é alvo pela candidatura de Evaristo Carvalho e classificou-os como "inaceitáveis".

"Até agora não tem havido incidentes, em termos de confrontação física, mas tem havido comportamentos inaceitáveis por parte da outra candidatura, sobretudo no período de tempo de antena, com ataques pessoais", disse.

Manuel Pinto da Costa salientou que nem ele ou a sua candidatura vão responder aos ataques.

Em Santana, no distrito de Cantagalo, sul da capital, também em declarações à Lusa, Evaristo Carvalho negou que a sua candidatura esteja a desferir ataques pessoais contra quem quer que seja.

"Até agora nós temos pugnado por uma campanha de não ataque pessoal. Temos debatido ideias e não irei fazer ataques pessoais, até porque a minha maneira de ser nunca foi assim", vincou.

Com estas declarações, ou Evaristo Carvalho não vê os tempos de antena da sua candidatura ou então está a criticar esses mesmos tempos de antena.

Na primeira volta das eleições presidenciais, realizada no passado dia 17, Manuel Pinto da Costa foi o mais votado, com 35,58 por cento, enquanto Evaristo Carvalho alcançou 21,74 por cento.

Pinto da Costa apresenta-se como independente e Evaristo Carvalho, preside ao parlamento, recebeu o apoio do partido Ação Democrática Independente, minoritário no parlamento e liderado pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada.

No passado dia 21, em declarações à Lusa, Patrice Trovoada avisou que "a segunda volta ia ser dura".

São Tomé e Príncipe: DEPOIS DA FEITIÇARIA, NORMALIDADE VOLTA À ESCOLA EM GUADALUPE




Eduardo Lobão, da Agência Lusa

Guadalupe, São Tomé e Príncipe, 31 jul (Lusa) -- Oito meses depois, os efeitos do alegado caso de feitiçaria na Escola Básica de Guadalupe, em São Tomé e Príncipe, já passaram quase totalmente e, como sintetizou o diretor daquele estabelecimento de ensino, vive-se "outra realidade".

"A direção do Ministério (da Educação) tomou uma decisão e pusemos na prática aquilo que ela nos orientou e nós temos, a melhor dizer, uma outra realidade", disse à Lusa José Fernandes Guê, agora a braços com a organização do ano letivo, que se inicia em setembro para os cerca de mil alunos.

Em novembro de 2010, primeiro no segundo período de aulas, à tarde, e que depois alastrou ao da manhã, entre 10 a 12 crianças, todas do sexo feminino, dos 12 aos 16 anos, entravam em transe e daí a falar-se em feitiçaria demorou o mesmo tempo que um fósforo a arder.

Guadalupe, a cidade mais importante do distrito de Lobata, apenas a 12 quilómetros da capital são-tomense, embora esmagadoramente católica, vive com intensidade as práticas tradicionais com o receio do sobrenatural, o que condiciona o dia a dia, marcado pelo ritmo da ruralidade.

O fenómeno, como lhe chamaram nunca foi explicado, mas teve dois efeitos: a substituição do antigo diretor da escola, Jorge Mascarenhas, e a morte do feiticeiro contratado pelos pais das crianças para esconjurar os espíritos.

Acidente de trabalho, disseram alguns. Imprudência é o que foi: morreu eletrocutado quando subiu a um poste de alta tensão para, disse antes de subir, contactar melhor com os espíritos.

José Guê, que substituiu Jorge Mascarenhas, veio com instruções claras do Ministério da Educação.

"Nós fomos orientados antecipadamente pelo Ministério, que nos pediu coragem para encarar aquilo com carácter científico. Ver a ciência acima de tudo", explicou.

As instruções passaram ainda por envolver a comunidade na escola. "As orientações que o Ministério nos deu era fazer envolver a massa popular, a família, a escola e isso valeu bastante. Há outra realidade. Fizemos as festas do 01 de junho (Dia da Criança), do 25 de maio (Dia de África), os pais vieram cá, envolveram-se na festa e acreditaram que a escola voltou ao seu ritmo normal, àquilo para o qual ela foi criada: para ensinar", acrescentou.

Adilson Pontes, professor há oito anos da escola, diz que o que se passou deixou as pessoas "muito assustadas".

"As coisas normalizaram um pouco. O Ministério orientou, pediu que essas crianças tivessem o acompanhamento de psicólogos", afirmou.

Todavia, acentuou Adilson Pontes, "mas há esta ou aquela criança que mesmo em casa ainda continuava com essa reação".

As crianças, que no final já eram cerca de 20 a ficar em transe, ficaram todo o segundo período de aulas em casa e, entretanto, fizeram exames e todas tiveram aproveitamento.

