segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ZIMBABWE, HIPERINFLAÇÃO E MODELOS SIMILARES CAMUFLADOS (3)



Rui Peralta, Luanda (continuação - ler anteriores)

IV - O Zimbabwe ocupa uma área de cerca de 390 mil km quadrados, habitado por, aproximadamente 10 milhões de pessoas. Não tem saída para o mar (o seu ponto mais próximo do Oceano Indico dista 200 km), sendo as suas fronteiras a Noroeste com a Zâmbia, a Nordeste e a Este com Moçambique, a Sul com a África do Sul e a Sudoeste com o Botswana. A maior parte do seu território encontra-se a 1400 m sobre o nível do mar, mais baixo a Noroeste, descendo sobre o rio Zambeze e a Sudeste, nas margens do Limpopo. O ponto de maior altitude, Inyangani, encontra-se a cerca de 2600 m do nível do mar. O rio Zambeze traça a fronteira com a Zâmbia e as suas águas atravessam 2/3 do território do Zimbabwe. Na estação das chuvas (de Novembro a Março), as temperaturas variam entre os 22 e os 30 graus centígrados e na estação seca entre os 14 e os 20. A pluviosidade é de 1400 mm na região montanhosa oriental e de 400 mm na região meridional. A floresta cede o lugar á savana e volta a reaparecer, como floresta tropical, no extremo oriental do país. O solo é fértil e rico em depósitos minerais. §26% da população vive nos centros urbanos (60% da população urbana concentra-se em Harare e Bulawayo). As províncias orientais são as mais populosas. A grande maioria da população é banto, sendo os Shona o grupo maioritário (76%), seguido dos Ndebele (16%), concentrados no sudoeste. Quanto á população branca representa 1,5% do total populacional.

Originalmente a região era habitada pelos caçadores e recolectores bosquímanos. Entre o século V e o século X da nossa estes territórios são colonizados por povos bantos provenientes da região dos Grandes Lagos. A colonização banto empurrou os bosquímanos para o deserto e zonas áridas. Os que permaneceram nos domínios do colonizador foram escravizados e numa fase posterior, assimilados. Os povos que colonizaram esta região originaram uma rica e diversificada civilização, bastante complexa, denominada Zimbabwe devido às suas estruturas arquitectónicas (Zimbabwe, grande casa de pedra) já conhecido, por nome pelos mercadores arabes no século XV. Nesta civilização desenvolveram-se dois reinos: Monomotapa e Changa mira, ambos visitados pelos portugueses no seculo XVI, tornando-se estados vassalos da coroa portuguesa, situação que mantiveram até finais do século XVII. No século XVIII a explosão demográfica sentida na África Austral provocou grandes alterações políticas e sociais na região situação agravada no século XIX, quando os Ndebele atravessaram o Limpopo, fugindo dos boers. Os Ndebele estabeleceram-se no Zimbabwe e forçaram os Shona a movimentarem-se para Norte, mas pouco tempo depois o Império Britânico, desde a colónia do Cabo, penetra no território e ocupa terras aos dois grupos tribais.

Em 1894 esses territórios tornaram-se o Estado da Rodhésia, sob administração da BritishSouth África Company, fundada em 1889 por Cecil Rhodes. Quatro anos depois o território é dividido em três regiões, duas a Norte (em 1911 unificados na Rodésia do Norte, actual Zâmbia) e uma a Sul, a Rodésia do Sul, que em 1923 torna-se colónia britânica. Trinta anos depois as duas Rodésias e a Niassalândia (actual Malawi) formam a Federação da Africa Central, dissolvida em 1963. Dois anos depois a população branca da Rodésia do Sul rompem com a Grã-Bretanha e impõem um regime racista, formado pela minoria branca.

O governo da Frente Rodesiana, liderado por Ian Smith, inicia um programa de  reconstrução económica. mas o carácter racista do novo regime minoritário provocou a revolta da maioria negra, que iniciou os seus protestos em 1957, com manifestações, greves, paralisações, sempre duramente reprimidas pelo governo de Ian Smith e seus alcoólatras da racista Frente Rodesiana. Na década de 60 duas organizações decidem passar á luta armada: a ZAPU (União do Povo Africano do Zimbabwe, fundada em 1961 por Joshua Nkomo) e ZANU (União Nacional Africana do Zimbabwe, fundada por Shitole, em 1963, á qual aderiu Robert Mugabe, dissidente da ZAPU). Em 1976 os dois movimentos coligam-se na Frente Patriótica (sob a égide do Presidente zambiano Kenneth Kaunda), participando nas reuniões internacionais entre o governo de Salisbúria, liderado por Ian Smith, do UK e dos diferentes sectores oposicionistas. Três anos depois a Frente Patriótica (PF) não participa nas eleições, que também não foram reconhecidas pela ONU.

Deste acto eleitoral, ganho pelo bispo Abel Muzorewa, que liderou o governo durante breves meses, nasceu o Zimbabwe-Rodésia. Muzorewa foi forçado a demitir-se, devido ao recrudescimento da guerra civil e ao problema do reconhecimento internacional (a ONU não reconheceu as eleições, logo o governo surgido dos resultados eleitorais não tinha legitimidade internacional) e o pais foi temporariamente administrado pelo UK, até às eleições de 1980, ganhas pela ZANU, com 63% dos votos (57 deputados entre os 100 lugares - dos quais 80 em disputa - que formavam o Parlamento), contra 24% (20 deputados) da ZAPU e 8% (3 deputados) do UANC (United African National Council) de Muzorewa. A Frente Rodesiana ficou com os restantes 20 lugares, reservados pela Constituição, aprovada por todos nas negociações ocorridas durante o mandato britânico, apos o breve e fugaz governo de Muzorewa.

A 18 de Abril de 1980, o Zimbabwe proclamou a independência e assumiu o seu lugar no quadro das nações. Com a independência o povo zimbabweno aprenderia uma verdade dura, que os povos das outras nações já haviam aprendido: no âmbito do Estado-Nação o problema reside no Estado. As soluções encontram-se, sempre, na Nação...

V - A inflação é o aumento do nível geral de preços, medida pela taxa de inflação, ou seja, pela percentagem anual desse  aumento. Podem ser considerados três níveis, ou graus. de inflação: 1) inflação moderada, quando o nível de preços regista uma subida que não distorce os preços e os rendimentos; 2) inflação galopante, que corresponde a uma taxa de 50% a 200%; 3 )hiperinflação, que é a inflação com taxas muito elevadas, por exemplo, a mil, 1 milhão , mil milhões por cento ao ano. Este nível é a distorção total da realidade económica e social. 

Existem processos de inflação continuada, que se tornam previsíveis (a inflação por inércia), sendo a taxa incorporada nos contratos e nas expectativas das economias. A inflação pode, também, ter a procura como causa (inflação pela procura), ou a oferta (inflação pelos custos). Seja qual for o nível ou o tipo, a inflação afecta sempre os rendimentos. Na actualidade os governos e os bancos centrais (nas economias onde os bancos centrais gozam de um estatuto de autonomia), calculam a inflação recorrendo a índices de preços, médias ponderadas dos preços de milhares de produtos diferentes. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) quantifica o custo de um cabaz de produtos e serviços, comparativamente com o custo desse cabaz num determinado ano base. 

