terça-feira, 9 de setembro de 2014

Portugal – Face Oculta: QUE PODEROSOS?



Pedro D ´Anunciação – Sol, opinião

Tem-se dito e escrito por aí que a sentença do processo chamado Face Oculta demonstra, entre outras coisas, uma determinação da Justiça em condenar também os poderosos – que normalmente passam entre os pingos da chuva dos tribunais (ver casos BPN e BPP).

Mas estou convencido de que embora haja aqui indiscutivelmente gente influente, não são aquilo a que normalmente chamamos poderosos. Repare-se só que, como empresário, temos nada mais do que um sucateiro (palavra que, embora implique muito dinheiro, tem uma conotação quase pejorativa). Depois, como principal politico e banqueiro, temos um simples bancário provinciano, sem formação superior (tirou à pressa um curso na mesma Universidade privada que formou Sócrates, e que deverá estar já fechada pela informalidade de cursos que atribuía) – o qual apenas chegou a ministro e a administrador de bancos por via do partido e de amizades da mesma laia (tipo Sócrates). Mesmo o resto, gestores públicos e quejandos (como José e Paulo Penedos), provavelmente nunca seriam ninguém sem as mesmas cumplicidades partidárias em princípio pouco recomendáveis (não fosse o facto de dominarem os governos nacionais há uns bons anos, ligadas aos 2 principais partidos).

Queremos poderosos a sérios nos tribunais? Vamos então esperar pelo DDT (Dono Disto Tudo), como chamavam a Ricardo Salgado, um banqueiro dos pés á cabeça, e cheio de antecedentes; ou dos governantes, ex-governantes e etc. que estavam nas suas nóminas (parece que até Durão Barroso teve lá um cargo); ou dos responsáveis pelos governos em que punha a sua gente e parecia mandar com desenvoltura (o que penso incluir os 2 últimos).

BES. Cavaco diz que só sabe o que o governo lhe diz sobre o banco do amigo e ex-aluno



Carlos Diogo Santos – jornal i

PR tem sido criticado por ter dito em Julho que o banco estava estável. No domingo justificou que só pode saber do que se passa verdadeiramente no banco quando o governo ou as entidades oficiais lhe comunicam

O Presidente da República respondeu este fim de semana a quem o acusa de ter induzido em erro os pequenos investidores que compraram acções do BES poucos dias antes da decisão de recapitalização do banco. Cavaco Silva justificou que as suas declarações de Julho, dando conta que o BES estava estável, tinham por base a informação oficial de que dispunha e adiantou mesmo que espera ter sido avisado atempadamente pelo executivo de Passos Coelho e pelas entidades oficiais assim que houve conhecimento dos reais problemas do banco. Os canais de informação, porém, entre Cavaco e o universo Espírito Santo sempre existiram. Nesta última declaração, o chefe de Estado disse não ter “ministérios”, “serviços de execução política”, nem “serviços de fiscalização ou investigação” para conseguir informação além da que o executivo lhe disponibiliza. Mas desde há muitos anos que são conhecidas as ligações com a família Espírito Santo e a amizade com Ricardo Salgado.

"Leia amanhã o texto na íntegra no ionline e na edição em papel"

Moçambique: QUE GARANTIAS HÁ DE QUE A RENAMO ENTREGARÁ TODAS AS ARMAS?




Começaram a chegar a Maputo os observadores internacionais que vão fiscalizar o cessar-fogo e desarmamento em Moçambique. A RENAMO diz que não tem nada a esconder. Analistas esperam que partido cumpra o prometido.

Para Albino Forquilha, entendido em desarmamento e reintegração, só resta confiar na boa fé do maior partido da oposição.

"A garantia que existe, de facto, é a expressa vontade da própria RENAMO, que consta do memorando de entendimento assinado agora", diz o diretor da FOMICRES - Força Moçambicana para a Investigação de Crimes e Reinserção Social. "Em termos práticos, temos notado que há muitos soldados da RENAMO, aqueles que ainda se encontram nas matas, com vontade de depor as suas armas e seguir a sua vida normal."

Mas Albino Forquilha também está ciente de que, ainda assim, há o risco da RENAMO não entregar todo o armamento em seu poder, tal como está previsto no acordo do fim das hostilidades, assinado entre a RENAMO e o Governo em agosto passado.

O receio agora, em caso de um desarmamento mal feito, é de que, num eventual momento de tensão, tal armamento seja utilizado, tal como terá sido no último conflito.

RENAMO diz que não tem nada a esconder

Mas o principal partido da oposição considera que a estabilidade e paz não dependem do desarmamento. "A questão fundamental está no respeito mútuo entre as partes", diz o porta-voz do partido, António Muchanga, à DW África. "Quando houver respeito mútuou entre as partes, acredito que, mesmo que as armas estejam ao dispor, ninguém as vai usar."

Ao mesmo tempo, Muchanga garante que a RENAMO nunca escondeu armamento. O porta-voz do partido diz que "o armamento da RENAMO está registado e é conhecido pela ONUMOZ [a missão das Nações Unidas que monitorizou o cessar-fogo após o Acordo Geral de Paz de 1992]. As armas de 1992 já apodreceram todas, nenhuma pode disparar. Agora, as armas que a RENAMO tem são armas que arrancou às Forças Armadas quando elas atacaram os homens da RENAMO. Eles próprios sabem disso."

Por outro lado, António Muchanga nega a existência de arsenais clandestinos da RENAMO. "Temos armas que estão com os homens, que se estão a defender com elas, não há nenhum arsenal escondido aqui", diz.

Riscos

Apesar da garantia da RENAMO, a FOMICRES reconhece que há um risco do partido não vir a declarar e entregar todas as suas armas.

"Esse risco existe e estamos a contar com ele, porque os homens que estavam neste momento na zona de conflito, na província de Sofala, mas também em Nampula, Tete, Inhambane, não representam o número total dos homens da RENAMO que esperam beneficiar de alguns benefícios da paz em Moçambique", diz Albino Forquilha. "Na minha ótica, é um número muito ínfimo. Querer, de facto, criar condições para uma paz duradoura em Moçambique passa necessariamente por reconhecer que este grupo é apenas um que possa ser representante de muita gente com as mesmas preocupações."

Para supervisionar o acordo e o respetivo desarmamento, começaram a chegar à capital moçambicana, Maputo, nesta terça-feira (09.09), 23 observadores internacionais provenientes do Botswana, Zimbabué, África do Sul, Quénia, Cabo Verde, Portugal, Itália, Grã-bretanha e Estados Unidos da América. Estes irão juntar-se a outros 70 observadores nacionais, 35 da RENAMO e 35 do Governo. Mas fora a supervisão de técnicos abalizados existe a população que tem um contributo a dar, principalmente a que de alguma forma esteve próxima do conflito, lembra o responsável da FOMICRES, Albino Forquilha.

