quinta-feira, 18 de julho de 2013

LUCROS DE CORPORAÇÕES DISPARAM, IMPOSTOS DESABAM



Heloisa Villela, de Nova York - Viomundo

O gráfico acima é bem mais eloquente do que qualquer texto. A linha azul mostra o aumento dos lucros das empresas norte-americanas entre 1945 e 2011. A linha vermelha revela o quanto elas pagaram de impostos, em relação ao Produto Interno Bruto do país, no mesmo período.

No estudo de 48 páginas, a organização Public Citizen explica como isso acontece e como o Congresso dos Estados Unidos trabalha para evitar que o fosso se feche, enquanto se engalfinha numa luta sem fim para reduzir o déficit do governo cortando o orçamento.

Claro, arrecadar o que é devido à sociedade não tem tanta importância quanto cortar a verba para os programas de educação, saúde, assistência social… especialmente no momento em que o país se arrasta para sair da crise criada pelo sistema financeiro que foi, este sim, bem tratado e socorrido com dinheiro público — enquanto a população pagou o pato, perdeu emprego e sofreu despejos.

No momento, existe uma briga no Congresso dos Estados Unidos (se é que se pode chamar de briga, quando a franca maioria está do lado do sistema financeiro) para reduzir a disparidade.

São três projetos de lei sob a artilharia pesada dos lobbies de Wall Street:

– Cut Unjustified Tax Loopholes Act (Lei para acabar com os buracos na lei de impostos)
– Stop Tax Haven Abuse Act (Lei para impedir que as empresas usem paraísos fiscais para esconder os lucros do Leão)
– Wall Street Trading and Speculators Tax Act  (reestabelecer o imposto de 0,03% sobre transações financeiras)

A Public Citizen, sempre de olho nas artimanhas políticas de Washington, fez as contas e descobriu que dos 386 lobistas que trabalham com estas leis, 331 (ou seja, 86%) representam os interesses das empresas.

A chance de que elas sejam aprovadas? Menos de 1%.

O setor financeiro responde, sozinho, por 30% dos lucros das empresas norte-americanas, mas paga apenas 18% do total de impostos recolhidos.

O volume de dinheiro investido para barrar as leis é infinitamente superior ao gasto na briga pela aprovação dos projetos.

É assim que se faz política quando o sistema permite e vê com bons olhos a participação do capital financeiro em todas as fases do processo, a começar do financiamento das campanhas políticas cada dia mais caras.

Esse abismo entre lucro e imposto pago talvez explique a aparente insensatez do mercado financeiro. Enquanto o sentimento geral no país é de desânimo, o desemprego continua alto e o número de pessoas empregadas ainda está muito abaixo do de seis anos atrás, as ações da Bolsa de Valores continuam subindo. Wall Street sorri. Computa os lucros. O povo, pena.

PS do Viomundo: É exatamente disso que se trata, também, no Brasil. A população exige melhores serviços públicos na saúde, transporte e educação. Mas, quem vai pagar a conta? Vai haver uma reforma tributária que cobre mais imposto de quem pode pagar mais?

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GRÉCIA: “SR. SCHAUBLE, EIS A SUA OBRA”



Eleftherotypia - Presseurop

“Uma visita simbólica”, escreve o Eleftherotypiaenquanto o ministro das Finanças alemão, principal responsável pelas medidas de austeridade, é esperado em Atenas a 18 de julho. Wolfgang Schäuble deverá anunciar uma ajuda de €100 milhões destinados à luta contra o desemprego juvenil.

O diário grego mostra-se crítico e explica que apesar dos memorandos, a dívida pública do país entre 2009 e 2013 passou de 130% para 175% do PIB, que os investimentos baixaram 50% e que o salário mínimo diminuiu 20%.

No mesmo dia, de manhã cedo, o parlamento grego adotou, com 153 dos 300 votos um projeto de lei sobre a reforma da função pública, exigida há muito pelos credores internacionais da troika (EU-BCE-FMI). As medidas deverão permitir a Atenas garantir o pagamento de uma parte da nova tranche de ajuda internacional de €6,8 mil milhões, aprovada recentemente pela troika.

APAGANDO OS SINAIS



Martinho Júnior, Luanda

…“Na maior parte dos casos ficaram votados ao esquecimento pela circunstância de este relatório ter sido asfixiado pelos atentados de 2001. Digamos que esses atentados e o Sr. Bin Laden não só mataram inocentes, não só tornaram o mundo menos saudável - hoje há uma fobia securitária que limita a liberdade dos cidadãos, como também aniquilaram o meu relatório. Ele também foi vítima dos atentados. [Risos.]”… – Entrevista de Joana Azevedo Viana ao Eurodeputado Carlos Coelho, sobre o ECHELON-NSA (publicado no jornal I e no Página Global – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/07/carlos-coelho-caso-morales-prejudicou.html

1 – Tive o cuidado de evocar as Operações Condor e Gladio, bem como as redes “stay behind” que foram sendo semeadas Europa fora, quando Paulo Portas optou pelas “razões técnicas” que impediram ao avião do Presidente Evo Morales de aterrar ou atravessar território português por denúncia que se verificou totalmente infundada de que o avião presidencial boliviano transportava Edward Snowden a bordo, no seu voo que partiu de Moscovo de regresso a La Paz.

Dizia eu que Paulo Portas indiciava um comportamento típico dum elemento “stay behind”, pois a sua decisão nada tinha a ver com os interesses e a soberania de Portugal, mas sim com a arrogância, os interesses e a soberania dos Estados Unidos da América ao serviço da hegemonia unilateral!

Uma das âncoras para as redes “stay behind” na Europa é a OTAN e tudo o que ela repercute noutras instituições, inclusive em amplos sectores sócio-políticos para dentro em especial de partidos do espectro à direita.

2 – Efectivamente é sobretudo em partidos à direita que tal fenómeno indicia ser mais frequente, mas também, em função da tipologia social-democrata, há elementos com esse carácter em alguns Partidos Socialistas nos mais diversos países europeus.