Os dois níveis perigosos de inflação (galopante e híper) são autênticos pesadelos para os povos e conduzem a fenómenos de regressão social. Argentina, Chile e Brasil conheceram estes graus inflacionários nas décadas de 70 (inflação galopante, com taxas de 50% a 200% ao ano)  e 80 (hiperinflação, com taxas que atingiram os 700% ao ano). A Rússia experimentou os seus efeitos nas décadas de 20 e de 90 e os USA no seculo XIX (durante a Guerra Civil) e no século XX, durante a Grande Depressão na década de 20. Na mesma decada a Alemanha viu a irrealidade tomar conta do protestante espirito germânico (daí ao pesadelo nazi, foi um pulo).

No nível galopante surgem graves distorções económicas. A maioria dos contratos fica indexada ao IPC ou a moeda estrangeira (geralmente o dólar). A moeda nacional perde valor muito rapidamente, sendo apenas utilizada para as transações diárias e os mercados financeiros esvaziam-se com a fuga de capitais para o exterior. No entanto a inflação galopante, por muito destrutiva que seja, em nada se compara ao poder destruidor da hiperinflação, quando a quantidade real de moeda (quantidade de moeda dividida pelo nível de preços) reduz-se rapidamente e por sua vez os preços tornam-se extremamente instáveis, deixando a estrutura económica em ruínas e o tecido social em estado de decomposição. As enormes flutuações nos preços e nos salários causam distorções drásticas e profundas desigualdades, rapidamente aproveitadas pelas elites, que através destes choques violentos rejuvenescem-se compulsivamente, sendo os seus extractos menos desenvolvidos - que em condições normais seriam apenas extractos residuais - os que assumem o poder, ou ficam em melhor posição, impondo aos restantes sectores as suas políticas. É nesse exacto momento que a regressão se institucionaliza e que muitas vezes assume uma forma continuada, que ultrapassa os limites temporais do processo inflacionário, tornando-se normal. 

Foi dessa forma que Mugabe ampliou os seus poderes, ignorou a Constituição (algo que não pertence ao seu vocabulário composto apenas por monossílabos e palavras onomatopaicas), livrou-se dos seus concorrentes directos (sindicatos e fazendeiros brancos) e encurralou o poder judicial. Tudo isso sobre as cinzas da terra que queimou.

VI - As políticas sociais estão sempre na mira das elites políticas e económicas que as utilizam como um trunfo na manga, quando as economias estão a funcionar normalmente, servindo de soporífero e sustentando a estabilidade. Existem diversas variantes deste truque de ilusionismo que é o modelo keynesiano: Estado Social, Mercado Social, Responsabilidade Social, Estado-Providência, etc.. Em Africa estas figuras, por um conjunto de circunstâncias e especificidades, limitam-se ao discurso do Poder. No mundo islâmico, os integristas utilizam as políticas sociais da mesma forma e com o mesmo intuito dos Nazis na Alemanha antes da II Guerra Mundial (com os seus espectaculares serviços sociais, que impressionaram os operários social-democratas e comunistas) e os fascistas italianos, na Itália dos inícios da década de 30, com a reforma do trabalho, que tanto impressionou os sectores mais reformistas da social-democracia). Outra forma de lidar com o assunto têm as actuais elites europeias, que abriram concurso de "tiro ao prato social" para eliminarem os direitos sociais, autênticos pilares da cidadania. É aí que as políticas sociais são a razão de todos os males e as mães da inflação.

No Zimbabwe as coisas não foram diferentes, mas com algumas especificidades. O bando de Mugabe não atacou directamente as conquistas sociais da independência, mas utilizou-as e desmantelou-as com a desculpa da situação económica, acusando os seus adversários, internos e externos, pelo que estava a acontecer. Os responsáveis eram os brancos, os sindicatos, a oposição, o poder judicial, os australianos. Houve, no entanto, um sector onde as conquistas da independência se mantiveram firmes, apesar de todos os constrangimentos: o sector da Saúde Publica.

Foi ao nível dos cuidados primários que esta conquista se revelou quase irreversível. Ao nível das comunidades rurais foram criadas duas componentes: 1) Operadores Sanitários de Aldeia (VHW), Assistentes de Parto Tradicional (TBA, ou TA) e a Central de Distribuição (CBD); 2) Centros Rurais Sanitários (RHC).Após a adopção da Estratégia dos Cuidados Primários, 55 (um em cada distrito) escolas de Operadores Sanitários de Aldeia (VHM) foram erguidas. Os VHM formam a ligação entre a aldeia e o serviço local de saúde. As suas funções principais são a prevenção, educação sanitária, informação e  mobilização da comunidade em torno dos assuntos ambientais, higiene, nutrição e cuidados materno-infantis.

Antes da proclamação da independência do Zimbabwe, as unidades mais periféricas dos serviços rurais de saúde eram as clinicas, administradas pelas autoridades locais. As clinicas funcionavam, normalmente, com uma ou duas enfermeiras qualificadas ou com pessoal auxiliar não qualificado. Apos a independência, esta função foi alargada e optimizada com a criação dos Centros Rurais de Saúde (RHC). As velhas clínicas foram reapetrechadas e construídas novas estruturas, tornando os cuidados de saúde mais acessíveis. Os RHC são constituídos por duas enfermeiras qualificadas e por um Assistente de Saúde, formado. Os RHC fornecem os serviços de prevenção, terapia e reabilitação nas áreas do planeamento familiar, cuidados materno-infantis, saúde ambiental e higiene pública, nutrição,  controlo de epidemias, saúde mental e cuidados neurológicos e serviços terapêuticos gerais.

Estas estruturas são um alicerce de um Serviço Nacional de Saúde, essencial ao bem-estar da população e ao desenvolvimento social.§ Estes e outros projectos sociais são reivindicações históricas, direitos sociais assumidos que não podem ser renegados e colocados no caixote de lixo. Não são estes projectos e estas abordagens estratégicas os causadores de processos inflacionários. Antes pelo contrário, eles são estruturas de combate ao desperdício de recursos, esse sim, um dos viveiros inflacionistas, que adicionados á demagogia, aos instintos predatórios das elites e á inépcia dos aparelhos de Estado (com os seus intermináveis e kafkianos corredores onde se passeiam estranhas multidões de funcionários disfuncionais) são os grandes impulsionadores dos descalabros hiperinflacionários.

Os alquimistas do Estado-Nação esconjuram nos seus sumptuosos gabinetes os ardis utilizados para camuflar esta elementar contradição: o que a Nação cria, o Estado suga! Curiosa e alquímica simbiose, esta, do Estado-Nação...será porque sendo o Estado, nozes (o "Estado somos nós" é apenas um eco do "Estado sou eu", do absolutismo), na Nação somos apenas vozes?

VII - No Zimbabwe, os ténues sinais de recuperação (sempre publicitados como se fossem proezas impares) apenas levantam a névoa que paira sobre os escombros. Mas uma certeza permanece: não será desta que os seguidores de Rhodes irão construir o seu império do Cabo ao Cairo...Os povos africanos (mesmo famintos, esqueléticos e destruturados), não deixam! Não é, afinal, Africa, a Grande Nação, meus senhores? 

