terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O MENU EM TIMOR-LESTE É FOME E CORRUPÇÃO



Ted McDonnell

Timor-Leste atingiu um novo patamar nas últimas semanas, mas não no bom caminho

No ranking de corrupção da Transparência Internacional a situação é desastrosa, tornando-se uma das nações mais desonestas do mundo. Nos últimos dias foi considerado o terceiro país mais faminto no Índice Global da Fome. Não são indicadores para motivo de orgulho do governo...

Assim, enquanto Xanana Gusmão, primeiro-ministro de Timor-Leste, sorve o seu vinho português e dá uns bafos nos seus charutos, e seus filhos vão com o motorista para a escola internacional de Díli por vontade de sua esposa australiana, Kirsty Sword Gusmão, eu pergunto se ele reserva algum pensamento para as dezenas de milhares de timorenses que estão sob o seu governo e que todos os dias passam fome.

É certo que Xanana é um bom chefe de família. Acima de tudo ele tem cuidado da maioria dos membros de sua família com contratos substanciais com o governo; e já os fez ricos através desse processo; tal como assim acontece com outros membros do governo de Gusmão, incluindo aqueles sob quem impendem acusações de corrupção.

Mas o que acontece com o povo de Timor-Leste, às pessoas que sofreram ao longo de décadas? Será que essas pessoas merecem passar fome todas as noites, com mães não serem capazes de alimentarem os seus filhos; ou garantir que eles tenham cuidados de saúde adequados, assim como com pais que enfrentam o desemprego de longa duração?

É justo que a elite política de Timor-Leste coma exageradamente como porcos e esconda dinheiro em malas que levam para fora do país ou enviam-no para contas bancárias offshore?

O mundo não pensa assim, o Banco Mundial não pensa assim, as Nações Unidas não pensam assim ...

De acordo com o Índice Global da Fome 2014 Timor-Leste está a par dos países mais famintos do planeta.

“Bangladesh, Niger, Timor-Leste e Iémen têm a maior prevalência de baixo peso em crianças menores de cinco anos, no valor de mais de 35 por cento em cada país", de acordo com os autores de relatórios.

A situação em Timor-Leste, de acordo com o relatório, situa-se à beira da calamidade e o índice da fome considera a situação "alarmante".

O país está mais faminto. Burundi com índice 35,6; seguido pela Eritreia com 33,8 e logo a seguir Timor-Leste 29,8 – o terceiro pior país do mundo - apesar de Timor-Leste ter um Fundo Petrolífero no valor de $15 biliões de dólares americanos.

O relatório da fome destaca ainda as muitas falhas do governo de Xanana Gusmão e refere o índice de corrupção da Transparência Internacional, que mostra Timor-Leste numa classificação de apenas - 28 (133 de 174 países) abaixo de uma pontuação de 30 em 2013; e 33 em 2012. a queda começou sob a responsabilidade de Gusmão.

A classificação desastrosa da corrupção foi publicada somente algumas semanas depois do governo Gusmão demitir do sistema judiciário assessores estrangeiros que investigavam a corrupção. O julgamento por corrupção da ministra das Finanças, Emília Pires, que pela mão do PM preencheu cheques, permanece em espera.

Então para onde vai o dinheiro? Está sendo usado para alimentar as pessoas, criar emprego e investir  no sistema de cuidados de saúde? 

Não!  Obviamente que há conhecimento de que muito dinheiro tem ido para os bolsos das elites políticas, incluindo os cofres da família de Gusmão.

O Orçamento de Timor-Leste não está a ser gasto como devia. Por isso vimos alastrar a pobreza timorense.

Atualmente, Gusmão mudou para o seu modo de blefar, pontificar, rosnando e intimidando os média de Timor-Leste ou qualquer outra pessoa que tenha a coragem de falar; enquanto seus assessores norte-americanos e australianos, como Pierre-Richard Prosper e o ex-fiel ALP Janelle Saffin, blefa a persuadir muitos diplomatas ocidentais na tentativa de esconder a verdade chocante sobre Timor-Leste e as políticas falidas de Gusmão. 

Ao mesmo tempo, os assessores estrangeiros em Díli sabem que lhes é garantida boa alimentação e o contágio da alegria de Xanana. 

Enquanto isso, a maioria dos timorenses passam fome todos os dias e todas as noites. Sejam felizes rapazes!


*Tradução livre de PG da página de Ted McDonnell em artigo intitulado Timor Leste tonight's menu - hunger & corruption

Leia em Página Global XANANA GUSMÃO. ESTÁ NA HORA DO GOVERNANTE DÉSPOTA SE IR EMBORA – da autoria de Ted McDonnell

Moçambique: GOVERNO E A RENAMO “NÃO DIALOGAM” HÁ MAIS DE UM MÊS



Verdade (mz)

Os propósitos que semanalmente levam o Governo e a Renamo a manterem encontros no Centro Internacional de Conferência Joaquim Chissano (CICJC) em Maputo estão literalmente preteridos, há mais de um mês. Os pontos que dizem respeito à integração dos homens residuais do maior partido de oposição em Moçambique nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) e a despartidarização do Aparelho do Estado, por exemplo, parecem constituir o “nó górdio” na medida em que as discussões terminam com um impasse. Quando no fim da ronda não há nada relevante a dizer ao povo, o “subterfúgio” é a troca de acusações. E foi que se assistiu no na 89ª ronda.

José Pacheco, chefe da delegação do Governo no diálogo político, acusa Dhlakama de, num acto deliberado e reiterado de incitação à violência, estar a violar o acordo de cessação das hostilidades assinado a 05 de Setembro ultimo em Maputo, ao defender que não aceita os resultados eleitorais, o processo foi um embuste, deve-se recontar os votos ou formar-se o tal “Governo de gestão”.

Pacheco disse que o Executivo repudia a atitude do líder da Renamo e exortou para que ele observe a Constituição da República de Moçambique e respeite o acordo assinado com Armando Guebuza, Presidente da República. Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo, rebateu as declarações de Pacheco que as acusações de Pacheco não têm fundamento porque Dhlakama recorreu aos comícios para apelar à população a manter calma. “Em nenhum momento Dhlakama violou o acordo”.