Efectivamente “por razões técnicas” o avião Presidencial do Presidente Evo Morales não pôde aterrar nem atravessar o espaço aéreo sucessivamente da Itália, da França, da Espanha e de Portugal, numa altura em que o sol e o bom tempo se espalhavam a rodos por todo o sul da Europa…

O governo chefiado por François Hollande, o governo de turno em França, um dos que evocou “razões técnicas” é “de esquerda” e não deixou de prestar vassalagem ao “diktat” da hegemonia e do império, corroborando aliás seu comportamento neo colonial em África e no Ocidente da Ásia!...

3 – Conforme a entrevista a Carlos Coelho, o comportamento típico de quem está dentro das supremas instituições sócio-políticas da União Europeia, mas efectivamente está ao serviço da hegemonia, está explícito e disseminado de tal modo que denuncia que a proliferação de agentes e fantoches é decisiva no afã de, entre outras coisas, “apagar e fazer esquecer os sinais”… em prejuízo da própria União Europeia!

Ao se “esquecer” o que foi conhecido em 2001 por via do UKUSA-ECHELON-NSA, significa dizer que a União Europeia passou mais doze anos de portas escancaradas para a espionagem anglo-saxónica e para os processos evidentes da hegemonia unilateral do império, o que implicou prejuízos incalculáveis e sem possibilidades de contabilização!

O Eurodeputado português, indiciando ser mais um “guardião do templo”, parece ter esquecido que Ben Laden foi a seu tempo, desde pelo menos o início de sua actividade de guerra no Afeganistão, um agente da CIA e toda a sua trajectória após o final da Guerra Fria se inscrever, pela contradição, nos interesses geo estratégicos da gestão da hegemonia e do império!?

…Parece esquecer também que as famílias Bush e Ben Ladem foram associadas no Carlyle Group!?...

Provavelmente espera que outros doze anos passem para que em 2025 ele volte a repetir a mesma coisa, propondo mais uma comissão sobre as escitas… nessa altura duvido que eu esteja vivo, tal como duvido que ele seja ainda Eurodeputado!...

4 – A trajectória de Ben Laden no quadro dos interesses da hegemonia unilateral, “excelente” enquanto “amigo”, mas “providencial” enquanto “inimigo”, tal como são providenciais todos os braços da Al Qaeda, indicia que de outra forma seria muito difícil cumprir com o “Tratado de Quincy”, defender as monarquias arábicas e… continuar a obter petróleo barato!

O PRISM justifica-se, de acordo com o que se propõe a hegemonia e quando, de acordo com sua óptica, tudo isso se impõe… justificando também desse modo a espionagem sobre os próprios aliados da OTAN, ao nível da espionagem disseminada com todos os sentidos colocados nos “terroristas amigos”, quanto nos “terroristas inimigos”!

A justificação de ter sido a terrível e sanguinária acção de Ben Laden o que motivou a União Europeia, por solidariedade para com os Estados Unidos, o motivo para se esquecer os agravos da espionagem do UKUSA-ECHELON-NSA em 2001 relativamente à União Europeia, seria no mínimo anedótico… se não houvessem as redes “stay behind”, um assunto sério em matéria de domínio das “democracias representativas” de acordo com o “modelo europeu”!...

“Apagar os sinais” do grau de espionagem que foi detectada em 2001, era muito importante para os interesses da aristocracia financeira mundial, para os 1% que controlam o processo de domínio da hegemonia unilateral, pelo que doze anos depois, ao despoletar de novo o fenómeno pela via surpreendente das revelações do Wikileaks, de Edward Snowden e de outros, é preciso lembrar que são precisamente aqueles que em pleno Parlamento Europeu deixaram deliberadamente arrefecer o tema na União Europeia… que hoje voltam a ele, na expectativa decerto de “apagar” de novo e de novo “fazer esquecer”!

5 – Neste momento: será que outro atentado similar ou ao nível daquele perpetrado em 11 de Setembro de 2001, vai eclodir para que haja outra onda de “solidariedade”?

Qual é o verdadeiro preço sócio-político e institucional da “solidariedade” dos agentes e dos fantoches ao serviço dos 1%, não só para com a União Europeia, mas também para com os próprios Estados Unidos da América?

A CONSULTAR:
- Os erros de apreciação estratégica pagam-se caro – I – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/kadafi-os-erros-de-apreciacao.html
- Os erros de apreciação estratégica pagam-se caro – II – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/kadafi-os-erros-de-apreciacao_25.html
- Os erros de apreciação estratégica pagam-se caro – III – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/10/kadafi-os-erros-de-apreciacao_28.html
- Dez anos depois, um domínio ainda mais avassalador – http://paginaglobal.blogspot.com/2013/07/dez-anos-depois-um-dominio-ainda-mais.html
- PE deve criar comissão para investigar espionagem, diz Carlos Coelho – http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=3297107
- Eurodeputado Carlos Coelho diz que "informação de que os Estados Unidos espiam a Europa não é nada de novo" – http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3297091&page=-

Portugal: E AGORA, ANÍBAL?




Manuel Maria Carrilho – Diário de Notícias, opinião

São três os equívocos fatais que atravessaram a intervenção do Presidente da República, e que explicam os confusos e agitados debates que ela suscitou. O primeiro é um equívoco sobre a condição política hoje. O segundo é o equívoco sobra a própria figura presidencial que Cavaco Silva tem incarnado. E o terceiro é o equívoco sobre o que são as expectativas políticas dos cidadãos, neste momento da crise.

A condição política, primeiro. A política vive hoje, por todo o lado, um período de acentuado descrédito e de crescente deslegitimação. São muitos os fatores que têm contribuído para isso, as idiossincrasias nacionais contam certamente muito, mas as principais causas têm sido a globalização, o financismo, as novas tecnologias e o individualismo contemporâneo. Todos eles contribuem fortemente para a erosão da representação e da soberania, que são valores estruturais em política, tanto do ponto de vista simbólico como da ação. E estes traços reforçam-se muito na União Europeia, com a Zona Euro a viver as paradoxais consequências de uma situação em que, cada vez mais, quem tem poder não tem legitimidade, e quem tem legitimidade não tem poder.

