sábado, 16 de junho de 2012

Cavaco Silva assobiado por populares à porta da Câmara Municipal da Póvoa do Varzim


JAP - Lusa

Póvoa de Varzim, 16 jun (Lusa) - Dezenas de populares concentraram-se hoje em frente à porta da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, manifestando desagrado pela presença do Presidente da República no concelho.

Cavaco Silva está esta tarde nos Paços do Concelho para uma cerimónia de celebração do dia da cidade, tendo sido assobiado por cerca de 30 populares assim que terminou o hino nacional.

Fernando Reis, da CGTP-Intersindical, afirmou aos jornalistas estar no local "em protesto com a possibilidade de fecho de hospitaios locais".

Para este sindicalista, o presidente da República é responsável "pelo desaparecimento da siderurgia nacional, das pescas e da agricultura".

Um outro popular considerou que o Chefe de Estado "é o responsável político pelo estado do país".

"É o político que mais tempo tem de governaçao, não deve ser bem vindo aqui nem em nenhuma localidade", declarou.

Depois do início da cerimónia, os populares, que se mantêm à porta dos Paços do Concelho, entoam algumas palavras de protesto, como "aumento de ordenado mínimo" e "não à pobreza".

Entretanto, um grupo de dirigentes sindicais presentes na concentração foi recebido pelo chefe da casa civil do Presidente, na Póvoa do Varzim.

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“Atual crise seria resolvida se Europa fabricasse moeda" - Mário Soares



APM - Lusa

Amarante, 16 jun (Lusa) - O ex-Presidente da República Mário Soares defendeu hoje que a atual crise na Europa seria resolvida se o Banco Central Europeu (BCE) fabricasse moeda, "como fazem os americanos e os ingleses".

"Se fosse possível, isso resolveria o problema. Na situação em que estamos, em toda a Europa, era interessante que eles [BCE] comecem a fabricar a moeda, como fazem os americanos e os ingleses", afirmou.

"A partir daí os problemas estão resolvidos", acrescentou.

Para o antigo Chefe do Estado, impunha-se uma mudança nos tratados europeus que permitisse ao BCE a emissão de moeda.

Falando em Amarante numa conferência sobre questões europeias, Mário Soares considerou que a Europa "está à beira do abismo", acusando os líderes das grandes instituições europeias de "não terem coragem para se pronunciarem".

"No final desta semana vamos ter problemas terríveis em matéria da Europa", afirmou, admitindo estar preocupado com o resultado das eleições de domingo na Grécia e as reações aos resultados dos governantes europeus.

"Se a Grécia não ficar no euro isto vai ser uma desgraça", disse, sublinhando que as consequências irão afetar a França e a Alemanha.

"Seria tão estúpido que a Europa caísse no abismo", insistiu, mostrando-se esperançado: "à última hora, o bom senso vai prevalecer".

Mário Soares considerou que a chanceler alemã é um das grandes responsáveis da situação atual na zona euro e acusou Angela Merkel de "não ter visão nenhuma do mundo".
A chefe do Governo alemão está hoje "mais isolada" na Europa, afirmou.

Para Mário Soares, a recente vitória do socialista [François] Hollande, em França, acentua o isolamento crescente de Angela Merkel, até no seu país.

O ex-Presidente da República reafirmou a necessidade de os Estados criarem mecanismos para que os mercados voltem a ser controlados pela política e não o contrário, como acontece atualmente.

Ainda a propósito das dificuldades atuais da moeda única, disse que estão a ocorrer porque, ao contrário do que sempre defendeu, a Europa não evoluiu para uma união política.

Mário Soares foi o orador convidado para mais uma conferência promovida pela autarquia de Amarante, na qual também participou o deputado socialista Francisco Assis.

Do seu longo percurso político, Mário Soares admitiu que o seu maior motivo de orgulho foi a luta que travou durante 32 anos contra a ditadura.

Recordando a entrada de Portugal na CEE e mais tarde no euro, reafirmou que essas foram opções positivas e indispensáveis para o país, na sequência da descolonização.

Portugal: “PS NÃO PODE CONTINUAR EM CIMA DO MURO”



Diário de Notícias - Lusa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou hoje as declarações do PS sobre a moção de censura, e desafiou os socialistas a fazerem uma opção e a assumirem se estão a favor ou contra a política do Governo.

"O PS tem de fazer uma opção e não pode continuar em cima do muro. Nesse sentido, as declarações [socialistas após o anúncio da moção] não foram muito felizes. Mostram uma grande hesitação, confusão e acima de tudo uma grande cumplicidade com esta política, particularmente com o pacto de agressão", afirmou Jerónimo de Sousa, à margem da manifestação da CGTP que decorreu hoje à tarde em Lisboa.

O PCP apresentou na sexta-feira na Assembleia da República uma moção de censura ao Governo, tendo o secretário-geral do PS, António José Seguro, respondido que "o que mais faltava ao país era que se criasse uma crise política neste momento". O líder socialista escusou-se a confirmar se o partido vai ponderar entre a abstenção e o voto contra.

"Quando apresentámos a moção de censura não tivemos o PS como centro das nossas preocupações. A nossa moção é contra esta política, o pacto de agressão e o Governo. Mas o PS tem de assumir se está do lado desta política ou contra ela", desafiou o líder do PCP.

