sábado, 22 de junho de 2013

Portugal: DEVORISTAS




Fernanda Mestrinho – Jornal i, opinião

Este governo desafia as leis ou não as cumpre, como o subsídio de férias. Já foi desautorizado por várias câmaras municipais. Outro tique irritante é a demagogia. Não tem responsabilidade na herança que recebeu, mas em como a tem utilizado.

Tem um número na boca: 90 por cento. Acima dos 600 euros, ou, no caso do subsídio de férias, 1100 euros, são ricos e podem esperar. Restam, pois, os 10 por cento que pagam tudo: impostos, taxas moderadoras, os filhos, os pais e os avós. Quanto aos 20 por cento de desempregados, estão fora das contas.

Como estão os devoristas. Na monarquia assim eram chamados no rotativismo partidário. Se não estavam no governo estavam no Crédito Predial. Agora é igual, ou estão no poder ou na banca.

Com informação e ensino chegou a globalização e as sociedades estão em revolta na Turquia ou na Grécia, em Espanha, França e Itália. Tudo serve de rastilho.

Portugal é dos países mais desiguais da Europa e bem colocado no ranking da corrupção. Cada dia que passa, muitos que estavam, ainda, nos 10 por cento, desaguam na pobreza perante a incompetência deste governo e a ganância dos devoristas.

Por isso, pais e alunos não se têm levantado, como alguns esperavam, contra a greve dos professores. Nem críticas à greve geral do próximo dia 27. Em cada casa há um reformado, um desempregado ou um funcionário público, todos alvos a abater.

A solução não passa só por Portugal, mas podemos transformar este sítio num caso de decência. Não é pedir muito.

Jornalista/advogada - Escreve ao sábado

Devoristas: Devorismo foi a designação, inicialmente pejorativa, dada ao grupo político que se instalou no poder nos anos imediatos à vitória liberal na Guerra Civil Portuguesa, em especial no período entre 24 de Setembro de 1834 e 9 de Setembro de 1836. Está em vigor a Carta Constitucional de 1826. De acordo com Oliveira Martins,1 o termo devorismo ou devoristas resulta de uma Carta de Lei datada de 15 de Abril de 1835, em que se colocavam à venda em hasta pública os bens nacionais, facilitando, assim, o acesso a estes bens aos chefes liberais. (Extrato da definição em Wikipédia, acrescentada por PG)

Governo quer oferecer "esperança" com realismo aos portugueses - Poiares Maduro



SF – PGF - Lusa

Uma economia mais competitiva, maior mobilidade e coesão social são os objetivos do Governo para os próximos dois anos, disse hoje o ministro Adjunto e do Desenvolvimento, afirmando que há condições para "oferecer esperança" aos portugueses.

"Este Governo conseguiu estabilizar uma situação financeira particularmente grave para Portugal e está agora numa situação de oferecer esperança aos portugueses mas é uma esperança assente na verdade, assente no realismo", afirmou Miguel Poiares Maduro, em conferência de imprensa no Mosteiro de Alcobaça para apresentar as conclusões da reunião informal do Conselho de Ministros, que começou cerca das 15:30 e durou cerca de três horas.

O Governo definiu os objetivos para os próximos dois anos, que passam por "um país, uma economia, mais competitivos, capaz de singrar no mercado aberto, europeu e global" e que "esteja em condições de oferecer aos portugueses maior mobilidade social".

Questionado pelos jornalistas, Poiares Maduro disse que o ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, fez uma apresentação do "guião para a reforma do Estado" e houve uma "reflexão muito viva, muito franca" sobre o tema, "um dos pontos fulcrais" da reunião.

Contudo, acrescentou, o objetivo da reunião de hoje não era apresentar propostas concretas.

O ministro referiu também que o Governo irá "iniciar políticas em matéria de proximidade", na relação do Estado com o cidadão, "reforçar políticas em matéria de transparência" e promover "uma posição clara, articulada, de Portugal no contexto europeu".

Portugal: UM GOVERNO CHUMBADO




Eduardo Oliveira Silva – Jornal i, opinião

Dois anos depois, a nota é negativa. Passos escolheu mal Gaspar e desbaratou o seu crédito de confiança

Na hora do balanço intermédio verifica-se que as coisas não correram bem ao governo no seu todo, e especialmente ao primeiro-ministro. Há várias razões para isso e um pecado original.

O pecado original foi cometido quando, inesperadamente, Passos Coelho ouviu um não da boca de Vítor Bento, que tanto queria para ministro das Finanças, o qual lhe aconselhou vivamente Vítor Gaspar, no que foi secundado por Eduardo Catroga.

Mesmo assim, no primeiro ano correu praticamente tudo bem. Passos Coelho sucedia a um Sócrates crispado e isolado e apresentava-se com alguma bonomia, tinha um discurso pedagógico e até afável. Os portugueses aceitavam, compreendiam e até defendiam as opções difíceis.

Suportavam a austeridade, aceitavam o discurso absurdo de que tinham gasto o que não tinham, mas mesmo assim sentiam-se orgulhosos do seu governo e até envolvidos no sucesso que se ia proclamando com base em supostos encómios da troika e dos mercados.

A ideia geral era ainda que o Memorando era exequível e estava bem feito e as coisas se poderiam compor numa legislatura, enquanto anualmente os cortes se iriam suavizando até chegarmos a um regresso positivo aos mercados, já livres da troika. Era o paraíso em quatro anos. Portugal não era mesmo a Grécia, nem sequer a Irlanda, e Passos Coelho assegurava no Verão de 2012 o regresso ao crescimento no primeiro trimestre deste ano.

Mas não. Fruto de um programa de política económica errado, concebido por Vítor Gaspar e pela troika, agravado por um clima de depressão económica europeia, o governo não percebeu que ao começar por aumentar impostos antes de cortar na despesa gerou um furacão devastador de violência incontrolável para a economia e o equilíbrio social. A inevitável recessão gerou um nível de desemprego catastrófico, aumentou as necessidades sociais e teve um efeito perverso no encaixe de impostos.

Confrontado com isso e já criada uma tensão política complexa dentro da coligação, Passos não soube lidar com o problema. Desbaratou o capital de crédito. Tornou- -se impaciente. Em vez de emendar os fracassos, atribuiu culpas a inimigos imaginários. Não compensou as dificuldades com mais diálogo. Distanciou-se do Presidente da República, não acarinhou a Concertação. Não percebeu que ainda ia a tempo de mudar as coisas, perdendo aliados potenciais todos os dias.

