domingo, 5 de maio de 2013

Portugal: PAULO PORTAS FALOU AO PAÍS – DECLARAÇÃO AO MINUTO




Liliana Coelho - Expresso

Paulo Portas disse concordar com a maior parte das medidas anunciadas por Passos Coelho, mas sublinha que a "TSU dos pensionistas é a fronteira que não pode deixar passar."

19h41 -  "A concórdia dentro do Governo foi apresentar medidas que tenham um conjunto superior ao exigido, para deixar uma margem de manobra, que na minha visão deve proteger os pensionistas", declara Portas.


19h40 - "Uma coligação não é uma fusão", afirma perentório. 

19h39 - "O esforço que eu farei é para que essas coisas sejam possíveis", afirma Paulo Portas, sublinhando que se trata de uma questão de "consciência." 

19h37 - O líder do CDS defende que é prioritário melhorar o diálogo com os parceiros sociais e o PS.

19h35 - O Governo comprometeu-se a procurar alternativas à  "TSU dos pensionistas", garante Portas, defendendo que isso passa por reduzir a despesa corrente.

"É preciso ter cuidado com as medidas que possam ser inconstitucionais", alerta.

19h32 -  Portas diz que a "TSU dos pensionistas" é a fronteira que não pode deixar passar", sublinhando as dificuldades que muitos reformados já atravessam.

"Não queremos uma espécie de cisma grisalho"

19h31 - O CDS concorda com a convergência das pensões da CGA com as da Segurança Social. 

19h30 - O líder do CDS diz não concordar com o aumento da idade de reforma.

19h29 - Paulo Portas considera controverso o processo de rescisões por mútuo acordo na Função Pública.

19h27 - "É muito difícil vencer esta última etapa do programa de ajustamento."

19h25  - O líder do CDS lembra que Portugal precisa de cortar 4 mil milhões de euros de despesa em dois anos e que as medidas previstas para 2014 e 2015 são mais complexas.

19h23 - Paulo Portas diz que deu aprovação a medidas como o aumento do horário de 40 horas semanais para a função pública.  

19h22 - O CDS propôs o aumento transitório da comparticipação para a ADSE.  

19h21 - O líder do CDS diz que o partido tentou encontrar soluções sem agravar a carga fiscal, diminuindo o rendimento dos trabalhadores e dos pensionistas. Segundo Portas, o CDS defendeu sempre a redução da despesa em vez de impostos.

19h20 - Paulo Portas sublinha que a situação de crise não se restringe a Portugal. "Não estamos sós no nosso problema. E não somos de todo o país mais problemático da Europa", garante. 

19h19 - Portas admite que é difícil cumprir o limite exigido pela troika de 4% de défice em 2014, pelo que o Governo pediu para ser aliviada a meta.

19h17 - "O Governo de Portugal defendeu um objetivo mais realista, sendo fundamental um trabalho mais persistente junto da troika, para ter um resultado mais rápido e efetivo sobre as suas equipas".

19h16 - "É necessário reconhecer que o programa de resgate não pode ser imune a dificuldades suplementares".

19h15 - Portas garante que é do interesse nacional não pedir um novo resgate financeiro.

19h14 -  "Não vejo vantagem em prolongar a permanência desses senhores [troika] entre nós", diz Portas. Portugal precisa que a troika saia no calendário previsto, acrescenta.

19h13 -  "O meu principal objetivo é contribuir para que a circunstância vexatória do protetorado seja uma situação apenas transitória," afirma o líder do CDS-PP.

Portas classifica de "famigerada" a sétima avalaição da troika.

19h12 - O ministro dos Negócios Estrangeiros sublinha a necessidade de se aliar a  racionalidade económica à sensibilidade social. 

19h10 - "Tenho administrado com alguma parcimónia o uso da palavra pública", diz Paulo Portas, sublinhando que hoje está a cumprir o dever de prestação de contas aos portugueses relativo às medidas orçamentais de 2013 e a algumas de médio prazo. 

19h09 - Paulo Portas prepara-se para falar na sede do CDS, com um discurso escrito.

19h03 - Segundo a SIC Notícias, a intervenção do líder do CDS está ligeiramente atrasada e deve durar 30 minutos.

19h01- Paulo Portas ainda não começou a falar ao país. Intervenção deve arrancar dentro de momentos.

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BRASIL RISCA PORTUGAL COMO DESTINO PARA ESTUDANTES




CLARA VIANA - Público

Bolsas para Portugal concedidas ao abrigo do programa Ciência Sem Fronteiras foram canceladas em Abril

Cerca de sete mil estudantes brasileiros que tinham escolhido Portugal para fazer parte dos seus estudos superiores foram já reafectados a outros países depois de o Governo brasileiro ter anunciado, no dia 24 de Abril, o cancelamento das bolsas para Portugal concedidas no âmbito do programa Ciências Sem Fronteiras.

Os resultados para a atribuição de bolsas para este semestre foram divulgados dias depois e as oito listas com os nomes dos estudantes que deveriam chegar a Portugal em Junho aparecerem já com a indicação do país para onde seguirão em alternativa. O ministro brasileiro da Educação, Aloizio Mercadante, justificou o cancelamento das bolsas para Portugal com a necessidade de os estudantes brasileiros aprenderem outro idioma. "Os estudantes têm que enfrentar o desafio da segunda língua. Por isso todos foram convidados a migrar para outros países", disse.

Portugal tem sido o principal destino dos estudantes brasileiros com bolsas do programa Ciência sem Fronteiras. No final de 2012, do total de 12.193 alunos incluídos no programa, praticamente 20% optou por fazer um semestre em Portugal. Em Abril, ao abrigo do mesmo programa, foram aprovadas bolsas para mais 12.282 estudantes, entre os quais figuram os cerca de sete mil (contagem do PÚBLICO com base nas listagens publicadas no site do programa) que inicialmente tinham escolhido Portugal.

Em resposta a questões do PÚBLICO, o gabinete de comunicação do Ministério da Educação e Ciência garantiu que "o Governo português está em contacto com o Governo brasileiro sobre o futuro do Ciências Sem Fronteiras e de outros programas". Em Março, quando visitou Portugal, Mercadante garantiu, em conferência de imprensa, que o Brasil continuava interessado nas universidades portugueses. Também em Março o ministro da Educação português, Nuno Crato, visitou o Brasil, acompanhado por responsáveis de muitas das universidades e politécnicos portugueses, tendo sido celebrados vários acordos de cooperação. Em 2012 o Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos Portugueses celebrou um acordo com o Governo brasileiro que previa que, em três anos, viessem estudar nestas escolas 4500 estudantes com bolsas precisamente do Ciências Sem Fronteiras. Segundo o MEC, neste momento há sete mil estudantes brasileiros no ensino superior português , dos quais menos de três mil estão ao abrigo daquele programa, lançado pela Presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

Brasil: Lula, após uma década, explica o porquê do silêncio sobre o ‘mensalão’




Correio do Brasil, Rio de Janeiro

Trechos de uma longa entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao sociólogo Emir Sader, transformada em livro a ser lançado ainda este mês, vazaram neste sábado para a mídia alternativa e revelam o porquê de o líder mais influente do Partido dos Trabalhadores manter silêncio sobre o escândalo do ‘mensalão’, quebrado apenas no diálogo com o intelectual carioca. Tratou-se de uma estratégia para seguir adiante, apesar do pesado ataque da mídia conservadora, ao longo da última década.