VIII - (...) Grita e grita. / Quem se esforçou não perdeu / mas ainda não ganhou. / Lento, carregado e cruel / o trem africano...(Agostinho Neto, Trem Africano, in Sagrada Esperança).

PS: Tenho seguido - por motivos profissionais - a questão do presidente queniano com o Tribunal Penal Internacional. Considero positivo a existência do TPI, não partilho a opinião dos que consideram que o TPI é anti-africano ou que exista algum tipo de "neocolonialismo judicial" (este conceito até seria interessante e merecedor de um estudo aprofundado, não fosse apregoado pelos bandos de lacaios do imperialismo e do neocolonialismo, os moços de recados do capitalismo em África, que arvorados em nacionalistas referem o neocolonialismo em jeito de birra, porque o dono deu-lhes um puxão de orelhas e coloca-os de castigo com orelhas de burro, a um canto da sala). Vão muitos líderes africanos ao TPI? Não me parece...(ainda não vi por lá o senhor Mugabe, por exemplo). Se estão preocupados com o facto do clã Bush não ser chamado, ou lideres sionistas, como Ariel Sharon, não serem chamados, ou pelos responsáveis dos acontecimentos na praça Tiananmen não serem chamados, ou pelos corruptos lideres europeus que mergulharam os seus países no descalabro, ou pelos responsáveis dos bombardeamentos na Indochina, durante a guerra do Vietname, ou das autoridades da imigração nos USA e por aí fora, numa lista interminável (mas a que chegaríamos ao fim e essa é a nossa obrigação cidadã) têm razão em estar preocupados e há que levar essa gente a julgamento, mas não tapem o sol com a peneira! Lutem para que isso aconteça, (de certeza que aí, nessa ocasião, estamos juntos) em vez de se porem em fila, vestidos com os novos e milionários fatos, para receberem os líderes ocidentais, ou aparecerem nas revistas do Jet Set ao lado de Obama. Quanto ao resto... Talvez se roubarem menos, se não andarem a estragar os negócios dos cidadãos, ou se não andarem sempre a monopolizar a vida económica e politica...

Há uma "coisa" chamada democracia... Não, camaradas, manos e irmãos, não são só eleições…

Fontes
Ryan, C. To Understand Your Future, Study Zimbabwe Acts News Online September 27, 2014 Haslam, P. and Lamberti, R. When Money Destroys Nations LvMISA, Johannesburg, 2014 
Coomer, J. and Gstraunthaler, T. The hyperinflation in Zimbabwe The Quarterly Journal of Austrian Economics, vol. 14, nº3, 2011.
IMF Zimbabwe: Staff Report for the 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2009 IMF Washington.
Government of Zimbabwe Indigenisation and Economic Empowerment Bill of 2007. Government Gazette, June, 22, 2007.
Wines, M. As Inflation Soars, Zimbabwe economy plunges New York Times, February, 7, 2007.
RBZ Monetary Policy, second quarter 2006 RBZ, Harare, 2006.
RBZ Monetary Policy, first quarter 2007 RBZ, Harare, 2007.
RBZ Weekly Economic Highlights: Week ending 29 September 2006 RBZ, Harare, 2006.
RBZ Weekly Economic Highlights: Week ending 23 February 2007 RBZ, Harare,
2007.
Robertson, J. Exchange Rate Instability: Scarcity-driven movements affecting business viability http://www.economics.co.zw
Robinson, P. Zimbabwe's hyperinflation: The house is on fire, but does the government know that is dousing the flames with petrol? http://library.fes.de/pdf-files/iez/03894.pdf.
Munõz. S. Central Bank Quasi-Fiscal Losses and High Inflation in Zimbabwe: a note IMF, Washington, 2007
Fischer, S., Sahay, R. and Végh, C.A. Modern Hyper and High Inflations Journal of Economic Literature, September, 2002.
Samuelson, P. and Nordhaus, W.D. Economics, 18 Edition, McGraw-Hill, 2005

O DESAFIO DA ELETRICIDADE EM ÁFRICA




Está muita coisa a mudar em África para construir mais infra-estruturas para levar electricidade ao maior número de população no continente

O Banco Mundial anunciou recentemente um apoio de 5 mil milhões de dólares para ajudar África a optimizar o seu potencial eléctrico, privilegiando – entre outras fontes energéticas – a hidroelectricidade. Feitas as contas, 15% da população mundial vive no continente africano, mas em África só se consome 3% da electricidade mundial. Num esforço conjunto para reverter este cenário, organismos públicos e empresas estrangeiras estão agora unidos para permitir uma aposta na área energética, criando as infra-estruturas em falta. Um exemplo desta aposta é a empresa Électricité de France (EDF), que tem em curso diversos projectos de electrificação em África.

Por agora, cerca de 600 milhões de africanos não têm acesso a electricidade. No continente africano, a taxa de electrificação é de 42%. Porém, esta a sua distribuição geográfica não é homogénea.

No Magreb, 99% da população tem acesso a electricidade; já na África subsaariana 31% encontra-se na mesma situação. Por outro lado, 69% das cidades possuem electricidade, enquanto a zona rural regista uma taxa próxima de 25%. Desta forma, menos de 10% das populações que vivem na zona rural subsaariana têm acesso a electricidade.

Actualmente, as ONG e também os grupos públicos e privados da comunidade internacional têm diversos projectos de electrificação que, ainda hoje, têm a aparência de ajuda ao desenvolvimento. A energia solar está no centro desse investimento, devido à taxa de radiação solar excepcional no continente.

Moçambique recebeu, por isso, 35 mil milhões de dólares de empréstimo da Coreia do Sul há quatro anos. Recursos estes destinados à construção de três centrais solares e para dar ao país um meio de consolidar as suas capacidades eléctricas. A operadora Orange distribuiu 1.300 antenas de telemóvel nas zonas rurais para permitir que os habitantes recarreguem os seus aparelhos.

Na África subsaariana, as energias renováveis são as mais aptas a responder às necessidades do solo africano. Cerca de 30 investidores americanos anunciaram, no início de Junho, a intenção de financiar com mil milhões de dólares a instalação de centrais solares e de centrais hidroeléctricas nessa região. Recursos estes, distribuídos em cinco anos, que irão servir também para formar especialistas africanos na área energética.

“A electricidade é um produto vital sem o qual nenhum desenvolvimento verdadeiro é possível. O acesso à energia para as populações rurais, geralmente as mais desfavorecidas, permite reduzir a pobreza ao desenvolver actividades geradoras de rendimento e favorecer a educação, a saúde, o acesso à água, etc.”, disse Édouard Dahomé, director da EDF no acesso à energia em África. A Électricité de France associou-se recentemente à Sociedade Financeira Internacional (SFI), filial do Banco Mundial, para intervir nas regiões rurais da África subsaariana, com o objectivo de ligar 500 mil pessoas que vivem nessas zonas às redes eléctricas.

Semanário Económico – O País (ao)

Angola: CONHECIMENTO E LIDERANÇAS



Jornal de Angola, editorial

O número de empresas públicas existente em importantes sectores da nossa economia justifica a atenção que é dada às unidades de produção criadas pelo Estado no sentido de potenciar áreas de actividade necessárias ao desenvolvimento do país.