Num outro desenvolvimento, Pacheco afirmou que 20 homens das forças residuais da Renamo, provenientes da província do Niassa, foram interpelados pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) quando atravessavam em direcção a região sul do país. Esta situação contraria o espírito e a letra do acordo de cessação das hostilidades, uma vez que sempre que a “Perdiz” pretender movimentar os seus elementos deve notificar o Executivo. Macuiana explicou que os homens das forças residuais da Renamo têm estado a trabalhar desde que Dhlakama saiu de Santhugira para a capital do país. As pessoas em causa saíram do Niassa, passaram por vários pontos e agora estão em Vilankulo com o líder do partido.

Afonso Dhlakama, líder da Renamo, efectuou um périplo pelas províncias onde teve maior aceitação nas eleições de 15 de Outubro passado com a intenção de explicar à população a sua recusa em reconhecer os resultados do escrutínio, que segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE) foi ganho pelo partido no poder, a Frelimo.

No seu contacto com a população, Dhlakama defende a necessidade de se formar um “Governo de gestão” para governar junto com a Frelimo. Caso contrário, a “Perdiz” vai governar à força nas províncias onde teve maior número de votos que os outros candidatos, nomeadamente Filipe Nyusi e Daviz Simango.

Relativamente à despartidarização do Aparelho do Estado, as partes dizem que ainda se está a fazer consultas internas para a conclusão do documento a ser usado para a declaração dos princípios das matérias relacionados com o assunto.

QUEDA NOS PREÇOS DO PETRÓLEO VAI AUMENTAR POBREZA EM ANGOLA




País tem economia baseada na exportação de petróleo, que em dezembro rompeu a barreira dos 70 dólares por barril. População vai sentir impactos nas áreas sociais, como educação, saúde e alimentação.

As economias de países exportadores de petróleo, entre eles Angola, vão atravessar momentos difíceis em 2015 e, possivelmente, nos próximos anos. Informações das agências de notícias dão conta de que a queda de quase 40% nos preços do produto em 2014 terá como resultado um sério desequilíbrio nos orçamentos.

Em Angola, os impactos serão bastante sentidos nas áreas sociais, com destaque para a educação, a saúde e a alimentação. "Os níveis de pobreza irão aumentar porque os produtos acabados que Angola importa irão custar mais caro. A oferta será muito pouca em termos de alimentação, e a demanda será maior, então as coisas estarão fora do alcance dos pobres. Do outro lado, a maior parte do desenvolvimento de infraestrutura que está a acontecer no país, infelizmente, irá parar, porque Angola não terá dinheiro para suportar isso", diz Elias Isaac, diretor da Fundação Open Society no país.

Em outubro, o clima de incertezas levou o presidente José Eduardo dos Santos a adiar a construção de 63 mil salas de aula, que inicialmente ficariam prontas em três anos. Agora, a nova previsão é de pelo menos cinco a dez anos.
Estratégia de grandes produtores

Os temores se concretizaram no final de novembro, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) optou por não reduzir a produção, que está a superar demanda. No início de dezembro, a estratégia para conquistar mercados asiáticos levou os preços a romper a barreira dos 70 dólares por barril, valor bem inferior aos mais de cem necessários à economia angolana.

"Países como Angola dependem 97% da exportação de petróleo, e suas economias são muito pouco flexíveis", explica o especialista do instituto britânico Chatham House, Alex Vines. "Um país como a Arábia Saudita consegue sustentar os preços baixos de uma maneira que Angola não consegue. Pequenos produtores são muito mais suscetíveis aos impactos do que os grandes", complementa.

O cenário levou investidores internacionais a elevar as taxas de juro para empréstimos contraídos por Angola. De acordo com a agência financeira Bloomberg, o índice de referência para empréstimos a cinco anos atingiu o patamar mais alto da história: 7,72%, superior aos 7% cobrados da Nigéria, o maior produtor de petróleo da África subsariana.

Cortes em outros setores

No entanto, Elias Isaac aponta que haveria outras soluções a curto prazo mais profícuas, nomeadamente, a redução do desperdício de dinheiro público. "Infelizmente o governo de Angola é muito arrogante e não aceita críticas. Uma das coisas imediatas que o governo tem que fazer é cortar certas despesas, especialmente as que têm a ver com o setor da defesa e os dinheiros que são gastos na Presidência da República. No seu orçamento para 2015, há despesas completamente desnecessárias, que não são transparentes e o governo terá que cortar".

A longo prazo, a saída é a mesma já apontada por outros estudiosos: diversificar a economia angolana, hoje baseada apenas no petróleo. O especialista sublinha que a agricultura desponta como uma alternativa de receitas para o país e, também, para a própria população.

Joyce Copstein / Lusa, em Deutsche Welle

São Tomé: Presidente são-tomense nomeia ex-ministro para seu assessor de Defesa e Segurança




O presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa, nomeou hoje o ex-ministro da Defesa e Ordem Interna, Óscar Sacramento e Sousa, para o cargo de assessor para Assuntos de Defesa e Segurança.

Manuel Pinto da Costa nomeou o ex-ministro da Defesa e Ordem Interna, Óscar Sacramento e Sousa, para o cargo de assessor para Assuntos de Defesa e Segurança.

Segundo o decreto presidencial, distribuído hoje à imprensa, a nomeação de Óscar Sousa tem efeitos a partir de 01 de fevereiro de 2015.

Óscar Sousa integrou o anterior governo são-tomense, que foi liderado por Gabriel Costa.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Japão reduz ajuda alimentar a São Tomé e Príncipe em 30% a partir de 2015




O governo japonês decidiu reduzir em 30% a ajuda alimentar em arroz a São Tomé e Príncipe, por alegada má gestão das receitas de venda desse produto, disse o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.

A medida entra em vigor a partir de janeiro de 2015, acrescentou Patrice Trovoada, que falava durante a primeira edição do programa STP Real, transmitido pela televisão São-tomense (TVS) e pela emissora pública (Rádio Nacional).

"No dia 06 de Dezembro o Japão tomou a decisão de reduzir a ajuda alimentar a São Tomé e Príncipe, por causa da má gestão", disse o chefe do Governo.

Patrice Trovoada acusou o anterior governo, de Gabriel Costa, do "desaparecimento de 1.000 toneladas de arroz" e prometeu "apurar responsabilidades".

