quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Timor-Leste diz que está decidido a construir gasoduto sem ponderar outra opção

 

MSE – VM - Lusa
 
Díli, 17 out (Lusa) - O ministro dos Recursos Naturais de Timor-Leste, Alfredo Pires, garantiu hoje que as autoridades estão decididas em construir um gasoduto do Greater Sunrise para a costa sul do país e que não vai ser considerada qualquer outra opção.
 
"Não vamos considerar qualquer outra opção. A solução para o Greater Sunrise é única e tem de vir a Timor-Leste", afirmou à agência Lusa Alfredo Pires.
 
O plano de desenvolvimento da reserva de gás Greater Sunrise entrou num impasse devido a visões diferentes entre australianos e timorenses.
 
Enquanto a empresa petrolífera australiana Woodside defende a exploração numa plataforma flutuante, Timor-Leste insiste em construir um gasoduto para ter uma fábrica de processamento de gás natural na costa sul do país, com o objetivo de criar postos de trabalho e desenvolver aquela região.
 
Questionado pela agência Lusa sobre se Timor-Leste está a ponderar anular o tratado assinado com as autoridades australianas e a Woodside para a exploração do Greater Sunrise, o ministro admitiu que a aquela possibilidade está a ser analisada.
 
"Estamos a ver as possibilidades. Por enquanto, o último tratado que temos assinado refere que se até fevereiro de 2013 o plano de desenvolvimento para o Greater Sunrise ainda não tiver sido aprovado pela Autoridade Nacional do Petróleo a Austrália ou Timor-Leste têm a possibilidade de anular o tratado", disse Alfredo Pires.
 
Segundo o ministro, para já o Governo está a analisar os prós e os contras sobre as várias opções.
 
Na segunda-feira, Pierre-Richer Prosper, advogado contratado pelo Governo timorense para tratar daquela questão, afirmou em Camberra, citado pela televisão "ABC", que o gasoduto vai permitir aos australianos poupar dinheiro.
 
"Atualmente, o Governo australiano despende importantes somas para a ajuda ao desenvolvimento de Timor-Leste. Com o gasoduto será criado emprego e podem ser melhoradas as infraestruturas, a educação e a saúde", disse.
 
Criticando a ausência de posição do Governo da Austrália, o advogado destacou que Timor-Leste pode "facilmente encontrar um novo parceiro para a exploração do gás e construir um gasoduto".
 
"Penso particularmente naquele grande país no nordeste da Ásia que tem grande necessidade de gás e estaria interessado no projeto", afirmou o advogado, citado pela "ABC".
 
Donald Rothwell, um especialista em direito internacional da Universidade Nacional Australiana, alertou, na Rádio Austrália, que a saída de Timor-Leste do tratado tripartido para a exploração do gás no mar de Timor não terá só consequências comerciais.
 
Segundo o especialista, o tratado define "temporariamente" as fronteiras marítimas entre os dois países.
 
"Se Timor-Leste sair do tratado mudará completamente o traçado da fronteira marítima com a Austrália e afetaria o acesso dos dois países aos recursos minerais e à pesca", disse Donald Rothwell.
 
Para o especialista, o abandono de Timor-Leste do acordo poderá também pôr em causa a relação de confiança existente entre os dois países.
 

Moçambique: AUSTRALIANA DESCOBRE RIQUEZA, GOVERNO QUER HIDROCARBONETOS

 


Australiana Kimberley Rare Earths descobre lítio, tântalo e estanho em mina de Moçambique
 
17 de Outubro de 2012, 08:42
 
Maputo, 17 out (Lusa) - A companhia mineira australiana Kimberley Rare Earths descobriu lítio, tântalo e estanho na concessão mineira de Malilóngwe, província de Tete, centro de Moçambique, informou em comunicado a empresa.
 
A descoberta dos minérios acontece sete meses depois de a firma australiana ter iniciado a prospeção na referida concessão, refere a nota de imprensa.
 
Segundo a Kimberley Rare Earths, a identificação dos três minérios deu-se numa área de 1,5 quilómetros de comprimento e 500 metros de largura na concessão de Malilóngwe.
 
Governo moçambicano prepara concurso internacional para pesquisa de hidrocarbonetos
 
17 de Outubro de 2012, 10:24
 
Maputo, 17 out (Lusa) - A ministra dos Recursos Minerais de Moçambique, Esperança Bias, disse hoje à Lusa, em Maputo, que o Governo moçambicano pondera lançar mais um concurso internacional para a concessão de blocos de pesquisa de hidrocarbonetos.
 
Segundo Esperança Bias, o número de blocos, a área de atividade das companhias que irão vencer o concurso internacional, bem como as datas do lançamento estão a ser ainda estudados.
 
"É uma atividade normal, depois dos anteriores concursos, entendemos que podemos lançar mais um, para a pesquisa de hidrocarbonetos, nomeadamente gás e petróleo", disse a ministra dos Recursos Minerais.
 
As áreas que serão colocadas em concurso vão somar-se aos 12 blocos atualmente alvo de pesquisa de hidrocarbonetos no país, assinalou Esperança Bias.
 
Atualmente, estão envolvidas na prospeção de hidrocarbonetos em Moçambique os consórcios liderados pelas multinacionais SASOL, da África do Sul, Anadarko, dos Estados Unidos, ENI, Itália (que integra a portuguesa GALP), e State Oil, da Noruega.
 
PMA // VM.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Angola: Porque se considera inconstitucional o facto do PR não dirigir a mensagem...

 

... sobre o Estado da Nação?
 
António Ventura - Club K, opinião
 
Luanda - O Deputado João Pinto em entrevista a TPA, transmitida no Telejornal do dia 15 de Outubro 2012, declarou que « não houve violação da Constituição porque o direito constitucional é flexível», o facto do PR não dirigir a Mensagem a Nação. Na mesma reportagem o constitucionalista Adérito Correia também terá considerado que «não houve nenhuma inconstitucionalidade ou ilegalidade, uma vez que o Direito Constitucional é flexível».
 
Mais uma vez, a TPA manipulou os factos e a interpretação correta da Constituição da República de Angola.

O que significa flexibilidade constitucional? Porque a omissão de JES é considerada violação da CRA?

Primeiro, é importante esclarecer o que é flexibilidade constitucional (ou ainda flexibilidade do Direito Constitucional) e o que é abertura do Direito Constitucional.