Enredou-se na teia da política de Vítor Gaspar e esqueceu-se até do próprio Passos Coelho que já foi, sabendo ser firme mas sóbrio. Tornou-se um líder isolado, irritado, quase irascível, ao jeito de Sócrates, mas em apenas dois anos.

É pena. Porque Passos surgiu como uma esperança redentora. Como nas cartas, perdeu a mão porque não soube elevar-se à condição de estadista e estabelecer os compromissos que os momentos críticos impõem.

Hoje, e já sem o amparo de Relvas, que dispensou sem ganhos políticos e com inútil frieza, é um político triste que persiste em executar um plano em que só ele e o ministro das Finanças parecem ainda acreditar, enquanto o país já anseia por uma alternativa, qualquer que ela seja.

Portugal: ASSOBIOS E VAIAS À CHEGADA DE PASSOS E MINISTROS A ALCOBAÇA



Expresso - Lusa

Membros do Governo foram recebidos sob um coro de protestos à entrada do conselho de ministros informal, no Mosteiro de Alcobaça.

Cerca de meia centena de pessoas gritaram hoje palavras de protesto contra o Governo, à entrada para o mosteiro de Alcobaça, onde esta tarde decorre uma reunião informal do Conselho de Ministros.

"Demissão/Demissão", "Está na hora, está hora de o Governo ir embora" e "Gatuno" foram algumas das frases proferidas pelos manifestantes, alguns dos quais exibiam cartazes a apelar à adesão na greve geral de 27 de junho.

O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, foram os primeiros membros do Governo da coligação PSD/CDS-PP a chegar ao Mosteiro de Alcobaça, depois das 14h05.

Um pequeno grupo de manifestantes, que alargou para cerca de meia centena, aguardava a chegada de outros ministros numa esplanada em frente do Mosteiro de Alcobaça cerca das 14h15, quando se aperceberam da presença do ministro Adjunto Miguel Poiares Maduro, após o que levantaram pequenos cartazes com palavras de protesto.

Perto das 15h, chegou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que recebeu a maior vaia, enquanto a chegada do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, registou-se oito minutos depois, também sob um coro de protestos.

"Estamos aqui para mostrar a disposição dos trabalhadores para continuar a luta contra esta política", afirmou à Lusa um dos manifestantes, que disse integrar a União dos Sindicatos de Leiria.

Ao grupo inicial dos manifestantes foram-se juntando outras pessoas, que recebiam com assobios e vaias os ministros. Os manifestantes estão concentrados por trás de grades de proteção, a alguma distância da entrada do Mosteiro de Alcobaça. Do lado de dentro do perímetro está a orquestra Típica e Coral de Alcobaça, que executa peças musicais quando os ministros chegam ao local.

Passos Coelho afirma empenho na preparação do período pós-troika

Pedro Passos Coelho afirmou que o Governo está a preparar o período pós-troika, considerando que o sucesso desse período dependerá das reformas que forem feitas. "É um período que nos vai bater à porta rapidamente. A forma como estivermos preparados para lançar as ações reformistas de que o país precisa é decisiva para podermos enfrentar o período a partir de 2014 com o sucesso que todos os portugueses têm feito por merecer", declarou, na sessão de boas-vindas preparada pela Câmara Municipal de Alcobaça, antes do início da reunião informal do Conselho de Ministros.

Numa breve declaração, Passos Coelho destacou o caráter informal da reunião e o "simbolismo" dela ocorrer "praticamente dois anos após a tomada de posse do Governo, sensivelmente a um ano do país concluir o programa de assistência económica e financeira".

"Espero que este Conselho de Ministros, que decorrerá em tom de informalidade, possa ser inspirado pela história que estas paredes encerram e pelo que a pátria sonha para si própria, para os seus filhos, para os portugueses dos próximos anos", afirmou Passos Coelho.

Foto: Alberto Frias

O IMAGINÁRIO SIONISTA



Rui Peralta, Luanda

I - Para o sionismo, a Palestina histórica é um território de leite e mel, onde a redenção foi efectuada pelos colonos judeus, rodeados de autóctones bárbaros e semi-selvagens, desvinculados da terra em que habitam. É desta forma que o sionismo representa a Palestina e a respectiva colonização. O sionismo considera que a colonização da Palestina foi realizada por uma questão de necessidade, para fugir á perseguição antijudaica. Depois havia o direito histórico á Terra Prometida pelo Povo Eleito, segundo a Bíblia (o Velho Testamento). A Palestina é representada pelos sionistas como um território baldio e abandonado, embora, quando se iniciou a diáspora (já lá vão dois mil anos), fosse um território de leite e mel.

Os Palestinianos, no imaginário sionista, são conotados como uma tribo de nómadas, indolentes, sem vínculos á terra. O discurso sionista emprega apenas o termo árabe, nunca o de Palestiniano, negando, assim, a identidade Palestiniana e o seu direito á soberania. São estereótipos que desumanizam, cumprindo dessa forma o objectivo do discurso e da representação sionista.

II - Este imaginário sionista teve um grande impacto durante e após a criação do Estado de Israel, em 1948. Ao não considerar a identidade palestiniana, sendo estes apenas árabes, nómadas sem terra, poderia deslocá-los para outros países árabes como a Síria, o Egipto, o Iraque e a Jordânia entre outros. No imaginário sionista estava implícita uma limpeza étnica, assente num objectivo muito claro: o maior território possível, com a menor população não judaica, eis uma das regras políticas fundacionais do sionismo.

Em contrapartida os judeus que emigravam para a Palestina – o novo judeu, como os chamavam – eram, para os relatos oficiais, empreendedores, trabalhadores e idealistas que regressavam á Pátria Ancestral. Se observarmos as fotografias da propaganda oficial sionista da época, deparamos com pessoas musculosas e bronzeadas, com ar decidido. Estes foram os colonos que (segundo a propaganda sionista) situaram Israel na modernidade, dotando o país de indústrias e de cidades prósperas, para além de realizarem um intenso trabalho agrícola através de comunidades agrárias de raiz socialista, os kibutz.