A descredibilização da política e da classe política decorre pois hoje, no essencial, desta crescente desconexão entre a política e o poder, entendida a política como a capacidade de decidir, e o poder com a capacidade de agir.

Mas é um erro crasso pensar-se, como às vezes parece acontecer, que o descrédito da condição política atinge apenas os partidos políticos e os seus aparelhos. Não, ele atinge por igual todos os protagonistas políticos, sejam eles autarcas, deputados, governantes ou presidentes, e todas as instituições políticas sem qualquer exceção. E também os "media", não só na vertente jornalística como na do comentário, que aparecem aos olhos dos cidadãos, como dando forma a um magma político mediático mais ou menos cúmplice e homogéneo.

Como aqui lembrei na semana passada, este descrédito desvitaliza brutalmente a própria democracia, que se vê cada vez mais reduzida a um conjunto de formalidades pouco relevantes e nada consequentes, ao mesmo tempo que o espaço político e o espaço mediático se fundem num dispositivo de coproduções de eventos que, mais do que esclarecer, atordoam os cidadãos.

O segundo equívoco é o da própria figura presidencial, que hoje não só não escapa à generalizada degradação da condição política, como - pelo contrário - se colocou nos últimos dois anos no centro dessa mesma degradação. Basta olhar para os estudos e indicadores de opinião para se constatar que, em todos eles, pior do que Aníbal Cavaco Silva em termos de credibilidade junto dos portugueses... só mesmo Pedro Passos Coelho!

O que não admira. Depois de um primeiro mandato a muitos títulos falhado, Cavaco Silva começou o seu segundo mandato de um modo crispado, de que os Portugueses não gostaram. E depois de pôr fim ao governo de José Sócrates, ziguezagueou constantemente: começou por espaldar acriticamente o governo do PSD/CDS para mais tarde - no começo do ano - vir alertar para o desnorte e para a espiral recessiva que ameaçavam o País. Logo a seguir, contudo, no 25 de Abril, exprimiu ao mesmo governo um apoio sem reservas, para agora, três meses passados, o colocar a prazo e acorrentar a um compromisso de salvação nacional altamente inverosímil. Foi tudo isto, mas foram também as infelizes declarações de Cavaco Silva sobre as suas pensões, e as suas lamentáveis opções nesta matéria, que o lançaram no abismo da impopularidade e da falta de credibilidade. Daí, a meu ver, que ele tenha sentido necessidade de recorrer à hipótese de uma "personalidade de reconhecido prestígio" como mediador da sua proposta.

Mas não faltou só autoridade ao Presidente, nesta sua proposta de um compromisso de salvação nacional. Faltou também o "kairos", ou seja, a coincidência do bom argumento com o bom argumento. Esse "kairos" existiu, foi há dois anos, defendi-o então como um imperativo de "legislatura patriótica", que deveria ter começado por fazer três coisas muito simples: manter o PS ligado à execução do memorando, impedir que o PSD/CDS o radicalizassem, procurar que todos contribuíssem para reforçar o peso, e a margem de manobra, do País na União Europeia. Tão fácil, tão óbvio, que não se percebe como é que o Presidente da República lhe preferiu dois anos de deriva e de fiasco governamental, dois anos de constante marginalização do PS, dois anos a pisar ovos na Europa. O resultado aí está... mas agora é, talvez, tarde demais.

Agora, o Presidente da República só podia, ou ter convocado eleições, e seria fácil encontrar soluções para se encurtarem todos os prazos que ele tanto dramatizou na sua intervenção. Ou ter dado continuidade ao governo, com a remodelação proposta ou outra. Ou apontar, mas já, para uma solução de um governo de iniciativa presidencial.

O que de modo nenhum o Presidente da República podia fazer era ter ficado calado durante cinco dias perante uma proposta de solução da crise da coligação e de remodelação do governo, que lhe tinha sido transmitida e tornada pública.

O que de modo nenhum o Presidente da República podia fazer era chamar compromisso de salvação nacional a uma proposta de mera salvação de um memorando cuja execução nos trouxe aqui, pela mão do agora arrependido Vítor Gaspar.

O que de modo nenhum o Presidente da República podia fazer era fixar um calendário eleitoral que, associado ao tal compromisso de salvação nacional, condicionaria a discussão e as opções do povo português aos limites de uma tutela degradante para a democracia.

O Presidente da República não devia ter feito nada disto, mas fê-lo. E fê-lo porque labora num equívoco - é o terceiro - sobre as expectativas dos cidadãos. Elas apontam, é fácil reconhecê-lo, para a vontade de convergência e de consenso. Mas ninguém quer hoje consensos "a martelo" que, a pretexto da crise, substituam a diversidade das opiniões e da sua expressão por um qualquer garrote unanimista.

Portugal: GOVERNO ENFRENTA QUINTA MOÇÃO DE CENSURA HOJE NO PARLAMENTO




O Governo de maioria PSD/CDS-PP enfrenta hoje no Parlamento uma moção de censura apresentada pelo Partido Ecologista "Os Verdes", a quinta a este executivo e a quarta durante esta sessão legislativa, mas como as anteriores será chumbada.

O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) é o único partido que ainda não tinha esgotado o poder de apresentar uma moção de censura por sessão legislativa e quis exercê-lo apesar de o documento ter o chumbo garantido pela maioria PSD/CDS-PP, apesar do apoio já declarado do PS, do PCP, e do BE.

Ao anunciar o voto favorável, o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, recordou que os socialistas também apresentaram uma moção de censura há cerca de dois meses e, por isso, "com toda a normalidade", votarão a favor da moção de censura apresentada pelos "Verdes".

Zorrinho assinalou na ocasião não haver contradição entre este voto e as conversações que decorrem com PSD e CDS-PP com vista ao acordo de ‘salvação nacional” pedido pelo Presidente da República, sublinhando que os socialistas não estão a negociar com o Governo, mas sim "num processo de diálogo com todos os partidos políticos que estiverem disponíveis", defendendo as suas causas.

"Os Verdes" anunciaram a apresentação da moção de censura durante o debate do Estado da Nação, na sexta-feira, e o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reagiu dizendo que a iniciativa é "muito bem-vinda".

