sábado, 19 de novembro de 2011

SORRIAM, CONTINUAM A SER GAMADOS




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

O indicador coincidente do consumo privado do Banco de Portugal registou uma quebra de 3,9% em Outubro deste ano, uma descida sem paralelo nos registos, que remontam a 1978.

Fica assim provado que a estratégia do governo começa a dar os resultados pretendidos. De facto, os portugueses estão mesmo a aprender a viver sem comer. Ainda não estão diplomados, mas andam lá perto. É certo que os que mais se aproximaram desse desiderato… morreram. Mas até isso, segundo a super equipa de Passos Coelho, é bom sinal. Sobretudo se morrerem sem obrigar o Serviço Nacional de Saúde a ter despesas.

De acordo com os indicadores de conjuntura de Novembro do Banco de Portugal, o indicador coincidente do consumo privado encontra-se em queda desde Dezembro de 2010, tendo-se vindo a agravar para lá dos 3% a partir de Julho deste ano.

Porque já não é possível culpar a “velha senhora” (não Salazar mas José Sócrates), Passos Coelho sustenta a tese – corroborada pelo Banco de Portugal – que a pão e laranja, ou até mesmo a farelo, os portugueses vão sobreviver e conseguir sustentar o estado esclavagista liderado por uma casta superior de portugueses de primeira.

Casta essa onde pontificam, entre outros, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro, Fernando Faria de Oliveira, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira Amaral, António Mexia, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista, Ascenso Simões, Duarte Lima.

Em vez de se preocuparem com a qualidade do farelo, parece que há pelas ocidentais praias lusitanas uma onda contra o facto de alguns elementos dessa reconhecida casta superior beneficiarem, por exemplo, de pensões vitalícias.

Nada mais errado. Como bem sabem os 800 mil desempregados, os 20% que ainda vivem (isto é como quem diz) na miséria e os outros 20% que a têm à porta, em todas as sociedades pré-civilizadas (é o caso de Portugal) existem seres superiores e inferiores, em que os esclavagista estão no poder, e onde os escravos têm de pagar essas pensões vitalícias e outros emolumentos.

Aliás, importa dizê-lo, por muito que seja o dinheiro envolvido na chulice, os políticos portugueses, os de ontem e os de hoje (possivelmente também os de amanhã), são mesmo seres superiores que, como exímios azeiteiros, exploram os escravos até ao tutano. E exploram porque tal lhes é permitido. E sé é isso que a plebe quer, não há nada a fazer.

Aliás, basta ver a galeria de notáveis e superiores cidadãos lusos para ter a certeza de que todos eles merecem tudo o que recebem e ainda muito mais.

Se em Portugal a casta superior é constituída por todos aqueles que trabalham não para os milhões que têm pouco ou nada (os escravos), mas sim para os poucos que têm cada vez mais milhões, ninguém pode dizer que eles (socialistas e sociais-democratas dividem entre si o espólio) não são competentes e merecedores que os plebeus continuam a pagar para manter a sua mama.

Quando alguns alegam que, perante a Constituição, todos são iguais, farto-me de rir (a barriga vazia não anula – por enquanto - o meu sentido de humor).

Todos são iguais? Onde?

São todos iguais a ponto de como bom “africanista de Massamá”, Passos Coelho reeditar para os escravos a política colonial imortalizada no poema Monangambé de António Jacinto: fuba podre, peixe podre, panos ruins, cinquenta angolares e porrada se refilares.

E, tal como no tempo de Salazar, Passos Coelho avisa que o Governo não permitirá o direito à indignação aos “que pensam que podem incendiar as ruas" e trazer "o tumulto". Tirem os escravos daí a ideia.

É certo que em Portugal aumenta o número dos que pensam que a crise (da maioria, de quase sempre os mesmo) só se revolve a tiro. Até os militares sonham, embora em silêncio e com as paredes do cérebro insonorizadas, que essa é uma alternativa. Por mim parece-me uma boa opção, sobretudo porque apesar da fraqueza física haverá sempre força para puxar o gatilho.

Mesmo que assim seja, se calhar os responsáveis pela tragédia vão continuar a ter pelo menos três boas refeições por dia e chorudas pensões vitalícias. Quase sempre é assim. As revoluções só conseguem mudar algumas moscas…

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: BAJULAÇÃO A MAIS UM “LÍDER CARISMÁTICO”

Goldman Sachs: COMO CRIAR UMA CRISE E GOVERNAR O MUNDO




Eduardo Febbro - Correspondente da Carta Maior em Paris

Muitos dos homens que fabricaram o desastre foram chamados agora para tomar as rédeas de postos chaves e com a missão de reparar, ao custo do bem estar da população, as consequências dos calotes que eles mesmos produziram. O banco de investimentos Goldman Sachs conseguiu uma façanha pouco frequente na história política mundial: colocar os seus homens na direção dos governos europeus e do banco que rege os destinos das políticas econômicas da União Europeia. Mario Draghi, o atual presidente do BC Europeu, Mario Monti, presidente do Conselho Italiano, Lukas Papademos, o novo primeiro ministro grego, todos pertencem à galáxia do Goldman Sachs. O artigo é de Eduardo Febbro.

A história poderia satisfazer a todas as expectativas dos adeptos das teorias da conspiração: onde está o poder mundial? A resposta cabe num nome e num lugar: na sede do banco de investimentos Goldman Sachs. O banco estadunidense conseguiu uma façanha pouco frequente na história política mundial: colocar os seus homens na direção dos governos europeus e do banco que rege os destinos das políticas econômicas da União Europeia. Mario Draghi, o atual presidente do Banco Central Europeu, Mario Monti, o presidente do Conselho Italiano que substituiu a Silvio Berlusconi, Lukas Papademos, o novo primeiro ministro grego, todos pertencem à galáxia do Goldman Sachs.