Da história restam hoje, no meio do pátio interior da escola, apenas sinais do "jembi" (cerimónia tradicional de esconjura de espíritos), com restos da fogueira ateada.

Na memória de todos está ainda a imagem do bruxo, conhecido como "Pétche-Pétche", esturricado quando tentou subir a poste de alta tensão.

E do bolso de todos, faltam os 15 milhões de dobras (cerca de 600 euros) que "Pétche-Pétche" cobrou pelo serviço e que agora ninguém sabe onde param.

PM pode estar a descurar interesses do Estado com envolvimento na campanha, diz Aristides




Fernando Peixeiro (Texto) e João Relvas (Fotos), da Agência Lusa

Cidade da Praia, 31 jul (Lusa) -- Aristides Lima, candidato a Presidente de Cabo Verde, considera que o primeiro-ministro pode estar a descurar os interesses do Estado ao envolver-se demasiado na campanha eleitoral, mas garante uma "boa dupla" com o Governo caso seja eleito.

"É um facto curioso" o de o primeiro-ministro, e todo o governo, estarem a "envolver-se muito nas campanhas". "Um facto curioso para quem sabe que deve depois conviver com qualquer Presidente da República que seja escolhido pelo povo", diz o candidato.

Aristides Lima, antigo líder do PAICV (no poder) e presidente da Assembleia Nacional até março passado, candidatou-se a Presidente da República contra a vontade do partido, que escolheu apoiar Manuel Inocêncio Sousa. Desde então tem estado sob críticas do Governo liderado por José Maria Neves mas garante que se alguém fraturou o partido não foi a sua candidatura.

Em entrevista à Agência Lusa, num discurso de Presidente (as sondagens dão-lhe a vitória), é cauteloso nas respostas mas não evita algumas críticas, ainda que veladas.

"Penso que poderia haver uma outra opção, de acautelamento dos interesses do Estado de uma forma mais forte", diz, garantindo que se candidata a Presidente para servir o povo e não para "criar dificuldades ao Governo ou ao primeiro-ministro", que tem não só o direito como o dever de governar, porque foi escolhido há pouco tempo pelo povo (em fevereiro passado).

"O Governo deve ter todas as condições para, com naturalidade, exercer as suas funções e realizar o programa a que se comprometeu. É assim em democracia e eu irei sempre defender esta posição. Obviamente se houver uma situação de crise no país, em que uma maioria não possa governar, o Presidente da República terá de tomar medidas que se revelarem necessárias", avisa.

As medidas, aclara, podem passar por convocar novas eleições. "Mas isso é só quando houver necessidade, se houver necessidade", porque de outro modo irá sempre colaborar com o Governo.

Apesar de agora José Maria Neves apostar fortemente em Manuel Inocêncio Sousa, e de uma eventual vitória de Aristides Lima provocar estragos no PAICV e até a eventual demissão de Neves da presidência do partido, o candidato garante que não tem "nenhum problema em colaborar com o primeiro-ministro", com quem já trabalhou. "Acho até que faremos uma boa dupla", podemos "fazer coisas muito bonitas para o povo destas ilhas".

Foi para isso que se candidatou este homem de 55 anos, licenciado em jornalismo e em direito. Por amor ao país, pela experiência e pelos conhecimentos que tem, pela vontade de ajudar Cabo Verde, para influenciar o Governo no sentido de mais políticas sociais, na educação, saúde, habitação e emprego.

Depois é o candidato mais jovem, "provavelmente o que mais pode garantir estabilidade", com "forte sentido institucional", que não se irá envolver "nem em querelas entre partidos nem querelas dentro do partido" do qual foi líder.

É que, justifica, Inocêncio Sousa diz que quer dar uma vitória ao PAICV e o MpD (oposição) diz que a vitória de Jorge Carlos Fonseca é "crucial".

Do seu lado, garante, tem 44 por cento dos que votaram PAICV em fevereiro. "As vicissitudes de campanha" não interessam, nem as referências aos "intriguistas" que mataram Amílcar Cabral, feitas por José Maria Neves e que marcaram a primeira semana de campanha.

O atual Presidente (Pedro Pires) está acima de "qualquer suspeita" nessa matéria. E ele, Aristides Lima, quer é unir o país, sem "discursos incendiários".

EUROPA E PAÍSES EMERGENTES DEVIAM COMBATER AGÊNCIAS DE RATING DOS EUA




Público – Lusa

Entrevista com o presidente da agência chinesa Dagong

A Europa devia aliar forças com as agências de ‘rating’ das economias emergentes para combater a influência das três grandes que servem os interesses dos EUA e que deveriam ser punidas, considera o presidente da agência chinesa Dagong.

