quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ASSINE, SALVEMOS A INTERNET




Hoje pode ser o dia em que salvamos a Internet.

O Congresso dos EUA se preparava para aprovar uma lei que permitiria aos EUA censurar o acesso a qualquer website no mundo. Mas após nossa entrega de uma petição forte com 1.2 milhões de assinaturas à Casa Branca, a presidência veio a público contra o projeto de lei — e na medida em que a pressão popular esquenta, alguns apoiadores do PL estão mudando de lado. Nesse momento, o protesto de blecaute liderado pela Wikipédia trouxe a campanha para o centro das atenções das notícias.

O Senador Wyden vai boicotar a votação, lendo em voz alta os nomes de todos os que assinaram esta petição. Assine também. No fundo não é todos os dias que temos um senador norte-americano a ler o nosso nome no Congresso. Ou prefere a censura?

WIKIPÉDIA SAI DO AR EM PROTESTO CONTRA PROJETOS DE LEI ANTIPIRATARIA




Em protesto contra dois projetos de leis que estão sendo debatidos no Congresso dos EUA, a enciclopedia online Wikipédia fecha por 24 horas a sua versão em inglês.

A enciclopédia online Wikipédia tirou do ar sua página em inglês em protesto contra dois projetos de lei que estão em discussão no Congresso dos Estados Unidos: o Ato Contra a Pirataria Online (SOPA, da sigla em inglês) e o Ato de Proteção do IP (PIPA, da sigla em inglês). O protesto inédito começou à meia-noite, pelo horário da costa leste americana, e deve durar todas as 24 horas desta quarta-feira (18/01).

Os dois projetos de lei visam coibir a distribuição de material pirateado pela internet, bloqueando o acesso a sites que oferecem conteúdo protegidos por direitos autorais e colocando as empresas acusadas numa “lista negra”, mesmo que elas apenas forneçam links para sites com conteúdo protegido.

O fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, criticou os dois projetos de lei nesta terça-feira afirmando que eles colocam em perigo a liberdade de expressão dentro e fora dos Estados Unidos e criam um precedente assustador de censura na internet para o mundo.

Censura na internet

O ato de protesto teve o apoio da Fundação Mozilla, responsável pelo navegador Firefox, do site de notícias Reddit, do popular blog Boing Boing e do site de gerenciamento de blogs WordPress, além de vários outros sites e blogs.

Numa carta aberta publicada no mês passado, fundadores do Google, do Twitter, da Wikipédia, do Yahoo! e de outros gigantes da internet declararam que esse dois projetos de lei dão ao governo americano o poder de censurar a internet usando técnicas similares às usadas na China, na Malásia e no Irã.

No entanto nem todas as empresas que criticaram o projeto de lei participam do protesto. O CEO do Twitter, Dick Costolo, declarou que parar com seu negócio em resposta a questões de política nacional era “tolice”.

Os dois projetos de lei são apoiados pela indústria do entretenimento americana, que quer dar um fim à pirataria de música e de filmes, e também pela Associação Nacional de Fabricantes e pela Câmera de Comércio dos EUA. A Casa Branca indicou, em post publicado no seu blog na semana passada, que não irá “apoiar legislação que reduz a liberdade de expressão, aumenta o risco de segurança no ciberespaço ou enfraquece a dinâmica e inovadora Internet global”.

Autor: Sarah Berning (mas) - Revisão: Alexandre Schossler

O REBAIXAMENTO DA FRANÇA E DO GOVERNO SARKOZY




Eduardo Febbro, Paris – Opera Mundi

Ser um bom aluno do sistema não garante a condescendência dos inspetores das receitas liberais. O presidente francês acaba de experimentar a amarga experiência com a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor’s de retirar da França a prestigiada nota de triplo A. Faltando cem dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, onde Sarkozy espera ser reeleito, apesar de uma onda de pesquisas pouco animadoras, o chefe de Estado recebe uma severa sanção.

O Executivo havia se preparado para isso desde outubro-novembro do ano passado quando insistentes rumores e especulações adiantavam a posição da agência de classificação. Apesar da tentativa de minimizar o fato, perder a nota financeira do triplo A representa um duro golpe para um dirigente cujo mandato aplicou à letra a receita liberal com os consequentes benefícios que isso traz para os setores privilegiados.

De um modo mais amplo, o terremoto de estende por toda a União Europeia, em particular pelos 17 países da zona euro, no momento em que se sanciona a política proposta pela chanceler alemã Angela Merkel e pelo próprio Nicolas Sarkozy para liderar o resgate da zona euro. O rebaixamento da França lança por terra toda a imagem e a política de “heróis unidos” que Sarkozy e Merkel construíram em torno deles com o objetivo de aparecerem como os timoneiros de uma Europa sem capitão e sem rumo.

Um dos capitães perdeu suas estrelas e, com isso, já são nove os países da zona euro que viram sua nota rebaixada pelo grande policial qualificador. Para Sarkozy, manter vigente o Triplo A era uma questão de princípio fundamental e, ante à opinião pública, uma prova de que o caminho que escolheu era o correto. A avaliação que os franceses fazem do mandato de Sarkozy não dizia isso, mas o argumento do Triplo A tinha um lugar destacado na estratégia de comunicação do palácio presidencial.

Quase cinco anos depois de ter sido eleito, o balanço dos franceses sobre seu mandato é muito adverso. Segundo a pesquisa realizada por OpinionWay-Fiducial para o semanário Le Nouvel Observateur, sete de cada dez franceses (70%) pensam que seu mandato foi negativo. 73% dizem que o presidente não foi fiel a suas promessas (só 19% acreditam que a crise impediu-o de fazer isso) e 49% pensa que sob seu mandato a democracia francesa debilitou-se.

A nota de aprovação mais alta, 66%, está relacionada à sua política de imigração. Nicolas Sarkozy protagonizou uma presidência tão agitada como contraditória. Podia falar como um social-democrata, mas atuou como um liberal. Neste sentido, a primeira coisa que fez foi adotar uma política fiscal que fez dele o presidente dos ricos. Logo após ser eleito, Sarkozy colocou em prática o “escudo fiscal”, com o qual limitou o volume dos impostos dos ricos. Em 2010, ao final de uma batalha social que durou muitos meses e mobilizou milhões de pessoas, Sarkozy modificou o sistema de aposentadorias, suprimindo a aposentadoria aos 60 anos, outra medida emblemática do socialismo francês, vigente desde o mandato do falecido presidente socialista François Miterrand (1981-1995).