Desses três responsáveis, dois, Monti e Papademos, formam o anexo avançado da política pela tecnocracia econômica, pertencem à rede que o Goldman Sachs teceu no Velho Continente e, em graus diversos, participaram nas mais truculentas operações ilícitas orquestradas pela instituição estadunidense. Além do mais, não são os únicos. Pode-se também mencionar Petros Christodoulos, hoje à frente do organismo que administra a dívida pública grega e que no passado recente foi presidente do Banco Nacional da Grécia, a quem o Goldman Sachs vendeu o produto financeiro hoje conhecido como “swap” e com o qual as autoridades gregas e o Goldman Sachs orquestraram a maquiagem das contas gregas.

O dragão que protege os interesses de Wall Street conta com homens chave nos postos mais decisivos, e não só na Europa. Henry Paulson, ex presidente do Goldman Sachs, foi em seguida nomeado Secretário do Tesouro estadunidense, ao passo que William C. Dudley, outro alto funcionário do Goldman Sachs, é o atual presidente do Federal Reserve de Nova York. Mas o caso dos responsáveis europeus é mais paradigmático. A palma de ouro quem leva é Mario Draghi, o atual presidente do Banco Central Europeu, que foi vice presidente do Goldmann Sachs para a Europa entre os anos 2002 e 2005.

Neste posto, Draghi teve um desempenho mais do que ambíguo. O título de seu cargo era “empresas e dívidas soberanas”. Precisamente nesse cargo Draghi teve como missão vender o produto incendiário “swap”. Este instrumento financeiro é um elemento determinante no ocultamento das dívidas soberanas, quer dizer, na maquiagem das contas gregas. Esse engodo foi a astúcia que permitiu que a Grécia se qualificasse para fazer parte da zona do euro. Tecnicamente e com o Goldmann Sachs como operador, tratou-se de então de transformar a dívida externa da Grécia numa dívida em euros. Com isso, a dívida grega desapareceu dos balanços negativos e o Goldmann Sachs ganhou uma vultuosa comissão.

Depois, em 2006, o banco vendeu parte desse pacote de swaps ao principal banco comercial do país, o Banco Nacional da Grécia, dirigido por outro homem do Goldmann Sachs, Petros Christodoulos, ex trader do Goldmann Sachs e...atualmente diretor do organismo de gestão da dívida da Grécia, que o mesmo e os já mencionados contribuíram para primeiro mascarar e depois, incrementar. Mario Draghi tem um histórico pesado. O ex presidente da República italiana Francesco Cossiga acusou Draghi de ter favorecido o Goldmann Sachs em contratos importantes, quando Draghi era diretor do Tesouro e a Itália estava em pleno processo privatizador.

O certo é que o agora presidente do Banco Central Europeu aparece massivamente indicado como o grande vendedor de swaps em toda a Europa.

Nesse entrevero de falsificações surge o chefe do executivo grego, Lukas Papademos. O primeiro ministro foi governador do Banco Central grego entre 1994 e 2002. Esse é precisamente o período em que o Sachs foi cúmplice de ocultamento da realidade econômica grega e, enquanto responsável pela entidade bancária nacional, Papademos não podia ignorar o engodo que estava montando. As datas em que o cargo coincidem com a operação da montagem. Na lista de notáveis Mario Monti o segue. O atual presidente do Conselho Italiano foi conselheiro internacional do Goldmann Sachs desde 2005.

Em resumo, muitos dos homens que fabricaram o desastre foram chamados agora para tomar as rédeas de postos chaves e com a missão de reparar, ao custo do bem estar da população, as consequências dos calotes que eles mesmos produziram. Não cabe dúvida de que existe o que os analistas chamam de “um governo Sachs europeu”.

O português Antonio Borges dirigiu até há pouco – acaba de renunciar – o Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional. Até 2008, Antonio Borges foi vice presidente do Goldmann Sachs. O desaparecido Karel Van Miert – Bélgica – foi Comissário Europeu da Competição e também um quadro do Goldmann Sachs. O alemão Ottmar Issing foi sucessivamente presidente do Bundesbank europeu, conselheiro internacional do Sachs e membro do Conselho de Administração do Banco Central Europeu. Peter O’Neill é outro homem do esquema: presidente do Goldmann Sachs Asset Management, O’Neill, apelidado de “o guru” do Goldmann Sachs, é o inventor do conceito de BRICS, o grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O’Neill é acompanhado por outro peso pesado, Peter Sutherland, ex presidente do Goldmann Sachs Internacional, membro da seção “Europa” da Comissão Trilateral – o mesmo que Lukas Papademos – ex integrante da Comissão de Competição na União Europeia, Procurador Geral da Irlanda e mediador influente no plano que culminou com o resgate da Irlanda.

Alessio Rastani tem toda razão. Este personagem que se apresentou perante o BC como um trader disse há algumas semanas: “os políticos não governam o mundo. O Goldmann Sachs governa o mundo”. Sua história é exemplar, de jogo duplo, como as das personalidades e carreiras dos braços mundiais do Goldmann Sachs. Alessio Rastani disse que ele era um trader londrino, mas que depois se descobriu que trader não era e poderia ser parte do Yes Men, um grupo de ativistas que, através da caricatura e da infiltração na mídia, denunciam o liberalismo.

Entrará para as páginas da história mundial da impunidade a figura desses personagens. Empregados por uma firma estadunidense, eles orquestraram um dos maiores calotes já conhecidos, cujas consequências hoje estão sendo pagas. Foram premiados com o timão da crise que eles produziram.

Tradução: Katarina Peixoto

Fotos: Maringoni

A ESPANHA VOTA PARA NADA




Pep Valenzuela, de Barcelona – Outras Palavras

Eleitores podem optar por quem quiserem, domingo. Mas chanceler alemã e “mercados” já definiram programa que novo governo executará

Os quinze dias da curta campanha eleitoral na Espanha terminam este domingo, 20 novembro — quando as urnas vão decidir o próximo governo. De acordo com todas as pesquisas, o chamado de Partido Popular (PP), direitista e fundamentalista católico, deve alcançar uma vitória gigantesca, atingindo uma maioria absoluta de deputados e senadores que, de se confirmada, permitirá governar e legislar sem precisar de alianças ou apoio algum no Parlamento. Confirmados os prognósticos, ao social-liberal PSOE restará uma derrota humilhante.

