domingo, 22 de abril de 2012

Timor-Leste: FRETILIN DE BRAÇO DADO COM O CNRT OU COM QUEM CALHAR NA RIFA?



Redação PG - AV

Há dias de manhã em que há tarde não se pode sair há noite

Pior é que nesses dias tudo de incrível pode acontecer. Não importa se passearmos nus porque disso não nos acusa a polícia que apareça, por ofensa ao pudor e à moralidade pública, mas sim para nos acusar de possuirmos uma faca na algibeira apesar de estarmos todos nus, ou de ler um jornal sem letras à luz de um candeeiro apagado. É incrível, não é? Pois.

Muito mais incrível é o que se segue sobre Timor-Leste. E da fonte de que provem tenhamos a certeza-certezinha que é assim mesmo como consta naquele português escorreito que sai sem engulhos. Ops... Será que hoje também é Dia das Mentiras?

Ora vejam bem com aqueles que a terra há-de comer.

FRETILIN PRONTA PARA COLIGAR COM O CNRT

Timor Hau Nian Doben - 22 de abril de 2012

De acordo com o deputado e vice-presidente da Fretilin, Arsénio Bano, a Fretilin está pronta para coligar com o CNRT, bem como com qualquer outro partido político, nas próximas eleições legislativas, que se irão realizar no dia 7 de julho, em Timor Leste.

" A Fretilin está pronta para se coligar com o CNRT, esta foi uma sugestão proveniente de alguns militantes da Fretilin e de amigos que não são da Fretilin", escreveu Bano na sua página do Facebook.

O vice-presidente da Fretilin explicou que, " A Fretilin está pronta a fazer coligações com todos os partidos incluindo o CNRT (...), estas alianças podem acontecer antes ou depois dos resultados das eleições parlamentares, se nenhum partido conseguir uma maioria nas mesmas. De acordo com muitos observadores, nenhum partido vai conseguir a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, que se irão realizar no mês de julho ".

" A Fretilin vai trabalhar para ganhar a maioria absoluta nas eleições, para poder governar esta terra, mas está aberta a coligações com todos os partidos, incluindo o CNRT, para se assegurar uma futura governação de Timor Leste e do seu povo", concluiu.

Nas últimas eleições presidenciais a Fretilin teceu críticas muito duras ao recém-eleito Presidente da República de Timor Leste, Taur Matan Ruak, por este ter sido apoiado pelo CNRT, acusando-o de ser candidato de Xanana, e de ele se querer associar a um governo de corruptos e autonomistas. Este é o mesmo partido (CNRT), liderado pelo mesmo homem (Xanana), que agora a Fretilin está de braços abertos para coligar nas eleições legislativas de julho.

DIA DO PLANETA TERRA



Céu Mota - Aventar

Algumas ideias avulsas que me ocorre dizer neste dia…

A população mundial chegou aos 7 bilhões, mas está muito envelhecida e não sabe lidar bem com isso.

Os idosos morrem sós…

O Homem ainda não aprendeu a aceitar as rugas no rosto e no resto do corpo por mais voltas que a Terra dê. Muito menos a natural morte por mais que assista à das plantas e dos animais e de tantos seres humanos ao seu redor.

A esperança média de vida aumentou, mas morremos por doenças diferentes às que matavam no passado. Doenças deste tempo: ansiedade, stress, depressão e outras bem nossas conhecidas.

Somos seres urbanos – beneficiamos com isso, mas também encontramos problemas.

Sem darmos conta, usamos cada vez menos a voz: enviamos, em média, 137 sms por mês e 3,5 milhões de portugueses estão no facebook (valores de 2011). Cada vez mais virtuais.

Estamos, portanto, a mudar o modo de nos relacionarmos. Involuntária e inconscientemente vamos reduzindo pouco a pouco o contacto físico com os outros. Resolvemos algumas questões com um simples e-mail ou sms. No local de trabalho, os colegas comunicam entre si por estes meios apesar de se encontrarem lado a lado ou em salas contíguas. Entre familiares, o contacto faz-se por sms e facebook… encontram-se mais deste modo do que presencialmente. Enviar cartas, nem pensar. Já não se usa. Escrevemos mal, com erros, com abreviaturas, sem preocupações em escolher as palavras mais interessantes, os sinónimos mais curiosos porque não há tempo, etc., etc.

Estamos, efectivamente, cada vez mais afastados da terra, da natureza e dos outros seres humanos. E de nós mesmos. Porque também não suportamos o silêncio e os sons da Terra. Não nos pensamos.

Não há capacidade para repor os recursos naturais e animais há em vias de extinção e em perigo. A nossa relação com a Natureza sofreu grandes mudanças. Crescemos mais que a Terra, escreveu Lester Brown. Teremos àgua e alimento até quando? Temos, com certeza, que mudar algo no actual estilo de vida num mundo que nos dá, como nunca, tantas possibilidades de nos tornarnos seres humanos completos, realizados, felizes!!

Apesar de tudo vai ser difícil deixar o planeta Terra, este lindo pontinho azul perdido no Universo. Esta vida boa (nem sempre) na Terra!

França: Procuradoria de Paris abre inquérito a divulgação antecipada de projeções



SIC Notícias – Lusa, com foto

A Procuradoria de Paris anunciou hoje que vai abrir um inquérito à publicação de projeções dos resultados das presidenciais francesas antes da hora legal, as 20:00 locais (19:00 em Lisboa).

O inquérito visa a France Presse, dois 'media' belgas, um suíço, um 'site' da Nova Zelândia e um jornalista belga que terá enviado previsões dos resultados por 'twitter', precisou a Procuradoria.

