sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Portugal covidado | 69 mortos e recorde de 6600 casos diários

Portugal passa os 200 mil casos de covid em dia de novo recorde e mais 69 mortos

Portugal ultrapassou, esta sexta-feira, os 200 mil casos de covid-19 desde o início da pandemia, registando o pior dia sempre em número de infeções. Os óbitos são 69, terceiro pior registo de sempre.

Sexta-feira 13, com números assustadores de covid-19 em Portugal. Um recorde de casos diários, pela segunda vez numa semana acima dos 6600 casos, e mais 69 óbitos, o terceiro pior dia de sempre, só superado pelos 82 de quarta-feira e os 78 de quinta-feira.

Nove meses e uns dias depois de diagnosticados os dois primeiros infetados com o vírus da SARS-CoV-2, Portugal ultrapassou os 200 mil casos da doença. E com estrondo, registando um novo máximo diário de 6653 infeções, elevando o acumulado para 204664. Isto é, cerca de 2% da população portuguesa ficou infetada com o novo coronavírus.

Com mais 70 mortes registadas, são agora 3250 as vidas perdidas para a covid-19 desde o início do ano. Em 13 dias de novembro, a doença já levou 743 portugueses, cerca de 23% do total de vítimas mortais desde o início da pandemia. Em outubro, 31 dias corridos, pereceram 497 pessoas por causas associadas à doença.

Hoje, como no acumulado dos nove meses da pandemia, a Região Norte (RN) é a mais afetada pela doença, tendo perdido mais 32 vidas, para um acumulado de 1491 óbitos desde 16 de março, quando a covid-19 reclamou a primeira vida em Portugal. Em termos percentuais, os óbitos a norte representam quase 23% do total nacional, praticamente uma em cada quatro vidas apagadas pela doença causada pelo novo coronavírus.

Desde o início do mês há mais 677 pessoas hospitalizadas

A situação nos hospitais não dá sinais de abrandar, com o número de internados a subir para 2799 (mais cinco do que na quinta-feira), dos quais 388 em unidades de cuidados intensivos (mais cinco, também). Novos máximos em ambos os casos, com mais 677 pessoas internadas desde que começou o mês, 104 das quais em UCI.

Segundo o boletim diário da DGS, emitido esta sexta-feira, há mais 2891 casos ativos de covid-19 em Portugal, para um somatório de 84032 pessoas infetadas atualmente. O total de contactos em vigilância ascende a 90425, mais 750 do que na quinta-feira.

Das 204 mil pessoas que já sofreram os efeitos da covid-19, mais de metade já está recuperada. Dados desta sexta-feira, com mais 3693 recuperados nas últimas 24 horas, são agora 117382 as pessoas que venceram a doença.

Peste negra na idade grisalha

É já do conhecimento comum, e amplamente divulgado por muitos responsáveis, ao jeito de encolher de ombros, que a covid-19 é particularmente fatal para os mais idosos. Os números desta sexta-feira confirmam essa tendência, verdadeira peste negra entre os cabelos mais grisalhos do país: das 69 vítimas mortais, 43 (19 homens e 24 mulheres), tinham mas de 80 anos. Mais de quarenta vidas longas que representam 62% do total diário.

Noutra faixa etária de cabelos grisalhos e brancos, a dos 70-79 anos, perderam-se mais 25 vidas (15 homens e 10 mulheres), enquanto no escalão dos recém-reformados (60-70 anos) foram registados nove óbitos (três homens e seis mulheres). O total diário fica completo com duas vítimas mortais com mais de 50 anos e menos de 59, uma de cada sexo.

Augusto Correia | Jornal de Notícias

Portugal | Denúncias e resistência levam Pingo Doce a recuar

A indignação generalizada fez a empresa recuar na sua decisão de abrir às 6h30. Entretanto, António Costa sublinhou que as grandes superfícies não podem abrir antes das 8h e têm que fechar às 13h.

