domingo, 4 de março de 2012

Guiné-Bissau: País com medo e sem liberdade, acusa Henrique Rosa



FP - Lusa

Bissau, 04 mar (Lusa) - A Guiné-Bissau é um país onde se vive com medo, onde perde o emprego quem tem opiniões e onde falta liberdade, acusou hoje Henrique Rosa, candidato independente às eleições presidenciais de dia 18.

Henrique Rosa percorreu ao fim da tarde de hoje vários bairros periféricos de Bissau, numa caravana automóvel, e se no bairro de Pessak ouviu palavras de apoio o que na verdade mais se falou foi da falta de uma estrada.

E foi dela que o candidato falou, já no bairro de S. Paulo, para alguns apoiantes, garantindo que, se for eleito, a estrada "não ficará assim", porque o que existe "não é estrada de pessoas" mas uma fonte de preocupação na época das chuvas.

Era o mote para falar depois da situação da Guiné-Bissau, onde pessoas combateram durante 12 anos pela liberdade e pelo desenvolvimento. "E o que temos hoje? Não temos nada. Temos uma terra onde as pessoas vivem com medo, de mostrar a cara, medo de serem despedidos se não votarem neles", disse, referindo-se ao governo e ao partido no poder mas sem nunca referir nomes.

"Há professores, diretores gerais, que estão a ser expulsos dos serviços, os funcionários têm medo, porque se declararem apoio a Henrique Rosa são expulsos. Que tipo de país é este?", questionou, acrescentando que o mesmo se passa com quem declare o apoio a outros candidatos, como Serifo Nhamadjo, Kumba Ialá ou Baciro Dja.

Apesar de ter acabado a ditadura, "os filhos da Guiné não têm liberdade", disse, acrescentando que é preciso que os guineenses se juntem e que saibam dizer não, porque "infelizmente" a única coisa que sabem dizer é "djetu ka tem" (não há outro jeito).

"Que isto acabe na Guiné. E tem de ser com outras pessoas, não com as que estão há 40 anos no poder, 40 anos a enganar-nos, a tratar-nos como crianças", disse.

Ainda que os apoiantes não fossem muitos, e que a maior parte até fossem crianças, Henrique Rosa falou emotivamente durante 15 minutos. Pediu o voto para em conjunto construir o país e não estar à espera que sejam "os brancos", os senegaleses ou os mauritanos a construir a Guiné.

E depois, acrescentou, os guineenses têm de deixar de pensar em emigrar para Portugal, para França ou para a América, têm de ter vergonha e serem eles a construir o país. "Quem construiu Portugal? Não foram os portugueses? E a França? E a América? E nós estamos à espera de que eles venham construir o nosso país? Temos de deixar de ser preguiçosos", disse.

É que, acrescentou, a Guiné-Bissau precisa de confiança e de dirigentes corajosos, que gostem do país e valorizem os guineenses, e no dia 18 é preciso "coragem para mudar".

E ele, garantiu, é o candidato certo, um "homem de paz", com quem não haverá "bons e maus filhos da Guiné". E sobretudo uma Guiné com dignidade: "não queremos dinheiro, queremos respeito, mesmo comendo mal queremos ser tratados com respeito".

Fim do discurso e Henrique Rosa partiu. Deixou autocolantes e crianças felizes, acenou a mulheres que trabalhavam nas hortas, a mães que davam banho aos filhos, a homens curiosos, sentados à beira da estrada, quando o sol já quase desparecia atrás das palmeiras e mais dois bairros esperavam a sua visita.

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ONU em Timor-Leste tem como prioridade “capacitar” polícia nacional



Notícias Lusófonas

Com a extensão do mandato da Unmit até dezembro deste ano, o grande papel que cabe agora à missão integrada das Nações Unidas em Timor-Leste é ajudar as autoridades nacionais a prepararem-se para as eleições presidenciais e legislativas.

A missão integrada das Nações Unidas em Timor-Leste, Unmit, vai encerrar no final deste ano para dar lugar, após consultas que irão decorrer ao longo de 2012, a uma potencial missão política de reduzida dimensão.

Mas antes de “fechar”, a Unmit tem por “missão” ajudar as autoridades timorenses, em especial a polícia nacional de Timor-Leste, Pntl, a preparar-se para as eleições presidenciais e legislativas, que se realizam em março e junho.

Fim de Missão

A Unmit, foi criada em 2006 para ajudar a jovem a nação a restaurar a estabilidade após a crise causada por um grupo de militares. Essa fase de instabilidade está para trás, de acordo com o comandante da polícia das Nações Unidas em Timor-Leste, a Unpol.

Luís Carrilho, à Rádio ONU em Nova Iorque, afirmou que a taxa de criminalidade em Timor é pequena e que “capacitar” a polícia nacional é a prioridade da ONU neste momento:

“Neste momento a grande prioridade é a capacitação da polícia. Timor Leste é um país seguro. Todas as campanhas que são feitas têm como objetivo gerar na população sensibilidade para esses assuntos, a nível da segurança rodoviária, a nível da violência doméstica, da proteção dos mais desprotegidos Também ao nível de utilização do número nacional de emergência, de uma forma própria e capaz. Todas estas campanhas são dirigidas no sentido de dar um sentimento de segurança à população”.

O comandante Carrilho indicou ainda em que áreas a Polícia nacional de Timor-Leste necessita mais atenção:

“A polícia nacional do Timor-Leste solicitou o apoio da polícia das Nações Unidas no desenvolvimento e capacitação em cinco áreas: legislação, administração, disciplina, formação e operações. São estas as áreas que, neste momento, estamos a apoiar a polícia de Timor-Leste”.

Timor-Leste, nação asiática com pouco mais de um milhão de habitantes, tem como línguas oficiais o português e o tétum.
 
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ELEITORES TIMORENSES: PARTICIPEM NA SONDAGEM “VOTO PARA PR DE TIMOR-LESTE”, na barra lateral

Campanha eleitoral em Timor-Leste começou com apoio total da ONU





O Secretário-Geral das Nações Unidas enviou uma mensagen a todos os timorenses onde apela para que o processo eleitoral seja um veículo para proteger a democracia e estabilidade no país; escrutínio está marcado para 17 de março e vai ser seguido pelas legislativas em junho.