Embora a maior parte da população seja simpática ao movimento dos indignados, sua influência na política institucional será nula, segundo também revelam as pesquisas e análises. As multidões que ocuparam praças em todo o país, e que em cinco meses transformaram-se num marco importante da paisagem social e cultural do país não pesarão em favor de nenhuma das opções eleitorais disponíveis. Também não puderam — ou não quiseram — utilizar o momento do voto para acumular forças para o futuro.

Mas nesta hora, todo isso quase que passa para o segundo plano. Depois de três anos de políticas para resolver a chamada de “crise financeira”, seguindo à risca as indicações do padrão neoliberal, o futuro é ainda mais perigoso e desalentador. A substituição dos governos grego e italiano (por piores que fossem, eleitos pelos cidadãos) por duas equipes de “tecnocratas”, supostamente alheios à política é um tremendo golpe contra a soberania e a democracia na Europa.

Nesta quinta (17/11), para que não restassem dúvidas, a premiê alemã Angela Markel insistiu na necessidade de que “os países cedam mais soberania fiscal às instituições comuns, como passo para “a nova Europa”. E os dirigentes da Comissão Europeia, a seu lado, anunciaram que a Espanha, que na teoria já teria feito todas as reformas econômicas, do mercado de trabalho, de limitação do gasto público, e até constitucionais, deverá ainda realizar novas “medidas”.

Por isso, ao novo governo, previsivelmente dirigido pelo direitista Mariano Rajoy, foi anunciado que “a confiança não se cria da noite para o dia” e que será necessário mais do que gestos para acalmar as dúvidas dos especuladores: “a confiança se gera também com medidas adicionais, se for necessário”, disse o porta-voz da Comissão, Amadeu Altafaj.

O candidato direitista, que tentou fugir de posições claras, durante a campanha eleitoral, mudou nos últimos dias seu discurso. Com a vitória praticamente assegurada, mostrou a verdadeira face do que já vinha sendo chamado de “programa oculto”. De um lado, porque a expectativa de vitória é mais do que sólida e reconhecida por todos os protagonistas e observadores da política. De outro, para que os dirigentes dessa “nova Europa” e os “especuladores” fiquem tranquilos, e fiquem sabendo que os “deveres” serão feitos. Viva a “democracia”!

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Líbia: SEIF AL ISLAM, FILHO DE KADAFI, DETIDO NO SUL - fonte do CNT



INFORPRESS - LUSA

Tripoli, 19 Nov (Inforpress) - Seif al-Islam, filho do antigo dirigente líbio Muammar Kadhafi, foi detido no sul da Líbia, anunciou hoje à agência noticiosa francesa AFP o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mohammed al-Allagui.

"Seif al-Islam, procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), foi detido no sul da Líbia", declarou o ministro, recusando dar qualquer outro pormenor, em particular sobre a data e as circunstâncias da detenção.

Uma fonte do "Conselho dos thowar (revolucionários)" de Tripoli, um coletivo de antigos combatentes rebeldes, confirmou a detenção de Seif al-Islam, considerado em diversas ocasiões como um potencial sucessor de Muammar Kadhafi, na região de Ubary.

Bashir al-Tlayeb, comandante das brigadas da cidade líbia de Zintan, disse numa conferência de imprensa que Seif al-Islam foi capturado com dois adjuntos que o tentavam levar para o vizinho Níger.

O TPI emitiu a 27 de junho mandados de detenção contra Muammar Kadhafi, morto no mês passado, contra Seif Al-Islam e contra o antigo chefe dos serviços de informações líbios Abdallah Al-Senoussi, suspeitos de crimes contra a humanidade cometidos a partir de 15 de fevereiro, na repressão à revolta que então começou.

Em outubro, Seif al-Islam manteve contactos com o TPI através de intermediários sobre uma eventual rendição.

Segundo declarações do procurador do TPI Luis Moreno-Ocampo a 09 de novembro, o filho de Kadhafi pretendia saber o que o esperava no TPI em caso de rendição.

Birmânia: BAN KI-MOON ANUNCIA DESLOCAÇÃO “O MAIS CEDO POSSÍVEL”



INFORPRESS - LUSA

Nusa Dua, Indonésia, 19 Nov (Inforpress) – O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou hoje que se deslocará “o mais cedo possível” à Birmânia, exortando o país a fazer mais reformas.

O Presidente birmanês, Thein Sein, “convidou-me e eu aceitei o seu convite”, declarou Ban durante uma conferência de imprensa à margem de uma cimeira asiática na Indonésia, adiantando que se deslocará à Birmânia “o mais cedo possível”.

Comentando um encontro com Thein Sein no sábado, o secretário-geral da ONU precisou que o tinha “exortado a não esperar por 2014”, ano em que a Birmânia assume a presidência da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), para “realizar todas as reformas políticas” que a ONU considera necessárias.

“As Nações Unidas acolheram favoravelmente os desenvolvimentos recentes na gestão do Presidente Thein Sein”, disse Ban, referindo a libertação de “presos políticos e iniciativas para reformar o sistema político”.

Congratulando-se com a decisão da ASEAN de atribuir a sua presidência à Birmânia, apelou, no entanto, à continuação de reformas no país, entre as quais a “promoção da reconciliação nacional e a criação de condições socioeconómicas favoráveis para que os investimentos estrangeiros possam ocorrer”.

Ban disse ter apelado a Thein Sein para “satisfazer as enormes expetativas da comunidade internacional” que a perspetiva de uma presidência birmanesa suscitou.

A ASEAN aprovou quinta-feira em Bali, na sua cimeira anual, que a Birmânia presida ao grupo em 2014 como reconhecimento pelos avanços demonstrados desde que o governo civil de Thein Sein (ex-general) substituiu a junta militar em março.

ASEAN: CIMEIRA DA ÁSIA ORIENTAL CENTRADA NA SEGURANÇA MARÍTIMA REGIONAL




FV - LUSA

Bali, Indonésia, 19 nov (Lusa) - A cimeira da Ásia Oriental arrancou hoje na ilha indonésia de Bali com a presença dos líderes dos 18 países centradas na segurança marítima regional e outros assuntos políticos e económicos.