"É preciso envolver as comunidades moçambicanas porque elas sabem onde está escondido armamento. Podem ter um familiar que foi militar, que tem falado disso ou que até tem esse armamento", diz Forquilha. "Esses dados podem facilitar a planificação do próprio Estado moçambicano para este processo de reintegração mas também de desarmamento dos homens da RENAMO."

Após os acordos de paz, a população não foi envolvida no processo de desarmamento da RENAMO. Apenas agora, depois do último conflito, ela pode vir a cooperar para um desarmamento melhor sucedido.

Para que o atual acordo do fim das hostilidades seja convertido em lei serão gastos cerca de 17 milhões de dólares. O Parlamento deve aprovar nos próximos momentos a proposta de lei submetida pelo Presidente da República, Armando Guebuza, para a apreciação.

Por outro lado todo este processo de desarmamento acontece quando nem o processo de desmobilização dos homens da RENAMO começou.

Nádia Issufo – Deutsche Welle

INVESTIDORES DE ANGOLA REGRESSAM À GUINÉ-BISSAU




Angola pretende investir o equivalente a mais 385 milhões de euros na exploração dos principais minérios existentes no subsolo da Guiné-Bissau. Os governantes em Bissau apostam em Angola para ajudar na retoma económica.

A cooperação entre Luanda e Bissau ganhou um maior impulso com a tomada de posse das novas autoridades políticas guineenses. O que se aplica em especial à implantação de alguns aspectos do intercâmbio econômico no setor mineiro. É o caso da exploração de bauxite, um dos principais minérios existentes no subsolo da Guiné-Bissau.

Em entrevista à DW África Bernardo Campos, presidente da empresa Bauxite Angola, afirma que apenas se solicita às novas autoridades guineenses a garantia da estabilidade político-militar. A redução das atividades acrescentou: “Tem apenas a ver com a estabilidade que não havia. Agora sim, desenha-se um quadro de estabilidade política”. Como disse ainda Bernardo Campos, só numa situação de estabilidade política “é possível fazer investimentos de grande monta”.

Empreendimentos para servir toda a região

A empresa Bauxite Angola planeia investir na Guiné-Bissau o equivalente a mais de 385 milhões de euros no relançamento da exploração das minas de bauxite de Madina de Boé, região de Gabu, no leste do país. Bernardo Campos especifica: “Os investimentos que nós devemos fazer para o porto, caminhos de ferro, estradas e até a própria mina, poderão ser até superiores a esta cifra”.

O investidor angolano acrescenta: “Estamos a falar de investimentos intensivos que poderão alavancar a economia nacional”. Assim, por exemplo, o porto não deverá ser apenas mineiro, mas ter também um terminal comercial “para atender ás necessidades de outros países, como o Mali, um país sem saída para o mar, e também permitir a viabilidade dos projetos mineiros das proximidades” E o responsável remata: “Trata-se de empreendimentos de dimensão regional”.

Relações bilaterais remendadas

A empresa suspendeu os trabalhos devido ao golpe de Estado de 12 de abril de 2012, que depôs o Governo do então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. No entanto, segundo os responsáveis, os trabalhos no terreno nunca pararam, não obstante os problemas político-militares entre os dois países. Estes culminaram na suspensão de todos os apoios que Luanda vinha dando a Guiné-Bissau, nomeadamente na reabilitação das casernas militares, processo de reforma e modernização das Forças Armadas, fortalecimento das instituições do Estado e formação dos agentes das forças policiais.

Por seu turno, Daniel Gomes, Ministro dos Recursos Naturais, disse que até finais de dezembro o país terá todos os estudos necessários feitos para passar à prática no que toca a cooperação com Angola: “Os nossos irmãos angolanos mostraram a disponibilidade, de fato, de cumprirem desta vez, e nós vamos agora e posteriormente apresentar os estudos de rentabilidade económica e impacto ambiental, para passarmos à ação. É o desejo do Governo que isso aconteça durante esta legislatura”.

Exigência de transparência dos investimentos angolanos

O ministro Daniel Gomes realça que os acordos foram fechados num “período recorde”, ilustrando a vontade das duas partes em prosseguir. Mas, desta vez, espera-se que tudo seja bem clarificado desde o início, para não criar mais desentendimentos entre os dois países. Por isso, o ministro Daniel Gomes quer uma maior transparência da parte angolana no processo: “Estaremos atentos e aconselharemos as partes para que não haja falhas, porque, de fato, o país precisa sair da situação econômica em que se encontra. Neste quadro, Angola constitui um parceiro estratégico, mas queremos que as coisas fiquem bem clarificadas”.

Braima Darame/Bissau – Deutsche Welle

PRESIDENTE ANGOLANO PROMOVEU SUSPEITO DE HOMICÍDIO DE OPOSITORES




Um dos sete suspeitos do rapto e homicídio dos opositores angolanos Alves Kamulingue e Isaías Cassule foi promovido ao grau militar de brigadeiro. O suspeito já estava detido na altura da promoção.

Um dos sete suspeitos do rapto e homicídio dos dois opositores angolanos é António Vieira Lopes, atualmente em prisão preventiva, foi promovido a brigadeiro por um despacho do Comandante-Em-Chefe das Forças Armadas de Angola e Presidente da República, José Eduardo dos Santos, assinado em maio último.

Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram raptados na via pública em Luanda em maio de 2012 quando tentavam organizar uma manifestação de veteranos e desmobilizados contra o Governo angolano. Os dois ex-militares terão sido assassinados por agentes da Polícia Nacional e da Segurança do Estado, como anunciou a Procuradoria-Geral da República angolana em dezembro passado, quando tiveram lugar as primeiras detenções.

Face à promoção de António Vieira Lopes, o Tribunal Provincial de Luanda, que iniciara o julgamento a 1 de setembro, declarou-se incompetente para continuar com o processo, por envolver um oficial superior. Caberá agora ao Tribunal Supremo decidir se o julgamento prosseguirá nos tribunais comuns ou se passa para um tribunal militar.

"Poder político sobrepõe-se a tudo e todos"

A notícia da promoção foi muito mal recebida pelo jovem ativista angolano Mbanza Hamza, da plataforma na internet Central Angola 7311. Hamza disse à DW África que a medida anunciada pelas autoridades angolanas é a confirmação clara daquilo que muitos em Angola vêm denunciado ao longo dos últimos anos: "O poder político sobrepõe-se a tudo e todos."

"A nomeação de António Vieira Lopes foi feita enquanto ele estava na cadeia, o que indica que foi algo propositado. Eles sabiam que o processo ia chegar até esse nível e iria emperrar. Então, esse julgamento e todo o processo à volta são uma encenação", diz o ativista. "Os ditadores querem sempre encontrar uma maneira de ludibriar a opinião internacional. É isso que os preocupa. Mas nós já não nos deixamos levar."