As Nações Unidas em Timor-Leste comprometeram-se em apoiar as eleições presidenciais no país com toda a capacidade disponível. O escrutínio realiza-se a 17 de março.

De acordo com a Missão Integrada das Nações Unidas no país, Unmit, as áreas de apoio são: policial, técnica e legal, logística, política, observadores, autonomia das mulheres e jovens, em especial eleitores que votam pela primeira vez.

Proteger a Paz

O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, chegou mesmo a gravar uma mensagem de encorajamento aos eleitores timorenses, onde apelou para que o escrutínio seja uma forma de o país proteger a democracia e a estabilidade.

Ban prometeu dar total apoio às eleições e afirmou que o escrutínio representa um marco na consolidação da democracia no país, outro sinal do progresso alcançado na última década desde a restauração da independência. A paz e o crescimento económico substituiram o conflito, sublinhou o chefe da ONU.

São 13 os candidatos presidenciais, incluindo o atual presidente da República, José Ramos Horta. Mais de 600 mil pessoas estão registadas para votar, distribuídas pelos 13 distritos do país. Timor-Leste tem pouco mais de um milhão de habitantes, a grande maioria com menos de 20 anos e tem como línguas oficiais o português e o tétum.

Timor-Leste - Taur: “Hau Mai Hamotuk Servi Timor Forte no Riku”



Suara Timor Lorosae

ERMERA – Kandidatu Prezidente Republika, Taur Matan Ruak tuku povu Ermera nia fuan nudar Kandidatu Prezidente Republika, mandatu 2012-2017, atu hamutuk ho povu lori, Dezemvolvementu ba nasaun no rai doben Timor Leste.

“Hau mai ita hamutuk serbi Timor Leste ida nebe forte, riku no metin,” nee program principal nebe hato husi kandidatu Prezidente Republika, Taur Matan Ruak liu husi Kampaine iha capital Ermera Gleno, Kinta (1/3).

Taur hatutan Timor Leste nebe solidu fo motivasan, kbit hodi mobiliza povu hotu luta dezenvolvimentu nasional, tanba sidadaun hotu-hotu iha direitu luta ba rain doben Timor nia diak no susesu.

Estadu ho nia sidadaun katak Taur desempeinu no responsaveis ho jestaun nebe diak, bele lori Dezenvolvementu ba Timor hodi hakiak kondisoens moris diak ba Timor oan tomak. Tan nee tenke kaer metin Independensia Nasional, liu husi harii sistema Ekonomiku ida nebe metin, korente no sustentavel hodi reforsa Independensia Nasional. Kaer metin Unidade no Koesaun Nasional hodi moris iha ambitu Demokrasia nia laran. Liu husi rekonhesimentu ba direitus fundamentais sidadaun nian, tau matan ba nesesidades bazikus no jerais ba moris loro loron liu husi esforsu ba espiritu toleransia.


“Mai ita hatudu ba mundu katak, uluk ita luta ba ukun rasik an, agora mai ita hatudu tan dala ida ba Mundu katak, ita tenki kaer ukun hodi, halo Dezemvolvementu ba, povu ho Nasaun Doben TL. Karik eleitu ba PR, Taur sei lori povu ho Nasaun ba oin , nia iha kapasidade Lidera Nasaun ho povu,” apela Taur.

Ernestu Fernandes alias Dudu, Veteranus Distritu Ermera hateten, uluk hamutuk ho maun Taur, agora mai hamutuk nafatin ho maun Taur, lori halo Dezenvolvementu ba povu ho Nasaun. Kualia konaba ba Veteranus, tenki iha ema ida maka haree, rona no fo atensaun ba veteranus, tan nee Dudu hato ba veteranus tomak, liu-liu ba Regiaun IV, fo apoio ba Maun Taur Matan Ruak, Vota ba nia hodi sai Prezidente Republika no lori povu ho Nasaun ne ba oin.

Gilman Alves Prezidente UDT iha tempu nee, deklara ba apoiantes Taur Matan Ruak hodi hatete, Partidu UDT fo apoio I vota ba Maun Taur Matan Ruak hodi lori Dezenvolvementu ba povu ho Nasauin. Taur iha Responsabilidade, luta hamutuk ho povu durante tempu naruk nia laran, agora mai hamutuk ho povu lori povu ho Nasaun ba moris diak.

Tempu hanesan, Antonio Aitahan Matak, CPD-RDTL no organizasaun sira seluk mos, deklara hodi, fo apoio tomak ba Kandidatura Taur Matan Ruak. dlo


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Estudante Ermera-Lautem Komemora Saudozu Conis Nia Mate



Santino Dare Matias – Radio Liberdade (tl)

Radio, online – Relasiona ho komemorasaun loron saudozu Nino Conis Santana nia mate ne’ebe sei realiza dia 11 de Marsu 2012, Assosiasaun Estudante Universitariu Distritu Ermera (ASSER) no Movimentu Estudante Universitariu Juventude Distritu Lautem (MEUJ-DL), iha hanoin hodi komemora ba loron importante ne’e ho familia saudozu nian.

“Ita tenki hatudu sentidi de onra bo’ot ba martir libertasaun nasional ne’ebe mak fo sira nia vida tomak ba rai TL ne’ebe agora dadaun ita hotu goza ne’ebe liu husi prosesu naruk,”dehan Xefi komisaun organizadora Mario Soares.

Tuir Mario, ASSER ho MEUJ-DL hola inisativa ne’e tamba hodi relembra ba joven no estudante tomak atu hanoin ba saudozu nia kontribuisaun ba nasaun ne’e sai hanesan ezemplar ba futuru hodi dezenvolve diak liutan pais ne’e.

Tuir orariu iha loron Sabadu dia 10 de Marsu sei ba hader iha rate Conis nia nian, iha loron Domingu sei ba misa no iha lorokraik sei kari aifunan.