O imaginário sionista, pela forma como despreza os autóctones e descreve os colonos, não difere em nada dos imaginários das potências europeias durante os processos de colonização. O Império Britânico usou esse tipo de representações na América do Norte, África do Sul e na Austrália, tendo os USA praticado a mesma política durante a conquista do Oeste e os bóeres na África do Sul. Todos eles imaginavam um território virgem e abandonado, por onde caminhavam bárbaros e incivilizados. Estas potências coloniais consideravam-se Povos Eleitos que chegavam a terras prometidas. Os colonos eram sempre empreendedores e trabalhadores, contrastando com os nativos indolentes.

III - O discurso sionista consiste em lemas simples, fáceis de assimilar pela população. É um discurso que resume-se em frases como: Uma terra sem povo para um povo sem terra, frase do escritor judaico-britânico Israel Zangwill, referente á Palestina. A repetição deste tipo de frases, nos discursos políticos, nos meios de comunicação, nos escritos diversos, nos manuais escolares e em todos os âmbitos sociais, modelam o imaginário colectivo, ao ponto de serem transversais ao discurso político e comuns á esquerda e á direita sionistas.

O Holocausto representa um ponto de viragem na representação do judeu da diáspora, no discurso sionista. Este era representado como um ser frágil, débil, sujeito às atrocidades, conduzido como rebanhos para as câmaras de gás e campos de concentração do III Reich. Esta representação é diametralmente oposta á do novo judeu da Palestina, forte e vigoroso, um novo judeu impetuoso, criador de uma nova sociedade.

Na construção simbólica do novo estado formado em 1948, três anos depois do término da II Guerra Mundial, o Holocausto foi instrumentalizado, de forma a ser integrado no discurso sionista e nos seus objectivos. O genocídio nazi ficou vinculado á ideia de que a única solução para a questão judia era a criação de um estado judeu. Ora o discurso sionista sobre o judeu da diáspora desvalorizava este sector das populações judaicas, que foram os que mais sofreram com o nazi-fascismo (principalmente as comunidades judaicas da Europa Central).

Ao utilizar o Holocausto para os seus fins, o sionismo encobre a forma como considerava o judeu da diáspora e ao mesmo tempo encobre as suas relações com o nazismo, em particular quando organizações sionistas como a LEHI (a célebre STERN, para os ingleses) na II Guerra Mundial colaboraram com os nazis aos mais diversos níveis (desde fornecerem guardas para os campos de concentração, formarem a tristemente célebre Policia Judaica, que patrulhava os guetos de Varsóvia, até a acordos para fornecimento de armas e munições, no combate aos ingleses na Palestina).

IV - A presença palestiniana é omissa tanto em Israel como nos territórios ocupados. Desde os manuais escolares á cartografia (onde Israel é apresentado como abrangendo toda a Palestina histórica, não diferenciando Gaza e a Cisjordânia) passando pelos meios de comunicação.

As populações da Palestina são apresentadas como grupos homogéneos (o discurso totalitário nega a pluridimensionalidade. O mundo concentracionário, totalitário, é unidimensional. Por exemplo: o pensamento único) e o mesmo ocorre com os berberes e os grupos judeus procedentes dos países árabes, da Síria e da Turquia (os mizrahim) ou os grupos procedentes de todo o Norte de África (do Egipto á Mauritânia) e da Península Ibérica (os sefarditas), dos grupos provenientes da Etiópia, Eritreia, Somália e Sudão (os falashas), ou ainda os ignorados e sem nomenclatura, judeus negros provenientes de uma vasta região com inicio no Senegal (no Atlântico) estendendo-se até ao Zanzibar, Maurícias, Comores, Seychelles e Madagáscar (no Indico) e os judeus provenientes da ex-URSS.

Todos estes grupos são ignorados ou negativamente conotados, sendo reconhecidos somente os azknashies, os judeus do ocidente, vistos como o grupo principal e sendo considerados os verdadeiros pais da Pátria.

V - Israel afirma-se como estado democrático (a única democracia da região, sublinha a propaganda sionista) e judeu. Assumindo o regime parlamentar, a sociedade israelita vive numa contradição permanente e insolúvel entre aquilo que são os seus princípios e aquilo que é a realidade da sociedade israelita. As elites sionistas impuseram um sistema de apartheid que bloqueia a frágil e teórica raiz democrática do estado de Israel. As instituições públicas ficam amordaçadas às necessidades da guerra e da ameaça permanente ao estado de Israel os cidadãos vivem submetidos a uma lógica de vigilância constante e de sobressalto, com medo do terrorismo árabe. Nestas condições o sistema democrático fica completamente bloqueado e entregue aos jogos das diferentes facções da elite sionista no Knesset, o parlamento.

Os descendentes dos palestinianos que não foram expulsos em 1948, os palestinianos de cidadania israelita, assim como os berberes do Negueve, não podem ingressar no exército, nem aceder a determinados serviços públicos, que existem só para judeus. Não podem viver nos terrenos do Estado, nem acrescentar territórios aos seus locais de permanência ou de residência (lugares, aldeias, vilas). A cidade de Nazaré, uma cidade histórica, de maioria palestiniana, não pode crescer para além dos limites impostos pelo Estado, em 1948, mas os seus municípios, de maioria judaica, são cada vez maiores. Paradigmático: existirem municípios maiores que a cidade.

VI - No imaginário sionista os aspectos mitológicos da cultura hebraica, são transformados em temas actuais. Por exemplo a forma como o sionismo aproveita e desfigura a celebre luta entre David e Golias. Israel é apresentado como um estado democrático e civilizado, rodeado de países árabes e islâmicos que o ameaçam constantemente. O David civilizado e democrático encontra-se ameaçado pelo Golias árabe e muçulmano. Golias passou por diversas representações através da História e actualmente a representação dominante descreve-o como terrorista e fanático.

A estigmatização do Outro é permanente no discurso sionista. Theodor Hertz, o pai do sionismo, considerava o estado judeu como um posto avançado da civilização contra a barbárie. Algumas décadas depois Vladimir Jabotinsky, líder da corrente direitista do sionismo, afirmava que os Judeus nada tinham a ver com o Oriente e que o islamismo deveria ser varrido de Israel, apresentando os árabes como uma horda desejosa de guerra. Já depois de 1948, Ben Gurion falava da eventualidade de um segundo holocausto, ao referir-se a uma suposta ameaça dos países árabes e mais recentemente Ehud Barak, quando era primeiro-ministro e líder trabalhista, referia-se á selva árabe que rodeava Israel.

