segunda-feira, 9 de julho de 2012

A AMPLA CIDADE



Rui Peralta

Israel

O presidente do Conselho Mundial de Diamantes (WDC), Eli Izhakoff, declarou na reunião de Maio deste ano que “não pode associar-se o diamante com a violência colectiva contra as comunidades”, exactamente o tipo de repressão que as forças sionistas oprimem o povo palestiniano. Mas quando o movimento Solidariedade Palestina Global (GPS) enviou uma carta ao Conselho Responsável de Joalharia (CRJ) em Abril do ano passado, o director executivo deste Conselho respondeu que estava fora de questão qualquer boicote á industria diamantífera israelita.

Também o Líbano é conhecido no mercado global diamantífero geralmente pelas piores razões. Eliminado do KP em 2004, foi readmitido em 2007 e é hoje um dos grandes intermediários do sector israelita. O Sindicato Libanês dos Comerciantes de Joalharia insiste em que o Líbano cumpre todas as obrigações requeridas pelo KP e que os diamantes delapidados israelitas não estão cobertos pelo protocolo do KP e que o Líbano nada tem a ver com essa situação. Mas o que é um facto é que os consumidores libaneses e os operadores deste país, compram e comercializam diamantes delapidados israelitas, financiando o exército israelita, isto apesar de todas as negações por parte das autoridades libanesas e dos seus operadores privados.

Se os diamantes delapidados israelitas poderem classificar-se internacionalmente como diamantes de sangue, o seu percurso comercial poderia ser limitado. Claro que quando o KP e o WDC contarem entre os seus membros com várias organizações e empresas israelitas isso será bastante difícil. Asad Ghsoub, do grupo Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) de Beirute propõe uma acçäo contra os diamantes israelitas a partir de campanhas contra os diamantes de origem desconhecida e não rasteáveis em geral. Este grupo é um dos que investiga a comercialização de diamantes israelitas no Líbano e sua distribuição internacional a partir de operadores libaneses.

Ausência

A alma entardece, perdem-se os sentidos e morre-se aos poucos. Mas a vida acontece num cruzar de gemidos roucos.

Palestina

O governo sul-africano proibiu a importação de produtos precedentes dos colonatos israelitas. A decisão foi aplaudida na Cisjordânia e em Gaza. A BDS considerou esta uma victória simbólica e relembrou o apoio que o povo palestiniano prestou ao ANC e outras organizações na longa luta contra o apartheid, agora retribuído neste singelo acto de solidariedade. Esta campanha na Africa do Sul, que levou o governo sul-africano a tomar esta primeira medida, foi levada a cabo pela BDS, diversos grupos palestinianos e israelitas de direitos humanos e sul-africanos, caso da Open Shuhada Street que se centrou na Ahava, uma companhia israelita que elabora produtos num colonato da Cisjordânia.

Dias depois do anúncio sul-africano, o Ministro dos Assuntos Exteriores da Dinamarca afirmou a intenção do governo dinamarquês de revisar os seus tratados comerciais com Israel e levar á Comissão Europeia e ao Parlamento Europeu uma proposta de ilegalizar no espaço da UE os produtos provenientes dos colonatos de Israel. Por sua vez o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Irlanda, Eamon Gilmore comunicou numa reunião de ministros dos assuntos externos dos países da UE que quando a Irlanda exercer a presidência da UE, em Janeiro de 2013, a sua primeira medida seria a proibição dos produtos importados dos colonatos. Por sua vez o governo britânico, que desde 2009 estabeleceu novas formas de etiquetas para estes produtos, considera estudar medidas de proibição e levar o assunto às reuniões de ministros do comércio da UE.

No entanto apesar da importância desta tomada de posições, elas não serão mais que simbólicas se a Africa do Sul e a UE não ampliarem o seu controlo sobre as empresas israelitas, que estão a recorrer a vários estratagemas para furar as listas da UE e o seu controlo alfandegário. Bill Van Esveld, da Human Rights Watch (HRW), comentou sobre estas medidas que o governo de Israel agrupa os produtos dos colonatos ilegais e nos territórios ocupados com produtos fabricados em Israel, criando novas marcas e contornando a supervisão da UE. Muitas das vezes os rótulos obrigatórios que a UE exige para a comercialização no mercado europeu é substituído na própria embalagem.

Por sua vez o Congresso dos Sindicatos Britânicos (TUC) realiza uma grande campanha denominada Campanha de Solidariedade com a Palestina. O TUC é a maior confederação sindical do Reino Unido, representando cerca de seis milhões e 500 mil de trabalhadores. Também a Confederação dos Sindicatos do Reino da Suécia, com um milhão e 500 mil membros, solidarizou-se com o movimento sindical palestiniano, tomando medidas para que o capital sueco não seja investido nos colonatos israelitas e nos territórios ocupados e que as empresas suecas deixem de fazer negócios com empresas israelitas que operam nos colonatos e nos territórios ocupados.

Na Grã-Bretanha e apoiando as campanhas iniciadas pelo TUC e as campanhas internacionais da BDS o grupo Co-operative a quita maior cadeia de supermercados no Reino Unido decidiu não comprar produtos israelitas e a Igreja Metodista Unida aprovou uma resolução na sua ultima assembleia geral que apela aos crentes da igreja em todo o mundo (cerca de 12 milhões de fieis) para que boicotem a importação de produtos provenientes dos colonatos e nos territórios ocupados e não comprem produtos provenientes de Israel que não tenham o certificado da UE.

Ausência

Oferece-me o teu colo e faz-me cafuné. Abriga-me no teu ser, que seja a tua alma o meu consolo e o teu corpo a minha fé. Quero, em ti, entardecer.

Colômbia

O chefe paramilitar Salvatore Mancuso, preso nos USA, revelou recentemente numa entrevista concedida á Caracol Noticias e divulgada pela Agencia de Noticias Nova Colômbia (ANNCOL), as suas estreitas relações com o ex-presidente colombiano e actual senador, Álvaro Uribe, a quem acusa de ter atraiçoado as milícias paramilitares da extrema-direita colombiana, para continuar a manter-se no poder, devido às pressões internacionais que denunciavam as cumplicidades do estado colombiano com estas organizações financiadas pelo narcotráfico.