Hamza não acredita que o julgamento dos suspeitos de rapto e homicídio termine com resultados concretos. Ele aproveita, por isso, para fazer um apelo à comunidade internacional: É preciso que o petróleo e outros interesses económicos parem de se sobrepor ao interesse pelas vidas humanas.

"Tem de haver maneira de sancionar estes atos", afirma o ativista angolano. "Nós não arredamos pé. Continuamos a fazer denúncias. Não estamos parados. Mas a comunidade internacional está. Acho que só começará a agir quando vir os seus interesses condicionados. Quando isso não está em questão, não interessa quantos morrem ou quantos direitos são violados… Angola é convidada para cimeiras…"

"Falta de vontade política"

Também para a direção da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, esta evolução conhecida agora com a promoção a brigadeiro de um dos suspeitos do homicício dos dois opositores angolanos reflete má fé das autoridades na resolução de problemas concretos que o país enfrenta. Alcides Sakala, da direção da UNITA, sublinha que o Governo de Angola deve solucionar o caso pela via dos tribunais.

"Infelizmente, perante este quadro que agora se apresenta, fica claramente manifesta a falta de vontade política para dar uma solução definitiva ao caso Cassule e Kamulingue", diz.

Crescentes atos de intolerância

Sakala alerta que a defesa e promoção da democracia em Angola estão hoje em perigo, mais do que nunca. "Estamos muito aquém destes grandes objetivos que visam a democratização do nosso país numa altura em que continuamos a ouvir declarações menos abonatórias para o processo de reconciliação nacional. Ainda temos um caminho muito longo a percorrer numa altura em que também se multiplicam atos de intolerância", diz.
Alcides Sakala denuncia as "posições musculadas" de alguns dirigentes do partido no poder, o MPLA, que encorajam esse clima de intolerância. O responsável apela à calma e serenidade em nome da reconciliação nacional.

"É preciso dialogarmos e que se pare com esta postura musculada porque se o MPLA diz que ganhou a guerra não haveria razão para ter novamente esta postura de violência, de provocações, destruição de infraestruturas da UNITA, destruição de bandeiras e prisões arbitrárias um pouco por todo o lado", afirma.

António Rocha – Deutsche Welle

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Brasil – Eleições: Mesmo maioria, negros "desaparecem" na campanha eleitoral



Afropress, com informações do Instituto Patrícia Galvão

S. Paulo – Embora estejam ausentes dos debates e da propaganda eleitoral dos presidenciáveis, os negros brasileiros são a maioria do eleitorado nas eleições de 05 de outubro, segundo análise da socióloga e especialista em pesquisa de opinião Fátima Pacheco Jordão, a partir de dados dos institutos Ibope e Datafolha.

Os dados estão nas análises "Gênero e Raça nas Eleições Presidenciais 2014: A força do voto de mulheres e negros”, realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Data Popular, Ibope e Data Folha.

No caso das mulheres elas superam em 6 milhões o número de eleitores homens (74.459.424 mulheres para 68.247.598 homens) – o equivalente a 52% do eleitorado. Em relação aos negros, eles representam 55% do eleitorado (47% pardos e 8% de pretos). Os brancos representam 44% do eleitorado e os amarelos 1%.

Os eleitores que se autodeclaram negros passam de 78 milhões (78,5 milhões), contra 62,8 milhões de brancos – 15,7 milhões a mais.

Quanto ao desempenho dos principais candidatos, a presidente Dilma Rousseff (PT) mantém-se em situação de empate técnico com a presidenciável Marina Silva no eleitorado feminino (24% a 21% no voto espontâneo. No voto estimulado Marina (PSB) tem 35% contra 33% de Dilma. Aécio (PSDB) tem 7% no voto espontâneo e 14% no voto estimulado.

Entre os negros, porém, Dilma lidera: 29% contra 23% de Marina no voto espontâneo e 40% a 32% no voto estimulado. Aécio tem 8% no voto espontâneo e 12% no voto estimulado.

Maiorias

Segundo a socióloga “há importantes novidades nesta eleição, que são as 6 milhões de mulheres a mais que homens e a maioria de eleitores autodeclarados negros". Ela acrescenta que o outro destaque é o crescimento da intenção de voto em candidatas mulheres: “Saltou de 60% para 69% essa manifestação de voto, quem em números absolutos dá algo próximo a 13 milhões a mais de pessoas que passaram a declaração intenção de votar numa mulher. É um crescimento considerável para nossa sociedade”, afirma.

A especialista também lembra que 37% do eleitorado feminino ainda não definiu se vai votar em alguém e, em caso positivo, em qual candidata ou candidato. “Os dados mostram como o eleitorado ainda está avaliando e, nesse quadro, as mulheres continuam levando mais tempo para definir seu voto. Assim como nas eleições anteriores, o voto feminino continua sendo um voto mais reflexivo”.

Negros

Com relação ao eleitorado negro, Fátima Pacheco Jordão, afirma que a população negra brasileira cada vez mais se reconhece na sua identidade racial. “A autodeclaração é uma questão de identidade enquanto cidadão e cidadã”.

A socióloga também destacou a ausência dos temas de interesse da população negra na campanha: “Chama a atenção o distanciamento dos autodeclarados pretos em relação ao programa, que pode ser explicado pelo fato de a questão racial não aparecem com ênfase nas campanhas. A não ser na exibição de alguns e algumas modelos negros ou negras, a população não se vê representada nos programas”, afirma.

Crédito: Gráficos do Estudo "Gênero e Raça nas Eeições - Eleição Presidencial 2014: um olhar sobre a força do voto de mulheres e negros - http://agenciapatriciagalvao.org.br/wp-content/uploads/2014/09/GeneroeRacanasEleicoes05set2014FINAL.pdf 


Brasil – Eleições: MARINA E OS PROFETAS DO DESESPERO



Rui Martins* – Correio do Brasil, em Direto da Redação

A candidata Marina Silva à presidência, dada como vencedora no segundo turno, é evangélica. Embora as patroas da burguesia prefiram empregadas domésticas evangélicas, por serem humildes, por não roubarem e não mentirem, essas singelezas e essa ingenuidade, num mundo de vivos e de espertos, não parecem ser bons atributos quando se fala em trocar o limpar o chão, lavar a roupa e cuidar de casa, pela tarefa de cuidar do país.

Adhemar de Barros e Salim Maluf nunca tiveram vergonha de apregoar estar a função pública ligada direta ou indiretamente ao uso do erário público, porém, o homem público devia ser, ao mesmo tempo, ativo e fazer o máximo de viadutos, túneis, escolas, hospitais, mesmo porque essas obras seriam geradoras de novas comissões. Em teoria geral da administração pública, essa teoria desenvolvimentista tem o nome “rouba mas faz”. E, segundo consta, merece um capítulo especial na cartilha dos partidos políticos brasileiros.