Em virtude de não termos ainda no país um empresariado privado nacional robusto, o Estado tem de assumir  por algum tempo ainda um papel importante na economia, por via de empresas públicas que sejam produtoras de muitos e diversificados bens e serviços e que tenham níveis satisfatórios de rentabilidade.

As empresas públicas existem para satisfazer necessidades das comunidades, e é por isso que essas unidades devem ser geridas obedecendo a normas de gestão capazes de assegurar a sua eficiência. É preciso que se olhe para as empresas do Estado como  unidades que, salvo algumas excepções,  têm de maximizar lucros, a exemplo do que acontece em empresas privadas.

Os dinheiros públicos envolvidos em investimentos realizados pelas empresas do Estado devem assegurar retornos, traduzidos numa saúde financeira que permita garantir a sua sustentabilidade. Que não se pense que as empresas públicas não têm de gerar lucros. Essa não é regra. A regra é que os gestores de empresas do Estado saibam  geri-las tão bem quanto os do sector privado, que está permanentemente preocupado em  manter funcionais e sustentáveis os seus projectos produtivos. As empresas públicas devem preocupar-se com a competitividade e projectar a sua actividade internamente e no exterior do país, centrando-se também nas exportações, naqueles casos em que há a possibilidade de termos vantagens comparativas.

As boas práticas de gestão de empresas privadas podem ser válidas para as unidades de produção públicas, pelo que os gestores destas devem assumir a responsabilidade de   colocar os projectos que dirigem ao serviço das comunidades, fornecendo bens e serviços de elevada qualidade.

Devido à longa guerra que tivemos, torna-se ainda necessária uma intervenção do Estado na economia, de modo a revitalizar sectores produtivos essenciais e que exigem investimentos públicos de elevado valor. E é esse elevado valor que deve obrigar os gestores públicos a actuações correctas no desempenho das suas funções à frente de  empresas do Estado. Sabe-se que há empresas estatais com grandes responsabilidades no processo de produção de bens e serviços, o que deve implicar, por conseguinte, uma maior responsabilização dos que têm a missão de levar a bom porto unidades produtivas públicas.

Debateu-se recentemente um tema sobre “boas práticas de governação nas empresas públicas”, tendo o coordenador da Comissão de Gestão da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, Carlos Teixeira, sublinhado o facto de ser necessária uma melhor preparação das lideranças.

Carlos Teixeira, jurista, que falava no Primeiro Congresso de Direito das Empresas, disse que “as lideranças deviam ser caracterizadas por valores éticos, de responsabilização, de prestação de contas e de transparência de gestão das empresas públicas.”

Há ainda debilidades na gestão de muitas empresas públicas, pelo que é preciso prestar atenção à operacionalidade dos mecanismos institucionais e legais que podem vir a ajudar a superar muitos males de que padecem unidades de produção estatais.

É importante que haja vontade efectiva para a observância de normas e princípios que versam sobre boas práticas de governação das empresas do Estado e a que devem estar sujeitos os seus gestores. Essas normas e princípios devem ser do conhecimento de quem tem de salvaguardar interesses da comunidade, por via da gestão de empresas que são propositadamente criadas para resolver problemas económicos e, consequentemente, das populações.

A este propósito, importa  fazer referência a palavras do jurista Carlos Teixeira, segundo as quais as empresas públicas devem trabalhar em conformidade com a agenda económica do país. Um alinhamento com a agenda económica do país tem de levar as empresas públicas a desenvolverem capacidades produtivas e humanas, fazendo do conhecimento e da liderança alavancas para se poder ter no país unidades produtivas de topo.

A combinação do conhecimento com boas lideranças é crucial para o êxito das nossas empresas públicas. Os gestores de empresas públicas devem imprimir nelas dinâmicas capazes de se adequarem a novos paradigmas, na perspectiva da sua consolidação no mercado interno e, também, como diz Carlos Teixeira, da sua “melhor inserção no sistema de negócios internacionais”.

Futuro PM de São Tomé e Príncipe acredita que será o primeiro a cumprir mandato até ao fim




O futuro primeiro-ministro são-tomense disse hoje acreditar que será o primeiro chefe de Governo a levar o mandato até ao fim porque o povo "deu um sinal claro" com a maioria absoluta do seu partido no domingo.

"O povo são-tomense realmente deu-nos um sinal claro ontem, o fenómeno do banho [compra de votos], está mais do que provado, não muda o sentido de voto das pessoas, as sondagens de opinião confirmaram-se nas urnas, o que quer dizer que há uma possibilidade de se preverem as coisas em São Tomé e Príncipe e isso é muito bom", disse Patrice Trovoada, em entrevista à Lusa, a primeira após a vitória do seu partido nas legislativas de domingo.

Trovoada anunciou na noite de domingo que a Ação Democrática Independente (ADI) obteve a maioria absoluta, devendo conquistar entre 30 e 33 mandatos. A Comissão Eleitoral Nacional ainda não divulgou os resultados.

O candidato vencedor das legislativas disse acreditar que nos próximos quatro anos será possível "manter a estabilidade", tanto política como social.

"Eu estou convencido que uma política de proximidade, a favor do 'povo pequeno' como eu costumo dizer e com o diálogo com as forças políticas, a busca de consenso naquilo que deve ser consensual, mas também o contraditório, o debate, não poderá brigar com a estabilidade politica", disse.

A nível social, referiu que uma das primeiras medidas que vai aplicar é a descida do preço do arroz para ir ao encontro das promessas eleitorais que fez e que incluem ainda Internet gratuita em todo o país e a descida do preço da carta de condução de 14 milhões de dobras para dois milhões (570 para 80 euros).

As medidas pretendem garantir a estabilidade social, que "é fundamental porque na base do descontentamento social é que se constrói depois a instabilidade política", disse Patrice Trovoada.

Questionado sobre o conflito político com o Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, o líder da ADI referiu que está aberto a entendimentos e considerou que a legitimidade que o povo lhe deu com a maioria absoluta vão fazê-lo centrar as energias em "resolver os problemas económicos e sociais do povo são-tomense e não em querelas políticas".

Sobre se esta candidatura a primeiro-ministro poderá servir de trampolim para concorrer às eleições presidenciais de 2016, Patrice Trovoada respondeu que não, referindo que a sua agenda neste momento "é corresponder às expetativas dos são-tomenses como chefe do Governo".

"Eu sou um bom soldado, há uma missão, eu vou cumprir essa missão com toda a minha energia, com a boa vontade, com os meus recursos intelectuais e físicos", acrescentou.

Em relação aos convites para o Governo, Patrice Trovoada disse que ainda não fez nenhum, mas que já está "a pensar em algumas figuras" e manifestou confiança que vai conseguir reunir "uma equipa talentosa".

"Aqueles que estiveram comigo no Governo foram quase todos vítimas de perseguição política, foram incomodados na sua vida privada, familiar, por isso eu vou ter de fazer muita advocacia para convidar alguns para regressar ", referiu.

Questionado sobre se pretende responder, ainda antes de tomar posse, no alegado caso de branqueamento de capitais de que será suspeito, Patrice Trovoada limitou-se a dizer: "Isso depende do Ministério Público", acrescentando que não se pode pronunciar sobre o assunto.