“As três principais agências de ‘rating’ – Moody´s, Fitch e Standard & Poor´s – têm monopolizado o mercado internacional, são muito influenciadas pelos políticos americanos e usadas como instrumento para proteger os interesses dos EUA e do seu Governo”, afirmou o presidente da agência chinesa Dagong, Guan Jianzhong, em entrevista à Agência Lusa.

E salientou que aquelas agências “usam factores ideológicos, subjectivos e a estratégia americana para medirem os riscos noutros países, o que não está certo”, sublinhando ainda que “cometeram erros muito graves, ajudando a criar esta crise”. “É um desastre financeiro sem precedentes na história e deveriam ter sido severamente punidas, mas ainda monopolizam o mercado”, observou.

O direito de emissão de moeda “é um critério absurdo” para se obter a nota AAA, considera Jianzhong, realçando que “isso significa que os EUA são o único país que pode beneficiar disso”. “Imprimir um montante excessivo de dólares é no fundo transferir a sua dívida, desvalorizando-se o dólar. É como pilhar propriedade de outros credores”, acrescentou.

Jianzhong diz também que deve ser feita uma reflexão sobre o “porquê de o mundo ainda usar a informação daquelas agências e de estas liderarem o sector”, sugerindo como justificação o facto de o “Governo americano as apoiar e as pessoas não terem ainda aprendido as lições desta crise”. E defende a criação de um “novo sistema de rating, descartando-se o actual e estabelecendo-se novas agências que baseiem as suas análises em critérios uniformes”.

Agência tenta obter acreditação na Europa

Ao realçar que, da “perspectiva da relação credor-devedor, o rating deverá ser fornecido pelos credores aos devedores”, o responsável observa que “a União Europeia é, de modo geral, uma economia devedora e se os devedores oferecem rating isso levanta questões sobre se poderá ser reconhecido pelos credores e pela comunidade internacional”.

Por isso, a “solução é introduzir (no mercado europeu) uma agência dos países emergentes ou a União Europeia unir-se às agências dessas economias, como a Dagong, para juntos pressionarem a criação de uma nova agência”, apontou.

O responsável avançou ainda à Lusa que a Dagong “está a tentar conseguir a acreditação das autoridades para entrar no mercado europeu”, tendo já reunido “com alguns líderes” da zona euro, que “reagiram positivamente” a esta possibilidade.

Jianzhong garante que os ratings da Dagong – que opera desde 1994 e foi a primeira agência não ocidental a divulgar, em Julho de 2010, um relatório global sobre risco da dívida soberana – “são totalmente independentes do Governo chinês”, salientando que os “investidores e o mercado podem ter a certeza disto”.

“Os nossos accionistas são duas empresas privadas, não têm nenhum negócio associado a este, o Governo não tem nem um cêntimo de acções e a nossa gestão não está envolvida em qualquer investimento em valores mobiliários e títulos, apenas na Dagong”, sediada em Pequim e que conta com mais de 500 funcionários, sustentou.

As restantes três principais agências de rating chinesas têm a Fitch (de base americana e capital francês), a Moody´s e Standard & Poor’s (americanas) como parceiras de negócio, mas Guan Jianzhong afasta a possibilidade de entrada de capital estrangeiro: “Se precisarmos de mais investidores, vamos tentar encontrá-los no mercado doméstico”, disse

Demissão de Júlio Pereira dos serviços secretos acelera processo de fusão do SIED e do SIS




MARIA JOSÉ OLIVEIRA – PÚBLICO

Proposta de lei pode ter aprovação do PS

O Executivo prepara-se para apresentar uma proposta de lei sobre a fusão do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e do Serviço de Informações de Segurança (SIS), resgatando assim uma ideia já defendida pelo PSD há cerca de seis anos e cumprindo um dos objectivos previstos no programa do Governo.

A criação de um serviço único, com direcções separadas para as vertentes externa e interna, mas com serviços técnicos e de apoios conjuntos, tinha já suscitado um debate em 2004, mas o PSD não obteve a aprovação do PS. Agora, porém, a maioria parlamentar não terá dificuldades em fazer passar o diploma, que já estará pronto. E poderá mesmo contar com os votos favoráveis dos socialistas.