Jerónimo de Sousa faz ainda uma avaliação negativa de um ano de Governo de Pedro Passos Coelho.

"O país está mais endividado, mais dependente, com mais injustiças, mais desemprego e pobreza. A nossa moção [de censura] tem por base a realidade em que vivemos e corresponde ao sentimento da maioria dos portugueses. É bom que o povo perceba que desta forma o Governo vai dar cabo do resto. É preciso uma rutura e uma mudança", defendeu.

O secretário-geral do PCP mostrou-se agradado com a presença dos milhares de pessoas que hoje participaram na manifestação organizada pela CGTP, mas preferiu não adiantar um número.

Jerónimo de Sousa considerou a manifestação como mais uma forma de censura ao Governo, garantindo que será sempre mais um a lutar ao lado dos trabalhadores.

Arménio Carlos na manifestação da CGTP: É inevitável o aumento do salário nacional




Diário de Notícias – Lusa, com foto

O secretário-geral da CGTP disse hoje ser inevitável o aumento do salário mínimo nacional, considerando a manifestação desta tarde, em Lisboa, uma censura às políticas do Governo.

"Esta manifestação é de censura ao Governo e às suas políticas, mas é simultaneamente de exigência e de apresentação de propostas para as saídas que consideramos importantes e que vamos apresentar", afirmou Arménio Carlos, à Agência Lusa, durante o percurso entre o Marquês de Pombal e o Rossio.

Rodeado por manifestantes, o secretário-geral avançou com algumas ideias que a CGTP espera que tenham sucesso.

"Nomeadamente para a criação de emprego, o combate ao desemprego jovem e às políticas que visam retirar a proteção social aos desempregados. No que respeita à melhoria dos salários, é inevitável o aumento do salário mínimo nacional e também é preciso aumentar as pensões", defendeu o secretário-geral da intersindical.

Arménio Carlos preferiu não adiantar um número de manifestantes hoje presentes em Lisboa, mas mostrou-se satisfeito com a moldura humana.

"Estamos perante uma grande manifestação vivida com intensidade e com esperança e confiança e que é necessário alterar estas políticas e dar resposta a uma conjunto de necessidades e desejos dos trabalhadores e da população", referiu o secretário-geral da CGTP.

Quanto à possibilidade da realização de mais manifestações no futuro, Arménio Carlos disse que, para já, estão previstas uma série de iniciativas de luta ao nível setorial, destacando a greve nacional da função pública na próxima sexta-feira.

CPLP: Segurança alimentar e adesão da Guiné Equatorial na agenda da cimeira de julho



Lusa

Beira, 16 jun (Lusa) - A presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) será confrontada com a segurança alimentar, mas os Estados-membros precisam ponderar a adesão da Guiné Equatorial à organização, disse, hoje, à Lusa o secretário executivo da CPLP.

Na Beira, no centro de Moçambique, Domingos Simões Pereira afirmou esperar que na cimeira de julho, em Maputo, os países membros se comprometam com a situação da segurança alimentar no espaço geográfico da lusofonia, um dos indicadores da pobreza grave da população nas comunidades.

"As expetativas são de que as cimeiras são sempre um momento de renovar, avaliar e de projetar. Moçambique terá a oportunidade de liderar (a CPLP), apontando os caminhos para o desenvolvimento da organização no sentido de congregar todos os países com programas comuns relevantes para o povo", disse Domingos Pereira.

Segundo o dirigente, a organização deve continuar a pautar-se pelo humanismo, olhando para vertente social e cidadania dentro das comunidades. E as relações económicas, descritas como tímidas, entre os países "resolvem-se por dinâmicas próprias", tendo em conta as descobertas, sobretudo de recursos minerais.

Numa reação a posições de organizações não governamentais contra a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, Domingos Pereira disse que é preciso também respeitar "a responsabilidade" com que os chefes de Estado e de governo têm tratado o assunto, desde a candidatura daquele país, em 2004, situação que tem merecido uma constante apreciação dos critérios da organização.

"Se, até hoje, eles (chefes de Estado e de governo) chegam à conclusão de que os critérios não estão completamente reunidos para uma avaliação positiva, espero que a próxima decisão que será tomada mereça respeito por parte da nossa comunidade incluindo a sociedade civil", disse.

Organizações não governamentais de São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Brasil e Portugal lançaram na semana passada uma campanha contra a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, apelando para que seja recusada a candidatura do país na próxima cimeira da organização, a 20 de julho, em Maputo.

As nove subscritoras da carta (entre as quais quatro plataformas, que congregam varias associações), enviada aos chefes de Estado e de governo da CPLP, exigiram que a organização lusófona "imponha critérios rigorosos de liberalização política, boas práticas democráticas e respeito pelos direitos humanos a todos países candidatos".

O movimento cívico, lançado a 11 de junho corrente, considerou que a adesão da Guiné Equatorial à CPLP "visa exclusivamente branquear a imagem de um dos regimes mais violentos de África", de Teodoro Obiang.

Sob o lema "Por uma comunidade de valores", o movimento realçou que não é contra a adesão de outros parceiros à CPLP, mas que se opõe a entrada de "uma das mais brutais ditaduras africanas".