O presidente americano, Barack Obama, participa pela primeira vez no fórum, depois de a cimeira do ano passado ter aprovado a entrada dos Estados Unidos e Rússia.

As reuniões tratarão essencialmente os temas da segurança no Mar do Sul da China, onde o Brunei, China, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietname reclamam a soberania parcial ou total das ilhas Spratly, ricas em petróleo e gás, e a China e Vietname disputam as ilhas Paracel.

Prevê-se que a cimeira aprove uma declaração de princípios para gerir as relações entre os países por meios pacíficos e estáveis e outra sobre a colaboração para promover a cooperação na região.

Além destas serão tratadas questões estratégicas para a região, como a cooperação em energia, finanças, educação e gestão de desastres.

Esta é a 10ª cimeira do fórum da Ásia Oriental, na qual participam a Austrália, China, Coreia do Sul, Índia, Japão, Nova Zelândia, Estados Unidos, Rússia e os 10 países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

ASEAN: BARACK OBAMA E WEN JIABAO REUNIDOS À MARGEM DA CIMEIRA



INFORPRESS - LUSA

Bali, Indonésia, 19 nov (Lusa) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reuniu-se hoje com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, num encontro bilateral à margem da 10ª cimeira da Ásia Oriental, em Bali, anunciou um responsável da Casa Branca.

O encontro iniciado às 09:45 locais (02:45 em Lisboa) ocorreu numa altura em que as relações entre Washington e Pequim têm estado sob alguma tensão, em particular desde o anúncio do reforço militar americano na Austrália, medida que o governo chinês considerou "inapropriada".

Não deverão ser emitidas declarações após o encontro, onde é esperado que os líderes dos dois países abordem assuntos como a segurança marítima, não proliferação nuclear e questões comerciais, incluindo a valorização do yuan.

Uma das questões sensíveis envolve as disputas territoriais no Mar do Sul da China.

Obama já exigiu "regras claras" no Mar do Sul da China, onde seis territórios - China, Taiwan, Vietname, Filipinas, Malásia e Indonésia - mantêm disputas pela soberania das ilhas Spratly, onde se acredita estar localizada a terceira maior reserva de petróleo do mundo.

Este ano as principais disputas na região opuseram a China às Filipinas e Vietname, país que disputa ainda com Pequim a soberania das ilhas Paracel.

Obama conclui hoje na Cimeira da Ásia Oriental, em Nusa Dua, Bali um périplo de nove dias pela região da Ásia-Pacífico, onde tem tentado dar relevo ao papel do seu país frente à ascendência chinesa.

DILMA DIZ QUE “POBREZA NO BRASIL TEM FACE NEGRA E FEMININA”




Agência Brasil

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (19) que "a pobreza no Brasil tem face negra e feminina". Daí a necessidade de reforçar as políticas públicas de inclusão e as ações de saúde da mulher, destacou, ao encerrar, em Salvador, o Encontro Ibero-Americano de Alto Nível, em comemoração ao Ano Internacional dos Afrodescendentes.

Em discurso, ela explicou por que as políticas de transferência de renda têm foco nas mulheres, e não nos homens: elas "são incapazes de receber os rendimentos e gastar no bar da esquina". Dilma destacou que, nos últimos anos, inverteu-se uma situação que perdurava no país, quando negros, índios e pobres corriam atrás do Estado em busca de assistência. Agora, o Estado é que vai em busca dessas populações, declarou.

Ao defender a necessidade de ações de combate à pobreza, a presidenta citou o Programa Brasil sem Miséria, cujo objetivo é retirar 16 milhões de pessoas da pobreza extrema. No discurso, ela destacou ainda a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2003, e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, no ano passado, além da obrigatoriedade do ensino da história afrobrasileira nas escolas.

Dilma apontou também o fato de a data do evento coincidir com a da morte do líder negro Zumbi dos Palmares, com o Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado amanhã (20), e com os 123 anos do fim institucional da escravidão no país.

Nestes 123 anos, disse a presidenta, "sofremos as consequências dramáticas da escravidão" e foi preciso combater uma delas, a sistemática desvalorização do trabalho escravo, que resultou na desvalorização de qualquer tipo de trabalho no país. A característica mais marcante da herança da escravidão foi a invisibilidade dos mais pobres, enfrentada nos últimos anos a partir da certeza de que o crescimento do país só seria possível com distribuição de renda e inclusão social, acrescentou Dilma.

Para a presidenta, existe, no entanto, uma "boa herança" da escravidão, que é o fato de milhões e milhões de negros terem construído ao longo dos anos a nacionalidade brasileira, junto com as populações indígenas, europeias e asiáticas. Segundo Dilma, essa "biodiversidade" cultural é uma das maiores riquezas do país, uma grande contribuição para o mundo, especialmente quando ressurgem em várias países preconceitos contra imigrantes.

Ela ressaltou que, embora o Brasil tenha a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria, a discriminação persiste: os afrodescendentes são os que mais sofrem com a pobreza e o desemprego.

No discurso, além de lembrar o papel central do Continente Africano na política externa brasileira, Dilma enfatizou o fato de a América do Sul ser um dos continentes que mais crescem, apesar da crise financeira que começou em 2008. De acordo com a presidenta, a adoção de políticas desenvolvimento do mercado interno pelos países sul-americanos tem sido uma barreira contra os efeitos da crise.

Edição: Nádia Franco

Brasil: Mancha de óleo na Bacia de Campos está diminuindo e se afastando da costa




Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil

Brasília - A mancha de óleo na Bacia de Campos, provocada pelo vazamento em um campo de exploração de petróleo da Chevron está diminuindo de tamanho e continua se afastando da costa. A informação é da Marinha do Brasil e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que sobrevoaram hoje (18) a região do vazamento, no litoral norte do Rio de Janeiro.

As autoridades estimam que a mancha tem 18 quilômetros (km) de extensão e 11,8 quilômetros quadrados (km²) de área. Na terça-feira (14), a área da mancha era 13 km².