A elite sionista implementa desta forma o terror nas populações israelitas, dominando pelo medo ao Outro e criando um imenso gueto por todo o estado de Israel. O terrorismo de estado, que caracteriza a agressão sionista, começa em casa e é aplicado aos seus. Deturpando a realidade histórica, explorando os receios da população, estigmatizando tudo o que é diferente, expulsando os palestinianos, procedendo a uma limpeza étnica, os eleitos pelo povo eleito assumem o seu papel de guardiões do Capital, tornando Israel o policia de choque do imperialismo.

Para trás ficaram os sonhos dos Judeus errantes da diáspora e dos Judeus que cavalgavam as areias dos desertos ao lado dos seus irmãos árabes: um mundo mais justo e liberto das correntes do ódio. Foi este o sonho maior que nem o Holocausto conseguiu apagar, mas que o sionismo espezinhou.

GRÉCIA: “NOVA DEMOCRACIA E PASOK CONTINUAM SEM O DIMAR”



I Kathimerini - Presseurop

No final da terceira reunião, no espaço de uma semana, para tentar sair do impasse político provocado pelo encerramento da estação pública de televisão ERT, os líderes da coligação tripartida no poder não conseguiram chegar a acordo, noticia I Kathimerini.

O líder da Esquerda Democrática (Dimar), Fotis Kouvelis, declarou, assim, que poderá deixar o Governo. Os deputados do seu partido reúnem na manhã de 21 de junho para decidirem se retiram o seu apoio ao executivo liderado por Antonis Samaras (Nova Democracia, ND).

Com a saída de Dimar, Samaras ficará a contar com o apoio de uma maioria muito frágil: a ND e os socialistas do PASOK têm apenas 153 dos 300 lugares do parlamento, uma margem pequena para adotar as reformas exigidas pelos credores internacionais, escreve o diário ateniense.

REINO UNIDO: “FAMÍLIAS FURIOSAS EXIGEM INQUÉRITO A ENCOBRIMENTOS DO SNS”



The Times - Presseurop

Os deputados deverão ouvir o atual diretor executivo e o presidente da comissão de supervisão da Qualidade de Cuidados (CQC) do Sistema Nacional de Saúde para discutirem um alegado encobrimento de mortes de bebés num hospital da Cúmbria, em 2008.

Um relatório independente publicado a 20 de junho sobre as atividades da CQC, que investigou as mortes em instalações controladas pelo Hospital da Universidade de Morecambe Bay Trust, criticou vários altos funcionários da CQC.

O relatório revela que o ex-vice-presidente executivo Jill Finney ordenou à sua equipa, em 2011, que destruísse documentos internos do CQC para que as mortes não viessem a público, porque eram demasiado graves.

BARACK OBAMA E A VISÃO DE ORWELL




Benjamim Formigo  - Jornal de Angola, opinião

Um Presidente dos Estados Unidos no último mandato procura marcar o seu lugar na História, definir como será, em seu entender, julgado pela História dentro de 30 anos.

Barack Obama parece não estar interessado na sua imagem futura e ou perdeu a visão tradicional dos democratas ou deixou de controlar os acontecimentos que o rodeiam. As escutas telefónicas, o acesso a dados electrónicos por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA) denunciadas a semana passada pelo diário londrino “The Guardian” são uma pequena parte do “iceberg”.

George W. Bush, imediatamente a seguir aos ataques do 11 de Setembro, ordenou ou deu luz verde à NSA para escrutinar por todos os meios comunicações que “pudessem pôr em causa a segurança” dos Estados Unidos. O volume de conversações requeridas pela NSA às operadoras ascenderam a mais de mil milhões em pouco tempo. Tratava-se apenas de cruzar informação constante de facturas. Todavia, esta “observação” foi escalando.

Se inicialmente se justificava a recolha de dados com a origem em cidadãos estrangeiros e no estrangeiro, muito rapidamente essa recolha se transportou para o território dos Estados Unidos e para cidadãos americanos, sobre quem a NSA carece de competência para investigar. Em paralelo, foi desenvolvido – ou já existia – software que permitia a partir de palavras-chave pré-definidas detectar, por intercepção de satélite, milhares de milhões de conversações ou mensagens por todo o mundo e obviamente também com origem ou destino nos Estados Unidos. Os cidadãos de todo o mundo passaram a ser vigiados, mas os americanos passaram a ser espiados pelo seu próprio Governo. Face à ameaça de demissão de vários altos funcionários do Departamento de Justiça, nomeados por George W. Bush, este recuou e mandou suspender o programa. Em 2008, porém, o Congresso aprovou legislação, admitindo a prática da compilação de dados electrónicos. A legislação deixava uma zona tão cinzenta quanto às comunicações telefónicas e intercepção de correio electrónico de cidadãos americanos que permitiu o desenvolvimento de quatro programas para que a NSA pudesse fazer aquilo que está vedado ao FBI, escutas sem ordem judicial.

A Administração Obama tem usado, ao que surge agora a público, essas práticas como o conservador George W. Bush nunca conseguiu, ou se atreveu a fazer. O Prémio Nobel da Paz deu luz verde à NSA não só para recolher a informação como para a tratar e deu-lhe os meios para lhe permitir aumentar a sua capacidade de intercepção e recolha de dados para níveis nunca imaginados, no presente e ainda menos no futuro com as novas instalações e computadores que serão entregues em breve à agência.

A violação da privacidade em questão não é só a dos cidadãos americanos, mas de todo o mundo, já que a rede da NSA é global. A pretexto da luta antiterrorista a primeira baixa, já se sabe, há muito foram os direitos liberdades e garantias dos cidadãos. Inacreditavelmente, muito cidadãos até abdicaram (abdicam) de alguns direitos a favor dessa luta. A derrota da democracia é a maior vitória que os terroristas conseguiram com os seus crimes. Quando se pretende fazer crer, ou acreditar, que este é um problema americano, vale a pena recordar a rede “Echelon”, que remonta à Guerra Fria (sem conhecimento dos aliados da OTAN, à excepção dos directamente envolvidos) tronou-se nos anos 90 uma rede de espionagem industrial e comercial. Espionagem electrónica de que faziam (fazem) parte inicialmente: Austrália, Canadá, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Nova Zelândia.

Esta rede, baseada num software específico, permitia interceptar a rede mundial de comunicações por satélite e as comunicações visadas não seriam as de carácter político mas comercial.