– Tentaram usar o episódio do mensalão para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo. Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou”. Passaram-se seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque não criou lideranças, não promoveu lideranças. Isso deve aumentar a bronca que eles têm da gente – que, aliás, não é recíproca – ressalta.

Na entrevista, reproduzida no livro Governos Pós-Liberais no Brasil: Lula e Dilma, a ser lançado no próximo dia 18, o ex-presidente também reafirma a necessidade de uma constituinte, para levar a cabo a reforma política essencial para a consolidação da democracia no país. Segundo afirmou a Emir Sader, “a eleição está ficando uma coisa muito complicada pro Brasil”.

– Eu tentei, quando presidente, falar de uma Constituinte exclusiva, que é o caminho: eleger pessoas que só vão fazer a reforma política, que vão lá (para o Congresso), mudam o jogo e depois vão embora. E daí se convocam eleições para o Congresso. O que não dá é pra continuar assim. Às vezes tenho a impressão que partido político é um negócio, quando, na verdade, deveria ser um item extremamente importante para a sociedade – afirmou.

Leia agora os principais trechos da entrevista

– Qual o balanço que o senhor faz dos anos de governo do PT e aliados?

– Esses anos, se não foram os melhores, fazem parte do melhor período que este país viveu em muitos e muitos anos. Se formos analisar as carências que ainda existem, as necessidades vitais de um povo na maioria das vezes esquecido pelos governantes, vamos perceber que ainda falta muito a fazer para garantir a esse povo a total conquista da cidadania. Mas, se analisarmos o que foi feito, vamos perceber que outros países não conseguiram, em trinta anos, fazer o que nos conseguimos fazer em dez anos. Quebramos tabus e conceitos preestabelecidos por alguns economistas, por alguns sociólogos, por alguns historiadores. Algumas verdades foram por água abaixo. Primeiro, provamos que era plenamente possível crescer distribuindo renda, que não era preciso esperar crescer para distribuir. Segundo, provamos que era possível aumentar salário sem inflação. Nos últimos 10 anos, os trabalhadores organizados tiveram aumento real: o salário mínimo aumentou quase 74% e a inflação esteve controlada. Terceiro, durante essa década aumentamos o nosso comercio exterior e o nosso mercado interno sem que isso resultasse em conflito. Diziam antes que não era possível crescer concomitantemente mercado externo e mercado interno. Esses foram alguns tabus que nós quebramos. E, ao mesmo tempo, fizemos uma coisa que eu considero extremamente importante: provamos que pouco dinheiro na mão de muitos é distribuição de renda e que muito dinheiro na mão de poucos é concentração de renda.

– Quando começou o governo, o senhor devia ter uma ideia do que ele seria. O que mudou daquela ideia inicial, o que se realizou e o que não se realizou, e por quê?

– Tínhamos um programa e parecia que ele não estava andando. Eu lembro que o ministro Luiz Furlan, cada vez que tinha audiência, dizia: ‘Já estamos no governo há tantos dias, faltam só tantos dias para acabar e nós precisamos definir o que nós queremos que tenha acontecido no final do mandato. Qual é a fotografia que nós queremos’. E eu falava: ‘Furlan, a fotografia está sendo tirada’. Não é possível ficar com pressa de obter resultados. Nós temos que provar, no final de um mandato, se nós fomos capazes de fazer aquilo que nos propusemos a fazer. Se a gente for trabalhar em função das manchetes dos jornais, a gente parece que faz tudo e termina não fazendo nada.

Então é o seguinte: eu plantei um pé de jabuticaba. Se esse pé nascer saudável, vai ter sempre alguém dizendo: ‘Mas, Lula, não está dando jabuticaba, está demorando’. Se for cortar o pé e plantar outra coisa, eu nunca vou ter jabuticaba. Então, eu tenho que acreditar que, se eu adubar corretamente, aquele pé vai dar jabuticaba de qualidade. E eu citava esses exemplos no governo… Soja tem que esperar 120 dias, o feijão tem que esperar 90 dias. Não adianta ficar repisando, ‘faz uma semana que eu plantei e não nasceu’. Tem que ter paciência. Eu acho que eu fui o presidente que mais pronunciei a palavra ‘paciência’, ‘paciência’… Senão você fica louco.

Tem gente na política que levanta de manhã, lê o jornal e quer dar resposta ao jornal. E daí não faz outra coisa. Eu não fui eleito para ficar o tempo todo dando resposta a jornal. Eu fui eleito para governar um país. E isso me deu tranquilidade suficiente para ver que o programa de governo ia ser cumprido.

– Quando o senhor perdeu a paciência?

– Obviamente que nós tivemos problemas no começo. Você acha que é simples um metalúrgico sentar naquela cadeira na qual sentaram tantas outras personalidades, que via pela televisão, que achava que era mais importante do que eu… E o mesmo em relação a dormir no quarto em que dormiu tanta gente importante ou que, pelo menos a voz da opinião publica, são importantes. E eu ficava pensando: ‘Será que é verdade que eu estou aqui?’.

No começo tinha muita ansiedade. “Será que nós vamos dar conta de fazer isso? Será que vai ser possível?”, eu me perguntava. Eu acho que nós fizemos. Com erro e com muita tensão, mas fizemos.

Tivemos tropeços, é lógico. Muitos tropeços. O ano de 2005 foi muito complicado. Quando saiu a denúncia (do ‘mensalão’), foi uma situação muito delicada. Se não tivéssemos cuidado, não iríamos discutir mais nada do futuro, só aquilo que a imprensa queria que a gente discutisse. Um dia, eu cheguei em casa e disse: ‘Marisa, a partir de hoje, se a gente quiser governar este país, a gente não vai ver televisão, a gente não vai ver revista, a gente não vai ler jornal’. Eu passei a ter meia hora de conversa por dia com a assessoria de imprensa, para ver qual era o noticiário, mas eu não aceitava levantar de manhã, ligar a televisão e já ficar contaminado. Então eu acho que isso foi um dado muito importante.

