quarta-feira, 5 de julho de 2023

JENIN

Osama Hajjaj, Jordânia | Cartoon Movement

Israel lançou uma operação militar em larga escala contra militantes palestinos no campo de refugiados de Jenin na segunda-feira.

Angola | O COMBOIO TRANSPARENTE – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O Presidente João Lourenço foi ao Lobito abrilhantar a festa da entrega do Corredor do Lobito a um consórcio multinacional. No seu discurso afirmou que Angola mostrou ao mundo que é possível entregar infraestruturas vitais a estrangeiros, com toda a transparência. 

Portugal entregou a Robert Williams o Caminho-de-Ferro de Benguela. Lisboa também falou de transparência mas o zé povinho chamou-lhe uma traição, uma capitulação ante Inglaterra, “essa impúdica bacante” como lhe chamava o poeta Guerra Junqueiro. Enfim, Angola só abdicou da joia por 30 anos. Transparência. 

Uma criancinha foi levada pelo papá ao desfile real porque sua majestade ia vestir um manto belíssimo, nunca antes visto. Quando a carruagem real passava no meio da multidão, todos diziam embasbacados: O manto real é belíssimo. É belíssimo. 

Quando a carruagem chegou junto da criancinha e seu papá, o miúdo disse espantado: O Rei vai nu! O rei vai nu! E ia mesmo O monarca era tão vaidoso, tão tolo, tão arrogante que exigiu ao alfaiate uma fatiota única, jamais vista. Depois do rei reprovar mil modelos, o pobre homem pediu a sua majestade que se despisse, todo nu! Fingiu que lhe vestiu um manto fabuloso. Ele viu-se ao espelho e murmurou: Este sim é um traje digno de mim. E foi nu para o meio da multidão.

Eu sou como a criancinha e ouso perguntar: Angola precisava de entregar as infraestruturas nacionais do Corredor do Lobito a um consórcio multinacional? Não tem 250 milhões de dólares para investir? Precisamos mesmo da esmola do Joe Biden? Precisamos mesmo da Trafigura? Não temos figuras nacionais para fazer o mesmo, isto é, meter ao bolso o dinheiro dos lucros? Não temos uma empreiteira disponível para ganhar dinheiro, precisamos mesmo da empresa do fascista Paulo Portas da UNITA? 

Transparência é, sem dúvida, o Presidente João Lourenço citar os EUA e a intervenção de Joe Biden na cimeira do G7 quando disse que o Corredor do Lobito é estratégico. Muita transparência, obrigatório reconhecê-lo, é citar o anúncio de Joe Biden na cimeira dos ricaços: Vamos investir 250 milhões de dólares no Corredor do Lobito.

Mais transparência não há. Porque investir 250 milhões de dólares em 30 anos no Corredor do Lobito é mais ou menos o que os EUA investem por mês na guerra contra a Federação Russa por procuração passada à Ucrânia.

ILHA VERDE E TERRA MORTA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Castro Soromenho (foto) é nome de escritor angolano nascido em Moçambique, filho de português e mamã cabo-verdiana. Morreu na condição de apátrida, porque lutou contra o fascismo e o colonialismo português. Viveu em Paris onde conviveu com Câmara Pires, Mário Pinto de Andrade, Paulo Jorge, Pepetela e outros angolanos notáveis. Colaborou activamente com o MPLA. Internacionalista, deu uma mão à luta de libertação da Argélia. A extrema-direita francesa condenou-o à morte e teve de refugiar-se no Brasil, onde faleceu.

Durante os anos em que viveu exilado em Paris, trabalhou na editora Gallimard e colaborou regularmente nas revistas Présence Africaine e Révolution, onde publicou contos e dois trabalhos fundamentais sobre a Rainha Jinga. Fernando Costa Andrade (Ndunduma), sobre as suas actividades no exílio parisiense escreveu:

 “Castro Soromenho e Mário Pinto de Andrade catapultaram a Literatura Angolana, a própria e a dos nomes grandes da “Mensagem”, com destaque para o prisioneiro de Santo Antão, poeta Agostinho Neto, a dos jovens da revista “Cultura”, para as páginas e os livros de várias línguas, significando a primeira mensagem revolucionária e literária do Povo Angolano levada às suas audiências”.