Diz-se constituição flexível, em oposição a rígida, « aquela em que são idênticos o processo legislativo e o processo de revisão constitucional, aquela em que a forma é a mesma para a lei ordinária e para a lei de revisão constitucional», considera o Prof. Jorge Miranda. ((in Teoria do Estado e da Constituição, 3.ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 256).

Normalmente, a rigidez e a flexibilidade constitucionais são abordadas em contextos de revisão constitucional. E não era o caso. E a flexibilidade não significa que as normas constitucionais devem ou não ser observadas em função da boa ou má vontade dos titulares de cargos públicos.

Quanto a sua abertura, significa, segundo o Prof. Bacelar Gouveia, que o Direito Constitucional “é permeável aos influxos de outros ramos normativos, estando muito longe de ser um sistema normativo fechado.” (in Manual de Direito Constitucional, Volume I, Lisboa, Almedina, 2005: 39-45).
 
Significa que o Direito Constitucional está aberto para regular novos factos, novos fenómenos resultantes do dinamismo da vida política, social, económica ou cultural. E também não foi isto que aconteceu.
 
Aconteceu um facto político (Tomada de Posse) em que o Presidente da República fez um discurso cujo conteúdo, ou parte dele, poderia ser semelhante com o conteúdo da Mensagem sobre o Estado da Nação que ele está obrigado, nos termos da Constituição, a dirigir a Nação, na abertura do ano parlamentar na Assembleia Nacional.
 
Como seria resolvido este aparente conflito atendendo as circunstâncias políticas e sociais antecedentes a abertura do ano parlamentar?
 
Konrad Hesse explica: « A Constituição não está desvinculada da realidade histórica concreta do seu tempo. Todavia, ela não está condicionada, simplesmente, por essa realidade. Em caso de eventual conflito, a Constituição não deve ser considerada, necessariamente, a parte mais fraca. Ao contrário, existem pressupostos realizáveis (...) que, mesmo em caso de confronto, permitem assegurar a força normativa da Constituição». (in A Força Normativa da Constituição, tradução GFM, Porto Alegre, SAF Editor,1991, p.25).

No caso, em análise, a Constituição foi considerada a parte mais fraca e, por isso, violada. Por esta razão, consideramos no texto anterior que a atitude do Presidente JES é inconstitucional. Inconstitucional porque a Constituição no seu artigo 6.º n.º 2 diz que « o Estado subordina-se a Constituição e funda-se na legalidade, devendo respeitar e fazer respeitar as leis», e o n.º 2 do artigo 226.º prevê que « são inconstitucionais as leis e os actos que violem os princípios e normas consagradas na presente Constituição».

Segundo os constitucionalistas, uma inconstitucionalidade pode ser material, formal, orgânica e por omissão. Falaremos apenas da inconstitucionalidade por omissão.

O Prof. Fernando Macedo explica que a inconstitucionalidade por omissão pode ser considerada em sentido amplo ou restrito. A «Inconstitucionalidade por omissão é abstenção da prática de um acto jurídico-público ordenado pela Constituição ao órgão do Estado competente para o efeito (definição em sentido amplo). A Inconstitucionalidade por omissão é a abstenção da prática de um acto normativo ordenado pela Constituição ao órgão do Estado competente para o efeito (definição em sentido restrito)». (Guia de Aula Teórica, Luanda, ULA, 2011,p. 432 )

Ao decidir não dirigir ao País, na abertura do ano parlamentar, na Assembleia Nacional, uma mensagem sobre o Estado da Nação conforme previsto no artigo 118.º da CRA, o Presidente da República se omitiu de praticar um acto público que a Constituição lhe manda praticar (actitude de facere). Não se tratando da omissão da prática de um acto normativo, o PR incorreu na prática de uma inconstitucionalidade por omissão em sentido amplo (actitude de non facere).
 
A Constituição não diz que compete ao Presidente da República decidir discricionariamente, em função das circunstâncias políticas ou sociais, fazer (facere) ou não fazer (non facere) o discurso sobre o Estado da Nação. A Constituição diz que o « Presidente dirige ao País...» (facere). Por esta razão, o seu comportamento omisso é inconstitucional.
 
Para concluir, ensina ainda o Professor Jorge Miranda que « a existência de omissões juridicamente relevantes é um fenómeno que se encontra em diversos setores do ordenamento, em particular, no Direito constitucional. Ela verifica-se sempre que, mandando a norma reguladora de certa relação ou situação praticar certo ato ou certa atividade nas condições que estabelece, o destinatário não o faça, não o faça nos termos exigidos, não o faça em tempo útil, e a esse comportamento se liguem consequências mais ou menos adequadas». (ob cit, p.409).
 
Parece-nos, certamente, que as interpretações do artigo 118.º da CRA que foram feitas para justificar a omissão do Presidente JES foram contra o espírito, sentido e a letra da própria Constituição da República de Angola.

Construamos cidadania!

* António Ventura (Jurista e ativista cívico)

EUA: Obama parte para o ataque e consegue se recuperar no segundo debate

 

 
Depois do fracasso no primeiro debate televisivo, todas as atenções estavam voltadas para Obama. E, segundo as primeiras pesquisas, desta vez ele se saiu melhor do que Romney.
 
O respiro de alívio entre os partidários do presidente Barack Obama pôde ser ouvido desde o começo de um debate em que o presidente se apresentou de forma bem diferente do que no primeiro duelo.
 
Ao contrário de duas semanas atrás, quando Obama parecia passivo e um pouco sonolento, desta vez ele se mostrou engajado e atento. Respondeu aos argumentos do republicano Mitt Romney e reiteradas vezes destacou o ponto central de seu discurso: fortalecer a classe média e proporcionar chances iguais para todos.
 
Obama acusou o concorrente de apenas defender os interesses dos ricos. "O governador Romney diz que tem um plano de cinco pontos", declarou o presidente na Universidade Hofstra, em Hempstead, estado de Nova York. "Mas o governador Romney não tem um plano de cinco pontos, ele tem um plano de um ponto e este deve assegurar que as pessoas que estão no topo possam jogar com as suas próprias regras".
 
A participação de Romney foi razoável. Ele conseguiu ser convincente em alguns aspectos, mas perdeu na avaliação geral – ao contrário do primeiro debate. Uma primeira pesquisa da emissora de televisão CNN entre eleitores registrados que acompanharam o debate apontou que 46% declaram Obama vencedor e 39%, Romney. E 73% declaram que o presidente se saiu bem melhor do que o esperado.
 