Eu tinha uma equipe e criamos uma sala de situação, da qual participavam Dilma, Ciro (Gomes), Gilberto (Carvalho) e Márcio (Thomaz Bastos). E era muito engraçado: eu chegava ao Palácio e eles estavam todos nervosos. E eu estava tranquilo e falava: ‘Vocês estão vendo? Vocês leem jornal… Vocês estão nervosos por quê?’.

Vocês nasceram radicais…

– O PT era muito rígido, e foi essa rigidez que lhe permitiu chegar aonde chegou. Só que, quando um partido cresce muito, entra gente de todas as espécies. Ou seja, quando você define que vai criar um partido democrático e de massa, pode entrar no partido um cordeiro e pode entrar uma onça, mas o partido chega ao poder.

Então, a nossa chegada ao poder foi vista por eles não como uma alternância de poder benéfica à democracia, não como uma coisa normal: houve uma disputa, ganhou quem ganhou, leva quem ganhou, governa quem ganhou e fim de papo. Não é isso? Eles não viram assim. Quer dizer, eu era um indesejado que cheguei lá. Sabe aquele cara que é convidado para uma festa, e o anfitrião nem tinha convidado direito. Fala assim: ‘Se você quiser, passa lá’. E você passa e o cara fala: ‘Esse cara acreditou?’. Então, nós passamos na festa, e o que é mais grave, acertamos.

E depois, tentaram usar o episódio do ‘mensalão’ para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo. Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou”. Passaram-se seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque não criou lideranças, não promoveu lideranças. Isso deve aumentar a bronca que eles têm da gente – que, aliás, não é recíproca.

– O senhor não tem raiva da oposição?

– Eu não tenho raiva deles e não guardo mágoas. O que eu guardo é o seguinte: eles nunca ganharam tanto dinheiro na vida como ganharam no meu governo. Nem as emissoras de televisão, que estavam quase todas quebradas; os jornais, quase todos quebrados quando assumi o governo. As empresas e os bancos também nunca ganharam tanto, mas os trabalhadores também ganharam. Agora, obviamente que eu tenho clareza que o trabalhador só pode ganhar se a empresa for bem. Eu não conheço, na história da humanidade, um momento em que a empresa vai mal e que os trabalhadores conseguem conquistar alguma coisa a não ser o desemprego.

– O Brasil mudou nesses dez anos. E o senhor, também mudou?

– Uma das coisas boas da velhice é você tirar proveito do que a vida te ensina, em vez de ficar lamentando que está velho. A vida me ensinou muito. Criar um partido nas condições que nos criamos foi muito difícil. Agora que o partido é grande, tudo fica fácil, mas eu viajava esse país para fazer assembleia com três pessoas, com quatro pessoas, com cinco pessoas. Saia daqui de São Paulo para o Acre pra fazer reunião com dez pessoas, para convencer o Chico Mendes a entrar no PT, para convencer o João Maia – aquele que recebeu dinheiro para votar na eleição do Fernando Henrique Cardoso e era advogado da Contag – para entrar no PT. Era muito difícil fazer caravana, viajar ao Nordeste, pegar ônibus, ficar uma semana andando, fazendo comício ao meio-dia, com um sol desgraçado, explicando o que era o PT para que as pessoas quisessem se filiar.

– Por quê?

– A eleição está ficando uma coisa muito complicada pro Brasil. No mundo inteiro. No Brasil, se o PT não reagir a isso, poucos partidos estarão dispostos a reagir. Então o PT precisa reagir e tentar colocar em discussão a reforma política. Eu tentei, quando presidente, falar de uma Constituinte exclusiva, que é o caminho: eleger pessoas que só vão fazer a reforma política, que vão lá (para o Congresso), mudam o jogo e depois vão embora. E daí se convocam eleições para o Congresso. O que não dá é pra continuar assim.

Às vezes tenho a impressão que partido político é um negócio, quando, na verdade, deveria ser um item extremamente importante para a sociedade. A sociedade tem que acreditar no partido, tem que participar dos partidos.

– O PT não mudou necessariamente para melhor?

– O PT mudou porque aprendeu a convivência democrática da diversidade; mas, em muitos momentos, o PT cometeu os mesmos desvios que criticava como coisas totalmente equivocadas nos outros partidos políticos. E esse é o jogo eleitoral que está colocado: se o político não tiver dinheiro, não pode ser candidato, não tem como se eleger. Se não tiver dinheiro para pagar a televisão, ele não faz uma campanha.

Enquanto você é pequeno, ninguém questiona isso. Você começa a ser questionado quando vira alternativa de poder. Então, o PT precisa saber disso. O PT, quanto mais forte ele for, mais sério ele tem que ser. Eu não quero ter nenhum preconceito contra ninguém, mas eu acho que o PT precisa voltar a acreditar em valores que a gente acreditava e que foram banalizados por conta da disputa eleitoral. É o tipo de legado que a gente tem que deixar para nossos filhos, nossos netos. E provar que é possível fazer política com seriedade. Você pode fazer o jogo político, pode fazer aliança política, pode fazer coalizão política, mas não precisa estabelecer uma relação promíscua para fazer política. O PT precisa voltar urgentemente a ter isso como uma tarefa dele e como exercício pratico da democracia. Não tem de voltar a ser sectário como era no começo.

Eu lembro que companheiros meus perderam seu emprego numa metalúrgica, montaram um bar, mas quiseram entrar no sindicato e não puderam. “Você não pode entrar porque é patrão”, diziam. O coitado do cara tinha só um bar! A coitada da minha sogra, a mãe do marido da Marisa, a mãe do primeiro marido da Marisa (eu sou o único cara que tive três sogras na vida e uma que não era minha sogra; era sogra da minha mulher, por conta do ex-marido dela, que eu adotei como sogra), a coitada tinha um fusquinha 1966 que era herança do marido. E ela ganhava acho que R$ 600 – naquele tempo era como se fosse um salário mínimo de hoje – de aposentadoria, mas gostava de andar bem-vestida. Ela chegava a reunião do PT e o pessoal falava: ‘Já veio a burguesa do Lula’.

Tinha um candidato a vereador que queria dinheiro para a campanha e eu falei: “Olha, eu não vou pedir dinheiro para a campanha. Se você quiser, eu te apresento algumas pessoas”. Dai ele disse: “Não, mas eu não quero conversar com empresário”. Falei: “Então você quer que um favelado dê dinheiro para a tua campanha?”. Eu já fiz campanha de cofrinho. Eu já fiz campanha de macacão em palanque. Na campanha de 1982, a gente ia ao palanque, antes que eu falasse, fazia propaganda das camisas, dos botons, de tudo que a gente vendia. E a gente vendia na hora e arrecadava o dinheiro para pagar as despesas daquele comício”.

