sexta-feira, 17 de maio de 2013

UNITA AVISA PARA BANHO DE SANGUE EM ANGOLA




Jornal de Notícias

O líder da UNITA, principal partido da oposição em Angola, Isaías Samakuva, alertou, esta sexta-feira, em Madrid, para o risco de um novo conflito sangrento caso não haja democracia no país.

Samakuva está em Madrid no âmbito de uma viagem a vários países para pedir à comunidade internacional pressão sobre o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no sentido de se cumprir os acordos de paz que puseram fim à guerra civil e continuar a aprofundar o processo democrático, o que, de acordo com o líder partidário, está a sofrer uma reviravolta.

O presidente da UNITA, citado pela agência EFE, denunciou a falta de liberdade e corrupção no país, e acrescentou que os recursos nacionais, especialmente da indústria de diamantes e petróleo, só beneficiam "um pequeno grupo de dirigentes".

Para Samakuva, a UNITA tem servido de "contenção" e considerou que uma revolta em Angola "faria correr muito sangue" e "desencadearia um conflito de dimensões imprevisíveis".

"É melhor superarmos isto com o diálogo do que entrar novamente em conflito, o que destruiria o progresso que temos alcançado", disse.

Angola é um país rico em recursos naturais e, desde o fim da guerra civil em 2002, tem um forte crescimento económico, que, denunciou o líder da oposição, "não beneficia as pessoas, que não têm água, incluindo Luanda, nem um sistema de saúde que funcione".

Samakuva também denunciou o contínuo atraso do Governo e do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA, no poder e com maioria superior a dois terços no parlamento, após as eleições gerais realizadas a 31 de agosto de 2012) na realização de eleições locais e na execução do primeiro censo desde a independência de Angola de Portugal em 1975.

Por essa razão, Samakuva expressou ceticismo sobre o começo provisório do censo anunciado na quinta-feira em Angola e que devia realizar-se de forma definitiva em 2014.

Sublinhando que o seu país oferece "muitas oportunidades" de investimento, o líder da UNITA lamentou que os investidores estrangeiros estão "totalmente desanimados" quando "veem as condições do país, onde não há transparência e a corrupção é alta".

Durante a sua viagem, com paragens nos EUA, Londres, Bruxelas, Roterdão, Paris, Madrid e Lisboa, o objetivo de Samakuva é expor o que está acontecer no seu país, porque, sustenta, "o Governo monopolizou os meios de comunicação públicos para transmitir uma informação que não corresponde à realidade".

Questionado sobre as relações de Angola com Portugal, Samakuva disse que "alguns setores portugueses estão preocupados com Eduardo dos Santos e a sua filha, que estão a comprar grandes empresas".

E acrescentou que o Presidente angolano e a sua família têm uma participação maioritária em bancos portugueses e estão interessados na televisão pública RTP.

Foto SIPHIWE SIBEKO/REUTERS

NOTAS PARA A RECORDAÇÃO DO MEU MESTRE PORTAS




Ricardo Araújo Pereira – Visão, opinião

Havia saldos nas urnas, nas eleições de 2011, e eu não percebi. Vote num e leve dois. Dois governos pelo preço de um

Passos Coelho realizou o sonho de Sá Carneiro acrescido de um inesperado brinde: a direita tem uma maioria, um Governo, um Presidente e um líder da oposição. Esta proeza política só é possível graças a uma espécie de enfermidade ideológica. O Governo, como Fernando Pessoa, é histero-neurasténico. O resultado é a heteronímia política a que assistimos esta semana. Há o Governo das sextas-feiras, que é comportado e temente à troika, e que se propõe aprofundar a austeridade; e há o Governo dos domingos, que é insurrecto, despreza a troika e traça limites que a austeridade não pode ultrapassar. Havia saldos nas urnas, nas eleições de 2011, e eu não percebi. Vote num e leve dois. Dois governos pelo preço de um. Por mim, acho óptimo. Quantos mais governos elegermos, mais hipóteses temos de acertar num que seja bom. Dois ainda é pouco, claramente.

Agora estou curioso para saber o que o Governo das sextas-feiras irá dizer da posição tomada pelo Governo dos domingos. É um diálogo do Governo consigo mesmo que traz uma boa notícia e uma má notícia - e ainda uma excelente notícia: a boa é que, como pediu Cavaco, existe cada vez mais consenso entre parte do Governo e a oposição; a má é que existe cada vez menos consenso entre parte do Governo e a outra parte do Governo: a excelente é que a falta de consenso não põe em causa a colaboração com o Governo. Paulo Portas não concorda com quase nada do que o Governo faz, mas isso não o impede de comparecer no Conselho de Ministros. O consenso tem sido muito sobrevalorizado. O País não precisa dele para nada.

Infelizmente, não votei em nenhum destes governos conflituantes, mas aprecio o esforço de Paulo Portas, que parece ser o único interessado em combater o desemprego. É certo que o desemprego que ele se empenha em combater é o seu, mas tem de se começar por algum lado. A posição de Paulo Portas é suficientemente ambígua para que esteja apto a coligar-se com o PSD ou o PS. Em caso de queda do Governo, não ficará desempregado. É a vantagem da democracia-cristã. Mistura o principal ensinamento do cristianismo ("ama o próximo como a ti mesmo") com as contingências da alternância democrática. O resultado é: ama o próximo Governo como a ti mesmo. O CDS está sempre disponível para amar o próximo Governo.

Portugal: CAVACO SILVA NO PAÍS DAS MARAVILHAS




Paulo Ferreira – Jornal de Notícias, opinião

O presidente da República fez uma visita de Estado à região do Minho. Saiu de lá maravilhado. "Nas grandes cidades, meus amigos, não faltam as más notícias. Quando chegamos aqui [Melgaço], recebemos algumas boas notícias", disse Cavaco na inauguração das novas instalações da Escola Superior de Desporto e Lazer. "Quando venho aqui, a este Interior, levo comigo um ânimo mais forte do que aquele que trazia quando chegava". Ainda bem, senhor presidente. Ou ainda mal.