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LULA DA SILVA INTERNADO COM INFEÇÃO PULMONAR



Jornal de Notícias

O antigo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que sofre de cancro na laringe, foi este domingo hospitalizado em São Paulo, com febre provocada por uma ligeira "infeção pulmonar", informou o hospital Sírio-Libanês.

Um comunicado do hospital Sírio-Libanês , onde o ex-presidente está a ser tratado ao cancro, adianta que Lula da Silva, de 66 anos, foi hospitalizado por "febre ligeira".

Os médicos que estão a tratar o antigo chefe de Estado brasileiro, entre 2003 e 2010, verificaram a presença de uma "infeção pulmonar de fraca intensidade".

O hospital referiu que Lula ficaria internado nos próximos dias.

As sessões de quimioterapia e radioterapia a Lula terminaram a 17 de fevereiro.

O antigo presidente deverá submeter-se dentro de um mês a novas análises para avaliar os progressos do tratamento ao cancro, diagnosticado em outubro.

Lula deixou o poder com uma popularidade recorde de 80%, após dois mandatos consecutivos.

“DISSE QUE VENCÍAMOS E VENCEMOS”, lembrou Putin emocionado




Jornal de Notícias - foto MIKHAIL VOSKRESENSKY / reuters

Vladimir Putin, que, segundo as sondagens à boca das urnas, venceu as eleições presidenciais na Rússia, agradeceu aos seus apoiantes e apelou à união do povo em nome do seu país.

"Quero agradecer a todos os cidadãos da Rússia, principalmente aos que se reuniram aqui e aos que nos apoiaram em todos os cantos do nosso imenso país", começou por dizer Putin, ao discursar perante mais de cem mil apoiantes seus reunidos no centro da capital russa.

"Eu disse que venceríamos e vencemos, numa luta aberta e limpa. Obrigado", acrescentou, no meio de gritos dos seus adeptos, que empunhavam dezenas de bandeiras russas.

"Não se tratou apenas de presidenciais, mas de um teste para todos e para cada um de nós: demos provas de amadurecimento, independência e soberania. Provámos que ninguém será capaz de nos impor o que quer que seja", frisou.

Putin voltou a insinuar que a oposição pretende destruir a Rússia: "O povo soube distinguir a inovação da provocação, cujos autores querem destruir o país. Os destruidores não passarão".

"Glória à Rússia", concluiu.

Antes de Vladimir Putin, discursou o atual Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.

"O nosso candidato lidera com confiança e não duvido de que venceremos, precisamos muito dessa vitória e não a daremos a ninguém", afirmou Medvedev.

"O nosso candidato é o vencedor", concluiu.

Depois de contados 30% dos votos, Putin lidera a contagem com 63,42 por cento dos votos.

Guennadi Ziuganov, candidato comunista, aparece em segundo lugar com 17,26%, enquanto o multimilionário liberal Mikhail Prokhorov conquistou 7,29%, o líder ultranacionalista Vladimir Jirinovski 7,19% e Serguei Mironov, candidato do Partido Rússia Justa, 3,71%.

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AUSTERIDADE E SEU CONTRÁRIO




Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

Não se encontrarão caminhos para a saída da crise com exercícios de quadratura do círculo, ou seja, com austeridade e enfraquecimento da democracia jamais se assegurará criação de emprego, valorização do trabalho que mobilize e responsabilize os cidadãos, crescimento económico com distribuição da riqueza que garanta o funcionamento do Estado Social, participação cívica e política dos cidadãos, soberania dos povos e relacionamento dos estados em pé de igualdade.

A direita (e extrema-direita) que ocupa o poder no geral dos países da Europa, e também em Portugal, vai adotando práticas em que procura desempenhar, simultaneamente, o papel de poder e de oposição. Trata-se de uma perigosa representação teatral.

A intervenção da social-democracia, partindo da constatação de que com as atuais políticas a situação é um beco sem saída, não se liberta dos compromissos desastrosos que traz do passado recente e entra, muitas vezes, nesse jogo de justificar a austeridade e o seu contrário.

Nos últimos dias, o Governo e o presidente da República (PR) tiveram posições bem elucidativas daquele duplo papel que a direita portuguesa está a tentar representar. Trata-se de uma atuação que faz desaparecer a dialética de que a democracia se alimenta.

O Governo português faz discursos exaltantes pelas "notas positivas" e elogios recebidos dos "capatazes dos mercados", a troika, convencendo o povo de que o empobrecimento é glorioso e salvífico! Utiliza argumentos manipulados para convencer os cidadãos da inevitabilidade ("justeza" e "coragem") da perda de direitos no trabalho (o direito do trabalho está a ser cilindrado), da eliminação de condições de acesso à justiça, à saúde, à proteção social, à educação.

Por outro lado, nos mais diversos ministérios e áreas, as políticas são executadas a partir de agendas obscuras ou escondidas.

Seguindo os procedimentos que os poderes europeus e nacionais dominantes utilizam na estruturação e funcionamento da troika que nos "governa", são criadas entidades, ou indigitados indivíduos, pretensamente prenhes de capacidade técnica e de autonomia, para "decidirem" o que se deve fazer nas finanças, na economia, nos processos de privatizações, na utilização de recursos naturais, na segurança social, na saúde e no ensino, esvaziando o debate político e, logo, escondendo dos cidadãos as verdadeiras dimensões e os conteúdos dos problemas.

É no quadro deste processo que deve ser analisada a entrevista do PR à TSF esta semana. Nela, o PR preocupa-se com os "novos pobres" (também se deve preocupar com os "velhos pobres", os que o são em gerações sucessivas) e diz que é impossível impor-lhes mais austeridade, denuncia a ausência de "supervisão multilateral" que devia ter sido exercida pela União Europeia (UE) e por entidades nacionais, manifesta surpresa por os "27 chefes de Estado e de Governo" se deixarem condicionar e até chantagear por "três agências de rating norte-americanas", e considera negativa a "visibilidade tipo diretório" assumida pela Alemanha e pela França.