Não sei se cabe a Adhemar de Barros a honra de ter criado esse “modus operandi” na política, tão logo o Brasil saiu da ditadura de Vargas, mas consta ter sido um mestre e especialista na matéria, mesmo porque exercia sua teoria no Estado mais rico da Federação. Nunca teria imaginado que sua teoria, bem prática na verdade, seria mais importante no Brasil que o keynesianismo, marxismo ou neoliberalismo.

Entretanto, sua teoria nunca teria chegado ao currículo dos cursos universitários de política e administração, se não fôsse ter provado sua utilidade e ter mesmo obtido a aprovação pública pelo voto da população, lesada mas contente, por um fiel seguidor, Salim Maluf, cujo mérito é o de ter provado a eficácia da teoria como governador e como prefeito, transformando-a numa ideologia.

E tão excelente se mostrou o uso e a prática dessa teoria e ideologia do “rouba mas faz” desenvolvimento, que os próprios partidos e homens de esquerda decidiram dela se servir, numa maneira indireta de receberem seus merecidos honorários pelo tempo dedicado à causa e à coisa públicas. E igualmente para convencer políticos adversários a votarem nos seus projetos em benefício do povo.

Entretanto, apesar daquilo que nossos avós chamavam de uma maneira chula de “meter a mão” ter assumido a beca universitária e ser considerado como uma justa retribuição aos parlamentares e executivos (ameaçados de enfartes por ficarem tão tempo sentados nas câmaras municipais a federais), restou no dicionário uma palavra substitutiva do substantivo popular “ladrão”, posto em desuso. Apesar dos exaustivos esforços de prosadores e linguistas, surge vez ou outra nos jornais, açulados nas brigas de partidos contra partidos, a palavra “corrupto” com derivados como “corrupção”. E o povo, mesmo anestesiado pelo futebol e telenovela, não gosta do som dessa palavra, pois para eles, “meter a mão” dá prisão mas “corrupção” entre políticos só raramente leva à prisão.

O êxito da teoria e ideologia da corrupção como forma de governo chega a ganhar adeptos até entre pessoas incapazes de encherem seu próprio bolso. Dotados de altos preceitos morais, não vêem mal algum em corromper os já corruptos para encher os cofres do seu partido, que assim poderá fazer uma melhor campanha eleitoral. De acordo com professores dessa matéria, na Universidade de Brasília, essa ideologia se tornou tão corriqueira que certos parlamentares condicionam seus votos a projetos a certos benefícios pagos à vista e não mais em cargos ou influências, por considerarem o pagamento à vista mais rápido, direto e pessoal.

Como toda boa descoberta, essa ideologia do desenvolvimento capaz de provocar maiorias nas votações de projetos, tem um defeito – seu custeio. O excesso de comissões acaba impedindo se fazer muita coisa e encarece tudo quanto é obra e construção. Ou seja, nela está seu próprio veneno.

Mas, enfim, qual a relação dessa ideologia tão bem acolhida mesmo pelos partidos de esquerda (ninguém é de ferro!) com a candidata evangélica Marina Silva ? O risco é o dessa mulher franzina, mas de enorme força de vontade, querer ser como as empregadas domésticas e aplicar na prática um dos dez mandamentos recebidos por Moisés, no Sinai, bem explícito – “Não furtarás”. Uma decisão dessas, seria capaz de provocar uma verdadeira crise política inédita no Brasil.

É essa a razão, sem dúvida, de tantos profetas do caos em pleno desespero, pedindo pelo amor de Deus para não votarem em Marina – do que irão viver se fecharem as torneiras do pipeline da Petrobrás ?

*Rui Martins, jornalista, escritor, editor do Direto da Redação.

Brasil - Eleições: PT PERDE GOVERNOS NOS MAIORES COLÉGIOS ELEITORAIS



Leandro Mazzini, Brasília – Correio do Brasil

Não é só a presidente Dilma que corre o risco de derrota na eleição deste ano, como indicam as pesquisas. Com exceção de Minas, o PT anda em baixa nos maiores colégios eleitorais do País, o que pode enfraquecer a legenda para as disputas municipais de 2016 e para presidente em 2018. 

Em São Paulo e Rio, não decolaram as candidaturas deAlexandre  Padilha  e  Lindbergh Farias,  em  3º  e  4º  lugares.  Na  Bahia,  Rui  Costa,indicado por Jaques Wagner, está bem atrás de Paulo Souto (DEM). No Rio Grande doSul, Ana Amélia (PP) deve desalojar o governador Tarso Genro.

Com Equipe DF e SP

Leia agora, diariamente, na Edição Digital do Correio do Brasil, esta e outras notícias do colunista Leandro Mazzini, na Coluna Esplanada.

NO RIO DE JANEIRO, GRITO DOS EXCLUÍDOS É MARCADO POR VIOLÊNCIA POLICIA




No último domingo (7) ocorreu a vigésima edição do ato Grito dos Excluídos. Segundo a organização, o protesto que acontece no dia da Independência do Brasil, contou com 700 pessoas, entre integrantes de sindicatos, associações de moradores, movimentos estudantis e partidos políticos.

Neste ano, o eixo de atuação do Grito no estado do Rio de Janeiro foi a luta pela desmilitarização da polícia e o fim do genocídio do povo negro. Durante a caminhada no Centro da cidade houve confronto entre manifestantes e Policiais Militares (PM) e quatro pessoas foram presas.

As agressões vindas da PM atingiram também profissionais da imprensa. Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, um repórter e dois fotógrafos foram alvo de golpes de cassetete e spray de pimenta. De acordo com a entidade, um ofício foi encaminhado à Secretaria Estadual de Segurança Pública para exigir uma apuração a respeito da violência contra os jornalistas durante o ato. (pulsar)

Na foto: Repórter fotográfico Alexandro Auler é atingido por jato de spray de pimenta durante o ato. (foto: reprodução)

Pulsar Brasil

PT DEIXOU-SE ENGOLIR PELOS BRASILEIROS DA OI…




A FRASE

Aqueles que extraíram valor da PT durante anos, deram-lhe esta segunda-feira o golpe final e fatal. Mais uma vez a pensarem no seu bolso, a curto prazo. A empresa portuguesa de telecomunicações que um dia pôde ter a ambição de ser uma companhia global, deixou-se engolir pelos brasileiros da Oi com o apoio do Governo de Dilma, enquanto em Lisboa, o Governo assiste com indiferença ao colapso de uma companhia que poderia fazer a diferença na investigação e desenvolvimento em Portugal.

RTP - “A Frase” de Garrido, Negócios

Epidemia de Ébola já provocou 2.288 mortos, perto de metade nos últimos 21 dias




A febre hemorrágica Ébola matou 2.288 pessoas, em 4.269 casos registados até 06 de setembro nos três países africanos mais afetados, segundo um balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado hoje.