Perseguido pelos terroristas da OAS (extrema-direita francesa contra a Independência da Argélia) Castro Soromenho viu recusado o seu visto de permanência temporária em França. Decidiu mudar-se com a família para o Brasil. Na Embaixada de Portugal em Paris deram-lhe um passaporte com o seguinte carimbo: “Válido para regressar a Portugal via Espanha”. Se o usasse era preso mal passasse a fronteira. Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade e Luís de Almeida entraram em acção e conseguiram-lhe um passaporte da Argélia Assim continuou em França, como argelino, até Dezembro de 1965, data em que partiu para São Paulo, Brasil.

Em Angola o jovem Castro Soromenho foi aspirante e chefe de posto na Lunda, Moxico e Luchazes. As terras do Império do Muata Iânvua foram a sua paixão. Trabalhou como “aspirante” em Saurimo. Aqui começou a escrever a sua obra monumental, conhecida como Trilogia de Camaxilo que inclui os livros Terra morta, Viragem e A Chaga.

Angola | O Negócio da Inteligência Artificial – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A inteligência artificial dá os primeiros passos mas anseio pelo dia em que esteja à venda na zunga ou mesmo nas cantinas de bairro. Nessa altura, quem não tiver uns trocos para comprar o produto, o Estado deve subsidiar a compra, custe o que custar. Mesmo que tenha fome, resolva o problema da inteligência em primeiro lugar. Ainda que faminto, seja inteligente. Não tenha medo de pensar. Nunca recuse pensar. 

A falta de inteligência em alguns seres humanos tem causado tragédias terríveis. Hitler foi eleito por muitos dos que depois ele atirou para as câmaras de gás e campos de concentração. Se tivessem comprado um nadinha de inteligência, nunca votariam no nazismo. Muitas mulheres queimadas vivas nas fogueiras da Jamba seguiram Jonas Savimbi confiantes, crentes, decididas. Se tivessem pensado um segundo esperavam para ver.

Dona Isabel Paulino, uma mulher culta e inteligente, aceitou ser esposa do criminoso de guerra Jonas Savimbi. Se tivesse ficado em Paris quando concluiu o curso, hoje, quando muito, era apenas incomodada pelos miúdos que queimam e partem tudo. Mas não acabava enterrada viva no covil de um jimbo. No momento da decisão dava-lhe jeito um cartucho de inteligência artificial para evitar a tragédia que lhe custou a vida.

O material que circula nas redes sociais é perigoso porque quase sempre falso, ou simplesmente manipulado criminosamente. Mas há peças que não deixam qualquer dúvida. Eu vi e ouvi Marcolino Moco fazer um longo discurso de improviso durante a “conferência de imprensa” dos mentores do Partido Democrático Conservador. Se já existisse inteligência artificial à venda numa cantina próxima da sua mansão do Alvalade, ele tinha tomado duas ou três pilulas e não dizia as enormidades que disse. 

O antigo secretário-geral do MPLA e primeiro-ministro do primeiro governo saído das eleições multipartidárias, em 1992, disse que em 1975 “cometemos muitos erros”. E garantiu: “Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi representavam os grupos étnicos a que pertenciam.” Bastava uma pilula de inteligência para ele raciocinar. Aí percebia que o Comandante Pedalé era angolano de Cabinda. Esqueceu a etnia e lutou sob a bandeira do MPLA. O Comandante Ndozi nasceu no Soyo. Esqueceu a etnia. Foi um Herói Nacional ao qual devemos o que somos. O vencedor da Grande Batalha de Kifangondo. 

Comandante José Condesse de Carvalho (Toka). Herói Nacional. Guerrilheiro do MPLA no Norte, Centro, Leste e onde foi preciso para libertar Angola. Conterrâneo de Holden Roberto. Norman Lanvu organizou os programas em Línguas Nacionais na Emissora Oficial de Angola (RNA) com Concha de Mascarenhas, Horácio da Fonseca e este vosso criado. Parente de Holden Roberto. Lutou sob a Bandeira do MPLA.

BRICS formalizarão uma relação com a Etiópia durante sua próxima cúpula

Os países do BRICS entendem que a expansão formal do número de membros iguais pode mudar a dinâmica de toda a organização, e é por isso que está caminhando com muito cuidado e considerando compromissos pragmáticos entre a escolha de soma zero de adesão ou não adesão. Por essa razão, embora a Etiópia provavelmente não se junte como membro formal, quase certamente formalizará um relacionamento via BRICS+.