A Comissão de Sondagens remeteu o assunto para a Procuradoria. "Há alguns factos que parecem constituir delito", declarou à agência noticiosa francesa o secretário da comissão, Jean-François Pillon, precisando que estão em causa empresas de comunicação social e particulares.

Em virtude de uma lei de 1997, é proibida a publicação de qualquer indicação de resultados eleitorais antes do encerramento das últimas urnas, às 20:00 locais.

Na sexta-feira, os nove principais institutos de sondagens e os seus parceiros na comunicação social na noite eleitoral comprometeram-se a "manter em segredo" as projeções até ao encerramento total das urnas.

Na quinta-feira, o procurador da República, François Molins, tinha avisado que abriria inquéritos judiciais a quem violasse esta interdição, infração que pode ser punida com uma multa de 75 mil euros.

François Hollande vence primeira volta com 28,4% dos votos - projeções tv francesa



JYE – Lusa, com foto

Paris, 22 abr (Lusa) - De acordo com projeções divulgadas hoje pela televisão pública francesa TF2, o candidato socialista às presidenciais em França, François Hollande, venceu a primeira volta das eleições, com 28,4 por cento dos votos.

O Presidente recandidato, Nicolas Sarkozy, teve 25,5 por cento dos votos. É a primeira vez que um Presidente recandidato não vence esta eleição.

Os números dão ainda o terceiro lugar à candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, com 20 por cento dos votos, à frente do candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, com 11, 7 por cento dos votos.

A TF2 está também a divulgar uma sondagem do instituto de sondagens Ipsos, que aponta para uma abstenção de 19,7 por cento, acima da de 2007 (16,2 por cento), mas abaixo da de 2002 (24,8 por cento).

Os candidatos devem começar a comentar estes resultados a partir das 20:30 (19:30 em Lisboa).

A segunda volta para as eleições presidenciais francesas acontece a 06 de maio. O grande debate televisivo entre François Hollande e Nicolas Sarkozy está agendado para 02 de maio.

França/Eleições - Sylvain Bourmeau: "A elevada afluência poderá beneficiar a esquerda"



Fanny Lesbros - Libération

O diretor-adjunto do Libération, Sylvain Bourmeau,  analisa o elevado comparecimento dos eleitores às urnas neste primeiro turno da eleição presidencial de 2012, que era de 70,59% às 17 horas de domingo na França. Com a perspetiva de até às 20 horas chegar aos 80% de votantes.

Para Bormeau é evidente que tão elevada percentagem significa que muitos que em eleições anteriores se abstiveram foram agora votar e são predominantemente eleitores de esquerda. Essa a razão porque é de opinião de que a esquerda pode ser a beneficiada na primeira volta das eleições presidenciais.



O BOSQUE EM FLOR



Rui Peralta

Guiné-Bissau: notas sobre a geoestratégia do narcotráfico (1)

Em 24 de Setembro de 1973 o PAIGC proclamou ao mundo a independência de um quase desconhecido território da Africa Ocidental, denominado Guiné Portuguesa que após essa data seria conhecida por Republica da Guiné-Bissau. Terminavam, assim, 11anos de luta armada, culminação de uma longa tradição de resistência ao colonialismo.

Os povos da Guiné-Bissau

A diversidade étnica que caracteriza este território foi sempre um elemento de fascínio entre os primeiros viajantes, anotada por André Alvares de Almeida em 1594, André Donelha em 1625 e Francisco Lemos de Azevedo Coelho em 1694. Célebre foi o comentário de Philip Beaver, oficial da marinha britânica, que chefiou uma falhada tentativa de criar um aldeamento colonial na ilha de Bolama em 1792, escreveu no seu African Memoranda: “Parece que cada riacho separa tribos distintas.”

Diversidade étnica e multiplicidade cultural fazem da Guiné-Bissau um mosaico de etnemas, pelo que vou referir neste artigo apenas os grupos principais e mais representativos no quadro geral da população guineense.

Balantas

A sociedade balanta é considerada socialmente não estratificada. Não conhecem uma autoridade central e a sua organização social consiste nas tabancas, aldeias com as suas próprias singularidades e soberania. As tabancas eram administradas colectivamente por um conselho de homens grandes, anciãos. Estes conselhos regulavam os assuntos da tabanca e os seus elementos não gozavam de privilégios.

A principal actividade dos balantas é a agricultura de subsistência. A terra é comunitária, pertence á comunidade da tabanca, sendo distribuída de acordo com as necessidades de cada família. Os instrumentos de trabalho são propriedade privada. Existiam dois tipos de terra: a percentagem maior das terras da tabanca era pública, para cultivo e a percentagem menor eram terras sagradas, reservadas aos templos animistas de Aule, Irã e outras poderosas forças sobrenaturais, que garantem, através dos cerimoniais e rituais, uma coesão social mínima.

A sociedade balanta tradicional era uma sociedade igualitária, sem distinções sociopolíticas hereditárias, praticando o sistema de classes de idade.


Felupes

Os Felupes pertencem ao grupo djola e estão localizados entre os rios Gâmbia e Cacheu, sendo que na Guiné-Bissau habitam a região fronteiriça com Casamance. A sua organização socioeconómica e política é semelhante aos balantas. Administrativamente organizados em Tabancas, geridas por conselhos de anciãos, cujos elementos não detinham quaisquer privilégios. A coesão social era assegurada pelos cultos animistas.

A actividade económica felupe consiste na cultura do arroz, criação de gado, pesca, caça e extração de vinho de palma, o bunuk, de grande valor nos cerimoniais animistas. As terras eram comunitárias, para uso das famílias. As relações entre os diferentes grupos profissionais, visto esta ser uma sociedade com maior divisão de trabalho do que as sociedades balantas, eram feitas através da troca de produtos.