Um dos defensores da proposta é Júlio Pereira, cuja demissão do cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), foi ontem noticiada pelo Expresso. A saída de Pereira não apanhou de surpresa os serviços secretos, que conheciam a sua vontade de abandonar as funções há algum tempo. Há cerca de duas semanas, num encontro com Passos Coelho, Pereira colocou o seu cargo à disposição e o primeiro-ministro aceitou. Em breve, Passos nomeará um secretário-geral da sua confiança política e o processo de fusão do SIED e do SIS poderá ser acelerado.

Jorge Silva Carvalho, ex-director do SIED, era um dos nomes mais fortes para suceder a Pereira. Até porque terá colaborado na redacção do programa do Governo precisamente na área da segurança. Resta saber se, para o Governo, ainda mantém esse estatuto, já que as notícias sobre a alegada fuga de informações para a Ongoing, quando ainda era responsável pelas “secretas”, poderão comprometer a intenção. Silva Carvalho foi, aliás, chefe de gabinete de Pereira, antes de chegar ao topo do SIED. Mas quando saiu das “secretas”, em Novembro de 2010, estava em ruptura com Pereira e com José Sócrates.

Apoio confidencial

Apesar de o seu processo de exoneração estar em curso, Pereira deverá entregar esta semana a Passos os resultados do inquérito que o Governo pediu para averiguar se existiram ou não fugas de informação. Embora fonte do gabinete de Passos ter afirmado ao PÚBLICO que não iria comentar situações que aconteceram em 2010, o primeiro-ministro pediu anteontem a Pereira um “esclarecimento” sobre se Sócrates teria ou não autorizado o SIED a passar dados à Ongoing, tal como o PÚBLICO noticiou. Ontem, numa nota enviada aos media, podia ler-se que “nem da parte do [ex-]primeiro-ministro, nem do secretário-geral do SIRP, houve quaisquer ordens ou orientações no sentido referido pela notícia em causa”. O PÚBLICO perguntou a dois assessores de Passos, por email, por que é que foi pedido aquele “esclarecimento” quando não é ilícita a transmissão de dados a empresas, embora exija a devida confidencialidade. Não houve resposta.

Ao PÚBLICO, Jorge Bacelar Gouveia, ex-deputado do PSD, constitucionalista e ex-presidente do Conselho de Fiscalização do SIRP, explicou que a colaboração dos serviços com empresas, públicas e privadas, não é conhecida porque deve manter-se sob sigilo. “As secretas trabalham também na defesa dos interesses económicos e estratégicos, uma vez que isso pode significar a afirmação de Portugal no mundo”, afirma. Embora a lei seja omissa sobre a colaboração, “não se trata de algo ilegal”. “Não pode é ser publicitada. Deve ser feito com discrição e confidencialidade”, realça.

O programa de apoio a empresas, sabe o PÚBLICO, inclui colaborações com grupos que estão no mercado internacional ou que operam em áreas onde existem confl itos, existindo ainda a possibilidade de os serviços realizarem análises estratégicas de vários mercados mundiais. A transmissão de dados para o lote de grupos empresariais que possuem uma importância estratégica para o Estado é feita em encontros realizados nos serviços secretos. As reuniões exigem relatórios que são posteriormente entregues ao secretário-geral do SIRP, que, por sua vez, comunica os dados ao chefe do Governo.

*Foto em Público

Portugal: AS MATRIZES DA CUMPLICIDADE




BAPTISTA BASTOS – DIÁRIO DE NOTÍCIAS, opinião

Portugal está num quarto escuro, cercado por todos os medos. Diariamente, a surpresa toca no batente. Aumentos de tudo, desemprego cavalgante, empresas encerradas, perspectivas nulas. O ministro Vítor Gaspar, que me parece uma pessoa séria, independentemente do seu extravagante sentido de humor, avisa-nos de que o futuro será cada vez mais pesado e trágico. As pessoas queixam-se, amargamente, nos jornais, nas rádios e nas televisões do insuportável da vida. A emigração cresce, a esperança mingua. A perfeição da democracia é proporcional à sua liberdade, que é proporcional à sua extensão.

Ante a tragédia na Noruega, o primeiro-ministro daquele país afirmou que vai melhorar, cada vez mais, as instituições democráticas e aumentar o conceito de sociedade aberta. Aquele político entende (e bem) que um povo formado na liberdade sabe evitar o medo e o egoísmo que restringem a sua acção e o seu comportamento.

Exactamente o contrário do que sucede em Portugal. As indicações governamentais, de que vamos tomando conta, impõem uma definição de democracia restritiva, com leis do trabalho retrógradas, alterações à Constituição extremamente redutoras, penalizações sociais cada vez mais graves. A diferença entre um socialista e um ultraliberal consiste na forma de entender a liberdade como um todo, ou na ausência desse todo.