HIV/SIDA: TARV COBRE APENAS 22 POR CENTO DOS HOSPITAIS EM MOÇAMBIQUE




AIM

Maputo, 05 Abr (AIM) – Apenas 22 por cento das unidades sanitárias existentes em Moçambique oferecem o tratamento anti-retroviral (TARV), uma terapia considerada chave no combate ao HIV/SIDA, doença cujo índice de seroprevalência no país é estimada em 11,5 por cento. 

A informação consta do Informe do Gabinete de Prevenção e Combate ao HIV e SIDA da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, apresentado semana passada numa das sessões de trabalho daquele órgão.

De acordo com a fonte, que se baseia numa informação prestada pelo Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, o país conta actualmente com 1.414 unidades sanitárias, das quais 316 oferecem o TARV, já que possuem um técnico formado para prover este tratamento e colher amostras de sangue para análises laboratoriais, bem como um farmacêutico.

“O Ministro disse que as metas preconizadas para as províncias ainda continuam abaixo do ideal devido a factores ligados a infra-estruturas, recursos humanos capacitados, insuficiente capacidade laboratorial para diagnósticos, fraco seguimento das mulheres grávidas HIV+ na consulta pré-natal, fraco seguimento das crianças HIV positivas e falta de material de monitoria e avaliação”, indica o informe.

Por causa destas limitações, a cobertura nacional do TARV para o ano de 2012 foi de 48 por cento, tendo atingido 308,578 pessoas, das quais, 24.891 crianças e a outra parte constituída por adultos.

Para responder os desafios ligados ao HIV/SIDA, as autoridades da saúde têm em curso várias actividades, incluindo a elaboração dum plano de aceleração do TARV, que integra as áreas de prevenção e a de cuidados e tratamento.

Na componente de expansão do TARV, a meta é abranger 707 unidades sanitárias até 2015, o que irá resultar numa cobertura de 50 por cento. Com isso, o governo acredita que poderá oferecer o TARV a pelo menos 80 por cento dos pacientes elegíveis.

Outra meta tem a ver com a eliminação da transmissão vertical do vírus da SIDA de mãe para o bebé, objectivo que se acredita atingir com a cobertura de 90 de TARV na mulher grávida. Actualmente, a prevenção da transmissão vertical cobre 1.223 unidades sanitárias, com uma cobertura da rede nacional de 86 por cento.

Ainda na componente de prevenção, Moçambique privilegia a massificação da circuncisão masculina, uma actividade que só começou a ser realizada no sistema de saúde em Novembro de 2009, como fazendo parte do pacote de medidas de prevenção de HIV/SIDA.

Até Dezembro de 2012, este programa havia atingido 137.722 homens. A meta é realizar dois milhões de circuncisões até 2017, medida que se acredita vai ser alcançada dando prioridade as províncias com alta prevalência do HIV e baixa prevalência de circuncisão. 

Até agora apenas 25 unidades sanitárias oferecem os serviços de circuncisão masculina em regime permanente.

Enquanto isso, está em curso no país o ensaio da fase II da candidata vacina contra o HIV. Estes ensaios irão também acontecer na Tanzânia, com um total de 196 voluntários.

Paralelamente, o Instituto Nacional da Saúde inicia este ano a preparação para a eventual realização de ensaios da fase III em Moçambique.

O HIV/SIDA é uma das principais preocupações de Moçambique, sendo em parte responsável pelo crescente número de crianças órfãs e vulneráveis. Neste momento, das 1.8 milhões de crianças órfãs e vulneráveis existentes no país 510 mil são consequência directa do HIV/SIDA.

Deste número, pelo menos 20 mil crianças são tidas como chefes de agregados familiares cujos pais perderam a vida por causa da SIDA.

MM/mz

Moçambique: MAIORIA DOS PARCEIROS DE COOPERAÇÃO REDUZIU SUA AJUDA EM 2012



AIM

Maputo, 05 Abr (AIM) – A maioria dos 19 parceiros que canalizam apoio directo ao orçamento do Estado em Moçambique reduziu a sua contribuição em 2012, apesar do volume total da ajuda deste grupo de países e instituições multilaterais ter aumentado em 9 por cento. 

No total, estes parceiros de cooperação, conhecidos como Parceiros de Apoio Programático (PAPs) ou simplesmente G19, desembolsaram 1.264 biliões de dólares em 2012, contra os 1.156 biliões do ano anterior, representando um aumento em nove por cento.

O aumento foi graças ao incremento da ajuda desembolsada pelo Banco Mundial, Comissão Europeia, Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Dinamarca, Suíça, França, Itália e Bélgica, já que a ajuda da maioria dos outros parceiros baixou em relação ao ano anterior, de acordo com a Avaliação do governo ao desempenho dos PAPs em 2012.

Além destes parceiros internacionais, o G19 também inclui o Departamento britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID), Suécia, Canadá, Alemanha, Noruega, Irlanda, Reino dos Países Baixos, Finlândia, Portugal, Espanha e Áustria.

Fora o G19, o governo tem outros parceiros estratégicos que considera Membros Associados (MAs) que são os Estados Unidos da América e as Nações Unidas, cuja contribuição no ano em analise também reduziu comparativamente ao ano anterior. 

Com efeito, em termos absolutos, os MAs desembolsaram um total de 465 milhões de dólares no ano passado, contra 572 milhões do ano anterior, o que corresponde a uma redução de 19 por cento.

Considerando a contribuição destes dois grupos de parceiros (PAPs e os MAs), a evolução global da ajuda aumentou em 0,1 por cento, com o volume total a subir de 1.728 biliões de dólares em 2011 para 1.729 biliões, ano passado.

O governo considera que, este aumento do fluxo de ajuda ao desenvolvimento, num contexto de crise internacional, “evidencia o alto nível de confiança que os Parceiros ainda depositam no país”.

Doravante, o governo propõe aos PAPs o aumento da proporção da ajuda desembolsada através da Ajuda Programática; incrementar a proporção de recursos para os sectores produtivos; reduzir drasticamente o número de missões recebidas no país, através do incremento de missões conjuntas; e reduzir o número de Unidas Paralelas de Implementação de Projectos.

Outra proposta do governo tem a ver com o aprimoramento da previsibilidade no âmbito dos compromissos e desembolsos atempados, tanto para o apoio geral ao orçamento como para os fundos comuns.

Aliás, a questão de missões enviadas ao país e os atrasos nos desembolsos figuram das principais preocupações do governo sobre o desempenho dos PAPs.

Falando semana passada durante a reunião anual de revisão com os parceiros de cooperação, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, disse que as sistemáticas missões de avaliação estão a encarecer os custos das transacções da ajuda prestada ao governo.