Em seguida, seu governo travou uma batalha pragmática e ideológica contra as 35 horas de trabalhos semanais, um princípio adotado pelo último governo socialista (Lionel Jospin, 1997-2002) com a meta de lutar contra o desemprego. O credo ultra-liberal instaurado por Sarkozy dizia: trabalhar mais para ganhar mais. As pessoas trabalharam mais e ganharam menos. Paralelamente, ao final de seu mandato e com um desemprego que ultrapassa a casa dos quatro milhões (9.2% da população economicamente ativa), os liberais constatam seu fracasso na luta contra o desemprego e se veem obrigados a recuperar o princípio socialista instaurado entre 97 e 2002: trabalhar menos para que trabalhem todos.

A avaliação das ações de Nicolas Sarkozy só piora quando se leva em conta seu comportamento de homem veloz, que prejudicou sua imagem e suas reformas. Para o bem e para o mal, Sarkozy moveu muitas linhas em um país quase petrificado. O instituto Thomas More contabilizou 1.300 medidas, das quais 490 correspondem a suas promessas eleitorais.

Sarkozy foi eleito como o homem das reformas. No entanto, à beira das urnas, o balanço sobre seu governo é diferente: as reformas fundamentais prometidas por Sarkozy não foram realizadas. Cercado pela crise, limitado por suas próprias contradições e pelas disputas dentro deu sua própria maioria, Sarkozy mudou radicalmente o sentido de seu mandato: foi eleito para reformar, modernizar e fazer o país progredir. O balanço oficial de quatro anos no poder publicado em maio passado pela presidência francesa fala de “proteger os franceses”. A mudança é profunda.

Não há relato positivo da presidência de Sarkozy. A perda do Triplo A torna um pouco mais turva ainda a imagem de um dirigente que tem avaliação negativa mesmo entre seus próprios aliados ideológicos. O presidente francês contou até o último momento com a possibilidade de que a Standard & Poor’s mantivesse a França no pedestal. Em novembro passado, um conselheiro do presidente disse ao vespertino Le Monde: “se Nicolas Sarkozy perder a nota Triplo A está morto”. A sanção da agência de classificação norteamericana é tripla: cai sobre Sarkozy, sobre a Europa e sobre o futuro. O candidato socialista á presidência, François Hollande, disse que, com a nota da S&P “está se rebaixando uma política”. A avaliação vale para si mesmo caso seja eleito. O ultra-liberalismo de Nova York não perdoa nem faz concessões.

O ano eleitoral começou na França sob o signo do silêncio político e com o ruído de fundo da recessão e da crise. A segunda economia da zona euro celebra entre abril e maio as eleições presidenciais que poderão abrir aos socialistas as portas do palácio presidencial depois de três derrotas consecutivas. As pesquisas dão hoje ao candidato socialista François Hollande uma folgada vantagem frente ao presidente Nicolas Sarkozy. Mas essa vantagem não se traduz até aqui por propostas sólidas que marquem uma ruptura com a presidência de Sarkozy. Tanto Hollande como Sarkozy optaram pelo risco mínimo: dizer pouco, não prometer quase nada, passar voando sobre os temas centrais e manter a incógnita sobre temas essenciais. As agências de classificação dos Estados Unidos entraram na campanha. Até os que fazem o dever de casa acabam sendo castigados.

*Tradução: Katarina Peixoto

*Texto originalmente publicado na Carta Maior

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Diáspora haitiana coloca política imigratória brasileira em xeque




Fabiana Frayssinet/IPS, Rio de Janeiro – Opera Mundi

Antes emissor de migrantes para EUA e Europa, país agora enfrenta desafio de aplicar a solidariedade que defende

O alerta veio à tona com uma série de reportagens publicadas na primeira semana do ano, denunciando a atividade de intermediários ilegais, os “coiotes”, para introduzir haitianos no Brasil, através da fronteira amazônica com Bolívia e Peru. Cada haitiano pagaria entre 2.500 e 5 mil dólares para custear um percurso que incluiria passagem de avião para Equador, Colômbia ou Peru, e um posterior e árduo caminho por terra até o Brasil, segundo os testemunhos.

A secular diáspora haitiana aumentou após o terremoto que em 12 de janeiro de 2010 assolou um dos países mais pobres do mundo. Atraídos pelo crescimento econômico do Brasil, que recentemente se tornou a sexta economia mundial, e pelas grandes obras de infraestrutura com vistas à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016, cerca de cinco mil haitianos escolheram este país como destino desde então, segundo o Instituto de Migrações e Direitos Humanos.

“O Brasil entrou no mapa da diáspora haitiana”, resumiu para a IPS o sociólogo Rubem César Fernandes, diretor da organização Viva Rio, que desenvolve projetos sociais, econômicos e culturais no Haiti. Existe uma diversificação dos destinos históricos dos emigrantes haitianos: Canadá, Estados Unidos, França, Antilhas Francesas e República Dominicana. Mas a atração pelo Brasil acrescenta motivos próprios, afirmou Fernandes.

Desde 2004, o país encabeça a Minustah, a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti, e está cada vez mais presente no território caribenho. “O Brasil já é parte da consciência coletiva do Haiti”, analisou Fernandes ao se referir a vínculos afetivos e simbólicos, como a origem africana, a música e o futebol. Além disso, os primeiros sinais do Brasil ao receber imigrantes haitianos foram “simpáticos e acolhedores, não repressivos”, acrescentou.

“Cheguei em 1992, quando no Haiti não sentíamos a presença do Brasil”, disse à IPS o haitiano André Yves Cribb, engenheiro agrônomo que trabalha na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em projetos de cooperação e desenvolvimento para seu país. “O Brasil começou a estar mais ativo no cenário internacional e em sua diplomacia. Além disso, seu crescimento chama a atenção de quem busca como sobreviver”, disse Cribb, antes de acrescentar fatores mais subjetivos, como a identificação haitiana com o povo brasileiro.