Banhuns

Grupo localizado na região de São Domingos. Sociedade estratificada, diferenciada por títulos nobiliários. Cada nobre tem a sua cadeia de súbditos e é proprietário de terras. O rei, conhecido por jágara, é súbdito do rei dos cassangas.

Cassangas

Grupo que habita, actualmente, a norte de São Domingos. Auto denominam-se ihadja. Quando da chegada dos portugueses, os cassangas ocupavam um vasto território que abrangia a actual Casamance, sendo a residência real em Brikama.

A sociedade Cassanga assenta numa estruturada hierarquia de reis e nobreza que detêm o poder e é proprietária da terra. Os reis cassanga eram súbditos do suserano mandinga, sendo parte integrante do império mandinga.

Biafadas

Sociedade estratificada, de profunda diferenciação social entre a nobreza, detentora de terra e o povo.

Bijagós

Este é um mosaico dentro do mosaico. É um arquipélago de sociedades diversificadas de ilha para ilha. Como os habitantes destas ilhas são descendentes de povos dos territórios adjacentes as afinidades são manifestas, nos parentescos e nos rituais e cerimonias religiosas.

A heterogeneidade da sociedade bijagó é manifesta e de ilha para ilha encontram-se sociedades díspares, desde as mais complexas e hierarquizadas às mais simples e igualitárias.

Manjacos

Sociedade profundamente estratificada e hierarquizada, governada pelo “rei dos reis” o nacine bacine.

Abaixo do rei estavam os chefes territoriais, bacine (plural de nacine) recrutados exclusivamente entre as castas baxasan e babucin. Na escala seguem-se os sacerdotes, bapene, os que zelam pelos templos do culto outchai, os bamana, os conselheiros chefes de vários níveis (metak, nagak, kandjan e namuan) os guerreiros, bandjafo, as subdivisões profissionais (cultivadores, ferreiros, constructores, tecelões, tocadores de tambor, etc.) e por fim os escravos, baluk.

A estrutura política manjaca está organizada a três níveis: central, regional e local. No nível central, em Bassarel, estava o rei, com enormes e amplos poderes e privilégios. Nomeava os chefes territoriais, apropriava-se de mão-de-obra, criava impostos e taxas e recebia toda a espécie de dádivas.

A nível regional os chefes territoriais, governadores, dirigem as actividades económicas, sociais e culturais. Nomeiam os chefes locais e toda a espécie de auxiliares. Podem explorar mão-de-obra sem pagar e recebem dádivas e taxas, pagamentos diversos em espécie e dinheiro, tendo direito a receber duas pernas por cada animal abatido para os funerais (choros).

A nível local, na tabanca, os chefes de tabanca (nacinmetu) dirige da mesma forma que os chefes territoriais, só que a uma escala mais reduzida, tendo os mesmos privilégios e direitos. A este nível os chefes tinham uma função adicional: a resolução de problemas familiares e entre as famílias, na tabanca.

A terra era propriedade privada e colectiva, pois algumas extensões de terra de baldio eram pertença da comunidade. Existiam também terras que eram propriedade dos chefes e que estes colocavam á disposição do povo, em troca de contribuições em géneros e gado.

A riqueza era e é calculada em termos de quantidade de terra, cabeças de gado e número de esposas. O mais importante é o gado, porque com ele negoceiam-se as terras e as esposas. Por sua vez estas não são apenas um símbolo de posição social, mas também um meio de produção, pois a mulher tem uma participação directa na produção, principalmente na cultura do arroz, onde são responsáveis pela sementeira e colheita.

Mandingas

Pertencem ao grupo linguístico mande, ao lado dos bambaras, do Mali, susus e djalonkes da Guiné-Conakry, mendes e vais, da Serra Leoa e mandingas do Senegal e da Gâmbia. O seu território de origem na região de Manden, perto de Bamaco, capital do Mali.

A sua base económica é a cultura de produtos de subsistência, como o milho, a mandioca, o arroz e a batata doce e produtos de exportação como o algodão, o sésamo e o amendoim. O comércio é outra importante actividade mandinga, principalmente o comércio de sal, noz de cola e tecidos de algodão.

A sociedade mandinga é patriarcal e profundamente estratificada, num sistema rígido de castas e classes. Os nobres identificam-se pelo seu apelido: Sané e Mané. São duas famílias que monopolizam o poder político e governam as regiões. Constituem a casta nyancho, com origem na casta foros, de agricultores, criadores de gado e comerciantes. Os artificies, tocadores de tambor e contadores de histórias são a casta nyamalo. Os escravos domésticos, de que ainda existem reminiscências, constituem a casta dyo.

A sociedade mandinga organizava-se também por grupos de idades, kafo, organização funcional, com fins militares e sociais.

Fulas

Assim denominados pelos mandingas e pelos portugueses, conhecidos pelos ingleses como fulanis e pelos franceses como peuls. Auto designam-se por pulo ou fulbe e pertencem a um grupo localizado na Africa Ocidental, dos Camarões ao Senegal.

Originariamente eram pastores nómadas e surgem na Guiné-Bissau no seculo XV, sendo dominados pelos mandingas, a quem pagavam tributo, sendo escravizados quando não podiam efectivar o pagamento. Neste território dividem-se em 3 grupos principais: os fula-forro, nascidos livres, os fula-pretos, descendentes dos fulas cativos dos mandingas e os futa-fulas, os fulas das regiões de Fata Djalon, Futa Toro, Quebo e Boé.