Na verdade, quando um chefe de Estado desenruga a alma num território onde grassa o desemprego, onde cresce a pobreza, onde aumenta o despovoamento e a emigração, onde se acentua, ano após ano, a perda de serviços, onde definha a agricultura e escasseiam as fontes alternativas de rendimento, onde se enchem os cafés de gente idosa e se encerram escolas por falta de gente jovem, acontece uma de três coisas:

1) ou a alma do presidente estava naquele dia pouco enrugada (versão pouco fiável, dados os acontecimentos e os desentendimentos políticos das últimas semanas);

2) ou Cavaco Silva estava simplesmente a ser simpático (versão mais fiável, mas nem por isso menos preocupante);

3) ou o chefe de Estado estava a falar do que não conhece (versão mais provável de todas, dada a distância entre o que disse e a realidade).

No Minho, Cavaco Silva pareceu estar, como Alice, no País das Maravilhas. A conhecida obra de Lewis Carrol conta a história de uma menina que cai numa toca de coelho e é transportada para um lugar fantástico povoado de criaturas peculiares. A lógica do absurdo que perpassa o conto aproxima-se da lógica que salta do discurso do presidente da República em Melgaço. Porque, em bom rigor, é um absurdo considerar que as "más notícias" só apoquentam quem vive nas "grandes cidades".

Não são peculiares, como no conto de Carrol, as pessoas que, no Minho como em muitas outras regiões do país, sofrem com as novas que chegam às berças vindas do centro do Poder. São portugueses como os outros, com o particular azar de viverem em territórios de baixa densidade para os quais quem manda apenas olha de vez em quando. Normalmente, acham tudo muito bonito: a paisagem, o caráter acolhedor dos indígenas, a gastronomia, enfim, o intenso rol de "potencialidades" e "possibilidades" que as cidades, as vilas e as aldeias despovoadas e envelhecidas oferecem.

No fim do conto, a irmã acorda Alice e oferece-lhe um chá. A epopeia fora apenas um sonho. Cavaco tentou embalar os minhotos recorrendo a conversa mole e inconsequente. Infelizmente, quando o chefe de Estado rumou à "grande cidade" onde pululam as "más notícias", no Minho a vida seguiu. Dura como sempre.

Portugal: PASSOS COELHO FOI A BELÉM ADMITIR IMINENTE QUEDA DO GOVERNO




Marta Sequeira – Jornal i

Passos Coelho foi a Belém no domingo dizer a Cavaco Silva que a sétima avaliação da troika estava em perigo, porque Paulo Portas se recusava a assinar o documento que defendia a criação de uma taxa sobre as pensões. Segundo o semanário “Sol”, o primeiro-ministro informou o Presidente da República que o governo cairia se não fosse fechada a sétima avaliação.

Passos Coelho chamou os ministros para um Conselho de Ministros extraordinário e convocou a Comissão Permanente do PSD, para mostrar ao CDS que a ameaça era real: o governo poderia mesmo cair, caso o CDS recuasse.

Depois de uma tarde de discussão e de tentativa de alteração do documento, o Conselho de Ministros acabou com um acordo sobre o que propor aos credores e sobre o que dizer aos jornalistas. “O CDS aceitou excepcionalmente que pudesse vir a ser considerada a introdução de uma contribuição de sustentabilidade sobre as pensões”, foi a mensagem passada, lida como um recuo do CDS. João Almeida, porta-voz do partido, tentou mostrar que não houve recuo do CDS e Paulo Portas falou em “operação de manipulação”.

No dia seguinte, Passos e Gaspar fizeram declarações públicas admitindo o compromisso interno para deixar cair a medida e, na terça-feira, Cavaco Silva garantiu que a informação dada pelo governo “é de que tudo será feito para não penalizar novamente os pensionistas e reformados”.

Posteriormente, Passos Coelho disse que a taxa pode cair se foram encontradas alternativas, mas Paulo Portas defende que o governo tem que aplicar já os cortes nos ministérios para provar à troika que a alternativa é viável.

UM GOLPE COMUNISTA NO BRASIL




Urariano Mota*, Recife – Direto da Redação

Recife (PE) - Karl Marx, o barbudo com previsões do demônio,  havia anunciado já em 1848: “Um fantasma ronda a Europa - o fantasma do comunismo”. Mas para que Europa? Os comunistas do Brasil, incansáveis e mais duradouros que as gerações do Fantasma da história em quadrinhos, voltaram à carga com esperteza enganadora. 

Para conseguir o que desejam, se uniram numa santa aliança todas as potências da velha ideia socialista, dos petistas aos comunistas de todas as tendências, dos inocentes úteis aos radicais da França e aos policiais da fronteira. Numa frase: anunciam a contratação de 6.000 médicos cubanos para o Brasil. Leram bem: SEIS MIL agentes de Cuba,  6.000 guerrilheiros, 6.000 subversivos para agitar a insidiosa e alienígena ideologia entre os pobres e miseráveis de todas as raças no Brasil.   

Duas conclusões decorrem desses fatos: 1ª) O comunismo já é reconhecido como uma força por todas as potências no poder, da Venezuela ao Brasil. 2ª) É tempo de os comunistas exporem diante do mundo inteiro seu modo de agir, seus objetivos e suas tendências, contrapondo um manifesto de esperteza do próprio partido ao fantasma do comunismo, que os revolucionários de primeiro de abril pensavam estar morto. 

Com este fim, reuniram-se em Brasília comunistas de várias nacionalidades e redigiram o manifesto antipatriótico seguinte, que será publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês:

“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas da classes. Pobres e ricos, homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, atendidos em hopitais de qualidade e indigentes, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada, uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela morte dos que nada têm, nem mesmo uma cafiaspirina para uma enxaqueca.

Por isso, estamos nos organizando para receber um maior número de médicos cubanos,  tendo em vista o déficit de profissionais de medicina de conscientização no Brasil. Trata-se de uma cooperação que tem um grande potencial de esclarecimento de direitos fundamentais dos pobres, e ao qual atribuímos um valor estratégico para o futuro social do Brasil.

A importação da melhor medicina socialista do mundo não pode ser um tabu. Nas primeiras épocas históricas, verificamos quase por toda parte uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. No Brasil, moradores da periferia e dos grandes centros. Na Roma antiga eram os patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores feudais, vassalos, mestres, oficiais e servos, e, em cada uma destas classes, gradações especiais. Até atingir o caboclo perdido na Amazônia.