"A senhora saberá que este Governo tem uma maioria coesa no parlamento a apoiá-lo", disse então o chefe de Governo.

"Os Verdes" defendem no texto da moção de censura que é "fundamental" "trocar o memorando da ‘troika' pela renegociação" da dívida, "de modo a encontrar uma forma de pagamento que não se incompatibilize com o crescimento económico do país, e que, pelo contrário, tenha nele o parâmetro adequado de nivelação de pagamento".

Foto: Tiago Petinga-Lusa

Portugal: Mário Soares admite risco de "cisão" no PS, se houver acordo com a direita





Guerra interna no PS se houver acordo com Governo, prevê ex-Presidente

Sucedem-se os socialistas que argumentam que o principal partido da oposição não pode fazer um acordo com esta maioria. Seguro convocou comissão política para esta quinta-feira.

Os alertas chegam dos mais variados lados. Um acordo com a direita resultaria numa guerra interna no PS, com o fundador e antigo Presidente da República Mário Soares a assumir essa leitura. É por isso que Soares está convencido de que não vai haver qualquer acordo tripartido para um "compromisso de salvação nacional". "Tenho a certeza que não vai haver acordo entre o PS e a direita do Governo, porque isso ia criar uma cisão no PS e só iria beneficiar o PCP", afirmou o ex-Presidente da República ao PÚBLICO.

Soares revelou ainda que, nos dois últimos dias, "tem havido um conjunto de pessoas do PS que [o] têm procurado a dizer que saem do partido, se houver acordo". Por isso, sublinha: "Não pode haver acordo nenhum." Outro histórico socialista, Manuel Alegre, veio a público revelar – na quarta-feira, através do jornal i – a garantia do actual secretário-geral que não faria "nenhuma cedência" ao PSD e CDS para conseguir um acordo. Para ambos, em causa está a defesa dos princípios basilares do PS: eleições antecipadas, renegociação do memorando e apoio ao crescimento e emprego. O PÚBLICO sabe que, na semana passada, o processo negocial tripartido e a eventualidade de um acordo foram alvo de uma conversa entre Seguro, Soares e Alegre. E ali Seguro terá garantido que não cederia nos princípios e valores do PS.

Leia mais na edição impressa do PÚBLICO desta quinta-feira.

Portugal - PASSOS OU SEGURO: “UM DELES SAI DECAPITADO” - Constança Cunha e Sá



Notícias ao Minuto

A comentadora política Constança Cunha e Sá afirmou na TVI24 que se os três partidos, PSD, CDS e PS, chegarem a acordo para o compromisso de salvação nacional exigido por Cavaco Silva, Portugal terá um governo de gestão até ao próximo ano. Contudo, a jornalista admitiu que este cenário é difícil de se concretizar pois o PS e o PSD não irão conseguir resolver todos os seus atritos em apenas cinco dias, e, por isso, “um dos dois [Passos Coelho ou Seguro] sai daqui decapitado”, concluiu.

No programa ‘Notícias às 21:00’, da TVI24, Constança Cunha e Sá disse que no centro das negociações tripartidárias está o corte na despesa no valor de 4.700 milhões de euros, matéria que dificultará o entendimento entre o PS e o Governo, já que “António José Seguro tem garantido a vários membros do PS que, havendo cortes no Estado, ele não fará o acordo”.

“Agora, com a entrada em cena do PS, desaparece tudo? Fica metade? Um terço? Coisa nenhuma? Não se percebe muito bem. O que se percebe bem é que esta gente anda toda a brincar connosco. Eu penso que há um dos dois [Passos Coelho ou Seguro] que sai daqui decapitado, não sei qual deles”, referiu a jornalista.

“Eu não acredito na boa vontade desta gente para se entenderem todos os três e levarem isto a bom porto até 2014”, disse também a comentadora deitando por terra as esperanças de um possível acordo entre o Governo e o principal partido e oposição. “É evidente que um deles vai sair muito mal nesta história ou todos eles. Seguro tem garantido sempre que só negoceia não havendo cortes”, frisou.

Constança Cunha e Sá voltou a referir a sua desconfiança num bom porto para as negociações entre os partidos: “Eu acho que nós estamos metidos numa trapalhada de morte! Não antevejo nada de bom porque (...) não vejo maneira de isto se resolver em qualquer coisa de estável”.

Aqui, a comentadora colocou em cima da mesa dois cenários que podem resultar desta tentativa de compromisso de salvação nacional. Um primeiro passa por um “plano vaguíssimo” onde “o acordo não vale nada e portanto é politicamente irrelevante”, e um segundo focado em “medidas concretas”. Neste segundo plano Constança Cunha e Sá deixa no ar a dúvida quanto à credibilidade desta hipótese pois diz não perceber como é possível, em apenas cinco dias, chegar a um acordo quando todas as medidas sugeridas pelo PS foram chumbadas pela maioria e todos os cortes do Governo foram criticados pelos socialistas.

“Portanto, eu não vejo saída feliz disto. Eu acho que o que se está a passar em Portugal é uma palhaçada”, concluiu.

TIMOR TELECOM DISTRIBUI COMPUTADORES EM ESCOLAS E UNIVERSIDADES



Notícias ao Minuto

A Timor Telecom, empresa detida maioritariamente pela Portugal Telecom, está a oferecer vários computadores às escolas e universidades timorenses, incluindo a Escola Portuguesa, em Díli, disse hoje Mafalda Ferreira, diretora comercial daquela empresa.

"O nosso objetivo é contribuir para a info-inclusão dos alunos e criar uma nova abordagem no ensino, tornando-o mais sofisticado", afirmou.

Segundo Mafalda Ferreira, para a Timor Telecom faz sentido aquela "responsabilização pelo facto de a TT ser uma empresa tecnológica e contribuir para a sociedade de informação e inclusão dos alunos no mundo das novas tecnologias".

A oferta de computadores é feita com o apoio da Fundação PT (Portugal Telecom).

Em comunicado, a empresa refere também que no "âmbito daquela oferta, a Timor Telecom contribuiu para a Escola Portuguesa em Díli iniciar, para o ano, a disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação".