"Não podemos negar a história dos nossos povos. A adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pode significar a maneira de exigir que a Guiné Equatorial cumpra os critérios e princípios das comunidades" observou Domingo Pereira.

Esta "é a primeira vez que organizações dos vários países lusófonos se juntam num movimento concertado de defesa dos princípios democráticos e do respeito pelos direitos humanos na CPLP", destacaram em comunicado as ONG.


Timor-Leste/Eleições: Fretilin faz campanha inédita e distribui flores aos eleitores de Díli



MSE - Lusa

Díli, 16 jun (Lusa) - A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) distribuiu hoje, numa iniciativa inédita no âmbito da campanha eleitoral para as legislativas de 07 de julho, centenas de flores por vários bairros de Díli.

Em campanha porta a porta pelos bairros de Díli, o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, distribuiu flores e falou com centenas de eleitores.

"Com a flor pretendemos falar do coração para o coração, da alma para o corpo. No fundo este povo sentiu-se abandonado durante algum tempo, nos últimos cinco anos principalmente", afirmou à agência Lusa o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri.

De casa em casa, em lojas e até no meio da rua, os timorenses paravam, cumprimentavam Mari Alkatiri, falavam das eleições legislativas e seguiam caminho com uma flor na mão.

"Decidimos fazer isto porque há várias questões que têm de ser combatidas, nomeadamente ameaças e intimidação que têm sido instrumentos de campanha e compra de votos", explicou Mari Alkatiri.

Além do secretário-geral da Fretilin, também o presidente do partido, Francisco Guterres Lu Olo, distribuiu flores aos eleitores, independentemente da preferência partidária.

"Temos também brigadas em todos os sucos a funcionarem, particularmente nas áreas rurais, e em permanência num esforço para detetar anomalias e irregularidades para denunciar oportunamente", disse Mari Alkatiri.

Questionado pela Lusa se tem verificado intimidações, Mari Alkatiri disse que a estratégia está a ser "bem-sucedida", porque as pessoas têm evitado intimidar o povo.

Nas conversas com Mari Alkatiri, os eleitores da capital timorense pediram mudanças para melhorar o seu nível de vida.

A campanha eleitoral para as legislativas de 07 de julho em Timor-Leste começou no passado dia 05 e termina a 04 de julho.

Candidataram-se ao escrutínio 21 partidos e coligações.

TIMOR GAP E PERTAMINA ASSINAM MEMORANDO DE ENTENDIMENTO



MSE - Lusa

Díli, 16 jun (Lusa) - As empresas públicas petrolíferas de Timor-Leste e da Indonésia assinaram na sexta-feira em Jacarta um memorando de entendimento para desenvolverem o setor de negócios do gás e petróleo em território timorense.

Segundo uma notícia divulgada no Jakarta Post, que cita um comunicado da Pertamina, a cooperação entre a Pertamina e a Timor Gap vai envolver o processamento e comercialização de petróleo e gás, bem como a formação de recursos humanos.

"A cooperação vai incluir a construção de bombas de gasolina", refere o comunicado.

A Pertamina lidera o mercado de fornecimento de combustível em Timor-Leste.

Cimeira acontece em contexto pouco positivo devido a crise económica -- Ramos-Horta



MSE (FYRO) - Lusa

Díli, 15 jun (Lusa) - O ex-presidente de Timor-Leste José Ramos-Horta considerou hoje que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20 vai ocorrer num contexto pouco positivo devido à crise económica.

José Ramos-Horta viaja na segunda-feira para o Rio de Janeiro, acompanhando dos vice-ministros da Economia e Desenvolvimento e dos Negócios Estrangeiros, para participar no encontro.

"No contexto da crise que se agrava dia após dia na Europa (...) não vejo como da Cimeira do Rio vão sair novas promessas que tenham a confiança da sociedade civil mundial", afirmou o também Prémio Nobel da Paz.

Ramos-Horta previu que o ambiente no Rio não vai ser nada fácil, salientando que deverá ser mais rancoroso do que, por exemplo, foi o da cimeira sobre alterações climáticas, realizada há dois anos na Copenhaga.

"Vinte anos depois da primeira cimeira do Rio o que é que se alcançou em termos de proteção ambiental, de desenvolvimento sustentável, de redução da pobreza?", questionou.

O antigo presidente timorense disse também que, no Rio de Janeiro, Timor-Leste vai apresentar formas de desenvolvimento sustentável, salvaguardando as zonas florestais, coralífera e mar.

Mais de 100 chefes de Estado e de Governo vão estar reunidos entre 20 e 22 de junho no Rio de Janeiro, sob o patrocínio da ONU, em busca de acordos que levem a um maior compromisso com a preservação ambiental.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20 acontece 20 anos após a realização da Cimeira da Terra, que entrou para a história como a mais importante reunião ambiental realizada pelas Nações Unidas.

Política da água em Cabo Verde quer fazer justiça ao nome do país



José Sousa Dias, agência Lusa

Cidade da Praia, 16 jun (Lusa) - Impensável há uma década atrás, os mercados de Cabo Verde oferecem hoje leguminosas e frutas viçosas, sinal da mudança progressiva do panorama agrícola no arquipélago.