A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Pelo contrário, no Brasil não fez senão substituir velhas classes, velhas condições de opressão, velhas formas de luta por outras novas. Entretanto, a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado, com saúde e sem saúde, respectivamente”.

Assim se manifestaram o ministro que leva o injusto nome de Patriota, patriota!, depois do encontro com o seu colega de ideologia,  o chanceler de Cuba Bruno Rodríguez. E com ele o seu cúmplice, o ministro da Saúde Alexandre Padilha.

Mas não esmoreceremos. A Associação Médica Brasileira vai acionar a Justiça e levar a classe, dos MÉDICOS, para as ruas, caso a ex-terrorista Dilma Rousseff importe médicos cubanos. O presidente da associação Floriano Cardoso afirmou que o governo será o "responsável direto por erros, complicações e mortes que poderão ocorrer caso médicos incompetentes passem a atender a população".

A Venezuela de hoje não será o Brasil de amanhã. Se nos Estados Unidos 25% de médicos são estrangeiros, se na Inglaterra os alienígenas são 40%, se no Canadá os espiões chegam a 22%, e se na Austrália, 17%., aqui, não. No Brasil, os comunistas médicos ainda não chegam a 1 por cento! Disso não passarão.

(Modesta contribuição do colunista ao movimento surgido no Facebook, Golpe Comunista 2014 no Brasil, Clique aqui )

*É pernambucano, jornalista e autor dos livros "Soledad no Recife" e “O filho renegado de Deus”. O primeiro, recria os últimos dias de Soledad Barrett. O segundo, seu mais novo romance, é uma longa oração de amor para as mulheres vítimas da opressão de classes no Brasil.

Brasil: O MEDO DE OUSAR E A SUBMISSÃO AO CAPITAL




A política de rendição aos interesses do capital tem dominado a agenda do governo. Esse comportamento vem ainda antes da eclosão da crise internacional em 2008, na época em que prevalecia a tentativa de vender a imagem do bom-mocismo e quando se aplicavam, de forma mais realista que o rei, as recomendações da ortodoxia do financismo.

Paulo Kliass – Carta Maior, em Debate Aberto

A continuidade da política de ampliação da base parlamentar do governo no Congresso Nacional parece não ter limites. Para quem não acompanha a política brasileira em seu cotidiano, a situação pode parecer fantasmagórica. Imagine-se um indivíduo que tenha passado uns 12 anos fora do circuito e retornou apenas anteontem à superfície. Soube que Lula finalmente conseguiu ser eleito Presidente da República em outubro de 2002. E que, além de vencer a recondução para um segundo mandato, ainda logrou eleger sua sucessora. Ou seja, nosso personagem se surpreende com a notícia: mais de 10 anos de PT no poder!

Mas aos poucos, à medida que vai se inteirando dos detalhes da política tupiniquim, a pessoa fica sabendo que a coisa é mais complicada do que parecia à primeira vista. A antiga prática condenada do “fisiologismo” passou a ser gentilmente qualificado de “garantia da governabilidade”. Percebe que figuras como José Sarney, Fernando Collor, Paulo Maluf, Delfim Netto, Kátia Abreu, Henrique Meirelles, Guilherme Afif, Gilberto Kassab, Blairo Maggi e tantos outros são ou foram entusiastas apoiadores dos governos ao longo desse período. Ou seja, todos aqueles personagens da vida política nacional que eram marcados pelo anti-petismo radical, passaram rapidamente a fazer parte da base de sustentação política e eleitoral do governo do PT.

Mudança de prioridade na agenda do governo

Não é intenção do artigo discutir aqui os limites da articulação parlamentar ou a necessidade de alianças para qualquer governo no nosso regime chamado de presidencialismo de coalizão. O aspecto mais importante a reter é a forma como o governo se comporta frente aos representantes das classes e frações de classes sociais no que se refere ao atendimento de seus interesses no interior do aparelho de Estado. Há muito tempo que os projetos de transformação social foram sendo abandonados, em nome de uma suposta impossibilidade de fazer andar a roda da História. Restou uma agenda reduzida da pequena política para os chamados setores populares, destinada a fazer valer algumas solicitações de determinados grupos sociais que estariam na origem da base do governo. A busca por projetos que pudessem se caracterizar como mudanças derivadas da vitória eleitoral foi cautelosamente abandonada. O pragmatismo para evitar derrotas passou a ser a bússola que orienta a ação dos dirigentes políticos. 

O fato é que o núcleo duro dos sucessivos governos deixou de ousar na formulação - e, principalmente, na implementação - dos elementos essenciais de políticas públicas alternativas ao ideário que sempre havia sido encaminhado pelo Estado brasileiro até então. O receio de buscar o novo levou à paralisia dos caminhos traçados na época da oposição e à frustração de amplos setores que não viram a transformação das propostas existentes em políticas de governo. O bordão da primeira campanha vitoriosa de Lula dizia que a sua eleição seria a prova de que “a esperança venceu o medo”. Mas, na direção contrária do desejo popular que ousou votar pela mudança, os governos recuaram. Muito provavelmente por estarem premidos pelo temor das conseqüências políticas de atos mais efetivos – processo, aliás, que está na base de qualquer processo que envolve um mínimo de elemento transformador. Ora - e já que Marx está em alta novamente - não custa lembrar que se trata tão somente da inescapável dinâmica da luta de classes. Simples assim: não há como fugir da contradição e do conflito de interesses.

Primeiros sinais na “Carta ao Povo Brasileiro”

As mensagens telegráficas e sub-reptícias já constavam da tristemente famosa “Carta ao Povo Brasileiro”, de julho de 2002, quando foram aventadas as primeiras manifestações de uma possível guinada programática a ser encaminhada após a vitória eleitoral. A nomeação dos responsáveis pela política econômica - Antonio Palocci e Henrique Meirelles - só veio a confirmar tal opção. A hegemonia da ortodoxia monetarista no comando da economia converteu-se na sinalização cristalina dirigida ao grande capital de que não havia nada a temer, pois nada seria mudado em termos da essência das diretrizes dos governos anteriores. E vejam que não se trata apenas da garantia de que os grandes conglomerados não seriam prejudicados. A estratégia implicava a continuidade da hegemonia dos interesses do setor financeiro no bloco dominante, em prejuízo das demais frações, em especial as vinculadas ao capital industrial e produtivo.