Ou seja, os EUA e o pequeno grupo associado faziam espionagem industrial e comercial, incluindo aos seus aliados. O relatório do Parlamento Europeu sobre a matéria encerrou com um conjunto de recomendações e as comadres nunca se chegaram a zangar.

O “Echelon” veio, todavia, provar que era possível a espionagem global. Os especialistas citados na última semana pelos “media” internacionais são unânimes em afirmar que, desde que seja digital ou electrónico, é interceptável, armazenável e utilizável.

A confirmar-se esta espionagem na escala que se está a tornar conhecida, então o Nobel da Paz Barack Obama conseguiu ultrapassar as capacidades concedidas por George Orwell ao Big Brother em “1984”. Foram necessários apenas mais uns anos.

Brasil: Petição online de apoio a Dilma denuncia 'tentativa de golpe da elite burguesa'



Jornal do Brasil

Uma petição online de apoio à presidente Dilma Rousseff denuncia a "tentativa de golpe da elite burguesa". Criada no Avaaz, rede que promove petições online em diversos locais do mundo, o documento pretende reunir 30 mil assinaturas.

A ação denuncia uma suposta tentativa de golpe contra a petista. “A elite burguesa do Brasil está tentando distorcer as reais motivações das manifestações que ocorrem em nosso país desde o início do mês de junho de 2013”, diz a descrição do documento.

Até a noite desta sexta-feira, mais de 20 mil pessoas já tinham assinado digitalmente a petição.

A ação diz que o Partido dos Trabalhadores (PT) “foi responsável por importantesconquistas para a Nação”. "A presidente Dilma, que foi eleita pelo povo brasileiro, está dando continuidade e aprimorando estas importantes conquistas", afirma o texto.

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Brasil: O DIREITO DE TODOS




Mauro Santayana – Jornal do Brasil, opinião

Em momentos históricos como os que estamos vivendo, é melhor recorrer às idéias simples, aos lugares comuns, ao reconhecimento do óbvio. Liberdade de expressão e de reunião, de forma pacífica, sem armas, é direito de todos, e não de alguns. Nos regimes democráticos, nos parlamentos e nas ruas, os adjetivos podem ser duros, e veementes os confrontos verbais. Mas todos devem ser ouvidos.

O que parecia a reunião pacífica e até mesmo alegre dos jovens se tornou uma incontrolável manifestação de ódio contra as instituições nacionais. A hora exige a identificação e o isolamento dos baderneiros que se encontram a serviço dos inimigos internos e externos da nação de brasileiros.

O pronunciamento, esta noite da Presidente Dilma Rousseff, propondo-se a receber os líderes dos movimentos, que já passaram a ser diversos e não vinculados aos primeiros manifestantes, é uma demonstração de responsabilidade que deve ser reconhecida. Ela poderia ter sido menos contida, na defesa das medidas de caráter econômico e social tomadas pelo seu governo, na retomada dos investimentos, na educação e na saúde. Mesmo assim, e dentro da sobriedade que o momento exige, ela transmitiu confiança aos que a ouviram.

Democracia exige partidos políticos e não “redes anônimas”, sem ideologia e sem programas. Desde que existe política existem partidos, que se dividem entre os conservadores e os inovadores. Foi assim na Grécia, foi assim em Roma, é assim em todos os países em que se respeita o homem e sua liberdade de escolher seu destino coletivo.

Conservadores e inovadores têm o mesmo direito de pregar as suas idéias, desde que respeitem os princípios basilares da democracia. Fora disso, o que temos são os projetos tirânicos e criminosos, como os do fascismo. A tolerância democrática tem seus limites. Como lembrou Marcuse, Hitler poderia ter sido contido a tempo, se os democratas da República de Weimar não houvessem sido tão tolerantes com a sua pregação liberticida.

A democracia tem todo o direito de se defender contra seus inimigos.

Brasil: DILMA PROMETE MEDIDAS MAS CONDENA VIOLÊNCIA



Público

Presidente do Brasil disse que vai negociar com governadores e prefeitos "um grande pacto" de melhoria dos serviços públicos.

A Presidente de Brasil, Dilma Rousseff, disse na noite desta sexta-feira que está a ouvir a voz dos manifestantes que têm enchido as ruas de várias cidades brasileiras nos últimos dias, prometeu tomar medidas mas referiu que não tolerará a violência.

Dilma Rousseff fez uma declaração de cerca de 10 minutos ao país, duas semanas após o início dos protestos, primeiro contra o aumento nos transportes públicos e depois generalizado contra a corrupção, o sistema político e muitas outras causas difusas.

“Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo, de propor e exigir mudanças, de lutar por mais qualidade de vida, de defender com paixão suas ideias e propostas, mas precisam fazer isso de forma pacífica e ordeira”, disse Dilma, condenando os actos de violência que se têm registado nalgumas manifestações. “Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil. Todas as instituições e órgãos de segurança pública têm o dever de coibir, dentro dos limites da lei, toda forma de violência e vandalismo”, acrescentou.

No seu discurso, a Presidente brasileira procurou ir de encontro a algumas das principais reivindicações que se têm ouvido nos protestos. Disse que convidará governadores e prefeitos (presidentes de câmara) “para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos”.

Prometeu um plano nacional de mobilidade urbana – uma área cujas competências estão repartidas sobretudo entre os governos estaduais e municipais.

Afirmou ainda que quer destinar à educação a totalidade dos royalties do petróleo, que deverão aumentar substancialmente com a concessão da exploração de novas reservas descobertas nos últimos anos. Uma proposta neste sentido foi já apresentada pelo Governo ao Congresso Nacional.

Dilma Rousseff também prometeu “trazer de imediato milhares de médicos do exterior”, para melhorar o serviço público de saúde, fortemente criticado durante as manifestações.

Os gastos com o Mundial de 2014 de futebol, cuja factura já vai em 28.000 milhões de reais (9,4 mil milhões de euros), também têm estado no centro dos protestos. Sobre isso, a Presidente brasileira disse que dinheiro será reembolsado pelas empresas e governos que explorarão os estádios.

“Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando sectores prioritários como a saúde e a educação”, referiu.

Na sexta-feira, voltaram a registar-se protestos, embora com menor participação.

Em São Paulo, os acessos ao aeroporto internacional de Guarulhos foram temporariamente cortados pelos manifestantes. Muitas pessoas desceram dos carros em que eram transportadas e seguira a pé, com as suas malas, pela avenida que conduz ao aeroporto.
Dentro da aerogare, vários passageiros que tinham acabado de chegar, inclusive da TAP, ficaram retidos, devido aos protestos.