"Há uma coisa que eu espero que jamais volte a acontecer em São Tomé e Príncipe, são as perseguições políticas, os processos políticos, uma justiça ao serviço do poder político. É o que eu espero e o que eu garanto como primeiro-ministro que não deixarei acontecer", garantiu.

Quanto às prioridades na política externa, disse que pretende fortalecer ainda mais as relações com Portugal e com os portugueses, com os restantes Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e com os países do Golfo da Guiné, "um mercado essencial para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Polícia da Guiné-Bissau desmantela rede de falsificação de notas




A polícia da Guiné-Bissau anunciou o desmantelamento de uma rede de falsificação de notas que operava sobretudo na zona sul do país, onde duas pessoas foram detidas no último fim de semana, na localidade de Buba.

Segundo o tenente-coronel Samuel Fernandes, porta-voz do Ministério da Administração Interna (MAI), as duas pessoas foram apanhadas na posse de notas falsas de francos CFA (moeda local e de vários países da Africa Ocidental) que já estavam a colocar em circulação no mercado da zona.

O comandante da polícia de Buba, António Gomes, citado pela Radiodifusão Nacional (RDN), disse que "há muito que a polícia" teve a informação de que havia dinheiro falso em circulação na região, mas que seria "fabricada em Bissau".

Na posse dos dois homens, a polícia diz ter apreendido cerca de 1,5 milhões de francos CFA (2.286 euros), mas acredita que poderá ser "muito mais" o dinheiro falso em circulação na região sul do país.

"Os autores deste crime vieram de Bissau, tentaram meter esse dinheiro falso em circulação aqui nesta zona, mas foram capturados", disse o comissário António Gomes.

Um homem detido em ligação com o caso afirmou, em declarações à Radio Nacional, que foi solicitado em Bissau por um individuo para que transportasse para Catungo (localidade no extremo sul da Guiné-Bissau) uma certa quantia em dinheiro, mas que não sabia que era falso.

Os suspeitos encontram-se detidos no comando da polícia em Bissau, aguardando o fim das investigações.

O processo será remetido ao Ministério Público até quarta-feira, garantiu o porta-voz do MAI. A polícia acredita que poderá haver mais redes de falsificadores de notas na Guiné-Bissau.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Ano escolar abriu hoje oficialmente nas escolas públicas da Guiné-Bissau




O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, presidiu hoje à abertura oficial do ano letivo nas escolas públicas, anunciando uma série de reformas para a melhoria do setor de ensino.

O chefe do governo apelou à participação de todos, sindicatos, pais e encarregados de educação, alunos e parceiros, para a execução das reformas.

Domingos Simões Pereira afirmou que o Governo vai trabalhar para que todos os alunos possam ter uma peça de identificação pessoal e acesso a "pelo menos uma refeição quente diária".

"Um aluno com a barriga vazia não pode ter cabeça para assimilar a matéria", defendeu o chefe do Governo guineense, enfatizando o facto de muitas crianças irem para escola sem nada no estômago.

O primeiro-ministro disse também que não podem continuar a existir situações em que "milhares de alunos" só a partir dos liceus terem documentos de identificação civil por não serem registados à nascença.

O chefe do executivo quer que os ministérios da Justiça e Educação coloquem em marcha um plano de registo móvel para a população em idade escolar, para que todos possam ter bilhete de identidade.

A reintrodução de disciplinas da moral e ética no currículo escolar é outra das recomendações deixadas pelo primeiro-ministro ao dirigir-se à ministra da Educação, Odete Semedo, frisando que, no passado, essas matérias "eram a essência da sociedade".

Domingos Simões Pereira disse que o Governo vai "ter em conta uma boa dotação orçamental" para o setor da Educação, mas sublinhou que o setor nunca poderá estar no centro das atenções enquanto a paz e a estabilidade continuarem a ser a prioridade da ação governativa.

Citando as estatísticas do Ministério da Educação, que apontam para uma taxa de analfabetismo de 59 por cento da população, o primeiro-ministro guineense defendeu que o país só vai conseguir combater a pobreza se conseguir "mudar radicalmente esses dados".

Nesse sentido, Domingos Simões Pereira pediu a compreensão dos sindicatos para os problemas do setor e anunciou "abertura total" do Governo para o diálogo em busca de soluções para os vários problemas do setor do ensino público.

A ministra da Educação, Odete Semedo, anunciou também as medidas já encetadas no sentido de trazer melhorias ao ano letivo que espera venha a decorrer sem interrupções devido a greves de docentes, como aconteceu nos últimos anos por não receberem salários.

Devido à greve dos professores, nos últimos cinco anos as escolas públicas raras vezes abriram as portas em outubro.

As aulas arrancaram quase sempre em dezembro ou janeiro.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Cabo Verde: Presidente do MpD diz que forças armadas nas ruas pode ser útil




O presidente do MpD considera que a colocação das forças armadas nas ruas pode ser útil mas apenas se consideradas as condições específicas em que possa ocorrer.

Ou seja, disse Ulisses Correia e Silva, depois de ter conversado com o mais alto magistrado sobre o assunto, situações excepcionais de insegurança exigem atenção especial, mas o que não pode haver é a criação de rotinas anómalas.

O presidente do MpD começa por considerar que o facto de as forças armadas estarem nas ruas mostra que o governo não tem estado à altura no que toca à segurança. Admite, que o posicionamento é válido neste momento tendo em conta as novas ameaças que afectam a sociedade.

O presidente do MpD considera que é preciso dar o devido enquadramento, para que o sistema funcione na normalidade e na base de certas condições e orientações específicas.

É o caso do assassinato da mãe da inspectora da Polícia Judiciária, admite Ulisses Correia e Silva, mas também de outras que exigem reforço de segurança.

MCSA - RCV - Rádio Televisão de Cabo Verde

Guiné Equatorial celebra independência e espera por diálogo com oposição em Novembro



13 de Outubro de 2014

A Guiné Equatorial comemora neste domingo o 46.º aniversário da sua independência da Espanha, marcado pela realização de uma mesa de diálogo convocada pelo Presidente, Teodoro Obiang, para o próximo mês, segundo a agência Lusa.

Obiang declarou que convocou este espaço de diálogo "inclusivo" do qual deve participar não só a oposição no interior e no exterior do país, legalizada e não legalizada, mas também todas as forças sociais que desejarem assistir ao evento.

Os partidos políticos da oposição como a Força Democrática Republicana (FDR), o Partido do Progresso (PP), União para a Democracia e Desenvolvimento Social (UDDS), Candidatura Independente da Guiné Equatorial, União Popular, Ação Popular (AP), União de Centro Direita (UCD) entre outros, exigem que Obiang promulgue uma lei de amnistia geral.

A oposição recordou que a "Guiné Equatorial não pode alcançar um verdadeiro diálogo nacional com presos políticos, demagogia, usurpação de partidos políticos, insultos, desqualificação e desprezo pela oposição e pela sociedade civil".

Obiang, no poder desde que deu um golpe de Estado em agosto de 1979, não se pronunciou sobre a exigência da oposição, ainda que tenha oferecido indultos aos opositores com processos judiciais abertos.

No início do ano, o Executivo de Obiang anunciou uma moratória sobre a pena de morte e o Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu, em Genebra, que as autoridades equato-guineenses acabem definitivamente com a pena de morte.