Foi uma importante conquista para Obama, pois após o primeiro debate ele havia perdido espaço. Pesquisas de opinião no país inteiro apontaram o crescimento de Romney, incluindo os chamados battleground states, os estados particularmente disputados.
 
Foco nas mulheres
 
Entre esses estados estão a Flórida e a Carolina do Norte, onde algumas pesquisas chegaram a mostrar o ex-governador de Massachusetts à frente de Obama.
 
Mas Romney pontuou também entre os telespectadores ouvidos pela CNN na noite passada, após o segundo debate. Ele ganhou notas melhores em temas como economia, reforma do sistema de saúde, políticas fiscal e orçamentária.
 
Se o governador permanece sendo o candidato favorito entre as mulheres, como após o primeiro debate, ainda está por ser avaliado. Entre os usuários do Twitter, um comentário de Romney gerou críticas imediatas: no debate sobre as leis de porte de armas, ele afirmou que há uma relação direta entre jovens violentos e mães solteiras.
 
Segundo Romney, não há a necessidade de uma nova legislação para o porte de armas, mas uma política de incentivo à união tradicional de casais. Obama defende o restabelecimento da proibição de armas automáticas, que foi extinta por causa da resistência dos republicanos.
 
A resposta de Romney para a pergunta de como ele garantiria às mulheres direitos iguais aos dos homens no mercado de trabalho foi: "Fortalecendo a economia, assim as empresas vão se esforçar para contratar mais mulheres". Obama mencionou uma lei, posta em vigor por ele e que garante salários iguais para mulheres e homens que ocupem os mesmos cargos.
 
Cidadãos fazem perguntas
 
Este debate de 90 minutos teve um formato diferente do primeiro. No chamado debate town-hall, eleitores indecisos fizeram as perguntas, e a apresentadora da CNN Candy Crowley fazia apenas o papel de moderadora. Obama e Romney puderam se movimentar livremente, aproximando-se da plateia.
 
Quando um telespectador perguntou se, antes do ataque ao consulado americano na cidade de Bengasi, o Departamento de Estado realmente rejeitou um pedido de reforço da segurança, Obama não respondeu diretamente a questão. Funcionários do governo já haviam confirmado isso numa audiência no Congresso.
 
Romney se perdeu em detalhes no seu comentário, e também nesse ponto o presidente saiu vencedor. Obama assumiu a responsabilidade neste caso, apesar de a secretaria de Estado Hillary Clinton ter tentado anteriormente atenuar as acusações contra o presidente declarando que a área é de responsabilidade dela e, assim, a culpa também era dela.
 
Os dois lados saem satisfeitos
 
As equipes de campanha dos dois partidos se mostraram satisfeitas com o debate. "O presidente Obama visivelmente ganhou o debate", disse o chefe de campanha dos democratas, Jim Messina. "Os americanos puderam ver um líder – um presidente forte, firme, simpático e decidido, com uma visão positiva, que levará este país para frente e construirá a economia a partir do meio e não de cima para baixo."
 
O governador republicano da Virgínia, Bob McDonnell, disse que Romney deixou claro diante de qual decisão os americanos se encontram. "Independentemente se ele falou sobre emprego, imposto, dívida, saúde ou política externa, ele monstrou um forte contraste entre a política de crescimento, que tratará segurança aos Estados Unidos dentro e fora de suas fronteiras, e o balanço do presidente Obama, que infla o aparelho de governo e que não vai reforçar nossa economia nem nossa influência externa."
 
O terceiro e último debate acontecerá na próxima segunda-feira na Flórida e deve tratar exclusivamente de política externa.
 
Autora: Christina Bergmann, de Hempstead (cn) - Revisão: Alexandre Schossler
 

O GOLPE DE ESTADO ALEMÃO

 

Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues
 
O ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, defendeu esta semana que os orçamentos nacionais possam ser vetados pelo comissário europeu dos Assuntos Financeiros. Ou seja, o ministro alemão defende que alguém não eleito se possa sobrepor aos representantes eleitos de um povo. E que seja ele a decidir o mais importante instrumento político de um País, decidindo, independentemente da vontade dos cidadãos, o que será feito com o seu dinheiro. E isto num momento em que vários países assistem a um autêntico assalto fiscal.
 
"No taxation without representation", foi o mote para o que viria a ser a revolução americana. O que Schäuble propõe, e é coerente com o que a Alemanha tem defendido, é um golpe de Estado contra as democracias, criando uma junta de tecnocratas que retira à democracia representativa uma das suas principais funções: determinar o que se faz com os recursos de uma comunidade. Não há duas formas de dizer isto: o poder alemão quer destruir as bases fundamentais das democracias europeias. Em vez do federalismo democrático, em vez dos eurobounds e de uma integração cambial e financeira com pés e cabeça, defende uma ditadura orçamental que torne os cidadãos europeus em súbditos. Em contribuintes sem o direito de decidir o que fazer com os seus impostos.
 
A posição alemã, ao contrário do que aconselham todas as evidências, continua a apostar na redução da dívida dos países europeus (muito inferior à de grande parte dos grandes blocos económicos), e não no crescimento. E nem a probabilidade de rebentar com a Grécia, fazendo, mais uma vez, cair ali a primeira peça do dominó europeu, travará Merkel e o seu ministro. Recusam um prazo suplementar para os gregos, proposto pelo FMI. A Alemanha aposta no seu crescimento económico à custa de uma hecatombe económica da Europa (aposta que, como no passado, lhes sairá cara) e não está disposta a parar perante nenhum obstáculo. Nem perante as regras da democracia.
 
Não se trata de nenhuma posição anti-allemã. É apenas uma constatação de facto: a Alemanha, que já foi um dos principais motores da construção europeia, é hoje a principal inimiga da Uniãõ Europeia. E nas suas cada vez mais indisfarçáveis tentações imperiais põem em risco as democracias dos países europeus, o euro, a União e, com tudo isto, sessenta anos de paz. Travar a cegueira alemã é obrigação de todos europeístas e democratas, na Alemanha e em toda a Europa. Antes que seja tarde.
 