Segundo Mancuso, Uribe quando viu que os chefes paramilitares estavam a desvendar as relações com o estado colombiano, aceitou os pedidos de extradição feitos pelos tribunais dos USA, extraditando-os para os silenciar, impedindo que fossem divulgadas as formas como o estado colombiano, as forças militares e os grande empresários e latifundiários colombianos manejavam e suportavam logisticamente e financeiramente os grupos paramilitares de Mancuso, Castano ou do célebre sanguinário Jorge 40, para executarem de forma sangrenta o terror e as represálias sobre as comunidades da floresta, camponeses, sindicalistas e outros sectores que o estado colombiano consideravam ser de suporte às guerrilhas da FARC-EP e do ELN.

Mancuso considerou ainda que o processo de paz está vetado ao fracasso, não devido ao guerrilheiros, mas devido ao governo, que irá tentar minar constantemente o processo. Acusa ainda que só estão presos os cabecilhas paramilitares como ele e alguns, poucos, deputados da bancada uribista, mas nem um dos principais estrategas foi sequer chamado a depor ou a responder às acusações que os próprios réus fizeram. Mancuso diz que reuniu-se diversas vezes com Uribe, tal como os outros chefes paramilitares, e que o cartel de Medellín financiou o as campanhas presidenciais, na figura de Fábio Ochoa Vasco (também detido nos USA), assim como financiava as organizações paramilitares, a troco de cobertura e defesa das plantações e laboratórios que o cartel detinha nas florestas colombianas.

Na voz de Mancuso, o ex-presidente Álvaro Uribe e o seu irmão Santiago Uribe foram os mentores de uma das mais terríveis organizações terroristas paramilitares de extrema-direita os “Doze Apóstolos”, que actuava no norte de Antioquia, formada nos tempos em que Álvaro Uribe foi governador dessa província. Descreve depois, Mancuso, a forma como as Cooperativas de Vigilância, formadas pelos governadores e sob sua responsabilidade e do Ministérios do Interior, serviram de trampolim para o fortalecimento do paramilitarismo fascista e acusa ainda que Uribe tentou substituir o Supremo Tribunal de Justiça e retirar-lhe os processos relacionados com a luta contra a guerrilha, criando tribunais ad-hoc, facilmente manipuláveis, mas que o Supremo Tribunal barrou-lhe o caminho, considerando-a anticonstitucional e obrigando o Congresso (que contava com a maioria de Uribe) a rever essa medida, para que o Supremo não tivesse que declarar o governo anticonstitucional o que implicaria a dissolução do Congresso e a convocação de novas eleições.

Segundo Mancuso a empresa La Chiquita, a filial colombiana da United Fruit Company, estipulava para os paramilitares 30 cêntimos de USD por cada caixa de bananas exportada. A Postobon e outras empresas nacionais entregavam recursos, financeiros e outros, aos paramilitares. Enfim um role de acusações, que Mancuso diz poder comprovar e que entregou nos tribunais colombianos.

A Colômbia tem o direito de saber a verdade e sair das trevas a que sucessivos governos oligárquicos a têm submetido. Neste sentido as declarações de Mancuso, um dos mais temíveis dirigentes da extrema-direita sanguinária, suportada pela oligarquia e pelos seu representantes políticos, que não se coíbem de negociar os apoios dos cartéis do narcotráfico, são de extrema importância e fundamentais para um julgamento histórico que reponha a verdade e a justiça, condenando os assassinos, ladrões e vende-pátrias da oligarquia, que exploram o povo colombiano e mancham de sangue o solo pátrio.

Ausência

Entardece...Quero ler o castanho da tua pele e o teu escrever, que o amor não esquece o sabor a mel.

India

Antilla, o mais dispendioso edifício da India (e um dos mais dispendiosos do mundo), com 27 andares, 3 heliportos, vários jardins suspensos, diversos ginásios, várias termas e spas, 6 pisos para parqueamento de viaturas, 600 funcionários e uma enorme gama de luxuosas instalações e serviços, para além da sua estranha forma arquitetónica (uma rede de retângulos sobrepostos), pertence a Mukesh Ambani, o homem mais rico da India (um país em que as fortunas dos 100 mais ricos representam ¼ do PIB) e um dos fenómenos do capitalismo brics (versão homem novo, agora homem brics, o modelo de homo economicus que o capitalismo dos emergentes quer apontar como futuro da humanidade).

300 milhões de indianos pertencem á recém-alargada “classe média”, uma coisa criada pela conjuntura pós-reformas do FMI, consumidores natos e profícuos devedores aos bancos, onde empregam todo o seu médio salário para garantir, casa, carro e mobília. Estes 300 milhões vivem lado a lado com uma vasta comunidade de 800 milhões fantasmas de desempregados, espíritos famintos dos rios mortos, das planícies secas, das montanhas áridas e das florestas nuas, despidas de árvores pelas mineiras e as almas penadas de 250 mil camponeses que optaram pelo suicido para não terem de ver os rostos famintos dos filhos, em contraste com o rosto gorducho dos funcionários judiciais que os visitam para entregar ordens de execução fiscal por motivo de dividas impagáveis. Enfim 800 milhões de corpos esqueléticos que vivem com menos de 20 rupias por dia.

Claro que o exemplo mais esplendoroso do homem brics, Mukesh Ambani, ganha pessoalmente, 500 mil vezes mais, por dia. Ele controla maioritariamente a Reliance industries Limited (RIL) uma companhia com uma capitalização de 47 mil milhões de USD e com negócios em todo o mundo, desde petroquímicas, petrolíferas, gás natural, polyester, negócio diversos nas Zonas Económicas Especiais, alimentação, universidades privadas, farmacologia, investigação científica e tecnológica e recentemente a engenharia genética. Aquisição recente, também, foram os 95% da Infotel, consorcio televisivo que controla 27 canais de informação, incluindo a CNN-IBN, IBN Live, CNBC, IBN Lokmat e ETV, em todas as linguagens regionais. A Infotel é também proprietária da única licença indiana para o sistema 4G, o pipeline de alta velocidade da informação. Para além disto tudo o senhor Ambani é também proprietário de uma equipa de cricket.