Afinal, Pedro Passos Coelho imita, com ligeiras modificações de estilo, o que condenava a José Sócrates. Diz uma coisa e faz outra, persegue quem o contraria, cria a legalidade racional com os despautérios políticos mais imprevistos. Acontece um porém: ele advertiu-nos do que ia fazer. Como os portugueses estavam fartos do "socialismo moderno", apressaram-se a votar na mudança, sem atentar muito bem no que os esperava. A concepção de poder de Passos Coelho não possui nada de original: limita-se a resumir tudo o que seja Estado, ligado à repressão directa e indirecta do social, através de leis iníquas, mas validadas pela "maioria."

O poder de que Passos Coelho está a conquistar conduz às aberrações mais fatídicas, porque imprime a sua marca nos corpos e nos espíritos: controla-os, disciplina-os e normaliza-os. O aparelho político com o qual se apoia, justifica todos os absurdos. Não tenhamos dúvidas: o que se propõe é uma vigilância total sobre todas as nossas acções, mas uma vigilância sem ser vista.

As análises consagradas a este poder, que se produzem na Europa (estou a lembrar-me de Alain Badiou, por exemplo), e cujos ecos nem sequer chegam ao nosso país, revelam a extensão preocupante do problema. Enquanto aqui e ali, como na Noruega, o aprofundamento democrático não renunciou a desenvolver-se, a democracia de superfície ganha terreno e adeptos numa dimensão significativa.

O silêncio e a indiferença constituem matrizes da cumplicidade.

Portugal: SÓ SALAZAR CORTOU COMO O GOVERNO QUER CORTAR





A dimensão da redução na despesa prometida pelo ministro das Finanças só é comparável ao ano de 1950

O Governo comprometeu-se a cortar 10% da despesa primária do Estado em 2012. É o maior corte de sempre nessa rubrica, pelo menos desde que o Banco de Portugal disponibiliza dados. Só António Oliveira Salazar se aproxima dessa redução, com um corte de 5,81% da despesa primária, em 1950.

A despesa primária consiste na despesa total, depois de subtraídos os encargos com juros. Entre 1947 e 1995, só em 1950 é que se registou uma queda. Ainda assim, a redução de 5,81% fica muito aquém daquilo que o ministro das Finanças prometeu fazer para o ano.

Leia mais pormenores no e-paper do DN.

Portugal: O SILÊNCIO DOS MAIS AFORTUNADOS





Em todos os processos de ajustamento económico e financeiro, é a massa dos trabalhadores - sobretudo os por conta de outrem - quem mais paga os seus custos. Não pode deixar de ser assim, devido à implacável lei dos grandes números.

Se o que se pretende é travar o consumo das famílias, que representa 67% do produto interno bruto (PIB) do País, isso significa aperto do cinto em rendimento disponível ou em poder de compra real para a grande maioria dos portugueses, constituída pelos pobres e os remediados. E, mesmo quando estes não são tocados por medidas extraordinárias, como a sobretaxa do IRS, acabam por ver cerceado o seu nível de vida com subidas muito altas dos preços de bens essenciais, como os dos passes sociais dos transportes públicos, dos medicamentos, da electricidade ou da água.

O reforço da poupança é desejável e necessário, pelo que é aconselhável actuar com prudência quanto à taxação das poupanças que, aliás, envolvem, em menor ou maior grau, boa parte da população. Mas é difícil de perceber para muitos portugueses que os rendimentos correntes provenientes dos lucros distribuídos pelas empresas não participem equitativamente no esforço de ajustamento, que se proclama nacional.

A revista Exame actualiza hoje o valor das 25 maiores fortunas do País. Em conjunto, elas montam a 17 400 milhões de euros (equivalentes a 10,1% do PIB) e cresceram, entre 2010 e 2011, 17,8%, ou seja, 2630 milhões de euros - o equivalente ao rendimento médio de 210 mil portugueses. É certo que o grosso desta valorização provém das cotações dos seus patrimónios empresariais. Mas note-se que só o contributo de 3,5% deste acréscimo de 25 fortunas renderia 92 milhões de euros ao Estado. O Governo, porém, exige-lhes zero e não se ouve uma só voz entre os 25 portugueses mais afortunados a exortar os seus pares a contribuir patrioticamente para o esforçadíssimo programa nacional de estabilização.

