Novo
Banco falha compromisso: não é um bom começo
Isabel
Tavares – jornal i
Ao
contrário do que anunciou, o Novo Banco não está a reembolsar o papel comercial
já vencido. Aos balcões, os clientes recebem um leque variado de propostas
O
Novo Banco não está a pagar os reembolsos do papel comercial da Espírito Santo
International (ESI) e da Rio Forte vendido aos clientes de retalho do BES e já
vencido, ao contrário do que anunciou a 14 de Agosto. A justificação dada aos
clientes varia consoante quem os atende. Ao i, o departamento de comunicação da
instituição diz que “há acertos de algumas questões técnicas com o Banco de
Portugal” que impedem os pagamentos.
Rui
Neves é um dos clientes afectados. Tem 100 mil euros em papel comercial da ESI,
com prazo de reembolso previsto para 22 de Agosto. Passado. Teve esperança de
receber o seu dinheiro quando leu o comunicado emitido pelo Novo Banco, a 14 de
Agosto, onde a instituição afirmava o Banco de Portugal tinha autorizado o
reembolso desde que isso não comprometesse os resultados, rácios de capital e
posição de liquidez do Novo Banco, e por um lado, que o pagamento fosse
realizado apenas aos clientes que tivessem subscrito estes títulos até 14 de
Fevereiro- a data da proibição de comercialização de dívida de entidades
do ramo não-financeiro do Grupo Espírito Santo a investidores não qualificados.
Aos
balcões do Novo Banco, a explicação dada a Rui Neves foi a mesma dada a tantos
outros clientes: "ainda estão a ser feitos inventários e não podemos
pagar". O cliente não ficou satisfeito e telefonou para a linha
reputacional do Novo Banco, onde a resposta foi ainda mais vaga: "não
sabemos quando será feito o pagamento, estamos a aguardar ordens". Mais um
telefonema, desta vez para a linha disponibilizada pelo Banco de Portugal e,
tudo na mesma: "estão a ser feitas todas as diligências, o Banco de
Portugal não pode garantir se será dentro de um, dois ou três meses".
Contactado
pelo i, o Novo Banco diz que continua “determinado em comprar aos clientes de
retalho o papel comercial da ESI e Rio Forte e esperava ter já conseguido
apresentar as propostas comerciais de compra. Todavia, há ainda acertos de
algumas questões técnicas com o Banco de Portugal que impedem que o processo
esteja concluído”. Por este motivo, “nos casos como o que refere, de clientes
cuja data de reembolso já venceu, não temos podido cumprir os compromissos como
gostaríamos. Tem sido explicado que estamos apenas a aguardar a resolução tão
breve quanto possível desta situação, que obviamente nos preocupa imenso e que
tem impedido que se possam dirimir estas questões e regularizar a 100% a
actividade operacional do banco”.
O
Novo Banco está também a propor aos clientes detentores de papel comercial
depósitos a prazo não mobilizáveis durante um ano em troca do reembolso. Uma
forma de ganhar tempo, embora as condições não sejam detalhadas. A responsável
pela comunicação da instituição não comentou esta pergunta do i. Ao jornal
chegaram ainda relatos de propostas de troca de reembolsos por empréstimos
mediante a apresentação de garantias.
*Título
PG
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