Houve protestos noutros pontos da área metropolitana de São Paulo, no Rio de Janeiro e noutras cidades.

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QUAL É COISA QUAL É ELA - com entrevista SIC a José Eduardo dos Santos




Fernanda Câncio – Diário de Notícias, opinião - ontem

Angola é assunto que por cá se trata com pinças. Não foi sempre assim; lembre-se, por exemplo, a crítica reportagem Meninos de Angola, de Cândida Pinto, em 1996, na SIC. Seria interessante perceber a partir de que momento se verificou tanta cautela - para, provavelmente, concluir que coincide com o adensar dos interesses económicos "bilaterais" e com os investimentos de empresas angolanas em Portugal, nos media em particular.

Portugal não está só nesse silêncio. Há um ano, por ocasião das legislativas angolanas, o jornal britânico The Guardian titulava um artigo "José Eduardo dos Santos, o autocrata menos conhecido de África", frisando manter-se no poder há 33 anos (agora 34) e que, filho de um pedreiro, toda a vida quadro de um partido de génese comunista, acumula na sua família imediata - os filhos, com relevo para a mais velha, Isabel, de 40 anos, considerada a mulher mais rica de África - uma imensa fortuna. No mesmo artigo, assinala-se que as entrevistas com o Presidente angolano são raríssimas e que ele, ao contrário de outros autocratas africanos, como Mobutu, cultiva a discrição.

Uma dessas raridades foi concedida à SIC, há duas semanas. Primeira surpresa: o jornalista escolhido foi o correspondente da estação em Israel. A segunda foi mesmo a entrevista. Como repórter no Médio Oriente, Henrique Cymerman, embora cerimonioso, nunca surgiu timorato. Perante dos Santos e afirmações como "Angola é uma democracia de carácter social"; "estamos a trabalhar para erradicar a pobreza, a nossa maior preocupação é o fosso entre ricos e pobres mas temos a herança que vem do tempo colonial", ou "a corrupção é um problema em todos os países mas temos agido para que as pessoas não se apropriem do que não é delas", coibiu-se de contrapor o óbvio: apesar da sua abundância de recursos, e de ter sido descolonizada há 38 anos, Angola está na cauda do índice de desenvolvimento humano; a família do Presidente apresenta um nível de riqueza e de proeminência nos negócios dificilmente explicável por outro fator que não a sua proximidade ao poder. O desplante é tal que um dos filhos faz parte da direção do fundo soberano de Angola, criado, com uma dotação inicial de cinco mil milhões de euros, por ordem presidencial em 2012; a outra foi atribuída a gestão de um dos canais da TV pública.

Das duas, uma: ou Cymerman veio do espaço no dia da entrevista (Israel não é assim tão longe) ou foi condicionado nas perguntas. Como desmentiu a segunda hipótese, só se pode concluir pela primeira. Mas o mesmo terá de ser verdade para a maioria dos comentadores, exceção e honra feitas a Daniel Oliveira e restantes membros do Eixo do Mal. Num país em que se faz manchete de chamar palhaço ao Presidente, é curioso constatar que o de outro país suscita tanta mais reverência. Não sendo pelo respeito ao cargo ou pela dignidade de ter sido para ele eleito (até porque nunca foi), só pode ser por outra coisa qualquer.

HOMENAGEM DA FAO A ANGOLA É DESTAQUE DA SEMANA



Angola Press

Resenha da Semana 

Luanda -  Angola foi homenageada, em Roma, pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), pelo cumprimento do primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM), ao reduzir para para metade a percentagem da população afectada pela fome e mal nutrição, no país.

Este facto e outros, igualmente relevantes,  constituíram o destaque do noticiário económico da Angop, durante a semana que hoje termina. 

Por ocasião da homenagem, o director-geral da FAO, José Graziano da Silva, que expressou a sua satisfação pelo trabalho de Angola no combate à fome, entregou o diploma de reconhecimento ao ministro angolano da Agricultura, Afonso Pedro Canga, que representou, na cerimónia, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos. 

No discurso de agradecimento, Afonso Pedro Canga destacou que ao reduzir em metade as pessoas mal nutridas, o Governo angolano está a dar passos significativos no que se refere ao cumprimento do compromisso de combater a fome e a mal nutrição no país e no mundo. 

Segundo o governante, esta proeza deveu-se à visão estratégica do Chefe do Executivo, José Eduardo dos Santos, que "elegeu a segurança alimentar, o combate à fome, à pobreza e o desenvolvimento rural como prioridades”. 

O ministro explicou que, para se alcançar estes resultados, o Governo angolano implementou e continua a implementar um conjunto de programas nos domínios social e económico-produtivo, especificamente nos sectores da agricultura, pescas, indústria, emprego, construção de infra-estruturas, transportes, comércio, desminagem, saúde, assistência social, educação e ensino, formação profissional, assim como uma boa governação, que se traduz na gestão cuidada dos recursos públicos.

Habitação
 
O anúncio da SONIP, segundo o qual está a ser equacionada a situação dos candidatos que pagaram  para a aquisição de habitação nas centralidades de Luanda, foi outro destaque económico da semana. 

A empresa imobiliária “SONIP” deverá resolver nas próximas semanas o caso dos cidadãos que tenham pago apartamentos nas novas centralidades urbanísticas, sem que tenham recebido as chaves, informou o presidente do Conselho de Administração do grupo Sonangol, Francisco Lemos Maria.

Referiu que decorre o processo de verificação para determinar quantos processos estão já concluídos, quantas casas foram vendidas e o que falta entregar.

Francisco Lemos explicou que o processo foi suspenso porque das 23 mil casas comercializadas de um de Fevereiro a sete de Março, a SONIP só conseguiu entregar pouco mais de dez mil chaves aos titulares. 

A informação foi prestada no final de uma reunião que o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, manteve com os governadores provinciais. 

Descoberta de Diamantes

Na mineração, o centenário da descoberta de diamantes em Angola foi também destaque do noticiário económico da Angop, na semana que finda.

O evento tem como objectivo apresentar aos participantes as potencialidades diamantíferas nacionais, captar investidores para os seus projectos, reflectir sobre o passado e o presente e perspectivar os próximos anos. 