As novas técnicas de irrigação, como o sistema gota-a-gota, têm permitido transformar os secos e áridos solos em quintas, maioritariamente artesanais, mas que têm permitido contornar a escassez de água nas nove ilhas habitadas de um arquipélago onde só chove entre julho e outubro.

E é nos mercados de Santiago que se nota uma cada vez maior disponibilidade de frutas e legumes frescos, graças sobretudo à única barragem do país, construída e concluída em 2006 pela China, na região de São Lourenço dos Órgãos, no interior da ilha onde se situa a capital, Cidade da Praia, e que já encheu várias vezes.

A questão da água vai ser um dos assuntos a ser debatido na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20 que se realiza entre 20 e 22 no Brasil. Além da Água serão discutidos temas como os oceanos, alterações climáticas, energia, desastres naturais e alimentação.

Com os lençóis freáticos reduzidos e de pouca monta, incapazes de por si só abastecerem uma população crescente - 500 mil habitantes no arquipélago, mais de metade na ilha de Santiago -, a barragem do Poilão trouxe à região uma nova vitalidade a uma agricultura que já passou da fase de subsistência para a comercial.

Os custos com os combustíveis para a produção de água potável - são várias as centrais dessalinizadoras no arquipélago - são muito altos, pelo que a ambiciosa aposta governamental na densificação de barragens e diques por todo arquipélago é vista como uma luz ao fundo do túnel.

Até 2016, o Governo de Cabo Verde tem prevista a construção de 17 barragens - pelo menos três estão já em curso na ilha de Santiago (Salineiro, Saltinho e Faveta) -, e mais de 70 diques.

Fazer jus ao nome do país, torná-lo, de facto, verde, é a aposta do governo local, baseado no exemplo da barragem do Poilão, pretende concretizar uma revolução nos solos, por onde, todos os anos, se perdem uns estimados 700 milhões de metros cúbicos da água proveniente das chuvas.

A retenção da água das chuvas é uma prioridade e após mais de cinco anos de estudos das diferentes bacias hidrográficas, a agricultura começa a surgir em força, esperando as autoridades locais, com ela, aumentar a produção agrícola, inverter a tendência de deslocação das populações para os principais centros urbanos, baixar o desemprego, reduzir a pobreza e combater a desertificação.

A par da política da água, está em curso uma ação de sensibilização para a eficiência, que passa não só pelas populações mas sobretudo por uma lógica de evitar desperdícios, uma vez que as canalizações são já velhas e muita da água que se perde é escoada, com frequência a céu aberto, para o mar.

A par da infraestruturação do saneamento, Cabo Verde tem ainda apostado na construção de estações de tratamento de águas residuais, reduzindo o impacto da poluição marítima, embora haja, tal como reconhecem as autoridades, muito a fazer.

PR cabo-verdiano destaca apoio à diáspora e reforço da cooperação



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 15 jun (Lusa) - O reforço do diálogo político e de cooperação bilateral foi hoje destacado pelo Presidente de Cabo Verde, ao proceder ao balanço da visita de Estado de dois dias a Portugal, que permitiu também garantir maior apoio à diáspora cabo-verdiana.

Numa conferência de imprensa já na Cidade da Praia, Jorge Carlos Fonseca indicou que, a partir de agora, as relações entre os dois países tornaram-se "ainda mais fáceis", já que foram abertas novas portas e assumidos compromissos nas reuniões com o presidente e com o primeiro-ministro de Portugal, Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho.

O destaque de Jorge Carlos Fonseca, que esteve em Portugal de 07 a 13 deste mês, foi para as questões ligadas à proteção da vasta comunidade cabo-verdiana residente em Portugal, cujos direitos sociais e programas de integração estão a ser reavaliados de forma a garantir maior responsabilidade social.

Na parte política, o chefe de Estado cabo-verdiano salientou a disponibilidade de Lisboa em "diversificar" a cooperação e as relações comerciais, mesmo tendo em conta o impacto da crise económica e financeira internacional em Portugal.

Nesse sentido, realçou que a segunda cimeira entre os dois países vai realizar-se ainda este ano na Cidade da Praia e que o dossiê "comunidades" - tanto a cabo-verdiana em Portugal como a portuguesa em Cabo Verde -, estará incluído nas negociações.

Na cimeira, os dois países vão discutir sobretudo o Programa Indicativo de Cooperação (PIC) para o quadriénio 2012/2015, ainda em estudo.

"A abertura foi grande e é grande a simpatia que os portugueses nutrem por Cabo Verde. Há uma admiração muito grande em relação à nossa democracia", sintetizou Jorge Carlos Fonseca, anunciando que, na quarta-feira, último dia da sua estada em Portugal, convidou o treinador de futebol português José Mourinho a visitar Cabo Verde.

"A ideia é trazê-lo a Cabo Verde, não para falar de política, mas sim de ambição. Já disse no passado que Cabo Verde precisa de um José Mourinho, um exemplo de ambição", referiu, explicando que o convite foi formulado ao pai do treinador do Real Madrid durante a visita que fez ao Estádio do Bonfim, em Setúbal.