"Espero que agora as diligências para a investigação e a responsabilização sejam feitas, porque não me venham dizer que cerca de 1.000 toneladas de arroz molhou, o saco rasgou, e o arroz não aparece", acrescentou.

Patrice Trovoada classificou o assunto como "grave" e garantiu que a acusação nipónica tem consequências que se traduzem na "falta de credibilidade no Estado são-tomense por parte da comunidade internacional".

"Se somos um país tão dependende do estrangeiro e não somos, credíveis, a ajuda internacional um dia vai cansar-se", concluiu.

A Lusa apurou de fonte do Ministério da Economia e Cooperação Internacional são-tomense que o último envio de ajuda alimentar do Japão para 2014 já se encontra em São Tomé desde Novembro e que o governo já deu instruções para ser vendido a 13 mil dobras (0,53 cêntinos de euro) o quilo, um valor que corresponde à promessa eleitoral feita por Patrice Trovoada.

Há vários anos que o Japão concede ajuda alimentar em arroz ao arquipélago e o produto da venda serve para financiar obras sociais.

Patrice Trovoada garante que a redução dessa ajuda "só prejudica as pessoas de baixo rendimento", sendo que o arroz é dos produtos mais consumido pela população são-tomense.

O embaixador do Japão em São Tomé e que reside em Libreville, Masao Kobayashi, esteve durante a semana passada na capital são-tomense e durante a sua estada participou numa reunião promovida pelo primeiro-ministro Trovoada com as missões diplomáticas e representantes das instituições financeiras representadas em São Tomé e Príncipe.

O diplomata foi recebido pelo primeiro-ministro são-tomense, inaugurou um dormitório com 30 camas, financiado pelo seu governo no Arcar, uma instituição de abrigo de crianças de rua e bebes abandonados e assinou um contrato de financiamento de cerca de 65 mil euros para a construção e equipamento de uma unidade de produção, conservação e venda de pescado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Cabo Verde: A ENCENAÇÃO DA REGIONALIZAÇÃO



Rosário da Luz – Expresso das Ilhas, opinião

Ultimamente, o tema da regionalização tem comprovado a sua capacidade de inflamar a alma Cabo-verdiana. É natural: a governação dos últimos quarenta anos produziu fortes ressentimentos contra a centralização persistente do poder político e económico na  ilha de Santiago, especificamente na cidade da Praia. O resto do país foiefetivamente relegado para a periferia da capital; e mesmo regiões de relevância nacional – como as ilhas de São Vicente e do Sal – padecem de graves estrangulamentos em consequência desse facto. É portanto expectável que as comunidades procurem soluções para o seu desencravamento; e as dinâmicas sociais apontam no sentido da reivindicação de uma maior autonomia de decisão e transferência de recursos para as regiões.

Esta semana vai a debate no Parlamento a proposta de lei que regula a criação do município de Santa Maria. A iniciativa é do Grupo Parlamentar do PAICV e resulta de uma petição, submetida à Assembleia Nacional pela ACMSM, a Associação para a Criação do Município de Santa Maria. Apesar de articular as suas reivindicações no âmbito da gestão municipal, a ACMSM não foge a uma conexão ideológica orgânica com as correntes pró-regionalização que se manifestam pelo norte do país, e que apadrinham uma mistura de descentralização dos poderes do Estado e reforço do poder local como solução para os problemas da periferia.

O movimento defende que as oportunidades de desenvolvimento do sul turístico da ilha estão comprometidas pela negligência da administração camarária que tem assento em Espargos. De acordo com a ACMSM, a solução para os problemas específicos da localidade é a constituição de um concelho que abrangeria cerca da metade sul da ilha do Sal e estaria vocacionado para o equacionamento dos problemas decorrentes da especialização turística da região. Infelizmente, a sociedade Cabo-verdiana tem demonstrado uma tendência desgraçada para confundir o empoderamento regional com a atomização municipal.

Um olhar rápido pelo percurso do poder local.cv revela de imediato as limitações  políticas, financeiras e organizacionais que lhe têm sido inerentes; e expõe a sua incapacidade transversal de dar resposta às ânsias das populações em diversas valências. É observável que a criação em série de oito micro-municípios  entre 1991 e 2005 não trouxe a desejada mais valia de gestão às localidades e populações que foram “beneficiadas”. Posto isto, será que um futuro concelho de Santa Maria terá melhor sorte com a sua administração municipal do que a Ribeira Grande de Santiago, por exemplo, teve com a sua?

Os opositores desta iniciativa indicam a reduzida dimensão do território e da população de Santa Maria como um argumento determinante contra a criação do novo município. Mas nesse caso é preciso liquidar rapidamente os municípios de São Salvador do Mundo, São Lourenço dos Órgãos – e até o da ilha da Brava, pela sua deficiência demográfica. Ao contrário de remotos enclaves rurais como São Miguel e São Lourenço – alternadamente sufragados pelo MpD e pelo PAICV – a vila de Santa Maria e os seus arredores albergam a maior parte dos empreendimentos turísticos existentes no país e algumas das suas mais apetecidas ZDTI’s; em suma, a região tem relevância nacional aos níveis patrimonial, empresarial, laboral e tributário. Então justifica-se a criação do município?

O problema é que a Praia e o Mindelo – para além de uma história concelhia centenária – também reúnem as condições necessárias para uma existência municipal autónoma; mas o facto não impede estes dois municípios de subsistirem apenas numa situação de continuada dependência do poder central, sem capacidade própria de investimento, operando a níveis perigosos de endividamento e sem a garantia dos serviços básicos de saneamento e urbanização para que foram mandatados. No que respeita a cidade da Praia – capital do país e local de concentração de todos os recursos da nação – é só dar uma voltinha pelas ruas e praças dos bairros privilegiados de Palmarejo e Achada de Santo António para averiguar a ineficácia da gestão municipal na sua oferta de serviços básicos à população.

Quanto à Ribeira Grande de Santiago, trata-se se um município que apresenta algumas semelhanças estruturais interessantes com Santa Maria: um concelho de criação recente, com altas expectativas sobre a exploração da sua vocação turística, e necessidades especiais no que respeita a proteção do seu património cultural – assim como Santa Maria tem necessidades especiais no que respeita a proteção do seu património natural. Mas apesar da sua proximidade da capital e do peso simbólico da sua história para o Estado kontemporaniu, a administração municipal da Ribeira Grande de Santiago não tem contribuído grande coisa para a melhoria da oferta de serviços à população ou para realização do potencial do concelho.

