sábado, 6 de agosto de 2011

HÁ 38 ANOS ERA ASSASSINADO AMÍLCAR CABRAL. NENHUM CABOVERDEANO FOI INCULPADO!




DAVID LEITE – A SEMANA, opinião

38 anos volvidos sobre o trágico desaparecimento físico de Amílcar Cabral, eis brutalmente arrancado o penso desta chaga que nunca chegou verdadeiramente a cicatrizar. Em plena campanha para as eleições presidenciais, o assunto divide e gera controvérsia na sociedade e nas fileiras do próprio partido que se reclama do legado político do “Militante n° 1”.

Muita tinta correu desde essa fatídica noite de 20 de Janeiro de 1973. Publicaram-se livros, ouviram-se pessoas, cada um disse de sua verdade e de sua justiça. Para uns está tudo dito e escrito, para outros a Verdade morreu com quem matou – e jaz para sempre no segredo dos deuses.

Este texto é uma síntese de quanto foi escrito por aqueles que ousaram ir mais longe para esclarecer esse imbróglio.

O mistério perdura

38 anos se passaram e perdura, quasi intacto, o mistério. Porque não se dissiparam todas as dúvidas: sabe-se quem matou mas ainda se pergunta quem mandou. Na precipitação feita de paixões e raivas incontidas, os que premiram o gatilho ou que de alguma forma ajudaram na sublevação foram passados pelas armas.

Identificados os assassinos, porquê encarniçar-se a esse ponto em ir mais além? Na verdade, poucos acreditam que os conspiradores, mais operacionais do que políticos, tivessem agido (apenas) de motu próprio. E se Momo Touré (o chefe), Inocêncio Kani (o matador), Mamadou N’Djai (o chefe dos guardas), Aristides Barbosa, Mamadou Touré, Joaquim da Costa e seus comparsas tivessem apenas dado a cara? E se fossem instrumentos manipulados por mãos escondidas? Quem de facto esteve por trás da execução do Homi Grandi? Onde estavam os mandantes, na hora das exéquias com honras de chefe de Estado, pontificando o presidente Sékou Touré como mestre de cerimónia? Em Bissau? Em Lisboa? Ou estariam ali mesmo nos palanques do estádio de Conakry, apinhado de gente nesse primeiro dia de Fevereiro de 1973?

Dissipado o eco das elegias fúnebres, com o dedo acusador do Partido a apontar em direcção à PIDE e esta a ripostar contra Sékou Touré – era chegada a hora da verdade. De pronto se instituiu uma comissão internacional de inquérito... sob os auspícios do controverso presidente guineense. Mas o directório do PAIGC entendia tomar a situação em mãos: reunido de 7 a 9 de Fevereiro, o Comité Executivo da Luta designa Fidélis Cabral de Almada, o jurista “de serviço” do Partido, para dirigir a sua própria comissão de inquérito. Num clima de psicose e de caça às bruxas – ai daquele que desse ares de suspeito! – o que se seguiu foi uma purga sem precedentes nas hostes do Partido. De entre as 465 pessoas inquiridas, 43 são inculpadas e 9 acusadas de cumplicidade, recaindo suspeitas sobre outras 42. Não menos expeditivos foram os processos de março de 1973: entre confessos culpados e presumíveis inocentes, 80 indivíduos são condenados à pena capital, seguindo-se as execuções, por grupos separados, em diversos pontos das Zonas Libertadas da Guiné. Quantos, entre culpados e inocentes, foram parar às valas comuns? Uma centena? Se alguém o sabe, não o disse!

Executados os executantes, também ficaria por conhecer a identidade dos eventuais mentores políticos, bem como os bastidores e o verdadeiro móbil da conjura fratricida. Até hoje três pistas continuam a ser sufragadas ao sabor da lógica intuitiva de cada um.

Vejamos:

1) « um crime orquestrado e teleguiado pela PIDE (rebaptizada DGS em 1969 por Marcello Caetano, que assumiu o poder na sequência da fatídica queda de Salazar), pela mão dos seus colaboradores infiltrados no Partido e na sua direcção. Tal foi a hipótese privilegiada desde a primeira hora.

2) forças obscuras no seio do PAIGC, manifestamente opostas à unidade Guiné/Cabo verde encarnada por Amílcar Cabral? Um pouco simplista, para muitos sabe a pouco...

3) e se o próprio Sékou Touré não estivesse de todo inocente?! E se a ordem tivesse vindo de mais longe, de algum apparatchik não identificado dos lados do Leste, por uma via mais “marxisante” do que aquela seguida por Cabral?

Em todo este imbróglio, não é de excluir um concurso de circunstâncias (e porque não uma interacção consciente) entre diferentes pistas.

O longo braço da Pide

Dessas diferentes pistas aventadas, a de uma sinistra manigância da PIDE/DGS parece ser a mais credível. Ficou demonstrado que os serviços secretos portugueses tinham o braço suficientemente longo para se projectar até Conakry, usando de conivências subterrâneas com certas chefias intermédias do Partido. Seriam, estas, simples “marionnettes” manipuladas desde o QG da PIDE em Bissau? Teriam sido, como foi dito, aliciadas com promessas de independência à Guiné, com a condição de se dessolidarizarem dos caboverdeanos? (Separar-se da Guiné, até podia ser um drama menor para as autoridades de Lisboa... mas em plena guerra-fria, estava fora de cogitação abrir mão das ilhas de Cabo Verde, um trunfo precioso pela sua posição geoestratégica no Atlântico Médio.)

Que a morte de Cabral tivesse resultado de um acto deliberado ou do descontrolo nervoso dos seus verdugos face à recusa do líder em deixar-se amarrar, é irrelevante. Senão, que pretendiam os conspiradores ao fazer-se ao mar rumo a Bissau com Aristides Pereira amordaçado e manietado no porão de uma vedeta do Partido? Doar um «presente» surpresa à PIDE, ou antes honrar um compromisso com a execranda polícia política?

Quanto ao general Spínola, supondo que o plano houvesse sido concebido directamente em Lisboa, nem por isso estaria o homem isento de suspeição. Ou não fosse a Pide uma espécie de “quinta coluna” através da qual o irrequieto governador da Guiné, desde 1968, vinha dando água pela barba às forças nacionalistas. Consta porém que o general, ao saber da notícia, teria suspirado o seu desânimo nesta frase: – “Lá me mataram o homem!”

Ora, se Spínola via o seu rival como o “seu” homem, é porque o pressentia como aquele com quem ainda sonhava negociar. Recorde-se que já em 1972 havia gorado uma tentativa de mediação do presidente senegalês, Léopold Sédar Senghor. Caetano chumbara a iniciativa, não fosse ela abrir um precedente com efeito dominó em Angola e Moçambique. Não gostou o general: contrariado na sua ambição de dar um grande show em Lisboa como fazedor de paz, ficou-lhe esta afronta atravessada na garganta até à revolução dos cravos.

Sékou Touré e a unidade Guiné-Cabo Verde

Ideólogo e obreiro da unidade Guiné/Cabo-Verde, e se o líder guineo-caboverdeano tivesse sido vítima da sua própria obra ? Certo é que os chefes conjurados comungavam uma clara aversão à Unidade, sendo conhecidos pelas suas interpelações a Amílcar Cabral a respeito de uma pretensa “hegemonia” caboverdeana que não viam com bons olhos. Mas quem os teria mandado que não fosse molestado por esconsas razões que a razão desconhece? E se estivessem ali, regados em lágrimas na hora do adeus, na tribuna de honra do estádio de Conakry?!