Portugueses e espanhóis precisam de "uma perspectiva que não seja apenas a da austeridade"

 


Entrevista ao Presidente francês
 
Alexandre Martins - Público
 
O Presidente francês, François Hollande, dirigiu-se “aos espanhóis e aos portugueses, que estão a pagar caro por desavenças de outros". "Chegou a hora de lhes dar uma perspectiva que não seja apenas a da austeridade”, defendeu numa entrevista concedida no Palácio do Eliseu a seis jornais europeus.
 
No encontro com os jornalistas, Hollande declarou que “não é possível, para o bem comum, impor uma prisão perpétua a algumas nações que já fizeram sacrifícios consideráveis, se os seus povos não vêem, em momento algum, os resultados desses esforços”.

“Estou convencido de que, se não dermos um novo alento à economia europeia, as medidas de disciplina, por muito desejáveis que sejam, não poderão traduzir-se em nada”, sublinhou o Presidente francês. A frase que proferiu para rematar esta parte da entrevista pode mesmo vir a tornar-se num novo slogan: “A ameaça da recessão é hoje tão importante como a ameaça dos défices!”

União política a discutir após as eleições europeias de 2014

François Hollande diz ser uma evidência que a União Europeia de hoje não pode funcionar da mesma forma que funcionou no início da década de 1960 e defende “uma Europa a várias velocidades”, com o objectivo final de uma maior integração política.

“Nessa época havia seis países, depois oito, depois 12. Hoje somos 27 e seremos 28, com a Croácia. Ao mudar de dimensão, a Europa mudou também de modelo. A minha postura é a de uma Europa que avance a várias velocidades, com círculos diferentes. Podemos chamar-lhes a vanguarda, os Estados precursores, o núcleo duro, isso não importa. O que importa é a ideia”, afirmou o Presidente francês.

Hollande afirma mesmo que a União Europeia moderna – a Europa da moeda única – “requer uma nova forma de governar” e “deve assumir uma dimensão política”.

“Defendo que o Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças, reforce os seus poderes; que o presidente do Eurogrupo tenha um mandato reconhecido, claro e suficientemente longo. Defendo também – e já o disse aos meus colegas da Zona Euro – uma reunião mensal de todos os chefes de Estado e de Governo desses países. Acabemos com essas cimeiras ‘de desesperados’, essas cimeiras ‘históricas’, que no passado não alcançaram nada mais do que êxitos efémeros”, afirmou o Presidente francês.

Terá chegado, então, o momento de se avançar para uma verdadeira união política? Para Hollande, ainda não: “A união política virá depois, é uma etapa que se seguirá à união dos orçamentos, à união bancária, à união social. Será um marco democrático para o que alcançarmos em matéria de integração social.”

O processo de construção de uma união política pode não ser para já, mas Hollande não vê que se possa esperar muito mais tempo, pelo que aponta para “depois das eleições europeias de 2014”. “Esse é o momento para mobilizar os cidadãos e para elevar os índices de participação em torno de um debate sério, o do futuro da Europa”, defende.

Na entrevista, François Hollande afirma também que já é altura de “deixar de pensar que só há um país a pagar por todos os outros”, em resposta a uma pergunta sobre a acção política da Alemanha de Angela Merkel. “A solidariedade é uma coisa de todos, não apenas dos alemães! É dos franceses, dos alemães e de todos os europeus. Deixemos de pensar que só há um país a pagar por todos os outros. Isso não é verdade”, afirmou o Presidente francês.

Mas Hollande faz questão de sublinhar que compreende o ponto de vista alemão. “Estou consciente da sensibilidade dos nossos amigos alemães perante a dívida. Quem paga deve controlar, quem paga deve sancionar”, embora “a união orçamental deva ser alcançada mediante a mutualização parcial das dívidas, através dos eurobonds”, conclui.

Nobel da Paz à UE é “uma homenagem e um apelo”

Para François Hollande, o pior que pode acontecer à União Europeia é que os europeus desistam dela. À pergunta “Qual é a maior ameaça que pesa sobre a Europa?”, o Presidente francês responde: “A de já não a querermos. A de a considerarmos, no melhor dos casos, uma mera janela que procuramos, uns em busca de fundos estruturais, outros de política agrícola, outros em busca de um cheque e, no pior dos casos, um reformatório.”Por isso, os líderes europeus têm de “dar sentido ao seu projecto e eficácia às suas decisões”. Ainda assim, afirma Hollande, “a União Europeia continua a ser a mais bela aventura do nosso continente. É a principal potência económica mundial, um espaço político de referência, um modelo social e cultural”.

Daí considerar que a atribuição do Nobel da Paz à União Europeia é, “ao mesmo tempo, uma homenagem e um apelo”. A homenagem é para “os pais fundadores, por terem sido capazes de construir a paz depois da carnificina”. E o apelo é para “os governantes actuais, para que tenham consciência de que é fundamental reagir”.

O Presidente francês termina com a convicção de que a crise da Zona Euro “já passou”, mas admite que “o melhor ainda não chegou”. Depois da “saída da crise da Zona Euro”; de garantir que a Grécia vai continuar a fazer parte desse grupo; de garantir um “financiamento razoável” aos países “que têm feito as reformas exigidas”; e de “pôr em marcha a união bancária”, faltará construir uma nova União Europeia: “Poderemos então discutir a mudança do nosso modo de tomar decisões e aprofundar a nossa união. Será essa a nossa principal tarefa para o início de 2013.”

Entrevista concedida aos jornais Le Monde (França), The Guardian (Reino Unido), El País (Espanha), Gazeta Wyborcza (Polónia), La Stampa (Itália) e Süddeutsche Zeitung (Alemanha).
 

25 DE ABRIL JÁ!

 

Helena Ricoli (reposição)
 
ONDE ESTÁS ABRIL?
 
Foi naquela madrugada de há 38 anos. Acabaram-se os miúdos que iam para a escola descalços (os que iam), com fome, às vezes com uma camisa coçada, velha, do pai, apesar de fazer um frio de gelar os pingos de orvalho. Foram tempos dificeis que superámos depois de tanta fome, de tanta escravidão, de tanto mau trato, de tanta exploração, de tanta guerra, de tantos mortos e estropiados. Naquela madrugada começámos a ouvir a palavra NÃO, primeiro baixinho, dita só por alguns, e depois mais alto e dita por mais, e mais, e mais, e muitos e todos!
 