Perto de metade das mortes (47 por cento) e dos casos de infeção pelo vírus do Ébola (49 por cento) registaram-se nos 21 dias anteriores aquela data, indicam as estatísticas da OMS.

A agência das Nações Unidas refere que, além dos 2.288 mortos na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, morreram outras oito pessoas na Nigéria, de 21 casos, e foi confirmado um doente no Senegal.

Lusa, em RTP

Portugal: E ELE AINDA EXIGE BENEFÍCIO DA DÚVIDA



Ferreira Fernandes – Diário de Notícias, opinião

Paulo Bento disse: "Se no final da primeira jornada colocamos já tudo em causa, não me parece que seja o melhor caminho." Mas não o disse na posição em que devia: escanhoando-se, frente ao espelho e com a vergonha dos profissionais que sabem ter falhado tanto. Patrão de uma equipa que a FIFA coloca em 11.º lugar do ranking mundial, Bento perdeu em casa com a Albânia, do 70.º lugar. Um ranking não é ciência exata, viu-se em Aveiro, mas também não tem a consistência de ovos-moles. Entre Portugal e a Albânia estão todos os adversários que nos tocam no apuramento para o Europeu 2016. Quer dizer, começámos por perder, e em casa, com os mais fracos. Por isso é legítimo que, logo na "primeira jornada", a crítica seja dura. E é cedo, sim, que se deve malhar porque perante o descalabro é necessário pôr "tudo em causa". Não foi só o resultado. Com bons e razoáveis jogadores, ele, em vez de uma equipa, fez uma tropa fandanga. Quando se perde com a Albânia, e em casa, o mínimo a esperar de um treinador é que diga: "Não me parece que seja o melhor caminho." Mas que o diga a si, não às críticas. Aliás, o mérito de se atacar cedo não devia ser preciso explicar a Paulo Bento, mestre de atacar até antecipadamente: ele ainda não tinha dado provas no Mundial e já assinara um contrato para o Europeu. Pior para ele e para nós, de incompetente comprovado vai a caminho de ser incompetente insistente.

Portugal: PSD foi o partido que mais tempo governou nas câmaras falidas



Pedro Rainho – jornal i

Nas 19 autarquias em crise, PSD venceu 95 eleições desde 1976. Socialistas surgem logo a seguir, com 90 mandatos conquistados

Jaime Marta Soares saiu da Câmara de Vila Nova de Poiares a garantir que não tinha quaisquer responsabilidades na situação financeira do município. Esteve lá 40 anos. Mas o social-democrata é apenas um exemplo da responsabilidade dos dois principais partidos na situação de iminente ruptura de 19 autarquias do país - dos 209 mandatos sufragados desde 1976 nas câmaras em ruptura iminente, PS e PSD governaram 90% do tempo.

O i analisou os resultados eleitorais nas duas centenas de municípios a braços com uma dívida que está, no mínimo, 300% acima da receita média anual dos últimos três anos. PSD e PS são os principais responsáveis pela bancarrota em que as câmaras municipais mais endividadas do país se encontram. Somados entre si, os dois partidos conquistaram o poder 185 vezes.

No Cartaxo, Renato Campos esteve cinco mandatos aos comandos do município (entre 1976-1993). No mesmo período, Martim Pacheco Gracias (também do PS) dirigiu a Câmara de Portimão, para, depois de um intervalo, ser Manuel da Luz a dar continuidade ao mandato. José Soares Miranda dominou o município de Fornos de Algodres durante 16 anos, José Barbosa Carneiro esteve 20 anos no Nordeste (Açores) e Arménio Pereira passou outros 16 anos em Paços de Ferreira. Todos eles eleitos pelo PSD.

Jorge Correia e Eduardo de Brito dividiram o poder em Seia durante 33 anos, até 2009. Carlos Almeida chegou a Celorico da Beira em 1976, pela mão do CDS. Reeleito pela Aliança Democrática nas autárquicas seguintes, só em 1993 deu o lugar ao PS, depois de mais três mandatos ganhos com as cores do PSD. Júlio Santos agarrou o leme durante três mandatos (o último já pelo Partido da Terra), e José Monteiro chegou em 2005 para reclamar para as hostes socialistas os três últimos mandatos.

A corda financeira rebentou nesta legislatura, quando o governo anunciou o Fundo de Apoio Municipal (FAM). As autarquias com maiores dificuldades em responder ao passivo acumulado (ver quadros ao lado) foram encostadas à parede e o recurso ao fundo tornou-se quase inevitável. Nestes 20 casos, a dívida total rondará os 650 milhões de euros. É esse o bolo com que o executivo vai compor o FAM, dando aos municípios sete anos para dispensar metade desse valor, uma vez que a contribuição se faz em proporções iguais entre o poder local e o Estado central.

E a lista de responsáveis continua. Em Castanheira de Pêra, Júlio Henriques, Pedro Henriques e Fernando Lopes foram--se sucedendo na liderança do município, que só entre 1989 e 1993 esteve nas mãos de Viriato Oliva (PSD). Na Nazaré, depois de cinco mandatos socialistas, Jorge Barroso reclamou a autarquia para o PSD, governando o município durante 20 anos, até à limitação de mandatos, entre 1993 e 2013. A lista de endividadas estende-se de norte a sul do país, e nem as regiões autónomas escapam.

PARTIDOS, INDEPENDENTES E COLIGAÇÕES PS e PSD abarcam a esmagadora maioria dos mandatos, mas houve outras forças com responsabilidades governativas ao longo destes anos, ainda que fiquem a milhas dos dois partidos. A Aliança Democrática (PSD, CDS e Partido Popular Monárquico) no governo teve também o seu momento no poder local.

A CDU governou durante cinco mandatos em duas autarquias (Vila Real de Santo António, entre 1993 e 1997, e Alandroal, onde reconquistou o poder nas eleições de Setembro do ano passado). Tal como a APU (Aliança Povo Unido). Durante uma década, os comunistas governaram em Vila Real de Santo António e no Alandroal.

O CDS passou por Alfândega da Fé e Celorico da Beira, ambas as experiências logo em 1976. Nos dois casos, os centristas concorreram sozinhos e conquistaram o poder. Da lista de partidos com "cadastro" nas câmaras falidas estão também o Movimento Partido da Terra, a União Democrática Popular, a Frente Eleitoral Povo Unido e o movimento de cidadãos xiv (todos com um mandato disperso por três concelhos diferentes).