O próprio Sékou Touré não escondia o seu cepticismo: nas entrelinhas do discurso fúnebre que proferiu perante a urna funerária, podia ler-se uma velada “mise en cause” da unidade Guiné-Cabo Verde. Unidade já de si controversa, verdade seja dita, dela se dizia à boca fechada que era um entrave à utopia secreta desse personagem ambivalente: a « Grande Guiné ». Nos seus desvarios megalómanos, porque não reconstituir – sob sua tutela! – a antiga Guiné das vésperas da partilha colonial de 1886, regrupando as duas Guinés e, porque não, a Casamansa! E não faltou imaginação para atribuir a Sékou Touré uma táctica tão maquiavélica quanto isto: ajudar a expulsar os portugueses num primeiro tempo, ganhando assim a simpatia dos guineenses para melhor se ver livre dos caboverdeanos e anexar a pequena Guiné-Bissau!!! A ser verdade, só mesmo passando sobre o cadáver de Cabral, intransigente sobre o “dogma” da Unidade Guiné/Cabo Verde!

Não era este o único ponto de discórdia entre os dois líderes em matéria de estratégia política. Em Janeiro de 1969 decorria a primeira « Conferência internacional de solidariedade com os povos das colónias portuguesas e da África Austral » em Khartoum, quando se inspirou Sékou Touré de propor a exclusão de Portugal da ONU... ao que se opôs Amílcar Cabral: tal medida seria contra-producente para o combate anticolonial.

Sékou Touré o “va-t-en-guerre”, e Cabral o moderado, como coabitar? As aparências e a praxe estavam lá para camuflar uma tensão bem conhecida dos mais íntimos. Não se veja nisso uma razão para cometer o irreparável! Mas também não deixa de ser surpreendente a audiência concedida pelo presidente da Guiné aos conjurados logo a seguir ao crime... nem a desconcertante desfaçatez destes últimos ao arrogar-se a liderança do Partido na decorrência da “execução necessária” do seu fundador e líder natural. Nem mais, como se fosse a coisa mais natural deste mundo!

E se a subsequente detenção dos conspiradores fosse um volte-face ? O certo é que nada ficou provado. Aliás, qualquer acusação categórica seria no mínimo aventurosa e tropeçaria num paradoxo : o apoio indefectível a Amílcar Cabral desde a primeira hora. Ou não fosse Sékou Touré quem desmantelou a conspiração e restabeleceu a liderança “natural” do Partido!

Inocente, Sékou Touré? Pode-se perguntar: que ganharia ele em suprimir no seu próprio território um hóspede com a estatura de Cabral, mundialmente célebre? Mas nem por isso fica de todo ilibada a sua “entourage”... só que isso, se alguém averiguou, ninguém esclareceu e muito menos prestou contas! Aliás, os relatórios do inquérito internacional, sob a égide de Sékou Touré, se conclusivos foram, ninguém o sabe... porque ninguém os viu!

Em jeito de epílogo: no congresso de Madina de Boé, em Julho de 1973, foi sugerido o nome de Nino Vieira para secretário-geral do PAIGC. A proposta, que partiu de Fidélis Almada (o mesmo que havia presidido a comissão de inquérito do Partido) não passou. Mas em 1980 Nino Vieira e Almada estarão juntos no golpe de Estado que há-de selar para sempre o fim da Unidade.

Os grandes espíritos incomodam

Pessoalmente, não sou dado a idolatrias. Mas não sou um iconoclasta e admiro aqueles homens e mulheres que, como Amílcar Cabral, quiseram “saldar a sua dívida para com o seu povo e viver a sua época”.

Homens e mulheres que pelas suas convicções fizeram, quantos deles, tributo da própria vida! Porque os homes de convicção, políticos ou não, incomodam; os grandes espíritos têm contra si ódios e invejas. Há quem diga que o presidente guineense via no seu hóspede aquele que lhe roubava a vedeta – a ele, Sékou Touré, o campeão africano da luta anti-imperialista, o único que em 1958 ousara contrariar o general De Gaulle com o seu célebre “NON” ao referendo para uma Comunidade franco-africana, optando pela independência imediata da Guiné-Conakry!

Mas é tendência esquecermos que atrás dos mitos existem homens! Homens de carne e osso, com os erros e defeitos inerentes à condição humana. Cabral carregava consigo a reputação de ser demasiado sensível ao charme feminino (imagina-se o ciúme e a inveja daqueles que, fossem como ele galantes e cavalheiros, decerto seriam menos frustrados nessa matéria!)

Humanista de espírito elevado e mentor de homens, Cabral não podia ter só amigos! E destes, nem todos eram sinceros para lhe dizer de frente o que sussurravam nas suas costas: que favorecia os caboverdeanos e andava constantemente em “tournées” pelo mundo. Mas também consta que nem tudo se dizia em voz alta no Partido, que as paredes às vezes têm ouvidos! As intrigas não podiam faltar!

O erro fatal de Amílcar Cabral? Não foi por ter acreditado no homem ao ponto de jamais lhe negar uma segunda chance! Foi antes por ter confiado em lacaios e sabujos a quem fez gente enviando-os às academias militares de Moscovo, Pequim ou Havana. Confiar em fidelidades caninas, às vezes paga-se caro! Ou não fossem seus próprios condiscípulos aqueles que o silenciaram na calada da noite! Já dizia o mais prudente: “Protegei-me dos meus amigos que dos meus inimigos cuido eu”!

«Caça aos caboverdeanos» em Conakry

Perante este emaranhado de incógnitas, com o drama ainda envolto em mistério, uma certeza impera por cima das especulações: a nenhum caboverdeano se apontou o dedo, fosse ele dirigente ou não! Dos 600 elementos do PAIGC presentes em Conakry, pelo menos dois terços estavam ao corrente de que algo se tramava… sem que um só caboverdeano desconfiasse! De resto, José Araújo fala de uma verdadeira «caça aos caboverdeanos». Na sua sanha avassaladora contra a ordem estabelecida, os amotinados não estiveram para meias medidas: encarcerados os caboverdeanos e guineenses lealistas, uns e outros foram brutalizados e ameaçados de execução sumária.

Foi Cabral “assassinado por dirigentes do PAIGC”? Foi! Mas importa separar o trigo do joio! Em nome do rigor histórico... porque a história é sagrada, e com a história não se mexe a não ser para repor verdades eventualmente ignotas ou distorcidas!

Verdade ou silêncio!

Mantenhas da Terra-Longe, 2 de Agosto de 2011 - (davleite@hotmail.com)

Fontes de referência:
“Conspiração contra Cabral”, Comité de acção do PAIGC em Angola, 1974
«Três tiros da Pide », Oleg Ignatiev, Moscovo, 1984
“Quem mandou matar Amílcar Cabral ?”, José Pedro Castanheira, edições Relógio d’água, Lisboa, 1995
“A descolonização da África portuguesa”, Norrie MacQueen, editorial Inquérito, Portugal, 1998
« Os Bastidores da Independência », José V. Lopes, edições Spleen, Praia, 2002

Solução para Portugal está na Europa, diz filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço





O filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço disse hoje que "a saída de Portugal para a crise está na Europa".