A Jerónimo Martins voltou atrás e vai manter os horários habituais nas suas lojas Pingo Doce no fim-de-semana, depois da controvérsia sobre a antecipação da abertura para as 6h30, anunciou ontem o grupo.

Na quinta-feira, a Jerónimo Martins tinha anunciado que iria antecipar a abertura da «maioria das suas lojas» Pingo Doce devido às limitações de circulação.

Perante as «múltiplas interpretações, também de implicação política, que têm vindo a ser feitas e veiculadas ao longo das últimas horas e ao nível da discussão pública gerada, o Pingo Doce informa que os horários habituais das suas lojas se manterão inalterados», conclui a empresa.

Viram por aí a democracia?

Instaura-se gradualmente o regime autoritário, de preferência através do abastardamento das instituições democráticas,  até que, na prática, se esfumem os restos de democracia.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Que há de comum entre a farsa globalizada das eleições norte-americanas e a banalização da imposição de situações que reduzem a pouco mais que resquícios os direitos cívicos dos cidadãos a pretexto, por exemplo, da saúde pública?

Na verdade, tudo. São manifestações comuns de uma maneira cada vez mais excepcional de olhar a sociedade em todo o mundo gerido pela ortodoxia neoliberal, ditada pela crise em que continua a afundar-se a própria ortodoxia neoliberal.

Com algum pudor, que é importante assinalar, ao mesmo tempo fala-se cada vez menos de democracia. Está implícito que tudo continua a processar-se em nome da democracia, assim prosseguindo a transição para a institucionalização do autoritarismo globalizado, mecanismo político com o qual o neoliberalismo se identifica na perfeição. Ou seja, instaura-se gradualmente o regime autoritário, de preferência através do abastardamento das instituições democráticas, até que, na prática, se esfumem os restos de democracia – entendida como manifestação da vontade popular.

Para isso é preciso ensinar os povos a comportar-se como um imenso rebanho obediente e, como todos sabemos, já estivemos bem mais longe disso.

Ascensão de Hitler ao poder

Wikipédia

A ascensão de Adolf Hitler ao poder começou na Alemanha em setembro de 1919, quando Hitler juntou-se ao partido político conhecido como o Deutsche Arbeiterpartei (abreviado como DAP - Partido dos Trabalhadores Alemães); o nome foi mudado em 1920 para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista).

Fatores como o início da Grande Depressão (1929), desemprego maciço, as humilhações do Tratado de Versalhes (1919), o descontentamento social com o regime democrático ineficaz, o apoio do povo alemão aos partidos socialistas e o temor de uma revolução socialista levaram a alta burguesia alemã, empresários e o clero a apoiarem a extrema direita do espectro político, optando por extremistas de partidos como o Partido Nazista.

Histórico

De 1925 a 1930, o governo alemão passou de uma democracia para um regime conservador-nacionalista do presidente e herói da Primeira Guerra MundialPaul von Hindenburg, que se opôs à natureza liberal democrática da República de Weimar.[1] O partido que apoiou um estado mais autoritário, foi o Partido Popular , porém depois de 1929, cada vez mais, o público passou a apoiar os nacionalistas mais radicais.

Nas eleições de 1928, quando as condições econômicas tinham melhorado após o fim da hiperinflação de 1922-23, os nazistas ganharam apenas 12 lugares no Reichstag. Após a Crise de 29, nas eleições de 1930, eles ganharam 107 lugares, tornando-se o segundo maior partido parlamentar. Após as eleições de julho de 1932, os nazistas tornaram-se o maior partido no Reichstag, com 230 lugares. Porém o Partido Nazista não conseguiu uma maioria parlamentar até a nomeação de Hitler como chanceler da Alemanha. Hindenburg mostrou-se relutante em dar qualquer significativo poder para Hitler, mas o ex-chanceler Franz von Papen e Hitler trabalharam em uma aliança entre os nazistas e o DNVP com a intenção de criar um regime autoritário e organizado: a fim de controlar Hitler, foi nomeado um gabinete ministerial que permitiria que Hitler assumisse o cargo de chanceler sujeito ao controle dos conservadores tradicionais, sendo que os nazistas seriam uma minoria no gabinete. Após tentativas do General Kurt von Schleicher para formar um governo viável, von Schleicher colocou pressão em Hindenburg por intermédio de seu filho Oskar von Hindenburg para eleger Hitler chanceler, bem como intrigas de ex-chanceler Franz von Papen, líder do Partido do Centro Católico. Assim em 30 de Janeiro de 1933 Adolf Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha (Reichskanzler) por Hindenburg (a Machtergreifung), sendo o gabinete ministerial em seguida dissolvido por Hitler.