Esta era uma sociedade profundamente estratificada, principalmente os futa-fulas, que estabeleceram um Estado Teocrático em Futa Djalon, no seculo XVII, após a queda do Imperio Mandinga. Nos restantes dois grupos fulas o sistema de castas não cultiva a mesma rigidez, mantendo ainda algumas particularidades das suas origens nómadas, no caso dos fulas-forros e da aculturação mandinga nos fulas-pretos.

A criação de gado e a agricultura de subsistência são as principais actividades económicas fulas, embora participem na agricultura de exportação, principalmente na exploração do amendoim.

Fontes
Peter Karibe Mendy; Colonialismo português em África: A tradição de Resistência na Guiné-Bissau (1879-1959); INEP, Bissau, 1994
Carlos Lopes; A transição histórica na Guiné-Bissau: Do movimento de libertação nacional ao Estado-Parte1 Nação ou Nação em formação?; Institut Universitaire d’Etudes du developpement, Geneve, 1982
J.Bowman Hawkins; Conflict, Interaction and Change in Guinea-Bissau, 1850-1900; California University Press, Los Angeles, 1980

Ver todos os artigos de Rui Peralta – também em autorias na barra lateral

Guiné-Bissau: Portugal segue a «par e passo» situação política, diz ministro da Defesa



TSF

O ministro da Defesa assegurou hoje que o Governo continua a acompanhar a «par e passo» a situação na Guiné-Bissau, salientando que as tropas portuguesas estão preparadas para executar uma operação de evacuação caso seja necessário.

«É uma situação que nós acompanhamos a par e passo, com o cuidado de ter as condições para, se for necessário, fazermos a operação de evacuação que esperamos não aconteça», disse Aguiar-Branco.

Desde há uma semana que a Guiné-Bissau está sob controlo de um Comando Militar que executou um golpe de Estado, prendendo o Presidente da República e o primeiro-ministro. O golpe está a ser condenado pela comunidade internacional e Portugal já enviou uma fragata e uma corveta, que compõem a Força de Reação Imediata (FRI) das Forças Armadas portuguesas, para preparar a eventual retirada de cidadãos nacionais daquele país.

Angola ordenou e os palhaços lusófonos (CPLP) fazem as habituais pantominices




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaça adoptar sanções contra a Guiné-Bissau e admite apoio ao envio de uma força para o país. Chega, se chegar, com muitos anos de atraso.

Pelos vistos a ONU, tal como a CPLP, só agora terão reparado que na Guiné-Bissau nenhum candidato, nenhum presidente, acabou o seu mandato e que em 17 anos o país já teve sete presidentes.

"O Conselho mantém-se firme e preparado para considerar possíveis medidas incluindo sanções contra os responsáveis e apoiantes do golpe militar, caso a situação se mantenha", refere a declaração do Conselho de Segurança sobre a situação na Guiné-Bissau, documento que refere igualmente o apoio a eventuais medidas para a "estabilização" do país.

Embora não tenham sido originais, os autores do actual golpe de Estado parecem ser os bodes expiatórios ideais para a ONU, CPLP, Angola e Portugal. “Nino” Vieira e tantos outros dirigentes não foram assassinados agora, mas só agora é que a comunidade internacional deu fé de que isso tinha acontecido.

"O Conselho de Segurança está a par das decisões no sentido das consultas entre a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, União Africana, Nações Unidas, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e outros parceiros para a tomada de medidas adicionais para a estabilização do país, de acordo com os pedidos que foram formulados pelas autoridades legítimas da Guiné-Bissau", diz a declaração.

Dir-se-á que mais vale tarde do que nunca. Talvez. Pois é. Foi necessário os militares guineenses dizerem que não estão para ser protectorado de Angola para que, humilhada no seu sentimento de potência regional e dona de Portugal, Luanda puxasse dos galões.

Enquanto os militares guineenses foram fazendo o jogo do regime angolano, mesmo matando presidentes, candidatos, e chefes militares, tudo esteve bem. Quando resolveram pôr em questão o poder de Angola… estragaram tudo.

Luanda mandou, Portugal pôs-se de cócoras (posição também ela nada original) e a CPLP disse que sim ao dono do reino angolano. Juntaram-se e lá foram para Nova Iorque dizer que só agora é que descobriram que os direitos civis, políticos e humanitários estavam a ser violados.

A declaração que vem ao encontro do que tem vindo a ser pedido por várias organizações internacionais e Estados que condenaram o golpe, entre as quais a CPLP e o Governo português por ordem de Angola, refere os compromissos que exigem a reposição da ordem no país.

Reposição da ordem no país? Pois é. Agora é preciso repor a ordem. Quando o primeiro-presidente da Guiné-Bissau, Luís Cabral, foi deposto por um golpe de Estado liderado por “Nino” Vieira, em 1980, onde andavam todos estes arautos da legalidade e da reposição da ordem?

"O Conselho de Segurança sublinha que as interferências ilegais dos militares na política contribuem para a persistência da instabilidade e numa cultura de impunidade e pede esforços no sentido da consolidação do Estado de Direito, implementação de reformas no setor da segurança, promoção do desenvolvimento e de uma cultura democrática" enfatizando a necessidade do "respeito pela soberania, unidade territorial e integridade" da Guiné Bissau.

Um ano antes de morrer, em 9 de Julho de 2008, Luís de Almeida Cabral considerou que a existência de tráfico de droga no seu país natal constitui uma "vergonha", apelando às autoridades de Bissau para combaterem o fenómeno. "É uma situação muito má. Desejo que as autoridades e o povo guineenses possam combater esta vergonha que não traz nada de bom".