A RIL não é a única corporação da India. Existe uma mão cheia delas. A Tatas, a Jindals, a Vedanta, a Mittals, a Infosys, a Essar e a ADAG (cujo proprietário é irmão de Ambani). Podem ser vistas na Europa, na Asia Central, em África e na América Latina. Mas também podem não dar nas vistas. Por exemplo a Tatas esconde-se por detrás de 100 companhias, em 80 países. É proprietária de minas, de campos de gás, de terras, de aço, de telefones, de TV por cabo, de agências de informação, de estúdios de cinema, construtora de torres, fabrica carros, camiões, tractores agrícolas, dona da cadeia de hotéis Taj Hotel, socia maioritária da Jaguar, da Land Rover, da Daewoo, da Tetley Tea, tem uma multinacional de publicações, uma rede mundial de livrarias, são reis do sal e proprietários dos cosméticos Lakme. O slogan deles: Não consegue viver sem nós””…claro. O nome deste nós? Capitalismo.

Fontes
Omar Barghouti; Boycott, Divestment, Sanctions: The Global Struggle for Palestinian Rights Haymarket, 2011
Patrick Galey; Israeli blood diamonds global conspiracy; http://english.al-akhbar.com
Omar Barghouti; Palestinians want the full menu of rights; http://mg.co.za
Iván Márquez; Mancuso acusa al poder; http://anncol1.blogspot.com.es
Arundhati Roy; Capitalism: A Ghost Story; http://www.zcommunications.org
The Guardian; 10/12/2009; 29/04/2012

Angola: PORTUGAL EM PRIMEIRO LUGAR ENTRE PAÍSES EXPORTADORES



EL - Lusa

Luanda, 09 jul (Lusa) - Portugal foi o país que mais exportou para Angola no primeiro trimestre deste ano, com cerca de 40 por cento do total, num valor de 1.584 milhões de euros, indicam números do banco central angolano divulgados hoje.

A informação do Banco Nacional de Angola (BNA), refere que o segundo maior vendedor de bens e serviços foi a China, a grande distância de Portugal com 8,3 por cento do total.

No que diz respeito à evolução do Produto Interno Bruto (PIB), o BNA estima que em 2012 o crescimento da economia angolana, em termos reais, será de 8,9 por cento, abaixo dos 12,8 inicialmente previstos.

Quanto às reservas em moeda estrangeira, o BNA anunciou que aumentaram em maio para 24,98 mil milhões de euros, contra 23,22 mil milhões em abril.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana a seguir à Nigéria, com uma produção diária de 1,6 milhões de barris, e as suas exportações de petróleo bruto totalizam mais de 90 por cento das receitas.

Guiné-Bissau: SENEGAL MANIFESTA APOIO E ACREDITA EM ESTABILIZAÇÃO



FP - Lusa

Bissau, 09 jul (Lusa) - O Senegal manifestou hoje "todo o apoio" à Guiné-Bissau e a convicção de que o país "pode sair do longo período de convulsões", afirmou um conselheiro do Presidente senegalês.

Amato Dansoko falava hoje aos jornalistas em Bissau após uma reunião com o Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, no poder na sequência do golpe de Estado de 12 de abril, que afastou o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

O Presidente do Senegal, Macky Sall, tem demonstrado com frequência a sua preocupação para com a situação na Guiné-Bissau, como ainda recentemente na cimeira de chefes de Estado e de governo da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) em Yamoussoukro, na Costa do Marfim (final de junho), disse Amato Dansoko.

"O Presidente interino tem todo o seu apoio e (Macky Sall) está convencido de que há uma possibilidade real para a Guiné-Bissau sair deste longo período de convulsões sucessivas", adiantou Dansoko.

"Renovamos o que temos dito, uma cooperação forte entre a Guiné-Bissau e o Senegal é uma solução para o problema interno da Guiné-Bissau mas também para o problema grave do Senegal, a tragédia da guerra em Casamança" (região junto à fronteira norte com a Guiné-Bissau, onde o grupo rebelde MFDC reivindica a independência).

Bastonário dos advogados apoia golpe Estado "desde que traga liberdade, fraternidade e democracia"

Bissau, 09 jul (Lusa) - O bastonário da Ordem dos Advogados guineense, Domingos Quadé, diz que apoia o golpe de Estado de 12 de abril passado, desde que o levantamento militar traga mais liberdade, fraternidade e democracia ao país.

"Se o 12 de abril vem nesta senda, não tenham ilusões: o bastonário apoia. E, se não, obviamente que (o bastonário) não pode rever-se nisso, porquanto foi mais uma violência no país", referiu hoje à Lusa Domingos Quadé, repetindo o que já tinha dito na entrega de carteiras profissionais a novos advogados.

"Na verdade, nem sempre uma mudança violenta é absolutamente condenável, sobretudo quando nela é poupada ao máximo a vida humana, enquanto bem inalienável" defendeu, considerando que o importante é impedir que passado algum tempo (do golpe) as pessoas sintam falta do que lhes foi tirado por "força ilegal".

Advogado da família de "Nino" Vieira reclama justiça para ex-presidente assassinado



MB - Lusa

Bissau, 09 jul (Lusa) - O advogado da família de "Nino" Vieira disse hoje, em Bissau, que quer ver as autoridades de transição realizarem justiça para um cabal esclarecimento do assassínio do antigo chefe de Estado guineense.

Boucunta Diallo, advogado senegalês contratado pela mulher de "Nino" Vieira, assassinado em março de 2009, integrou a comitiva de Amato Dansoko, conselheiro do presidente do Senegal, Macky Sall, que hoje esteve de visita a Bissau durante algumas horas, sendo portador de uma mensagem de Sall para o presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo.

"Estamos na Guiné-Bissau, por algumas horas, para tentar descobrir de que forma poderemos ser úteis ao processo de transição deste país, mas também para ajudar o vosso país a encontrar caminhos para alguns problemas", disse Boucunta Diallo, ao falar para os jornalistas.

E acrescentou: "Pensamos que o momento é propício para lançar a máquina de luta contra a impunidade, não só neste país como em toda África. Não queremos deixar um único país de África a reclamar da injustiça. A justiça chegará para todos os que a reclamam".

De acordo com o advogado, a história da Guiné-Bissau está marcada por "vários assassínios de homens de Estado" no exercício das suas funções e a justiça "tem feito uma marcha difícil".

"Estamos a falar de casos de homens que deram toda a sua vida para servir este país que são assassinados sem que se saiba porquê e como. A República deve fazer justiça para estes homens", enfatizou o causídico contratado pela mulher de "Nino" Vieira dias depois do assassínio do político.

Boucunta Diallo acredita que a Guiné-Bissau tem uma oportunidade ímpar para esclarecer a morte de "Nino" Vieira e de outros dirigentes políticos assassinados nos últimos anos.