Eduardo Lourenço falava à margem de uma homenagem que lhe foi prestada na sua aldeia natal de São Pedro de Rio Seco, Almeida, com o descerramento de uma placa na casa onde nasceu e a inauguração de uma escultura.

Questionado sobre a situação do país, respondeu que, "contrariamente à opinião de várias pessoas", pensa que "a saída continua a ser através da Europa".

Lourenço vai mesmo mais longe dizendo que se o país não encontrar uma solução europeia, "não a encontra em parte nenhuma", porque já não existem "aqueles espaços de fuga que foram os grandes séculos de Portugal".

Radicado em França, Eduardo Lourenço diz que, apesar da crise, ao chegar ao país não sentiu "uma atmosfera crítica", que atribui também ao facto de o governo ainda gozar "dos 100 dias de benefício da dúvida que se dá sempre a quem assume o poder".

Mas alerta: "[A crítica] está latente e quem se sente são as pessoas que estão afetadas por tudo aquilo que já se anunciou".

Eduardo Lourenço acredita que a população "espera pelo fim destas férias para tomar medidas quanto ao que realmente acontece", considerando por isso que, para já, "a crise está entre parênteses, mas sabemos que o pior esta para vir".

Para o filósofo, Portugal tem que resolver a crise "em casa" e depois "na casa ainda não comum, mas que se deseja comum no futuro chamada Europa".  
 
Reconhece ser "menos pessimista que muita gente" em relação ao ideal europeu, mas recusa qualquer euforia "como a de há 50 anos, depois de um século de guerras".

Lourenço apontou a sua aldeia como um exemplo das suas palavras: "Esta aldeia nunca viveu tão bem. Era muito mais pobre e nunca ninguém tinha recebido um tostão que viesse do Estado".

O ensaísta chamou também a atenção para os carenciados: "Esperemos que ainda haja algum dinheiro para aqueles que são mais desprotegidos".

A homenagem de hoje foi promovida pela Associação Rio Vivo, com sede em S. Pedro do Rio Seco, e pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI) da Guarda, que tem Eduardo Lourenço como diretor honorífico.

O programa inclui ainda uma visita à exposição biográfica "Labirinto de um Heterodoxo, revisitado em S. Pedro de Rio Seco", no Centro Recreativo e Cultural, onde foi estreado o filme "Regresso sem fim - um documentário com Eduardo Lourenço", realizado por Anabela Saint Maurice, numa coprodução RTP/Centro de Estudos Ibéricos.

O ensaísta classificou à Lusa a homenagem de hoje como "uma injustificável romaria de gente amiga: não fiz nada de especial por esta terra que mereça esta gentileza, fiz aqui os estudos primários e cá vivi os primeiros 10 anos de vida".

"Ainda hoje, é nesta aldeia o único local em que me reencontro comigo próprio, o que é raro em mim", concluiu.

Portugal: Jerónimo de Sousa critica "estigma" e "exclusão" provocados pelo PES




DESTAK - LUSA

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou hoje em Gaia o Programa de Emergência Social do Governo, considerando que o documento cria estigmas, perpetua situações de pobreza e constitui uma “migalha” que não resolve os problemas.

 “Vem o Governo agora com um plano de emergência social para acudir aos pobres, dizem eles. É evidente que um pobre gosta de qualquer ajuda, de qualquer solidariedade, mas o grande drama é a marca de classe dessa mesma medida”, alertou Jerónimo de Sousa, num comício em frente ao mar, na Alameda do Senhor da Pedra, em Gulpilhares (Gaia).

Para o comunista, algumas das medidas previstas no Programa de Emergência Social (PES) contribuem mesmo para aumentar a exclusão.

“Isto tem uma marca, que é excluir, criar um estigma aos pobres”, lamentou, referindo-se às medidas que preveem que os mais carenciados fiquem “com os restos” dos medicamentos e ao abrandamento da fiscalização da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em instituições de solidariedade.

“Já tinham inventado que para os pobres fossem os restos dos restaurantes, agora inventaram uma outra, que é o resto dos medicamentos. Chegam ao ponto em que mesmo em relação a uma questão de saúde pública, o Governo admite proibir a ASAE de verificar a sanidade das refeições servidas aos pobres”, observou.

A questão, explicou, é que “um pobre gosta de ser ajudado, mas o que quer, fundamentalmente, é deixar de ser pobre”, encontrando “soluções para a sua vida” e não perpetuando a sua situação de pobreza.

É “neste quadro que vemos com cinismo falarem da pena dos pobres”, quando na verdade “estão a roubar o pão a muitos e depois dão uma migalha para compensar”, considerou Jerónimo de Sousa.

Reiterando que o atual Governo PSD/CDS tem sido “mais troikista do que a troika”, nomeadamente no que toca aos cortes previstos no subsídio de natal, o comunista alertou para o futuro impacto da subida de impostos e da “tentativa de embaratecer e facilitar” os despedimentos.

O secretário-geral do PCP referiu que “se este Governo está a aplicar, em dose reforçada, a política do Governo anterior”, o resultado só pode “ser o mesmo”, e disse que o executivo deve “exigir, no seio da União Europeia, que se criem condições para renegociar a dívida”.

Para sair da crise, é ainda necessário, na sua perspetiva, “produzir mais e melhor”, apostando “na agricultura, no mar ou no subsolo”.

*Foto em Lusa

Dezasseis camiões cisterna com combustível para a NATO destruidos num ataque à bomba




SUSANA VENCESLAU - LUSA

Islamabad, 06 ago (Lusa) -- Pelo menos 16 camiões cisterna que transportavam combustível para as tropas da NATO no Afeganistão foram hoje destruídos por um ataque à bomba no noroeste do Paquistão, anunciou a polícia paquistanesa.

Um total de 28 camiões cisterna estavam estacionados num terminal perto de Peshawar, a principal cidade no noroeste do Paquistão, no momento da explosão.

Em declarações à agência de notícias AFP, um oficial da polícia paquistanesa disse não saber se a bomba tinha sido colocada no terminal ou num petroleiro e confirmou que 16 camiões cisterna ficaram "completamente destruídos".

*Foto em Lusa

Afeganistão: 31 norte-americanos mortos na queda do helicóptero da NATO




DESTAK - LUSA

Trinta e um membros das forças especiais norte-americanas morreram na queda de um helicóptero na noite de sexta-feira para hoje na província central afegã de Wardak, anunciou a presidência afegã num comunicado.

Esta é uma das perdas mais importantes para a coligação no Afeganistão num único acontecimento desde o início do conflito no final de 2001.

“O presidente da República Islâmica do Afeganistão, Hamid Karzai, dirige as suas condolências após a queda de um helicóptero da NATO e da morte de 31 membros das forças especiais norte-americanas”, indica o comunicado.

Sete militares afegãos – membros das forças especiais afegãs segundo o Ministério da Defesa – também morreram devido ao despenhamento do helicóptero, adianta o texto da presidência, que não precisa as causas do acidente.

A NATO tinha confirmado antes que um dos seus helicópteros se tinha despenhado, sem fornecer um balanço, precisar a nacionalidade dos ocupantes ou a origem da queda.

Os rebeldes talibãs, contactados pela agência noticiosa francesa AFP, afirmaram ter abatido o helicóptero, embora os insurgentes reivindiquem por vezes ações de que não são responsáveis.