Andrew Korybko* | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

A Etiópia é o segundo país mais populoso da África, costumava ter uma das maiores taxas de crescimento do mundo antes da pandemia e é o berço histórico do pan-africanismo do continente, razão pela qual o anúncio na semana passada de que quer se juntar aos Brics gerou tanta atenção da mídia. Este Estado-civilização e seus parceiros organizacionais previstos, especialmente o núcleo Rússia-Índia-China (RIC) desse grupo, com quem já é muito próximo, se beneficiariam mutuamente trabalhando juntos por meio desse formato.

O desafio é que a adesão formal é difícil para a Etiópia obter no momento, sem que os membros existentes do bloco reconceituassem fundamentalmente o papel de sua organização devido à devastação generalizada causada pelo conflito de dois anos naquele país. Isso significa que a Etiópia não pode contribuir significativamente para acelerar os processos de multipolaridade financeira e pode até se tornar um fardo, assim como a Venezuela, pode ser se também for autorizada a aderir oficialmente durante a próxima cúpula.

O diretor do programa Valdai Club, Timofei Bordachev, moderou as expectativas sobre a possível expansão do Brics em comentários que compartilhou com a TASS na segunda-feira. De acordo com este respeitado especialista, "a questão da possível expansão é bastante atual, uma vez que muitos países em todo o mundo são atraídos pelo BRICS, vendo-o como uma alternativa às instituições ocidentais. Mas os países da organização levam esse assunto muito a sério e não têm pressa ou perseguição por recordes."

Com tantos países se candidatando a se juntar aos Brics, muitos dos quais têm economias igualmente conturbadas, mas tão promissoras quanto as da Etiópia e da Venezuela, também não seria sensato que o bloco rejeitasse seus pedidos sem formalizar uma relação para eles construírem no futuro. Aí reside a importância do modelo BRICS+ idealizado pelo guru geoeconômico russo Yaroslav Lissovolik, que representa um compromisso entre a escolha de soma zero de adesão ou não adesão.

'Catastrófico': Forças israelenses desencadeiam desastre humanitário em Jenin

Escavadeiras israelenses, disse uma testemunha ocular no campo de refugiados ocupado da Cisjordânia, "transformaram nossas ruas em migalhas", enquanto milhares fogem em meio à destruição de infraestruturas críticas.

Jon Queally* | Common Dreams | # Traduzido em português do Brasil

Milhares de pessoas que vivem em Jenin, na Cisjordânia ocupada, estão fugindo do campo de refugiados atingido pela pobreza, enquanto as forças militares israelenses continuam a atacar a infraestrutura de água, energia e saúde da cidade.

Muhammad Abu Talal, morador do campo, disse ao Middle East Eye na terça-feira - um dia depois de um ataque em larga escala das FDI deixar pelo menos 10 palestinos mortos e dezenas de feridos - que as "ruas do campo de refugiados estão todas escavadas e arrancadas" por escavadeiras usadas pelas forças israelenses.

As escavadeiras, disse Abu Talal, "não deixaram nada como está aqui, transformaram nossas ruas em migalhas".

Citando uma testemunha no terreno, o MEE relata que "edifícios residenciais foram tão severamente danificados que soldados israelenses fizeram grandes buracos nas paredes das casas para que os atiradores se posicionassem e atirassem" e os hospitais locais "foram expostos ao fogo direto de soldados israelenses com armas pesadas, o que danificou muitas de suas instalações".

Em uma atualização de terça-feira sobre a situação em Jenin, o Centro Palestino de Direitos Humanos disse que as atividades militares em andamento, incluindo bombardeios, "causaram uma queda completa de energia em todos os bairros do campo, bem como cortaram o fornecimento de água e serviços de internet, agravando a situação humanitária e isolando o campo do mundo exterior".

"Além disso", disse o grupo, "as ambulâncias foram impedidas de acessar para evacuar os feridos devido ao cerco apertado imposto ao campo e ao intenso envio de veículos militares israelenses".

CRIMES SEM CASTIGO: ISRAEL CONTINUA PROTEGIDO E PREMIADO PELOS EUA

Após última invasão, Tlaib exige que EUA parem de financiar "violento regime de apartheid israelense"

"As forças israelenses estão agora bloqueando a chegada de ambulâncias às dezenas de palestinos feridos, depois que pelo menos oito pessoas foram mortas em Jenin", disse o democrata de Michigan na segunda-feira.