A nossa história municipal também revela os critérios contraditórios empregues pelas organizações partidárias ao suportar ou combater alternadamente as iniciativas de criação de edilidades. Na década de 1990, o MpD criou os municípios de Mosteiros, São Domingos e São Miguel, assente na sua maioria qualificada e com a oposição do PAICV ; no final do seu segundo mandato, o partido dividiu-se sobre a matéria e não logrou obter os 2/3 dos votos necessários à criação de um novo conjunto de concelhos. Contudo, em 2005, já enquanto Oposição, o MpD apoiou o PAICV – que não tinha a necessária maioria de 2/3 – na criação dos municípios da Ribeira Grande de Santiago, Santa Catarina do Fogo, São Lourenço dos Órgãos, São Salvador do Mundo e Tarrafal de São Nicolau.

Nesse caso, o que leva o MpD a opor em 2014 a criação do município de Santa Maria? Será porque não vê vantagem na criação de um município previsivelmente próximo da Situação – quando o presente status quo favorece-lhe enquanto Oposição? Quanto ao PAICV, como explicar que os seus deputados opõem invariavelmente a criação de municípios enquanto Oposição, mas promovem-na enquanto Situação? Quais serão os seus critérios de suporte ou resistência?

Quanto ás pequenas redes de conveniências paroquiais, estas são facilmente angariadas à causa dos interessados políticos na expansão municipal (real ou encenada) com a possibilidade de emprego climatizado e bem remunerado na nova instância municipal – e com a promessa de  fabulosas injeções de capital e concessões de terrenos, que advirão necessariamente do estatuto de município. Se nos deixamos convencer que a única vantagem da criação de um município é o emprego direto que é gerado pela instituição camarária, então é evidente que a multiplicação de instituições que forçam a redistribuição dos recursos do Estado é o grande benefício para as localidades.

A verdade é que se quisermos perceber as tácticas partidárias em torno da iniciativa de criação do município de Santa Maria, deveremos analisar a sua relação com os interesses corporativos em jogo no contexto político atual: nomeadamente, as eleições internas iminentes do PAICV, as legislativas em 2016 e as autárquicas em seguida. Perante a desarticulação da sociedade civil, as corporações políticas nacionais têm espaço mais do que suficiente para moldar oportunisticamente as ansiedades das populações aos seus próprios interesses. 

Realisticamente, prevê-se que o debate parlamentar desta proposta consistirá na crónica de uma morte anunciada: se o MpD fizer valer a sua intenção de não apoiar a criação do Município de Santa Maria, o PAICV não terá os votos necessários para aprovar a proposta de lei. Mas a verdade é que se a lei não for aprovada, temos uma situação win-win para ambas as corporações partidárias: por um lado, o MpD mantém intacto o seu feudo no Sal, sem submeter o património municipal a uma divisão de recursos, ainda mais com uma entidade rival, provavelmente próxima do PAICV; e por outro lado, o PAICV ganha um espaço seguro para estender o seu apoio às ânsias concelhias do povo de Santa Maria, sem o ónus orçamental da criação efetiva de um novo município – quando nos encontramos a apenas um ano do esforço eleitoral de 2016 e quando o Estado está quebrado que nem Djoza.

Mas olhando friamente para o contexto em apreço, onde reside de facto a necessidade de criação de um novo município? Como é que uma localidade que gera negócios e emprego ao nível nacional não consegue convencer a administração municipal sediada 20km a norte – para não falar do governo central – da sua importância socioeconómica? Que forças sobrenaturais submetem Santa Maria a um estatuto periférico em relação a Espargos na hierarquia das prioridades camarárias? Como é que Santa Maria chega ao ponto de se sentir obrigada a partir para a criação de um novo concelho, motivada pela ingerência dos serviços municipais? Como é que uma ilha como o Sal – unicamente vocacionada para dois sectores umbilicalmente ligados, o turístico e o aeroportuário – favorece um cenário de cisão, em vez de procurar constituir-se estrategicamente, pela força conjunta desses dois sectores, numa das divisões municipais com mais peso económico e político no coletivo nacional? Eram até capazes de iluminar o caminho para o resto do pessoal.

Cabo Verde: Presidente cessante do PAICV felicita líder eleita nas diretas de domingo




O presidente cessante do PAICV felicitou hoje a sua sucessora no partido, na sequência da vitória de Janira Hopffer Almada nas diretas de domingo, e insistiu na unidade para que se possa vencer a tripla eleição de 2016.

José Maria Neves falava aos jornalistas na sede nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) já na qualidade de presidente cessante - até ao Congresso de janeiro -, após, de manhã, ter-se escusado, enquanto primeiro-ministro, a comentar a votação.

"Parabéns à presidente eleita. O partido sai reforçado destas eleições democráticas, concorrenciais e com um debate elevado. Todos os candidatos contribuíram para o reforço do pluralismo, do PAICV enquanto partido de esquerda democrática. No rescaldo das eleições, devemos valorizar a participação de todos os candidatos e da presidente eleita", afirmou José Maria Neves.

"Espero agora que haja a união e a coesão de todas as sensibilidades do partido, que todos se juntem em torno da nova líder para enfrentarmos com sucesso os próximos desafios eleitorais (legislativas, presidenciais e autárquicas, por esta ordem, em 2016)", indicou.

Nas diretas de domino, Janira Hopffer Almada, 35 anos e atual ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos, obteve 51,24% dos votos, contra 40,41% de Felisberto Vieira, líder parlamentar do PAICV, e 8,45% de Cristina Fontes Lima, ministra Adjunta e da Saúde.

Admitindo que Janira Hopffer Almada será a candidata "natural" do partido às legislativas do primeiro trimestre de 2016, José Maria Neves considerou "normal" que traga, depois, ideias novas e um estilo de liderança diferente.

"Não há líderes iguais e sobretudo porque foi eleita numa perspetiva de renovação e de enfrentamento de novos desafios pós-2015", afirmou, considerando ainda que, para a vitória da mais jovem líder de sempre do PAICV, foi determinante o debate de ideias durante a campanha, em que Janira Hopffer Almada foi mais forte.