A moratória foi exigida à Guiné Equatorial para que pudesse integrar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), adesão oficializada em julho na cimeira do bloco lusófono, em Dili, Timor-Leste.

As instituições de direitos humanos também pediram a Malabo que investiguem e punam os responsáveis pelos sequestros de refugiados, pelas detenções arbitrárias, pelas torturas, pelas execuções e pelos desaparecimentos forçadas.

Por seu lado, o Governo do país centro-africano, único que tem a língua espanhola como oficial, mantém a sua oposição em ratificar o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, devido a sua "duvidosa imparcialidade universal".

Obiang, na Assembleia Geral das Nações Unidas, denunciou o império de forças nas relações internacionais e advertiu que a "democracia não é um artigo de importação e que não pode ser desenhada por despachos de outros países".

A Guiné Equatorial, um dos países mais ricos da Comunidade Económica e Monetária da África Central graças ao aumento do volume de petróleo nos anos anteriores, vive este ano a sua primeira recessão como consequência da diminuição das receitas petrolíferas.

Segundo vários organismos internacionais, a queda para 2015 será de 8,5%.

A antiga colónia espanhola tem uma renda per capita que passou de 314 dólares em 1944 para 5.753 há dez anos, graças a gigantesco crescimento económico derivado da exportação das reservas de gás e petróleo, apesar das denúncias dos opositores, que destacam a falta de redistribuição desta riqueza.

Membros da família de Obiang -- sobretudo o filho do presidente, conhecido como "Teodorin" - estão a ser investigados ou foram investigados em alguns países, como nos Estados Unidos, França e Brasil.

As celebrações do 46.º aniversário da independência vão ocorrer em Ebebiyín, capital da província de Kie-Ntem, onde está previsto um desfile militar.

A zona é habitada pelo clã a que pertence a família de Obiang.

Lusa 

Portugal: O MAIOR INCOMPETENTE



Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião

1 Não entendo a surpresa de tanta gente com a permanência de Paula Teixeira da Cruz e de Nuno Crato no governo. É que das duas uma: ou eram eles a pedir a demissão ou teria de ser o primeiro-ministro a demiti-los.

Como é público e notório, nenhum dos dois ministros tem consciência da sua incompetência. Um escarnece dos cidadãos e das vidas de milhares de alunos e muitos professores brincando com tempos verbais. A senhora ministra, no intervalo da sua enésima declaração sobre pedofilia, diz que o que se passa nos tribunais não é grave, ou seja, a justiça civil parada é apenas um contratempo. E até pedem desculpa, como se a gravidade dos seus erros políticos fosse apenas uma travessura. Sendo este um governo que fala tanto do exemplo da gestão de empresas privadas - apesar de tão poucos terem esse tipo de experiência a sério -, talvez não fosse má ideia perguntar a um homem com provas dadas, António Pires de Lima, por exemplo, o que faria a um seu administrador que decidisse fazer uma mudança no software e que por causa disso a empresa ficasse sem poder faturar dois meses ou mais. Ou a um que mudasse um sistema de alocação de recursos e o resultado fosse a incapacidade duma fábrica funcionar normalmente.

Por outro lado, se o primeiro-ministro os demitisse, seria como apresentar a sua própria demissão ou, pelo menos, seria a confissão final do seu estrondoso fracasso. Seria o último espasmo dum estertor que já vai longuíssimo. É que só sobram eles do grupo que era considerado chave para a revolução anunciada. São eles os últimos dos visionários que iam transformar Portugal, e que, para mal dos nossos pecados, em grande parte, conseguiram.

Tínhamos o grande ideólogo, Vítor Gaspar, que se foi embora porque percebeu que se tinha enganado - aliás, voltou a escrevê-lo esta semana, indiretamente, num relatório do FMI que é mais um momento da sua espetacular mudança de ideias. Miguel Relvas, a alma gémea de Passos Coelho, que não saiu pela sua gigantesca incompetência na coordenação política, nem por ter mentido descaradamente no Parlamento, nem por ter tido uma atitude vergonhosa com uma jornalista, mas por querer ser licenciado sem se dar ao trabalho de estudar para isso. Mesmo assim, e foi ele que o declarou, saiu porque quis sair. Santos Pereira, o homem que escreveu um livro onde garantia saber a fórmula para a mudança estrutural da nossa economia com muita atitude e pastéis de nata. O Álvaro saiu porque, bom, incompetência já não era a palavra apropriada, a coisa estava no âmbito da gargalhada.

O ramalhete revolucionário completava-se com Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz. Também eles eram a vanguarda da revolução, pessoas que iam mudar dois setores fundamentais para a comunidade. Ele era o homem que queria dinamitar o ministério (pelos vistos: uma vez extremista, sempre extremista), exames com fartura, o fim do facilitismo num sistema com uma taxa de reprovações e abandono escolar muito acima da média europeia. Nem vale a pena perguntar ao ministro o que pensa agora sobre o rigor e a responsabilização que apregoava.

Na Justiça seria o fim da lentidão, o fim da impunidade e a mais importante reforma na Justiça dos últimos duzentos anos (a ignorância é dum atrevimento sem fim).

O disfarce comum para a incompetência e a ignorância é a ideologia. Ou melhor, a invenção duma qualquer ideologia. É por isso que ouvimos que isto são apenas problemas normais que acontecem sempre nas grandes transformações.

Passos Coelho aguentará estes autênticos símbolos de incompetência o mais que puder - como aguentou até ao limite os outros -, convencido de que eles esconderão a de quem os escolheu e promoveu. Vai tarde. Já todos percebemos quem é o maior incompetente.

2 Todo este espetáculo do fim do BES, e agora da PT, é demasiado português para o olharmos sem sentirmos vergonha da comunidade que fomos criando. Amigos que promovem amigos que depois os ajudam utilizando bens e recursos que não são deles, homens que aceitam vender um bocado da alma para singrar na vida, criação de autênticos heróis nacionais que passada meia dúzia de meses passam a vilões e claro, não podia faltar, muita falta de vergonha.

Por falar em falta de vergonha, na mesma semana que o primeiro-ministro e a ministra das Finanças vieram admitir aquilo que já todos sabíamos, que o caso BES ia ter custos para os contribuintes, o primeiro-ministro janta pública, amistosa e calmamente com José Maria Ricciardi, presidente do Banco Espírito Santo Investimentos.

Escusado será dizer que o sr. Ricciardi não tem nada que ver com o que aconteceu com o BES e com o GES, nunca soube de rigorosamente nada do que se estava a passar, fez os possíveis e os impossíveis para evitar tudo o que veio a acontecer. Às tantas, o jantar serviu para preparar uma homenagem pública ao sr. Ricciardi. A oeste nada de novo.

BANCO DE PORTUGAL SABIA DO “BURACO” NO GES DESDE DEZEMBRO




O Banco de Portugal soube que a ES International tinha ocultado a dívida de 1,3 mil milhões de euros e sobreavaliado ativos em 1,1 mil milhões de euros. O Grupo Espírito Santo justificou-se com "erros no sistema contabilístico eventualmente já prevalecentes há algum tempo, que provocaram a desconsideração de determinados valores".