"De forma a criar uma melhor e mais forte relação com os jovens timorenses foi criado um protocolo de ajuda, não só financeiro mas também a nível de equipamentos de que as escolas carecem. Tendo sido uma das primeiras a assinar o Protocolo com a TT, a Escola Portuguesa é pioneira a introduzir a nova disciplina", refere.

O documento refere também que a Timor Telecom vai instalar circuitos de internet nas escolas e universidades para "permitir que os estudantes possam aprender e ambicionar mais, com a ajuda das tecnologias de informação".

O número de clientes de rede móvel e internet da Timor Telecom no país é de 632.500.

Leia mais sobre Macau e Timor-Leste – e outros países daquela região do mundo - em TIMOR LOROSAE NAÇÃO

Distribuição de água: GOVERNO MOÇAMBICANO FAZ MARCHA-ATRÁS




William Mapote – Voz da América

O governo diz estar a trabalhar numa nova estratégia de relacionamento que continuará a privilegiar as parcerias com operadores privados.

O governo moçambicano recuou na sua intenção de retirar licenças de abastecimento de água por operadores privados.

A medida, que despoletou uma onda de protestos nos arredores das cidades de Maputo e Matola, na sequência de corte do abastecimento do precioso líquido, registado faz uma semana, provocou uma nova reflexão governamental, fazendo mudar de decisão.

Neste momento o governo diz estar a trabalhar numa nova estratégia de relacionamento, que continuará a privilegiar as parcerias com operadores privados.

Depois da crise de semana finda, os privados, que asseguram cerca de 60% do fornecimento de água nos bairros periféricos de Maputo e Matola, decidiram retomar as suas actividades, alegando respeito pelos consumidores.

Desde então, decidiram estabelecer um período de graça, até a segunda metade de Agosto, enquanto negoceiam com o governo, a manutenção das suas licenças, ou compensações equivalentes a meio milhão de dólares por cada operador.

Após o novo posicionamento do governo, membros da associação dos fornecedores de água, contactados pela reportagem da Voz da América em Maputo, disseram que preferem evitar euforias e esperar por um acordo mais objectivo.

Angola - Escândalo Kangamba: Parlamento deve investigar e responsabilizar - Mãos Livres



Manuel José – Voz da América

Organização apela à oposição para interpelar a Assembleia Nacional. Diz que vai enviar cartas ao parlamento e presidência.
A Associação Mãos Livres quer explicações urgentes do Parlamento angolano, sobre o escândalo Bento Kangamba.

O dirigente do MPLA é indicado como destinatário de cerca de três milhões de Euros apreendidos em França, onde a policia local deteve oito indivíduos suspeitos de crimes de branqueamento de capitais, corrupção e associação de malfeitores, entre os quais Carlos Silva funcionário de Bento Kangamba e José Francisco "Kamanguista" que confessou ser amigo pessoal de Kangamba.

O advogado e presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire,  assegura que ainda esta semana vão remeter uma carta ao Parlamento angolano, a exigir esclarecimentos,  sobre este caso.

Para a associação Mãos Livres, pela gravidade do assunto, urge a necessidade dos partidos políticos da oposição questionarem o executivono parlamento , para que os culpados sejam responsabilizados.

"A associação Maos Livres, como a sociedade angolana e os partidos políticos da oposição devem levar esta questão junto do parlamento e exigir da Assembleia Nacional a investigação necessária e depois responsabilizar Bento Kangamba," disse o presidente desta organização.

Salvador Freire diz que vão ser também endereçadas cartas a outros órgãos de poder de Angola.

"Dentro de pouco tempo vamos escrever para o presidente da república, para o ministro das Relações Exteriores e para a Assembleia Nacional, para pedir explicações,” disse.

“Os angolanos precisam de explicações já e urgentes," acrescentou.

As autoridades angolanas continuam a manter o silêncio total sobre a questão.

O Presidente Eduardo dos Santos que se encontra em Barcelona, Espanha, há várias semanas, convocou Kangamba para uma reunião após o escândalo ter sido noticiado mass desconhece-se pormenores do mesmo.

Dos Santos não fez qualquer comentário sobre a questão ou emitiu qualquer comunicado.

O Presidente tem laços familiares com Kangamba que é acusado com uma sobrinha do presidente que trabalha na presidência.

O dinheiro apreendido era proveniente de Portugal e o Presidente da associação Mãos Livres, Salvador Freire considera Portugal como o centro de toda lavagem de dinheiro dos dirigentes angolanos.

"Portugal tem sido a lavandaria destes actos de corrupção envolvendo figuras de proa, ligadas ao presidente da república," disse

"Isto mancha o nome de Angola e dos angolanos no estrangeiro, sobretudo nesta altura em que a corrupção está no topo da pirâmide de desenvolvimento, de varias figuras angolanas.,” disse.

“Bento Kangamba não 'e o único caso, há outros elementos envolvidos em casos de corrupção que evidentemente devem ser responsabilizados," acrescentou

Para a associação Maos Livres, pela gravidade do assunto, urge a necessidade dos partidos políticos da oposição questionarem o executivono parlamento , para que os culpados sejam responsabilizados.

"A associação Maos Livres, como a sociedade angolana e os partidos políticos da oposição devem levar esta questão junto do parlamento e exigir da Assembleia Nacional a investigação necessária e depois responsabilizar Bento Kangamba," disse o presidente desta organização

Freire diz não perceber como tanto dinheiro existe, pra sair ilegalmente do país e enquanto internamente falta quase tudo e as pessoas morrem de fome e por falta de medicamentos.

"Enquanto aqui em Angola cidadãos morrem por falta de comida, por falta de Aspirina, por falta de água potável, por diversas doenças, alguns angolanos ligados ao presidente da república, José Eduardo dos Santos infelizmente praticam actos de corrupção, branqueamento de capitais, fuga de valores do nosso país, para o estrangeiro," disse.