A organização humanitária católica Cáritas destaca que a maioria dos imigrantes se concentra nas cidades fronteiriças de Tabatinga e Brasiléia, onde esperam a regularização de sua situação, com a concessão de visto humanitário para poderem trabalhar, já que no Brasil não são considerados refugiados. “O Brasil entende a situação. Não há maus-tratos e está concedendo vistos humanitários e de trabalho”, disse Cribb.

O problema é que durante a espera, que pode durar até seis meses, esses pequenos municípios não têm condições nem infraestrutura para receber tantos imigrantes. Por exemplo, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) informou que em Brasiléia, no Estado do Acre, há 1.250 haitianos, o equivalente a 10% de sua população.

Até 23 de dezembro, 4.015 haitianos haviam solicitado abrigo. Os pedidos de 3.396 estão em análise no Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) e o restante já está em processo. Os imigrantes “dormem nas praças ou amontoados até dez pessoas em um quarto medindo três metros por quatro”, contou um padre da localidade.

“Há um processo de exploração pelos ‘coiotes’ nas rotas migratórias que é evidente”, explicou à IPS José Magalhães, assessor nacional para gestão de riscos e emergências da Cáritas, que colabora na inserção dos que chegam. Os governos dos Estados amazônicos afetados não dão conta em matéria de moradia, alimentação e saúde, acrescentou. E muitas das haitianas que entraram no país estão grávidas, acrescentou. A lei brasileira facilita a permanência e a nacionalização dos filhos de estrangeiros nascidos em território nacional.

Linha dura

Ao começar 2012 a situação se agravou com a entrada ilegal de cerca de 500 haitianos. Esta onda levou o governo a definir sua posição e adotar medidas, clareando sua aparente divisão entre conceder vistos humanitários e temer que ao fazê-lo esteja incentivando um “efeito chamada” de maciças chegadas no futuro.

A presidente Dilma Rousseff autorizou, no dia 10, a regularização da situação dos haitianos que já estão no Brasil. Ao mesmo tempo, determinou medidas restritivas para deter a entrada ilegal de imigrantes. A partir de agora somente serão concedidos vistos na embaixada brasileira no Haiti com a cota de cem por mês.

“O governo brasileiro não ficará indiferente à situação de vulnerabilidade econômica dos haitianos. Mas, quem não tem visto não pode entrar no país”, assegurou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Além disso, o governo reforçará suas fronteiras com Bolívia e Peru e negociará medidas especiais com esses países e mais o Equador. “Temos de atacar essa rota ilegal de imigração e de ação dos coiotes”, justificou o ministro sobre as medidas que localmente são interpretadas por muitos como uma barreira de fato aos imigrantes haitianos.

O haitiano Joseph Handerson, aluno do Programa de Pós-Graduação de Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), questionou essas medidas. “Os que estão chegando estão na mesma situação dos que já chegaram e foram legalizados. Por que essa diferença?”, perguntou, antes de dizer que o Brasil “deveria repensar suas posturas e políticas humanitárias”.

Da mesma forma se pronunciou Magalhães, ao recordar que o Brasil construiu sua história com imigrantes da América Latina, Europa e África. “Na Cáritas vemos que, evidentemente, trata-se de uma situação humanitária e de solidariedade internacional de primeira ordem”, acrescentou.

Magalhães entende que se trata de “processos que não são fáceis”, mas a título pessoal destacou que o Brasil “tem de ter uma coerência política” e entender que entrou na rota da diáspora haitiana por sua nova condição de potência financeira e pela oferta de trabalho com vistas a eventos esportivos. “Deveria não se fechar, mas facilitar a permanência desses imigrantes”, disse, ao recordar a tradição humanitária do Brasil, que abriga 4.359 refugiados, dos quais 2.813 são africanos.

Cribb vê um duplo benefício na chegada de imigrantes haitianos, muitos já contratados em obras de represas. Entende que, diante “do auge econômico como país emergente que o Brasil vive”, os novos imigrantes – muitos deles com formação técnica ou universitária em áreas como engenharia – contribuiriam para essa pujança e se beneficiariam, ao mesmo tempo, de sua inserção em uma economia dinâmica.

Destinos

Handerson explicou à IPS que 80% dos haitianos que chegaram passaram a viver na cidade de Manaus, capital do Amazonas, 10% foram para a Guiana Francesa e o restante para outros Estados brasileiros, como São Paulo, Roraima e Minas Gerais.

Do ponto de vista socioeconômico, 80% dos que vivem em Manaus têm emprego e trabalham como pedreiro, pintor, carpinteiro, metalúrgico ou garçom. As mulheres trabalham principalmente como domésticas, cozinheiras ou manicures. No caso de Tabatinga, também no Amazonas, com 1.300 haitianos, as condições são diferentes porque a oferta de trabalho é menor e os alojamentos são insuficientes.

Segundo o estudo, a grande maioria tem estudo secundário incompleto, mas também há os que terminaram o curso superior. Quase todos os que vivem em Manaus falam francês, creole e espanhol, e recebem salário em torno dos 400 dólares.

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Governo brasileiro anuncia substituição de ministros da Educação e da Ciência e Tecnologia



Gisele Lobato - Lusa

São Paulo, 18 jan (Lusa) - O governo brasileiro anunciou hoje que o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, assumirá a pasta da Educação, substituindo Fernando Haddad, que sai para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro.

Segundo a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, o atual presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco António Raupp, ocupará a pasta da Ciência e Tecnologia, deixada por Mercadante.

Na nota divulgada pelo governo, a Presidente Dilma Rousseff agradece "o empenho e a dedicação" de Haddad, desejando-lhe "sucesso nos seus projetos futuros". A Presidente brasileira também elogiou o trabalho de Mercadante e de Raupp nas atuais funções.

Brasil: Com ataques baixos, Tucanos dão o tom da pré-campanha em SP




Correio do Brasil, com Vermelho.org.br

Em uma clara demonstração do baixo nível dos debates que pretende levar à capital paulistana nas eleições deste ano, o PSDB de São Paulo desferiu acusações a administrações do PT na tentativa de se eximir da responsabilidade do crescimento do crack na cidade.