Segundo o Ministro, só em 2012 estima-se que os PAPs realizaram 158 missões, contra as 137 registadas em 2011, o que representa um crescimento absoluto de 21 missões. Para Cuereneia, esse número significa uma média de três missões por semana, o que para além de encarecer os custos das transacções também desvia as atenções do governo na implementação de políticas.

O atraso nos desembolsos da ajuda é outra preocupação do governo que, na semana passada, também foi manifestada pelo Banco de Moçambique.

Falando em conferência de imprensa sobre a conjunta económica no primeiro trimestre deste ano, o porta-voz do Banco de Moçambique, Waldemar de Sousa , disse que neste período as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Moçambique baixaram devido ao atraso dos parceiros no desembolso do orçamento.

Com efeito, as RIL passaram dum saldo de 2.6 biliões de dólares herdados do ano passado para as actuais 2.2 biliões de dólares. 

Por outro lado, do total programado de 193 milhões de dólares para serem desembolsados até o mês de Março, o país havia recebido apenas cerca de 45 milhões de dólares.

Waldemar de Sousa informou que a sua instituição teve de intervir no mercado cambial, onde vendeu divisas num total de 326 milhões de dólares até ao mês de Março, que aumentou para 450 milhões de dólares até Abril último.

MM/mz

SECRETÁRIO-GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS VISITA MOÇAMBIQUE




AIM

Maputo, 04 Mai (AIM) – O Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, deverá visitar Moçambique no decurso do presente mês. 

Segundo esta publicação, esta informação foi anunciada Quinta-feira última pelo Director do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Maputo, Matthias Naab, durante uma audiência com o primeiro vice-presidente da Assembleia da República, Lucas Chomera.

O encontro entre as partes enquadra-se nos preparativos da visita de Ban Ki-moon a Moçambique.

Refira-se que esta deverá ser a primeira vez que Ban ki-moon visita o país desde que ocupou o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas em 2007, em substituição de Kofi Annan.

Em Fevereiro último, Ban Ki-moon manteve um encontro com o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, em Adis Abeba, a margem da cerimónia da assinatura do acordo sobre a paz na República Democrática do Congo e na Região dos Grandes Lagos.

Noticias/MM/mz

CPLP precisa fazer mais para defender a língua portuguesa -- Presidente da Fretilin




MSE – ZO - Lusa

Díli, 05 mai (Lusa) - O presidente da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Francisco Guterres Lu Olo, afirmou hoje, dia da Língua Portuguesa, que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa precisa de fazer mais para defender o português.

"Há ainda muito a fazer pela defesa de uma língua que é nossa, pela defesa do nosso património comum", disse o ex-presidente do parlamento timorense em comunicado divulgado à imprensa.

Francisco Guterres Lu Olo sublinhou que na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) há "ainda cidadãos que não falam português" e que a defesa da língua é essencial para "ajudar a reforçar" a "identidade e a posição" daquela organização no mundo.

"Nos países da CPLP é possível e desejável que a língua portuguesa se consolide e que coexista em harmonia com outros idiomas nacionais, que enriquecem as nossas sociedades. Defender a língua portuguesa e aquilo que nos é comum não significa desrespeitar ou ignorar aquilo que nos é próprio, de cada país", disse.

Para Francisco Guterres Lu Olo, Timor-Leste precisa também de fazer "mais e melhor pela promoção e defesa da língua", salientando que o Estado timorense deveria prestar mais atenção ao dia da Língua Portuguesa, que não foi comemorado pelas autoridades timorenses.

O Dia da Língua Portuguesa foi assinalado em Díli pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua - com a projeção do documentário "Língua - Vidas em Português", de Victor Lopes, e com uma mostra de gastronomia portuguesa.

Leia mais sobre aquela região do mundo e Timor-Leste em TIMOR LOROSAE NAÇÃO

Angola: A NOBRE MISSÃO DOS POLÍTICOS




José Ribeiro – Jornal de Angola, opinião - 5 de Maio, 2013

Para mim, a mais nobre missão que alguém pode ter numa sociedade e no mundo é ser um bom político. Ser político é um grande compromisso pessoal, é o trabalho assumido de estar sempre na linha da frente da construção de um país melhor e de uma paz sólida entre Estados.

Abraçar o ofício de promover a liberdade e a democracia e ajudar a resolver os problemas sociais que vivem as comunidades é uma tarefa difícil. Exige estudo permanente, espírito arguto, diálogo a todo o momento e muito esforço. Levar um país a prosperar economicamente, elevar bem alto o nome de um país nas várias esferas do saber e da ciência, do empreendedorismo e da diplomacia, é algo que merece a minha admiração e o meu mais profundo respeito.

A actividade política é de todas as profissões a mais digna de exercer, porque dela depende muita coisa. A estabilidade de cada família e de cada ser humano precisa de muito para ter um mínimo de qualidade de vida. E prever e traçar estratégias para isso ser possível num quadro de harmonia é responsabilidade dos políticos.

Em Angola, se nos sentimos hoje felizes por termos paz e estabilidade, muito disso se deve aos políticos que souberam, ao longo de décadas, lutar contra a injustiça, opressão e a guerra. Muito se deve aos políticos que nutrem amor pelo povo e pelo bem-estar da comunidade, porque há outros que se dizem políticos mas a obra feita que se lhes conhece é apenas de destruição e desgraça.

A minha admiração é pelos políticos que adoptam a causa da defesa dos que nunca nada tiveram e precisam de ter o mínimo para viver. O meu respeito é pela total entrega ao engrandecimento de um país. Se todos os dias os políticos fizerem nascer novas obras e concretizam novos projectos de desenvolvimento, de investigação científica e de cooperação regional, isso merece o meu aplauso. Há homens e mulheres que decidiram exercer essa nobre missão que é a política e ainda bem. É justo reconhecermos a grandeza daqueles que dão tudo de si próprios, quase religiosamente, para fazerem o possível e o impossível, sem medo de se submeterem ao escrutínio popular, porque o fazem de forma abnegada.

Mas nas condições específicas de Angola perturba-me muito que políticos da oposição contribuam para criar na sociedade uma imagem negativa dessa profissão. Na digressão opaca que o líder da UNITA faz aos Estados Unidos e à Europa, Samakuva mostra que bebeu muito da aprendizagem política da Europa – mas da péssima política. Reproduzir, num discurso já gasto, exactamente aquilo que o eurocentrismo decadente quer ouvir dizer dos africanos é pouco inteligente. A menos que se queira o retrocesso relativamente aos ganhos da paz.

O que menos se espera de um novo estilo de políticos emergentes no nosso continente é ouvir em Londres que os Idi Amin e os Mobutu estão vivos e que os dirigentes africanos são intrinsecamente violentos, corruptos e maus gestores. Daí à aplicação de sanções é o tempo de um fósforo aceso. Os interlocutores de Samakuva devem ter ficado muito satisfeitos, mas era escusado gastar dinheiro para lhes dizer o que eles já têm na cabeça.