Pois é. Mas nessa altura, também nessa altura, tudo ficou na mesma. E ficou assim, calculo, porque ainda não existiam a ONU, a CPLP, Portugal e Angola…

Alguém ainda se lembra que, em 18 de Maio de 2009, o Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Luís Manuel Cabral, disse que a instituição estava sem dinheiro para continuar o processo de investigação aos assassínios do Presidente 'Nino' Vieira e do general Tagmé Na Waié?

Será que Kumba Ialá tinha razão quando, em 17 de Junho de 2009, acusou o PAIGC de ser responsável pela morte de Amílcar Cabral, "Nino" Vieira, Tagmé Na Waié, Hélder Proença e Baciro Dabó?

"Carlos Gomes Júnior tem que responder no Tribunal Penal Internacional pelas atrocidades que está a cometer", no país, defendeu nesse dia Kumba Ialá, acrescentando que "há pessoas a quererem vender a Guiné-Bissau", mas esclarecendo que "serão responsáveis pelas turbulências que terão lugar no futuro".

ONU, CPLP, Portugal e Angola estão preocupados com Carlos Gomes Júnior, exigindo não só a sua libertação como o regresso à normalidade institucional. Quando os EUA, por exemplo, avisaram as autoridades da Guiné-Bissau que o novo chefe das Forças Armadas não poderia estar implicado nos acontecimentos de 1 de Abril (2010), como era o caso do major-general António Indjai, o que fez Gomes Júnior?

Escolheu (e o presidente Balam Bacai Sanhá aceitou) para chefiar as Forças Armadas, nem mais nem menos do que... António Indjai.

Recorde-se que Indjai foi o protagonista dos acontecimentos militares de 1 de Abril e que chegou (embora depois tenha pedido desculpa) a ameaçar de morte o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: QUANTO NÃO VALE SER DE UMA CASTA SUPERIOR!

MNE guineense apela à «indignação» contra golpistas da Guiné-Bissau



TSF

Mamadu Djaló Pires pediu indignação e firmeza contra a «barbárie» que está a ocorrer na Guiné-Bissau e considerou «inaceitável o está a acontecer» neste país africano.

O ministro guineense dos Negócios Estrangeiros apelou à «indignação» contra os golpistas na Guiné-Bissau e condenou os que há 14 anos usam as armas contra o seu próprio povo.

Em Lisboa, Mamadu Djaló Pires pediu à sociedade civil e partidos guineenses para que se mostrem indignados e firmes contra a «barbárie» que está a ocorrer na Guiné-Bissau.

Após uma manifestação na capital portuguesa contra o golpe de Estado na Guiné-Bissau, o chefe da diplomacia guineense disse que «inaceitável o está a acontecer» neste país africano.

Entretanto, os apoiantes do primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, que ainda se encontra detido em parte incerta, anunciaram que estão a criar uma frente anti-golpe e pediram o envio de uma força internacional.

Organizações da Guiné-Bissau pedem ao PAIGC para participar nas conversações...




... que negoceiam saída crise

MB – Lusa

Bissau, 22 abr (Lusa) - Elementos que representam mais de cem organizações da sociedade civil, que hoje reuniram-se no Parlamento da Guiné-Bissau, apelaram ao PAIGC, maior partido do país, para participar nas conversações com militares de modo a ultrapassar a crise política.

Os apelos foram feitos à saída de uma série de reuniões que estão a decorrer no Parlamento guineense para tentar encontrar uma saída para a crise criada com o golpe de Estado. Em nome do Movimento da Sociedade Civil (plataforma que junta mais de 100 organizações), Filomeno Cabral disse aos jornalistas que "sem o PAIGC será impossível encontrar-se uma saída à crise" existente.

"Condenamos o golpe, apelamos o regresso à normalidade democrática e constitucional através do Parlamento e da devolução do poder ao PAIGC", disse Filomeno Cabral, salientando que esta é o posicionamento das organizações da sociedade civil.

O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) recusa-se a participar nas reuniões com os militares autores do golpe de Estado alegando que só aceita dialogar após a libertação do seu líder e primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, bem como Raimundo Pereira, Presidente interino do país, ambos detidos, em parte incerta, pelos militares.

De acordo com este ativista, o Movimento da Sociedade Civil vai procurar "fazer a ponte" entre o PAIGC e os autores do golpe no sentido de convencer o partido de Carlos Gomes Júnior a aceitar vir para as conversações.

"A sociedade civil vai fazer a ponte e chamar o PAIGC à razão para vir à mesa das negociações, para que possa colocar as suas condições, isto é, a exigência de libertação dos seus líderes. Será necessária a presença do PAIGC nas negociações para a saída desta crise", observou Filomeno Cabral.

A necessidade da vinda do PAIGC para as conversações foi também reconhecida por Serifo Nhamadjo, presidente interino do Parlamento e por Fernando Vaz, porta-voz do fórum dos partidos da oposição que apoiam o golpe militar.

Serifo Nhamadjo, indigitado pelos partidos que apoiam o golpe para ser Presidente interino do país, mas que recusou o cargo, disse que vai tudo fazer para trazer o PAIGC para a busca das soluções para a saída da crise.

"Vou insistir para que os representantes do meu partido possam sentar-se connosco para definirmos as regras. Mesmo estando a reivindicar alguma coisa temos que conversar e esclarecer as posições, isso não se faz com a política de cadeira vazia", notou Nhamadjo, membro da cúpula do PAIGC, mas que se incompatibilizou com a direção de Carlos Gomes Júnior.

Fernando Vaz, que se tem assumido como o porta-voz dos partidos que apoiam o golpe militar, afirmou que tem que haver cedências de parte a parte.