"Talvez tenha tido mais pujança na campanha eleitoral, tenha conseguido transmitir a sua mensagem, convencido a maioria dos militantes da justeza da sua plataforma eleitoral", acrescentou, considerando que, dado os resultados da votação, o partido estará "bem entregue".

Sobre o seu futuro, José Maria Neves adiantou que, "neste momento", o seu "grande objetivo" é concluir o mandato de primeiro-ministro "com sucesso, escusando comentar um eventual regresso à política e após desafios eleitorais, nomeadamente uma candidatura às presidenciais de 2021.

"Não estou a pensar em novos desafios eleitorais, quero dar o meu contributo ao PAICV, enquanto partido, e fazer novas coisas. Não posso falar neste momento, nem quero antecipar qualquer participação nas eleições, até porque as candidaturas dependerão muito da nova direção que for eleita no Congresso e da nova líder eleita. Nem sequer quero por essa questão, nem comentá-la", respondeu.

Sobre o partido que deixa após 14 anos de liderança, José Maria Neves respondeu que entrega um partido "novo, forte, pujante", concluiu.

Janira Hopffer Almada foi eleita domingo a quarta presidente em 33 anos de existência do PAICV, depois de Aristides Pereira (1981/90), Pedro Pires (1991/2000) e José Maria Neves (desde 2000).

Lusa, em Notícias ao Minuto

Vaz Martins: ESTABILIDADE PODE TIRAR GUINÉ-BISSAU DA MISÉRIA




Luís Vaz Martins fala de 2015 a sorrir, depois de anos duros: após o golpe de Estado de 2012 na Guiné-Bissau, o presidente da Liga dos Direitos Humanos chegou a viver escondido, afastado da família e sob disfarce.

"Tive experiências muito amargas, com colegas, por defendermos os direitos humanos e o Estado de direito. Custou-me ter que viver na condição de refugiado dentro do meu próprio país", contou à agência Lusa.

Fações militares e políticas, gozando de impunidade, não toleravam a denúncia de agressões físicas e outras violações dos direitos fundamentais a que nem membros do Governo de transição escaparam.

As eleições deste ano trouxeram estabilidade e esperança e 2015 "deve dar sinais muito fortes no sentido da mudança, para que realmente possamos experimentar formas de viver diferentes da anarquia e do caos que tem sido a realidade", referiu Luís Vaz Martins
Um otimismo moderado ao olhar para a História do país.

"Seria no mínimo utópico pensar que 2015 será o ano de todas as mudanças", disse, até porque a Guiné-Bissau continua a ser "imprevisível", mas perspetiva-se uma viragem decisiva, por exemplo, na organização militar.

"Estou em crer que será o ano do início das grandes reformas no setor da segurança, porque sem elas qualquer crispação no plano político terá repercussões. Porque haverá intervenção das Forças Armadas", sublinhou.

Governo e parceiros internacionais têm falado de desmobilização de muitos militares, por um lado, e formação de novos efetivos, por outro, num setor que "mexe com 40% dos casos de violação dos direitos fundamentais" no território.

"Acredito que os atuais líderes irão colaborar, com o apoio da comunidade internacional, para que haja imediatamente uma reforma nesse setor, sob pena de voltarmos a adiar o país 'sine die'", realçou Luís Vaz Martins.

Noutras áreas, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos disse acreditar na previsão de crescimento económico feita pelo Governo.

E no plano político, considerou expectável que "os consensos encontrados entre diferentes forças políticas se traduzam numa gestão do país mais pacífica", conduzindo a uma "reforma do Estado, no seu todo".

Neste cenário, a melhoria da qualidade de vida deverá ser mensurável e sentida pela população.

"Estamos a falar de 40 anos de autodestruição de um Estado", em que o país "não conseguiu cumprir com os seus principais eixos e objetivos: criar condições de bem-estar para a população, condições de segurança e condições para que se faça justiça em nome do povo", acrescentou.

Lusa, em Notícias ao Minuto

UNICEF REFORÇA PARCERIAS PARA PREVENIR ÉBOLA NA GUINÉ-BISSAU




O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) assinou hoje protocolos com associações da Guiné-Bissau para reforço das ações de prevenção do Ébola, anunciou o organismo.

O vírus já matou milhares de pessoas nos países vizinhos desde o início do ano, mas não há registo de infeções na Guiné-Bissau.

Com os acordos hoje estabelecidos, o UNICEF contribui com 180 mil euros para cinco organizações não-governamentais (ONG) levarem para o terreno ações de divulgação de boas práticas de higiene e mudança de comportamentos de risco.

A duração dos programas de atividades varia entre três a oito meses e vai abranger todo o país, com maior enfoque nas comunidades mais próximas de zonas fronteiriças.

Beneficiam do apoio do UNICEF as ONG Cruz Vermelha da Guiné-Bissau, Battoden Gollen, Fundação de Assistência Médica Internacional (AMI), Comissão Justiça e Paz, Direitos Humanos e Desenvolvimento (Caritas-GB) e a Estrutura Comunitária de Animação e Sensibilização para o Desenvolvimento (ECAS-D).

Estima-se que as mensagens possam chegar a cerca de 685 mil habitantes, dos quais cerca de 470 mil serão abrangidos pelo trabalho da Caritas, que vai atuar em todo o território nacional.

Em paralelo e para apoio ao Ministério da Educação Nacional, o UNICEF e a Fundação Fé e Cooperação (FEC), de Portugal, vão reforçar ações para prevenção da doença e adoção de boas práticas de higiene nas escolas.

Está a decorrer uma formação de formadores ministrada pelo UNICEF destinada a 67 professores e 10 funcionários do Ministério da Educação que irão multiplicar o treino a 3337 agentes educativos e 1631 escolas do 1º ao 6º ano das 8 regiões do país.

O Projeto "Higiene e Saúde na Escola" serve para "reforçar a adoção rotineira de boas práticas de higiene" para prevenir não só o Ébola, mas também outras "doenças infectocontagiosas", refere a agência das Nações Unidas em comunicado.

Esta iniciativa terá uma duração de três meses e inclui o desenvolvimento de um guia de preparação específico para o sector de educação.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Guiné-Bissau: Primeiro-ministro quer mais entidades envolvidas na reforma da Defesa




O primeiro-ministro da Guiné-Bissau defendeu hoje a participação de "outras entidades" na reforma da Defesa e Segurança do país, sem deixar de lado a força militar da África Ocidental estacionada no país há mais de dois anos.