PARABÉNS, MADIBA! SUL-AFRICANOS TEMEM FIM DO PAÍS DO ARCO-ÍRIS



Sérgio Soares – Jornal i

Mandela completa hoje 95 anos. A nação festeja como se fosse possível impedir o curso da natureza. Em estado de saúde crítico, com a família envolvida em desavenças pela sua herança e legado histórico, o assédio a Mandela não terminou

Nelson Mandela já não está politicamente activo há mais de uma década. E, no entanto, mesmo em estado crítico, ainda encarna o simbolismo de uma África do Sul melhor, mais justa e plurirracial. Hoje, ao completar 95 anos, Madiba, como é carinhosamente tratado, continua a ser um farol para toda a nação.

Uma luz potente que nos últimos meses ameaça extinguir-se e mergulhar o país num futuro incerto. Este homem bom é o máximo denominador comum de uma África do Sul contrastante, violenta, desigual e na iminência de mergulhar em profunda instabilidade.

O país vive suspenso de uma pergunta cuja resposta todos opinam mas temem. O que vai acontecer quando Mandela partir?

Nelson Mandela foi internado mais uma vez, no passado dia 8 de Junho, e esta recta final da sua atribulada, imprevisível e rica vida, tem sido mais do que turbulenta em termos de saúde e de laços familiares.

Ao ser conduzido de urgência para o hospital, agonizante, nesse dia de manhã cedo, Mandela esteve 40 minutos parado numa auto-estrada, porque a ambulância que o transportava se avariou. A equipa de emergência travou aí uma primeira batalha para impedir que morresse devido às complicações respiratórias que forçaram ao seu internamento.

Provavelmente alheado da realidade quotidiana, Mandela não esteve nunca consciente da triste imagem pública que a sua família, a desmoronar-se, tem dado, ao envolver-se num confronto feroz em torno da sua herança material. O neto, Mandla Zwelivelile Mandela, de 39 anos, um dos seus 12 netos vivos, de 17, construiu uma vida poderosa no mundo da política e dos negócios graças ao nome do avô. Nestas últimas semanas viu-se envolvido numa batalha jurídica pelo controlo da herança de Mandela, com vários membros da família contra si.

"Nos últimos dias tenho sido alvo de ataques de todo o tipo de indivíduos que querem alguns minutos de fama na imprensa à minha custa", declarou.

A disputa encheu de vergonha as pessoas de bom carácter e as primeiras páginas dos jornais, e centrou-se no facto de ele ter procedido unilateralmente à exumação dos corpos de três dos filhos de Mandela, sepultados em Qunu, e de os ter trasladado para Mvezo. Mandla defendeu-se afirmando que aquele era o local onde deveriam estar todos sepultados na companhia futura do próprio Mandela, já que Mvezo foi o seu local de nascimento, embora o histórico líder africano se tenha retirado para Qunu após a vida activa.

Com Mandela no hospital, a irmã Makaziwe e a mulher de Mandela, Graça Machel, para além de outros familiares, apresentaram uma queixa em tribunal para que as crianças fossem novamente sepultadas em Qunu. O tribunal deu-lhes razão.

Os rivais de Mandla na família, nomeadamente a tia Makaziwe, entenderam que este manobrou descaradamente para que o enterro de Mandela fosse também efectuado em Mvezo, para mais tarde poder beneficiar financeiramente dos turistas que visitassem o túmulo do avô.

LIBERDADE PARA NELSON MANDELA

Se há imagem que ilustra a grandeza de Nelson Mandela, a da sua saída para a liberdade, a 11 de Fevereiro de 1990, após 27 anos de prisão, em Robben Island, é a mais significativa. Imponente e humilde simultaneamente, dirigiu-se a milhares de pessoas que o aguardavam com nervosismo, após um breve atraso na sua libertação, a partir de uma varanda da Câmara Municipal da Cidade do Cabo.

Depois de reconhecer que o presidente Frederik de Klerk era um homem íntegro, disse: "A nossa luta atingiu um ponto decisivo. A nossa marcha para a liberdade é irreversível."

"Agora é o tempo de intensificar a luta em todas as frentes. Abrandar agora seria um erro que futuras gerações não nos perdoariam".

O discurso provocou receios entre a comunidade branca que esperava dias e meses de retaliação. Entre os africanos, os zulus do Inkhata, do chefe Magosutu Buthelezi, defrontavam-se mortalmente nas ruas e guetos do Soweto e de Alexandra com os Xhozas, sendo separados pelo ainda intacto exército branco do apartheid.

O futuro da África do Sul parecia sombrio. Ao longo de meses de esforços laboriosos, acalmando a ira de radicais negros e dos boers brancos, Mandela transformou o medo no sonho utópico de um país de arco-íris.

Por agora, todos, mas mesmo todos, se arvoram em herdeiros do seu legado político, mesmo que não façam a menor intenção de o pôr em prática.

Mandela personifica o herói, o pai do milagre da reconciliação nacional, quase um santo, e todos assumem como seu esse legado histórico. Do ANC, que se extremou, e não se assemelha em nada ao partido que Mandela dirigiu, ao Partido Democrático, cuja base racial é branca, todos reivindicam a herança. Apesar de excepcional, uma pesada herança difícil de cumprir.

Em 1994, os sul-africanos comemoraram o 94.o aniversário de Mandela com bolos gigantescos, missas evocatórias e 67 minutos de "boas acções" - uma por cada ano de luta do líder antiapartheid contra o regime minoritário branco.

Ainda com Mandela internado, em estado crítico, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, pediu a semana passada que a nação planeasse o seu 95.o aniversário.

O pedido de Zuma foi proferido na sequência das críticas da ex-mulher de Mandela, Winnie, ao seu governo do Congresso Nacional Africano (ANC) por ter filmado o antigo presidente na sua casa, em Abril, para fins declaradamente propagandísticos.

Mandela é reverenciado pelo seu carisma, por ter lutado contra o apartheid e pregado a reconciliação nacional, apesar de ter estado preso 27 anos em Robben Island onde contraiu tuberculose na década de oitenta.

Em 1993 recebeu o Prémio Nobel da Paz, um ano antes de ser eleito presidente. Em 1999 deixou o cargo após cumprir um único mandato.