No entanto, a maior parte do óleo está concentrada 1 metro abaixo da superfície do mar, e não pode ser vista no sobrevoo. Os dados de satélites, mais adequados nesse caso, indicam que no dia 14 a extensão da mancha chegava a 68 km, com cerca de 160 km² de área.

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) estima que a vazão média de óleo derramado foi de 200 a 330 barris/dia no período de 8 a 15 de novembro. Um barril tem 159 litros.

A ANP, o Ibama e a Marinha instauraram processos administrativos para investigação do vazamento. A Polícia Federal também está investigando o incidente. O delegado Fábio Scliar, chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, deve intimar pelo menos seis diretores da Chevron para depor na semana que vem sobre o acidente.

Conforme estimativas da ANP, a vazão média de óleo derramado estaria entre 200 e 330 barris/dia no período de 8 a 15 de novembro. A agência divulgou fotos do sobrevoo realizado hoje no local do acidente e um vídeo com imagens submarinas de um trecho da fenda do solo por onde está ocorrendo o vazamento.

Segundo a ANP, tanto a agência quanto o Ibama e a Marinha já instauraram processos administrativos, no âmbito de suas competências, para investigação do incidente e aplicação das medidas cabíveis, de acordo com a legislação em vigor.

Edição: Rivadavia Severo//Matéria ampliada às 19h35

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POBREZA ATINGE 17 MILHÕES DE PESSOAS NA REGIÃO AMAZÔNICA, aponta relatório




CORREIO DO BRASIL, com agência ANP

Quase metade das 34 milhões de pessoas que vivem na região amazônica estão abaixo da linha da pobreza. Entre os nove países que compartilham a floresta, o Equador e a Bolívia têm a situação mais crítica. Informações como esta constam no relatório “A Amazônia e os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio”, que são metas propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Apesar de a região possuir um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 330 bilhões – cerca de R$ 586 bilhões -, a superação da pobreza é um dos desafios de melhoria dos indicadores sociais até 2015. Dos oito objetivos traçados pela ONU, apenas a igualdade na escolaridade entre homens e mulheres foi alcançada. Apesar de ocorrerem avanços, os índices regionais de desenvolvimento da Amazônia ficam abaixo das médias nacionais

No tema ambiental, a Amazônia brasileira responde por 72% do desmate anual, seguido pela Venezuela, com 12,5%, e pelo Peru, 4,7%. Dados sobre a situação da saúde, trabalho, educação, mortalidade infantil e materna também são apresentados no relatório.

A pesquisa da Articulação Regional Amazônica foi divulgada neste mês de novembro no encontro “Cenários e Perspectivas da Pan-Amazônia”, em Belém (PA).

Brasil - 18 de Novembro 2011, dia histórico: leis criam Comissão da Verdade e abrem Estado




ANDRÉ BARROCAL – CARTA MAIOR

Crimes de tortura e morte cometidos por razões políticas vão ser investigados por comissão que terá dois anos de prazo. Foco deve ser ditadura militar. Nenhum documento oficial poderá passar mais de 50 anos escondido da população. Em seis meses, órgãos públicos terão de divulgar gastos e contratos na internet. 'Cidadão ganha mais poder perante o Estado', diz Dilma Rousseff.

BRASÍLIA – 18 de novembro de 2011 tem tudo para ser encarado pelas gerações futuras como uma data histórica na jovem democracia brasileira, ainda que alguns setores da sociedade, com razão, vejam insuficiências a limitar o alcance da definição. Nesta data, a abertura das estranhas do Estado torna-se uma regra. O passado cinzento que violentou quem reclamava democracia será devassado. O presente semitranslúcido avançará rumo a uma transparência quase total.

A exposição intestina do Estado é uma imposição de duas leis sancionadas nesta sexta-feira. Uma cria a Comissão Nacional da Verdade para trazer a público tudo o que conseguir reunir, em dois anos, sobre violação de direitos humanos cometida por agentes públicos motivados politicamente. A outra é a Lei de Acesso à Informação, que inverte a lógica de que dados e documentos públicos são confidenciais, podem ficar escondidos para sempre e só vêm à luz por decisões individuais.

Daqui a seis meses, todos os órgãos públicos estarão obrigados a divulgar na internet informações sobre o que fazem com seus recursos – para quem repassam, por exemplo –, quais as licitações em curso e quais os contratos assinados. Vale para ministérios, secretarias estaduais e municipais, Congresso Nacional, assembléias legistalativas estaduais, câmaras de vereadores, tribunais, procuradorias de justiça. Só escapam prefeituras de cidades com menos de 10 mil habitantes.

Papéis de conteúdo sensível poderão ser taxados de “reservados”, “secretos” ou “ultrassecretos”, mas nenhum poderá passar mais de 50 anos longe do público. Em algum momento no futuro, será possível conhecer, por exemplo, detalhes de negociações diplomáticas, registros de reuniões presidenciais ou decisões de segurança nacional em casos que estiveram perto de um conflito armado.

“As informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso”, diz a lei.

Este trecho da nova legislação vai ajudar a jogar luz sobre fatos que serão trazidos à tona com a outra lei sancionada nesta sexta-feira (18), a que cria a Comissão Nacional da Verdade.

A Comissão vai investigar atentados aos direitos humanos praticados no país, mas não punirá do ponto de vista judicial, o que é motivo de reclamação de que a data histórica está "incompleta". O foco deve ser a ditadura militar (1964-1985), apesar de a comissão ter um raio de ação maior (1946 a 1988). Todos os papéis, registros, qualquer coisa que ainda esteja com Forças Armadas e revele tortura e assassinato terá de ser entregue à Comissão, se requisitado.

“Com a vigência destas duas leis, o cidadão ganha mais poder perante o Estado, mais poder de controle e fiscalização, o que reverterá em benefício para a toda a sociedade com o fortalecimento da democracia”, disse a presidenta Dilma Rousseff, ao assinar os dois textos, em evento no Palácio do Planalto. “É uma data histórica para o Brasil. É o dia que a partir de agora iremos comemorar a transparência e celebrar a verdade.”