Brett Wilkins* | Common Dreams | # Traduzido em português do Brasil

Na esteira de outro ataque mortal ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia da Palestina ocupada ilegalmente, a congressista Rashida Tlaib liderou na segunda-feira novos pedidos para que o Congresso corte os quase US$ 4 bilhões em ajuda militar anual dos EUA ao governo do apartheid de Israel.

As forças israelenses mataram pelo menos oito palestinos e feriram dezenas de outros no ataque matinal a Jenin, que incluiu bombardeios por drones aéreos não tripulados. A mídia israelense e internacional descreveu os ataques aéreos como os mais violentos a atingir a Cisjordânia em quase duas décadas.

Retuitando um vídeo em inglês da Al Jazeera de um trator israelense destruindo uma rua em Jenin, Tlaib (D-Mich.) - a primeira mulher palestino-americana eleita para a Câmara - afirmou que "o Congresso deve parar de financiar este violento regime de apartheid israelense".

A Voz Judaica pela Paz, com sede nos EUA, emitiu um apelo semelhante.

"Ontem à noite", disse o grupo na segunda-feira, "o exército israelense desencadeou um ataque em grande escala em Jenin, cercando a cidade palestina, impedindo as pessoas de sair e lançando ataques aéreos. A violência sancionada pelo Estado que os palestinos sofrem diariamente deve acabar. Acabar com o financiamento militar dos EUA a Israel agora."

A Campanha dos EUA pelos Direitos Palestinos chamou o ataque de segunda-feira de um "massacre horrível" que foi "financiado diretamente com US$ 3,8 bilhões por ano de nossos impostos americanos".

Lamentando que "o governo israelense esteja completamente fora de controle porque não espera enfrentar nenhuma consequência do governo Biden", o diretor executivo nacional do Conselho de Relações Islâmicas Americanas, Nihad Awad, disse que "isso deve mudar".

VITÓRIA DA JUSTIÇA DOS EUA CONTRA A CENSURA ONLINE

Um juiz da Louisiana proibiu o FBI e outras agências governamentais de pedirem às empresas de mídia social que suprimissem a liberdade de expressão, relata Joe Lauria.

Joe Lauria* | Especial para Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Um juiz federal dos Estados Unidos emitiu na terça-feira uma liminar temporária contra várias agências governamentais que as impedem de falar com empresas de mídia social com "o propósito de pedir, encorajar, pressionar ou induzir de qualquer forma a remoção, exclusão, supressão ou redução de conteúdo que contenha liberdade de expressão protegida".

O juiz Terry Doughty, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Oeste da Louisiana, decidiu que as agências não poderiam identificar postagens específicas de mídia social para serem retiradas do ar ou pedir relatórios sobre os esforços da empresa de mídia social para fazê-lo.

No entanto, as exceções só poderiam ser feitas quando se trata de crimes, ameaças à segurança nacional ou tentativas estrangeiras ou domésticas de influenciar eleições. Isso parece deixar a determinação da segurança nacional e da influência estrangeira a cargo das próprias agências governamentais, sem a aparente necessidade de uma investigação ou provas.

A decisão foi tomada no caso de uma ação movida pelos procuradores-gerais da Louisiana e do Missouri. O governo Biden deve recorrer da decisão.

Relatórios dos arquivos do Twitter nos últimos meses revelaram que o FBI e o Departamento de Segurança Interna, entre outras agências, rotineiramente entraram em contato com o Twitter para solicitar que tweets específicos fossem retirados do ar.

A Suprema Corte dos EUA decidiu que é ilegal o governo pedir a uma empresa privada que suprima a liberdade de expressão.

Kiev sob pressão para intensificar contraofensiva dias antes da cúpula da OTAN

A pressão ocorre em meio à intensificação da chantagem de Washington DC, que agora ameaça desacelerar ou cortar a chamada "ajuda militar" à junta neonazista caso suas forças não demonstrem que são capazes de avançar, tomar e manter a posição russa.

Drago Bosnic, analista geopolítico e militar independente | South Front | # Traduzido em português do Brasil

Como se a situação para as forças do regime de Kiev já não fosse ruim, o Ocidente político agora aumentou sua já enorme pressão sobre Kiev para "ter um desempenho melhor" durante a tão propalada contraofensiva contra os militares russos. Considerando as perdas desastrosas e nenhum ganho real, essa será uma tarefa praticamente impossível para as já combalidas tropas da junta neonazista. A "liderança" política (também conhecida como fantoches da Otan) em Kiev, incluindo seu líder Volodymyr Zelensky, agora está mostrando publicamente sinais de desespero e implorando às forças do regime de Kiev que "mostrem resultados" poucos dias antes da grande cúpula da Otan que deve começar na Lituânia em 11 de julho.