Segundo o porta-voz das autoridades de Wardak, o helicóptero caiu durante uma operação noturna conjunta com as forças afegãs. Não soube precisar se o aparelho foi ou não abatido.

ONDE É QUE OS JORNALISTAS DESCOBRIRAM ESSA TAL ONDA DE DESMAIOS EM ANGOLA?




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Há quem acredite que as autoridades angolanas (leia-se Eduardo dos Santos) devem explicar a prisão de um jornalista por ter informado (como é seu dever) sobre uma onda nacional de desmaios em massa.

Mas, obviamente, entendem mal. Seria assim se Angola fosse um Estado de Direito. Como não é, os jornalistas têm de comer e calar se quiserem evitar dar com os costados na choldra. É assim no reino do MPLA mas, diga-se, também é regra por esse mundo fora.

Também há quem defenda que o governo angolano deveria preocupar-se com a mensagem e não – como aconteceu ontem, acontece hoje e acontecerá amanhã – com o mensageiro. Deveria, mas de facto é mais simples calar, ou tentar calar, todos aqueles que têm um compromisso sagrado com o que pensam ser a verdade.

O jornalista Adão Tiago apenas quis ser isso mesmo, jornalista. Mas, em Angola como em Portugal, essa peregrina ideia de ter coluna vertebral e pensar com a própria cabeça é mais de meio caminho andado para a prisão, para o desemprego, para chocar com uma bala.

Sabe-se que, desde Abril, mais de 800 pessoas, a maioria estudantes adolescentes, desmaiaram depois de se queixarem de dor de garganta e nos olhos, falta de ar e tosse. E então, do ponto de vista das autoridades, qual é, neste e noutros casos, a melhor solução?

A solução é não falar do assunto. E se assim é, porque carga de chuva os jornalistas preferem falar do assunto, violando as mais elementares regras da segurança do Estado?

Adão Tiago, repórter da Rádio Ecclesia, foi detido na capital do reino, Luanda, pela divulgação em 29 de Julho do desmaio de 20 estudantes.

Neste como noutros casos, mandam as regras “democráticas” do regime, que até prova em contrário todos são… culpados. Foi o que aconteceu a Adão Tiago, também professor.

Como também é regra das autoridades, muitas das quais têm de se descalçar para contar até doze, só existe o que é conhecido. Se os desmaios não fossem conhecidos e divulgados por esses criminosos dos jornalistas, não existiriam e tudo estaria na santa paz do representante de Deus em Angola, de seu nome José Eduardo dos Santos.

E neste contexto, aparecem sempre os súbditos de sua majestade prontos para, curvando-se perante a divina figura do grande líder, fazer tudo o que ele manda.

Foi o caso de  Rui Pires, médico que trabalha para o Ministério da Saúde, que culpou a “histeria colectiva” e a cobertura sensacionalista da imprensa pelos desmaios. Ou seja, os jornalistas são, obrigatoriamente, responsáveis pelos desmaios.

E se assim é... prisão com eles!

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Portugal - Angola: Paulo Portas negociou em Luanda a venda do BPN aos angolanos do BIC





Ministro dos Negócios Estrangeiros reuniu-se no dia 23 de Julho com os responsáveis do banco angolano para garantir pagamento de créditos

Paulo Portas negociou em Luanda as condições de venda do Banco Português de Negócios aos angolanos do Banco Internacional de Crédito. O encontro com Fernando Teles, presidente, e Mira Amaral, presidente do BIC Portugal, aconteceu no dia 23 de Julho, sábado, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros ter participado na quinta e sexta na reunião da CPLP.

A reunião de Paulo Portas com o BIC visava salvaguardar os interesses do Estado português, nomeadamente o pagamento do crédito concedido pelo BPN em 2006 à Amorim Energia para a compra de uma participação na Galp. A Amorim Energia é uma holding que tem como accionistas Américo Amorim, a Santoro Holding Financial, de Isabel dos Santos, filha do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e a Sonangol.

Com a venda do BPN ao BIC, que tem como accionista principal a Santoro, de Isabel dos Santos, o governo temia que esse crédito, da ordem dos 1,6 mil milhões de euros, fosse pago pela Amorim Energia a um banco que tinha como principal accionista a própria devedora. Foi por isso que a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luísa Albuquerque, foi à comissão parlamentar dizer aos deputados da comissão de Orçamento e Finanças que o governo tinha esperança de recuperar uma parte significativa dos 2,4 mil milhões de euros que a nacionalização do BNP já custou ao Estado.

A unita de fora


Os três dias de Paulo Portas em Luanda não deixaram boas recordações à UNITA, principal partido da oposição ao MPLA de José Eduardo dos Santos. E isto porque o ministro dos Negócios Estrangeiros não encontrou espaço na sua agenda para se reunir com uma organização que teve no CDS/PP um aliado fiel nos anos da guerra civil angolana e que sempre manteve excelentes relações com o partido liderado por Paulo Portas. A mágoa da UNITA é ainda maior porque Paulo Portas não teve agenda no sábado, além do encontro com os responsáveis do Banco Internacional de Crédito, e só partiu para Moçambique no dia 24 de Julho, domingo.

A UNITA registou a atitude do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português e compara-a com a de Luís Amado, antecessor de Paulo Portas nas Necessidades. Na sua última visita a Luanda, o ministro socialista fez questão de se deslocar à sede da UNITA, em Luanda, para um encontro com o presidente Isaías Samakuva, um gesto que calou fundo nos dirigentes do partido fundado por Jonas Savimbi.

Ainda recentemente, em meados do mês de Julho, quando se deslocou em visita oficial a Angola, a chanceler Angela Merkel arranjou tempo para receber no hotel em que estava hospedada uma delegação da UNITA, chefiada pelo presidente, Isaías Samakuva. A diferença de atitudes sensibilizou os homens do partido do Galo, que estão cada vez mais atentos aos negócios de personalidades angolanas próximas de José Eduardo dos Santos em Portugal e cada vez mais preocupadas com as tomadas de posição do governo de coligação quanto a este assunto.

REFUGIADOS ANGOLANOS PRECISAM VOLTAR PARA CASA




EDUARDO QUIVE – ÚLTIMA HORA

A guerra civil angolana terminou há dez anos, porém mais de 146 mil pessoas ainda estão refugiadas. Depois de um recente plano acordado com a HCR, os refugiados perigam perder o estatuto de "refugiado".

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (HCR) e o governo angolano entraram num acordo para facilitar o repatriamento rápido e ordenado de todos os refugiados angolanos, distribuídos por outros países africanos desde a guerra civil que assolou o país e já terminou há dez anos.

Mas antes do início desta operação, a Organização das Nações Unidas para as Migrações (OIM) lançou um apelo internacional para recolher 21 milhões de dólares com o intuito de ajudar os refugiados angolanos a regressarem e refazerem as suas vidas no país de origem.  
De acordo com a organização, o esforço vai envolver 60 mil refugiados angolanos em países como o Botsuana, Republica Democrática do Congo, Republica do Congo, Namíbia e Zâmbia.

Nestes países, refere a OIM, são contabilizados ainda 146 mil refugiados angolanos, apesar de a operação de repatriamento em grande escala ter terminado em 2007. 

Ajuda para recomeçar

Segundo Jemini Pandya, da OIM em Genebra, a maioria desses refugiados está na República Democrática do Congo. Somente lá, são mais de 110 mil pessoas, coloca a responsável.