Abriram-se as portas. As portas que Abril abriu estão agora a querer fechá-las completamente. A amnésia invadiu os portugueses. O desânimo também. Estamos a voltar à fome permanente, à escravidão, ao mau trato, à exploração, talvez volte uma guerra qualquer que os poderosos considerem de sua utilidade e daqueles que servem? Voltará a PIDE a entrar pelas nossas casas de madrugada e a levar os nossos filhos, os nossos pais, os nossos netos, homens, jovens, mulheres, só porque querem voltar a Abril, só porque querem liberdade, justiça e democracia?
 
Onde estás Abril? Porque quase não te vimos e quando apareces és tão difuso que muitas das vezes nem pareces ser tu?
 
E os portugueses nada farão para te salvar? Para se salvarem?
 
25 de Abril Já!
 

Portugal: “OS MILITARES ESTÃO EM POLVOROSA, ESTÃO REVOLTADOS”

 

 
Associações do sector encontram-se hoje para definir formas de luta que tornem visível o mal estar entre os militares.
 
A Associação dos Oficiais das Forças Armadas admite que os militares estão revoltados com as medidas de austeridade que atingem o sector.
 
"Isto é uma afronta aos militares, isto já está a ultrapassar os limites em relação a todos e, no caso concreto dos militares, de uma forma que nos deixa em polvorosa e revoltados", afirmou Pereira Cracel, presidente da associação, em declarações à TSF.
 
Opinião semelhante tem a associação de sargentos, que espera por isso que a participação seja forte na reunião desta quarta-feira
 
"Acredito que umas largas centenas de militares ali estarão e com certeza que responderão não apenas a esta, mas a outras iniciativas que tenhamos eventualmente de tomar em mãos", afirmou o líder desta associação, citado pela rádio.
 
Sem querer adiantar que iniciativas serão tomadas, Lima Coelho explicou que se está a "ponderar e a discutir entre as várias associações" eventuais acções que demonstrem "o mal estar no seio dos profissionais militares".
 
As Associações dizem que entre 18% a 20% dos militares têm o seu salário penhorado por compromissos que tinham assumido e que, devido aos cortes salariais, deixaram de poder pagar.
 

Portugal: VITOR GASPAR PÔS O LUGAR À DISPOSIÇÃO. PASSOS TRAVOU DEMISSÃO

 

Liliana Valente – i online
 
Ministro das Finanças tem sido contestado dentro e fora do executivo e manifestou disponibilidade para ser substituído
 
O ministro das Finanças falou nos últimos dias com o primeiro-ministro e pôs o lugar à disposição antes da conferência de imprensa em que apresentou as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2013, na segunda-feira, soube o i junto de fonte próxima de Vítor Gaspar.
 
O i questionou o Ministério das Finanças, que não quis fazer comentários sobre este assunto.
 
O ministro acossado pelas críticas dentro do próprio governo – além do CDS, alguns ministros do PSD manifestaram--se contra algumas opções políticas de Gaspar – decidiu falar com Passos Coelho, numa conversa pessoal, e dizer que estaria disposto a sair do governo caso o primeiro-ministro assim o entendesse. Passos disse que não e segurou o ministro que nos últimos meses tem garantido lugar de destaque no executivo e tem sido mais que o braço-direito do chefe do governo.
 
A segurança transmitida por Passos deu a Gaspar a confiança para responder aos jornalistas mais tarde na conferência de imprensa no Ministério das Finanças. Quando lhe perguntaram se se sentia “remodelável”, o ministro das Finanças respondeu sem hesitação e com a certeza de que estava protegido pelo chefe do governo. Disse que essa decisão cabia ao primeiro-ministro, mas foi mais longe ao dizer que só ficaria no lugar de responsável pela pasta das Finanças enquanto fosse útil e que mais não estava a fazer do que a retribuir ao país o investimento que os portugueses fizeram na sua educação. “A composição do governo está à disposição do primeiro-ministro. Esse ponto é incontornável”, disse. Mas logo depois acrescentou: “A minha participação no governo tem o único propósito de retribuir ao país o enorme investimento que o país colocou na minha educação. Foi extraordinariamente cara e Portugal investiu na minha educação de forma generosa durante algumas décadas. É minha obrigação estar disponível para retribuir essa dádiva que o país me deu.” E se dúvidas houvesse quanto à vontade de Gaspar permanecer no governo, o ministro rematou: “A minha permanência dependerá da utilidade que essa permanência terá para a República Portuguesa. Não tem qualquer outra motivação.”
 
Mas desta vez o ministro sentiu as críticas chegarem-lhe bem perto, ao ser acusado de ser o principal foco de tensão entre os dois partidos da coligação. Perante a possibilidade de ser a sua posição a influenciar a continuidade do executivo terá manifestado a disponibilidade de ser substituído se Passos o entendesse. Mas o primeiro-ministro tem sempre dado a cara publicamente pelo ministro e, apesar de algumas vozes apresentarem Gaspar como remodelável, Passos não defende o mesmo. Pelo menos para já. Tal como o i escreveu esta semana, várias são as vozes no executivo que defendem uma substituição de Vítor Gaspar por Paulo Macedo, devido à experiência do ministro da Saúde em assuntos fiscais, por ter sido director-geral dos impostos entre 2004 e 2007.
 
A remodelação do executivo – numa altura em que aumenta a tensão entre PSD e CDS – tem sido dado corrente nas últimas semanas, mas o primeiro-ministro tem adiado mexidas na sua equipa, até porque é certa a dificuldade em convencer personalidades fora do executivo a entrar para o governo numa altura em que os níveis de popularidade estão em baixo. Nas últimas semanas, Esmeralda Dourado, administradora do Grupo SAG, terá sido abordada para integrar a equipa de Passos e substituir o ministro da Economia, mas terá negado. Álvaro Santos Pereira surge no topo dos ministros a substituir há largos meses, quando o próprio terá posto essa hipótese na altura em que perdeu a gestão a 100 por cento dos fundos do QREN e após a demissão do secretário de Estado da Energia Henrique Gomes por causa da negociação das rendas do sector energético.
 

Portugal: NOVO PROTESTO PELA “SOBREVIVÊNCIA DA RESTAURAÇÃO” EM SÃO BENTO

 

Pedro Rainho – i online
 
Nova manifestação decorreu sem violência, ao contrário da manifestação de segunda-feira
 
Mais de 3500 empresários e profissionais da restauração, segundo dados da organização do protesto, partiram ontem de todo o país para se manifestarem frente ao parlamento para uma “contestação ao IVA”, que com o Orçamento do Estado (OE) para 2012 subiu para 23%. “Neste momento, a questão fundamental para o sector é que a taxa baixe para os 6%”, disse José Pereira, do Movimento dos Empresários da Restauração (MER) e responsável pela organização do protesto.
 