Daí em diante, o que se verificou foi uma sequência coerente e permanente de ações dos governos em busca de sua legitimação junto aos representantes do capital. Ocorre que a postura adotada no perigoso jogo de equilíbrio terminou por se caracterizar como uma verdadeira fase de submissão dos principais dirigentes políticos aos interesses do grande empresariado. Muito tem sido produzido e discutido a respeito do fenômeno qualificado como “lulismo”. Na verdade, trata-se justamente dessa capacidade de oferecer tudo ao capital, mas mantendo um discurso de convencimento político junto aos trabalhadores e a maioria da população pobre de nosso País. É óbvio, além disso, que as políticas de transferência como o programa Bolsa Família, os ganhos reais oferecidos ao salário mínimo e a ampliação dos benefícios previdenciários contribuíram para cimentar tal situação, aparentemente paradoxal. Mas tais melhorias ocorreram sem alteração na ordem anterior. Com isso, os governos conseguiram, na verdade, maior legitimidade para avançar na implementação da pauta empresarial.

Valores no orçamento refletem os setores mais beneficiados

Os valores do orçamento público destinados às políticas sociais são incomparavelmente diminutos quando comparados ao volume e à extensão dos favorecimentos e das benesses dirigidas ao capital. No caso das atividades agrícolas, por exemplo, os valores atribuídos ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA – reforma agrária e agricultura familiar) equivalem à metade dos recursos para os grandes proprietários, que são atendidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A educação superior privada conta com todo estímulo público por meio das bolsas concedidas às universidades privadas (PROUNI). No caso da saúde, o sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS) beneficia os planos de saúde privados e incentiva a transformação da gestão da rede pública por meio de mecanismos de privatização, como a concessão de hospitais e demais serviços para empresas e organizações sociais.

A política de rendição aos interesses do capital tem dominado a agenda do governo. Esse comportamento vem ainda antes da eclosão da crise internacional em 2008, na época em que prevalecia a tentativa de vender a imagem do bom-mocismo e quando se aplicavam, de forma mais realista que o rei, as recomendações da ortodoxia do financismo. No momento atual, o governo aceita a chantagem do grande empresariado e se torna refém da baixa resposta que o setor privado está oferecendo aos novos investimentos necessários. Apesar de manter a políticas de distribuição de renda em favor dos mais pobres, sua dimensão e seus efeitos não são comparáveis aos ganhos proporcionados às empresas. 

Exemplos de opção pelo favorecimento do capital

Se é verdade que os governos pós 2003 não podem ser classificados como neoliberais em sentido estrito, o fato é que não se utilizaram de sua base de ampla popularidade para promover mudanças mais efetivas. Os exemplos são inúmeros a refletir essa incapacidade de escapar da conhecida postura de submissão. Se partirmos da análise de que toda decisão política tem lado, o governo tem adotado de forma sistemática e unilateral a opção pelo lado do capital. Senão, vejamos alguns casos mais emblemáticos:

1. extensão paulatina e irresponsável da desoneração da folha de salários das empresas para inúmeros setores. A contribuição previdenciária patronal passa a ter como fonte uma alíquota entre 1% e 2% a incidir sobre o faturamento das empresas. O novo modelo arrecada valores menores de receita e isso deverá provocar desajustes no futuro de uma previdência social atualmente equilibrada.

2. ampliação do regime de concessão para as atividades econômicas consideradas como de responsabilidade do Estado - os bens e serviços públicos. Os contratos para os diversos setores da infra-estrutura englobam rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, energia elétrica, saneamento, comunicações, exploração de petróleo, entre outros. As regras variam, mas em geral são condições de extremo favorecimento do capital, com prazos de 30 anos de exploração, recursos subsidiados do BNDES para os investimentos e nenhuma menção quanto a exigências de contrapartidas ou penalidades para o descumprimento das cláusulas. Na verdade, trata-se de uma ação do Estado criando um novo espaço de acumulação para essas empresas, onde fica assegurado o famoso modelo do “capitalismo sem risco”.

3. política explícita e louvada pelo governo de apoio ao agronegócio, com oferecimento de todos os tipos de facilidades para os grandes empreendedores do campo. Inexistência de políticas públicas para regulamentar o uso descontrolado de sementes e plantas transgênicas, o mesmo ocorrendo quanto ao uso indiscriminado e venenoso de agrotóxicos e fertilizantes. No que se refere à reforma agrária, observa-se uma contenção no ritmo de reconhecimento de novos assentamentos, com índices abaixo até dos governos de FHC.

4. inexistência de contrapartidas das grandes empresas em busca de recursos públicos e outras benesses junto ao Tesouro Nacional ou ao BNDES. Há inúmeros casos de empresas com “ficha suja” no quesito social e/ou ambiental - denúncias de trabalho escravo ou irregularidades junto ao IBAMA - que continuam a receber tais favorecimentos. O mesmo ocorre quanto aos compromissos de não demissão de trabalhadores, uso de componentes de fabricação nacional ou outros elementos de política pública considerada estratégica.

5. comprometimento de parcelas expressivas dos recursos do BNDES para estimular a formação das chamadas “gigantes brasileiras”, sem que o governo exija como contrapartida a sua participação nos conselhos diretivos desses novos mega-grupos.

6. concessão de todo o tipo de facilidades às grandes empresas da construção civil, em especial essa autorização recente para permitir a elevação dos valores licitados de grandes obras em até 17% em relação aos preços previamente acordados.