O pior é que o líder da UNITA, com esse comportamento, não só presta um mau serviço à política, como prejudica gravemente o interesse nacional, numa linha coerente com o caminho seguido por Savimbi até ser travado. As palavras usadas por Samakuva na sua viagem ao exterior do país, que chegam às Redacções pelo serviço de “press realease” da UNITA, são assustadoras e apenas podem ser proferidas por alguém que pretende ver os investidores afastados de Angola.

O que Isaías Samakuva não pode ignorar, quando está no estrangeiro, são as suas responsabilidades políticas em Angola. Não se pode apresentar como um qualquer activista de uma qualquer organização não-governamental paga com fundos privados. O líder da UNITA viaja com dinheiro dos contribuintes e dele se exige um elevado sentido patriótico e de Estado.

A nossa sorte é que a visita de Samakuva tem pouca repercussão, porque já ninguém o ouve. Mesmo que o ouvissem, os Estados Unidos e a Europa não têm hoje moral para dar lições de boa gestão e transparência. Estão na base de uma crise económica mundial que teve origem em monumentais escândalos de corrupção. Milhares de empresas norte-americanas e europeias abriram falência e milhões de trabalhadores foram atirados para o desemprego e o desespero. E muito menos de solução de conflitos: a maneira como se abate a repressão sobre os “Indignados” nos EUA e na Europa e como estão a ser castigados o Iraque, o Afeganistão, a Síria, a Coreia do Norte, apenas para referir estes, está longe de ser de alguém que privilegia o diálogo e a via pacífica.

Samakuva precisa de, rapidamente, mudar de rumo. Aproveitar o preconceito em relação à gestão política em África que está instalado no chamado Ocidente é muito perigoso. É que, se algum dia, por hipótese, o presidente da UNITA vier a chefiar o governo de Angola, pode estar certo que, no mesmo instante, é acusado de corrupto crónico e corre o risco de ir parar ao Tribunal Penal Internacional.

Falta a Samakuva, como líder do maior partido da oposição, o sentido de Estado e de trabalhar pelo bem comum que admiro nos grandes políticos.

PAZ NO GOLFO DA GUINÉ REFORÇADA EM ANGOLA




Garrido Frangoso * - Jornal de Angola

O Conselho de Ministros da Comissão do Golfo da Guiné ratificou a Declaração de Luanda sobre a paz e segurança na região que promove a cooperação e a não agressão entre Estados, a defesa comum e coexistência pacífica.

O comunicado final da sétima sessão refere que Camarões, Gabão e Guiné Equatorial anunciam a suas posições sobre o documento antes da realização da próxima cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, que se realiza em Junho, na Guiné Equatorial. 

O ministro angolano da Defesa, que discursou no encerramento da reunião, em representação do titular da pasta das Relações Exteriores, Georges Chicoti, disse que os Chefes de Estado e de Governo “projectam a região como uma zona de paz e segurança, livre de obstáculos que coloquem entraves à cooperação entre os países-membros”.

Cândido Van-Dúnem declarou que os Chefes de Estado da região conceberam a Comissão do Golfo da Guiné como um quadro permanente de concertação e acção colectiva para garantir a estabilidade como condição básica para o desenvolvimento económico e progresso social dos povos.

O ministro da Defesa Nacional felicitou o desempenho dos delegados à reunião pelas “importantes contribuições” e qualidade dos debates e recomendações dos peritos que facilitaram a sessão do Conselho de Ministros. 

“Quero agradecer a disponibilidade manifestada pelos Estados-membros, traduzida na vinda a Luanda de tão importantes delegados, e o trabalho dos peritos que trouxeram à nossa atenção caminhos para a solução de alguns dos principais problemas que enfrenta a nossa região”, disse o ministro Cândido Van-Dúnem.

A maioria dos ministros homologou o relatório da reunião de peritos militares, que decorreu em Março, que inclui o documento sobre as linhas mestras da estratégia da Comissão do Golfo da Guiné para a gestão da paz e segurança na região.

Plano de acção

O Conselho de Ministros da Comissão do Golfo da Guiné aprovou também o Plano de Acção, bem como o orçamento da organização para este ano, e tomou conhecimento da materialização por Angola do compromisso de disponibilizar no prazo de um ano uma sede para a organização.

Os ministros foram igualmente informados da intenção de ratificação pela Assembleia Nacional de Angola do Acordo de Sede entre Angola e a Comissão do Golfo da Guiné, antes da próxima cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comissão do Golfo da Guiné.

As delegações aprovaram as linhas mestras da estratégia da Comissão do Golfo da Guiné para a gestão da paz e segurança. A Comissão do Golfo da Guiné, criada em Novembro de 1999, é constituída por Angola, Congo Democrático, República do Congo, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Gabão, Camarões e Guiné Equatorial. 

A comissão é um espaço geopolítico de concertação baseado na cooperação para o desenvolvimento, prevenção, gestão e resolução de conflitos causados pela delimitação das fronteiras, exploração económica e comercial das riquezas naturais localizadas nos limites territoriais. Angola foi escolhida pelos membros como sede da organização que tem como secretário executivo o são-tomense Miguel Trovoada.

*Com Angop

Cabo Verde - Caso de desvio na Ribeira Brava: Processo-crime contra deputados MpD




A Semana (cv)

O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava (CMRB) de São Nicolau intentou já uma queixa-crime contra os deputados Nelson Brito e Aguinaldo Cabral. É a primeira reacção conhecida do edil da Ribeira Brava às “acusações graves” proferidas por esses eleitos do MpD que, em sessões da AN e da Assembleia Municipal, chamaram Américo Nascimento de “ladrão”, quando denunciavam uma rede de desvios de fundos públicos dentro da autarquia. Este imbróglio segue-se ao “rombo” nos cofres da CMRB descoberto em Setembro passado. Cerca de 10 mil contos voaram e a principal suspeita é a contabilista Crisolita Livramento, que aguarda o julgamento em liberdade. Instado a comentar a queixa agora intentada na justiça contra a sua pessoa, o deputado da nação Nelson Brito considera normal a atitude do Meca, mas vai avisando que “o crime verdadeiro é o desvio do montante em apreço” e não a denúncia de que o edil local e os principais suspeitos são, directa ou indirectamente, responsáveis por tal desfalque.

O caso de desvio de cerca de 10 mil contos, despoletado em Setembro de 2012, no Município da Ribeira Brava, conhece novos desenvolvimentos com o edil Américo Nascimento a dar entrada, na quinta-feira da semana passada junto da Procuradoria Regional da República, de duas queixas-crime: uma contra o deputado nacional, eleito nas listas do MpD por São Nicolau, Nelson Brito e outra contra o eleito municipal, também da bancada do MpD, Aguinaldo Cabral.