Desde há uma semana que a Guiné-Bissau está sob controlo de um Comando Militar que executou um golpe de Estado, prendendo o Presidente da República e o primeiro-ministro. O golpe está a ser condenado pela comunidade internacional e Portugal já enviou uma fragata e uma corveta, que compõem a Força de Reação Imediata (FRI) das Forças Armadas portuguesas, para preparar a eventual retirada de cidadãos nacionais daquele país.

POLITICAMENTE INCORRETO…



Esther Spencer Farmhouse – Liberal (cv), opinião

No rescaldo de golpes e conflitos, a Guiné-Bissau procura o seu espaço, num continente africano marcado por feridas abertas… e parecendo ser a maior “dor de cabeça” dessa coisa a que chamamos “comunidade internacional”. Vivendo permanente instabilidade, com excepção do curto período de liderança de Luís Cabral (o primeiro Presidente da República, um homem bom abandonado pelos seus “camaradas” cabo-verdianos) e uma “normalidade” forçada pelo punho autoritário do primeiro consulado de Nino Vieira, a pátria de Amílcar Cabral parece marcada pelo selo de tragédia da morte violenta do seu inspirador e pai da independência.

Golpe atrás de golpe, os militares guineenses têm marcado a agenda política do país, transformando a sociedade civil (aqui, uma figura de estilo para se falar das pessoas comuns) em mera espectadora dos desmandos de uma tropa prenhe de autoritarismo, ressabiamentos antidemocráticos e perigosas ligações ao universo do tráfico de estupefacientes, no que rivaliza com uma classe política que bebe do mesmo cântaro e engorda num oceano de corrupção e iniquidade.

A Guiné-Bissau, aparentemente, parece ingovernável, a não ser que fosse possível inventar uma nova instituição militar e novos agentes políticos nos destroços de uma sociedade marcada pela insanidade, e reinventar-se um conceito de democracia que correspondesse com mais equidade à multiplicidade étnica e cultural de que enforma o país: uma manta de retalhos criada pela ocupação colonial e desenhada a régua e esquadro numa lógica de partilha do continente africano pelas potências europeias.

Os problemas da Guiné-Bissau, para além das dores domésticas desse povo sofrido, são feridas profundas gravadas a escopro na má consciência daqueles que procuram receitas iguais para coisas diferentes. Ou seja, o concerto das nações só é possível se gizado sobre as diferenças que fazem deste nosso mundo uma manta de multiculturalidades.

As receitas do ocidente “civilizado” e “democrático”, às tantas, não farão muito sentido num continente que tem de reinventar novos conceitos e novas formas de organização política e social. A “chapa 5” dos regimes democráticos da Europa e do continente americano já provou não servir nem ajudar uma África que, de tanto ser “ajudada”, só tem vindo a atrasar o seu desenvolvimento e o progresso social dos seus povos.

E o presente conflito na Guiné-Bissau representa à evidência o role de equívocos e incompreensões, não raras vezes subjugados a lógicas neocoloniais, que caracterizam as posições “politicamente correctas” da dita “comunidade internacional”. O que, de resto, me apela a ser completamente “politicamente incorrecta” ao admitir, como mera hipótese de raciocínio, a possibilidade de, por esta vez, os militares não deixarem de ter razão.

Os apetites expansionistas do regime angolano não são um sofisma, como também se percebe que o governo de José Eduardo dos Santos traz na algibeira vários dirigentes africanos a quem distribui generoso o pecúlio de sangue dos diamantes e do petróleo roubado ao seu povo. E o dinheiro serve para tudo, até para se comprarem consciências e ganharem eleições.

Cercado pela insatisfação dos seus povos, que saem à rua exigindo liberdade e uma outra democracia, o ocidente “civilizado” e “democrático” precisa de exemplos na distante África que legitimem a superioridade civilizacional de que, arrogantemente, se julga portador. E está disposto a pagar para isso. E, como já se percebeu, a fila de pedintes da “ajuda internacional” é interminável, com políticos ávidos e gordos do que desviam dos bolsos dos famintos do continente.

Primeiro-ministro de Cabo Verde inicia hoje visita de trabalho de dois dias a Portugal



JSD - Lusa, com foto

Lisboa, 22 abr (Lusa) - O primeiro-ministro de Cabo Verde chega hoje a Portugal para uma visita de trabalho de dois dias, primeira etapa de uma digressão que o levará, ao longo de uma semana, à Bélgica, Luxemburgo e Alemanha.

José Maria Neves, que chega às 08:00 de hoje a Lisboa, tem como único ato oficial a inauguração, à tarde, do Centro de Acolhimento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) cabo-verdiano, no Prior Velho, onde os doentes cabo-verdianos enviados para tratamento em Portugal poderão permanecer durante o período de assistência médica.

Recentemente, em declarações à agência Lusa, a ministra da Saúde de Cabo Verde, Cristina Fontes Lima, indicou estarem identificados mais de 400 doentes cabo-verdianos a receber tratamento em Portugal.

Na segunda-feira de manhã, José Maria Neves terá um pequeno-almoço com os embaixadores acreditados em Cabo Verde mas residentes em Portugal, além de um encontro com a administração da Portugal Telecom, dando início à renegociação do contrato de concessão da Cabo Verde Telecom (participada da PT).

Ainda na segunda-feira, José Maria Neves manterá um encontro com o representante em Portugal da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, almoçará com a vereação de Torres Novas e proferirá uma conferência sobre o Poder Local e a Construção do Estado de Direito Democrático em Cabo Verde para estudantes universitários.

Ao fim da tarde de segunda-feira, José Maria Neves viaja para Bruxelas, onde se reunirá com o Presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, com o desejo de reforçar a parceria especial entre a União Europeia e Cabo Verde, assinada em 2008, que engloba vários pilares, com destaque para a Parceria para a Mobilidade.