A visão presidencial ecoara também nos dois discursos anteriores a Dilma, proferidos pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, Marco Antonio Rodrigues Barbosa. “Nós estamos vivendo um outro momento. O Estado de direito veio para o Brasil para nunca mais nos abandonar”, disse o ministro. “É inequívoco que estamos a vivenciar um fato histótico na sanção destas duas leis”, afirmou Barbosa.

As duas leis serão publicadas no Diário Oficial da próxima segunda-feira (21). A da Comissão da Verdade não recebeu nenhum veto. A de Acesso à Informação deverá ter ao menos um veto, para impedir que indicados do Congresso e da Justiça participem da classificação de documentos sensíveis pertencentes ao governo federal.

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Fotos: Wilson Dias/ABR

ELEVAÇÃO DA NOTA DO BRASIL É RECONHECIMENTO DA ESTABILIDADE ECONÔMICA




DEUTSCHE WELLE

Depois da Fitch e da Moody's, foi a vez da Standard & Poor's elevar a nota de crédito da dívida brasileira. Decisão reflete o bom desempenho da economia, mas pode provocar efeitos colaterais, avaliam especialistas.

A dívida pública, fantasma que assombra os países europeus neste momento de crise, é motivo de elogios ao Brasil. "Durante o primeiro ano do governo de Dilma Rousseff, os resultados fiscais foram melhores do que o originalmente planejado", diz o relatório da agência de rating Standard & Poor's (S&P), justificando a atribuição de uma melhor avaliação de crédito à dívida brasileira.

Segundo a confirmação do Tesouro Nacional, a nova nota é a mais alta já obtida pelo país desde que a S&P começou a avaliá-lo: o rating de crédito de longo prazo em moeda estrangeira passou de BBB- para BBB, e da dívida de longo prazo em moeda local subiu de BBB+ para A-. Assim, a classificação da S&P se igual às da Fitch e da Moody's – as três agências de maior visibilidade no mercado.

Ainda não é um A, mas a reclassificação mostra que o país tem capacidade para cumprir seus compromissos fiscais – mas ainda pode passar por maus momentos na economia. Para Dominic Waughray, do Fórum Econômico Mundial, os pareceres de agências não devem ser olhados isoladamente.

"Essa elevação da nota do Brasil reflete uma tendência mais ampla do que chamamos de reequilíbrio da economia global, em que os ricos históricos enfrentam desafios estruturais e têm um crescimento econômico a curto prazo mais ameaçado, e os emergentes têm um crescimento mais rápido, baseado em fundações sólidas", declarou à DW Brasil.

Reconhecimento tardio

O economista Carlos Pio, da Universidade de Brasília, avalia que a nota da S&P é um reconhecimento da estabilidade e das boas perspectivas que a economia brasileira vive. "Essa avaliação reflete mais, na verdade, os ganhos históricos dos últimos 15 anos. Porque nem Lula nem Dilma fizeram mudanças radicais na estrutura econômica [herdada] do governo de Fernando Henrique", pontua.

Ainda que a performance do Brasil seja elogiosa, Pio diz que a qualidade da política econômica está caindo. "Isso pode ser visto no retorno ao protecionismo comercial, na crescente influência da Presidência da República e do Ministério da Fazenda nas decisões do Banco Central e na perda de controle do Congresso Nacional sobre o orçamento das principalmente estatais."

Já o governo brasileiro comemorou o anúncio da S&P. "Numa conjuntura em que vários países têm sofrido rebaixamento de suas classificações de risco e governos têm se enfraquecido por conta de problemas econômicos, o anúncio da agência de rating evidencia o sucesso da gestão da economia brasileira em seu objetivo de fortalecer o país", diz nota do Ministério da Fazenda.

Os impactos

A credibilidade das agências de rating foi bastante questionada depois do rebaixamento da nota de países como os Estados Unidos e do erro no rebaixamento da nota da França pela S&P. A União Europeia chegou a criar um projeto para reduzir a influência dessas empresas.

Ainda assim, o que as agências dizem continua sendo "extremamente importante", avalia o economista Trevor Evans, professor da Escola Superior de Economia e Direito de Berlim. "Basta olhar para a zona do euro neste momento. Como as agências estão rebaixando as notas, os investidores estão vendendo os títulos da dívida pública desesperadamente."

Os efeitos são péssimos para os governos atingidos: eles são obrigados a pagar juros mais altos aos investidores para manter a atratividade dos títulos. No caso do Brasil, avalia Evans, a melhora da nota de risco vai ajudar a administração federal a economizar. "O país vai poder vender títulos a juros menores e vai poder aplicar o dinheiro economizado em outras áreas, como educação e redução da pobreza", declarou à DW Brasil.

Na visão de Pio, as agências privadas de rating "servem para dizer o que você já sabe, e não têm um bom radar para medir crises." Mas essa recente reavaliação da S&P, que normalmente guia investidores médios, pode trazer mais fluxo de capitais para o Brasil. "A consequência será uma provável valorização do real, que já está apreciado. E o governo pode revidar agindo de maneira ainda mais protecionista", conclui.

Autora: Nádia Pontes - Revisão: Alexandre Schossler

Timor: Desenvolvimento não se traduziu em melhores condições de vida e mais emprego



INFORPRESS - LUSA

Díli, 18 Nov (Inforpress) - A relatora da ONU para os Direitos Humanos e a Extrema Pobreza, Magdalena Sepúlveda, considerou hoje que o desenvolvimento em Timor-Leste não se traduziu em melhorias nos níveis de vida, meios de subsistência e criação de emprego.

"A pobreza continua entranhada e disseminada. Cerca de 41 por cento da população vive com menos de um dólar por dia.

Aproximadamente 58 por cento da população sofre de má nutrição crónica, sendo que outros 19 por cento sofrem de má nutrição aguda”, afirmou a relatora da ONU.