Paços de Ferreira

Começou em 1982 e, daí em diante, oPSD foi renovando maiorias absolutas no concelho, a mais expressiva das quais nas eleições seguintes (1985), com 61,07%. Em 2013 passou para a influência do PS

Aveiro

Só em 2013 o PS conquistou a câmara ao PSD, ainda que as vitórias social-democratas nunca tenham ido além dos 43%. A câmara está na falência, mas, de 2012 para 2013, a taxa de IMI foi reduzida quase 65%

Nazaré

As responsabilidades pela situação financeira repartem-se em 70% para o PS, 30% para o PSD. A câmara foi socialista até 1997. Depois virou social-democrata e, em 2013, voltou à origem

Vila Nova de Poiares

Jaime Marta Soares (PSD) chegou quando a localidade tinha “22 casas em volta da igreja”. Construiu, modernizou e, no ano passado, saiu com um passivo de 20 milhões. O PS chegou nessa altura ao poder

Castanheira de Pera

O PS chegou a ter quase 74% dos votos (1997) e as vitórias só se tornaram menos expressivas nas últimas duas eleições. Pelo caminho também houve tempo para um mandato do PSD

Fornos de Algodres

Só deu PSD durante quase 40 anos. O melhor resultado de sempre foi conseguido pela AD, em 1979: 76,01%. Em 2013, a câmara foi conquistada pelo PS

Santa Comba Dão

O bloco central seca tudo o que há à volta no concelho. O executivo foi alternando entre o PS e o PSD em nove mandatos. Nos outros dois, o CDS chegou à câmara através da AD

Cartaxo

A par de Portimão, o Cartaxo só deu PS, em quase 40 anos de poder local. Ainda assim, em três eleições os socialistas ficaram afastados da maioria absoluta

Portimão

Quase 65% das receitas do município eram provenientes de impostos e taxas, no final do ano passado. O bastião socialista variou entre os 30,05% (2013) e os 55,49% (2009), sempre para o PS

Alfândega da Fé

Azul, laranja e rosa. CDS, PSD e PS. Todos estiveram no poder, mas nenhum dos partidos do bloco central arrancou uma vitória como a dos centristas em 1976: 65,61% dos votos

Celorico da Beira

A vitória conseguida pelo MPT em Celorico, em 2001, é das poucas nuances nas autarquias falidas. De resto, o poder esteve nas mãos do PSD, da AD e do PS, a que coube o melhor resultado, um pouco abaixo dos 46,81%

Fundão

Com 64,3% dos votos, foi o PSD que arrancou a maior vitória no concelho (2005), desde 1976. O passivo do município era, no ano passado, de quase 50 milhões de euros

Alandroal

Pela autarquia passaram FEPU, APU, CDU, PS e os independentes do XIV. Mas, excepção para os socialistas, foi o PCP que geriu as finanças da única autarquia alentejana da lista

Vila Real de Santo António

É das autarquias com resultados mais diversificados. O PS deu lugar à APU, que cedeu novamente posição ao PS antes de receber o PCP. O PS ainda voltou, mas desde 2005 que só dá PSD

Freixo de Espada à Cinta

A AD esteve aqui. Foi em 1982 e não se repetiu, com a extinção em 1983. Antes, como depois da Aliança, o PSD e o PS foram dominando alternadamente o executivo

Seia

A hegemonia socialista só foi quebrada – e durante um único um mandato – entre 1989 e 1993. E isso só aconteceu porque o presidente se mudou do PS para o PSD

Açores - Nordeste

A onda laranja na Câmara do Nordeste só esmoreceu nas últimas eleições autárquicas. Nordeste era, em 2013, o município com menor independência financeira do país

Vila Franca do Campo

Em 2009, o PSD deu lugar ao PS. Para a história política ficam os mais de 70% de votos em 1989 e 1993. No capítulo financeiro destacam-se os 9,5 milhões de euros cobrados em impostos pelo município, em 2013

Madeira - Machico


A UDP teve uma passagem efémera na Câmara de Machico. Foi sobretudo o PSD que controlou o rumo da autarquia, com sete mandatos contra os três dos socialistas.

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Portugal – Ensino: OCDE confirma alertas de reitores sobre financiamento




O Conselho de Reitores defendeu hoje que o relatório da OCDE, que coloca Portugal abaixo da média no financiamento do ensino superior, confirma uma situação para a qual as instituições têm alertado e que entretanto já se agravou mais.

O relatório anual sobre educação realizado pela OCDE – ‘Education at a Glance 2014’ -- revela que Portugal destina apenas 3,66% do seu PIB à Educação, ficando abaixo da média dos 34 países da OCDE (3,85%).

Além disso, em Portugal, o investimento por cada aluno que frequenta o ensino superior ronda os 7.727 euros, enquanto a média dos 34 países da OCDE é de quase 11 mil euros. Também o financiamento nacional fica abaixo da média dos 21 países da União Europeia, que se situa nos cerca de 10.500 euros por aluno.

"Estes dados dizem respeito à situação em 2011 e o Conselho de Reitores tem apontado o agravamento dessa situação ao longo destes anos seguintes -- 2012, 2013 e 2014 -- e, por isso, isto confirma, do ponto de vista de uma entidade independente, as nossas preocupações com o financiamento do ensino superior em Portugal", alertou o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, em declarações à Lusa.

O ‘Education at a Grance 2014’ mostra ainda que quando se contabiliza o investimento por aluno tendo em conta o ensino mas também a investigação realizada nas instituições o orçamento por aluno em Portugal continua muito abaixo da média da OCDE (quase 7.500 euros) e da União Europeia (cerca de 6.700 euros). Em Portugal, o valor atribuído é de cerca de quatro mil euros.

Outro dos assuntos abordados no relatório da OCDE prende-se com o modelo de financiamento das instituições de ensino superior e os apoios dados aos estudantes: Portugal surge no grupo onde as propinas são baixas e os alunos têm pouco apoio financeiro.

O ‘Education at a Grance’ sublinha o modelo aplicado nos países nórdicos - Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia - onde os alunos têm "generosos" sistemas de apoio e o ensino não representa qualquer custo para o aluno.

No entanto, a OCDE alerta para o facto de alguns daqueles países ter decidido, na última década, aplicar propinas aos alunos estrangeiros.

De acordo com o relatório da OCDE, esta medida poderá afastar novos alunos. Em Portugal, as instituições preparam-se também para começar a aplicar propinas mais elevadas para os estudantes estrangeiros.

"Em Portugal nós estamos neste momento a iniciar a abertura para os estudantes internacionais e com certeza que temos de olhar para esse mercado de uma forma sensata", afirmou António Rendas, sublinhando que o valor a aplicar terá de ter em conta as condições de qualidade de investigação e formação assim como a qualidade de acolhimento dos estudantes.

Para António Rendas, este é um problema que ainda não se coloca em Portugal, até porque o presidente do CRUP acredita que as instituições de ensino superior irão receber "muitos" estudantes internacionais.

Este relatório anual analisa os sistemas de ensino de 44 países: além dos 34 membros da OCDE são estudados outros dez países - Brasil, Rússia, Argentina, China, Colômbia, India, Indonésia, Letónia, Arabia Saudita e Africa do Sul.