"A transição não é um momento para erguer a indústria, ou para criar o emprego. Quando falamos da transição significa criar instituições perenes que possam permitir que o estado de Direito seja uma realidade", notou Diallo.

E para isso, disse, é preciso "contar com pessoas experientes, de fora, com outra visão das coisas".

Timor: Ashton elogia processo eleitoral e pede formação rápida de um governo



PCR – Lusa, com foto

Bruxelas, 09 jul (Lusa) -- A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, pediu hoje a "formação rápida" de um governo em Timor-Leste após as legislativas de sábado e sublinhou a atitude "exemplar" dos eleitores, num processo pacífico e transparente.

"As eleições legislativas de 7 de julho assinalam outro importante marco no impressionante desenvolvimento de Timor-Leste na última década", indicou Ashton em comunicado divulgado em Bruxelas.

O Conselho Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), do atual primeiro-ministro Xanana Gusmão, venceu sem maioria absoluta as eleições legislativas de sábado.

Ashton recordou que, na sua curta história desde a independência em 2002, Timor-Leste "fez progressos extraordinários e foi um exemplo para a comunidade internacional sobre a construção com êxito de um Estado".

A alta representante da UE elogiou o povo timorense pela sua ampla participação no escrutínio, que na sua perspetiva "demonstra a vitalidade da jovem democracia" do país.

Recordou ainda que, pela terceira vez desde 2001, a UE enviou uma missão de observadores eleitorais após receber um convite do governo, que no seu relatório preliminar fez uma avaliação positiva do escrutínio.

A responsável pela política externa da UE destacou ainda a representação das mulheres no novo parlamento e pediu a rápida formação de um novo governo, com quem pretende trabalhar para "manter a excelente relação" com o país.

Timor-Leste celebrou o décimo aniversário da sua independência em 20 de maio com 41 por cento da população abaixo do limiar da pobreza e níveis alarmantes de desemprego entre a juventude, segundo dados de agências da ONU.

Timor/Eleições: Partido Democrático admite viabilizar Governo de Xanana Gusmão



MSE - Lusa

Díli, 09 jul (Lusa) - O Partido Democrático (PD) admitiu hoje que poderá fazer uma coligação com o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste, de Xanana Gusmão, vencedor sem maioria absoluta das legislativas de sábado no país, para a formação do governo.

"O PD deve associar-se com o CNRT para dar continuidade ao trabalho iniciado pelo IV governo", afirmou António da Conceição, secretário do Conselho Político Nacional do PD, partido que ficou em terceiro lugar nas eleições e que integra a atual coligação governamental liderada por Xanana Gusmão.

Segundo António da Conceição, o PD está a definir as condições de um futuro governo, sublinhando que tem de ser "credível, íntegro e ter respeito público".

"Tem de ser um governo de credibilidade para dar resposta às promessas feitas durante a campanha eleitoral", afirmou António da Conceição.

Uma coligação com o PD, que obteve oito dos 65 lugares no parlamento nas eleições sábado, poderá dar ao CNRT, que elegeu 30 deputados, a maioria necessária para fazer governo, mas o partido de Xanana Gusmão ainda vai discutir os possíveis cenários.

O secretário-geral do Conselho Nacional de Reconstrução (CNRT) de Timor-Leste, Dionísio Babo, disse hoje à Lusa que o partido vai reunir na terça-feira para discutir possíveis cenários e só depois iniciará os contactos com os partidos.

"Amanhã (terça-feira) vai haver uma reunião do Conselho Político Nacional para discutir possíveis cenários, depois vamos ouvir as estruturas distritais e só depois é que vamos iniciar contactos com os partidos", afirmou Dionísio Babo.

Segundo o secretário-geral do CNRT, as condições do partido para uma coligação passam por manter o Programa Estratégico de Desenvolvimento, respeitar a estrutura do Governo e haver um compromisso de não abandono do executivo durante o mandato.

O CNRT, do atual primeiro-ministro, Xanana Gusmão, venceu sem maioria as legislativas de sábado, obtendo 30 dos 65 lugares do parlamento timorense.

A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), do antigo chefe de governo Mari Alkatiri, e que conseguiu 25 assentos parlamentares, também já disse estar disponível para contribuir para uma aliança programática.

"A nossa posição é clara nós estamos prontos para contribuir para que a governação seja credível, competente e para que a credibilidade de Timor-Leste possa subir para um patamar mais sólido", afirmou Mari Alkatiri.

Segundo Mari Alkatiri, a Fretilin está aberta a uma aliança programática em que o governo não será só do CNRT, mas da aliança.

"Poderá ser um governo de grande inclusão, onde todos estejam no governo, mas com o compromisso de que o parlamento seja dinâmico com capacidade de contribuir para melhorar a postura do governo", disse.

A Frente Mudança, do vice-primeiro-ministro José Luís Guterres, partido nascido de uma cisão da Fretilin, obteve dois mandatos no parlamento nacional de Timor-Leste.

A Comissão Nacional de Eleições irá iniciar brevemente o apuramento nacional para depois entregar os resultados ao Tribunal de Recurso para os validar e anunciar oficialmente os resultados do escrutínio.

Invasão de Timor: NÃO ESQUEÇAMOS AS VÍTIMAS NEM OS TRAIDORES!




Ana Loro Metan – Timor Lorosae Nação, em 07.12.10 - reposição

PASSADO DOLOROSO DE UM POVO, PRESENTE VERGONHOSO DOS LÍDERES

Em Timor Leste o dia está prestes a terminar. Há 35 anos, a 7 de dezembro de 1975, por esta hora já havia milhares de cadáveres pelo país. Cadáveres de timorenses. Filhos da Pátria que procuraram resistir à ocupação indonésia. Outros, filhos da Pátria, que sem esboçarem a mínima resistência foram igualmente assassinados.

As ruas de Dili estavam pejadas de cadáveres remetidos ao silêncio pelo ocupante assassino indonésio. Timor inteiro ficou em silêncio, nem as dores de sofrimento dos imensos feridos – muitos deles que viriam a sucumbir nos dias imediatamente a seguir a terem sido vítimas dos indonésios. Nada se ouvia, nem as dores, nem o medo, nem a fome, nem os choros. O silêncio só era interrompido pelas viaturas dos ocupantes, pelos estrondos das suas armas, dos seus passos, das suas vozes em perseguição do extermínio de todos nós. Logo nas quatro primeiras semanas mais de 10 mil timorenses pereceram às mãos das sanguinárias forças armadas indonésias. E hoje o que se recorda?