Em reunião realizada na noite da segunda-feira caciques tucanos de SP — cada vez mais desesperados em função do isolamento político em que se encontram — atacaram o governo da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura da capital, Fernando Haddad, e a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy.

O secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, associou o crescimento da Cracolândia aos petistas, numa referência à gestão da ex-prefeita. “O governo do PT consolidou o crack na região central”, disse. “O crack foi consolidado no governo do PT e foi crescendo e crescendo.”

Administrações tucanas

Acometidos por uma espécie de amnésia seletiva, os tucanos não se recordam que estão à frente do Palácio dos Bandeirantes desde 1995, quando Mário Covas deu início ao ciclo de administrações do PSDB no estado.

Os ataques ignoraram ainda a passagem de José Serra pela Prefeitura municipal entre 2004 e 2006 — quando o tucano renunciou para se candidatar ao governo do estado. Mesmo tendo sinalizado recentemente sua intenção de indicar o vice na chapa do PT para as eleições deste ano, o atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) — que comanda a capital desde 2006 — também não foi responsabilizado.

O deputado Ricardo Trípoli, que também ambiciona um lugar na chapa tucana, tentou culpar o PT pela entrada da droga no país e defendeu as recentes ações integradas do governo estadual e da prefeitura paulistana contra os usuários da região da Cracolândia. “O crack não é oriundo do Brasil. Eles estão há nove anos no governo e não fizeram nada para que os entorpecentes não entrassem pela Bolívia. Agora vêm aqui dar palpite na política de São Paulo”, disse.

Política repressiva

O principal erro dos tucanos em relação ao crack é a incapacidade deles em distinguir uma questão de saúde pública com um problema de segurança. Como a maioria das pessoas que frequentam a Cracolândia são usuários de drogas e não traficantes, o único método permanente para controlar a situação é, inevitavelmente, a garantia do tratamento médico especializado.

Por outro lado, uma operação policial — com todos os elementos repressivos usados durante as agressivas abordagens iniciadas no último dia 3 — parece muito mais eficiente aos olhos do eleitor que há anos vê a situação do uso de drogas no centro de São Paulo se arrastar.

A forma de abordagem na capital se contrapõe à ação conjunta proposta pelo governo federal, lançado em dezembro 2011. Estão previstas no Plano de Enfrentamento ao Crack — de iniciativa conjunta dos ministérios da Saúde, Educação e Justiça —, a ampliação no atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e a criação de unidades fixas e móveis de acolhimento, a fim de diagnosticar caso a caso os perfis dos viciados para tratamento especializado.

Governo federal

Atento aos ataques do PSDB ao ministro Haddad, o governo federal também antecipou sua participação nos debates da sucessão municipal em SP. Em sua coluna semanal, publicada na segunda, a presidente Dilma ressaltou a expressiva inserção de estudantes de baixa renda no ensino superior e falou do papel do ministro nesse resultado.

UGT: USURPAÇÃO DAS GARANTIAS DOS TRABALHADORES





No Público de hoje pode ler-se:

Em troca [da meia hora de trabalho], [o Governo] acabaria por negociar um maior número de dias de trabalho, seja por via da redução de férias – cujo período é encurtado em três dias (de 25 para 22), seja pela redução do número de feriados. Além disso, cada empresa passa a poder gerir um banco de horas de 150 horas anuais por trabalhador – uma medida que permitirá a cada trabalhador trabalhar menos num dia e compensar com horas a mais noutro – sem que esse acréscimo seja pago como horas extraordinárias

Em troca da meia hora de trabalho diário, a UGT conseguiu assinar um acordo em que os trabalhadores podem, em média, vir a trabalhar mais de meia hora por dia, para além de ter, orgulhosamente, garantido que o 5 de Outubro continuaria a ser feriado. João Proença, esse grande humorista, explicou que o acordo “é favorável aos trabalhadores só e apenas porque a meia hora seria mais penalizadora”, o que poderia ser comparado a um torturador que dissesse à vítima que, afinal, em vez de ser empalado, iria ser esquartejado. O que seria mesmo interessante saber é o que obteve a UGT em troca deste acordo ou se esteve em contacto permanente com o Largo do Rato, topónimo que ganha cada vez mais sentido pelo que faz lembrar aqueles que são os primeiros a abandonar o navio.

A análise do chamado acordo só serve para confirmar que cabe aos trabalhadores pagar a crise que outros criaram e para que todos saibam que, afinal, os direitos e a democracia são valores relativos, dependentes da generosidade dos que detêm o capital e dos governos que os servem.

Entretanto, o Álvaro, na mesma notícia, usando o tom ridiculamente épico com que os medíocres disfarçam a miséria, congratula-se com a assinatura daquilo a que chama um acordo, porque Portugal mostra virtudes “ao mundo, aos mercados”, afiançando que está aqui a solução para a crise, ao arrepio do que diz Joseph Stiglitz, Nobel da Economia.

Volto a lembrar: em 2015, lá surgirão umas benesses eleitorais e umas promessas que também não serão cumpridas. Não se esqueçam de votar neles, outra vez.

Técnicos da troika de novo em Portugal para avaliar reformas do Governo



Portugal Digital

Equipa de peritos internacionais irá analisar nos próximos dias o acordo laboral firmado entre o Governo, associações patronais e alguns sindicatos.

Lisboa - Uma equipa de técnicos da troika do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia chega hoje a Portugal para avaliar, nos próximos dois dias, os progressos feitos pelo Governo luso nas reformas estruturais que estavam previstas no memorando de entendimento assinado em meados do ano passado.

As reuniões começam amanhã, com as autoridades internacionais muito interessadas em saber detalhes dos resultados da concertação social, adianta o "Diário Económico" esta quarta-feira.

Numa primeira análise, a partir dos contactos que vai mantendo com as autoridades nacionais, a troika ficou satisfeita com os resultados da concertação e considera que algumas das medidas acordadas - caso de as pontes poderem ser descontadas nos dias de férias - terão um impacto muito mais significativo na competitividade da economia do que a chamada "meia hora extra" (que previa que os empregadores pudessem impor semanalmente uma carga de trabalho extra equivalente a mais meia hora de trabalho por dia).