Lusa, em Notícias ao Minuto

OBAMA, A MÁSCARA DO FARISEU




Assente a poeira do tempo atual, o que ficará na Historia da passagem pelo poder de Barack Obama no início do século XXI quando o fim da hegemonia dos EUA começava a ser transparente?

Creio que a imagem do homem e do estadista será muito negativa. Admito que será responsabilizado pelas gerações futuras no mundo e no seu próprio país pelo agravamento de uma estratégia imperial criminosa que empurrou a humanidade para uma crise civilizacional que ameaça a sua continuidade.

Miguel Urbano Rodrigues

Mas nestes dias, nos países da União Europeia, a imagem de um Obama inexistente foi tão profundamente assimilada por milhões de pessoas, de Lisboa a Budapeste, de Londres a Varsóvia, que é muito difícil persuadir a maioria de que o atual presidente dos EUA é o oposto do cidadão exemplar a quem a Academia de Oslo atribuiu o Prémio Nobel da Paz.

Uma campanha massacrante, de âmbito mundial, fabricou e difundiu a imagem de um Obama disposto a mudar quase tudo nos EUA e a promover a paz no mundo, um político de matizes revolucionários.

O senador Barack Obama chamou a atenção ainda jovem por ser um homem muito inteligente, ambicioso, grande orador. Candidato pelo Partido Democrata soube, em plena crise, capitalizar o descontentamento da maioria do eleitorado, com um discurso progressista que sintetizou as aspirações dos mais pobres, da classe media, duramente atingida pelo escândalo dos subprimes, das minorias raciais. Atacou Wall Street, responsabilizou os bancos e as grandes transnacionais, pelos sofrimentos das vítimas da engrenagem. A sua famosa frase yes, we can (sim, nós podemos) as admoestações ao Congresso, as denúncias da corrupção na burocracia de Washington, as críticas às guerras do Iraque e do Afeganistão, a promessa de uma política diferente, orientada para a Paz foram decisivas para a grande vitória eleitoral que alcançou.

Uma onda de esperança varreu os EUA.

O fato de ser negro contribuiu também para que os intelectuais progressistas, incluindo muitos comunistas, admitissem que o país poderia estar em vésperas de uma viragem.

Entretanto, para surpresa da maioria, a sua campanha foi generosamente financiada pelo grande capital. Wall Street conhecia o homem; as suas críticas e promessas e a sua oratória populista não impressionaram a Finança.

Os senhores do capital agiram com inteligência.

Instalado na Casa Branca, Obama esqueceu, engavetou ou violou a maioria dos compromissos assumidos.

Não encerrou o Presidio de Guantánamo, manteve legislação repressiva de Bush, promulgou uma lei que na prática autoriza a tortura e outra sobre a prisão de suspeitos de ligação com presumíveis terroristas (diploma que no dizer de Michel Chossudovsky confere ao Estado um caráter totalitário), e chamou para o governo e cargos da sua confiança políticos e economistas intimamente ligados à engrenagem de Wall Street.

UMA POLITICA EXTERNA IMPERIAL E AGRESSIVA

A nomeação de Hillary Clinton para o Departamento de Estado foi o prólogo de uma política internacional profundamente reacionária.

A esposa do ex-presidente conseguiu o que se tinha por impossível. Imprimiu à sua ação um estilo mais agressivo e belicista do que o de Condoleeza Rice.

Obama apoiou a sua defesa do sionismo, as suas críticas desabridas à China, a sua indisfarçável hostilidade ao mundo islâmico.

Uma das primeiras decisões estratégicas do Presidente foi o envio de mais de 100 000 militares para o Afeganistão. Não hesitou em apresentar como prioridade a vitória na guerra de agressão ali iniciada por Bush filho. O resultado negou o projeto. Posteriormente, o fracasso de sucessivas ofensivas - dois comandantes regionais foram demitidos - desembocou no compromisso de retirar todas as tropas estadunidenses ate final de 2014. Mas, afinal, vão ali permanecer muitos milhares de soldados.

Hoje, as forças que combatem no país os ocupantes norte-americanos e a OTAN controlam quase todo o território com exceção de Kâbul e das principais cidades.

Quanto à produção de opio aumentou muitíssimo desde a invasão em 2001.

A agressão à Líbia, também concretizada invocando a defesa dos direitos humanos e o amor pela liberdade e a democracia, foi na realidade uma guerra imperial, preparada com antecedência com características genocidas. De acordo com o projeto, viabilizado pelo Conselho de Segurança da ONU, o seu desfecho após a destruição do país e o assassínio de Muamar Khadafi seria um "regime democrático", tutelado por Washington, pelos aliados da União Europeia e pelas grandes empresas petrolíferas.

Mas as coisas não correram de acordo com o desejo de Obama.

Os governos fantoches instalados pelos ocupantes perderam rapidamente o controlo do país. A situação existente é anárquica, com diferentes milícias envolvidas em combates fratricidas. A desordem atingiu tais proporções que uma dessas milícias tribais ocupou em Trípoli edifícios da Embaixada dos EUA cujo pessoal diplomático havia prudentemente abandonado o país.

No Iraque, uma campanha estrondosa anunciou ao mundo que, cumpridos os objetivos da invasão do pais, e instalado em Bagdá ´"um regime democrático estável", os EUA, honrando uma promessa, tinham retirado, finalmente todas as tropas de combate.

Outra mentira grosseira. Dezenas de milhares de mercenários, controlados por empresas mafiosas dos EUA, substituíram as forças do Exercito.

A situação em Bagdá e nas províncias é caótica. As últimas eleições, como as anteriores, foram uma farsa. Mas a recusa do primeiro-ministro Nouri Al Malik em abandonar o poder gerou uma crise, marcada por cenas próprias de um teatro de absurdo que só findou com um ultimato de Washington. A violência é endémica em todo o território.

Na Síria, Obama tentou repetir, recorrendo a um método diferente, a "operação" desestabilizadora que na Líbia tinha por objetivo o derrubamento do regime.

A fase inicial foi uma campanha mídiática montada a nível mundial para demonstrar que o país estava submetido a uma feroz ditadura. O presidente Bashar al Assad foi demonizado, apresentado como um monstro responsável por crimes contra a humanidade.

A segunda fase foi o desencadeamento de uma "rebelião". Grupos de mercenários, armados e financiados pelos EUA, por Israel e pela Turquia, atacaram o exército, destruíram instalações públicas, ocuparam cidades e aldeias.

Crimes cometidos pelos "rebeldes" foram atribuídos pelos governantes e pela mídia dos EUA e da União Europeia às forças armadas sírias.

Obama chegou a anunciar num discurso inflamado, que tomara a decisão de bombardear a Síria para instalar no país a democracia e as liberdades.