Durante um conjunto de reuniões com parceiros internacionais em Nova Iorque, em novembro, Domingos Simões Pereira defendeu o envolvimento de outras organizações internacionais "sob a coordenação das Nações Unidas".

Solicitado pelos jornalistas a esclarecer a posição, Domingos Simões Pereira disse hoje que "nunca pôs em causa a presença da Ecomib", contingente de 700 militares e polícias da África Ocidental estacionado na Guiné-Bissau na sequência do golpe de estado de abril de 2012.

"Nunca pusemos em causa a presença da força da Ecomib. Falamos da presença e da participação de outras entidades" no processo da reforma do setor militar guineense, afirmou Domingos Simões Pereira, à margem da abertura de um seminário sobre proteção civil.

O primeiro-ministro esclareceu que "nunca falou de uma nova força" para a Guiné-Bissau, mas sim de uma estrutura para dar formação e ajudar na reinserção social dos militares a serem desmobilizados, entre outros aspetos da reforma.

Essa estrutura teria também como finalidade mobilizar recursos para o Fundo de Pensões para os militares que vão deixar o exército guineense, notou Domingos Simões Pereira.

Sobre a continuidade ou não da Ecomib na Guiné-Bissau, o primeiro-ministro guineense disse ser um dos assuntos em análise na cimeira de chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que terminou na segunda-feira, na Nigéria.

Hoje, à chegada a Bissau, depois de participar naquele encontro, o Presidente guineense, José Mário Vaz, referiu que ficou acordada a "prorrogação" da missão da Ecomib por mais seis meses, renováveis.

A posição faz parte do comunicado final da cimeira, em que a CEDEAO apela à comunidade internacional para ajudar a suportar o mandato daquela força de estabilização.

Lusa, em Notícias ao Minuto

O MAIS SANGRENTO ATAQUE TERRORISTA DA HISTÓRIA DO PAQUISTÃO




O exército paquistanês informou que 141 pessoas, 132 das quais crianças, foram mortas hoje no ataque de um comando talibã a uma escola para filhos de militares em Peshawar, o mais sangrento ataque terrorista da história do Paquistão.

O pior até agora tinha sido um atentado que causou 139 mortos em Carachi (sul) em 2007 aquando do regresso ao país da antiga primeira-ministra Benazir Bhutto.

O porta-voz do exército paquistanês, general Asim Bajwa, disse ainda, numa conferência de imprensa, que 124 pessoas, entre as quais 121 crianças, ficaram feridas no ataque que durou mais de seis horas e que terminou com a morte dos seis elementos do comando talibã.

Segundo Bajwa, "os terroristas começaram a disparar de modo aleatório logo que entraram na escola e não tinham qualquer intenção de fazer reféns".

Os atacantes "tinham todos coletes suicidas (com explosivos) e munições e comida para vários dias", adiantou o porta-voz militar, referindo não saber quantos tinham sido mortos pelas forças de segurança e quantos se tinham feito explodir.

O general Bajwa reafirmou a determinação do exército em vencer o terrorismo. "Não há maior oportunidade para assumir as nossas responsabilidades", disse.

O Movimento dos Talibãs do Paquistão declarou ter realizado o ataque em represália pela operação militar lançada em junho e ainda em curso contra os seus esconderijos e os dos seus aliados da Al-Qaida no Waziristão do Norte, zona tribal no noroeste junto à fronteira afegã.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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Maioria dos norte-americanos apoia tortura para impedir atentados, revela pesquisa



Opera Mundi - São Paulo

Enquete foi feita após Senado divulgar que CIA fez uso de série de técnicas desumanas para obter informações de detentos e potenciais terroristas

A prática de tortura em interrogatórios com o intuito de impedir atentados é aprovada por 51% dos norte-americanos, ao passo que 56% avaliam que a tortura da CIA possibilitou acesso a informações que evitaram ataques terroristas, revela uma pesquisa divulgada nesta semana pelaAgence France-Presse.

A enquete vem exatamente uma semana após a divulgação feita pelo Senado de um relatório sobre as práticas de torturas empregadas pela agência de inteligência norte-americana.

Realizada entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2014, a consulta aponta que apenas 29% dos cidadãos dos EUA rejeitam os métodos utilizados pela CIA. Já para 43%, a decisão do Senado de publicar o relatório vai contra os interesses do país.

De acordo com o documento, a agência fez uso de técnicas como privação de sono, simulação de afogamento, além de espancar, ameaçar e amarrar os detentos por dias no escuro.

No entanto, a Comissão de Inteligência do Senado questiona a eficácia dessas práticas para se obter informações.

O grupo avalia que a agência de inteligência submeteu dezenas de detentos vinculados à Al Qaeda a torturas brutais e ineficazes após o 11 de Setembro.

No domingo (14/12), o ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney defendeu o programa de torturas da CIA durante a gestão do republicano George W. Bush (2001-2009), classificando os agentes como “heróis”, não como “torturadores”. “Eles deveriam ser felicitados, deveriam ser condecorados", disse à emissora norte-americana NBC.

Desde que a operação que matou bin Laden foi deflagrada, a CIA já vinha se preparando para enfrentar pressão da opinião pública para explicar se a tortura teve ou não teve papel essencial na caçada. A CIA sempre sustentou que as práticas foram essenciais no processo.

Com a divulgação do aguardado relatório pelo Senado, após três anos analisando os papéis da própria CIA, esta ideia caiu por terra. Torturas foram, sim, praticadas ao longo da busca pelo líder da Al Qaeda, mas seus efeitos foram poucos: os Seals teriam conseguido localizar bin Laden do mesmo jeito, sem torturar suspeitos pelo caminho, sustenta o documento.

O programa de interrogatório terminou “efetivamente” em 2006, por ser “insustentável” e após vazamentos para a imprensa e a diminuição da cooperação de nações aliadas. Nos primeiros dias no cargo, em 2009, o presidente Barack Obama eliminou o programa.