A pressão ocorre em meio à intensificação da chantagem de Washington DC, que agora ameaça desacelerar ou cortar a chamada "ajuda militar" à junta neonazista caso suas forças não demonstrem que são capazes de avançar, tomar e manter a posição russa. Zelensky conversou com vários jornalistas e veículos de propaganda no fim de semana na tentativa de "acalmar os rumores sobre o fracasso da contraofensiva". De fato, mesmo a propaganda ocidental não poderia ignorar a maneira desastrosa como essas operações de contraofensiva foram conduzidas, já que amplas evidências de perdas horrendas em plataformas alternativas (particularmente o Telegram) simplesmente não podem ser ignoradas.

Ainda assim, Zelensky acusou efetivamente a máquina de propaganda dominante (a mesma que o critica há cerca de um ano e meio) de espalhar "desinformação russa" sobre os resultados da contraofensiva. No entanto, não está realmente claro de onde vem a suposta "desinformação", considerando o estado real das forças do regime de Kiev, particularmente nos últimos dias. De fato, inúmeras manchetes em quase todos os países do Ocidente político transmitiram as perspectivas cada vez mais sombrias da contraofensiva, com muitos agora "sugerindo que ela pode estar falhando". Este é um grande obstáculo para as tentativas da junta neonazista de esconder suas enormes perdas.

Enquanto os fantoches favoritos do Ocidente político tentam manter viva sua narrativa insustentável, Zelensky está fazendo tudo o que pode para ajudar nesse esforço cada vez mais inútil. Afirma agora mesmo que "as chuvas torrenciais atrasaram bastante alguns processos", mas admite que "a realidade ainda é que cada quilómetro de território libertado e ganho custa vidas". Apesar dos quase US$ 170 bilhões em chamada "ajuda", Zelensky também pediu à Otan e ao Ocidente como um todo que enviem cada vez mais armas. Ele também atribuiu as perdas especificamente à falta ou à chegada tardia de sistemas de artilharia e munições, alegando que "as batalhas perdidas teriam sido vencidas se houvesse mais de ambas".

FORÇA AÉREA UCRANIANA PERDEU QUATRO AERONAVES NO ÚLTIMO DIA

Em 4 de julho, o Ministério da Defesa russo informou sobre a destruição de quatro aeronaves ucranianas no último dia. Os militares russos ainda se beneficiam de sua supremacia aérea sobre as frentes ucranianas, enquanto as forças ucranianas não interceptaram uma única aeronave russa desde o início da ofensiva, há um mês.

South Front | # Traduzido em português do Brasil

De acordo com o Ministério da Defesa russo, aviões de combate das Forças Aeroespaciais russas derrubaram um avião Su-25 ucraniano perto da vila de Grigorovka e um helicóptero Mi-8 da Força Aérea da Ucrânia perto da vila de Novogrodovka, na República Popular de Donetsk. No mesmo dia, dois aviões Su-25 ucranianos foram abatidos pelas forças de Defesa Aérea russas perto das aldeias de Georgievka, na República Popular de Donetsk, e Orekhov, na região de Zaporozhye.

Outros alvos interceptados pelas defesas aéreas russas no último dia incluíram cinco mísseis HIMARS e 14 UAVs ucranianos que foram abatidos perto das aldeias de Ploschanka, Topolevka, na República Popular de Luhansk; Krynki, Sagi, na região de Kherson; Gladkoe, Nesteryanka, Inzhenernoe na região de Zaporozhye.

No total, 449 aeronaves ucranianas, 241 helicópteros, 4887 veículos aéreos não tripulados foram destruídos desde o início das operações militares russas, de acordo com o Ministério da Defesa russo.

Ler/Ver em South Front:

Oficial ucraniano expressa insatisfação com tanques franceses enquanto França queima

Frente ucraniana nem para trás nem para frente

Conflito ucraniano é uma "oportunidade" para a CIA – William Burns

MOSCOVO JÁ ESTÁ A ARDER?