As reuniões de amanhã e sexta-feira servirão, porém, para as autoridades internacionais ficarem a conhecer melhor alguns detalhes das medidas acordadas, bem como da sua implementação.

O acordo alcançado em sede de "concertação social", envolvendo Governo, associações patronais e uniões sindicais (excepto a CGTP, que abandonou as negociações a meio), mereceu elogios do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Contudo, entre os empresários portugueses é visto ainda com alguma desconfiança.

Esta quarta-feira deverá ser formalizado o acordo cujos princípios ficaram definidos na passada segunda-feira.

E ENTÃO QUANDO É QUE CHEGA A MINHA VEZ?




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Governo português, liderado por Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, já nomeou 1.682 pessoas desde que assumiu funções em Junho de 2011.

Nunca mais chega a minha vez. Depois de ter estado filiado no PS, inscrevi-me no PSD, no CDS/PP, no PCC (Partido Comunista Chinês) e na Maçonaria… mas nada! É preciso ter galo!

Aliás, correspondendo às indicações para emigrar de Pedro Martins, secretário de Estado do Emprego, corroboradas pelo sumo pontífice do PSD, até me filei no MPLA. Não sei, sinceramente, o que mais poderei fazer.

Embora sabendo que o governo português, na sua ânsia e sofreguidão de instituir um regime esclavagista no reino lusitano, deita mão a tudo, custe o que custar, quero fazer parte dessa casta superior.

Até me proponho, vejam lá, tornar a minha coluna vertebral amovível, abdicar dos tomates (que com a idade começam a ter pouca utilidade) e começar a pensar pela cabeça dos chefes.

Pedro Martins, o secretário de Estado do Emprego que em matéria de… emprego se especializou em trabalhar como professor catedrático de economia aplicada há meia dúzia de anos (desde 2004 no Queen Mary College, Universidade de Londres), sabe potes e potes do que se passa no seu país de acolhimento político.

Prova disso é que vai resolver a crise dos 800 mil desempregados com a sábia fórmula, certamente baseada nos ensinamentos científicos conseguidos nas mais prestigiadas universidades, de liberalização dos despedimentos, enterrando ou cremando a "regra" que, apenas supostamente, protegia os trabalhadores mais antigos sempre que ocorrem processos de rescisão por extinção do posto de trabalho.

Apesar de ter andado muito tempo a queimar as pestanas lá por fora, Pedro Silva Martins, sabe que em Portugal para se ser despedido é só preciso pensar pela própria cabeça, ter coluna vertebral e não ter cartão do partido.

Sei que os que usam a cabeça certa e têm coluna vertebral são, regra geral, os trabalhadores mais velhos, mais antigos. E é por isso que os donos dos postos de trabalho, quase sempre gente alérgica ao trabalho e que herdou as empresas, não gosta deles. Essa é quase sempre a razão principal.

Pedro Martins diz, do alto dos seus trinta e tal anos de... vida e certamente baseado na experiência dos outros, que, no caso do "despedimento individual com fundamento em motivos objectivos" existem dois grandes problemas que o Governo pretende resolver.

"Por um lado, a operacionalidade do despedimento por extinção do posto de trabalho" é posta em causa pois "vigora actualmente a regra last in, first out [o último a entrar na empresa deve ser o primeiro a sair], por força da qual o empregador deve seleccionar os trabalhadores que serão atingidos pelo despedimento de acordo com a sua antiguidade", explicou.

Para o secretário de Estado que, mais uma vez, olha para a lei mas esquece a realidade, isto está errado pois protege trabalhadores mais antigos que nem sempre são os "melhores" e fragiliza quem tem um vínculo recente, mesmo que seja muito competente.

É verdade que os mais antigos nem sempre são os melhores. Tal como é verdade que nem sempre os mais novos são mais competentes. No país de acolhimento governativo de Pedro Martins, a "competência" é directamente proporcional à subserviência e à filiação partidária. Mas disso não se fala.

"Esta regra contraria os objectivos do próprio despedimento por extinção do posto de trabalho, assente por via de regra numa situação de dificuldades económicas da empresa, na qual é conveniente que os trabalhadores que não são despedidos sejam aqueles que dão o seu melhor contributo à viabilidade da empresa", disse com aquele ar de quem é perito dos peritos.

Por dizer ficou, como convém, que muitos empresários privados ou públicos, tal como governantes, preferem ser assassinados pelo elogio do que salvos pela crítica; que entre um génio e um néscio com o cartão do partido que governa, escolhem sempre o… néscio.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: E QUE TAL DESPEDIR TAMBÉM ALGUNS PATRÕES?

E OS DEVERES DO ESTADO?



Baptista Bastos – Diário de Notícias, opinião

Tudo indica que o Governo fez prescrever a sua autoridade legítima e o poder que lhe fora outorgado pelas urnas. Os resultados falhados da concertação social não são mais do que reflexos das exigências da troika. A intransigência governamental (e patronal) obedece a um esquema que parece inabalável, acabando por limitar, e até destruir, os deveres do Estado. Não se trata, na circunstância, de uma questão de luta de classes, nem de uma pluralidade de conceitos. Está em jogo a sobrevivência de um paradigma social e de uma moral política.

A recomposição da Direita está associada ao enfraquecimento da Esquerda. Porém, uma não existe sem a outra. E escapa a ambas o que constituiu a alteração dos circuitos de financiamento. A própria ideia de "economia social" que tentou, timidamente, modificar as regras do "mercado" e alterar o modelo neoliberal que se adivinhava foi escorraçada.

Até agora, não se questiona a verdadeira dimensão da desconstrução social. E a troika, cuja ideologia é de Direita, e, ocasionalmente, de Extrema-Direita, aplica, nos países para aonde é chamada, o mesmo breviário de intenções. Independentemente das características específicas de cada nação e de cada povo, o peso do financiamento externo funciona como uma imposição irretorquível. Quando diz que é preciso, em Portugal, tirar a força ou reduzir a influência dos sindicatos, comete uma injunção insuportável. Infelizmente, o Governo de Passos Coelho não se opõe porque não pode e porque, afinal, a exigência não colide com o seu projecto político.