Desde que deixou o cargo de presidente, Mandela tornou-se naturalmente o mais representativo embaixador da África do Sul e apadrinhou diversas campanhas, entre as quais a da luta contra o HIV/Sida, tendo ainda ajudado o seu país a conquistar a organização do Campeonato do Mundo de Futebol em 2010.

Madiba - que sofreu vários problemas de saúde ao longo dos anos -, envolveu--se também em negociações de paz em diversas partes do mundo, nomeadamente na República Democrática do Congo, Burundi e, inclusivamente, em Timor- -Leste, onde persuadiu o ditador indonésio Shuarto a libertar o líder da resistência timorense, Xanana Gusmão.

Mandela retirou-se da vida pública em 2004 e raramente compareceu em eventos oficiais desde essa data.

UMA VIDA

Mandela galvanizou a nação inteira ao entregar a taça do Mundial de Rugby ao capitão branco da África do Sul

1918 - Rolihlahla Mandela nasceu no Transkei, no dia 18 de Julho e recebeu o nome Nelson dado por um dos seus professores. Estudou na Universidade de Fort Hare e na Universidade de Witwatersrand, onde se formou como advogado

1952 - Mandela tornou-se vice-presidente do Congresso Nacional Africano (ANC). Face à descriminação racial, Mandela e Oliver Tambo tomaram uma via mais radical no ANC. Levado a tribunal em 1956, foi condenado por traição e mais tarde absolvido

1960 - Em Março, três dezenas de militantes anti-apartheid foram mortos pela polícia em Sharpeville. O governo declarou o estado de emergência e o ANC adoptou a luta armada. Mandela ajudou a estabelecer o braço armado do ANC, Umkhonto we Sizwe

1963 - Novamente julgado e preso por cinco anos. Mandela e outros membros do ANC foram acusados de conspiração para derrubar o governo. Foi condenado pela segunda vez a prisão perpétua e enviado para Robben IIsland. Tornou-se no símbolo da resistência

1990 - O governo minoritário branco sul-africano, presidido por Frederik de Klerk, responde à pressão, interna e externa, para libertar Mandela e levantar a ilegalização do Congresso Nacional Africano (ANC). No ano seguinte,  Mandela torna-se o líder do ANC

1993 - Mandela recebeu o Prémio Nobel da Paz com Frederik de Klerk, então presidente da África do Sul. No ano seguinte, a África do Sul realizou as primeiras eleições multirraciais livres nas quais Mandela foi eleito o primeiro chefe de Estado negro

1995 - A 24 de Junho, Nelson Mandela, o primeiro presidente negro do país, entrou no campo do estádio de Ellis Park em Johanesburgo para entregar a taça do mundo de Rugby a François Pienaar, o capitão branco da equipa nacional

1998 - Casa-se com a terceira mulher, Graça Machel, viúva do ex-presidente de Moçambique, Samora Machel. A segunda esposa de Mandela, Winnie, com quem se casara em 1958 e da qual se divorciou em 1996, continua a ser uma  controversa activista

2004 - Neste ano, Mandela anuncia a sua retirada da vida pública, embora tenha prosseguido com a sua actividade social e de caridade. Em 2007, foi-lhe erguida uma estátua na Praça doParlamento, em Londres

2010 - Com várias nações potencialmente capazes de vencerem o concurso para receber o Mundial de Futebol de 2010, Mandela foi chamado para dar uma mão à candidatura e  ajudou a garantir a vitória da África do Sul. Compareceu na cerimónia de encerramento

2013 - “It’s time to let him go” (É tempo de o deixar partir). Manchete recente do jornal sul-africano Sunday Times

PRÉMIO NOBEL DA PAZ PARA SNOWDEN




Propomos Edward Snowden para o Prémio Nobel da Paz, em virtude da sua luta não-violenta a favor dos direitos fundamentais. Entre estes, é essencial o direito de expressar-se livremente em todo o mundo, sem a vigilância do Grande Irmão. Afirmamos a estreita ligação entre os direitos fundamentais e a paz, aqueles e esta pré-requisitos para a "fraternidade entre as nações" a que Alfred Nobel se refere no seu testamento. Snowden, denunciando a submissão dos novos media à política imperial e fautora do caos e da guerra, deu um grande contributo para a paz no mundo e a fraternidade entre os povos. Revelou à opinião pública internacional a existência de um sistema generalizado de escutas das comunicações privadas na Internet – e não só – conduzido secretamente pelo governo dos EUA através do programa de vigilância PRISM. Estas revelações, nunca desmentidas, foram consideradas credíveis pelos mais importantes jornais internacionais. Induziram governos, como o da Alemanha, a pedir oficialmente, através do Ministério da Justiça, esclarecimentos às autoridades dos EUA. Estas últimas decidiram entretanto acusar o jovem ex-colaborador da Agência Nacional de Segurança (National Security Agency, NSA) de espionagem, furto e utilização ilegal de bens governamentais, compelindo-o a uma precária condição de fugitivo enquanto se desenrola uma "campanha de pressão em toda a linha" – como a define o New York Times – visando convencer os governos progressistas da América Latina a não lhe concederem asilo político. 

Convictos de que a independência dos novos media constitui uma questão fundamental da nossa época e de que, tal como vertido no artigo 12 de Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), "nenhum indivíduo poderá ser submetido a interferências arbitrárias na sua vida privada, na sua família, na sua casa e na sua correspondência, nem à lesão da sua honra e da sua reputação", pedimos aos membros do Comité Nobel que confiram a Edward Snowden o Prémio Nobel da Paz, em linha com uma tradição que frequentemente atribuiu o justo reconhecimento a personalidades que levaram a cabo lutas não-violentas visando o respeito pelos direitos humanos. Os Estados Unidos da América souberam abolir a escravatura, e depois disso reconheceram, embora com um grave atraso relativamente a muitos outros países, os direitos civis da população afro-americana, processo que culminou no facto de terem hoje um presidente afro-americano. Um enorme progresso. Chegou agora o momento, para aquela que é ainda a primeira potência económica e militar à escala mundial, de renunciar a uma política de controlo imperial.