Pandya ressalta a importância de auxiliar quem queira regressar à Angola porque a partir do final deste ano, os refugiados angolanos perdem o estatuto de "refugiado", por causa do acordo assinado entre os cinco países acolhedores, o governo angolano e o HCR.
Muitos dos refugiados na Republica Democrática do Congo e na Zâmbia ainda vivem em acampamentos e dependem da ajuda humanitária.

Com a mais recente decisão tomada oficialmente, Pandya enfatiza que a situação irá mudar para esses milhares de angolanos: "o governo angolano quer aproveitar a oportunidade e encontrar uma solução de longo prazo para esta crise de refugiados angolanos, que na verdade nunca foi solucionada".

Voltar ou ficar, eis a questão

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e a OIM já apoiaram o regresso de 124 refugiados de dois acampamentos na Zâmbia, país onde 9 mil dos 25 mil refugiados manifestaram a intenção de voltar para casa.

Entretanto, para aqueles que decidirem permanecer nos países de acolhimento, a situação será bem mais difícil do que até ao momento, menciona Pandya: "nós e a HCR trabalhamos em conjunto para encontrar uma solução a nível do estatuto daqueles que decidem ficar. Para o restante que queira regressar, tudo faremos, ao nosso alcance, para lhes dar assistência neste e no próximo ano", coloca.

A Deutsche Welle perguntou à OIM que garantias obteve das autoridades de Luanda sobre o enquadramento e proteção desses refugiados no seu regresso a Angola. Pandya assinalou que quando os refugiados regressarem, equipes da HCR acompanharão de perto a situação "para ter a certeza de que estão seguros e protegidos", esclarece. -Deutsche Welle

CRIMINOSOS ADOTAM NOVA TÁTICA EM MAPUTO




EDUARDO QUIVE – ÚLTIMA HORA

Os mentores e malfeitores devidamente equipados e capacitados em matéria de matar, descobriram uma nova táctica de perpetrar os seus crimes à noite, e inclusive à luz do dia perante vários mirones.

Semana finda, quarta-feira, dia 27 de Julho último e em plena luz do dia na Av. Marien N`gouabi, três operadores criminais armados com AK47 e até aos dentes, sequestraram um empresário e proprietário dos Armazéns Continente, localizados na baixa da cidade de Maputo, tendo posteriormente exigido resgate de um milhão de dólares norte-americanos.

O crime ocorreu de dia na Av. Marien N´gouabi perante várias pessoas que nada puderam fazer para evitar que o crime se consumasse pelo facto de os sequestradores possuírem armas altamente potentes.

“O dono dos Armazéns Continente vinha numa viatura de marca Mercedes Benz e atrás seguia o trio de criminosos que, já muito próximo do senhor Calú, o ultrapassaram e seguidamente bloquearam a sua viatura Mercedes, tendo imediatamente saído do carro um homem com AK47 que com ela quebrou o vidro da Mercedes e puxou Calú para fora, o qual foi empurrado para dentro da viatura dos criminosos e seguidamente saíram a alta velocidade com a vítima”, disse José Dias, um dos que presenciaram o sequestro.

Após a consumação do crime, os criminosos obrigaram o empresário a telefonar para o seu filho para informar que os criminosos exigem resgate de um milhão de dólares norte-americanos.

Já sob controlo total dos bandidos o empresário Calú por milagre e sem saber porquê conseguiu se escapulir das mãos dos bandidos e fugiu em debandada em busca de socorro, onde foi socorrido são e salvo da alçada de criminosos ousados e abusados.

A Polícia confirmou o facto, mas não avançou detalhes pelo facto de as investigações ainda se encontrarem em marcha, visando identificar e neutralizar os mentores daquele tipo de crime e não só.

Entretanto, ainda na semana finda, sexta-feira, dia 29 de Julho, um comerciante daquela urbe foi barbaramente assassinado. “Alguém telefonou para a vítima e pediu para ele sair da loja, e que queria lhe falar, pelo que o mesmo saiu. Parado em frente à sua loja, minutos depois da conversa chegou um homem armado com pistola, esse homem disparou dois tiros contra o comerciante, um na cabeça e outro no abdómen, tendo caído imediatamente morto”, disse um segurança que presenciou o acto criminoso. -Jornal Escorpião.

Moçambique: Dhlakama ameaça dividir o país "em pedacinhos" se FRELIMO "não ceder"




EDUARDO QUIVE – ÚLTIMA HORA

O líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, afirmou que Moçambique pode ser “dividido em pedacinhos” se a FRELIMO não aceder à sua proposta de um governo de transição para o país, e disse ser essa situação “um mal pequeno”.

“O governo de transição vai ter como tarefa despartidarizar as instituições do Estado. Hoje, até para um aluno passar de classe tem que ir ao comício do (Presidente da República, Armando) Guebuza. Queremos parar com esta situação pacificamente e, se não aceitarem, Moçambique vai ser dividido ao meio, acabou”, ameaçou Dhlakama numa entrevista à Agência Lusa, em Quelimane, capital da província da Zambézia.

O líder do maior partido da oposição falava antes de iniciar uma digressão por aquela província, que já foi uma praça-forte da RENAMO mas que hoje vota maioritariamente na FRELIMO.

“Olhando para a situação que estamos a passar, é um mal pequeno o dia em que Moçambique for dividido, porque vai ser dividido em pedacinhos, vão aparecer líderes a dizer ‘Nós estamos saturados, eu fico com a minha província e acabou’. Tudo vai depender do Guebuza e da FRELIMO porque há saturação demasiada”, disse Dhlakama, garantindo, contudo, que essa solução não é do seu agrado, por se considerar um “nacionalista”.

Depois de ter estado quase um ano “ausente” em Nampula, no norte de Moçambique, o presidente da RENAMO reapareceu na vida política ao seu estilo: ameaçou matar polícias “que matam os homens da RENAMO”, disse dispor de mísseis, exigiu um governo de transição e prometeu aquartelar os soldados desmobilizados.

“Não é segredo que a FRELIMO tem armas e que a RENAMO tem armas. O que dizemos é que, como somos mortos, podemos também aplicar armas em matar aqueles da polícia que nos matam. Acho que é legítimo dizer isto, porque nós já fomos mortos pela polícia e ainda não matámos. O mundo já está a tremer mas o mundo nunca tremeu quando somos mortos”, considerou.

Afonso Dhlakama acusou “o regime da FRELIMO de estar apostado em eliminar a democracia em Moçambique” mas considerou que essa situação provoca “descontentamento e revoltas populares” no país.

Mais tarde, num comício em Nabúrri, Dhlakama prometeu “até ao fim do ano, desencadear uma revolução pacífica para correr com a FRELIMO do poder”.

Outra proposta polémica é a sua promessa De a RENAMO vir a aquartelar os soldados desmobilizados, situação que Dhlakama não considera incompatível com as atividades de um partido político com representação parlamentar.

“Esses elementos entraram no Exército no âmbito do Acordo Geral de Paz (Roma, 1992) e a FRELIMO está a correr com eles”, acusou o líder da RENAMO.