Ao que tudo indica, o governo permanece com todos os seus sentidos desligados do mundo real, externo ao ambiente dos negócios. Tal postura opera bem em momentos de crescimento da economia, mas pode apresentar dificuldade quando houver sinalização contrária. As sucessivas tentativas e os equívocos cometidos já deveriam ter operado como alerta para uma mudança de conduta e de orientação. E vejam que nem se trata de optar por uma mudança radical na transformação da base de nosso modo capitalista de convivência social e econômica. O ponto é simplesmente o de ampliar o leque de alternativas a cada opção de política pública e não apenas continuar cedendo de forma constante e monotônica às demandas do capital. A sociedade brasileira é plural e há outras classes que merecem um tratamento também especial por parte de seus governantes. Uma atenção que vá muito além da simples distribuição das migalhas das políticas de transferência de renda e incorpore, de fato, a construção de um verdadeiro projeto de nação voltado para as necessidades da maioria de seu povo.


Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

COMPANHIA REGIONAL ASKY AIRLINES COMEÇA A VOAR PARA BISSAU EM JULHO




FP – PJA - Lusa

Bissau, 17 mai (Lusa) - A companhia aérea ASKY Airlines, da região ocidental e central africana, vai começar a voar para a Guiné-Bissau a partir de 15 de julho próximo, foi hoje anunciado numa cerimónia em Bissau.

O protocolo nesse sentido foi hoje assinado em Bissau pelo diretor geral da ASKY Airlines, Busera Awel, e o governo de transição da Guiné-Bissau, através do presidente do conselho de administração da Agência da Aviação Civil da Guiné-Bissau (AACGB), Nuno Nabiam.

"A Guiné-Bissau tem uma profunda necessidade de resolver os problemas de transporte aéreo no país", disse Nuno Nabiam, lembrando que os transportes aéreos de Cabo Verde (TACV) deixaram de voar para Bissau e que também a Senegal Airlines "está com problemas sérios a nível de aparelhos",o que "isola o país cada vez mais".

O responsável garantiu que o voo inaugural da ASKY será a 15 de julho e que a rota será operada por um Boeing 737, com dois voos semanais. Um faz a rota Lomé (Togo), Abidjan (Costa do Marfim), Conacri (Guiné-Conacri) e Bissau (e vice-versa), e outro a rota Lomé, Bamaco (Mali), Dacar (Senegal) e Bissau (e vice-versa).

"Esperamos que dentro de seis meses conseguiremos atingir cinco voos por semana", disse Nuno Nabiam
.
Busera Awel lembrou que a ASKY Airlines é uma companhia regional formada em 2010 por iniciativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com capitais principalmente do Banco Central dos Estados da África Ocidental, do Banco Oeste Africano de Desenvolvimento, do Ecobank e da Ethiopian Airlines.

"O nosso objetivo é resolver o problema dos transportes aéreos na região, com ligações eficientes entre os países que permitam aumentar as relações económicas e o movimento de passageiros", disse o responsável.

Busera Awel disse que só agora a ASKY começa a voar para Bissau porque o negócio do transporte aéreo é complicado e tem de se fazer por fases, "para não acabar ao fim de um ano".

"Nós não fazemos como outras companhias que abrem e o primeiro voo é para Paris, nós primeiro vamos resolver os problemas da região, fortalecer-nos", disse, justificando assim que a ASKY não tenha nenhum voo para a Europa mas tenha para o Brasil.

Antes da Europa quer inaugurar linhas para a África do Sul ou Angola, disse, acrescentando: "quando formos para a Europa seremos atacados pelas grandes companhias, quando formos fortes poderemos ir. Mas em 2014, ou 2015 iremos para a Europa".

A ASKY Airlines tem sede em Lomé, no Togo. Foi criada em 2008 e o primeiro voo foi em 2010.

Principais partidos da Guiné-Bissau assinam acordo para novo governo com atual PM




FP – PJA - Lusa

Bissau, 17 mai (Lusa) - Os dois principais partidos da Guiné-Bissau assinaram hoje um memorando de entendimento que compreende nomeadamente a remodelação do atual governo, mantendo o primeiro-ministro, Rui de Barros.

O acordo foi assinado na sede da União Africana em Bissau e juntou o primeiro vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGV), Manuel Saturnino da Costa, e o presidente do Partido da Renovação Social (PRS), Alberto Nambeia.

No documento, os dois partidos salientam que a existência de entendimento entre os políticos da Guiné-Bissau é uma condição indispensável para que a comunidade internacional possa apoiar o período de transição, e que esse entendimento deve abranger todos os partidos, a sociedade civil, o poder tradicional e as confissões religiosas.

Os dois partidos reconhecem ainda que as soluções para os problemas da Guiné-Bissau devem de ser encontradas dentro do país, e aceitam que o período de transição seja até final do ano e que as eleições se realizem nesse período.

PAIGC e PRS defendem no documento "uma remodelação do atual governo de base alargada e de inclusão, com a maior brevidade possível", nos termos de uma orgânica que já existe mas que não foi revelada aos jornalistas. Apenas foi referido que o atual primeiro-ministro continuará em funções no futuro governo.

No acordo assinado os dois partidos defendem ainda que seja criado "um espaço de diálogo e concertação que perdure para lá do período de transição", e comprometem-se em respeitar a Constituição e outras leis decorrentes do golpe de Estado de 12 de abril do ano passado.

PAIGC e PRS esperam que o compromisso hoje assinado possa encorajar a comunidade internacional a "desbloquear suspensões e sanções" impostas à Guiné-Bissau.

A assinatura do documento foi saudad por Manuel Saturnino da Costa, que agradeceu o apoio da União Africana mas também da ONU e da comunidade regional, salientando que a responsabilidade para levar o país a sair da atual crise é de todos os guineenses.

Um discurso na mesma linha teve também Alberto Nambeia, segundo o qual a procura de consensos tem de sair dos guineenses e a vitória eleitoral não é o mais importante, porque o mais importante é "a paz e a estabilidade da Guiné-Bissau".

Ovídeo Pequeno, o representante da União Africana na Guiné-Bissau, que conduziu as conversações entre os dois partidos, salientou a "vontade política" das duas forças em ultrapassar obstáculos e pediu esforços para que haja um consenso alargado da classe política guineense que vá além dos dois principais partidos.

Os representantes da ONU e da União Europeia no país assistiram à assinatura do memorando.