Mas este PR tem promulgado as leis e apoiado as políticas que geram a pobreza. Cavaco Silva foi ao longo do seu percurso político um grande responsável pela desindustrialização do país e pelas promiscuidades entre poder económico e poder político e um dos mais persistentes vendedores das teorias do "bom aluno", para Portugal se submeter às políticas da UE e estratégias dos poderes dominantes. O PR utilizou um discurso de aceitação passiva da atuação das agências de rating e, no passado recente, não reagiu quando devia ao rumo das políticas da UE.

O PR procura interpretar as críticas de pessoas da sua área ideológica que estão preocupadas com as políticas seguidas e isso pode aparentar uma certa divisão/oposição entre PR e Governo. Mas como a sua postura é inconsequente, as posições assumidas naquela entrevista não resultam em mais do que a encenação de uma "oposição" descompressora.

O país está, assim, perante uma democracia de cada vez mais baixa intensidade que nos pode armadilhar o futuro.

Não é possível ter numa mesma política austeridade e o seu contrário!


CEGOS, DESDENTADOS E DE BARRIGA VAZIA




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Como bom “africanista de Massamá”, Pedro Miguel Passos Relvas Coelho reedita a política colonial imortalizada no poema Monangambé de António Jacinto: fuba podre, peixe podre, panos ruins, cinquenta angolares e porrada se refilares.

E, pelo sim e pelo não, avisa que o Governo não permitirá a direito à indignação aos “que pensam que podem incendiar as ruas" e trazer "o tumulto". Antigamente os portugueses comiam e calavam. Hoje só calam porque comida… nem vê-la.

Por deficiência congénita e ancestral, os portugueses são de uma forma geral um povo de brandos costumes que, quase sempre, defendem a tese de que “quanto mais me bates mais gosto de ti”.

Há alguns sinais de sentido contrário, mas ainda são ténues e compráveis com um qualquer prato de lentilhas, fuba ou farelo. E é pena. No entanto, a força que se usa no dedo do gatilho costuma ser a última a finar-se…

Mas, quem sabe?, talvez um dia acordem com a barriga de tal modo vazia a ponto de mostrem que estão fartos de quem em vez de os servir… os fode e nem sequer paga, pelo contrário.

"Estão criadas as condições para que as contestações se alastrem", porque a "base da pirâmide demográfica é dominada por jovens, entre os 16 e os 25 anos, logo a propensão para haverem problemas é muito grande", explicou em tempos à agência Lusa o investigador na área da segurança e professor universitário, José Vegar.

É certo que em Portugal aumenta o número dos que pensam que a crise (da maioria, de quase sempre os mesmo) só se revolve a tiro. Parece-me uma boa opção, sobretudo porque apesar da fraqueza física haverá força para puxar o gatilho.

Mesmo que assim seja, se calhar os responsáveis pela tragédia (como é o caso, entre outros, entre muitos outros) de Cavaco Silva, Passos Coelho, Miguel Relvas e Paulo Portas) vão continuar a ter pelo menos três boas refeições por dia.

De uma coisa os portugueses não podem, contudo, esquecer-se. Como dizia Platão: "O castigo por não participares na política é acabares por ser governado por quem te é inferior." E se, mesmo participando, deu no que deu… o melhor é cortar o mal pela raiz.

E, convenhamos, se o valor dos portugueses se medisse pelo nível dos seus actuais, anteriores e anteriores aos anteriores políticos, estariam certamente abaixo do último do lugar do “ranking” mundial.

Segundo um estudo da Aon Risk Solutions, Portugal apresenta, pela primeira vez em dez anos, um risco político com ameaças de greves, de motins e de comoção civil.

"Embora tenha mantido o mesmo 'rating' - aquele que indicia o mais baixo patamar de risco - pela primeira vez foram especificados dois riscos específicos, nomeadamente, o de incumprimento da dívida soberana e o de ocorrência de fenómenos de violência pública", disse já há algum tempo à Lusa o director geral da Aon, Pedro Penalva.

De acordo com o responsável pelo estudo da Aon Risk Solutions, a empresa global de gestão de risco da Aon Corporation, "Portugal é um dos países que surge pela primeira vez na história do 18º Mapa de Risco Político, dada a conjuntura actual em comparação com outros anos".

O legado da recessão mundial, a recente crise da dívida soberana, os desenvolvimentos ocorridos na Grécia neste domínio e o consequente risco de contágio são factores que contribuíram para atirar Portugal para a lista dos países em risco, num universo composto por mais de 211 a nível mundial.

As conclusões do estudo referem-se ao ano de 2010, e resulta de uma avaliação da AON em conjunto com diversas entidades, como universidades, agências de 'rating', seguradoras e bancos de investimento. E se em 2010 era assim… de que estarão os portugueses à espera para fazer a Primavera chegar?

Se já estão cegos, desdentados e de barriga vazia, o que terão a perder?

Para já e por enquanto, na primeira linha dos que podem e devem sair à rua para dizer “basta” estão um milhão de desempregados, 20% que vivem na miséria e outros tantos que começam a ter saudades de uma... refeição. Número que, convenhamos, já tem algum significado.

Em certas áreas urbanas das grandes cidades, nomeadamente "as periferias das cidades de Lisboa, Setúbal, Porto as probabilidades de protestos são grandes", e não é só por uma "questão de austeridade, dificuldade do mercado de trabalho e do emprego", porque "já não é possível o estado social cobrir todas as funções que antes cobria", diz por sua vez José Vegar.

O investigador lembrou que uma das "principais reivindicações é que querem emprego, querem protecção, [mas] isso acabou e já não há", tendo as "pessoas de se qualificar, para terem mais acesso”.

E quanto mais qualificados são, digo eu, menos acesso têm. Isto porque, cada vez mais, os empregos não são para os que sabem mais, para os mais qualificados, mas para os que demonstram ter coluna vertebral e tomates amovíveis.

"Por muitas qualificações que as pessoas tenham hoje em dia, o acesso ao emprego não é automático, só os melhores vão ter acesso", diz José Vegar, certamente por nunca ter necessitado de enviar candidaturas a empregos.