“A comunidade internacional acha pesado quando o Dhlakama disse ‘Eu vou aquartelar os meus homens para evitar que possam fazer a guerra’ ou mais pesado é aquele que já destruiu o exército apartidário, profissional e está a criar um exército para golpear a RENAMO quando formos governo?”, perguntou. - LUSA

XANANA GUSMÃO É O NOME DA FOME EM TIMOR-LESTE




INTRODUÇÃO

A propósito da fome que uma vez mais é divulgada pela imprensa timorense em tétum e a que o SAPO Timor-Leste faz referência por tradução da língua timorense para português – ontem e hoje publicado em Página Global – decidimos proceder à reposição de artigos de nossos autores que a seu modo referem contextos que talvez expliquem as razões da existência da miséria e fome em Timor-Leste apesar de ser um país rico e de ter um governo que de ano para ano vem usufruindo de enormes aumentos orçamentais que alega destinarem-se aos benefícios das populações, do desenvolvimento. De toda uma panóplia de promessas que ao fim de quatro anos tem por resultado positivo uma ínfima parte daquilo que se esperava da disponibilidade de tantos milhões. O devaneio tem um nome: Xanana Gusmão. A fome em Timor-Leste tem igualmente esse nome e a de mais uns quantos das elites políticas, empresariais e eclesiásticas que têm beneficiado dos milhões destinados aos timorenses. São os próprios timorenses que o afirmam. São os imensos e inexplicáveis sinais exteriores de riqueza publicamente exibidos por governantes e outros seus próximos que indiciam o desvio de verbas astronómicas pertença do país e causa maior da miséria e fome de imensos elementos da população. É agora anunciado fome em Bobonaro e, alegadamente, as causas prendem-se com problemas climatéricos e efeitos nocivos nas culturas que a terra não dá. Alguma verdade poderá sustentar parte daquela razão mas o miolo das razões não se limitam somente a Bobonaro nem às adversidades climatéricas. Principalmente têm que ver com a inépcia do governo de Xanana Gusmão e do enriquecimento ilícito demonstrado por muitos dos seus pares. Os “desvios” e os milhões poderão não ser tantos quanto os timorenses afirmam mas que fazem falta ninguém duvide. Não existe justificação plausível para os constantes “surtos de fome” que sistematicamente são anunciados na comunicação social timorense – na maior parte das vezes sem eco na imprensa internacional. Muito menos existem razões plausíveis para a constante exibição de miséria que afeta os timorenses, no interior e na própria capital, Díli. À oposição timorense cabe perseguir e expor com maior acuidade os ilicitos, a fome e a miséria que assola o país e dar-lhe a importância devida, o que não parece estar a acontecer com a intensidade e interesse que devia. Podemos e devemos afirmar que a fome em Timor-Leste tem nome: Xanana Gusmão. A ele cabe a responsabilidade porque mais que ninguém pactua com os ilicitos desde sempre, tendo-se feito rodear de individuos apontados desde inicio com mau caráter, "bandidos, vigaristas, desonestos, oportunistas". Assim sendo, o que se podia e pode esperar? Sendo, Xanana, considerado pai da Nação, como alguns o definem, a quem mais apontar a maior responsabilidade pelos desaires que tem vindo a causar aos timorenses? Para quando a honestidade que se esperava daquele líder? (AV)

OGE – EM MIL MILHÕES DE DÓLARES… QUANTOS VÃO “DESAPARECER”?

ANTÓNIO VERÍSSIMO – reposição*

Facto: Do Ministério das Finanças sumiram-se três milhões de dólares e as responsabilidades foram assacadas a um macaense malandro que fugiu, mas isso foi assunto que quase “morreu” logo à nascença. Onde estão esses três milhões? Que procedimentos foram implementados para recuperar essa verba? E os casos congéneres?

Na passada sexta-feira o Parlamento Nacional de Timor Leste aprovou o Orçamento Geral do Estado para o ano de 2011. Um orçamento muitíssimo avantajado a pretexto do desenvolvimento que vai ser implementado. É um orçamento ambicioso, como os anteriores da génese Gusmão-AMP mas dos quais não se vê obra correspondente aos gastos, como é comum dizerem os timorenses e observadores no terreno. Em vez disso as acusações sobre “verbas desaparecidas” e de enriquecimento ilegal de alguns envolvidos na governação, vai de conversa em conversa e de sussurro em sussurro. Resumindo, o que pretendem afirmar é que o governo de Gusmão não faz o que promete, demonstra incapacidades de execução e incompetências de muitos dos membros do governo. O próprio PM está impreparado para o cargo, como é notório.

Em tradução de Zizi Timor Oan, no Timor Hau Nian Doben, vimos declarações de Joãozito Viana, da ONG Luta Hamutuk, acerca deste OGE. Em dado passo afirma:

“Durante os debates, apesar de terem passado três anos, alguns membros do Parlamento ainda não demonstraram as suas capacidades e inteligência como representantes do povo, ainda não têm maturidade política, e ainda não demonstraram o sentido de Estado, muitos fazem declarações apenas para terem a simpatia do primeiro-ministro, alguns são como pessoas que não têm miolos porque fazem declarações que fogem ao assunto dos debates, e apenas se atacam uns aos outros.”

É ele também que refere as irregularidades deste OGE irresponsavelmente aprovado por deputados sem “miolos” nem coluna vertebral. Diz em desenvolvimento e com a responsabilidade de elemento de uma ONG atenta e interessada no melhor para os timorenses:

“Contudo, o Governo e também o Parlamento estão conscientes de que a proposta está cheia de irregularidades, por exemplo:

A legalidade do Fundo das Infra-estruturas e também do Fundo do Capital de Desenvolvimento Humano, não existe uma explicação para os motivos destes dois fundos, não há uma explicação escrita em relação ao investimento a longo prazo do OGE, a própria mudança da estrutura do OGE, o funcionamento do Estado está cheio de Corrupção, Conluio e Nepotismo (KKN), a despesa do Fundo MDGs precisa de uma explicação clara bem como o prognóstico do crescimento, o problema da inflação no país, desemprego, a qualidade das facilidades para o público, e mais.

Quando ouvimos, pensamos e analisamos os debates para a proposta do OGE para 2011, nós concluímos que o pacote fiscal do OGE para o ano civil de 2011 precisa de ser rectificado antes da votação, mas a aprovação parece urgente, querem depressa, pensam que não há tempo amanhã, e nós acreditamos que este Governo irá repetir o falhanço dos outros anos. É mesmo uma ironia...!!!”