Embora os nazistas tivessem ganho a maior parte dos votos nas duas eleições gerais do Reichstag em 1932, não tinham maioria, e apenas uma pequena parcela no parlamento aceitava suas propostas, o DNVP-NSDAP. Na noite de 27 de fevereiro de 1933 o edifício do Reichstag foi incendiado e o holandês comunista Marinus van der Lubbe foi encontrado no interior do edifício. Segundo testemunhas, Lubbe foi encontrado extremamente vermelho, completamente fora de si, e gritava sem parar a palavra "Revolução! Revolução!". Ele foi preso e acusado de iniciar o incêndio. O evento teve um efeito imediato sobre milhares de anarquistas, socialistas e comunistas em todo o Reich, muitos dos quais foram enviados para o campo de concentração de Dachau. Os alemães passaram a se perguntar se o incêndio seria um sinal para iniciar uma revolução comunista.

Durante o mesmo ano de 1933, o Partido Nazista eliminara toda a oposição. Os social-democratas (SPD), apesar dos esforços para apaziguar Hitler, foram proibidos no parlamento em Junho. Entre junho e julho os Nacionalistas (DNVP), o Partido Popular (DVP) e o Partido do Estado (DStP) foram desmantelados. O Partido do Centro Católico dissolveu-se em 5 de julho de 1933. Em 14 de Julho de 1933 a Alemanha foi oficialmente declarado um estado de partido único por um decreto-lei:

O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães constitui o único partido político da Alemanha. Aquele que tentar manter ou formar um novo partido será punido com trabalhos forçados por três anos ou com prisão de seis meses a três anos, se a ação não estiver sujeita a penalidade maior, em conformidade com outros regulamentos.

O Reichstag aprovou em 24 de maio de 1933 o Ato de Autorização pelo qual transmitia suas funções legislativas ao poder executivo - no caso Hitler. Durante o regime nazista o Reichstag reuniu-se em torno de 12 vezes, nunca sustentou debates, votações, ou discursos — com exceção dos de Hitler –, tendo aprovado somente quatro leis (A Lei de Reconstrução de 30 de maio de 1934 — no qual abolia a autonomia dos estados da Alemanha –, e as três leis antissemitas de Nuremberg em 15 de novembro de 1935). Inúmeros ministérios deixaram de se reunir no regime nazista — embora continuassem existindo na teoria — como o Conselho Secreto do Gabinete (Geheimer Kabinettsrat) e o Conselho de Defesa do Reich (Reichsverteidigungsrat), cujas funções passaram a ser executadas por Hitler.[3]

Com a morte de Hindenburg em 2 de Agosto de 1934, Hitler fundiria os cargos de Reichspräsident e Reichskanzler no novo título Führer und Reichskanzler, tornando-se chefe das forças armadas, então o exército passou à prestar um juramento de fidelidade à Hitler. Em outubro de 1933, a Alemanha retirou-se da Sociedade das Nações, uma organização que Hitler desprezava. A Alemanha, por fim, transformou-se em um estado nacionalista, onde não-arianos e oponentes do nazismo eram excluídos da administração, e o sistema judiciário tornou-se subserviente ao nazismo. Campos de concentração foram criados para receber prisioneiros políticos, sendo durante a Segunda Guerra Mundial utilizados para reunir judeusciganos e eslavos e outros grupos considerados "inferiores" pelos nazistas.