Na comemoração da efeméride nada se recorda sobre a verdadeira realidade dos acontecimentos. Os assassinos, militares ou civis indonésios ao serviço da secreta, continuam a gozar da impunidade que o mundo e os dirigentes timorenses consideram merecer. Actualmente todos comem à mesma mesa, riem das mesmas graças, trocam cheques dos mesmo bancos, cumprimentam-se e abraçam-se sobre terrenos onde estão os ossos das vitimas misturadas nas valas comuns. Muitas dessas vítimas donos de corpos jovens, também velhos ou crianças, alguns enterrados vivos. Talvez por isso Ramos Horta, Xanana Gusmão e muitos outros, tenham vergonha de comemorar como devem a efeméride. Conscientes dos seus conluios e das suas traições.

Timorense que se respeite e se preze jamais esquecerá as quase 300 mil vítimas dos cerca de 25 anos de ocupação e de assassinatos impunes. Impunes por vontade de Ramos Horta e de muitos outros traidores que se alaparam nos poderes da Nação timorense distribuindo fome e miséria ao povo que acreditou neles sem que o devesse fazer. Beneficiando imerecidamente de boa vida sobre os cadáveres dos nossos familiares, dos seus próprios familiares.

Resta-nos jamais esquecer as vítimas… Nem os traidores.

Cabo Verde/Eleições: Confirmada vitória do maior partido da oposição



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 09 jul (Lusa) - A Direção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE) de Cabo Verde divulgou hoje os resultados finais provisórios das eleições autárquicas cabo-verdianas de 01 deste mês, confirmando a vitória do Movimento para a Democracia (MpD, oposição parlamentar).

Sem atualização desde as 13:17 de 02 deste mês, a DGAPE deu hoje por concluída a contagem, após terminado o apuramento geral nos 22 concelhos do arquipélago, estando, porém, a promulgação dos resultados finais, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), dependente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) apresentou no STJ cerca de 30 queixas sobre alegadas fraudes cometidas pelo MpD no segundo maior concelho da ilha de Santiago, Santa Catarina, aguardando-se pela decisão, que terá de ser tomada até ao final desta semana.

Segundo dados da DGAPE, em Santa Catarina, o candidato do MpD, Francisco Tavares, manteve-se como presidente da Câmara com uma vantagem de 54 votos sobre o do PAICV, José Maria Veiga, ex-ministro das Infraestruturas e uma das maiores apostas do líder do partido, José Maria Neves, primeiro-ministro desde 2001.

O MpD conquistou 14 das 22 edilidades em disputa, mais duas do que nas autárquicas de 2008, tirando duas ao PAICV, que obteve a vitória nas restantes oito.

Em relação à "troca" de câmaras, o MpD conquistou ao PAICV os municípios do Paul (Santo Antão), Tarrafal de São Nicolau e Brava. O PAICV, por seu lado, tomou ao MpD a câmara de Porto Novo (Santo Antão)

Segundo a DGAPE, a nível nacional, o MpD obteve 46,3 por cento dos votos, contra 40,5 do PAICV, com os restantes a serem distribuídos por candidaturas da União Cabo-Verdiana da Independência Democrática (UCID) e do Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS), bem como pelos diversos independentes oriundos dos dois maiores partidos do país.

Apenas um independente, apoiado, tal como em 2008, pelo MpD, logrou vencer uma câmara, Jorge Figueiredo, na ilha do Sal, que foi reconduzido. Também apenas uma mulher foi eleita presidente de câmara, com Rosa Rocha (PAICV) a arrebatar a edilidade de Porto Novo de Santo Antão a Amadeu Cruz (MpD).

EUA: COMPRANDO PARLAMENTARES



Eliakim Araújo* - Direto da Redação

Pelo título o leitor poderia imaginar tratar-se de matéria sobre o Brasil. Mas não o é. Estamos falando de parlamentares estadunidenses que foram apanhados com a boca na botija. Os caras gozavam de favorecimentos escusos em troca de benesses não reveladas.

Essa é a conclusão a que podemos chegar ao tomar conhecimento do relatório final de uma comissão especial da Câmara dos Deputados estadunidense, divulgado na quinta-feira, que investigou o envolvimento de parlamentares com o Countrywide, uma das maiores empresas hipotecárias do país, na época da bolha imobiliária.

A Comissão descobriu que membros do Congresso e outros funcionários do Legislativo foram beneficiados por empréstimos imobiliários em “condições especiais”, fora das regras do mercado.

O favorecimento era conhecido como “Programa VIP” ou “Amigos do Angelo”, numa alusão a Angelo Mozilo, fundador e principal executivo do Countrywide.

Dependendo do grau de influência do mutuário, o tratamento especial incluia bônus, taxas de financiamento abaixo do mercado, rapidez no processamento do empréstimo e regras contratuais menos rigorosas. Uma pequena queda dágua, em comparação com as frondosas cachoeiras do Brasil.

Vale explicar que o Countrywide, comprado pelo Bank of America em 2008, pelo seu gigantismo, foi um dos que mais influência tiveram na quebra do sistema imobiliário estadunidense. Emprestava a rodo, sem checar o crédito do candidato. Diz a lenda que para conseguir um financiamento do Countrywide bastava que o candidato estivesse com o coração batendo. Se é o crédito era bom ou ruim, pouco interessava naquele período de louca euforia. A mesma política, talvez um pouco mais discreta, era praticada também por outras empresas de financiamento imobiliário e até pelos grandes bancos.

O resultado foi o desmonte do sistema imobiliário que acabou contaminando todo o setor financeiro dos EUA, levando o país à crise econômica que se estende até os dias atuais.

Quanto ao mercado imobiliário, nunca mais se recuperou e, segundo os mais realistas, nunca mais voltará aos preços praticados naquele período de total irreponsabilidade, sob a batuta do governo de George W. Bush.

E já que falamos em Bush e suas estrepolias não podemos deixar de falar em Obama e sua desesperada tentativa de se manter mais quatro anos na Casa Branca.

Mais confiante depois da vitória conquistada na Suprema Corte com a aprovação de seu projeto de reforma da saúde, o Obamacare, o presidente está em plena campanha pela reeleição e não perde qualquer chance de amealhar mais alguns votos .