Nascimento quer com essas acções judiciais repor a sua dignidade, o seu direito ao bom nome e à imagem pública que, segundo ele, ficaram denegridas com as acusações graves proferidas por esses seus adversários políticos, em sessões da Assembleia Nacional e Municipal.

"Esses deputados chamaram o presidente da Câmara da Ribeira Brava de ladrão, ao mesmo tempo que afirmaram que esta autarquia dispõe de uma rede que promove o desvio de fundos públicos municipais. Espero que, sobretudo o deputado da nação Nelson Brito abdique da sua imunidade parlamentar para assumir e esclarecer, no tribunal, as acusações que fez contra a Câmara e o seu presidente", desafia o edil ribeira-bravense.

Américo Nascimento fundamenta que tudo não passa de uma manobra de diversão montada pelo MpD, com o propósito fundamental de provocar o seu desgaste e, consequentemente, o seu linchamento político e público.

É que, como Meca faz questão de lembrar, a responsável do desfalque é a contabilista Crisolita Livramento. Foi em Setembro de 2012 que o rombo foi objecto de denúncia por parte do tesoureiro Lucelino Lima. E Crisolita foi, após processo disciplinar, suspensa do trabalho e remetida ao Ministério Público para o apuramento das suas responsabilidades criminais.

Culpados e justiça

Diante de tudo isto, Américo Nascimento corrobora a ideia de que há que assacar as responsabilidades, principalmente junto da autora de tal crime. "Cabe, portanto, ao Tribunal exigir a responsabilidade criminal à autora desse desvio, cujo montante está ainda por ser quantificado. Isto porque Crisolita Livramento vinha trabalhando na Câmara desde antes da entrada em funções – em 2004 – do ex-presidente Amílcar Spencer Lopes, cujo consulado suportado pelo MpD terminou em 2008. Um período que deve ser também investigado", propõe Américo Nascimento, lembrando que, por causa disso, a autarquia foi objecto de uma auditoria por parte do Tribunal de Contas.

Porque Cabo Verde é um estado de direito democrático, Nelson Brito acolhe com normalidade a notícia sobre as queixas que o presidente da Câmara da Ribeira Brava apresentou junto do Tribunal da Comarca de S. Nicolau. Mas, faz questão de lembrar, "o verdadeiro crime é o desvio de milhares de contos dos cofres do Município, que lesam os interesses da população. E não a denúncia feita pelos deputados do MpD para responsabilizar, directa ou indirectamente, o presidente da CM pelo sucedido”.

O parlamentar ventoinha faz questão de realçar que levou o caso à Assembleia Nacional, dirigindo-se à Ministra das Finanças, Cristina Duarte, para mandar realizar uma inspecção ou auditoria à CM da Ribeira Brava. Tudo com o propósito de se apurar os principais culpados pelo desfalque em apreço.

"Foi nessa linha que falei na Assembleia Nacional. E espero que o Tribunal leve esse caso até ao fim, que o dinheiro extraviado seja recuperado e os principais visados – os directamente envolvidos no roubo, o presidente e o secretário municipal que respondem pela gestão da Câmara – sejam responsabilizados por essa ocorrência", conclui o deputado Nelson Brito.

A AUSTERIDADE FAZ (MESMO) MAL À SAÚDE




Carolina Reis – Expresso, opinião

Com o cerco a apertar-se às carteiras dos contribuintes, já quase todos tivemos de fazer cortes nas despesas.

A princípio pensa-se que está tudo ok, que são "apenas" menos uns jantares, deixa-se de comprar roupa nos saldos, as viagens ficam em stand by.

Depois vê-se que isso não chega. Acabam-se todas as refeições fora, as visitas de seis em seis meses ao cabeleireiro deixam de acontecer e começa-se a poupar no (caro) combustível, até para ir ver a avó ao fim-de-semana.

Assim se vai perdendo a qualidade de vida. Até que para uns, cada vez mais, chega o dia em que já não dá para comprar medicamentos, em que é melhor deixar o luxo de ir ao psiquiatra, em que se escolhe entre as vacinas dos filhos ou os livros da escola.

Pois é, a austeridade faz mal à saúde. E não, não sou eu que o digo. Dois professores universitários, um de Oxford e o outro de Stanford, concluíram  que a austeridade pode causar suicídio, depressão e aumento de doenças infecciosas.

Um pequeno exemplo: na Grécia cortou-se na prevenção do HIV. Era um gasto "desnecessário". A taxa de infetados cresceu 20%.  

"Passos Coelho convidou-me para presidir à CGD e 'desconvidou-me' uma semana depois"




CRISTINA FERREIRA - Público

Economista e ex-dirigente do PSD considera que ninguém na equipa de Vítor Gaspar domina a máquina da administração pública. Elogia a "maturidade democrática" de António José Seguro, mas defende que as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro na sexta-feira vão no sentido certo.

O actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, convidou António Nogueira Leite para ser o presidente executivo da CGD e uma semana depois cancelou o convite sem dar qualquer justificação.

A informação é revelada pelo próprio Nogueira Leite em entrevista ao PÚBLICO, disponível na edição impressa deste domingo, e na qual reconhece: “Cometi um erro [ao aceitar integrar a administração da CGD, como vice-presidente]."

O economista explica ainda as razões que o levaram, no final de 2012, a pedir a demissão a meio do mandato, deixando assim a equipa de José Matos, que Passos Coelho foi buscar ao Banco de Portugal para presidir ao banco público. “Sou um profissional e não queria ter a minha reputação profissional arruinada por estar numa situação difícil e com um accionista [a Direcção-Geral do Tesouro/Finanças] que não sabia o que queria.”

Na mesma entrevista [esta parte não consta da versão a publicar no domingo], Nogueira Leite confirmou que recebeu, já depois de apresentar a demissão, um dos directores do banco que denunciou alegadas escutas ilícitas dentro da CGD, sustentadas em conclusões de uma inspecção interna, e acabou suspenso das suas funções por atentar contra a "idoneidade" de funcionários da CGD com "cargos de elevada responsabilidade".

O economista diz que "sempre recebia toda a gente que pedia para ser recebido", embora admita que “se fosse alguém de perfil duvidoso” o “enviaria para o departamento jurídico ou para a segurança”. Apesar de rejeitar pronunciar-se em profundidade sobre o tema, cujos detalhes desconhece, “pois o processo não dependia directamente” dele, defende que a instituição “é muito grande e há pessoas que lá estão há muitos anos e que talvez a nível da direcção algum refrescamento não fosse mau.” 