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Portugal | Ver o PSD morrer

Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Nenhum democrata, independentemente do quadrante político, pode olhar com indiferença para o caminho que o PSD, partido basilar da Direita democrática, decidiu trilhar. Mais ainda: ninguém, por mais longe que esteja politicamente do PSD, pode conceber que este partido tenha resolvido romper a cerca sanitária com o fascismo, a xenofobia, o racismo ou a misoginia. Pior ainda: é difícil acreditar que isto - isto que efectivamente está a acontecer - seja verdade. Que pelas mãos de Rui Rio, aquele que dizia querer recentrar o partido ou equacionar um novo bloco central, o PSD entre num processo de autofagia, deixando milhares de sociais-democratas órfãos, gente que jamais aceitará que o oportunismo de uma liderança à deriva corroa os princípios basilares da sua decência, dos pilares fundamentais da democracia e do seu humanismo. Há países europeus onde o centro-direita resiste (há décadas!) a alianças com uma extrema-direita que vale quase 20%. Em Portugal, para o PSD de Rui Rio, bastou um deputado, uns meses e umas sondagens.

Em Junho, Rio afirmava que "ainda ficamos racistas com tanta manifestação contra o racismo". No seu caso particular, demorou cinco meses. O que era um acordo regional nos Açores alastrou rapidamente para a possibilidade de um entendimento a nível nacional com o Chega (CH). "O apoio às nossas propostas não se recusa", esclarece Morais Sarmento. João Miguel Tavares, agora arauto do ardil, compara a castração química defendida pelo CH à defesa das 35 horas de trabalho na Função Pública (esperamos então pela comparação da defesa da pena de morte com a defesa da nacionalização dos CTT, ou a comparação da defesa do confinamento de ciganos com a defesa do fim das verbas para o Novo Banco). Deputados do PSD saem da toca para defender que o CH não é racista nem xenófobo, o autarca Salvador Malheiro recupera a história da AD e desonra a memória de Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Ribeiro Teles. Vale tudo. Ventura e Rio usam o Twitter em simultâneo como se fossem gémeos separados à nascença, brincando com o fascismo à boa maneira de Trump e Bolsonaro. Morais Sarmento cria "fake news", afirmando que o BE não condena a Coreia do Norte. Ventura escreve que Portugal pode estar no bom caminho se "deixar de ser um país de maricas", horas depois de Bolsonaro ter dito o mesmo sobre as mortes com covid-19 no Brasil. Ventura agradece a Rio as palavras "em que se admite um entendimento com o CH a nível nacional". Rio escuta. Ventura sorri e nem deve acreditar na facilidade da passadeira que lhe estendem.

Quem é Rui Rio, afinal? A normalização do fascismo, acreditando que se pode moderar pelo contacto e tornar pequenino, é como acreditar que há carne boa que se possa comer numa ratazana. Foi assim que o fascismo cresceu por toda a Europa nas últimas décadas e foi tudo isso que a História do século XX nos ensinou. Basta ver quem "frequenta" o CH. Não há moderação possível para um racista ou um xenófobo. Está lá, intrinsecamente. O PSD esvai-se. Incompreensivelmente. Irresponsavelmente.

-- O autor escreve segundo a antiga ortografia

Sete mortos | Mais dois casos de legionela, Deco denuncia falta de inspeção

PORTUGAL

A Deco/Proteste diz que faltam inspeções à qualidade do ar que possam prevenir o surgimento de surtos como o da legionela, que está a afetar os concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor lamenta que as auditorias periódicas obrigatórias tenham sido extintas em 2013 e diz que só através delas é possível "detetar deficiências" e salvaguardar a saúde pública. Entretanto, o surto do litoral Norte já regista mais dois casos no Hospital de S. João, no Porto. São agora 74, distribuídos pelos hospitais S. João, Pedro Hispano e Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, e sete mortos.