Adepto confesso do Vitória de Setúbal, Jorge Carlos Fonseca lembrou que, quando jogou futebol em Portugal era guarda-redes e que, na altura, lhe chamavam "Mourinho", numa alusão à alegada parecença com o então guarda-redes setubalense.

Cabo Verde: PR APELA AO VOTO NAS AUTÁRQUICAS A 1 DE JULHO



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 15 jun (Lusa) - O presidente de Cabo Verde apelou hoje aos cerca de 282 mil inscritos para que cumpram o dever de cidadania, um dia após o início da campanha eleitoral para as autárquicas cabo-verdianas de 01 de julho.

Ao salientar a "grande importância" da votação, Jorge Carlos Fonseca pediu aos eleitores que votem "em consciência" e "sem constrangimentos", exortando-os a lerem os projetos de cada um dos 56 candidatos aos 22 municípios em que se divide administrativamente o país.

O presidente cabo-verdiano falava numa conferência de imprensa no Palácio Presidencial, na Cidade da Praia, para dar conta da visita de Estado que efetuou a Portugal, de onde chegou na noite de quinta-feira.

Nas eleições autárquicas de 2008, o Movimento para a Democracia (MpD) venceu 12 das 22 câmaras e o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder) as restantes dez. Ambos voltam a concorrer em todas os municípios.

A União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) concorre a apenas cinco edilidades e o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS) a duas, havendo ainda cinco independentes candidatos a outras tantas câmaras.

Os concelhos da Cidade da Praia e de São Vicente são os que apresentam maior número de candidatos, com quatro, havendo três em outras oito edilidades - Boavista, Ribeira Brava de São Nicolau, Ribeira Grande (Santo Antão), Sal, Santa Catarina (Santiago), Santa Cruz (Santiago), São Filipe (Fogo) e São Miguel (Santiago).

As restantes 12 câmaras - Brava, Maio, Mosteiros (Fogo), Santa Catarina (Fogo), Tarrafal (São Nicolau), Ribeira Grande (Santiago), São Domingos (Santiago), São Lourenço dos Órgãos (Santiago), São Salvador do Mundo (Santiago), Tarrafal (Santiago), Paul (Santo Antão) e Ribeira Grande (Santo Antão) - resumem-se à "luta" entre o PAICV e MpD.

RIO+20: A CIMEIRA DA HIPOCRISIA GLOBAL



Fausto Arruda

Na segunda quinzena de junho, chefes de Estado do mundo inteiro estarão no Rio de Janeiro para um convescote [1] que tem tudo para ser mais uma atividade diversionista para encobrir os reais e mais candentes problemas que a humanidade enfrenta nos dias atuais.

Fome, peste e guerra

As pessoas das gerações mais antigas se criaram ouvindo as rezadeiras concluírem suas ladainhas com a súplica: livrai-nos da fome, da peste e da guerra. Hoje, os pseudocientistas, sacerdotes do ecoterrorismo, disseminam o pensamento único ensinando às massas uma nova ladainha: livrai-nos do buraco na camada de ozônio, do efeito estufa e do aquecimento global. Mas, o temor das rezadeiras continua mais que nunca na ordem do dia.

Segundo as estatísticas dos organismos internacionais, cerca de oitocentos milhões de pessoas sofrem no mundo de fome crônica. Por hora, morrem mil crianças todos os dias por variadas moléstias cuja base é a subnutrição.

Estas mesmas populações, principalmente pela condição de famélicas, estão expostas a um sem número de epidemias como AIDS, ebola, malária, dengue, febre-amarela, cólera, afora as gripes de moda como a suína, a aviária e outras.

Tão letal quanto a fome e a peste, a guerra tem sido uma constante na vida dos povos, principalmente os das nações exploradas, vítimas da ganância das nações imperialistas. O capitalismo, ao atingir a sua fase superior, o imperialismo, na virada do século XIX para o século XX lançou mão da guerra de rapina para açambarcar as fontes de matéria prima e dominar o mercado consumidor dos quatro cantos do mundo. Durante todo o século XX e início do século XXI foram dezenas de guerras desencadeadas ou incentivadas pelas nações exploradoras, tendo a frente o imperialismo ianque, para se apoderarem do botim de cada uma.

Afora o faz-de-conta dos organismos internacionais ou a demagogia dos políticos estas questões continuam sem o devido enfrentamento e seguem clamando por sua superação. Claramente a vida já demonstrou que não será na vigência do sistema capitalista que as mesmas serão resolvidas e não é à toa que as mesmas são a base da situação revolucionária que se desenvolve no mundo inteiro. Resta, portanto, aos pretensos donos do planeta aterrorizar as massas com suas ameaças de aquecimento global e outras sandices que, para ganharem fórum de respeitabilidade, são ensalsadas a partir de encontros de cúpula como Eco-92, Kioto, Cancun, Copenhagen, Rio + 20, etc...

O que a ciência nos fala

Nadando contra a corrente do pensamento único imposto pelo centro do poder mundial, alguns cientistas têm lutado bravamente para desmistificar todas estas baboseiras difundidas no sentido de tirar a atenção dos povos dos principais problemas que os afligem e, ainda por cima, manter a exploração das colônias e impedir o seu desenvolvimento.