Cabo Verde: MAIS DE 15 HORAS SEM ENERGIA ELÉTRICA NA PRAIA



A Semana (cv)

A cidade da Praia esteve em black out durante praticamente todo o dia de ontem. Sem energia eléctrica desde as três horas da manhã de sábado. Nenhum responsável da Electra se pronunciou sobre as causas de mais este apagão. Das autoridades, nenhuma reacção. Silêncio. Desrespeito.

Inconformados, os praienses têm usado a rede social facebook para falar do corte no fornecimento de energia e pedir explicações à Electra e às autoridades. E algumas vozes levantam-se mesmo dentro do partido no poder. É o caso de Edson Medina, jovem dirigente do PAICV, que faz um longo e contundente desabafo que transcrevemos aqui, com a devida vénia.

“Carpe Diem

Sr. Ministro do Turismo, Industria e…Energia(!!??) Estou há quinze, sim quinze (15) horas, sem luz. E sem saber porquê!! E desde o meio dia que tento ligar para Electra para ter informações e o telefone sempre ocupado!!

Poderia falar dos constrangimentos que essa situação me traz. Poderia citar os meus direitos, enquanto consumidor que paga as contas, poderia até falar dos meus direitos de cidadão, citando a Constituição, mas não o vou fazer.

Sr. Ministro, vc é responsável pela área da energia. O Sr. Assumiu compromissos com os caboverdianos. Primeiro no seu juramento, enquanto membro do Governo. Segundo, no momento em que afirmou que a Electra era um problema de todos nós e que todos devíamos assumi-lo. Pois eu e milhares de cidadãos, estamos a assumir a nossa parte, pagando as contas, não roubando energia, tendo contadores legais, denunciando. Em terceiro lugar, por ter afirmado que em Fevereiro a situação estaria “estabilizada”…e nem digo resolvida! Já estamos em finais de Abril (!!!) e a situação é o que é!

Sr. Ministro, há alguém em falta e não somos nós. O Sr. anda a defraudar os cabo-verdianos e a não cumprir as suas promessas. Por isso, demita-se!! Mas fá-lo por si. Será bem interpretado. Dirão: eis uma demonstração de humildade, eis um político que sabe avaliar e assume que não cumpriu com o prometido e demite-se.

Mas Sr. PM, caso o Sr. Ministro não o faça, fá-lo o Sr. Demita o Sr. Ministro, sob pena de atrair a si a responsabilidade. Sim, pois o Sr. PM é responsável, pelo menos devia ser. O Sr. tb seria bem avaliado. Pela coragem, pela humildade em aceitar que o Sr. Ministro está esgotado e deve ser substituído por outra pessoa com maior visão e…energia!

Não é normal que o Governo tenha conhecimento das falcatruas, da corrupção, das ilegalidades e da incompetência da Electra e não tome atitudes. As leis existem para serem accionadas. Até quando teremos que continuar a aturar e a pagar pela incompetência, pela falta de humildade em aceitar erros e corrigi-los. Há muita gente que paga as contas.

Já era tempo de pelo menos a situação estar estabilizada (sem trocadilhos). Mas neste momento, creio que estamos pior. A paciência das pessoas pode não durar para sempre!"

Cabo Verde: PM analisa com Zeinal Bava renegociação de novo contrato...




... de concessão da CV Telecom

JSD - Lusa

Cidade da Praia, 22 abr (Lusa) - O primeiro-ministro de Cabo Verde dá segunda-feira início ao processo de renegociação do contrato de concessão da CV Telecom com a Portugal Telecom.

Em declarações à agência Lusa, José Maria Neves indicou que "há abertura" da empresa portuguesa, que detém 40 por cento da congénere cabo-verdiana, para a negociação, que se prende com a necessidade de se procederem a "alguns ajustes" face ao fim do monopólio da CV Telecom em Cabo Verde.

Segundo José Maria Neves, o acordo anterior data de 2006 e, nessa altura, Cabo Verde ainda não tinha aberto o setor à concorrência, tendo a respetiva liberalização começado dois anos mais tarde.

"A discussão do contrato de concessão será com a CV Telecom. A PT é uma parceira importante e, nessa qualidade, temos de ver que caminhos, que vias, para reforçar a cooperação entre a PT e a CV Telecom e o Governo de Cabo Verde, designadamente no domínio das Tecnologias Informacionais", afirmou.

"Há o fim do monopólio (da CV Telecom), claramente. Há outras empresas que estão a fazer investimentos, há concorrência e vamos continuar a trabalhar. E há abertura e disponibilidade da PT em reforçar a parceria", acrescentou.

O encontro entre José Maria Neves e o presidente da PT, Zeinal Bava, antecipa a assembleia-geral da empresa cabo-verdiana, marcada para o fim do mês.

José Maria Neves nada adiantou sobre quais são as intenções cabo-verdianas, limitando-se a indicar que pretende negociar um novo contrato de concessão com a PT e negando que tal tenha a ver com a prevista entrada de capitais angolanos na principal concorrente da CV Telecom, a T+.

"Vamos abrir as negociações para reformatar o contrato de concessão. Como é uma negociação, haverá propostas de ambas as partes e haverá a negociação. O nosso interesse é reforçar a competitividade do setor das telecomunicações em Cabo Verde", afirmou.

Fonte governamental adiantou à Lusa que as negociações terão, para já, uma "forte componente técnica" e que só mais tarde, sem precisar qualquer data, é que haverá resultados concretos.

A CV Telecom tem como maior acionista a PT, com 40 por cento, seguida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) cabo-verdiano, com 37 por cento, e pela Sonangol Cabo Verde, com 5 por cento.