Nos tempos da Administração liderada por George W. Bush, deu brado o célebre manifesto de um conjunto de bilionários americanos (incluindo Warren Buffett e Bill Gates, os dois mais ricos do país) recusando a prorrogação de isenções fiscais em seu próprio benefício, numa situação difícil das contas dos Estados Unidos, a braços com duas guerras em curso no estrangeiro. Entre os nossos muitíssimo ricos, a importância de um sinal dado ao País, de que a solidariedade nacional devia tocar, de facto, a todos, ainda está por acontecer.

Heroísmo humanitário

Dez toneladas de alimentos é já por si um número que pesa, mas que se torna impressionante quando se descobre ser sinónimo de alimentos durante um mês para 3500 crianças subnutridas. Foi essa a quantidade de comida que um avião do Programa Alimentar Mundial descarregou ontem em Mogadíscio, capital dessa Somália que concentra a maior parte dos 12 milhões de pessoas em risco de morrer de fome no Corno de África.

Mas se 3500 crianças podem assim ter esperança de sobreviver à seca que assola a região semidesértica, muitas outras continuam ameaçadas. Por isso a importância de novas entregas, com as agências humanitárias da ONU e as ONG a preverem colocar mais cem toneladas de alimentos especiais para crianças subnutridas nos próximos dias.

É uma missão complexa, tanto mais que na Somália há duas décadas que não existe um verdadeiro Governo a gerir o território. Quem controla agora a zona mais afectada são as milícias islâmicas Al-Shabab, que só perante a morte iminente de milhões de pessoas aceitaram a ajuda. Mesmo assim, um dos seus porta-vozes afirma que a fome é uma invenção dos ocidentais para enfraquecer o islão. O que torna ainda mais heróico este esforço de apoio às populações, tanto por parte dos funcionários da ONU como dos voluntários das ONG.

Portugal: PREÇO DOS TRANSPORTES SOBE A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA




TSF - Hoje às 10:49

O preço dos bilhetes e dos passes sociais vão aumentar a partir de segunda-feira, com vários títulos de empresas públicas, como o passe mensal urbano do Metro de Lisboa, a registar uma subida superior a 20 por cento.

A mudança nos tarifários ocorre depois de o Governo fixar em 15 por cento o aumento médio nos preços praticados para os títulos dos transportes rodoviários urbanos de Lisboa e Porto, para os transportes ferroviários até 50 quilómetros e para os transportes fluviais.

O Governo fixou em 2,7 por cento a percentagem máxima de aumento médio nos preços dos títulos de transportes colectivos rodoviários interurbanos de passageiros até 50 quilómetros.

Segundo a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários Pesados de Passageiros, a maioria das empresas privadas deste tipo de serviço vai aplicar um aumento médio de 2,7 por cento.

O presidente, Luís Cabaço Martins, diz que a subida «corresponde à aplicação da fórmula de actualização automática de tarifas que existe há seis anos» e ao «impacto do preço dos combustíveis no primeiro semestre» e lembrou que alguns operadores privados têm passes dentro das áreas metropolitanas, abrangidas pelo aumento médio máximo de 15 por cento.

Entre as empresas públicas, a CP - Comboios de Portugal vai, por exemplo, aumentar em mais de 25 por cento o preço do passe mais simples (zona 1) para os comboios da Linha de Sintra, que passa de 22,75 para 28,5 euros. A segunda maior subida (21,43 por cento) dá-se com o bilhete zona 2 da mesma linha, que fica a custar 37,40 euros.

O passe da Soflusa Barreiro-Terreiro do Paço sobe 4,55 euros, para 32,65 euros e o bilhete simples da mesma ligação aumenta 13,5 por cento, enquanto o passe da Transtejo Cacilhas-Cais do Sodré sobe 2,45 euros, ficando em 18,80 euros, e o bilhete simples custa, neste caso, mais 10,5 por cento.

O Metro de Lisboa aumenta o passe mensal urbano de 19,55 para 23,90 euros e o passe mensal rede para 32 euros (mais 11 por cento). O bilhete simples de uma zona sobe de 0,90 para 1,05 euros.

A assinatura mensal do Andante, que integra o Metro do Porto, STCP e CP, aumenta em média 15,3 por cento em Z2, Z3 e Z4, as zonas mais vendidas. As assinaturas mensais dos estudantes são encarecidas em 4,25 euros no título Z4, enquanto as da terceira idade crescem em média 12,29 por cento nas zonas mais vendidas.

O título ocasional mais vendido da STCP, o T1 de 10 viagens, é o que sofre maior aumento (20 por cento) no tarifário da empresa, subindo de 7,50 para nove euros.