Seja como for, começa mesmo a ser altura de os portugueses porem os seus políticos a pão e água ou, talvez, a farelo.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: TUDO A MONTE E FÉ EM QUEM PAGA MAIS

ANGOLANOS GASTAM MAIS QUE ESPANHÓIS EM PORTUGAL




Ana Serafim – Sol, com foto

Os gastos dos turistas angolanos em Portugal foram os que mais aumentaram ao longo de 2011. No ano passado, estes visitantes deixaram em território luso cerca de 223,7 milhões de euros, o que traduz um aumento de 58% face a 2010, quando despenderam 141,6 milhões de euros, segundo o Mediterranean Rim Tourism Monitor, elaborado pela Visa Europe.

O estudo – que contabiliza as despesas pagas com cartões Visa, crédito, débito e pré-pagos, em França, Grécia, Itália, Portugal, Espanha e Turquia – indica que, no primeiro quadrimestre do ano passado, as despesas de angolanos tiveram a maior subida entre o top 10 dos mais consumidores, ‘engordando’ 68,57%, para quase 57 milhões de euros.

Por países, Angola ocupava a quarta posição desse grupo, atrás da França, Reino Unido e Espanha, lugar que manteve no segundo quadrimestre. Entre Maio e Agosto de 2011, as despesas angolanas voltaram a ser as que mais cresceram, com uma variação de 53,5% face a igual período de 2010, totalizando 76,4 milhões de euros.

Já entre Setembro e Dezembro, Angola substituiu a Espanha, passando para terceiro posto na lista dos dez países, cujos turistas deixam mais dinheiro em Portugal. Nesse quatros meses, os gastos de angolanos avançaram 55,37%, para mais de 90 milhões de euros, uma subida apenas ultrapassada pelas despesas atribuídas a visitantes oriundos de Moçambique.

Nos últimos quatro meses de 2011, estes dois países africanos de expressão portuguesa protagonizaram os maiores aumentos neste indicador, seguidos do Brasil. Segundo as contas da Visa Europe, os 10,9 milhões de euros desembolsados por moçambicanos – que são uma novidade entre o top 10 dos turistas que gastam mais em Portugal – representam um aumento de 87,93% face aos volumes contabilizados no último quadrimestre de 2010. Quanto aos brasileiros, despenderam mais 26,69%, totalizando 47,6 milhões de euros.

Ao todo, entre Setembro e Dezembro, as transacções feitas através dos cartões Visa em Portugal ascenderam a 569 milhões de euros (+ 16,97%). Somando os gastos dos três quadrimestres, os consumidores estrangeiros deixaram no país cerca de 1,85 mil milhões de euros, ou seja, mais 15,1% do que em 2010.

Além das três nacionalidades lusófonas, o ranking dos maiores consumidores em território luso conta sobretudo com países europeus, como a França – que lidera as despesas com 479 milhões de euros gastos em Portugal em 2011 –, Reino Unido (332 milhões de euros), Espanha (172 milhões), Alemanha (51 milhões) e Estados Unidos da América (67 milhões).

Por sectores, o retalho – em que se inclui compras de vestuário –, a hotelaria e o entretenimento são os que mais pesam nos consumos dos turistas estrangeiros em Portugal.

Congo: Portugueses contactados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros "estão bem"



RTP - Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu à Lusa que os portugueses já contactados em Brazzaville, onde 206 pessoas morreram e centenas ficaram feridas numa série de explosões, "estão bem".

"Neste momento, o que podemos dizer é que a comunidade portuguesa em Brazzaville é pequena, quase todos os portugueses já foram contactados e estão bem", afirmou Paulo Portas.

Em declarações à Lusa, acrescentou que os serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros estão em contacto com a embaixada nacional em Kinshasa e com a cônsul honorária na capital da República do Congo.

"O Governo português lamenta profundamente a tragédia e endereça as condolências de Portugal", disse ainda Paulo Portas, remetendo para mais tarde uma informação detalhada a prestar às famílias.

Cinco explosões muito fortes e espaçadas no tempo ocorreram a partir das 08:00 locais (07:00 TMG) até às 10:45, provocando danos materiais em Kinshasa, a capital da vizinha República Democrática do Congo, separada de Brazzaville pelo rio Congo.

Contudo, foram-se registando explosões mais ligeiras e com intervalos irregulares até às 13:00 locais.

Um incêndio em dois armazéns de munições e na unidade de blindados de Mpila, a este da cidade, terá estado na origem do acidente, disseram à France Press militares que pediram o anonimato.

Governo pronto para processar responsáveis por mutilação genital feminina



Sol - Lusa

O governo está a acompanhar casos potenciais de mutilação genital feminina em Portugal e está pronto para processar criminalmente os autores, maioritariamente em comunidades imigrantes como a guineense, disse à Lusa a secretária de Estado da Igualdade.

Teresa Morais pediu há poucos dias a intervenção da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens num caso para que foi alertada de crianças em risco de serem mutiladas numa viagem à Guiné-Bissau durante as férias escolares e admite accionar meios judiciários contra os responsáveis.

«Estamos a falar de um crime. Não podemos criminalizar uma prática e depois fechar os olhos à circunstância e não fazer nada», disse a secretária de Estado em entrevista à Lusa em Nova Iorque, à margem da sua participação na Comissão do Estatuto da Mulher, nas Nações Unidas.

Está em causa a «integridade física das raparigas», grande parte delas nascidas em Portugal e cidadãs portuguesas, e nalguns casos as condições em que são excisadas leva à morte devido a hemorragias.

«Há situações de violência psicológica e física graves associadas a esta prática, pelo que, em relação a Portugal, estou a pôr toda a energia nesta matéria. Não sabemos quantos casos são, mas temos de fazer tudo ao nosso alcance para isto acabar», adianta Teresa Morais.