“Estima-se que 70 por cento da população esteja desempregada ou tenha empregos vulneráveis. Num país com uma população jovem, onde mais de metade das pessoas tem menos de 19 anos, 90 por cento dos cidadãos entre 15 e 34 anos não consegue encontrar emprego", acrescentou.

Magdalena Sepúlveda falava em conferência de imprensa após uma visita ao país iniciada domingo e que terminou hoje.

Segundo a relatora da ONU para os Direitos Humanos e Extrema Pobreza, em "Timor-Leste 68 por cento da população sofre privações múltiplas, sendo que 18 por cento está vulnerável".

Salientando que o governo tem trabalhado para erradicar a pobreza, a relatora da ONU destacou contudo que o "desenvolvimento deve ser um processo de baixo para cima no qual a população possa participar".

"Timor-Leste deve procurar um desenvolvimento centrado nas pessoas, que respeite princípios de não discriminação e que garanta participação, transparência, acesso a informações e responsabilização ativas e significativas, salientou.

Para a relatora da ONU, a "desigualdade em termos de níveis de vida entre a população residente em Díli e a residentes em áreas rurais é muito acentuada".

"Os elementos mais ricos da sociedade timorense possuem uma riqueza quase 180 vezes superior à dos mais pobres dos pobres. A pobreza, a insegurança alimentar e o desemprego são sentidos de forma mais acentuada nas zonas rurais, onde residem 75 por cento dos timorenses, a maioria dos quais é cronicamente pobre", insistiu.

Segundo Magdalena Sepúlveda, Timor-Leste "precisa garantir que a afetação de recursos orçamentais é proporcional às necessidades dos setores mais pobres da sociedade".

"Apelo ao governo para aumentar o investimento público em serviços sociais e desenvolvimento humano. É altamente preocupante constatar que, embora o orçamento tenha aumentado nos últimos anos se verifique uma diminuição constante nas despesas públicas com serviços sociais, tais como edução, saúde e agricultura", disse.

Para a relatora da ONU, o "Estado tem muito a fazer para garantir que as suas políticas e programas resultam em desenvolvimento equitativo e inclusivo e que os benefícios do crescimento económico e de assistência internacional são desfrutados por todos os timorenses", afirmou, salientando que é preciso diversificar a economia para reduzir a dependência excessiva dos recursos naturais que são finitos.

EAST TIMOR’S RAMOS HORTA SEES WOODSIDE DEAL IN 2012




Sept. 23 (Bloomberg) -- East Timor President Jose Ramos-Horta talks about the nation's economy and international investment. East Timor may reach a deal with Woodside Petroleum Ltd. over a liquefied natural gas venture by next year, Ramos-Horta said. He spoke with Susan Li on Bloomberg Television's "First Up." (Source: Bloomberg)(/Bloomberg)

CASTELLS SUGERE O FIM DO EURO




Manuel Castells  - Outras Palavras - Tradução: Daniela Frabasile

Indignado com atitude antidemocrática das elites e planos seguidos de salvamento dos banqueiros, ele afirma: outro sonho europeu é possível

Já não existem dúvidas quanto ao espírito antidemocrático da União Europeia. A proposta do ex-primeiro-ministro grego, que queria perguntar a seus concidadãos se aceitam viver em austeridade espartana para poder pagar a dívida desencadeou uma tempestade financeira e política – que, entre ameaças e xingamentos de Angela Merkel, Nicolas Sarkozy e David Cameron, provocou a crise do governo grego e deixou o país de pernas para o ar.

O que há de errado se as pessoas priorizarem sua saúde, sua educação e seu emprego? São temas muito complexos para a população? Não exagerem, que alguns de nós estudamos mais do que os governantes. Com alguns colegas, me comprometo a explicar claramente aos cidadãos o que vai acontecer com o euro, com a crise, com aqueles que se beneficiam e que se prejudicam, e quais são as diferentes opções possíveis, incluindo a repatriação do euro em Bruxelas. À condição, é claro, de ter a mesma informação que os banqueiros e governantes reservam para si.

O problema não é a complexidade, mas a democracia. O que os políticos mais temem nesses momentos é que os substituamos, que roubemos deles esse poder delegado que mantêm, por um mecanismo controlado de eleições entre opções enquadradas nos limites do sistema, e legitimadas pela mídia. Um referendo, mesmo que não seja uma forma perfeita de decisão popular, abre um leque de possibilidades. Mas persistem uma arrogância elitista e uma repulsa à vontade popular, por mais que seja dissimuladas. Porque ainda que cidadãos se equivocassem, teriam direito a este erro. Já passou o tempo dos que nos salvavam porque não sabíamos o que fazer.

Na realidade, não se trata de salvar o povo, mas de salvar o euro, como se fossem a mesma coisa. Por que tanto interesse? E de quem? Porque dez dos 27 membros da União Europeia vivem sem o euro e algumas de suas economias (Reino Unido, Suécia, Polônia) são muito mais sólidas que a média da União Europeia? Defender o euro até o último grego é a primeira linha de defesa para uma moeda que está condenada porque expressa economias divergentes e que não têm um estado que a respalde.

Com Portugal e Irlanda na UTI, a Espanha na corda bamba, e uma Itália em permanente crise política e endividada até o pescoço de seu ex-líder, a defesa franco-germânica do euro tem outras explicações. São muito diferentes da história de terror que nos contam, sobre a catástrofe financeira que implicaria, com efeitos devastadores em nosso cotidiano – como se a vida dependesse da bolsa de valores.

A primeira razão é obvia: salvar os bancos, principalmente os alemães e franceses, que emprestaram sem garantias para a Grécia e aos demais PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) mediante a manipulação de contas praticada, pelo menos no caso da Grécia, pela consultoria da Goldman Sachs (certamente, deve ser sismples coincidência que Draghi, o novo presidente do Banco Central Europeu também foi empregado da Goldman Sachs).