Na entrevista que pode ser lida na edição de domingo do PÚBLICO, este economista, ex-dirigente do PSD e professor catedrático de Economia da Universidade Nova de Lisboa, comenta a actual situação do país: considera que o Governo tem sido “errático”, que Vítor Gaspar não tem ninguém na equipa que domine a máquina da administração pública – sobre a qual só Paulo Macedo tem conhecimentos suficientes –, mas defende que as medidas anunciadas na sexta-feira por Passos Coelho vão no caminho certo. Nogueira Leite tece ainda elogios a António José Seguro, o líder socialista, por considerar que ele tem “ maturidade democrática” para alcançar um consenso mínimo que dê sustentabilidade ao programa de ajustamento e culpa o Governo pela actual falta de consenso, “pois não tem ouvido ninguém.”

Portugal: A REVELAÇÃO DE MARQUES MENDES




Henrique Monteiro – Expresso, opinião

Eu nem queria acreditar quando ouvi Marques Mendes anunciar uma reunião do Conselho de Estado. Não só porque sendo ele próprio conselheiro devia estar calado (parece-me uma questão ética essencial não se aproveitar de um lugar para o qual foi eleito no Parlamento, pelo PSD, para dar notícias como comentador político - mas será que o percebe?), mas sobretudo pelas palavras que utilizou para caracterizar a situação política. Cito com cuidado:

"Passos Coelho, com este conjunto de medidas apresentadas nesta altura deu um sinal político aqui. É de que já não acredita em ganhar eleições. É uma espécie de deitar a toalha ao chão, o que lhe pode vir, de resto, a criar problemas amanhã, dentro do partido, quando deputados, autarcas e gente perceberem que vão perder tudo. Agora, Paulo Portas não desistiu de ganhar eleições pelo que pode haver aqui uma clivagem".

Eu não sei se toda a gente lê o mesmo do que eu. Mas se olharmos para a situação do país, parece-me que Passos Coelho ganhar ou perder eleições (o mesmo direi para Seguro ou Portas) é totalmente irrelevante. Com quase 20 por cento de desemprego, falências em massa, miséria, fome, pobreza, esta gente - gostaria de dizer esta gentinha - analisa os problemas do país pelos seus egozinhos de boys. "Deputados, autarcas e gente do partido perceberem que vão perder tudo", diz Marques Mendes, que foi líder do PSD e ministro deste país? Pelo amor de Deus! É tão revoltante que não tenho mais palavras...

Sinceramente, eu próprio sinto vergonha quando vejo pessoas, que deveriam ser exemplares nesta altura das nossas vidas, continuarem como sempre fizeram até aqui: a achar que a política é um jogo que se faz em nome de um povo que apenas serve para pagar impostos e votar, e onde o que conta é o seu clubinho vencer eleições. Marques Mendes, que foi bastante sério como líder do PSD, demonstrou que afinal mantém intacta a sua alma deboy, de jotinha. Não é capaz de dizer o óbvio: se Passos já não acredita em ganhar eleições faz muito bem. Foram as promessas e mais promessas, as medidas e mais medidas baseadas em ilusões e facilidades que nos deixaram onde estamos. O que o país lhe pede não é que as ganhe, é que o tire desta situação que muitos governos (e Mendes fez parte de alguns) o meteram. Churchill também perdeu eleições depois de ganhar a guerra e quem me dera que Passos ganhasse esta guerra de reequilibrar as contas. Não acredito que o faça, até porque tem cometido muitos erros, mas se os seus amigos e conselheiros são assim como Marques Mendes, nem precisava de inimigos.  

Portugal: PREPAREM-SE, VEM AÍ MAIS UMA RÁBULA DO COMEDIANTE PAULO PORTAS





Já se sabia há quase dois dias mas a Agência Lusa faz lembrar que hoje, domingo, às 19 horas, o comediante Paulo Portas, também denominado ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Cavaco-Passos-Gaspar-Portas, vai representar mais um das suas habituais rábulas ao país. Presume-se que neste momento o ator já está em período de concentração no seu camarim.

O que irá representar não será dificil de prognosticar. Certamente que vai dizer que as medidas que levam portugueses à miséria, à fome, ao desespero e ao suicídio, agravadas agora ainda mais pelo governo de que é responsável, não foram ainda piores devido à sua intervenção, à permanente preocupação e verdadeiro sentido de proteção que os governantes do CDS têm tido relativamente aos portugueses mais carenciados… e etc., etc., blá, blá…

O ator, comediante, palhaço da pior espécie, encarnará o patriota bolorento que é hábito, assim como o desgastado falsário e vigarista cujas representações já nem colhem audiência. Causas porque está em vias de ser dispensado, despedido, derrubado. (Redação PG)
  
Paulo Portas fala às 19:00 sobre novos cortes anunciados pelo primeiro-ministro

IM – ZO - Lusa

O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, pronuncia-se hoje pelas 19:00 sobre os novos cortes anunciados pelo primeiro-ministro, na sexta-feira, de acordo com informação avançada por fonte oficial do partido.

A declaração na sede do CDS-PP, em Lisboa, acontece quase 48 horas depois de o novo pacote de medidas de cortes na despesa pública ter sido dado a conhecer por Passos Coelho, na sexta-feira à noite.

O CDS foi até agora o único partido com assento parlamentar que ainda não se pronunciou oficialmente sobre este pacote que vai vigorar até 2015.

No sábado, o Chefe de Governo envolveu o parceiro de coligação neste processo, ao afirmar que Paulo Portas contribuiu para as medidas de contenção da despesa pública que apresentou ao país.

"No menu de medidas apresentadas, há várias que decorreram do seu empenho pessoal, da sua tentativa de melhorar as propostas dentro do Governo e de tornar as soluções (…) menos penosas para as pessoas", afirmou Passos Coelho, em Pombal, à entrada para o almoço comemorativo do 39.º aniversário do PSD.

O primeiro-ministro anunciou na sexta-feira à noite um pacote de medidas que deverão poupar 4,8 mil milhões de euros nas despesas do Estado até 2015 e que inclui o aumento do horário de trabalho da função pública das 35 para as 40 horas, a redução de 30 mil funcionários públicos e o aumento da idade da reforma para os 66 anos de idade, entre outras medidas.

O Governo pretende também criar uma nova contribuição sobre as pensões e prevê o aumento das contribuições para os subsistemas de saúde dos trabalhadores do Estado (nomeadamente a ADSE) em 0,75 pontos percentuais, já este ano e 0,25 % no início de 2014.

O primeiro-ministro anunciou ainda que o Governo pretende limitar a permanência dos funcionários públicos no sistema de mobilidade especial a 18 meses e eliminar os regimes de bonificação de tempo de serviço para efeitos de acesso à reforma.

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