Para a secretária de Estado, esta é das «mais graves e chocantes violações de direitos humanos», mas mesmo assim pouco conhecida, porque é «oculta e avessa a estatísticas», sendo apenas detectada em urgências hospitalares, por exemplo nos arredores de Lisboa.

«O que me foi sinalizado não foi um caso de mutilação. Se tivesse sido, não me limitava a accionar intervenção da Comissão, mas sim os meios judiciários, comunicando ao Ministério Público logo. Temos de usar os meios de forma proporcional», afirma.

Mas a «primeira linha» de combate ao fenómeno, salienta, continua a ser a «prevenção, sensibilização e desmotivação», através de acções pedagógicas junto de famílias e comunidades.

A secretária de Estado quer endurecer o combate a esta prática envolvendo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e fazendo uso de instrumentos legais e fundos de cooperação bilateral ou multilateral, que têm sido insuficientemente aproveitados.

«Os planos [da CPLP] prevêem [os direitos humanos] como sendo matéria que pode ser objecto de cooperação. É uma matéria em que vamos rapidamente operacionalizar uma cooperação que, aliás, já propus também à ministra da Igualdade da Guiné, que é, dentro dos países da CPLP, aquele em que [a situação da excisão feminina] é mais grave», afirma.

Teresa Morais propôs ao ministro dos Negócios Estrangeiros que nos próximos planos da cooperação portuguesa o combate à mutilação genital seja objecto de apoio «directo e claro».

Também recorrendo a fundos comunitários, é possível lançar acções, na Guiné-Bissau e em Portugal, com pessoal ligado à saúde e educação e o governo já propôs a Bissau um «programa conjunto de cooperação».

«Quer ao nível multilateral, no domínio CPLP, quer nas relações bilaterais com alguns países em que o problema é particularmente sensível, como a Guiné, é possível e deve-se avançar nos próximos tempos, concretizando-se aquilo que está, em termos teóricos e relativamente vagos, consagrado nos planos», adianta Teresa Morais.

Portugal: VÍTOR GASPAR REJEITA IDEIA DE CISÃO NO GOVERNO




Paulo Alexandre Amaral, RTP

O ministro das Finanças assegurou este domingo que não há qualquer divisão no Governo em relação à tutela do Quadro Comunitário de Referência Estratégico Nacional. Classificando de “falsa questão” as críticas do líder do PS relativamente a uma clivagem com o ministro da Economia quanto à "reprogramação estratégica" dos fundos do QREN, Vítor Gaspar deixou em Manteigas a garantia de que o executivo trabalha em conjunto para redistribuir os dinheiros europeus pelas prioridades da economia nacional.

O líder dos socialistas, António José Seguro, havia criticado o funcionamento da equipa do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho a propósito do que considera ser uma indecisão na gestão dos fundos do QREN.

"É uma falsa questão", respondeu o ministro das Finanças, para acrescentar que "os fundos europeus têm sido executados em bom ritmo durante todo o período de vigência deste Governo e a questão da reprogramação estratégica é uma prioridade nacional que ocupará o Governo no seu conjunto".

Vítor Gaspar já antes negara qualquer problema de sobreposição de funções com Álvaro Santos Pereira, o ministro da Economia, "ou com os outros ministros". O responsável pelas Finanças explicou que esta questão já havia sido esclarecida pelo próprio primeiro-ministro quando Passos Coelho disse que as Finanças têm uma palavra decisiva na "reprogramação" das verbas do QREN, apesar de a coordenação dessas verbas permanecer na esfera de Santos Pereira.

"A questão do QREN é uma completa falsa questão", afirmava Gaspar, numa primeira desvalorização da críticas, assegurando que "não há qualquer clivagem no Governo sobre a tutela dos fundos europeus. Esta é e continuará a ser exatamente a mesma".

Gaspar fala em trabalho de equipa

O ministro das Finanças fez questão de sublinhar que "o Governo trabalha em conjunto para resolver os problemas do país e, nesse contexto, é muito importante proceder à reprogramação estratégica dos fundos europeus".

Nesse sentido, esclareceu Vítor Gaspar, "o Governo trabalhará em conjunto para garantir a compatibilidade dessa reprogramação com os objetivos do programa de ajustamento e, ao mesmo tempo que se promove a competitividade, o crescimento e o emprego da economia portuguesa, que são neste momento prioridades cruciais para o país".

"Os fundos do QREN têm uma responsabilidade operacional exclusiva do ministro da Economia, sendo que os ministros das Finanças e da Economia, em conjunto com os outros ministros, trabalham em conjunto para resolver os problemas do país", acrescentou.

Santos Pereira fica com "guichet de falências"

Já durante a tarde, num almoço com simpatizantes, em Braga, o coordenador bloquista Francisco Louçã deixaria uma nota de ironia acerca desta questão, preconizando para o ministério de Álvaro Santos Pereira um serviço limitado às empresas falidas.

Assinalando a disputa pelos fundos comunitários como um sinal "muito revelador da desagregação política de um Governo", Louçã antevê que "no Ministério da Economia talvez fique um guichet para registar as falências das empresas".

Pouco convencido com as explicações de Passos Coelho - que deixava a coordenação das verbas do QREN com Álvaro Santos Pereira, mas entregava a “palavra decisiva” a Vítor Gaspar -, o líder do Bloco de Esquerda lê "esta disputa que houve, a gritaria do Conselho de Ministros da passada quinta-feira, em que, com o primeiro-ministro em Bruxelas, o ministro das Finanças quer ficar com os dinheiros geridos dos fundos comunitários que eram atribuídos ao ministro da Economia e o ministro da Economia quer ficar com essa prerrogativa", como "muito reveladora da desagregação política de um Governo oito meses depois de ter sido formado".

"É muito revelador de uma fase de dissolução, de crise, de dificuldades de um Governo, que, perante a não resolução do problema, um dos dois ministros, não sabemos qual, tenha vindo para a opinião pública dizer: estamos aqui a lutar pelo controlo dos fundos comunitários", lamentou Francisco Louçã.

"Mais revelador ainda é o facto de o Ministério da Economia, onde tinham que estar políticas para o emprego, para a economia, para a sociedade, ir perdendo talhões dos seus poderes", acrescentou Louçã.