Gusmão, o governo AMP, dispõe este ano de quase mil milhões de dólares norte-americanos para executar. O que se deve perguntar com legitimidade é quantos desses milhões vão desaparecer? A exemplo de orçamentos anteriores? Ninguém pergunta assim tão frontalmente, pelo menos que se leia, mas é mais que tempo de abandonar as contemplações e os pruridos em acusar de verdadeiros roubos alguns, certos ou incertos, elementos que se sentam ao lado do PM timorense. Se assim não fosse não haveria tanta exibição de dispendiosos e luxuosos bens adquiridos sem explicação. Os casos vão surgindo ao longo do tempos esbatem-se nos silêncios e na farsa da alegada Luta Contra a Corrupção ou na amorfa Procuradoria Geral da República. Certo é que não se vê obra feita que justifique as alegadas despesas. Certo é que o que é realizado é pouco e demonstra défice relativamente ao que é prometido e até por vezes apresentado com pompa e circunstância. As potencialidades de Timor Leste continuam a ser subaproveitadas, a dinâmica que é possível retirar do povo timorense em prol de um país melhor é quase inexistente. Vai-se fazendo… E depois é tudo apresentado em formato e processos toscos, demonstrando a incompetência daqueles que parasitariamente, em 2007, se encostaram e dispuseram em conluio com um Xanana Gusmão e um Ramos Horta comprometidos com um golpe de estado em 2006, que derrubou um governo legitimo. O que se pode perguntar é como estaria agora Timor Leste se todo o processo pós independência decorresse com normalidade e no respeito pelas leis e Constituição do país? É evidente que o “se” aquece conversa mas não nos traz certezas. Pese embora falhas por inexperiências e limitações, até impostas pela ONU, no governo de Mari Alkatiri – o país estava a começar – e é de acreditar que então, agora, com quase mil milhões, ou anteriormente com um pouco menos, decerto veríamos mais e melhor desenvolvimento no país. Não se trata de siglas ou de ideologias mas sim por se saber que muita da “malandragem” que constitui este governo não teria tido oportunidade de fazer o que faz, nem oportunidade de fazer que faz… sem fazer. “Malandros” e outras considerações desprestigiantes foram termos usados por Mário Carrascalão ao referir-se àqueles que em 2007 estavam a rodear Xanana Gusmão. Mas mesmo que o insuspeito Mário Carrascalão não o tivesse referido agora já um qualquer poderia afirmar isso mesmo, depois de tantas peripécias, de tantos milhões desaparecidos, de tanto KKN (corrupção, conluio e nepotismo).

Não se infira daquilo que Joãozito Viana afirma e por que manifesta preocupação que sejam exageros porque não se trata disso. E ele explica:

“Como membro da sociedade civil, que examina o Orçamento Geral do Estado e as implicações para o povo, eu quero deixar patente que, o Orçamento com um montante de $ 985 milhões de dólares americanos tem de ser bem utilizado de acordo com o plano, fazer-se um bom controlo, ser integrado, e tem de ser garantido a qualidade da sua execução e este Orçamento terá de beneficiar todo o povo. É necessário e importante que o Parlamento exerça as suas funções, por este motivo, todos os deputados tem de exercer as suas funções de acordo com a Constituição.

Senão? Este orçamento, que é bastante elevado, irá apenas beneficiar poucas pessoas, um grupo pequeno, os empreiteiros, e os amigos e familiares dos governantes.”

Evidentemente que com quase um milhar de milhões de dólares, praticamente metade adstritos a Xanana Gusmão nas suas pastas ministeriais e manhas, vai tudo funcionar à tripa forra – do estilo que se diz em Portugal e que se adapta em todo o mundo: É fartar vilanagem!

Este sentimento acontece por se olhar para os anos passados e por se saber, ver, ouvir e ler insistentemente – também por aqui ser afirmado – que é impossível um ministro ou ministra, militares de topo, deputados, empresários, familiares daqueles que pertencem aos partidos da AMP serem honestos e viverem à Lagardere, a exibirem posses à Grande e à Francesa, no estilo dos que não têm cabras mas vendem cabritos… Ele é negócios com o arroz, com as obras públicas, com terrenos, com o que puder ser, desde que dê para a clique AMP e associados. Não admira os enriquecimentos exibidos e vistos por tantos dos que apontam e comentam. E se o PM Gusmão fosse na realidade honesto seria o primeiro a reparar que tem junto a si pessoas que demonstram gastar mensalmente imensas vezes mais do que aquilo que corresponde aos seus ordenados. Acontece que também o PM consegue estar a viver acima daquilo que tem por vencimento mensal. A não ser que até os de lá de casa exagerem nas descrições sobre remodelações de recheios domésticos, etc.

O que está em questão é a transparência e os modos escrupulosos com que os OGE devem ser executados. O passado diz-nos que transparência não existiu e escrúpulos pressente-se que há os que não os têm e estão integrando este governo.

O QUE DIZ ARSÉNIO BANO

O deputado da Fretilin, Arsénio Bano, afirma, também em publicação do Timor Hau Nian Doben, que o PM Gusmão “controla muito dinheiro na proposta do OGE 2011”. Bom para ele. As eleições são em 2012 e há migalhas que importa que cheguem ao povo para assegurar a sua reeleição. Evidentemente que outros, de outros partidos da AMP também têm essa perspectiva e vão dispor-se a alargar os cordões à bolsa. Mas isso vai ser migalhas. Vão proceder a melhorias que sejam sentidas pelos que agora passam fome, e então esses irão, talvez, deixar de passar tanta fome. Se antes só roíam os ossos de frango vão passar a poder comer uma ou, no máximo, duas asas dos ditos… Fazer abordagens com personagens daqueles torna difícil não recorrer à espontaneidade da ironia.

Mas, Arsénio Bano diz, em tétum, com tradução de Zizi Timor Oan:

"De acordo com a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2011, regista-se que há uma centralização no controlo do orçamento para o Capital de Desenvolvimento - sem ter em conta o Fundo do Capital Humano - num total de $ 25,000,000, nas mãos do primeiro-ministro, e do total do Capital de Desenvolvimento no valor de $404,723,000 para 2011, o primeiro-ministro irá também administrar o montante do capital que perfaz um total de $362,789,000”.

E especifica:

"- Na presidência do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro vai controlar o montante alocado para o Capital de Desenvolvimento no seu gabinete no valor de $ 29,328, 0000

- O primeiro-ministro, que acumula a pasta de Defesa e Segurança, irá também controlar o montante em dinheiro para o Capital de Desenvolvimento num total de $16,156,000.

O primeiro-ministro irá controlar ainda o Fundo das Infra-estruturas, através da Comissão de Administração do Fundo das Infra-estruturas, que é presidido por ele e controlado através da agência de Desenvolvimento Nacional criada sob sua alçada d, e o montante alocado para o Fundo das Infra-estruturas perfaz um total de $ 317,305,000.”

É de facto muito dinheiro nas mãos de um homem só. Um homem que demonstrou em orçamentos passados que não tem controlo nos seus executores e que até assina papéis sem saber de que se trata. Recorde-se o contrato que assinou a favor da empresa em que a filha era sócia e que beneficiaria de imensos milhares de dólares – centenas de milhares - por via do fornecimento de arroz. Na época foi afirmado que o PM assinou mas “nem sabia bem daquelas coisas…” Afirmação nesse estilo. Desculpa esfarrapada. Assim sendo, reportando-nos ao passado, nesse e noutros exemplos, que garantias têm os timorenses de que não vão desaparecer uns milhões “mal gastos”? A quem é que se submete à fiscalização? E que garantias existem de que dizem NÃO a Gusmão? Constatando o registo de ilegalidades quem agirá para repor a legalidade? Isso alguma vez aconteceu em ilegalidades cometidas por Gusmão? Não. Reportando-nos ao passado… Todos os “cambalachos foram anotados numa enorme pedra de gelo e… foram-se, derreteram-se. Não existem a não ser nas nossas memórias ou escritos em órgãos de comunicação social. Mas, e depois?