Ramos-Horta acredita em definição da situação política da Guiné-Bissau até à próxima semana




FP – MLL - Lusa

Bissau, 16 mai (Lusa) - O representante da ONU na Guiné-Bissau disse hoje acreditar que a situação política se defina na próxima semana e que, se tudo correr como previsto, haverá uma conferência de doadores em 2014 para apoiar o país.

José Ramos-Horta falava após uma reunião com o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau, Ibraima Sori Djaló, a quem deu conhecimento dos contactos que fez na sua recente viagem a Nova Iorque e de quem recebeu informações sobre o evoluir da situação política no país.

Na sequência do golpe de Estado do ano passado e da formação de um Governo de transição, a comunidade internacional tem exigido a formação de um Governo mais inclusivo, a aprovação de uma agenda de transição e a realização de eleições este ano.

Se, quanto à realização de eleições, os políticos, sociedade civil e militares já se entenderam, até agora não houve entendimento quanto aos outros dois pontos. Ramos-Horta afirmou-se, no entanto, otimista e disse acreditar que tudo ficará resolvido até à próxima semana.

"Sabemos que há muita imprevisão e desenvolvimentos inesperados nas negociações políticas", disse José Ramos-Horta, acrescentando saber também que estão a ser feitos "esforços", nomeadamente pelos dois principais partidos, PAIGC e PRS.

Para a manhã de hoje chegou a estar marcada a assinatura de um memorando de entendimento entre os dois partidos, na sede da União Africana (UA), que tem estado a mediar as negociações. A assinatura foi adiada para o fim da tarde.

O Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, ausente no estrangeiro, também deverá chegar na tarde de hoje, pelo que Ramos-Horta acredita que até à próxima semana será anunciado um novo Governo e o roteiro de transição, para que posteriormente seja assinado "um pacto de regime para o pós eleições".

"Continuo otimista, é preciso dar tempo, não pressionar demasiado. O ideal seria que o acordo e a formação do (novo) Governo de transição tenha lugar antes da cimeira da União Africana, no fim do mês em Adis Abeba, o que abriria as portas para a readmissão da Guiné-Bissau", suspensa da UA depois do golpe de Estado, disse.

O chefe do gabinete da ONU em Bissau (UNIOGBIS) referiu ainda que o novo Governo não tem de corresponder às expectativas da comunidade internacional, mas sim da sociedade guineense e que para isso é preciso que o PAIGC participe, sendo a distribuição de pastas da forma que os políticos guineenses entenderem.

Ramos-Horta salientou que nos Estados Unidos se encontrou "com mais de 50 embaixadores", incluindo todos os da União Europeia, e com o secretário-geral da ONU, para debater a questão do país.

"Devo dizer que conseguimos colocar a Guiné-Bissau no mapa pela positiva, e não só pela negativa, não só pela questão da droga", disse, acrescentando que "há boa vontade e determinação da comunidade internacional para voltar a apoiar a Guiné-Bissau com força, para que a paz e a estabilidade voltem de vez".

No caso de se cumprir a agenda de transição, eleições e se forme um Governo estável haverá então uma conferência internacional para angariar fundos para o país.

PR timorense explica na escola portuguesa em Díli que ser livre é também obedecer aos pais




MSE – MLL - Lusa

Díli, 17 mai (Lusa) - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, visitou hoje a escola portuguesa em Díli, enquanto encarregado de educação, para falar de cidadania, da história do país e de liberdade, que inclui também obedecer aos pais.

A presença do chefe de Estado na escola portuguesa Ruy Cinatti, onde estudam os seus três filhos, ocorreu no âmbito da iniciativa dedicada aos encarregados de educação para falarem às crianças sobre as suas profissões.

Depois de uma pequena explicação da luta pela restauração da independência do país, que celebra na segunda-feira o seu 11.º aniversário, e da conquista da liberdade, a cerca de 40 alunos do ensino básico, as perguntas não se fizeram esperar.

Se somos livres porque é que temos de fazer o que os pais querem?, questionou uma das alunas.

"É porque a liberdade não é absoluta", explicou Taur Matan Ruak, salientando que é preciso obedecer aos pais, principalmente quando eles mandam as crianças estudar.

É que, disse Taur Matan Ruak, ser livre não é fazer o que se quer.

Logo a seguir, mais um dedo no ar para questionar: Porquê que ainda há muitas pessoas que não sentem a liberdade?

"Porque ainda há muitas dificuldades", respondeu o Presidente, que não pôde continuar porque já outro aluno lhe perguntava se gostava da liberdade.

"Adoro. Lutei tanto. Eu vivia no mato, não tinha casa, nem cama para dormir a lutar por vocês", disse, com direito a palmas.

Já no final da sessão, em declarações à agência Lusa, o Presidente confessou que algumas das perguntas foram mais difíceis do que aquelas que os jornalistas lhe costumam fazer.

"Para a idade deles fizeram perguntas muito difíceis. Mas foi interessante interagir com as crianças e tentar utilizar linguagem que os faça entender, é um desafio enorme", disse Taur Matan Ruak.

Em relação ao facto de todas as crianças fazerem perguntas relacionadas com a liberdade, Taur Matan Ruak disse estar surpreendido, porque "muitos deles nasceram depois de Timor se tornar independente".

"Esta liberdade para eles não está relacionada com a liberdade que eu não sentia. É fantástico, em crianças na idade deles, um interesse tão grande em saber o que é a liberdade", afirmou.

O dia para os encarregados de educação terminou com danças tradicionais timorenses e portuguesas.

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Moçambique: FRELIMO E A POLÍCIA. NÃO A EXIGÊNCIAS RENAMO. MEDOS DOS CAMPONESES




Aprovada revisão da lei que cria polícia moçambicana apenas com votos da Frelimo

17 de Maio de 2013, 09:10

Maputo, 17 mai (Lusa) - O Parlamento de Moçambique aprovou na quinta-feira a revisão da lei que criou a polícia no país, apenas com os votos da Frelimo, partido no poder, e com os deputados da Renamo, maior partido da oposição, ausentes do plenário.

Segundo o ministro do Interior, Alberto Mondlane, a revisão da lei pretende assegurar o cumprimento da Constituição da República, que determina que "a lei estabelece a organização geral da polícia, fixa os seus ramos, determina a sua função, e estrutura as normas que regem o ingresso na corporação".