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*Foto em Lusa

Portugal - Religião: MINI-SAIA DEIXA POVO SEM MISSA




Tiago Pereira – Correio da Manhã

Seia: Povo acusa sacerdote de ter voltado ao tempo da inquisição

Padre recusa celebrar eucaristia por o cartaz das festas incluir a actuação de bailarinas.

A população de Balocas, em Seia, está indignada com a atitude do pároco da aldeia, que no domingo recusou celebrar a habitual missa nas Festas da Nossa Senhora do Carmo, apenas porque o cartaz de festividades inclui a actuação de bailarinas de mini-saia.
Oito dias antes do arranque das festas, o padre José Martinho chamou os mordomos, porque queria ver o programa o mais rapidamente possível.

"Quando lhe mostrámos o cartaz, disse que era uma vergonha, só lhe apetecia escarrar-lhe em cima", contou ontem ao CM uma das mordomas, que pediu anonimato. "Isto é que são as bailarinas?", terá questionado o padre, "eu chamo-lhes outra coisa". "Se querem que eu lá vá têm de suspender os conjuntos e não autorizo outro padre a participar nas cerimónias religiosas". "Voltámos ao tempo da inquisição", diz João Sousa, morador em Balocas.

Apesar de tudo, há quem garanta que as intenções do padre eram outras. "O que ele queria é que o dinheiro fosse para ele em vez de o darmos ao conjunto", disse outra moradora, revoltada.

As festas continuaram, mas sem a missa. O CM tentou ontem falar com o padre Martinho, sem sucesso: o pároco está em França e com o telemóvel desligado.


Religião: OS CINCO "PASTORES" MAIS RICOS DO MUNDO ESTÃO NA ÁFRICA...





Residem na África, um continente de contrastes, onde a pobreza é muito grande. Segundo a revista Forbes, a Nigéria não é apenas a residência dos 5 mais ricos pastores no mundo, mas lá é onde tem algumas das maiores igrejas do mundo.Fala-se muito do evangelho da prosperidade e alguns pregadores usam isso para acumular riquezas. É natural pensarmos que é na América onde estão os mais ricos pastores do mundo, mas isso não é verdade. Depois da pesquisa feita pela revista Forbes a constatação foi esta, no país onde a pobreza é evidente.

Bishop David Oyedepo das Condições de Vida Fé World Outreach Ministério, também conhecida como Capela Winners tem um patrimônio líquido de 150 milhões de dólares EUA. David é o mais rico pregador da Nigéria. Desde que fundou a fé viva World Outreach Ministério em 1981, ela cresceu e se tornou uma das maiores congregações da África.

Chris Oyakhilome dos crentes da igreja “ou Embaixada Cristo Chris Oyakhilome dos crentes da igreja “ou Embaixada Cristo. Ministérios LoveWorld é um valor estimado entre 30 e 50 milhões de dolares. No ano passado, o carismático pregador era o centro de um caso de lavagem de 35 milhões dólares de dinheiro em que ele foi acusado de desvio de fundos da sua igreja a bancos estrangeiros.

Temitope Josué da Igreja Sinagoga das Nações (Church Of All Nations (SCOAN), que estima-se acumulou uma fortuna de 150 milhões de dólares dos EUA. Pastor mais controversos da Nigéria é também um dos mais ricos e que tem mais instituições filantrópicas. TB Joshua chefes da Igreja Sinagoga de todas as nações (SCOAN), uma congregação fundada por ele em 1987, que acomoda mais de 15.000 membros aos domingos.

Matthew Ashimolowo cuja igreja é a Kingsway International Christian Centre (KICC). Ashimolowo: Estima-se que o património seja de 10 milhões dólares. Em 1992, a Igreja do Evangelho Quadrangular, uma igreja da Nigéria, queria enviar Ashimolowo para abrir uma sucursal em Londres, via satélite. Mas o pastor Matthew tinha outras ideias e decidiu criar sua própria igreja em seu lugar. Hoje, sua Kingsway International Christian Center é supostamente a maior igreja Pentecostal no Reino Unido.

Chris Okotie da Igreja Casa de Deus, cuja propriedade está avaliada em aproximadamente US $ 10 milhões. Pastor Okotie fazia sucesso primeiro como músico pop nos anos 80. Ele descobriu a Palavra, abraçou a bíblia e fundou a Igreja Casa de Deus , uma das congregações mais extravagante da Nigéria com aproximadamente 5.ooo membros.

Fonte: Forbes  - tradução: Google –  post inforgospel.com.br

OBAMA E A GRANDE CHANTAGEM DA DÍVIDA




ALEJANDRO NADAL, Cidade do México – OPERA MUNDI

A coerção é a arma política preferida em Washington. Frente à necessidade legal de elevar o teto do endividamento do governo federal, o Partido Republicano e todas as forças da direita conservadora têm ameaçado o chefe do Executivo: ou se encara realmente o problema do déficit com fortes cortes no gasto público, ou será negada a autorização para elevar o teto de endividamento.