No Brasil podemos destacar, entre poucos cientistas que se atrevem a contestar a hipótese do aquecimento global, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Luiz Carlos Molion, o qual concedeu uma esclarecedora entrevista ao Programa Canal Livre, postada no Youtube juntamente com outras intervenções suas em outros eventos destruindo todas as teses, segundo as quais o planeta marcha para o aquecimento global e chega a afirmar exatamente o contrário.

Outro cientista que ganhou notoriedade nos últimos dias por haver participado do Programa Jô Soares, na Rede Globo, foi o professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Ricardo Augusto Felício. Depois de sua entrevista e até pela proximidade da Cúpula Rio + 20, Felício passou a receber uma grande quantidade de convites para proferir palestras em escolas e universidades, tal o espanto com que as pessoas foram tomadas diante de alguém que ousou desafiar o pensamento único, afirmando que o que os pseudocientistas asseveram ser a Teoria do Aquecimento Global, na verdade nem teoria é, e sim, simplesmente uma hipótese sem nenhuma comprovação científica. E corroborando as afirmações do professor Luiz Carlos, afirmou categoricamente que o que se avizinha é um período de resfriamento do planeta.

Ecoterrorismo e dominação

Roberto Felício denuncia, por exemplo, a indústria química detentora de patentes sobre gases refrigerantes como uma das fontes geradoras deste terrorismo, tudo por meros interesses comerciais. Da mesma forma que os países ricos se utilizam destas inverdades para manter o domínio sobre as semicolônias, impedindo-as de lançar mão das fontes de energia fosseis como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural. Os monopólios e os governantes de países ricos transformaram o ecoterrorismo em um imenso negócio disseminado através de financiamentos de projetos em universidades e ONGs gerando emprego e renda para aqueles que se comprometem a abraçar esta ideologia manipuladora. Parte destes recursos é carreada para os monopólios de comunicação responsáveis pela cadeia mundial da desinformação e, mais que isso, do apavoramento das massas pelo terror ecológico.

Aparência e essência

Ricardo Felício chama a atenção para o fato de que as pessoas vivem em microclimas. A experiência de vida no microclima, que pode ser alterado pela ação do homem, pode levá-las a imaginar a sua transposição para o clima global. Porém, o clima global, pelas suas dimensões, tem no sol, nos oceanos e nos vulcões as principais fontes de alterações. Explorando a ignorância das massas, os pseudocientistas escondem a essência dos fenômenos e induzem as pessoas a aceitarem como verdade aquilo que é apenas a aparência.

É claro que a urbanização, a industrialização e a civilização do automóvel modificaram e cada vez mais têm a capacidade de causar tremendos transtornos à vida das pessoas, assim como o desmatamento desregrado e a falta de proteção das nascentes podem provocar incalculáveis prejuízos ao meio ambiente numa esfera microclimática, longe, porém, de interferir de forma global no clima do planeta.

O desenvolvimento da técnica a serviço do bem estar do povo e não do capital pode perfeitamente apontar soluções para controlar os efeitos negativos da intervenção humana no microclima. Entretanto, a fantástica energia emanada do sol, dos vulcões e dos oceanos não pode ser controlada. O ser humano tem que reconhecer a sua insignificância para intervir nesta esfera da organização da matéria.
(1) Convescote: piquenique

Ver também:
  Mitos climáticos , Blog de Rui Gonçalo do Carmo Moura (1931-2010)
  A falta de senso do consenso , Rui Moura
  Aquecimento global: uma impostura científica , Marcel Leroux (1938-2008)
  A fábula do aquecimento global , Marcel Leroux
  Acerca da impostura global , Jorge Figueiredo


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

“VISÃO 2050” PARA O MUNDO E A SADC! – II



Martinho Júnior, Luanda

Para África a planificação geo estratégica integrada e sustentada tem na água interior e nas florestas duas das linhas de força vitais a considerar.

Como alcançar desenvolvimento sustentável a muito longo prazo a partir da economia desses recursos, havendo já a noção básica das suas limitações, em parte devido às pressões derivadas do crescimento da população e de suas actividades, em parte devido ao crescimento dos grandes desertos africanos em função das alterações climáticas globais?

O segundo passo, depois do inventário com início da investigação, refere-se substancialmente à necessidade de mobilização dos povos; sem essa mobilização, tirando partido dos conhecimentos que se forem adquirindo e acumulando, será impossível garantir os equilíbrios indispensáveis para com o ambiente, de acordo com o respeito devido à Mãe Terra e com os interesses das futuras gerações, elas próprias carentes dos equilíbrios que só se poderão alcançar fora da lógica capitalista!

4 ) África portanto é uma das principais vítimas do processo capitalista que a impacta agora com a globalização neo liberal, tendo em conta o subdesenvolvimento crónico que afecta os povos do continente e é a própria ONU, por via da FAO, que desde Roma lança o alerta: “o Desenvolvimento Sustentável não pode ser realizado se a fome e a desnutrição não forem erradicadas” (http://www.rio20.info/2012/noticias-2/o-desenvolvimento-sustentavel-nao-pode-ser-realizado-se-a-fome-e-a-desnutricao-nao-forem-erradicadas)!