“É uma questão de sobrevivência, e mesmo que o imposto volte para o valor de há um ano há muitas empresas que não vão resistir”, garante José Pereira. Para o dirigente do MER, sem alterações ao IVA, e só em termos directos, “entre 2012 e 2013 há 40 mil empresas que vão fechar e há 100 mil pessoas que vão para o desemprego.” Já no impacto indirecto, “se acrescentarmos os efeitos sobre os sectores que dependem da restauração, estamos a falar de centenas de milhares de pessoas para quem o fim está próximo”, assegura o dirigente. “Esta política vai ter um fim próximo. Estamos a falar da restauração, mas o problema é geral porque mais de 90% das empresas em Portugal são de pequena ou média dimensão que não vão aguentar esta política recessiva”, prevê.
 
Desiludidos com o panorama fiscal para o próximo ano, os empresários da restauração pretendem agora voltar-se para os deputados, na tentativa de reverter no parlamento a aprovação do actual OE. “Vamos, olhos nos olhos, perguntar-lhes se foi isso que nos prometeram quando foram aos nossos restaurantes pedir-nos o nosso voto. Eles mentiram-nos, e se agora assistirmos ao segundo acto” – a aprovação do próximo OE –, “isto vai ser diferente.” Durante o discurso no palco improvisado ao fundo da escadaria da Assembleia da República, José Pereira deixou uma ameaça velada ao governo, ao dizer que, “se quisermos, este sector pára o país”.
 
Questionado pelo i sobre a concretização da ameaça, José Pereira explicou que os profissionais da restauração estão “a meio de uma maratona e começam a ter consciência de que não têm futuro e terão de fechar as portas”. E se, até à aprovação do Orçamento, prevista para o último dia de Outubro, “esta unidade se alargar”, poderão “deixar de fornecer hospitais, prisões, etc.” “Aí, garanto-lhes, o problema é resolvido numas horas.”
 
Ao contrário da noite anterior, em que alguns manifestantes causaram distúrbios ao tentar invadir o Palácio de S. Bento – e de que resultaram 11 feridos, dos quais dez agentes da PSP, já depois do fecho de edição do i – a manifestação do MER decorreu com muito barulho mas sem incidentes. A organização do protesto de segunda-feira já se demarcou destes distúrbios.
 

Portugal: VAMOS FALAR A SÉRIO DO PRÓXIMO GOVERNO

 

Henrique Monteiro – Expresso, opinião, em Blogues
 
Este Governo está moribundo? Está. Toda a gente já sabe e não vale a pena discutir mais o assunto. O que me preocupa é o próximo. Vamos ver as hipóteses.
 
Eleições - Além de todo o processo burocrático a que estamos legalmente obrigados (diferente, porque muito mais moroso, de, por exemplo, o grego) não creio que eleições resolvessem alguma coisa. Seriam sempre decididas entre o PSD e o PS, provavelmente com vantagem para os socialistas, mas sem maiorias absolutas. A denúncia do acordo da troika não é para o PS (nem sequer para a sua ala mais esquerda, como se viu com Ana Gomes no Congresso das Alternativas) uma opção. Assim, com toda a despesa e tempo perdidos, a opção eleições obrigaria, muito provavelmente, a um bloco central o que, por si só, não melhoraria substancialmente a estabilidade governativa.
 
CDS sai do Governo , PSD minoritário - É uma opção que, a prazo, conduz a eleições. Se com o CDS amarrado ao Executivo se veem estas brechas, imagine-se com o CDS fora. Sendo que, a partir dessa altura teríamos dois partidos subscritores do acordo da troika a lutar entre si por alternativas ao Governo. O PSD sozinho estaria ainda mais desnorteado do que está e sem capacidade para atrair, ainda assim, os independentes que conseguiu levar para alguns ministérios.
 
O PS entra no Governo, maioria alargada - Seria a solução mais forte, mas ao mesmo tempo a mais perigosa. Todas as alternativas às políticas de austeridade ficariam de fora do arco da governação, entregues ao BE e ao PCP, o que poderia tornar a situação ainda mais explosiva. De qualquer modo, Seguro já disse que não quer ir para o Governo sem eleições, o que inviabiliza esta possibilidade.
 
Governo presidencial - Desastre total. Os três partidos do poder entrariam imediatamente em campanha e, mesmo que deixassem o Governo passar no Parlamento seria sempre um Executivo sem força para aprovar reformas de fundo.
 
Remodelação do Governo atual - É, claramente, a minha opção preferida. Melhor ainda se o Presidente da República conseguir um acordo entre os três partidos subscritores da troika para a reforma do Estado (extinção de autarquias, institutos, observatórios e etc.), a relação com as PPP, revisão constitucional e uma política orçamental estruturada naquilo que foi aprovado (2/3 pelo lado da despesa e 1/3 pelo lado da receita). Para isto, apenas basta que saiam do Governo alguns ministros (como Relvas) que são mais problema do que solução, entrando outros com mais peso político. Seria também necessário que o Presidente usasse a sua influência positivamente, que o primeiro-ministro soubesse governar sem impor e que o líder do PS se sentisse à vontade para entrar neste jogo, controlando a deriva demagógica de alguma esquerda do seu partido. Devido a estas exigências de responsabilidade, é provavelmente a solução mais difícil.
 
Continuar assim, conduz a uma destas soluções, mas já sem possibilidade de a escolhermos conscientemente.
 
Twitter: @HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro
 
 

Portugal: POBREZA AUMENTOU 80% EM LISBOA

 

Expresso - Lusa
 
Números relativos ao período 1993-2009 mostram que, ao contrário do sucedido na generalidade do país, na capital a pobreza aumentou muito significativamente.

A taxa de pobreza na região de Lisboa aumentou cerca de 80% em duas décadas, contrariando a tendência nacional, que entre 1993 e 2009 viu baixar o número de pobres de 22,5% para 17,9% do total da população.

Os dados são avançados no estudo "Desigualdade económica em Portugal", realizado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, que pretende fazer uma análise detalhada e rigorosa do que aconteceu à desigualdade económica em Portugal nos últimos 30 anos.
 