Brasil: JOSÉ DIRCEU QUER SER JULGADO NO STF E RESGATAR LEGADO POLÍTICO




Correio do Brasil, de São Paulo

Ao passo que se aproxima o julgamento no Supremo Tribunal Federal do processo apelidado pela mídia conservadora de “mensalão”, o assunto começa a surgir com força nas redes sociais e, nesta sexta-feira, o ator e diretor de Teatro José de Abreu divulgou, em seu microblog, a recente entrevista do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu a um programa de TV, no qual ele pede para ser julgado. Sob a hashtag #julgamentojustoja, Abreu lembra as declarações de Dirceu quanto a ter sido atirado às feras, em questão de apenas alguns dias, e rotulado de “chefe de quadrilha”.

– Eu tenho uma biografia. Não tenho folha corrida, como muitos que me acusaram. Nunca fui investigado na minha vida. Nunca fui acusado de nada. Ninguém pode virar bandido do dia para a noite. Aquilo foi uma infâmia que fizeram contra mim para atingir o presidente, o governo, o PT. Mas eu nunca me sinti abandonado – disse José Dirceu, em uma entrevista ao programa da jornalista Marília Gabriela, que circula pelas redes sociais.

O militante de esquerda exilado, depois eleito para a Câmara dos Deputados e ter o mandato cassado, não esconde o impacto de um dia acordar como um dos homens fortes da República e anoitecer como o chefe de uma quadrilha especializada em tráfico de influência e propina dentro do Congresso e em ministérios do então governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

– É evidente que (foi difícil) enfrentar, do dia para a noite, (o fato de ser transformado) em chefe de quadrilha e corrupto, porque a denúncia depois aceita pelo Supremo (Tribunal Federal, STF) diz isso. Sem nenhuma prova – garante, ao lembrar que, ouvidas todas as testemunhas, “nenhuma prova foi oferecida”.

Segundo Dirceu, ele foi absolvido “em todos os inquéritos e em todas as CPIs”:

– Já respondi a processos em Brasília e fui absolvido na primeira e na segunda instâncias, sofri uma devassa da Receita ao longo de dois anos e recebi um atestado de honestidade. Então, eu quero ser julgado – reafirmou.

Confusão proposital

Diante das denúncias de participação do senador Demóstenes Torres nos negócios ilícitos do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, nos quais também estariam envolvidos o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, os governadores de Goiás, Marconi Perillo; de Brasília, Agnelo Queiróz, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, entre outros deputados e empresários, Dirceu foi lembrado como um dos assessores contratados pela Delta Construções.

A empresa ocupa lugar de destaque na indústria da Construção Civil e, à certa altura, fez um contrato de assessoria com o escritório do ex-deputado petista, no valor de R$ 20 mil. O negócio, porém, segundo Cavendish, não prosperou:

– Um diretor nosso conheceu um assessor do José Dirceu. E falou pra mim: ‘Quer conhecer o José Dirceu?’ Só que fizeram um contrato de R$ 20 mil. Até hoje não consegui entender. Mas o imbecil lá resolveu fazer isso. Tanto é que, quando soube, eu disse: ‘Pode parar essa p!’. Eu estive com José Dirceu uma vez só. Ele falou sobre a Índia, outros países. E foram dizer que a Delta é o que é por causa dele. Isso é esdrúxulo – pontuou o empresário, em entrevista a um jornal paulistano.

A tentativa de ligar o nome de Dirceu ao recente escândalo que gerou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, como explicou em um artigo o presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, trata-se de uma manobra desesperada de setores da direita e de conservadores na tentativa de despistar os acontecimentos que, um dia após o outro, têm-se mostrados mais graves.

“Era preciso embaralhar as culpas do Demóstenes oposicionista com aquelas de políticos governistas. E era óbvio com quais: os acusados pelo “mensalão”. Eles e Demóstenes tinham de ser igualados. Se esse diversionismo fosse bem-sucedido, o escândalo terminaria por ser positivo: aumentaria as pressões para que o STF julgasse logo o caso”, afirmou, em artigo publicado aqui, no Correio do Brasil.

Restabelecido politicamente

Alheio à manobra dos adversários, Dirceu tratou de reforçar sua posição no PT e junto aos aliados na base de sustentação ao governo da presidenta Dilma Rousseff. Uma vez ultrapassada a última barreira do processo, possivelmente ainda este ano, caso o STF resolva julgar o caso do “mensalão”, Dirceu estará restabelecido politicamente para buscar de volta seus direitos políticos, cassados no Plenário da Câmara. Em uma recente aparição pública, ainda que rara, em um evento partidário, Dirceu foi recebido de pé por cerca de 600 militantes, além de dirigentes do partido, na sede de um sindicato no centro da capital paulista.

– Meu único objetivo é trabalhar para me defender no Supremo Tribunal Federal. Quero ser julgado o mais rápido possível. Não faço planos pra depois – afirmou.

Dirceu também colocou por terra o argumento usado por seus adversário acerca de um possível desmantelamento da ação no Supremo, com a prescrição de algumas penas previstas no processo, em agosto deste ano. Segundo afirmou, “está havendo confusão”.

– Ao que me consta, no dia 26 de agosto vai prescrever, mas é o caso concreto. É tudo o que eu não quero. Não quero que prescreva nenhuma pena daquilo de que eu fui acusado. Eu espero que o julgamento seja antes de 26 de agosto. Eu espero que o Supremo julgue antes disso, mas prescreve a pena concreta, não quer dizer que não vá ser julgado. Eu, como cidadão e como réu, quero ser julgado antes – afirmou.

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