Mas o contexto diferia do líbio. A grande maioria do povo sírio e o seu exército infligiram severas derrotas às organizações terroristas, tuteladas por Washington. E a firmeza da Rússia forçou Obama a recuar.

Essa derrota política coincidiu com outra. O governo norte-americano, que semanas antes multiplicava as ameaças ao Irã, e aprovava pacotes de sanções por Teerã não ceder às suas exigências, mudou subitamente de tática e discurso e decidiu abrir negociações com o governo do presidente Hassan Rohani.

OBAMA E O CAOS UCRANIANO

Numa demonstração de irresponsabilidade, Barack Obama tomou iniciativas na frente europeia que agravaram as relações com a Rússia, já muito tensas, no momento em que no Oriente Médio acumulava derrotas.

O cenário escolhido para o confronto foi à Ucrânia. Não soube extrair lições do fracasso georgiano.

Tudo começou no início de Fevereiro com manifestações em Kiev tendentes a desestabilizar o país. Na Praça Maidan grupos paramilitares, financiados pela CIA provocaram distúrbios, assaltaram ministérios, destruíram edifícios públicos, entraram em choques armados com a polícia.

Washington atingiu o objetivo. O presidente legítimo, Viktor Ianukovich - aliás, um aventureiro corrupto, tal como a ex. primeira ministro Timochenka, da ultradireita - foi deposto a 24 de Fevereiro.

Uma Junta de políticos fascistas, criada ad hoc, assumiu interinamente o governo do país.

Os EUA festejaram, e eleições promovidas a correr, levaram à Presidência o multimilionário Petro Poroshenko, conhecido pela alcunha de "rei do chocolate".

A farsa democrática foi recebida com reservas por alguns dos aliados europeus dos EUA.

Ficou claro que o Parlamento e a Junta são controlados por partidos de extrema-direita, alguns dos quais exibem com orgulho símbolos nazistas. A caça aos comunistas foi oficializada.

Ucranianos que lutaram nas SS hitlerianos contra a União Soviética são agora guindados a título póstumo a heróis nacionais.

No leste do país, em províncias onde a maioria da população é russófona, a resistência encontrada pelo governo fantoche de Kiev foi imediata e firme. Exigiam garantias de uma ampla autonomia.

Poroshenko não soube extrair dos acontecimentos da Crimeia, as conclusões que se impunham.

Com o aval de Washington e confiando em promessas de uma ajuda financeira generosa, garantiu que iria submeter os "rebeldes" em poucos dias.

A bravata foi logo desmentida. As ofensivas do exército de Kiev, apoiadas por brigadas de voluntários que se assumem como nazistas e anti russos, foram derrotadas.

A própria imprensa dos EUA reconhece que a deserção de solados e oficiais é maciça.

No momento em que escrevo - início de Setembro - a situação militar, politica, econômica e social é catastrófica.

Os insistentes apelos para ajuda militar e o pedido de ingresso na ORAN, formulado pela Junta, expressam bem o desespero da camarilha instalada no poder.

As declarações do presidente dos EUA e do secretário de Estado John Kerry - um republicano muito conservador e de mediocridade inocultável - deixam transparecer a confusão existente em Washington.

Obama esclareceu que no momento não tem uma estratégia definida para a região.
Não pode confessar que todas as opções são negativas.

Os EUA reforçaram a presença militar nas repúblicas Bálticas e na Polônia e vão instalar cinco novas bases militares nos países do Leste. Simultaneamente, a União Europeia escolheu para presidente do seu Conselho de Ministros, como sucessor do belga Rompuy, o polaco Donald Tusk, um anti russo assumido que na juventude militou no Solidarnosc de Lech Walesa.

Mas as arrogantes ameaças de Obama à Rússia são na realidade tiros de pólvora seca. As sanções prejudicam, sobretudo a União Europeia.

O presidente sabe, aliás, que as acusações de participação de unidades militares russas nas províncias separatistas ucranianas são falsas.

Os generais do Pentágono consideram impensável o envolvimento dos EUA na Ucrânia numa guerra convencional contra a Rússia. E o recurso a armas nucleares, mesmo táticas, seria provavelmente o prólogo de uma tragédia planetária.

A desorientação que se instalou na Casa Branca, no Pentágono e no Departamento de Estado justifica-se.

No auge da crise da Ucrânia, a situação existente no Iraque e na Síria agravou-se perigosamente.

A proclamação do Califado em territórios do Crescente fértil por uma seita jihadista que se auto intitula Estado Islamico-EI desencadeou o pânico em Washington e nas capitais europeias. Surgindo repentinamente como vendaval de violência, essa organização de jihadistas fanáticos, liderada por Abu Bakr Al Baghadi (que afirma ser descendente do profeta Maomé) ocupou em poucas semanas uma área do Nordeste da Síria e quase um terço do Iraque. Infligiu derrotas demolidoras ao exército iraquiano e invadiu territórios do Curdistão autónomo, aliado dos EUA.

A situação, tal como se apresenta lembra uma tragicomédia.

Reagindo ao SOS lançado pelo novo primeiro ministro de Bagdá, Haida al Abadi, homem de confiança da Casa Branca, os EUA decidiram realizar bombardeamentos cirúrgicos, alegando agiam para evitar o extermínio dos Yazidis, uma minoria de religião pré-islâmica (serão no máximo uns 300 000) com rituais do mazdeísmo persa.

Omitiram a mídia que os Yazidis foram bombardeados em 2007 em circunstâncias mal esclarecidas e que na época o governo dos EUA ignorou o assunto.

Obama informou, entretanto, que os EUA não enviarão tropas terrestres para a região.

Os monstruosos atos de barbárie praticados pelo Estado Islâmico - já degolaram dois jornalistas americanos - provocaram a justa indignação de milhões de muçulmanos em todo o mundo. Os governos do Irã e da Síria tornaram pública a sua disponibilidade para combater os criminosos do fantasmático Califado.

A posição dos EUA, enfrentando uma situação de pesadelo, inimaginável há poucos meses, é, portanto, mais do que incómoda, dilemática. Todas as possíveis opções - repito - são negativas.

Não podem aceitar a ajuda militar da Síria, do Irã e de outros Estados inimigos que definem como terroristas e formam aquilo a que chamam "o eixo do mal".

Não podem também reenviar tropas da US Army para o Iraque depois de terem utilizado a sua retirada do país como prova do cumprimento da sua missão "democrática e civilizadora".

O que fazer então?

Barack Obama não tem resposta para a pergunta.

Acredito que os historiadores que identificam na Historia a mãe das ciências chegarão no futuro à conclusão de que o Obama foi o mais nocivo, hipócrita e perigoso para a humanidade de todos os Presidentes do país.

Vila Nova de Gaia, 3 de Setembro de 2014

O original encontra-se em http://www.odiario.info/?p=3389

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/


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