Ao provocar o afastamento de um dos componentes da concertação, tanto o patronato como o Executivo não se fortalecem. As conflitualidades sociais emergirão com uma fúria que o desespero e a angústia amplamente justificam. E ninguém ganha com a obstinação. Os ventos sopram, no momento, a favor de quem possui uma visão exclusivamente neoliberal do mundo. Mas mesmo essa situação, por temporária que seja, permite-nos reflectir sobre a imoralidade do sistema.

Não sei, nem estou rigorosamente muito interessado em saber quais são os conselheiros de Pedro Passos Coelho. Todavia, pelos efeitos, não são de seguir. A pressão exercida sobre a população portuguesa mais desfavorecida representa uma depreciação do próprio bem comum. O Governo, assim, escudado na "dívida" e nos compromissos assumidos, está a distanciar-se, irremediavelmente, do crédito que lhe foi concedido pelos eleitores. O primeiro-ministro diz que está aberto ao diálogo. É um álibi e o falso argumento de um drama por ele cerzidos.

Claro que estamos numa encruzilhada. Mas as ilusões acerca da solução próxima não passam de isso mesmo: ilusões. Este caminho não conduz a parte alguma. É um jogo de mentiras para nos embalar na roda de sacrifícios constantes. Só não vê quem não quer ver.

NOBEL DA ECONOMIA DENUNCIA “FETICHE DO DÉFICE” NA EUROPA




Joseph Stiglitz acusa os líderes europeus de estarem obcecados com programas de austeridade que apenas irão agravar a crise actual

Joseph Stiglitz denunciou hoje aquilo que considera ser um "fetiche do défice" existente na Europa. Para o antigo presidente do Banco Mundial, os líderes europeus estão obcecados com medidas de austeridade que façam descer o défice.

"É preciso saber qual é a origem dos défices. A Europa não sairá da crise com austeridade, mas sim com crescimento económico", afirmou o economista durante a sua intervenção no Congresso anual da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). "Se esta crise não for bem gerida haverá recessão ou um crescimento muito reduzido, com um desemprego muito elevado. E pode ser pior: pode significar o fim do euro ou uma recessão global."

Prémio Nobel da Economia em 2011, Stiglitz recorda que "a austeridade quase nunca resultou numa recuperação" e que, neste caso, nem sequer servirá como garantia de prevenção em relação a outra crise. "Espanha e Irlanda tinham excedentes orçamentais", lembra.

Apesar de ser crítico da actuação das agência de rating, Stiglitz defendeu que algumas das razões enunciadas para descerem a classificação de países da zona euro fazem sentido. "A Standard & Poor's já avisou para as consequências negativas de apostar na austeridade sem medidas para o crescimento económico."

Deputados do PS: Cortes dos subsídios violam "princípio da igualdade"




Os deputados socialistas subscritores do pedido de fiscalização da constitucionalidade do Orçamento para 2012 entendem que o Governo abrangeu pensionistas do setor privado na medida que suspende o pagamento dos subsídios de férias e de Natal.

Este é um dos argumentos invocado pelos deputados do PS Vitalino Canas, Alberto Costa e Isabel Moreira no requerimento que pretendem dirigir ao Tribunal Constitucional.

Ao contrário do que aconteceu no Orçamento para 2011, da responsabilidade do Governo socialista de José Sócrates, estes deputados do PS consideram que as medidas de suspensão de vencimentos não visam agora apenas trabalhadores do público e penalizam igualmente trabalhadores cujos respetivos descontos foram feitos por uma entidade patronal privada ao longo da sua carreira contributiva.

"O universo pessoal abrangido pelas medidas de suspensão abrange agora (diferentemente do que acontecia com a redução) aposentados e reformados; no âmbito dos reformados e aposentados agora abrangidos, incluem-se também os do setor privado, deixando de se estar, portanto, perante medidas apenas direcionadas para pessoas ligadas ao sector público, muito menos para servidores públicos", sustentam Vitalino Canas, Alberto Costa e Isabel Moreira.

Na argumentação exposta neste requerimento, ao qual a agência Lusa teve acesso, os deputados socialistas advogam que o Orçamento para 2012 representa uma "violação do subprincípio da proteção da confiança" e, para o efeito, recordam o teor do acórdão do Tribunal Constitucional sobre os cortes antes feitos pelo executivo de José Sócrates.

"As reduções da Lei do Orçamento para 2011 foram pelo Tribunal Constitucional consideradas 'reduções significativas' e geradoras de 'frustração de expetativas fundadas', 'capazes de criarem ou acentuarem dificuldades de manutenção de práticas vivenciais e de satisfação de compromissos assumidos pelos cidadãos', tendo o Tribunal referido expressamente "a intensidade do sacrifício causado às esferas particulares atingidas pela redução de vencimentos".

"Entendeu, no entanto, nesse caso, o TC que, apesar de tudo, se continham dentro de 'limites do sacrifício', salvaguardados pelos montantes e pela transitoriedade (medidas de carácter orçamental, ou seja, anualmente caducando no termo do ano em curso, como se assumiu no acórdão). [Mas] as suspensões de pagamento dos subsídios, nas modalidades previstas [pelo atual Governo], quer pelo forte agravamento, acrescentado e global, dos montantes retirados, quer pelo alargamento do universo abrangido - que é estendido até aos que auferem 600 euros de remuneração, já não muito longe do salário mínimo nacional - quer ainda por expressamente se aplicarem, desde já, a todo o período (repete-se, extensível) por que vier a aplicar-se o Programa de Assistência Económica e Financeira, ultrapassam aqueles limites de sacrifício cuja admissão o Tribunal Constitucional considerou fazer sentido no nosso ordenamento constitucional", alegam Isabel Moreira, Vitalino Canas e Alberto Costa.

Na questão da alegada violação do princípio da igualdade, os deputados do PS entendem que se assiste a uma infração na "dimensão de igualdade perante a repartição de encargos públicos".

"Não pode admitir-se uma dualidade de tratamento, agora nítida, entre cidadãos a quem os sacrifícios são exigidos pelo Estado essencialmente através dos impostos e outros cidadãos a quem os sacrifícios são exigidos não só por essa via, mas também, e cumulativamente, de forma continuada, em escalada de montante e extensão temporal, através da amputação definitiva de partes significativas e de direitos relevantes que integram, como acontece com outros, a sua retribuição", referem.