E aqui, o bloquista deixaria uma forte crítica: "Parcerias público-privadas já é outro que vai gerir, emprego jovem já é outro que vai tratar, este dossier e aquele, agora os fundos comunitários, alguém mais responsável tem que tomar conta do assunto. Para as pessoas, para os desempregados, nenhum apoio. Não há investimento, o país fechou as portas, está na falência, vive para a dívida, vive para pagar juros, trabalha-se para pagar juros, trabalha-se para a usura, para a ganância, para a finança, e por isso é que é preciso uma esquerda de confiança".

*Foto de Nuno André Ferreira, Lusa, em RTP – alterada por PG

TUDO A MONTE E FÉ EM QUEM PAGA MAIS




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

As prostitutas da Mouraria (Lisboa) estão a pensar bem. Querem organizar-se numa cooperativa. Creio até que a iniciativa terá a plena aceitação de uma outra congregação intelecto-prostibular da capital, conhecida por Parlamento.

Mas, reconheço, o que há mais em Portugal são actividades prostibulares – embora não assumidas como tal. O dito jornalismo é uma delas. Na verdade, o elegantemente chamado comércio do jornalismo (onde os profissionais não vendem, alguns, o corpo mas sim a alma) é hoje, em Portugal, uma rentável profissão.

José Rebelo, professor universitário que coordenou equipa do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Instituto Universitário de Lisboa e que realizou o estudo "Ser jornalista em Portugal - perfis sociológicos", considera preocupante o facto de cada vez mais estagiários estarem a ser utilizados como jornalistas profissionais.

É como na prostituição propriamente dita. De pequenino é que se torce o pepino. E é sempre útil estagiar, ganhar como tal (quando não se trabalha de borla ou se dá todo o lombongo ao chulo) mas trabalhar com profissional adulto. É, aliás, uma forma de combate o desemprego juvenil.

Hoje (salvo muito poucas excepções) não se fazem jornais, fazem-se linhas de enchimento de conteúdos de linha branca em forma de papel, rádio, televisão ou Internet. E fazem-se à medida e por medida do cliente. E o cliente não é o público. É quem paga, é quem manda. Tal como na prostituição. O cliente diz o que quer e o resto fica a cargo de quem sabe da poda.

A coisa está brava? Não, não está. Estaria se falássemos de Jornalismo. Resta, contudo, a certeza de que é mais a parra do que a uva. Desde logo porque, ao contrário do que seria de esperar, os “macacos” não estão nos galhos certos. Tal como os políticos e as prostitutas. É tudo a monte e fé em que paga mais.

A convivência entre os diferentes poderes não tem sido fácil. O suposto Estado de Direito democrático em Portugal ainda é – na melhor das hipóteses - uma daqueles puritanas meninas que, apesar dos muitos vícios, deformações e preconceitos herdados ou estimulados, se apresenta como impoluta defensora dos nobres ideais das virgens.

É claro que, quase sempre, o cliente estabelece a regra do “quero, posso e mando”, instituída por essas linhas de enchimento fora, cabendo-lhe o direito de propriedade sobre o ou a artífice que tem à sua disposição, seja num jornal ou numa esquina da vida.

Tal como as putas das muitas mourarias de Portugal, também os jornalistas são comidos (física ou mentalmente) à grande e à francesa com a conivência activa de muitos que hoje conseguem andar de pé mas que ainda há pouco tempo vagueavam pela horizontalidade da noite.

Com a criação de uma cooperativa as trabalhadoras poderão pôr alguma ordem na casa. Dessa forma poderão, ao contrário do que por exemplo acontece na política, seleccionar quem é digna ou não de estar na profissão.

E quem sabe, aliás, se um dia não poderão integrar a confraria dos deputados, garantindo um lugar no Parlamento, como foi o caso da italiana Ilona Staller (mais conhecida por Cicciolina).

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: HÁ RAZÕES QUE A RAZÃO (DES)CONHECE

URUGUAI PEDIRÁ DESCULPAS, E O BRASIL?