O documento é um resumo-executivo de cerca de 500 páginas do relatório, que tem mais de 6.000. Leia em inglês:


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PARA CHOMSKY, CASA BRANCA ARTICULA TERROR MUNDIAL




Intelectual dissidente analisa campanhas de sabotagem deflagradas pelos EUA contra Angola, Cuba e Nicarágua. E alerta: Washington continua a desestabilizar adversários

Noam Chomsky - Tradução: Mariana Bercht, em Outras Palavras

“É oficial: os EUA são o maior Estado terrorista do mundo e se orgulham disso”.

Essa deveria ter sido a manchete da notícia principal do New York Times no dia 15 de outubro, que foi polidamente intitulada “Os Estudos da CIA sobre ajuda secreta alimentam ceticismo sobre a ajuda aos rebeldes sírios”. O artigo relata uma revisão da CIA sobre as operações secretas dos EUA para determinar sua efetividade. A Casa Branca concluiu que infelizmente os sucessos foram tão raros que é necessário repensar essa política.

O texto cita o Presidente Barack Obama, dizendo que ele solicitou à CIA que conduzisse a revisão para encontrar casos de “financiamentos e fornecimento de armas para grupos insurgentes em um país que realmente tenham funcionado. E eles não encontraram muitos”. Por isso, Obama reluta em manter tais esforços.

O primeiro parágrafo do artigo do Times cita três grandes exemplos de “ajuda secreta”: Angola, Nicarágua e Cuba. Na verdade, cada um desses casos foi uma grande operação terrorista conduzida pelos EUA. Angola foi invadida pela África do Sul, que, segundo Washington, defendia-se de um dos “maiores grupos terroristas” do mundo – o Congresso Nacional Africano, de Nelson Mandela.

Na época, o governo Reagan estava praticamente sozinho no seu apoio ao regime do apartheid, inclusive violando sanções do congresso para aumentar o comércio com seu aliado sul africano. Washington juntou-se à África do Sul para prover apoio crucial ao exército terrorista da Unita, chefiada por Jonas Savimbi, em Angola. Continuou a fazê-lo mesmo depois de Savimbi ser completamente derrotado em eleições livres cuidadosamente monitoradas, e da África do Sul retirar seu apoio. Savimbi era um “monstro cuja sede de poder trouxe uma miséria apavorante ao seu povo”, nas palavras de Marrack Goulding, embaixador britânico em Angola.

As consequências foram horrendas. Um inquérito de 1989 da ONU estimou que os atos hostis praticados por sul-africanos provocaram 1,5 milhão de mortes nos países vizinhos, sem contar o que estava acontecendo internamente na África do Sul. Ao fim, forças cubanas contra-atacaram os agressores sul-africanos e os compeliram a se retirar da Namíbia, ilegalmente ocupada. Apenas os EUA continuaram a apoiar o monstro Savimbi.

Em Cuba, após a invasão frustrada da Baía dos Porcos em 1961, o Presidente John F. Kennedy lançou uma campanha assassina e destrutiva para levar “os terrores da terra” à ilha – nas palavras de um íntimo aliado de Kennedy, o historiador Arthur Schlesinger, em sua biografia semi-oficial de Robert Kennedy, a quem foi atribuída a responsabilidade pela guerra terrorista.

As atrocidades contra Cuba foram severas. Os planos eram de que o terrorismo culminasse em uma rebelião em outubro de 1962, que levaria a uma invasão estadunidense. Agora, estudos acadêmicos reconhecem que essa foi uma das razões pelas quais o primeiro-ministro russo Nikita Khruschev colocou mísseis em Cuba, iniciando uma crise que ficou perigosamente próxima de uma guerra nuclear. O secretário de Defesa dos EUA, Robert McNamara posteriormente admitiu que, se fosse uma liderança cubana na época, “teria esperado uma invasão dos EUA”.

Os ataques terroristas americanos a Cuba continuaram por mais de 30 anos. O custo disso aos cubanos foi, é claro, muito grave. A contagem de vítimas, dificilmente vista nos EUA, foi relatada em detalhes pela primeira vez em um estudo do canadense Keith Bolender, “Vozes do Outro Lado: Uma História Oral do Terrorismo Contra Cuba”, em 2010.

O preço em vidas de uma longa guerra terrorista foi ampliado por um embargo esmagador, que continua até hoje, a despeito do resto do mundo. Em 28 de outubro, a ONU, pela 23ª vez, endossou a “necessidade de dar um fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba”. A votação foi de 188 a 2 (EUA e Israel) com três abstenções, das dependências dos EUA nas Ilhas do Pacífico.

Existe hoje alguma oposição ao embargo em lugares importantes dos EUA, relata o ABC News, por que ele “não é mais útil” (citando o novo livro de Hillary Clinton, Hard Choices). O estudioso francês Salim Lamrani revisa os amargos custos aos cubanos em seu livro de 2013, A Guerra Econômica Contra Cuba.

Quase não é necessário mencionar Nicarágua. A guerra terrorista do presidente Ronald Reagan foi condenada pela Corte Internacional, que ordenou que os EUA encerrassem seu “uso de força ilícito” e pagassem reparações substantivas.

Washington respondeu aprofundando a guerra e vetando resolução do Conselho de Segurança da ONU de 1986, que chamava todos os Estados – significando os EUA – a observarem a lei internacional.

Outro exemplo de terrorismo foi lembrado em 16 de novembro, data do 25º aniversário do assassinato de seis padres jesuítas em São Salvador por uma unidade terrorista do exército salvadorenho, armada e treinada pelos EUA. Sob as ordens do alto comando militar, os soldados invadiram a Universidade Católica para assassinar os padres e qualquer testemunha – incluindo uma governanta e sua filha.

O evento marcou o fim das guerras terroristas dos EUA na América Central nos anos 80. Mas seus efeitos ainda estão nas primeiras páginas de hoje, nos relatos sobre a fuga de “imigrantes ilegais” — uma medida das consequências dessa carnificina. No entanto, eles são deportados dos EUA para sobreviverem, se puderem, nas ruínas dos seus países de origem.

Washington também emerge como o campeão mundial em gerar terror. O ex-analista da CIA Paul Pillar alerta que “o impacto gerador de ressentimentos dos EUA atinge” a Síria, onde talvez induza, no futuro,  as organizações do Jihad Jabhat al-Nusra e o Estado Islâmico a “reparar suas falhas no ano passado e fazer campanha em conjunto contra a intervenção dos EUA, pintando-a como uma guerra contra o Islã”.