Daniel Vaz de Carvalho*

1 – A guerra das narrativas

Quando do caso Prigozhin, nos media perpassou uma alegre expectativa de “Moscovo já está a arder?” Um conhecido telefona-me em tom irónico: “Então o Putin está em fuga?” e “Agora a vitória da Ucrânia vai ser mais fácil.” Apenas pude dizer, não sei se bem se mal, que quem acredita nas televisões não faz a mínima ideia do que se passa no mundo. É espantoso que gente que há mais de um ano fala na derrota da Rússia ache agora uma vitória da Ucrânia “mais fácil”.

O caso Prigozin consumou-se em cerca de 12 horas, nenhuma unidade militar, entidade administrativa, partido representado na Duma, aderiu à pretensa “marcha sobre Moscovo”, colocando-se pelo contrário ao lado de Putin. Cumprindo a sua missão de intoxicação mental os media mais de uma semana depois continuavam a repetir insistentemente o tema da “instabilidade política na Rússia” ou “Putin vai fazer uma purga nas FA?”, ignorando o facto de o apoio a Putin ter aumentado para níveis próximo dos 90%.

Eram afirmações com ponto de interrogação no fim e aldrabices como as do Moscow News, sediado na Holanda, que como credibilidade vale tanto como o “Observatório dos direitos humanos da Síria”, em Londres, uma espécie de departamento do MI6 (serviços secretos britânicos), etc. Mas a mais estúpida foi a do paradeiro do general Surovkin: “Onde está Surovkin? Terá sido preso?” Apesar do desmentido da filha a novela prosseguiu, como se a localização de altas patentes não tivesse de ser mantida desconhecida.

É a “guerra das narrativas” – a única que o ocidente tem ganho para mascarar as perdas reais – como escreve o ex-diplomata britânico Alastair Crooke:   “Vivemos uma "guerra de narrativas", como a insistência de que apenas uma "realidade", a ideologia de "regras" liderada pelos EUA, pode prevalecer. A linguagem do ocidente abjura qualquer diplomacia séria e sinaliza que é imperativo manter a narrativa: a Ucrânia ganha, Putin perde. Washington (e a UE/NATO) não podem livrar-se da crença de que a Rússia é frágil, que suas forças armadas são pouco competentes, que sua economia entra em colapso, que Putin acabará por aceitar qualquer "ramo de oliveira" que os EUA lhe estendam”.

Trata-se de “acreditar no absurdo”. Subordinados aos interesses oligárquicos os media funcionam como câmaras de ecos, difundem falsas notícias, a realidade, é ofuscada. Narrativas são elaboradas e mantidas sem cessar, na forma de “tema e variações”. De acordo com os media:

A Rússia destruiu os seus próprios gasodutos; bombardeou a ponte sobre a Crimeia; atacou a sua central nuclear de Zaporozhye (agora prepara-se para a destruir!); atacou o Kremlin com drones; destruiu a sua barragem e central hidroelétrica de Kakhovskaya, inundando os seus campos e aldeias, destruindo suas defesas militares, dificultando o abastecimento de água à Crimeia; a Rússia está derrotada e os soldados desmoralizados.

Na Rússia, como em qualquer país que não obedeça totalmente ao ocidente, não existe um governo, uma Constituição, eleições, existe um “regime”, uma “autocracia”. Não é necessário apresentar provas do que se diz, basta repeti-lo vezes sem conta. Quem o negar entra na lista de suspeitos.

O ocidente está saturado de propaganda destinada a manipular a forma como o público pensa, age, trabalha, compra e vota. Os trabalhadores dos media testemunharam estar sob constante pressão para espalhar narrativas favoráveis ao status quo político do império americano. Os media apoiam todas as guerras dos EUA e mobilizam-se para os objetivos da política externa dos EUA, exibindo preconceitos contra os governos visados pelo império, claro que isto só acontece com um mínimo de pensamento crítico. (Caitlin Johnstone)

As campanhas mediáticas mascararam como os acordos de Minsk foram traídos ou a expansão da NATO, escamoteiam o neonazismo instaurado em Kiev. Aos media compete garantir que ao poder hegemónico é dado fazer coisas más em nome da "ordem internacional baseada em regras". Chantagem financeira, agressões, assassinatos seletivos (como os ordenados pelo prémio Nobel da Paz Obama no Paquistão e respetivos “danos colaterais”) passam sem crítica.

Assange denunciou estas situações, inclusive os assassinatos de jornalistas da Reuters, Saeed Chmagh e Namir Noor-Eldeen, entre outros, sendo baleados por um helicóptero dos EUA. Julian Assange está preso no Reino Unido, tendo pendente a extradição para os EUA para ser preso por 175 anos.

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