Perante a incompatibilidade duma planificação geo estratégica fundamentada numa lógica capitalista, África é o continente mais vulnerável face às ingerências e manipulações que se mantêm, ingerências e manipulações filtradas por via das elites quantas vezes agenciadas pelos interesses da hegemonia, elites que procuram fugir aos novos parâmetros nascentes, preocupadas em garantir o futuro de seus interesses egoístas alinhados e das gerações que diretamente se lhes seguirão.

Plasma-se um mundo carregado de contradições, em função do que escapa ao essencial que é a garantia de vida, ao sentido da vida, sobretudo no que diz respeito à gestão da água e das florestas tropicais do planeta, para responder à lógica do capital e do seu “mercado”, uma lógica ao serviço das elites forjadas no lucro, na especulação, nas tensões, nos desequilíbrios, nas assimetrias e nas guerras, as elites que contribuem para o fomento do subdesenvolvimento e nada motivadas para a sustentabilidade do “desenvolvimento verde”, completamente livre dos venenos com origem humana estimulados desde a Revolução Industrial.

A água não é “fonte de vida”, a água é a vida e uma planificação geo estratégica integrada e sustentada terá de estar alerta para com a lógica capitalista que é tão do agrado das elites correntes forjadas no presente modelo de globalização capitalista e neo liberal! (“How green economy depends on water” – http://www.unwater.org/downloads/Report_Prepcom2_Side_Event_Water_GreenEconomy.pdf).

A sustentabilidade só poderá assumir-se quando todos estão dispostos a mobilizar todo o espectro social em torno dum bem comum vital, a começar desde logo na abertura aos conhecimentos relacionados com o ambiente, o clima, a água, as florestas, com a multiplicidade de ciências que estudam a natureza e o homem, visando a planificação geo estratégica que garanta um mundo que possa realmente ser vivido pelas futuras gerações pelo menos ao nível do que hoje ainda acontece.

Uma visão redutora, em função dos interesses e do egoísmo das elites, nunca será planificação geo estratégica integrada e sustentada, nem dará acesso ao “desenvolvimento verde”, pelo que essa planificação só poderá ser feita fora do quadro propiciado pela lógica capitalista, um quadro fundamentado no inventário cientificado dos recursos, pois o conhecimento reside no homem e só o homem poderá melhor (ou pior) decidir sobre ele.

O esforço de investigação e conhecimento é vanguarda do resgate que deve orientar África na luta contra o subdesenvolvimento (“Water Report on Water Resources Management for Rio+20” – http://www.unwater.org/rio2012/report/index.html), pelo que o inventário e conhecimento sobre os recursos, torna-se a chave para o futuro.

A planificação geo estratégica integrada e sustentada, rumo ao “desenvolvimento verde”, é o primeiro grande passo na luta contra o subdesenvolvimento crônico e isso deve mobilizar a inteligência dos povos e por fim de todas as sociedades (“A water toolbox or Best practice guide of actions” – http://www.unwater.org/downloads/water_toolbox_for_rio20.pdf).

5 ) Para a região SADC, que abrange o vasto sul do continente africano, bem como Madagáscar e outros pequenos arquipélagos do Índico Sul, a integração começa finalmente a ser a maior preocupação geo estratégica (“SADC lança estratégica visão a longo prazo” – http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/sadc_lanca_estrategia_visao_de_longo_prazo), e por isso está sobre a mesa a possibilidade do debate sobre o que é sustentabilidade no âmbito do “desenvolvimento verde”, que quanto a mim, é um dos maiores desafios para a África Austral.

Para uma planificação geo estratégica integrada e sustentada, é fundamental à SADC realizar um estudo continuado de todos os seus recursos físico-geográficos e desde logo sobre as questões que se relacionam, directa e indirectamente com a água e as florestas.

Desse modo deve-se acabar com as tendências elitistas que influem na aquisição do conhecimento, na gestão dos recursos, nos segredos guardados durante séculos por causa da ambição de domínio com carácter de feudal, bem como na investigação e estudo do encadeado dos fenómenos.

Esse comportamento tem sido de certo modo mantido pelas elites sul africanas desde que Cecil John Rhodes implementou o plano imperialista inspirado nos conhecimentos científicos e tecnológicos conformes, entre outras, à Universidade de Oxford.

Apesar do fim institucional do “apartheid”, a emergência sul africana ainda não teve capacidades para ultrapassar essa “chancela” que advém desde as origens da União Sul Africana: ainda que o conhecimento esteja a ser disseminado a outros sectores da sociedade, não está ultrapassado o complexo motivado pelo elitismo económico e financeiro!

O plano “do Cabo ao Cairo”, bem como a presença mais recente (mas já com mais de 50 anos) na Antárctida, (a África do Sul é o único país africano presente no continente gelado), obrigam ao inventário de recursos, tal como à investigação multi-sectorial de todos eles, a começar pelo que é vital, a água, mas a África do Sul, melhor as suas elites, as que fazem parte da sua inteligência, indiciam em pleno século XXI, que pretendem utilizar esses conhecimentos em função da tendência anglo-saxónica de domínio a muito longo prazo, uma questão sócio-cultural abrangente, incompatível com as urgentes soluções que se torna necessário encontrar para muitas questões que se prendem com a “nossa casa comum”!