Essa é uma consequência já familiar das operações dos EUA, que ajudaram a espalhar o jihadismo — antes restrito a um reduto do Afeganistão, — para grande parte do mundo.

A manifestação do jihadismo mais alarmante hoje é o Estado Islâmico, ou ISIS, que estabeleceu seu califado assassino em grandes áreas do Iraque e da Síria.

“Penso que os Estados Unidos são um dos criadores chave dessa organização”, relata o ex-analista da CIA, Graham Fuller, comentarista destacado sobre assuntos na região. “Os Estados Unidos não planejaram a formação do ISIS”, acrescenta “mas suas intervenções destrutivas no Oriente Médio e a guerra do Iraque foram as causas básicas do nascimento do ISIS”.

A isso nós podemos incluir a maior campanha terrorista do mundo: o projeto global de assassinato de “terroristas” de Obama. O “impacto gerador de ressentimento” desses drones e ataques de forças especiais deveriam ser conhecidos demais para requerer mais comentários. Esse é um registro a ser contemplado com certo pavor.

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Portugal - BALSEMÃO. UM DOS DONOS DISTO QUER OS DIREITOS DA LIGA DE CAMPEÕES


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

A RTP comprou os direitos de transmissão da Liga de Campeões. 18 milhões foi o preço arrematado. A partir daí rebentou a polémica. O governo diz que o serviço público de televisão não se deve meter nesse mercado. Um mamarracho inventado pelo governo (Conselho Geral Independente) faz força para que a admnistração da RTP seja destituída. Pela surra (ou talvez não) a SIC e a TVI querem os direitos de transmissão. Balsemão, o dono da SIC e um dos donos de Portugal e dos portugueses, aposta na pressão a Passos Coelho para puxar para si a transmissão da Liga de Campeões. Passos anda de braço dado com Balsemão e tem andado num corropio na SIC, lambendo botas ao DDT Balsemão – não aconteça um dia Balsemão ativar o modo de lhe pôr os patins.

Alberto da Ponte, presidente do Conselho de Administração da RTP, alega que “a proposta de destituição da administração da empresa feita pelo Conselho Geral Independente (CGI) “não está fundamentada”. E na realidade não está.

Há um braço de ferro em que Alberto da Ponte e a RTP precisam de muito músculo. O dono da SIC e disto tudo – incluindo o governo – apesar de velho está tonificado e tem todas as qualidades e experiência da eminência parda que quase sempre leva a água ao seu moinho, que é como quem diz: ao seu cofre, às suas contas bancárias. Para Balsemão a televisão pública quase não devia existir. A existir devia despojar-se de todos os conteúdos que à sua SIC possam fazer sombra. Pese embora a SIC existir por os seus trabalhadores pioneiros terem recebido a escola, formação e experiência profissional da televisão pública, Balsemão diz como Teresa Guilherme: “Isso agora não interessa nada”. Isto faz lembrar o filho que depois de crescer desata à cacetada à mãe, ao pai e aos irmãos. Mas que esperam? É Balsemão. E isso é sinónimo de glutão, de tio Patinhas ganancioso e avaro.

O senhor Balsemão Bilderberg tudo fará para tramar a RTP e, agora, o seu Conselho de Administração. Se ele puder porá lá uns monos naquela função e aí adeus televisão pública como ainda resta. Só o esforço e sabedoria dos profissionais da RTP tem contribuído para que a televisão pública não seja um grande descalabro. Com tantos no governo e suas ilhargas a quererem destruí-la a tarefa tem sido hérculea. Tem sido naquela casa que os melhores profissionais de televisão em Portugal se têm formado. Muitos já finados, outros aposentados, ainda outros nas “prateleiras”, e restantes no ativo na RTP ou nas televisões privadas. SIC e TVI.

Em todo este processo a TVI faz que assobia para o lado mas sabemos que está à coca, esperançada em apanhar umas sobras. É que por ali sabem muito bem que Balsemão também é dono do governo e do mamarracho que denominam de Conselho Geral Independente. Esse que propôs a demissão do Conselho de Administração da RTP. Para quê? Para ali colocar Balsemãozinhos?

Este governo de Passos-Portas-Cavaco, assim como as trupes que os cercam, estão apostados em vender e escavacar tudo que é público. A pátria deles é o cifrão e nada mais que isso. Quanto aos portugueses resta-lhes pagar com língua de palmo o erro monstruoso cometido nas eleições anteriores de entregar os poderes a um presidente da República e a um governo que trabalham em prol dos seus donos e não dos interesses do país e suas populações. A Pátria.

Sobram ainda os imensos que não chegaram a essa conclusão e até já decidiram que vão votar em mais do mesmo nas próximas eleições. Isso, defendam os interesses que vos são alheios para que Balsemão e o grande capital nem vos agradeça explorando-vos ainda mais e mantendo uma democracia de fachada que no tempo dos vosso netos deverá andar mais pelo nazismo puro, duro e desumano. Hajam Balsemões e Bilderbergs!

Fique com a notícia em que Alberto da Ponte até se porta menos mal.

Alberto da Ponte Destituição da administração da RTP "não está fundamentada"

O presidente do Conselho de Administração da RTP, Alberto da Ponte, afirmou hoje que a proposta de destituição da administração da empresa feita pelo Conselho Geral Independente (CGI) "não está fundamentada".

Alberto da Ponte está a ser ouvido na comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, no âmbito da proposta da destituição da administração feita pelo CGI ao acionista único Estado, depois do órgão supervisor ter 'chumbado' duas vezes o Projeto Estratégico elaborado pela equipa de Alberto da Ponte.

Na sua intervenção inicial, Alberto da Ponte rejeitou que a administração da RTP tenha cometido algo ilícito
.
"A proposta de destituição não está fundamentada", disse, e classificou de "pura pirraça académica" a posição do CGI sobre o Projeto Estratégico não estar bem feito.

"Este caso, senão inédito, é inesperado. Reagiremos com todos os meios legais ao nosso alcance em defesa da honra, não aceitamos destituição com justa causa, porque não há", afirmou, adiantando que o "Governo não vai carimbar proposta de destituição injustificada", mas antes analisar e decidir em conformidade.

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