Escudados no acórdão de setembro último do Tribunal Constitucional, estes deputados do PS referem que, "como disse o Tribunal, o princípio da igualdade determina que se trate de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente na medida da diferença".

"Ora a situação das pessoas que auferem remunerações mais baixas é diferente da situação das pessoas que auferem remunerações mais altas - e é diferente muito em especial para efeitos de redução salarial. De facto, os efeitos negativos de uma redução salarial sentem-se de forma mais intensa naqueles que auferem remunerações mais baixas do que naqueles que recebem remunerações mais elevadas", apontam ainda.

PORTUGAL É UMA ZONA DE DESCONFORTO À BEIRA-MAR PLANTADA



António Veríssimo

No final de Outubro do ano passado o secretário de Estado da Juventude, Alexandre Miguel Mestre, deu a entender, numa intervenção a partir do Brasil, que os jovens portugueses que não encontram colocação no mercado de trabalho estão acomodados à situação, no que o governante chama de “zona de conforto”, pelo que o seu conselho é muito direto: emigrem.

As declarações foram registadas pela Agência Lusa e deram origem a sururu que, como habitualmente, deu em nada. Ninguém disse a esse governante do afamado Bando de Mentirosos, também conhecido por políticos no governo de Passos Coelho, que ele estava redondamente errado: Portugal é uma zona de desconforto e não de conforto.

Os jovens portugueses ao emigrarem estão a fugir à zona de desconforto construída pelos políticos que deram escola a este secretário de estado e a quase todos os que nos têm desgovernado e se têm governado nas últimas duas décadas, uma escola do Partido Socialista (PS) e do Partido Social Democrata (PSD) com umas “mãozinhas” do CDS de Paulo Portas que de vez em quando lá vai mitigando a fome de poder na governança de uns quantos sobreiros e submarinos, entre outras migalhas.

Emigram quadros e cérebros, que consequências para o futuro?

O melhor de Portugal em quadros e cérebros está a emigrar assim que vislumbram uma “janela” que lhes proporcione fugir desta zona de desconforto. São jovens já bastante qualificados mas também outros que apesar de não serem jovens estão suficientemente maduros e qualificados para abandonarem o país, aproveitando a possibilidade de colherem o justo reconhecimento e condições pela sua alta qualidade profissional, coisa que em Portugal não acontece se acaso não forem obedientes filiados dos partidos políticos do arco dos poderes. Esse esquema que coloca incompetentes em lugares de chefia com vencimentos e mordomias chorudas só porque são da corja partidária atrás citada. E assim tem acontecido durante décadas, provocando cada vez mais práticas corruptas e de nepotismo, para citar só estas maleitas e não desfiar o rol do registo de males gravosos com que PS e PSD, principalmente, têm contaminado o país. Assim não tivesse acontecido e Portugal não seria uma imensa zona de desconforto à beira-mar plantada.

Uma vez que os portugueses mais ou menos capacitados estão a abandonar o país – ainda agora se fala de 700 médicos e enfermeiros – o que se pergunta é como será o futuro em Portugal só com parasitas da política, da corrupção e nepotismo, dirigentes medíocres, mão-de-obra menos qualificada, etc. O que será do futuro deste país? Ainda para mais porque tem uma enorme percentagem de gente de idade superior a 60/65 anos e as taxas de natalidade continuam a baixar. Já se vê: um país de velhos maltrapilhos, de crianças maltrapilhas, de doentes, de uma elite gananciosa, de vigaristas, de políticos e de grandes empresários e banqueiros estúpidos que nem equacionam que acabando assim com o país estão a destruir as suas possibilidades de poderem continuar a enganar e a roubar para vantagens deles próprios e de mais uns quantos das suas pandilhas. Acabando connosco, com os portugueses, o maná acaba-se-lhes. Bem dizem que a ganância cega!

O MELHOR DE PORTUGAL SAI DA ZONA DE DESCONFORTO E EMIGRA, QUE FUTURO?




Mais de 700 médicos e enfermeiros querem emigrar para França


As candidaturas a hospitais públicos e clínicas privadas em França atraíram mais de 700 médicos e enfermeiros portugueses. As autoridades francesas procuram especialistas em várias áreas, incluindo cardiologia, pediatria, psiquiatria e radiologia.

*Título PG


CELESTE E EDUARDO PASSARAM À CLANDESTINIDADE




Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues

"Isto dá que pensar! Eu deixei a política ativa há cerca de 8 anos. Porque será que se continua a achar que, estando fora da política ativa, estou na política. Deve haver um fenómeno qualquer, que eu desconheço e não compreendo, para se continuar a laborar neste erro. Mas enfim...como dizia uma pessoa minha amiga, ser mulher em Portugal ainda é difícil...!" Foi isto que Celeste Cardona escreveu no seu facebook, a propósito das críticas à sua nomeação para a EDP, talvez irritada com o incómodo do senhor que lhe fez companhia, Eduardo Catroga.

Numa entrevista ao "Expresso", Eduardo Catroga foi claro: "Eu nem sou do PSD". Voltou a insistir, numa entrevista à RTP, que era "independente".

Lê-se, numa notícia do Expresso online (http://aeiou.expresso.pt/celeste-cardona-quebra-o-silencio-no-facebook=f699694), que o nome de Maria Celeste Cardona aparece como vogal da Comissão Política Nacional do CDS na página oficial do partido. Das três uma: ou há duas marias celestes cardonas no CDS, ou a girl honorária do partido considera que ser eleita para uma comissão política não é estar na política ativa ou está a mentir. Deixemos de lado a vitimização que só pode dar a volta ao estômago a qualquer verdadeira feminista.

Recordava-se, numa notícia do "Público" recente (http://fotos.sapo.pt/sergiolavos/fotos/?uid=cfztWBW48jP1J375n3JY#grande), que, para comemorar mais um aniversário do PSD, o então líder do partido, Marques Mendes, tinha anunciado a adesão de 33 vários novos e notáveis militantes. Entre eles, Eduardo Catroga. Das três uma: ou o anúncio foi falso e Marques Mendes filiou Catroga à revelia, ou Catroga abandonou, entretanto, o partido, ou está a mentir.