A Empresa Nacional de Diamantes, ENDIAMA E.P celebrou 100 anos da descoberta dos primeiros diamantes no país, uma actividade marcada  com a realização de uma conferência internacional para assinalar a data.

Fórum Empresarial

O início sexta-feira, em Luanda,  do Primeiro Fórum Nacional Empresarial é  outro destaque económico da semana.

O  Fórum Nacional Empresarial, promovido pelo Lide Angola (grupo de líderes empresariais), arrancou nesta sexta-feira, em Luanda, com a participação de membros do Executivo Angolano e empresários nacionais e estrangeiros da Africa do Sul, Brasil e Portugal.

Com encerramento previsto para domingo (23/06), o encontro está a abordar tremas como a “industrialização, diversificação económica, competitividade e protecção do empresariado nacional”,  a “diversificação económica e sustentabilidade da economia” e o “papel do sector financeiro nos processos de industrialização e diversificação da economia” e, tal como os demais, contará com oradores angolanos e estrangeiros provenientes da África do Sul, Portugal e Brasil.

Angola: HONRAR ANTIGOS COMBATENTES




Jornal de Angola – editorial - 22 de Junho, 2013

Melhorar a situação dos antigos combatentes, veteranos da pátria, viúvas e órfãos tem sido uma preocupação permanente das instituições do Estado que, com os seus parceiros, procuram soluções e respostas adequadas aos problemas que surgem no quotidiano.

No contexto do desenvolvimento, da reconstrução das infra-estruturas e da reconciliação nacional é um passo importante reconhecer a contribuição dos antigos combatentes e veteranos da pátria à causa da Independência Nacional e defesa da pátria. Sem o seu esforço, sem os sacrifícios que fizeram e as vidas que sacrificaram nada hoje seria possível. Fazer tudo para que os antigos combatentes e veteranos da pátria sejam acarinhados e apoiados não é um favor nem representa um privilégio para com estes angolanos de eleição, cujos esforços culminaram na paz e estabilidade de que todos gozamos.

Há ainda muito a fazer para que a vida com dignidade e qualidade seja uma realidade entre todos os que lutaram ou tiveram parentes que se entregaram à causa da libertação da pátria e à preservação da soberania nacional.

A guerra deixou profundas marcas no tecido social angolano. Basta olhar para o elevado número de portadores de deficiência por acção directa e indirecta do conflito armado. É grande o número de viúvas e de órfãos. Mas é ainda maior o esforço que as instituições do Estado fazem para que nada lhes falte. Nesta tarefa que dignifica os políticos no poder, deve colaborar a sociedade sem reservas nem restrições. Se todos beneficiamos dos sacrifícios consentidos e que foram até à oferta da vida no altar da pátria, também todos somos chamados a dar um tratamento especial às viúvas e órfãos de guerra.

Angola tem mais de cem mil pessoas portadoras de deficiência por causa da guerra de décadas. Esta é uma das razões que levou o Executivo a lançar iniciativas no sentido de proporcionar dignidade e bem-estar a todos os que pegaram em armas para libertar a pátria e sofreram as sequelas da guerra. Ao lado do surgimento de várias organizações, têm sido criadas leis e regulamentos para beneficiar os que lutaram para a paz e estabilidade que vivemos. Importa que as organizações da sociedade civil ligadas aos antigos combatentes, veteranos, portadores de deficiência, viúvas e órfãos de guerra tenham melhor funcionamento. E, para minimizar a dispersão de esforços, era bom evitar a proliferação de várias organizações à semelhança do que sucedia até bem recentemente com os partidos políticos. Não se pode confundir a defesa dos interesses dos antigos combatentes e veteranos de guerra com a criação de partidos políticos e com o mero exercício político.

Os passos legislativos empreendidos no sentido de garantir direitos e benefícios aos antigos combatentes e veteranos de guerra são fundamentais. A Lei-Quadro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, que vigora há mais de dez anos, carece de actualizações que vão tornar a vida dos beneficiários, melhor e mais digna. Para que essa actualização seja eficaz, são necessárias contribuições de todas as forças vivas da sociedade civil, ao lado dos parlamentares e das organizações ligadas aos antigos combatentes e veteranos de guerra.  São iniciativas inclusivas que visam garantir o apoio do Estado a todos, sem excepção, numa altura em que o país consolida a estabilidade, democracia, os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. As instituições do Estado e os seus parceiros demonstraram abertura para o diálogo na procura de soluções dos problemas que afectam as famílias angolanas.

Sabemos por experiência própria que a maioria das famílias angolanas tem parentes que deram o seu contributo para preservar a soberania, a integridade e as instituições democráticas. Praticamente todas as famílias viram os seus jovens contribuir para o esforço de guerra e poucas escaparam ao luto. Essa é a realidade arrasadora e que nos devia fazer pensar a todos, sobretudo aos que ignoram o passado e querem solução imediata para os problemas que vivem hoje.

Enriquecer a Lei 13/02, promulgada a 16 de Setembro de 2002, como pretendem os representantes de 29 associações nacionais, parceiras do Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, pode ser um passo decisivo. Existe uma crescente consciência e entendimento por parte das famílias angolanas de que os problemas ligados aos antigos combatentes, veteranos da pátria, viúvas e órfãos de guerra são problemas de toda sociedade.

Todos os angolanos, independentemente da filiação política e partidária, da crença religiosa e origem étnica, são chamados a dar o seu contributo. Os deputados da Sétima Comissão de Especialidade da Assembleia Nacional esperam importantes contribuições por parte dos parceiros do Executivo para que a futura lei esteja mais próxima da realidade da sociedade angolana. Angola precisa de uma lei que esteja à altura das necessidades dos antigos combatentes, portadores de deficiência, desmobilizados, viúvas e dos órfãos de guerra, veteranos da pátria e idosos.

PM CONDENA MORTES E DIZ QUE INSTABILIDADE VAI FAZER MOÇAMBIQUE RETROCEDER




Almiro Mazive, da AIM, em Inhambane 

Inhambane, 21 Jun (AIM) – O Primeiro-Ministro (PM) moçambicano, Alberto Vaquina, condenou o assassinato de cidadãos indefesos, ocorrido na manhã de hoje, no distrito de Machanga, província central de Sofala, uma acção imputada aos homens armados da Renamo. 