A proposta aprovada pelos deputados da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) propõe-se ainda integrar as funções de proteção e segurança da fronteira estatal; proteção e segurança marítima, lacustre e fluvial; proteção das florestas, fauna e meio ambiente; e a organização da participação das comunidades na manutenção da ordem e tranquilidade públicas.

Também a organização da Polícia da República de Moçambique (PRM) em unidades de operações especiais e de reserva, consta do diploma.

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) justificou o boicote, acusando a Unidade de Intervenção Rápida, força de elite da PRM, de não ter caraterísticas de "unidade, mas sim de uma força organizada em quartéis, com todos os meios bélicos, tais como armas de guerra de diversos calibres, carros de combate, blindados, e que a sua hierarquia é tipicamente militar".

A deputada Anastácia da Costa Xavier, da Renamo, disse, por sua vez, que a proposta não tem clareza de organização e competências sobre o policiamento comunitário.

"Prevalecem dúvidas sobre os moldes de criação, formação, atuação e legalidade desta força", afirmou.

O deputado Geraldo Caetano, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), oposição, que também votou contra a proposta, justificou o voto, alegando, entre outras questões, que a Força de Intervenção Rápida deve usar equipamentos antimotim e não armas de fogo de tipo AK-47.

LAS // VM

Governo de Moçambique recusa exigências da Renamo, nova reunião marcada para 2.ª feira

17 de Maio de 2013, 08:41

Maputo, 17 mai (Lusa) - O Governo moçambicano anunciou hoje que respondeu negativamente às questões prévias apresentadas pela Renamo, o maior partido da oposição do país, no âmbito das conversações entre as duas partes para pôr termo à crise política em Moçambique.

Um comunicado do Conselho de Ministros, com data de 15 de maio, refere que foram respondidas por escrito as três questões prévias colocadas pela Renamo na segunda ronda de negociações, e que o Governo manifesta a sua disponibilidade de prosseguir com o diálogo, a partir da próxima segunda-feira, 20 de maio.

A Renamo colocou como condição para a continuidade do diálogo a receção, por escrito, das respostas relativas à libertação de 15 membros seus indiciados no crime contra a Segurança do Estado, a retirada dos efetivos policiais da Gorongosa, onde se encontra o seu líder, Afonso Dhlakama, e a presença de observadores nacionais e internacionais, da SADC, da UA e da UE, nas sessões de diálogo,

Sobre a libertação dos 15 membros da Renamo, o Governo invocou o princípio de separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário e a independência dos órgãos da Administração da Justiça, para referir que não pode interferir na esfera da atuação destes órgãos.

"O Governo continuará a efetuar o acompanhamento do assunto, aguardando que os respetivos processos sejam decididos pelas entidades competentes", refere o comunicado.

Relativamente à retirada dos efetivos policiais da Gorongosa, na província central de Sofala, o Governo da Frelimo afirma que a polícia PRM tem por missão a garantia da ordem, segurança e tranquilidade públicas em todo o território nacional e garante que continuará a acompanhar a sua atuação, reforçando a sua capacidade institucional e operacional, para que "esta realize o seu trabalho com zelo, eficácia e profissionalismo".

O executivo de Maputo considera igualmente não haver necessidade da presença de observadores nacionais e internacionais.

"A autoestima e as capacidades dos moçambicanos conferem legitimidade para o Governo e a Renamo prosseguirem com o diálogo nos moldes em curso, sem a presença dos facilitadores nacionais e observadores internacionais', explicita o comunicado.

Numa primeira reação, Jeremias Pondeca, membro da equipa de negociadores da Renamo, disse ao diário Canal de Moçambique que o seu partido vai comparecer nas negociações no dia 20 de maio, remetendo para essa altura uma posição definitiva.

"A partir de segunda-feira, o País e a comunidade internacional vão saber o posicionamento definitivo da Renamo", disse Pondeca.

LAS // MLL

Camponeses moçambicanos receiam perder terras com projeto nipo-brasileiro ProSavana

17 de Maio de 2013, 09:25

Maputo, 17 mai (Lusa) - A União Nacional dos Camponeses de Moçambique (UNAC) defendeu, na quinta-feira, que o projeto agrícola ProSavana representa "ameaças sérias e iminentes" de usurpação de terras dos camponeses e remoção forçada das comunidades do país.

O ProSavana é um programa que visa transformar savanas tropicais do norte de Moçambique em áreas agrícolas, implementado pelo Governo moçambicano ao longo do Corredor de Nacala, em parceria com o Brasil e o Japão.

Reunida em Assembleia Geral em Inhambane, sul do país, a UNAC alega que o projeto irá ocupar uma área de 14,5 milhões de hectares de terra, cobrindo 19 distritos das províncias de Nampula, Niassa e Zambézia.

"Constatamos haver muitas discrepâncias e contradição nas insuficientes informações disponíveis, indícios e evidências que confirmam a existência de vícios de concepção; irregularidades no suposto processo de consulta e participação pública; sérias e iminentes ameaças de usurpação de terras dos camponeses e remoção forçada das comunidades", indica um documento saído da reunião.

A UNAC manteve contactos com diversas instituições e responsáveis dos governos brasileiros e japonês em Moçambique, e promoveu debates a nível nacional.

Na reunião, a UNAC abordou ainda a questão dos megaprojectos em curso em Moçambique, considerando que estes empreendimentos agravam os conflitos de terra.

"Com todos estes problemas haverá redução de campos de cultivo, produção e da produtividade. Também irá desmotivar e provocar a desmoralização dos camponeses, submetendo-os a uma alienação, num processo que visa forçar os camponeses a abandonarem a prática da agricultura, tornando-os em mão-de-obra barata", indica a declaração de Inhambane.

LAS // MLL

MOÇAMBIQUE E ANGOLA ENTRE OS PAÍSES MENOS TRANSPARENTES




Deutsche Welle

Moçambique e Angola tiveram maus resultados no relatório do Revenue Watch Institute sobre gestão dos recursos naturais. Moçambique saiu-se pior que Angola, com uma nota final de "Insuficiente".