Mário Augusto Jakobskind – Direto da Redação, com foto

·        Enquanto no Brasil militares da Reserva, hoje óleos queimados da história, se insubordinam por saudosismo dos tempos da ditadura e receio da Comissão da Verdade, como bem já explicou Urariano Mota, no próximo dia 21 de março no Uruguai haverá uma ato público na Assembleia Nacional em que o governo pedirá desculpas às vítimas da ditadura em vigor no país de 1973 a 1984 e que contava com o apoio de sucessivos governos brasileiros comandados por generais de plantão.
O ato foi convocado por exigência da Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), adotada em fevereiro de 2011. A importante cerimônia contará com a participação do Presidente José Pepe Mujica, uma das vítimas da cruel ditadura, que esteve preso na condição de refém por mais de 10 anos. Refém significava isolamento e se a guerrilha tupamara voltasse a atuar o preso seria submetido a piores maus tratos e até era ameaçado de fuzilamento.
Também no dia 21, o Estado uruguaio indenizará em 500 mil dólares, quantia fixada em sentença, a família do poeta argentino Juan Gelman, cuja nora, María Claudia García Iruretagoyena, foi assassinada, no contexto da Operação Condor, no Uruguai, e a neta entregue para adoção a uma família de militares. Ela acabou sendo localizada e se empenhou no sentido de exigir que o Uruguai assumisse a responsabilidade pelo assassinato da mãe e do pai.
Estes governos ditatoriais tinham acordos e os seus sistemas de inteligência agiam em conjunto na caça de opositores, sejam contra os que optaram pela luta armada ou por outro tipo de contestação ao regime de força.
Militares que assinaram o manifesto e que disseram não reconhecer Celso Amorim como Ministro da Defesa agiam em comum acordo com seus colegas torturadores do Cone Sul. E agora um deles cinicamente afirmou que entrará na Justiça por ter sido repreendido pelos comandantes militares e usa o argumento da “liberdade de expressão”. E vejam só, uma figura que tinha comando naquela época de trevas e censura vem falar de liberdade de expressão. É cinismo ou não é?
O que aconteceu com o filho e a nora de Juan Gelman não foi o único caso daqueles tempos hediondos que os signatários do manifesto têm saudades. Fatos dessa natureza não podem ser esquecidos, até porque os crimes praticados são de lesa humanidade e portanto imprescritíveis. Ficam no mesmo nível que os crimes cometidos por oficiais nazistas, muitos deles descobertos quando tinham mais de 80 anos. E nem por isso seguiram impunes.
O Estado brasileiro também foi sentenciado pela Comissão de Direitos Humanos da OEA no sentido de apresentar os restos de combatentes da guerrilha do Araguaia, assassinados quando tinham sido capturados e não ofereciam resistência por estarem fora de combate. A Comissão também questionou a vigência da Lei da Anistia.
A resposta brasileira não teve a grandeza do governo uruguaio. Para o Brasil está em vigor a Lei da Anistia, que absolveu de antemão quem nunca foi submetido a julgamento por violar diretos humanos. Uma lei que, por sinal, como indica pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), é desconhecida por 74% dos brasileiros.
Na verdade, não é de hoje que associados do Clube Militar têm se manifestado em defesa do ideário golpista de 1964 na base da odiosa linguagem da Guerra Fria. Na última “comemoração” do golpe apareceu até Sandra Cavalcanti, ex-secretária do governo Carlos Lacerda com o discurso que se imaginava varrido para o lixo da história.
Na antevéspera da campanha eleitoral de 2010, dois jornalistas, Merval Pereira, de O Globo, e Reinaldo Azevedo,da revista Veja, compareceram e fizeram críticas do gênero golpista contra o então Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Foram aplaudidíssimos pelos presentes, apoiadores do golpe de 64. Merval e Azevedo volta e meia falam em suas colunas na democracia que defendem desde criancinha.
Parece que esta gente não aprendeu nada nestes anos todos.
Já na Argentina, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados convidou o Juiz Baltazar Garzon para prestar assessoria, reconhecendo assim a importância do magistrado espanhol que foi injustiçado em seu país pelo conservadorismo predominante no Poder Judiciário daquele país. Os parlamentares argentinos merecem todo aplauso pela iniciativa.
* É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

27% dos brasileiros vivem em cidades com índices mais baixos de qualidade em saúde




Brasil América Economia – Agência Brasil

RJ tem o pior desempenho no grupo que reúne os 29 municípios com melhor renda e infraestrutura de atendimento, com população total de 46 milhões de pessoas

Brasília. Vinte e sete por cento da população brasileira vivem em cidades com as notas mais baixas de acordo com o Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (Idsus), criado pelo governo federal para medir o acesso do usuário e a qualidade dos serviços da rede pública.

Dos 5.563 municípios, 1.150 (20,7% do total) receberam pontuação abaixo de 5, em uma escala de 0 a 10 estabelecida pelo índice. Nessas cidades, onde a infraestrutura de saúde é classificada de alta, média ou baixa, vivem mais de 50 milhões de brasileiros.
Mais de 70% da população (134 milhões de pessoas) estão em 4.066 cidades (73,1% do total de municípios), que receberam notas entre 5 e 6,9. Somente 1,9% – cerca de 3,2 milhões de brasileiros – reside no grupo dos 347 municípios mais bem pontuados, que conquistaram nota superior a 7.

Para calcular o desempenho do SUS em cada cidade do país, os técnicos dividiram os municípios em seis grupos, dependendo da condição econômica e da estrutura de saúde disponível (hospital, posto de saúde, laboratório).

O grupo 1 reúne os 29 municípios com melhor renda e infraestrutura de atendimento, com população total de 46 milhões de pessoas. No topo da lista, aparece Vitória, com nota 7,08. O grande número de exames para detecção de aids (84% em 2010), alto percentual de cura de pacientes com tuberculose (80% em 2010) e atendimento de excelência a crianças com câncer são alguns dos indicadores que elevaram o resultado da cidade, segundo análise de técnicos do Ministério da Saúde.

Em último lugar desse grupo está o Rio de Janeiro, com 4,33. Mesmo com a expressiva condição econômica e com a existência de hospitais e atendimento de referência, a baixa cobertura de assistência básica, como equipes do Programa Saúde da Família, afetou o desempenho da capital, conforme o diretor de Monitoramento e Avaliação do SUS do ministério, Paulo de Tarso.

No outro extremo, o grupo 6 é formado pelas cidades que não têm estrutura de serviços especializados, como um hospital ou pronto-socorro, e população total de 23,3 milhões de brasileiros. A maioria dos municípios brasileiros está nesse grupo, totalizando 2.183. A pequena Fernandes Pinheiro, no Paraná, com 5.932 habitantes, obteve a melhor nota (7,76) do grupo. A menor pontuação ficou com Pilão Arcado, na Bahia, onde vivem 32.815 pessoas. O município obteve 2,5 – o pior resultado do país.

O levantamento inédito também traz um ranking dos estados. Santa Catarina (6,29), o Paraná (6,23) e o Rio Grande do Sul (5,9) são os primeiros colocados. Os últimos são o Pará (4,1) Rondônia (4,49) e o Rio de Janeiro (4,58). Além disso, apenas nove estados ficaram acima da média do Brasil, que é 5,47.

O Sul teve o melhor resultado (6,12) entre as cinco regiões do país. Em seguida, vem o Sudeste (5,56), o Nordeste (5,28), o Centro-Oeste (5,26) e o Norte (4,67).

O Idsus é o cruzamento de 24 indicadores que avaliaram o acesso e a efetividade dos serviços nas unidades públicas de saúde. Entre eles, a proporção de gestantes com mais de sete consultas pré-natal, a quantidade de exames preventivos de câncer de colo do útero em mulheres de 25 a 59 anos, a cura de tuberculose e hanseníase e mortes de vítimas de infarto.

Os dados estão disponíveis no endereço eletrônico www.saude.gov.br/idsus.

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