Isto é somente apontamentos do passado e apreensões para o futuro. Nada que seja novo quando se aborda Timor Leste. Afinal a segurança depende de Gusmão e a ONU, ainda em relatório recente pôs em causa a segurança. Aos olhos da ONU, Gusmão, ministro das polícias e do exército, que é onde está o armamento, é incompetente. Pelo menos eles são de opinião que está a falhar. Fazer esta leitura não é legítimo? Mas não. Ele diz que não. E até Horta diz que não. Eles é que sabem. Eles é que têm os livros… Pena não os lerem, nem a Constituição devem conhecer, porque de contrário não teriam cometido actos inconstitucionais como já o fizeram. Impunemente, e fizeram. E talvez continuem, caso se justifique por “razões de interesse nacional”, como afirmaram descaradamente. A ocasião faz o ladrão…

Temos então que o OGE passou na generalidade. Quase mil milhões de dólares para espadanar à tripa-forra. Estas são as perspectivas por reporte do passado. Se já há quem se refira ao desenvolvimento de Timor Leste como coisa espantosa agora é que vai ser uma alegria. Mas, em raciocínios comuns, este desenvolvimento, este progresso tão falado e refalado, tão babosamente referido por ministros e pelo PR Horta, é coisa de pouca monta se tomarmos em consideração que Timor Leste está cheio de potencialidades, cheio de dinheiro, que ficou totalmente destruído, e que muito pouco foi feito para as verbas nacionais e ajudas internacionais alegadamente aplicadas. Ora, assim, porque ficou sem nada, qualquer coisa que apareça já é bom, é melhor, é desenvolvimento. O que era importante era que houvesse mesmo desenvolvimento compatível com os orçamentos e ajudas internacionais, que houvesse sabedoria e competência para executar os orçamentos de modo honesto, sem “histórias”, sem confusões, sem “desaparecimentos de milhões.”

Em Timor Leste o que foi feito na pequena indústria? O que tem sido feito em formação profissional dos jovens e dos que estão já mais que habituados a não fazer nada mesmo que haja o que fazer em prol da comunidade? Porque é quase tudo importado e nestes anos não foram desenvolvidas pequenas indústrias? Porque razão as pescas estão tão atrasadas? E a agricultura debate-se com sérios problemas porquê? Mas então o PM Gusmão está rodeado de ministros e outros incompetentes e não faz remodelação no governo. Ou não dá pela incompetência dos outros por também ser falho de competências?

Em Díli, o que mais se tem desenvolvido é o comércio. Como é que irá sobreviver após a saída dos “internacionais” da ONU é que não sabemos. Veremos.

São vários os sectores a clamar por mais e melhor. A política deste governo tem sido avançar com subsídios de miséria para alguns. O que não estaria errado se não fossem migalhas e apontassem obrigações, perspectivas. É que esses não podem roubar. Não podem receber dez e gastar vinte. Os que rodeiam Gusmão podem. Vê-se. Mas também se vê que afinal estão autorizados e ninguém lhes pede contas. Mas não esqueçamos que quem cabritos vende e cabras não tem… só os pode ter roubado.

Depois de escrito:

Posterior ao exposto e opinado deve ser salientado que Arsénio Bano entra em vastos pormenores sobre o OGE e outras abordagens em entrevista ao TEMPO SEMANAL, peça jornalística cuja leitura é recomendada.

*Reposição de artigo publicado em TIMOR LOROSAE NAÇÃO – diário, em 17 de Janeiro 2011

FOME EM TIMOR-LESTE ASSOLA O DISTRITO DE BOBONARO




SAPO TL

As comunidades do Suco de Oeleu e Aiasa, em Bobonaro enfrentam graves problemas a nível alimentar. Os respectivos chefes sucos já entregaram o relatório ao Administrador do Sub-Distrito de Bobonaro, mas até ao momento não houve resposta do Governo.

“Os dados já foram entregues, mas ainda não obtivemos nenhum resultado” informa o chefe suco de Oeleu, Manuel Soares, ao CJITL.

O suco de Aiasa acrescenta ainda que a falta de alimentos é derivada das fortes chuvas que assolam a região.

“Tem chovido incessantemente, tornando mais difícil a própria plantação do milho” exemplifica o chefe suco, Adelino Afonso Mota, acrescentando ainda que as suas vidas dependem da agricultura.

Em resposta a esta situação, o Administrador do Sub-distrito de Bobonaro, Adelino Gouveia Brito, chegou à conclusão que cerca de “24.000 pessoas passam fome. Os dados já foram entregues às autoridades competentes, mas até agora não obtivemos resposta.”

SAPO TL com CJITL

Timor-Leste: Portugal tem de reencontrar o seu papel no país, diz eurodeputado




MUNDO LUSÍADA - LUSA

O papel de Portugal em Timor-Leste ainda não se esgotou, mas é urgente que os portugueses definam qual a nova relação que querem manter com o povo timorense, antes que seja “tarde de mais”, alerta o eurodeputado Rui Tavares.

O eurodeputado português defende que Portugal pode continuar a ter um “papel importante” em Timor, mas que precisa redefini-lo para poder ajudar a jovem nação a “dar certo no novo rumo” que está a tomar após a sua independência.

Em declarações à Lusa desde Baucau, onde juntamente com a eurodeputada Ana Gomes dinamiza os ‘Encontros de Baucau’, evento que até 07 de agosto mobilizou os jovens timorenses para atividades cívicas e culturais, Tavares salienta que o novo papel em Timor deve ser encontrado “quanto antes” e que este é “tão importante quanto os anteriores”.
“Tivemos sempre uma relação muito próxima com Timor, de muita solidariedade e até de sofrimento (…) Na altura sabíamos muito bem qual era o nosso papel: de auxilio à resistência, de solidariedade, de divulgação internacional da causa timorense. Sabíamos o que queríamos fazer e fizemo-lo”, lembra.

Tavares afirma, contudo, que a seguir à independência timorense as coisas tornaram-se “mais complicadas”. Timor é “ainda um país muito jovem e talvez as pessoas estivessem a contar que o desenvolvimento e progresso se dessem de forma automática, o que não é o caso”, acrescenta, uma situação que “veio agravar-se com o revês” que foram a crise política e de segurança em 2006, sustenta.

“Os timorenses têm noção de que foi um passo em falso, o momento mais baixo do período pós-independência, e que criou uma imagem que prejudicou a leitura de Timor vista do exterior”, levando também a que os portugueses “perdessem um pouco o contato com o país”, explica.

A ideia que os portugueses têm do país “está ainda muito marcada por esses acontecimentos. Mas o Timor de 2011 – sem querer a estar a embarcar em grandes euforias – é um país muito estável e seguro”, garante. É uma nação com “muito potencial”, ao qual “devemos continuar a dar o nosso apoio” e com quem, acima de tudo, “devemos continuar a manter uma ligação estável, que não se deixe levar por grandes euforias, nem por grandes frustrações”, advoga.

“Não podemos achar que o nosso papel já foi, porque continua a ser importante. Se não, aqui ao lado, estão dois colossos, a Indonésia e a Austrália”, alerta Tavares, para quem Portugal tem de agir e definir qual a relação que quer manter com Timor.

Os ‘Encontros de Baucau’ afiguram-se por isso, segundo o eurodeputado, como um evento importante para “trabalhar a reintrodução do português de forma inteligente em Timor”, e como um contributo para a “dinamização do desenvolvimento, da paz, e promoção dos direitos humanos e boa governação”.

A “descentralização” é, segundo Tavares, outra valência deste evento, destacando que Baucau tem um “potencial cultural e turístico enorme”. “Vemos a cultura como uma forma de promover a inserção internacional de Timor, e promover um tipo de turismo responsável e de qualidade, que seja respeitador do contexto timorense e que distribua os recursos pela população”, acrescenta.

Mais lidas da semana