A notícia do Expresso explica que as informações foram reveladas em duas cartas de dezembro de 2013 que o jornal mostra na edição de hoje. As cartas, oficiais, foram trocadas entre Pedro Duarte Neves, que na altura era vice-governador do Banco de Portugal (BdP), e Ricardo Salgado, presidente do Espírito Santo Financial Group. O BdP quis ser informado sobre cada um dos passivos que não se encontravam registados nas contas.

Este "buraco" no GES esteve na base do colapso do que era controlado pela família Espírito Santo e só foi tornado público em maio.

Diário de Notícias, em 11 outubro 2014

Portugal: Ministério da Educação recusa abandono na Escola Portuguesa de Díli




Lisboa, 13 out (Lusa) -- O ministério da Educação esclareceu que nenhum aluno saiu da Escola Portuguesa de Díli, Timor-Leste, no ano letivo passado, em resposta a deputados do PCP que questionaram o Governo sobre "situações preocupantes" de abandono escolar.

Numa resposta, divulgada hoje pelo PCP, a um requerimento dirigido pelo grupo parlamentar comunista aos ministérios da Educação e dos Negócios Estrangeiros em maio passado, o ministério de Nuno Crato afirma que "não se verifica qualquer situação de abandono no ano letivo de 2013/2014".

O PCP dizia ter conhecimento de "situações consideradas preocupantes relativamente a esta escola, designadamente de abandono escolar" e questionava o executivo sobre se tinha conhecimento de "manifestações de desagrado, preocupações, críticas" relativas à gestão da escola, uma pergunta que ficou sem resposta.

Na resposta, o ministério da Educação esclarece que a escola tinha, no ano letivo anterior, 875 alunos, distribuídos por 35 turmas desde o pré-escolar ao ensino secundário.

A esmagadora maioria dos alunos eram timorenses -- 777 -, sendo os restantes portugueses (70), brasileiros (13), moçambicanos (cinco), indonésios (três), cabo-verdianos, australianos e norte-americanos (dois de cada nacionalidade) e um cubano.

A Escola Portuguesa de Díli -- Centro de Ensino e Língua Portuguesa (Escola Portuguesa Ruy Cinatti) é da titularidade do Estado português e tem como um dos objetivos a promoção e difusão da língua e cultura portuguesas.

No ano passado, a escola tinha uma lista de espera de cerca de 800 famílias.

Apesar de ter ficado em último lugar na lista das escolas portuguesas elaborada pela agência Lusa com dados do Ministério da Educação, em Timor-Leste, a escola Ruy Cinatti é considerada uma das melhores, com o máximo de propinas mensais de 15 dólares.

JH (MSE/AH) // JMR - Lusa

MNE TIMORENSE EM PORTUGAL PARA DISCUTIR GUINÉ-BISSAU COM CPLP




Díli, 13 out (Lusa) - O chefe da diplomacia de Timor-Leste, José Luís Guterres, vai estar hoje em Lisboa, Portugal, para uma reunião com o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, sobre a Guiné-Bissau.

No encontro, José Luís Guterres vai discutir a realização da próxima reunião extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP, a realizar no próximo dia 29, refere em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.

"Vamos discutir o processo de estabilização política e institucional da Guiné-Bissau, designadamente a coordenação diplomática à assistência financeira do Programa de Urgência do Governo da Guiné-Bissau, bem como o apoio técnico à reforma do setor de defesa e segurança", refere, citado no comunicado, José Luís Guterres.

O Programa de Urgência do Governo da Guiné-Bissau pretende estabilizar setores mais afetados pela crise política, nomeadamente a regularização dos salários em atraso na função pública, a educação, agricultura e saúde.

Timor-Leste assumiu em julho pela primeira vez a presidência rotativa da CPLP.

De Portugal, o ministro timorense segue para Itália, onde vai participar como orador no 10.º Encontro da Global China Business.

"A China sempre manifestou a sua vontade em continuar a prestar ajuda a Timor-Leste. Da nossa parte, valorizamos a amizade com a China assim como o apoio que nos tem dado nas áreas política, económica, comercial, energia, agricultura, defesa e segurança", sublinha, no comunicado, o ministro.

MSE // DM - Lusa

Trocas comerciais entre a China e países lusófonos aumentaram 4,69% até agosto




Macau, China, 13 out (Lusa) - As trocas comerciais entre a China e os países lusófonos atingiram um total de 90 mil milhões de dólares (71 mil milhões de euros) entre janeiro e agosto, representando um crescimento homólogo de 4,69 por cento.

Neste período, a China importou dos países de língua portuguesa 61 mil milhões de dólares (48 mil milhões de euros), um acréscimo de 5,55% em relação ao ano passado, segundo as estatísticas dos Serviços da Alfândega da China.

Já as exportações da China para os países lusófonos, atingiram 29 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros), representando um aumento homólogo de 2,95%.

O Brasil, que registou mais 2,50% nas trocas comerciais com a China, comprou a Pequim produtos no valor de 22,67 mil milhões de dólares (17,87 mil milhões de euros), a traduzir uma variação negativa de 2,45%. No que toca às exportações para a China, o Brasil vendeu produtos no valor de 37, 63 mil milhões de dólares (29,69 mil milhões de euros), mais 5,74 do que entre janeiro e agosto de 2013.

Angola é o segundo maior parceiro lusófono da China e viu o comércio bilateral ampliar-se 6,28%. O país recebeu de Pequim produtos no valor de 3,18 mil milhões de dólares (2,50 mil milhões de euros), mais 29,34%, mas vendeu produtos no valor de 21,77 mil milhões de dólares (17,17 mil milhões de euros), mais 3,58%.

Portugal foi, entre os principais parceiros lusófonos o que registou maior crescimento percentual nas trocas comerciais, 25,15%. Lisboa vendeu a Pequim produtos no valor de 1,14 mil milhões de dólares (903,2 milhões de euros), ou mais 22,04%, tendo adquirido produtos no valor de cerca de dois mil milhões de dólares (1,64 mil milhões de euros), ou mais 26,93%.

ISG // APN - Lusa

Anonymous cumpre ameaça e divulga dados de portais oficiais da China




Pequim, 13 out (Lusa) -- O grupo Anonymous cumpriu as ameaças que fez e publicou, este domingo, dados confidenciais de dois portais oficiais da China, num gesto de apoio aos protestos em Hong Kong, informa hoje o South China Morning Post.

O grupo internacional de piratas informáticos tornou públicos centenas de números de telefone e endereços (reais e de IP) da Zona de Comércio Livre de Ningbo, cidade da província oriental chinesa de Zhejiang, e também dados procedentes de um portal de pesquisa de emprego de Changxiang, na mesma província.

Pouco antes da publicação dos dados, o Governo chinês tinha reconhecido que essas páginas estavam a ser alvo de ataques.

Desconhece-se por que razão o Anonymous escolheu como "vítimas" as duas páginas em causa, em teoria pouco relevantes e sem relação com os protestos de Hong Kong, se bem que o grupo assegura que já se infiltrou em mais de meia centena de portais oficiais da China e divulgou 50 mil nomes de utilizadores e os seus e-mail.

Tudo com o intuito de "lutar ao lado dos cidadãos de Hong Kong".

No passado dia 02, o grupo atacou também várias páginas de Internet da antiga colónia britânica, como represália pelo uso de gás lacrimogéneo pela polícia contra os manifestantes.