Faltam ainda números mais recentes que já tenham em conta o acentuar da recessão económica e das medidas de austeridade, que muito provavelmente terão invertido a tendência de diminuição da pobreza em Portugal.
 
O estudo que, não só apresenta os principais fatores de desigualdade como também os relaciona com os níveis de vida da população e da pobreza e tem também uma preocupação de comparar com o que acontece na União Europeia.
 
Lisboa a região mais rica, Madeira a mais pobre
 
"A intensidade da pobreza reduziu-se em cerca de 44% e a severidade da pobreza assume em 2009 um valor que é menos do que metade do registado em 1993", refere o estudo, que toma como referência o ano de 2009, último ano para o qual existem estatísticas oficiais sobre a desigualdade.
 
O estudo refere também que há uma "acentuada dispersão" do rendimento médio das famílias entre as diferentes regiões.
 
Em Lisboa, a "região mais rica", o rendimento médio das famílias é cerca de 37% mais elevado do que na Madeira, a "região mais pobre".
 
No entanto, entre 1989 e 2009, a taxa de pobreza na região de Lisboa subiu cerca de 80%, o que poderá ser explicado pela emergência de novas formas de pobreza, particularmente associadas às grandes concentrações urbanas e ao desemprego.
 
O estudo destaca ainda a evolução da taxa de pobreza dos idosos em Portugal, que num período de 15 anos baixou de cerca de 40% (em 1993) para 21% (2009), o que não aconteceu com a pobreza infantil, que "permanece bastante elevada".
 
Resultado de políticas sociais
 
O coordenador do estudo disse à Lusa que foram registados "progressos muito significativos ao nível da redução da taxa de pobreza", mas realçou que o "mais importante" foi a forte diminuição da intensidade da pobreza.
 
"A distância que separa os nossos pobres da linha de pobreza diminuiu", disse Carlos Farinha Rodrigues, observando que a "situação de Lisboa contraria um pouco esta tendência geral".
 
Como explicação para a diminuição da pobreza, o economista apontou as políticas sociais. Contudo, adiantou, "é preciso perceber que as políticas sociais não são vocacionadas para reduzir as desigualdades", mas para reduzir a pobreza e a exclusão social, sendo o seu efeito "relativamente pequeno em termos de desigualdades. Foi isso que se registou".
 
Fragilização recente das políticas sociais
 
O economista salientou que, desde 2010, tem vindo a assistir-se, "como tentativa de resposta à crise e ao défice das contas públicas, a uma fragilização crescente das políticas sociais", que "inevitavelmente" vai ter consequências em termos "do agravamento da desigualdade e nas várias dimensões da pobreza".
 
"Este estudo acaba em 2009, mas se calhar acaba também no fim de um ciclo de redução, pequeno mas efetivo, das desigualdades e das várias dimensões da pobreza".
 
"Todos os sinais que temos apontam para que a probabilidade de haver uma inversão deste ciclo seja muito grande", disse Farinha Rodrigues, acrescentando que há um conjunto de indicadores que apontam para o eventual agravamento das desigualdades e da pobreza.
 
Por um lado, o "refluxo das políticas sociais", que excluem muitas pessoas do acesso às políticas sociais e diminuem os seus montantes, e, por outro, o aumento do desemprego, que acelerou fortemente a partir de 2010 e que também tem um papel efetivo no aumento da desigualdade e da pobreza, explicou.
 
O estudo vai ser discutido na quinta-feira no Conselho Económico e Social (CES).
 

Guiné-Bissau: GOVERNO DE TRANSIÇÃO CADA VEZ MAIS ISOLADO

 

Voz da América
 
O governo de transição continua a tentar sem sucesso participar na cimeira da francofonia
 
O governo de transição da Guiné-Bissau continua a tentar sem sucesso participar na cimeira da francofonia, no fim-de-semana, na República Democrática do Congo. De facto não obteve até agora qualquer resposta daquela organização.

Uma fonte governamental guineense deu a entender à VOA que que a Guiné-Bissau não estará presente na cimeira de Kinshasa. Recordamos que o país foi suspenso da organização dos países francófonos desde o golpe de estado de 12 de Abril passado.

O governo guineense pretendia que o presidente de transição, Serifo Nhamadjo, pudesse estar presente na cimeira que decorre, sábado e domingo em Kinshasa.

A Guiné-Bissau tem um governo e um presidente de transição saídos de um golpe de estado levado a cabo por militares em Abril, mas as novas autoridades não têm praticamente o reconhecimento internacional, salvo de algumas organizações sub-regionais africanas.

Recentemente o governo da Guiné-Bissau sofreu uma outra importante derrota diplomática quando a ONU se recusou a dar a palavra ao presidente de transição, Serifo Nhamadjo, na Assembleia Geral daquela organização em Nova Iorque.

Com efeito o orador representando a Guiné-Bissau à sessão da Assembleia Geral foi o presidente deposto, Raimundo Pereira, deitando por terra as aspirações do governo saído do golpe de ser reconhecido internacionalmente.

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CPLP triunfou assim nas suas iniciativas diplomáticas para isolar os golpistas e impedir Nhamadjo de falar naquela reunião na qual participaram centenas de chefes de estado e de governo.
 

MOÇAMBIQUE ENTRE OS SEIS PIORES NA ÁFRICA AUSTRAL

 

O País (mz)
 
Índice de Boa Governação-2012
 
Na categoria de Segurança e Estado de direito, por exemplo, o país está na 17ª posição, tendo descido dos 63 para 53 pontos. No desenvolvimento humano, está no 35º lugar; assistência social, na posição 46. Esta fundação decidiu ainda em não atribuir o Prémio Mo Ibrahim para a Excelência na Liderança africana.
 
Moçambique está entre os seis piores países no índice de boa governação na África Austral, segundo o ranking divulgado ontem pela Fundação Mo Ibrahim.
 
O índice de Boa Governação da Fundação Mo Ibrahim avalia nos 52 países do continente africano o desempenho do respectivo executivo nas áreas de segurança e estado de direito, participação e direitos humanos, desenvolvimento económico equilibrado, grau de implementação de políticas e programas de desenvolvimento, para além da inclusão da sociedade no processo.
 
Na categoria segurança e estado de direito, por exemplo, o país está na 17ª posição, tendo descido dos 63 pontos para 53. Na participação e direitos humanos, em 25º lugar. No quadro do ambiente comercial, está na 28ª posição; desenvolvimento humano, no 35º lugar; assistência social, na posição 46; e em 39º lugar no acesso à educação.
 