"A lei não impõe o controlo da qualidade do ar interior dos edifícios públicos ou de uso pelo público. As auditorias periódicas obrigatórias à qualidade do ar interior foram eliminadas pelo decreto-lei n.º 118/2013, de 20 de agosto, mas só através destas é que podem ser detetadas deficiências nos sistemas de climatização", frisa a Deco/Proteste.

É um facto que é obrigatório o cumprimento de valores-limite, mas, sem inspeções, o seu cumprimento é difícil de assegurar.

Portugal | Afinal, quais são os horários nos próximos dois fins de semana?

A regra, explicou António Costa, é "às 13h, tudo fechado".

Afinal, quais são os horários nos próximos dois fins de semana?

A regra, explicou António Costa, é "às 13h, tudo fechado".

Olhando para os concelhos de riscoque agora são 191 - existe a proibição de circulação na via pública entre as 23h e as 5h nos dias de semana e aos fins de semana a partir das 13h. 

Por este motivo, a resolução do Conselho de Ministros determina que, durante o fim-de-semana, a "abertura do comércio será a partir das 8h e o encerramento às 13h". 

Relativamente aos centros comerciais, as lojas dos mesmos também devem fechar a esta hora. 

Em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, António Costa explicou que fora da obrigatoriedade de encerramento entre as 13h00 e as 08h00 nos próximos dois fins de semana estão algumas "pequenas lojas" até 200 metros quadrados com porta aberta para a via pública, o que significa que "não são lojas que estão dentro dos centros comerciais".

E os restaurantes? Relativamente à restauração, o Governo manteve a medida. Todos os estabelecimentos devem encerrar às 13h00, sendo que a partir dessa hora só podem funcionar através de entrega ao domicílio.

Quais são as exceções ao "tudo fechado"? 

A resolução do Conselho de Ministros, saliente-se, prevê algumas exceções, o que significa que há estabelecimentos que podem continuar abertos depois das 13h00, "em certos casos restritos". São os seguintes: 

Farmácias;

Clínicas e consultórios;

Estabelecimentos de venda de bens alimentares até 200 m2 com porta para a rua;

Bombas de gasolina.

Aberturas só depois das 8h00

O Governo decidiu ainda que o comércio só pode abrir a partir das 8h00, acabando assim com possíveis mal-entendidos sobre o assunto e pouco depois de ter terminado a polémica relacionada com a abertura antecipada dos supermercados. 

No final da tarde de quinta-feira, antes da conferência de imprensa de António Costa, a Jerónimo Martins voltou atrás e vai manter os horários habituais nas suas lojas Pingo Doce no fim de semana, depois da controvérsia sobre a antecipação da abertura para as 6h30.

Notícias ao Minuto

Marcelo agarra a oportunidade e dá ambas as mãos à extrema-direita

No Observador:

Marcelo precipitou governo de direita nos Açores

Para não repetir gesto de Cavaco com Passos, Marcelo deixou claro que não queria que fosse dada posse ao PS nos Açores e abençoou solução de direita. PSD preferia que Cordeiro caísse no Parlamento.

O PSD tinha preferido esperar,  o PS protestou, mas houve uma novidade saída da indigitação de José Manuel Bolieiro como presidente do Governo Regional dos Açores: pela primeira vez na história eleitoral, foi dada posse ao líder da segunda força mais votada das eleições, sem que o partido mais votado tivesse antes essa possibilidade. O Representante da República na região, Pedro Catarino, foi quem deu a cara pelo processo e geriu as negociações no terreno; mas o Observador sabe que foi Marcelo Rebelo de Sousa o obreiro da solução.