Ao comemorar o feriado de 04 de julho na Casa Branca, Obama homenageou cerca de duas dezenas de estrangeiros que conquistaram a cidadania estadunidense em troca da prestação de serviço nas forças armadas.

Dirigindo-se aos novos cidadãos americanos, gente que veio do México, Ghana, Filipinas, Bolivia, Guatemala, China e Russia, Obama mandou essa: "Quando você veste o uniforme de um país que ainda não é totalmente o seu, em tempo de guerra, colocando sua vida em perigo, você exibe os valores que celebramos a cada 4 de julho: dever, responsabilidade e patriotismo”.

E voltou a reclamar uma reforma nas leis de imigração dos EUA, como se ele não tivesse nada com isso. Tá certo que com a composição atual da Câmara dos Deputados, Obama tem pouca ou nenhuma chance de aprovar seus projetos, ainda mais quando se sabe quão tortuoso é o tema da imigração no país. Mas não podemos esquecer que ele teve os dois primeiros anos de seu mandato com folgada maioria nas duas casas do Legislativo e, aparentemente, não deu ao assunto a importância devida.

Ele agora corre atrás do prejuízo e aproveitou a visibilidade da cerimônia, para lembrar sua recente decisão de suspender a deportação de imigrantes indocumentados (cerca de 800 mil) que foram para os Estados Unidos, ainda crianças, levados pelos pais.

Uma medida que lhe trouxe dividendos políticos junto à comunidade hispânica, que tem enorme cacife eleitoral.

*Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.

Brasil: O HOMEM QUE TODOS AMAM ODIAR





Nunca antes neste país se viu um político detentor de enorme popularidade sofrer rejeição tão extremada e generalizada quanto a que o ex-presidente Luiz Inácio Lula experimentou ao serem divulgadas as fotos de sua alegre contraternização com Paulo Maluf (foto).

É óbvio que tal reação foi principalmente a de um público bem informado, que se interessa pela política, acompanhando-a pela imprensa ou internet (nas quais aquelas imagens repercutiram da forma mais negativa possível). Até agora não se aferiu a impressão causada naqueles que veem Lula como o novo pai dos pobres. Terão se indignado? Pelo menos sabem quem é Maluf?

E os bem pensantes, sabem?

Eu, que acompanho a carreira de Maluf desde os primórdios, sempre estranhei que estes últimos o erigissem no mais execrável de todos os execráveis políticos direitistas.

Em bateboca memorável num debate eleitoral, Leonel Brizola o qualificou várias vezes de “filhote da ditadura”, o que não é toda a verdade.

Os filhotes paradigmáticos eram aqueles políticos inexpressivos e servis que só governaram São Paulo unicamente graças ao beneplácito dos ditadores, como Laudo Natel e Paulo Egydio Martins.

Maluf foi, isto sim, um sapo direitista que a ditadura ultradireitista engoliu. Com sorte e muita habilidade para cooptar e corromper delegados, três vezes conseguiu arrobar a festa.

O governador Abreu Sodré escolheu Luiz Arroba Martins para ser nomeado prefeito de São Paulo, mas o dito cujo cometeu o deslize de, numa reunião no Palácio dos Bandeirantes, criticar o poder central. Imediatamente os militares o vetaram e Sodré foi obrigado a digerir a nomeação do pretendente alternativo, aquele presidente da Associação Comercial que Delfim Netto protegia. Assim Maluf se tornou prefeito (1969-1971).

Com seu estilo de tocador de obras, fez muitas, tanto como prefeito quanto como secretário dos Transportes do Governo de Natel (1971-1975). E, claro, a corrupção correu solta – o que nunca foi novidade no Brasil. Vide seu antecessor mais célebre em SP, o interventor federal, prefeito e governador Adhemar de Barros, popularmente conhecido como o rouba-mas-faz .

Agradeceria a Natel pelo trampolim disponibilizado para sua ascensão política… traindo-o e o derrotando de forma vexatória. Natel foi escolhido pelos militares para governar São Paulo pela terceira vez e pensou que os convencionais da Arena bateriam continência; não deu a mínima para eles.

Maluf visitou os 1.261, um por um e, com os argumentos sonantes habituais, acabou seduzindo 617 e ganhando a convenção por diferença de 28 votos. Os fardados, estupefatos, cogitaram virar a mesa, mas acabaram se conformando.

VALORES DISTORCIDOS

Até hoje me indigna que Maluf haja se tornado um criminoso procurado pela Interpol em razão de crimes financeiros e não como patrono e incentivador de assassinos seriais, responsável último por uma infinidade de execuções maquiladas em resistência à prisão. Isto dá uma boa idéia da escala desumana de valores do sistema capitalista…

Nos estertores da ditadura, Maluf repetiu a proeza de conquistar os convencionais do partido governista, convencendo-os a não endossarem a candidatura oficial de Mário Andreazza. Mas, uma parte deles preferiu debandar e constituir o PFL, garantindo sua permanência no poder como aliados do PMDB.

Foi o fim das chances presidenciais de Maluf, que chegou perto mas não levou… felizmente! Teve de contentar-se em ser mais uma vez prefeito de São Paulo (1993-1996), mas a tentativa de nova decolagem enguiçou quando o sucessor que elegeu, Celso Pitta, teve gestão escandalosa e acabou rejeitado, como ruim ou péssimo, por 83% dos paulistanos.

E Maluf acabou sendo mais execrado ainda do que Fernando Collor, o outro populista de direita importante das últimas décadas. Merece sê-lo por seu absoluto desprezo pelos direitos humanos, principalmente dos pobres e excluídos. Mas, no restante, corrupção inclusa, os dois são farinha do mesmíssimo saco.

Quanto a Lula, considero tão infame sua cumplicidade com Maluf como com outros três grandes vilãos da direita: Collor (que, aliás, havia exposto e explorado eleitoralmente seu adultério e a existência de uma filha ilegítima), Sarney (o pau mandado da ditadura que deu um jeito de continuar emporcalhando a cena política depois de 1985) e ACM (o coronelão nordestino que mais poder acumulou durante a ditadura).

Sei lá por que foi desta vez que o copo transbordou. Mas, a intuição do Lula parece ter evaporado, pois a consequência daquelas fotos era mais do que previsível.

Artigo publicado no jornal O Grito Cidadão

*Celso Lungaretti é jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

Portugal - Relvas: ERC vítima de pressões. Inaceitáveis mas legítimas?




Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues

O rigor com que os senhores da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) trabalham ficou, na semana passada, mais uma vez, evidente. Carlos Magno confessou que aprovou a deliberação da ERC convencido que lá estava escrito que tinha existido "uma pressão inaceitável" de Miguel Relvas à jornalista do "Público". Não estava. Estamos a falar do presidente de uma entidade reguladora que tem ali a sua principal atividade profissional. Estamos a falar da deliberação mais relevante, pelo menos do ponto de vista da opinião pública, desde que preside à entidade reguladora. E Carlos Magno não sabia muito bem o que estava escrito na versão final.

O mesmo Carlos Magno já tinha explicado este caso: "há neste momento uma campanha generalizada para bater no homem" [Miguel Relvas]. Quem tem esta convicção (ou quer tê-la) dificilmente poderia analisar este caso com o mínimo de rigor e imparcialidade.

Outro membro da ERC, Raquel Alexandra, nomeada pelos deputados do PSD e amiga próxima (segundo a própria) de Miguel Relvas, disse que foi "vítima de chantagens e de ameaças" para que houvesse outro tipo de decisão."Houve uma tentativa de instrumentalização dos membros do conselho regulador, indirecta, triste, através do poder editorial, por quem não faço a mínima ideia, mas por quem queria que a deliberação tivesse um determinado resultado", explicou a ex-jornalista. Ficámos sem saber, até porque quem faz a acusação no Parlamento (e não no café) também não sabe, quem fez essas ameaças. E, já agora, ficámos sem saber se elas foram "inaceitáveis" ou "ilegítimas".

Não deixa de ser extraordinário que um membro da entidade, que esteve a analisar uma pressão documentada e com protagonistas identificados e que, mesmo assim, nada encontrou de relevante para tomar uma posição, vá ao Parlamento fazer acusações difusas, sem identificar quem acusa. Mostra que estas pessoas não têm a mínima ideia das funções que desempenham e do recato e rigor que elas exigem. Não é novo. Escrevi exatamente o mesmo sobre os anteriores membros da ERC. E a razão é simples: uma delegação parlamentar (é disso que se trata) não pode regular a comunicação social. É o seu pecado original. Não estão acima dos pequenos combates partidários. Estão na parte mais rasteira desses mesmos combates.

Portugal - Greve dos médicos: Palavra do ministro já não vale nada para os médicos



Sílvia Caneco - i online

O ministro da Saúde marcou o encontro para tentar travar a greve nacional dos médicos. Os sindicatos avisaram que não estariam presentes. Ainda assim, Paulo Macedo não se demoveu e à hora marcada apareceu no local da reunião, assegurando aos jornalistas que o ministério estava disponível para negociar. Nada feito: os sindicatos mantiveram a promessa e os representantes do governo começaram e acabaram a reunião sozinhos.

Os dois sindicatos representantes dos médicos respondem que estão disponíveis para dialogar, sim, mas só na sexta-feira, a seguir à greve, marcada para quarta e quinta-feira. Paulo Macedo avisa que a paralisação trará prejuízos evitáveis para os portugueses e contrapõe: “Dia 13 não estaremos em melhores condições do que estamos hoje. Se dialogar depois da greve, os portugueses já tiveram prejuízos devido às consultas que ficaram por realizar e cirurgias que foram adiadas.” A Ordem dos Médicos alia-se aos sindicatos e garante que a responsabilidade da greve “é exclusivamente do ministro da Saúde e dos seus secretários de Estado”, por “não terem tornado o diálogo possível”.

“Lamentamos que o ministro não tenha estado disposto para encetar este diálogo há uns meses. Foi a indisponibilidade do Ministério da Saúde e do governo que fizeram com que, infelizmente, se acabasse por culminar neste processo que levou ao desencadear de uma greve”, disse à TSF o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que acusou Paulo Macedo de “promover circo mediático”.

O Ministério da Saúde (MS) convocou a reunião para tentar desbloquear a greve, mas o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) continuam a considerar que não há razões para levantar a greve de dois dias. No final da reunião que não aconteceu, o ministro disse estar disponível para discutir tabelas salariais e encontrar outras soluções.

Este ponto levou o presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha, a considerar “inaceitável” que o ministro da Saúde “faça depender a retoma das negociações da desconvocação da greve”. O sindicalista lembrou que o mesmo aconteceu com a greve às horas extraordinárias, em Dezembro, e que foi suspensa na condição de se voltar a negociar a grelha salarial dos médicos. “Seis meses depois ainda não foi apresentada uma proposta concreta”, criticou, acrescentando já não haver condições para acreditar na palavra do ministro.

Em comunicado, o Ministério da Saúde sublinhou que “o Governo continua a dialogar com as organizações sindicais” no intuito de “impedir que os portugueses sejam sujeitos ao sacrifício de uma greve. Caso se concretize, é um direito que o governo respeita e, na eventualidade de ocorrer, tudo será feito para que os inconvenientes para a população sejam minorados”.

Noutra nota, o ministério apresentou algumas propostas, entre elas “a abertura de 900 vagas para concursos destinados à contratação por tempo indeterminado dos médicos especialistas com internato concluído em Junho de 2011, privilegiando as necessidades verificadas no Algarve, Alentejo e interior do país”, e a contratação de 430 médicos que concluam o internato em Setembro e Outubro.

Utentes da A22. Passos Coelho e Cavaco Silva são "personas non gratas" no Algarve



i online - Lusa

O primeiro-ministro, o ministro da Economia e o Presidente da República foram hoje declarados "personas non gratas" pela Comissão de Utentes da Via do Infante (A22), grupo que aguarda as conclusões do estudo de impacto das portagens no Algarve.

A comissão recordou, em declarações à Lusa, que o Governo havia prometido a divulgação, até ao verão, das conclusões daquele estudo.

Sobre eventuais protestos em iniciativas em que os membros do Governo e o Cavaco Silva participem, uma vez que se considera agora que não são bem-vindos na região, o porta-voz, João Vasconcelos, disse que o grupo não está a preparar nada nesse sentido, mas admitiu que possam surgir protestos populares.

"Eles têm de sentir que fizeram um grande mal aos algarvios e a todos quantos nos visitam", afirmou João Vasconcelos, recordando que a EN125, estrada nacional gratuita que se tornou na via preferida para quem atravessa o Algarve, recebe atualmente demoradas filas de trânsito e é palco de mais acidentes e feridos, enquanto a A22 (autoestrada com portagens desde dezembro passado) está deserta.