DM/ISG // JPF - Lusa

CRIMINOSOS DE PEQUIM RECORREM ÀS TRÍADES PARA REPRIMIR MANIFESTANTES




Já aqui foi dito a título de fazer relembrar aqueles que já esqueceram o que é viver em ditadura ou próximo dela. Os governos não democráticos ou com tendências para reprimir os direitos de contestação e manifestação recorrem comummente a polícias à civil e sem escrúpulos ou à criminalidade, de preferência mascarados, para agredir, agitar e desmotivar manifestantes. Até em Portugal vai acontecendo infiltração de polícias nas manifestações com o objetivo de causar desacatos e violência. Existem registos fotográficos disso em manifestações ocorridas junto ao Parlamento na vigência do atual governo de Cavaco-Passos-Portas. Para esses agentes foi reservada a impunidade apesar de desempenharem uma ação ilegal.

Nos protestos de Hong Kong o método é semelhante. Usam os criminosos das tríades, talvez à mistura com polícias, mascarados. A cara tapada é importante, para que não existam registos fotográficos identificadores.

Pequim não abre mão do seu regime de falsa abertura à democracia. Os habitantes daquele país estão impossibilitados de eleger os que os hão-de governar. Em vez disso o regime de Pequim faz gincanas entre a ditadura e a pseudo-democracia, sempre com pendor para a ditadura e antidemocracia. É contra isso que a população de Hong Kong luta. Manifestando-se democrática e pacificamente. Forma de luta que é o pavor dos ditadores. Hong Kong tem feito Pequim tremer, para além de ter feito cair a máscara aos ditadores que constituem os poderes na China.

Talvez na China não conheçam o adágio que salienta que tão criminosos são os que roubam, matam ou espancam a mando como aqueles que os contratam. Temos assim em Pequim e no chefe de governo imposto em Hong Kong pares dos criminosos mafiosos das tríades mafiosas. Quer parecer que nem assim os habitantes de Hong Kong vão desarmar de reinvindicar os seus direitos democráticos: eleger quem os governe. (MM / PG)

Hong Kong: Confrontos entre manifestantes e homens mascarados

Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong envolveram-se hoje em confrontos com uma dezena de homens mascarados no principal local dos protestos, no centro da cidade, com a polícia a tentar conter o caos.

Homens usando máscaras correram para as barricadas na zona de Admiralty, enquanto os manifestantes tentavam protegê-las e fazê-los recuar.

Dois dos homens foram imobilizados no chão pela polícia, que também formou um cordão em torno do grupo enquanto os manifestantes gritavam: "Armas! Armas!" e "prendam as tríades".

Lusa, em Notícias ao Minuto

Académico - Hong Kong: Maior conquista "foi as pessoas terem feito ouvir a sua voz"

O professor de Ciência Política Joseph Cheng defende que a maior conquista do movimento pró-democracia de Hong Kong foi "as pessoas terem percebido que têm de fazer ouvir a sua voz", o que já "é motivo de orgulho".

"Acreditamos que a maioria das pessoas de Hong Kong quer a democracia e que recusa, claramente, a decisão de Pequim. Podemos todos estar muito orgulhosos do que atingimos até agora, pelo facto de termos saído à rua para pedir a democracia", disse Joseph Cheng em entrevista à agência Lusa.

Treze dias após o início dos protestos pela democracia e sufrágio universal de facto na antiga colónia britânica, o professor catedrático de Ciência Política na City University de Hong Kong referiu a elevada adesão da população que superou todas as expectativas, o que "também constitui um motivo de orgulho".

"Envolvemo-nos nos protestos porque quisemos dizer ao mundo que não desistimos e que vamos continuar a lutar. E mais do que lutar por um sistema eleitoral democrático, estamos a lutar pelos nossos valores fundamentais, pelo nosso modo de vida, e pela nossa dignidade", afirmou.

"Não queremos que Hong Kong seja reduzida a qualquer outra grande cidade do interior da China. E fomos bem sucedidos em demonstrar isso", argumentou Joseph Cheng.

As conquistas alcançadas não garantem, contudo, a concretização das exigências dos manifestantes: a demissão do líder do governo de Hong Kong, CY Leung, e o recuo de Pequim, que no final de agosto decidiu que os cidadãos daquela Região Administrativa Especial chinesa vão poder eleger por sufrágio universal o chefe do Executivo em 2017, mas só depois de uma seleção dos candidatos por um comité eleitoral.

"Obviamente não estamos nada otimistas quanto à obtenção de concessões concretas por parte de Pequim, e continuamos a esperar uma longa luta política, através de uma campanha de desobediência civil pacífica", adiantou.

Algumas zonas de Hong Kong continuam paralisadas, três semanas depois de um boicote às aulas pelos estudantes, que a 28 de setembro evoluiu para uma campanha de desobediência civil. Desde então, em ocasiões distintas, estudantes e governo romperam o diálogo antes do início das negociações.

A falta de liderança clara das manifestações iniciadas pelos jovens (Federação de Estudantes e Scholarism) e entretanto reforçadas com o apoio do movimento ‘Occupy Central’ também aumenta o nível de imprevisibilidade das ações de rua, considerou.

"Sair à rua por decisão individual é muito bonito e comovente, mas nesta fase isso também demonstra limitações em termos de coordenação e de um processo de tomada de decisão concertada. Quando a questão se coloca em formular uma estratégia de saída para o impasse e de negociação, sim, temos alguns problemas", reconheceu.

Cheng admitiu também que "foram causados alguns inconvenientes às pessoas e que parte da população não está feliz com esta campanha".

"Temos de considerar o nível de tolerância às ações. Contudo, os manifestantes são inteiramente espontâneos e podem não ouvir os apelos de nenhuma organização. E se 30 ou 40 pessoas insistirem em ocupar ruas podem ser capazes de o fazer desde que a polícia não use a força", sublinhou.

O académico defendeu, todavia, que os vários grupos "estão atentos ao problema e a fazer tentativas para o resolver".

"Penso que eles estão a tentar, em primeiro lugar, coordenar os vários grupos para que possam falar a uma só voz e, ao mesmo tempo, estão a tentar estabelecer um tipo de mecanismo para que possam tomar decisões através do voto entre manifestantes", acrescentou.

Joseph Cheng foi um dos cinco pró-democratas, incluindo três deputados, detidos a 28 de setembro no exterior do complexo de Tamar, que concentra a sede do governo, parlamento e gabinete do chefe do Executivo, em Admiralty, horas antes de a polícia ter lançado gás lacrimogéneo e gás pimenta sobre os manifestantes.

Os cinco foram detidos a meio da manhã, sem oferecer resistência, quando estavam a tentar levar para os protestos equipamento de som que consideravam essencial para manter a ordem no local.

"Foi uma situação bastante irrazoável. A polícia parou-nos e disse-nos que não podíamos trazer esse equipamento para uma reunião ilegal, e nós respondemos que a reunião não tinha sido declarada ilegal naquela altura", contou.

"Esta foi a primeira vez que fui detido. Tenho 65 anos e tenho sido um bom cidadão desde sempre. Mas tal como todos os outros manifestantes apercebi-me que esta é a altura para demonstrar que estamos dispostos a sacrificar-nos um pouco pela causa da democracia", justificou.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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