O problema mais grave já nem é a mentira. O mais grave nem chega a ser o insulto aos partidos de que fazem parte e perante os quais, na hora de receber o prémio, demonstram tão grande ingratidão. O mais grave é esta gente achar que a promiscuidade entre empresas privadas e os partidos políticos se resume à existência de um cartão partidário. E que ela se resolve com a sua entrada na clandestinidade. Ou seja, que a indignação perante as suas nomeações resulta de um ódio geral aos partidos políticos e não lhes diz diretamente respeito.

Que fique claro: sou militante de um partido. Levo isso a sério e a ideia de alguma vez o negar parece-me tão absurda, desonesta e sintomática da pouca seriedade com que certas pessoas se envolvem na vida partidária, que tudo isto é incompreensível para a minha cultura política. Sendo militante de um partido, mesmo que sem qualquer responsabilidade de direção (de topo ou intermédia), nunca me passaria pela cabeça dizer que estou fora da vida política ativa. Ainda mais se fosse membro de uma comissão política.

Mas o problema é outro: a rede de influências e o tráfico de lugares (seja no Estado, seja nas empresas privadas) não se resume à existência de um cartão partidário. A razão porque as pessoas continuam a achar que Celeste Cardona está na política não tem nada a ver com a sua atividade partidária. Uma pessoa envolver-se na vida da sua comunidade, através da militância num partido, só pode merecer respeito. É porque Celeste Cardona está ligada ao pior da política: aquela que dá aos que nela se envolvem uma carreira que o seu currículo não justifica.

O problema não é Eduardo Catroga ter o cartão do PSD. É ter, em nome do PSD, negociado com a troika o memorando que assinámos e ter eito o programa eleitoral do partido (as duas coisas comprometem-no muito mais com o PSD do que o simples pagamento de quotas), onde constava a privatização da parte do Estado da EDP e, no fim, lucrar pessoalmente com isso.

O problema, caros Eduardo e Celeste, não é serem ou não militantes ou dirigentes de partidos políticos. É darem tão pouco à política que nem a vossa militância levam a sério. E, no entanto, não se esquecerem de cobrar à política o sucesso das vossas carreiras.

Portugal: Sócrates terá "negociado" com a Lusa cobertura das eleições de 2009



Expresso - Lusa

Ex-diretor do "Público", José Manuel Fernandes, acusa Sócrates e ex-diretor da Lusa de "contratarem diretamente" cobertura das eleições de 2009.

José Manuel Fernandes, ex-diretor do "Público", afirmou hoje - na Comissão Parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação - que o executivo socialista de José Sócrates teria negociado diretamente com Luís Miguel Viana a contratação de meios da Agência Lusa para a cobertura noticiosa da campanha das eleições legislativas de 2009, ganhas pelo PS.

O antigo diretor da Lusa, Luís Miguel Viana, diz que esta afirmação é "totalmente falsa" e "caluniosa", pelo que irá processar José Manuel Fernandes por difamação.

"Estratégia de contratação de meios"

José Manuel Fernandes disse ainda que estas negociações eram feitas diretamente com José Sócrates, "e à revelia do ministro da tutela", Augusto Santos Silva.

Muitas coisas desse género se passaram nas empresas públicas na anterior legislatura e, infelizmente, a entidade reguladora (para a Comunicação Social, ERC) encarregou-se de branquear muitas delas", acusou o jornalista.

Em declarações aos jornalistas após o encerramento dos trabalhos, José Manuel Fernandes precisou algumas das declarações anteriores, afirmando que o período a que se tinha referido "tinha a ver com as eleições de 2009, mas foi bastante antes", e que o grupo de trabalho tinha sabido durante o processo de audições que "havia uma relação direta entre o primeiro-ministro (José Sócrates) e o diretor da Lusa (Luís Miguel Viana), que inclusivamente passava por cima do ministro da tutela da altura, que era Augusto Santos Silva".

"Isso traduziu-se numa estratégia de contratação de meios, não sei realmente se jornalistas se não, mas meios no território português e num investimento fora de Portugal", acrescentou.

Instado a precisar se tinha havido contratação de jornalistas para o propósito específico das eleições de 2009, como antes afirmara, José Manuel Fernandes retroquiu: "Não sei quantos jornalistas foram, tinha que ver as notas, não sei se foram jornalistas, se foram correspondentes, se foi abertura de delegações, tinha que ver as minhas notas".

Segundo o ex-diretor do "Público", "houve uma estratégia de investimento em recursos no território nacional, que inclusivamente prejudicou investimentos fora do país". Ou seja, "investimentos em recursos humanos e técnicos para acompanhar e garantir a cobertura noticiosa, designadamente das atividades próximas do governo no período antes das eleições de 2009. Isso foi ouvido nas audições, foi-nos contado por pessoas que foram à comissão. Ouvimos isto", garantiu.

Contratações eram "transparentes"

O antigo diretor da Agência Lusa, por sua vez, salienta que as contratações de meios e de jornalistas foram sempre e apenas negociadas com o presidente da empresa. E acrescenta: "Nunca falei sobre este assunto com o ministro Augusto Santos Silva e muito menos com José Sócrates".

Luís Miguel Viana diz que todas as contratações que fez na Lusa foram "transparentes" e "podem ser escrutinadas" nos orçamentos da empresa.

O antigo diretor da Agência Lusa (que ocupou este lugar entre 2006 e 2011) recorda ainda que "a edição das peças noticiosas sobre a campanha eleitoral para as legislativas de 2009 foi feita por Rui Batista, o então editor de Política da Lusa e gora assessor do atual primeiro ministro, Pedro Passos Coelho". E explica: "Fui eu quem o escolhi para editor de Política".

Luís Miguel Viana diz-se surpreendido com as declarações de José Manuel Fernandes, de quem foi sub diretor no jornal "Público", entre 2000 e 2002, acrescentando: "Penso que ele tem uma fixação em mim, porque quando ainda era diretor desse jornal envolveu-se pessoalmente em artigos noticiosos que procuravam manchar a minha imagem".

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