ABRA A CARTEIRA

Acima o texto no Observador. Trabalho de Rui Pedro Antunes e de Miguel Santos Carrapatoso, imagem de José Sena Goulão/Lusa. Chamam-lhe “Premium”. É pago, se quiser ler na íntegra. Abra a carteira. Reproduzimos o chamariz:

Rebelos & Marcelos

De rebelos conhecemos os barcos rebelos e se formos ao dicionário (ou ao Google) decerto haverá mais rebelos. Para além disso existem os Rebelos de Sousa, família de elite, um desses, agora, até é Presidente da República, Marcelo, que hoje é um dos protagonistas da notícia do Observador. Sem incluir beijinhos a esta, a este e aqueloutro. Mas com um abraço apertado, talvez comovido, à extrema-direita portuguesa, ao Chega – que facilmente antevimos e já demonstrou ser um partido fascista e racista, a preconizar às claras castrar quimicamente pedófilos e a extirpar ovários às mulheres que abortem por vontade própria.

Será de admirar a postura, atitude, de Marcelo, ao apoiar e talvez ser o arquiteto da aliança político-partidária da extrema-direita após as eleições nos Açores? Devemos perguntar.

Pergunta que envolve grande retórica mas que esclarece quase a cem por cento portugueses atentos que não esquecem que Marcelo nasceu e viveu (bem) durante a vigência da ditadura fascista de Salazar, que fez parte da elite que pretendeu alguma abertura do regime salazarista (mantendo Salazar) e que se sentiu como peixe na água com a falsa abertura do Marcelismo personalizado por Marcelo Caetano, nomeado (não eleito), primeiro-ministro após a “queda” de Salazar e sua morte posterior. Nesse período vimos a falsa Primavera Marcelista a acenar com a democracia que nunca surgiu e não surgiria caso os capitães de Abril não enveredasse pela Revolução de Abril, o depusessem e o atirassem para o exílio no Brasil. Foi a liberdade e a abertura para a democracia ansiada pelos portugueses. A liberdade para os presos políticos que enchiam as prisões do fascismo salazarista que Marcelo Caetano – padrinho de Marcelo Rebelo de Sousa - nunca libertou mas que as portas de Abril abriram.

Naturalmente que não é surpresa Marcelo Rebelo de Sousa dar ambas as mãos ao Chega e aos cheganços que a direita tem protagonizado e protagonizará, ele é ideologicamente de direita – como imensos pseudo sociais-democractas do PSD e até no Partido Socialista, as dezenas de anos pós 25 de Abril de 1974 comprovam-no.

Afinal, os bons filhos à casa tornam. A “viagem” que possam ter feito com a bandeira da democracia teve por objetivo avacalhar a democracia de facto, destruí-la. Foi uma obra de décadas que estará a chegar ao seu epílogo se os portugueses não ganharem consciência de quem é quem e que não é com beijinhos, abraços, populismos, com fantochadas que se constrói uma sociedade democrática, livre e justa, em que as populações não tenham dificuldades em meter comida na mesa, nem seja explorada à laia do esclavagismo e das chantagens patronais, ameaças de desemprego, salários injustos, etc.

Curiosamente, Ana Gomes, candidata a Presidente da República nas próximas eleições presidenciais, salienta no Twitter, a referida notícia do Observador e comenta acertadamente o evidente. Moderadamente poderá considerar-se incluído no menu de "suspeitas" - o que é mau, muito mau. Que nos pode levar a sombras do passado.

O desmentido ou a explicação pode vir a existir mas não garante que corresponda a verdade intrínseca nem seja desprovida de cinismo, fácil de exibir para certos atores. Assim, quem vai acreditar no que será dito?   

Ana Gomes

@AnaMartinsGomes

Se isto ñ for desmentido, explica-se porq PR nada diz sobre o prato envenenado apresentado pelo seu partido, o PSD, p/ chegar “ao pote” açoriano: o “chef” serve fria a “vichyssoise”... Quente, só “vol au vent” de PS, quando chegar a época da caça ...