A direita nos Estados Unidos já conseguiu entronizar como verdade absoluta a ideia falaciosa de que a maioria da população quer apertar o cinto dos gastos excessivos de um governo gastador. Obama contribuiu para esse triunfo e entregou sua presidência aos conservadores numa bandeja de prata.

Na verdade, a Casa Branca capitulou faz tempo. Sabia que o estímulo fiscal aprovado no início da administração era insuficiente e sua duração demasiadamente curta. Ao negar-se a lançar um novo pacote fiscal, Obama colocou a corda no pescoço. Quando o efeito do primeiro estímulo se esgotou, Obama foi alvo das críticas pelo fracasso de seu plano.

Prontamente, por um passe de mágica, a crise começou a ser percebida como estando relacionada mais com o mau manejo da economia sob Obama do que com os vinte anos de desregulação e abusos no setor financeiro. A discussão passou da necessidade de enquadrar o setor financeiro para a urgência de cortar o déficit.

A realidade é que é absurdo querer resolver o problema do déficit fiscal no meio de uma recessão. Há, na atualidade, um altíssimo nível de desemprego nos Estados Unidos (ao redor de 20 milhões de pessoas em situação de desemprego total ou parcial) e os salários encontram-se deprimidos. O que, em um certo momento, permitiu aos consumidores manter sua demanda foi o valor de suas casas, mas agora o preço desses ativos segue caindo. A demanda agregada desabou e as empresas não estão contratando mais trabalhadores, o que conduz a um círculo vicioso que só pode ser rompido com um estímulo fiscal. Isso permitiria incrementar a arrecadação e reduzir o déficit. O Congresso e Obama escolheram outro caminho: a única coisa que se fala em Washington é sobre a necessidade de reduzir o gasto para abater o déficit.

Na verdade, um governo pode reduzir o déficit de duas maneiras: pode aumentar suas receitas fiscais ou pode reduzir o gasto público. As pesquisas revelam que a maioria dos estadunidenses está a favor do aumento de impostos para os setores mais ricos, que se beneficiaram do modelo neoliberal durante décadas. Mas a classe política em Washington (quer dizer, os partidos Democrata e Republicano) já aceitou que incrementar a arrecadação não é o caminho para reduzir o déficit. Aqui fica demonstrado quem detém o poder real na democracia estadunidense. Em troca, os políticos em Washington preferem reduzir o gasto público, o que necessariamente provocará uma maior contração da economia desse país. Os conservadores não parecem muito preocupados com isso porque o desgaste político será de Barack Obama.

Ao invés de apresentar opções com liderança, Obama preferiu acomodar-se às prioridades dos conservadores. Em vez de enfrentar com outras opções o problema das finanças públicas, escolheu submeter-se. A verdade é que não é necessário incrementar o endividamento porque existem muitas alternativas. Além de aumentar a arrecadação, um corte no gasto militar é uma opção evidente, mas o orçamento do Pentágono aumentou todos os anos sob a administração Obama.

O mais importante teria sido uma verdadeira reforma no sistema de saúde. Hoje em dia esse sistema está integrado pela seguridade social e pelos programas Medicare e Medicaid. O gasto nestes setores é o fator mais importante no crescimento do déficit. Mas o custo do sistema de saúde deve-se ao controle dos monopólios na indústria farmacêutica e nas seguradoras. Os dados da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revelam que o gasto no sistema social de saúde nos EUA é superior ao de países como Alemanha ou Suíça. Mas, em termos de qualidade, o serviço nos estabelecimentos estadunidenses está muito abaixo do desses países. A realidade é que o complexo farmacêutico-securitário é tão ou mais poderoso do que o complexo militar-industrial quando consideramos seu impacto nas contas públicas. A proposta em Washington para reduzir o gasto no sistema de saúde pública não passa por controlar os oligopólios. A redução será feita cortando o número de pessoas cobertas por esses serviços e piorando a qualidade dos mesmos.

A chantagem funcionou. Diz-se (em ambos os partidos) que, se não se aceitar o plano dos conservadores, sobreviria uma hecatombe. Isso teria que ser analisado com cuidado. No momento, a classe política em Washington abraçou essa argumentação porque o que interessa a ela é desmantelar os últimos vestígios do estado de bem-estar nos Estados Unidos.

*Texto originalmente publicado na Carta Maior

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