Moçambique não gere os seus recursos naturais de forma suficientemente transparente. Esta é uma das conclusões do Índice de Gestão dos Recursos Naturais publicado pelo Revenue Watch Institute esta quarta-feira (15.05). No índice, Moçambique ficou no vermelho – o país está na posição 46, num total de 58 países.

Segundo Marie Lintzer, uma das autoras do relatório, "o Governo moçambicano não divulga informação". Os contratos que o executivo assina com a indústria extrativa, diz Lintzer, "não são divulgados ao público" nem existe "uma fiscalização do processo de licenciamento".

De acordo com o relatório do Revenue Watch Institute, a única informação publicada pelo Ministério das Finanças prende-se com as receitas combinadas da energia, mineração e hidrocarbonetos. Já o Ministério dos Recursos Minerais publica apenas informações elementares fornecidas pelas empresas.

Moçambique tem, aliás, uma pior classificação que Angola no índice do Revenue Watch Insitute, apesar dos dois países estarem bastante perto um do outro. Angola ficou no lugar 41, cinco posições à frente de Moçambique.

Marie Lintzer, do Revenue Watch Institute, diz que Angola ganhou pontos nos últimos anos por ter introduzido medidas que trazem maior transparência à gestão dos recursos naturais, nomeadamente do petróleo. Desde 2010, afirma, o país publica o seu orçamento e a petrolífera estatal, a Sonangol, "também publicou, pela primeira vez, relatórios detalhados sobre as suas receitas e sobre a produção"" Mas apesar de Angola ter feito progressos, "o nível de corrupção, em particular, ainda é elevado", salienta Lintzer.

No entanto, ao comparar Angola e Moçambique é preciso ter em conta dois fatores, alerta a investigadora. A indústria extrativa moçambicana ainda está a dar os primeiros passos e, apesar de estar a crescer, é relativamente pequena. Em 2009, o Governo moçambicano recebeu menos de 40 milhões de dólares do setor. Já Angola teve receitas na ordem dos 40 mil milhões de dólares no ano passado.


A nível mundial, o índice não dá uma perspetiva animadora da forma como estão a ser geridos o petróleo, o gás e o setor mineiro: a maioria dos 58 países analisados (os principais produtores de petróleo, diamantes e cobre) não respeita aquilo que o Revenue Watch Institute chama de "padrões satisfatórios" na gestão dos seus recursos naturais.

Os piores classificados no índice são também aqueles que mais dependem dos recursos naturais para as suas receitas. Segundo Marie Lintzer, se os governos gerissem os recursos com mais transparência dariam também uma importante contribuição para o desenvolvimento económico nos seus países, uma vez que, diz, esse crescimento "não funciona a longo prazo, porque os recursos são finitos". Para a pesquisadora, trata-se de uma questão de sustentabilidade. Apostar na transparência e na responsabilização irá ajudar o crescimento económico a longo prazo.

No Índice do Revenue Watch Institute, a Noruega ocupa a primeira oposição e Myanmar a última. Esta foi a primeira vez que a organização publicou um índice sobre gestão dos recursos naturais. A partir de agora, o instituto espera publicá-lo de dois em dois anos.


Guarda presidencial impede acesso a apartamentos em Luanda, dizem populares




Voz da América

Luandeses dizem ter as chaves dos apartamentos porque pagaram. Autoridades permanecem no silêncio

Elementos da Unidade da Guarda Presidencial, UGP, estão a impedir pessoas de terem acesso aos apartamentos que compraram à Sonangol Imobiliária, disseram várias pessoas contactadas pela Voz da América.

Um dos cidadãos disse que continua a não haver comunicação oficial sobre o que se passa com os apartamentos.

“Ou então a UGP nos mata mas eu está semana vou ter que entrar dentro da centralidade,” disse uma mulher, uma de entre muitos que que já possuem as chaves no projecto 44 mas que lhes continua a ser negado acesso aos mesmos.

Na Sexta-feira passada a Sonangol Imobiliária mandou encerrar  as agências da SONIP e da DELTA Imobiliário que efectuavam nas últimas semanas contratos, entregas das chaves e a vendas aos clientes dos apartamentos no processo da comercialização dos apartamentos nas cinco centralidades localizadas em Luanda.

Os candidatos aos apartamentos estão sem informação oficial sobre o que se passa.

Desta vez as reclamações vem do projecto 44 onde a guarda presidencial não permite o acesso à centralidade.

“Eu já não sei o que vou fazer! Vivo na casa de renda” lamentou outro popular. Um dos muitos que disse estarem agora perante um dilema de terem que pgar renda e terem que pagar a mensalidade das casas que compraram.

Ontem, na Sonip a administradora Arnalda Van-Dúnem, foi contactada pela Voz da América mas mostrou-se indisponível para qualquer explicação sobre as vendas dos apartamentos nas centralidades.

Angola: JOVENS ORGANIZAM VIGÍLIA POR KAMOLINGUE E CASSULE




Coque Mukuta – Voz da América - 16.05.2013

Passa um ano desde o rapto e desaparecimento dos dois activistas

Activistas angolanos vão organizar uma vigília para assinalar o primeiro aniversário do desaparecimento de dois activistas, Isaías Cassule e Alves Kamolingue.

Os dois desapareceram quando estavam envolvidos na organização de manifestações de veteranos das forças armadas.

A vigília está marcada para o próximo dia 27 em Luanda e segue-se a um apelo de Elisa Rodrigues, esposa de Alves Kamolingue, para um maior envolvimento da sociedade para ajudar a esclarecer o que se passou com os dois activistas.

Em respostas ao apelo o Movimento dos Jovens Manifestantes, decidiu marcar para o o dia 27 deste mês uma vigília para pressionar e demonstrar ao executivo o descontentamento dos cidadãos contra o desaparecimento dos activistas.

Nito Alves um dos assinantes da carta que informa o executivo angolano sobre a realização do acto diz que a vigília  se destina a “exigir ao executivo angolano o esclarecimento sobre o desaparecimento dos nossos manos”.

Para Nito Alves não se pode perceber o desaparecimento de dois jovens durante um ano sem qualquer explicação de quem governa o país.

“Vamos completar um ano e numa democracia  o desaparecimento de cidadãos sem qualquer explicação durante um ano é muito” acrescentou.

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