O que fôr soará. Só não sabemos quando. Certo é que o fascismo avança por muitos países do mundo e aqui em Portugal está a seguir o seu caminho. A destruição da democracia de facto é factual, também na UE e em Portugal. É notório o avanço do esclavagismo moderno na mentalidade revelada por grandes empresários que se recusam a pagar horas extraordinárias aos seus empregados. Não as pagam, ponto final. É evidente a "democraciazinha" existente abrigada nas disposições governamentais e ausência da fiscalização do trabalho. Isso é só um dos muitos exemplo que aqui podiam constar. Afinal para onde vamos? A resposta: para um fascismo democrático. Democrático?

MM | PG

“Nova” ultradireita não é fascista… ainda

#Publicado em português do Brasil

Há proximidade. Para Gramsci, o fascismo surge em momentos de crise do capitalismo, inflado pelo medo da burguesia diante dos movimentos populares. Mas ultradireitistas não conseguiram superar a classe que os impulsionou… até agora

Grupo de Pesquisa Poder Global, Desigualdade e Conflito (RGPIC) | Outras Palavras

A QUESTÃO FASCISTA

Nesta série de artigos, os autores Noah Bassil, Karim Pourhamzavi e Gabriel Bayarri refletem sobre a extrema direita contemporânea. Eles questionam o conceito de fascismo e fazem uma análise a partir dos conceitos de cesarismo e bonapartismo para entender o fenômeno global.

Você pode ver o trabalho dos autores em inglês através de seu blog no Grupo de Pesquisa Poder Global, Desigualdade e Conflito (RGPIC) , da Universidade Macquarie, em Sydney, Austrália. A série também está sendo publicada em espanhol na revista anticapitalista Viento Sur: https://vientosur.info/

Para entrar em contato com os autores, escreva para: mecentre@mq.edu.au

Título original do texto a seguir: “Trump e Bolsonaro: A Questão Fascista”

Leia a primeira parte do texto: Seria fascista a “nova” ultradireita?

Este artigo aborda um tema que surgiu nas discussões de diferentes estudiosos sobre a linguagem que está sendo usada para descrever os líderes populistas de direita contemporâneos neste período de crise na ordem capitalista neoliberal. Um número significativo de acadêmicos, incluindo acadêmicos marxistas, rotulou Trump e Bolsonaro como fascistas [1]. Nenhum de nós chamaria Trump ou Bolsonaro de fascistas ou proto-fascistas. Isto não se deve a nenhuma distinção que fazemos em termos de retórica, ideologia ou atitude. Acreditamos que tentativas de definir Trump, e outros populistas de direita da mesma classe, como fascistas ou não, não estão abordando o ponto central. A questão não é se Trump e Bolsonaro são individualistas ou coletivistas, ou se empregam demagogia, ou se visam minorias para explicar o declínio do povo, ou volk. De muitas maneiras, tanto Trump como Bolsonaro têm o suficiente destas características para serem definidos como fascistas.

Queremos examinar as condições necessárias para que o fascismo surja plenamente. Apesar de estar em uma época de crise, as condições ainda não foram totalmente preenchidas. A questão da crise é central para este projeto. A explicação de Gramsci sobre a crise, sua teorização da hegemonia e a articulação do fascismo como forma de Bonapartismo-Cesarismo é de imenso valor para nós como pesquisadores, e para a investigação do atual mal-estar político.

Trump e Bolsonaro significam uma época de crise não resolvida onde, em termos gramscianos “…o velho está morrendo e o novo não pode nascer; neste interregno surge uma grande variedade de sintomas mórbidos.” Por enquanto, devemos detalhar as razões pelas quais acreditamos que nem Trump nem Bolsonaro podem ser chamados de fascistas.

Há uma tentação compreensível de usar o rótulo de fascista para qualquer movimento político ou social que usa o racismo e o medo para oprimir os direitos dos trabalhadores e minorias, e que valoriza a “nação” e militariza a sociedade. No entanto, a esquerda deve usar o rótulo de forma judiciosa e com compreensão e memória do que enfrenta para projetar um desafio viável. É com isto em mente, que investimos tempo no exame desta questão.

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