Com a conjugação destes pontos, a fundação diz que Moçambique registou, a nível global, melhorias e está agora na 21ª no ranking global do Índice, mas a pontuação abaixo da média na região, torna-o um dos seis piores ao nível dos países da África Austral.
 
A lista dos 10 melhores países em boa governação conta com sete países da África Austral, e é liderada pelas Ilhas Maurícias, seguidas por Cabo Verde, Botswana, Ilhas Seychelles, África do Sul, Namíbia, Gana, Tunísia, Lesotho e Tanzania, que formam o top 10. Ao nível da região, Moçambique só está melhor posicionado que Angola, Madagáscar, Zimbabwe, Swazilândia e República Democrática de Congo.
 
Leia mais na edição impressa do «Jornal O País»
 

Família acusa: Mulher morreu em hospital de Luanda por falta de eletricidade

 


Coque Mukuta – Voz da América – foto Reuters
 
Assim como nos hospitais falta luz, nas escolas e nos bairros da cidade de Luanda clamam os moradores dos bairros Rangel, Capanga e Sambizanga. Som de geradores é o mais ouvido normalmente nas noites da capital luandense a mais de 30 dias.

Falta de luz em Luanda já levou à morte paciente duma das unidades hospitalar da capital angolana.

Dinesa Lourenço Pedro, de 36 anos de idade, perdeu a vida no passado dia 4 de Outubro no Bloco Operatório da Maternidade Lucrécia Paim por alegada falta de luz elétrica naquele hospital “disseram-nos de que estava morta durante a cesariana e que foi uma cesariana de gémeos” afirmou uma das familiares que não quis se identificar.

Segundo os parentes a equipa médica não soube explicar as verdadeiras causas que levou a vida da sua familiar “não souberam mais ou menos dizer a causa. Por que eles disseram que lutaram, lutaram mas não conseguiram estancar a hemorragia. Nós soubemos que não foi a hemorragia, nós soubemos que foi a falha de energia porque ai quando está escuro está escuro mesmo, eles abandonaram a minha irmã conseguiram tirar o bebe e que lhe levou a morte!” .Lamentou uma das irmãs da malograda.

“Um hospital destes não consegue colocar um gerador automático para trabalhar quando a luz vai?” questionou outra familiar.

A Voz da América tentou sem sucesso, solicitar a Directora Provincial da Saúde de Luanda, Isabel Massocolo.

Assim como nos hospitais falta luz, nas escolas e nos bairros da cidade de Luanda como clamam os moradores dos bairros Rangel, Cazenga e Sambizanga por falta de Luz “aqui não há luz” disse uma das moradoras.

Outra disse também que mesmo na falta de luz a EDEL faz as cobranças: “Aqui não há luz ainda assim a EDEL sempre a cobrar” denunciou outra moradora.

O responsável da Empresa Nacional de Eletricidade de Angola, José Carlos Neves disse tudo estarem a fazer para minimizar a falta de luz elétrica: “a Subestação dos Quarteis tem uma capacidade de 30 mega watts” avançou Carlos Neves.

“Também aqui na zona do quilómetro 9 está em construção uma central de 40 mega watts – Viana do quilómetro 9 vai estar resolvido a questão do fornecimento da energia elétrica” disse o gestor.

“Os projectos, maior parte deles estão na fase final da construção e vão entrar faseadamente entre Outubro à Dezembro deste ano, os prazos estão a ser cumpridos” disse o responsável da Empresa Nacional de Eletricidade de Angola.

Cabo Verde: OPORTUNISMO POLÍTICO

 


João Silvestre Alvarenga – Liberal (cv), opinião, em Colunistas
 
O “homem mais feliz” do país perdeu as estribeiras do bom senso e resolveu gozar e rir da paciência do povo que ainda o tem como PM.
 
Dificilmente, creio que alguém ficaria triste pelo facto do seu país ser classificado para uma competição internacional, mormente, se esta for pela primeira vez!
 
Todavia, a utilização abusiva por um PM de um sucesso desportivo específico e isolado como se isso fosse a descoberta da “8ª maravilha do mundo” e que tal episódio deveria ser motivo para uma espécie de efervescência nacionalista carece de algumas considerações pelo exagerado oportunismo político que tal estratégia encobre.
 
O bom desempenho em qualquer área deve ser considerado como algo desejável, normal e encorajado, da mesma forma que o desempenho deficiente deveria ser repudiado, rejeitado e expurgado com a mesma veemência, intensidade e frequência da sua ocorrência, especialmente, pelo PM.
 
Porém, para o PM, a gravidade da intensidade do desemprego que deve rondar este ano os 15% não merece repúdio nem correcção; a pobreza que castiga cerca de 25% da população do país não merece nenhuma atenção nem preocupação do PM; a violência e a criminalidade que já tomaram conta do país são apenas problemas psicológicos da oposição; os apagões que passaram a ser regra e motivo de indignação dos empresários, famílias e das pessoas em geral é algo normal e não carece de repúdio; o desespero a que os jovens estão votados para a felicidade da nepotista mais feliz do país e do “homem mais feliz” do país não importa; a desqualificação do ensino superior rankeada nas últimas posições no mundo não é motivo de espanto para o PM tomar qualquer providência em sentido contrário; o estrangulamento da economia, a paralisia da Administração Pública, o sufoco das contas públicas, a insustentabilidade das dívidas públicas não constituem preocupações para o PM, “homem mais feliz” do país!
 
Naturalmente que o PM é o “homem mais feliz” do país por que ele mente para ganhar as eleições e o povo lhe absolve; sofre seguidas derrotas eleitorais e os seus “camaradas” e o povo os suportam; perde toda a legitimidade política e eleitoral mas o povo ainda continua a pagar todas as suas mordomias e as dos seus comparsas; apresenta os priores indicadores de desempenho político e administrativo de todos os tempos, porém, a própria oposição contemporiza com os desmandos de um PM decadente, realmente, o sortudo tem todos os motivos para ser o “homem mais feliz” não só do país mas até do mundo!
 
Para completar a sua felicidade, o PM com um país caminhando para a bancarrota, com manifestações de trabalhadores e greves agendadas, imprensa oficial quase em colapso e recebe uma única notícia positiva num mar de desgostos não seria para menos!!!
 

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