O representante disse aguardar também com expectativa a renegociação dos contratos das concessionárias com o Governo relativamente à exploração das antigas vias sem custos para o utilizador (SCUT, como a A22) assim como do agendamento de uma reunião com o ministro da Economia, solicitada há um ano.

Os membros da comissão reuniram-se este fim de semana, em Armação de Pêra, e decidiram pedir audiências com os grupos parlamentares e com a presidente do Parlamento, Assunção Esteves, quando for entregue na Assembleia da República a petição que está a ser preparada com vista à suspensão das portagens na A22.

Na quarta-feira, 11 de julho, a comissão irá colocar novos 'memoriais' no Chinicato, próximo de Lagos, em Lagoa, Pêra e nos acessos a Albufeira, uma ação que procura lembrar os ferimentos e as mortes ocorridos na EN125 desde a introdução de portagens, a 08 de dezembro de 2011.

A comissão pretende promover ações surpresa, tanto na EN125 como na A22, e diz que vai continuar a preparar uma marcha de veículos sobre a Ponte Internacional do Guadiana, que terá participação de espanhóis.

Nota Página Global: O descrédito do PR e do seu governo PSD/CDS é muito mais lato que só no Algarve. Eles estão cada vez mais a serem personas non gratas por todo o Portugal. Disso vai sendo prova os apupos e as vaias em crescendo que os perseguem nas deslocações temerosas que fazem pelo país... Obviamente, demitam-se! (Redação PG - CT)

AJUDE A VENCER A CRISE: PAGUE PARA TRABALHAR!




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Agora foi a vez do Tribunal Constitucional atazanar a vida a Pedro Passos Coelho. E logo numa altura em que o homem está farto de ser vaiado. Isso não se faz.

Seja como for, mesmo sem o eruditismo lusófono de Miguel Relvas, Passos Coelho assegura que "o Governo está, como sempre esteve, aberto ao diálogo com todas as forças políticas e sociais que queiram participar activamente no debate acerca de todas as escolhas".

Não creio que o Tribunal Constitucional seja uma dessas forças, ainda mais agora que passou a “força de bloqueio”. Mas os juízes, tenham ou não especialidades lusófonas, vão ver com quantos paus se faz a canoa dos escravos portugueses.

A cada dia que passa o primeiro-ministro de Portugal melhora o seu desempenho (também foi na Lusófona?). Para além de mentir passa com regularidade atestados de menoridade aos portugueses que nele acreditaram, levando na mesma onda os que nunca foram à sua missa.

O primeiro-ministro assegura que "o Governo valoriza o consenso político em torno das grandes questões estratégicas nacionais", tendo mesmo o desplante de garantir que quer "manter um contacto construtivo constante com o principal partido da oposição" em todas aquelas matérias.

Mesmo para os portugueses que votaram em Passos Coelho mas que, nesta altura, já têm dúvidas se o primeiro-ministro não será Miguel Relvas, as palavras deste governo pouco mais são do que a confirmação de alguém que acredita ser um ser superior e, por isso, dono de todos aqueles que tentam sobreviver no estado esclavagista que está a construir.

"O debate político frutuoso e a coesão social são condições decisivas para a superação da emergência nacional", acrescentou o chefe do governo, para quem não basta ter os seus servos a aprender a viver sem comer, pelo que ainda entende que eles não têm direito de pensar… a não ser que seja pela cabeça do sumo pontífice do reino.

"Não bastam os votos na Assembleia da República dos deputados da maioria para superar a emergência nacional", sublinhou, defendendo ser "necessária a convergência de todas as forças políticas e sociais em Portugal".

Falando para um país que julga já estar suficientemente castrado e de barriga vazia, Passos Coelho continua a fazer gala da sua capacidade de impor a regra de ouro deste governo: quero, posso e mando. Quem não estiver bem, acrescenta, que abandone a “zona de conforto” e vá pensar para outros reinos.

Para Passos Coelho, todos (menos os seus lacaios) são culpados até prova em contrário. Não tardará muito que vá dizer que ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito, pelos portugueses, tanto como ele.

E tendo em conta os seus objectivos e aspirações, até está a fazer obra. Por exemplo, conseguiu uma nova dieta alimentar para a maioria dos portugueses. Se os porcos propriamente ditos comem farelo e não morrem, os escravos portugueses também o podem fazer.

Há ainda coisas que este governo quer ressuscitar que foram extintas há centenas de anos. Mas a verdade é que, perante a passividade de todos, Passos Coelho está a dar corpo a mais uma forma de escravatura.

Para além de serem obrigados a pensar com a barriga… vazia, os escravos (excluem-se desta categoria os políticos, directores, administradores, gestores patrões e similares) até deveriam era trabalhar sem ganhar ou, até, pagar para trabalhar, sendo com certeza essa a melhor metodologia para vencer a crise.

Como bem sabem um milhão e duzentos mil desempregados, 20% que ainda vivem (isto é como quem diz) na miséria e os outros 20% que a têm à porta, em todas as sociedades (é o caso de Portugal) em que existem seres superiores e inferiores, em que os esclavagistas estão no poder, os escravos têm de pagar os manjares dos seus donos, seja pelas pensões vitalícias ou por outros emolumentos.

Aliás, por muito que seja o dinheiro envolvido na chulice, importa reconhecer que os políticos portugueses, os de ontem e os de hoje (a fazer fé nas fábricas partidárias, possivelmente também os de amanhã), são mesmo seres superiores que, como exímios azeiteiros, exploram os escravos até ao tutano. E exploram porque tal lhes é permitido. E sé é isso que a plebe quer, não há nada a fazer.

Aliás, basta ver a galeria de notáveis e superiores cidadãos lusos para ter a certeza de que todos eles, de Dias Loureiro a Oliveira e Costa ou Ângelo Correia, de Jorge Coelho a Armando Vara, merecem tudo o que recebem e ainda muito mais.

Se em Portugal a casta superior é constituída por todos aqueles que trabalham não para os milhões que têm pouco ou nada (os escravos), mas sim para os poucos que têm cada vez mais milhões, ninguém pode dizer que eles não são competentes e merecedores que os plebeus continuem a pagar para manter a sua mama.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: CADA UM MAMA ONDE QUER, PODE OU DEIXAM

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