“É lamentável o que está a acontecer em Machanga por contrariar a vontade dos moçambicanos de trabalhar para vencer a pobreza”, disse o PM para, de seguida, acrescentar que o mais agravante é o facto de se ceifar a vida de pessoas indefesas, que são condenadas a morte apenas porque, tendo a necessidade de ganhar o seu pão, se fizeram a estrada.

Pelo menos duas pessoas foram assassinadas na manhã de hoje quando a viatura em que seguiam foi atacada na zona de Machanga, ao longo da estrada nacional Numero Um (EN1) a principal rodovia que estabelece a ligação entre o Sul, Centro e Norte de Moçambique. 

Falando a jornalistas instantes depois de ter desembarcado, a meio da tarde de hoje, no aeródromo da cidade de Inhambane, Vaquina que está na província com o mesmo nome para uma visita de trabalho de três dias, manifestou a sua preocupação em relação aos acontecimentos de Machanga, afirmando que com situações de instabilidade o risco de o país corre o risco de retroceder em todas as esferas da vida. 

“Isto significa que o que tínhamos como conquista individual ou colectiva pode ser posto em causa de um momento para o outro. Temos que evitar que isto continue”, vincou Alberto Vaquina.

O governante explica que esta situação ocorre numa altura em que a maior preocupação dos moçambicanos é ter um ambiente propício para erguerem casas melhoradas, desbravarem a mata para desenvolver a agricultura, acreditando que tudo haveria de se manter por não haver qualquer risco de destruição. 

Porém, o PM disse ser confortável o facto de os moçambicanos condenarem de forma veemente os actos de violência no país, reiterando que a mensagem do governo continuará sendo a preservação da paz, unidade nacional, respeito e dignidade pelos moçambicanos, “que é aquilo que vai fazer com que a nossa posição como país se eleve cada vez mais e possamos sair rapidamente da pobreza”.

A missão de Vaquina nesta visita, que se prolongará até ao próximo Domingo, é monitorar o grau de implementação do Programa Quinquenal do Governo, do Plano Económico e Social (PES) 2013 e do Plano de Acção para a Redução da Pobreza. 

Durante estes três dias, Vaquina vai escalar, para além da cidade de Inhambane, os distritos de Homoíne, Inharrime e Jangamo.

(AIM) mz/sg

Xiconhoquice da semana: SÓ A FRELIMO PODE IMPEDIR UMA NOVA GUERRA EM MOÇAMBIQUE



Verdade (mz) - opinião

Não há dúvidas de que estamos diante de uma Xiconhoquice de bradar aos céus. A importação de uma quantidade de equipamento bélico e o desfile do mesmo pela cidade, numa demonstração clara e inequívoca das pretensões do Governo, revelam o que é primordial para os donos do país. Preferem, o que não nos devia espantar, o estrondo arrogante de uma arma do que a força apaziguadora do diálogo.

“Ninguém percebia o que realmente se estava a passar. Quando eram por volta das 21 horas, o trânsito a partir da Praça dos Trabalhadores até à avenida 24 de Julho, através da Guerra Popular, ficou condicionado no sentido sul - norte. De repente viu-se um total de 25 camiões militares novos saindo do porto que transportavam, entre armamento bélico e de grande porte à vista de todos, outros 25 veículos de marca Land Rover com um feitio militar, todos escoltados por duas viaturas da Polícia Militar (PM) das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM)”, relata a edição online deste semanário que o leitor tem em mãos.

Aqui, no país das Xiconhoquices, o diálogo é um pecado maior. Aqui não se estabelecem pontes por via de consensos. Não se perde um metro na mesa das negociações quando é mais fácil resolver com fogo. A Xiconhoquice é uma doutrina que desconhece literalmente o diálogo. Ama a força e exibe armas de fogo.

Portanto, nenhuma pessoa sensata deve ficar espantada com os assaltos aos paióis e a altas patentes das Forças de Defesa e Segurança. À medida que o Governo adquire armamento pára e mostra, de forma tão eloquente, que a sua prioridade reside no confronto militar, é lógico que a Renamo se prepare para uma guerra. Contudo, importa lembrar que as armas não disparam flores e ceifam vidas.

O pior mesmo é que na equação da subtracção de vidas quem tomba, regra geral, não é o proprietário do dedo que autoriza o confronto, mas a mão do soldado que prime o gatilho no meio de um fogo cruzado sobre o qual desconhece as reais motivações e a população que tão-pouco acredita no discurso das AK’s 47.

Importa, também, dizer que o interesse que se esconde por detrás do acirrar de posições, quer de um e quer do outro lado, não visa salvaguardar o desenvolvimento do povo do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico. O que está em jogo, meus caros, é a divisão do que nos torna um país apetecível para as grandes multinacionais.

A Renamo quer a sua parte do bolo. Contudo, o actual Presidente da República, que ficou milionário depois que chegou ao poder, não pretende, de forma alguma, dividir o seu filão de ouro com quer que seja. Nós, enquanto povo e uma vez que somos colocados à margem dos recursos, preferimos que o dinheiro que nos é roubado seja dividido por mais pessoas. Talvez aí possamos recolher benefícios indirectos do mesmo.

Uma guerra, na situação que o país atravessa, vai separar pais e filhos, mulheres e maridos. Vai cimentar, na mente dos moçambicanos, o tribalismo e vai justificar qualquer espécie de ódio entre irmãos. O dinheiro não nos pode dividir e, claro, não pode enriquecer tão poucos. É bom lembrar que por mais injusta que seja a causa de quem levanta uma arma contra qualquer regime nada é pior do que a exclusão social.

A Frelimo tem de compreender que há muito pouca gente do seu lado. É bem mais fácil sentir simpatia pela luta da Renamo que nos lembra um ovo que se lança, com todas as suas forças contra um muro. As declarações de altos quadros do partido no poder revelam uma arrogância desmedida e que nos poderá colocar num barril de pólvora.

Aos homens da Renamo não se pode exigir decoro e tacto nas suas manifestações. Quem deve, em última análise, respeitar a vontade do povo é o partido que governa. Não é preciso dizer que foi o povo que o elegeu. Portanto, antes de olhar para o orgulho deste ou daquele dirigente a Frelimo deve impedir, por via do diálogo, que os moçambicanos tenham medo de viver no seu próprio país.

A culpa, é bom que se diga, será sempre de quem governa. A escolha entre a paz e a guerra está ao alcance dos dedos da Frelimo. Se ela, a paz, deixar de ser uma realidade no território nacional, a Frelimo deve arcar com a culpa.

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