De início, já aceitam que precisarão esquecer 50% da dívida da Grécia, ainda que não esteja claro quem acabará pagando. Mas os outros 50% têm que ser tirados do sangue, suor e lágrimas dos gregos, para que o não pagamento não acabe impune. Se a Grécia repudiasse a dívida – como fez a Islândia, que hoje vai tão bem, um dracma desvalorizado em 60% faria com que fosse impagável o resto da dívida. Mais ainda, o efeito do contágio em mercados financeiros levaria ao não-pagamento de grande parte da dívida soberana, levando à quebra dos bancos que se aproveitaram do euro para emprestar sem garantias.

Ou seja, trata-se de salvar alguns bancos concretos e, em termos mais amplos, evitar uma nova crise do sistema financeiro. Quebram os países para que os bancos não quebrem. Mas por que se faz isso? No fim, os Merkozy [referência a Ângela Merkel e Nicolas Sarkozi] não são funcionários dos bancos. Têm seus interesses políticos, nacionais e pessoais. A Alemanha necessita realmente que o euro seja a moeda europeia e que seus sócios não possam desvalorizá-la. Porque o modelo de crescimento alemão, é na realidade, o mesmo que o chinês: crescer por meio de exportações favorecidas por uma moeda subvalorizada; e reduzir salários (houve redução de 2% em termos reais, nos últimos cinco anos). Se houvesse um euro-marco forte, a Alemanha perderia mercados na Europa perderia competitividade em relação a exportações espanholas ou italianas.

Mas há outra dimensão político-pessoal. Tanto Merkel quanto Sarkozy precisam estabelecer sua liderança europeia por razões de política interna e por projeto de grandeza nacional que é preciso disfarçar, para não despertar velhos fantasmas. E as outras elites políticas europeias? O sentimento de serem europeus, em um mundo em mudanças desde a América do Norte até a Ásia, dá-lhes a impressão de ser algo mais que produtos aldeanos do aparato de partido que tanto desprezam.

E nós em tudo isso? Certamente, a bagunça financeira que o advento do euro-peseta ocasionará (não há erro no tempo do verbo) causará problemas de transição na economia e em nossos bolsos – a depender de como se realize a transição. Mas a soberania de política econômica seria recuperada, a realidade monetária e financeira se ajustaria à economia real, a competitividade aumentaria com a conquista de mercados externos e internos, haveria uma explosão de turismo, que seria uma pechincha. Seria possível reativar a economia emitindo moeda. Aumentaria, portanto, o emprego. Porque o essencial é crescer, não flagelar-se. Claro: haveria inflação. Mas é a melhor receita para reduzir a dívida, incluindo a das hipotecas.

E o sonho europeu? Ele pode ser construído com as pessoas, amando-nos uns aos outros, em vez de ver quem para a conta. Quando pensar em euro, pense fraude. Quando pensar em Europa, pense amigos.

UE PODE FICAR SEM DINHEIRO EM 2012, ALERTA COMISSÁRIO DO ORÇAMENTO





A União Europeia entrou em clima de austeridade. Orçamento aprovado após 16 horas de negociações ficou abaixo das expectativas do Parlamento e da Comissão Europeia. Ainda assim, consenso foi melhor do que discórdia.

De quanto dinheiro disporá a União Europeia (UE) no próximo ano? Desde as primeiras horas deste sábado (19/11), essa importante pergunta tem uma resposta clara: o orçamento do bloco será de 129 bilhões de euros em 2012, o que representa um aumento de 2% em relação ao ano anterior. O anúncio foi feito pelo presidente em exercício do Conselho da União Europeia e premiê da Polônia, Donald Tusk, em Bruxelas.

Apesar de ter exigido 16 horas de negociações, o consenso foi alcançado relativamente rápido. Em 2010, o Conselho da UE e o Parlamento Europeu perderam o prazo para a decisão, devido a discordâncias quanto ao total do orçamento. Neste ano, o clima é mais austero, devido às inseguranças nas bolsas de valores.

"Que sinal estaríamos dando para os mercados e para os 500 milhões de europeus, se não conseguíssemos chegar a um acordo quanto ao orçamento?", advertiu o comissário da UE para Programação Financeira e Orçamento, o polonês Janusz Lewandowski. Segundo o deputado europeu Alain Lamassoure, "o realismo venceu": todos sabiam que o acréscimo de 2% era o "máximo" possível, comentou.

Contentando-se com a realidade

Com esse consenso, está provisoriamente encerrada a briga anual entre os dois órgãos da UE: o Conselho e o Parlamento – ou seja, entre os representantes dos Estados-membros e os deputados europeus.

Lewandowski ainda lamentou que só se tenha alcançado um orçamento de contenção. "Existe o sério risco de que venha a faltar dinheiro para a Comissão Europeia no decorrer do próximo ano", comentou ele neste sábado, em Bruxelas.

O comissário do Orçamento requerera em torno de 132,7 bilhões de euros para 2012. A maioria dos deputados do Parlamento Europeu era igualmente a favor de uma quantia superior: 133,1 bilhões de euros. Em 2011, o bloco teve à sua disposição um total de 126,5 bilhões de euros.

O motivos para tamanha poupança é que cerca de dois terços da verba da UE provém de seus Estados-membros, cuja meta é economizar dinheiro e liberar um orçamento inferior àquele proposto pelo Parlamento.

Assim, no fim das contas, Lewandowski preferiu contentar-se com os presentes resultados: "O consenso é melhor do que a continuação da discórdia", comentou.

Países x instituições europeias

A situação financeira da UE não é um mar de rosas, já que muitos de seus Estados-membros encontram-se em plena crise. Todos têm que poupar, é preciso "pensar duas vezes antes de gastar cada euro", declarou o subsecretário de Estado de Finanças da Polônia, Jacek Dominik.

Na qualidade de maior contribuinte, com 17% do orçamento da UE, a Alemanha exigira, já no fim de 2010, juntamente com o Reino Unido e a França, que o aumento da receita europeia não ultrapassasse a taxa de inflação.

Antes de apresentar o orçamento do bloco, a Comissão Europeia submete ao Conselho da UE um esboço, que em seguida é transferido ao Parlamento. O presidente do órgão, por sua vez, examina as propostas. O Tribunal de Contas da UE supervisiona toda a gestão orçamentária.

AV/afp/dpa/rtr - Revisão: Francis França

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