A África do Sul é um país africano onde se realizou a Revolução Industrial, onde ocorre também a Revolução Tecnológica de “última geração”, sobretudo por que desde o final do século XIX teve elites ambiciosas que cientificaram os conhecimentos que ciosamente continuam a guardar, escondendo de outros, por que precisamente pretendem manter o domínio que daí advém, sobre os estados, as sociedades e os povos dentro da África do Sul e desde logo em toda a vasta região austral do continente.

Alterar a assimetria do conhecimento tão evidente na África Austral é outro dos pormenores implícitos no primeiro passo que se deve dar no quadro da SADC, se realmente se quiser implementar uma geo estratégia integrada e sustentada com base nos recursos existentes, assumindo uma atitude muito crítica em relação às actuais assimetrias próprias do capitalismo!

Há um abismo de conhecimentos adquiridos e acumulados entre as universidades sul africanas que se assumiram influenciadas pelas elites formadas a partir da Revolução Industrial e, por exemplo, as pouco expressivas elites do Congo.

Esse fenómeno terá de ser ultrapassado também por via da extensão da investigação científica a todos os componentes da SADC e muito particularmente integrando as universidades e institutos superiores de investigação daqueles países onde correm as bacias tropicais dos grandes rios como o Congo, o Zambeze, o Okawango…

A emergência da África do Sul, que é a última componente dos BRICS, sê-lo-á quando o conhecimento for efectivamente uma causa solidária para toda a SADC e não uma forma de continuada manipulação das elites.

6 ) Neste momento a planificação geo estratégica na SADC é irrisória nas suas ambições: limita-se a um pouco mais que o “Programa Regional de Desenvolvimento de Infra-estruturas da SADC”, precisamente por que se continua a perseguir uma via de planificação indexada à lógica capitalista em vigor, o que convém às poderosas elites sul africanas, uma parte delas integrando o poderoso “lobby dos minerais” que a influenciam e às potências sustentáculo da hegemonia!

O Botswana é um “produto acabado” dessa “extensão” e o peso da De Beers, via Debswana é a coluna vertebral dos programas elitistas, explorando a velha trilha da “British South Africa Company”, adaptada ao século XXI.

A orientação para os Parques Transfronteiriços da Paz, é uma aplicação inteligente dessa “extensão”, onde o conhecimento científico e da investigação, é um quase monopólio do sistema formado pelas Universidades e Institutos de Investigação sul africanos.

7 ) A SADC possui água em abundância, apesar da existência de desertos como o Kalahári e o Namibe, mas muito pouco se inventaria e se investiga com a inteligência autóctone, por exemplo sobre as bacias mais decisivas de África (a do Congo e a do Zambeze), o que acaba também por não beneficiar a África do Sul nos seus relacionamentos a norte

A água de África está nos oceanos, nos rios e nos lagos interiores, estabelecendo-se entre todas as regiões geográficas inter-influências, que constituem um ambiente complexo, original, único, no espaço SADC:

- A água de dois oceanos, o Índico Sul e o Atlântico Sul;

- A água no interior, em bacias hidrográficas extensas e em lagos de grandes dimensões.

Garantir o estudo sobre a região, por exemplo, da origem da corrente fria de Benguela, é um assunto que interessa a toda a SADC, mas só a África do Sul o faz de forma sistemática, desde a sua presença entre os pioneiros da Antárctida!

Estabelecerem-se Parques Naturais em regiões onde há interesses elitistas com base na “plataforma” que é o Botswana, esquecendo-se da necessidade de, desde logo, se garantir a protecção ambiental, o estudo e a investigação das nascentes dos grandes rios africanos e dos seus principais afluentes, para depois se alargar esse esforço aos fluxos intermédios desses rios e por fim aos expedientes transfronteiriços ora privilegiados.

Inverteram-se as prioridades para uma planificação geo estratégica integrada e sustentada a longo prazo, por causa da influência e dos interesses da elite sul africana, incluindo aquela que detém o conhecimento!

Desde já a aceitação pacífica desse critério é aceitar que as geo estratégicas sejam promovidas precisamente ao contrário, em função dos estímulos sugeridos a partir do elitismo cultivado desde o século XIX na África do Sul!

É sobre esses recursos que as inteligências de todos os povos que compõem a SADC devem despertar, mobilizando as suas Universidades e Institutos Superiores, mobilizando meios e recursos, a fim de chegar à planificação geo estratégica integrada e sustentada que garante o “desenvolvimento verde”, a fórmula compatível com o sentido de vida, ao contrário dos caminhos que têm sido estimulados pelos processos de que se serve a hegemonia gerada pelo capitalismo desde os tempos de Cecil John Rhodes!

A integração na SADC só será efectivamente um facto garantido a partir do momento que com conhecimento solidário a inteligência seja promovida por todos os componentes e a mobilização dos povos seja feita em completa consonância com o respeito devido à Mãe Terra!

Relacionado:

Mais algumas pistas para abordagem:
- Keeping track of our changing environment – from Rio to Rio+20 – 1992 – 2012 – http://www.unep.org/geo/pdfs/keeping_track.pdf

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