Para descarregar a imagem de Snowden clique com o botão direito do rato: tamanho médiotamanho grande

O original em italiano encontra-se em snowdennobel.altervista.org/... e a versão em português em snowdennobel.altervista.org/... 

Esta petição encontra-se em http://resistir.info/

O ECHELON ACTUA EM PLENA ONU - I



Martinho Júnior, Luanda

ESTADOS UNIDOS – CONTRA A CONVENÇÃO DIPLOMÁTICA DE VIENA

Não é um facto novo a espionagem no interior das Instituições Internacionais como a ONU. Se bem que os Estados Unidos tiveram um papel muito importante ao longo da história da Liga das Nações primeiro, depois da ONU, uma vez que foram os Presidentes Woodrow Wilson que esteve na origem da primeira iniciativa, no seguimento da Iª Guerra Mundial e Franklin Roosevelt, no seguimento da IIª Guerra Mundial na origem da ONU, têm sido os Estados Unidos, em especial ao longo da Guerra Fria, que mais operações de espionagem têm desencadeado dentro daquela Organização Internacional, em função do facto de terem sido instrumentalizados no sentido de se tornarem potência hegemónica e reitora da pirâmide do poder sobre o resto do mundo.

Ao contrário do pensamento de Stephen Schlesinger, Director do “World Policy Institute”, que afirmou no “Le Monde” de 24 de Novembro de 2001 que “o 11 de Setembro anuncia o fim do unilateralismo Americano”, a administração Bush está a demonstrar o contrário: não só confirma a regra de todo o historial de operações clandestinas dos seus Serviços de Inteligência, não só na ONU (conforme aliás Stephen Schlesinger tem denunciado), mas instala-se num unilateralismo isolacionista, que pouco a pouco vai colocando o Mundo se não contra si, pelo menos a afastar-se o mais possível de si, até por causa da ênfase sobre a Segurança Energética estratégica que inclui o imenso, poderoso e actualmente decisivo campo do petróleo.

Esse unilateralismo isolacionista, que mexe com o conjunto de entendimentos internacionais (incluindo com aqueles feitos com seus aliados), uma vez que valoriza as acções operativas (incluindo as acções secretas de espionagem dos seus serviços secretos em prejuízo de outras iniciativas), nos sucessivos rescaldos que arrisca, poderá provocar a curto prazo um enfraquecimento da ONU, pela via das sucessivas manipulações a que a ONU se sujeita e o surdo desencadear uma IIª Guerra Fria.

A ONU tem sido, em especial em alturas de crise internacional, um dos organismos internacionais que mais tem movido os serviços secretos Americanos.

Durante a Guerra Fria, foram inúmeros os casos que foram ocorrendo, havendo iniciativas dos dois campos, tanto dos Estados Unidos como da então URSS.

Depois dela, já com a plena aplicação das conjunturas da globalização conforme ao plano da aristocracia financeira mundial, em Dezembro de 1998, Washington foi acusada de usar a missão UNSCOM em Bagdad, a fim de interceptar os serviços de inteligência do Iraque, numa tentativa de minar o Governo do Presidente Saddan Hussein, conforme afirma no “Asia Times” o articulista Thealif Deen.

A espionagem de Delegações de outros Países na ONU é coberta, em termos de Legislação Americana, pelo “US Foreign Intelligence Services Act, muito embora seja um processo sujeito a muitas controvérsias, de acordo com o leque político de interesses.

A Legislação Americana contraria contudo a Convenção Internacional de Viena no que diz respeito à questão das Relações Diplomáticas, de acordo com especialistas em Leis Internacionais.

A pressão que os Estados Unidos estão a fazer na ONU, nomeadamente a nível do Conselho de Segurança, no sentido de obter votos dos Membros Não Permanentes, aparentemente indecisos se vão apoiar a guerra imediata, ou se vão juntar-se àqueles que preconizam manter a pressão sobre o regime de Saddan Hussein a fim de procurar desarmá-lo sem o recurso à guerra, está na origem dum escândalo que rebentou a partir do dia 2 de Março corrente, com um artigo do jornal londrino “The Observer”.

Com efeito o “The Observer” publicou uma Mensagem “Top Secret” de 31 de Janeiro de 2003 emitida pela “National Security Agency”, a Agência que coordena o ECHELON à escala Global, que orienta colocar as Delegações na ONU de Angola, dos Camarões, do Chile, da Bulgária, da Guiné Conacry e do Paquistão, sob escuta telefónica, ao mesmo tempo que orientava para interceptar os respectivos email, a fim de estabelecer uma avaliação prévia, no interesse da Administração Bush e da sua posição favorável ao desencadeamento do ataque militar ao Iraque, sobre os argumentos dessas Delegações consideradas “indecisas”.

O jornal Britânico apenas se decidiu a publicar a referida Mensagem depois de contactar vários especialistas que confirmaram a sua veracidade, por um lado, por outro confirmam também a existência dum personagem do “NSA”, Frank Koza, Chefe do Departamento “Regional Targets”, que terá sido responsável pela sua emissão, conforme artigo publicado a 4 de Março onde são mencionados, entre outros, os nomes de James Bamford, autor de dois livros sobre o “NSA” e Matthew M. Aid, historiador do “NSA”, em abono da origem e da veracidade da referida Mensagem.

A orientação de Frank Koza só poderá ter sido emitida em função de decisões tomadas ao mais Alto Nível da Administração Bush, ou seja, ao nível da Assessora para os Assuntos de Segurança Nacional do Presidente, Condoleezza Rice, confirmando alguns “experts” dos Serviços de Inteligência Americanos, que a decisão deveria ter envolvido também Donald Rumsfeld, o Director da “CIA”, George Tenet e o Director da “NSA”, General Michael Hayden.

Por outro lado, o próprio Presidente Bush deveria ter sido informado durante os “briefings” matutinos diários que ordinariamente são feitos no Gabinete Oval da Casa Branca.

O escândalo tem vindo a provocar as reacções mais diversas:

- A ONU mandou instaurar um Inquérito a fim de fazer uma avaliação sobre a iniciativa secreta Norte Americana sobre os seis membros não Permanentes do seu Conselho de Segurança, que provavelmente se poderá tornar extensiva.

- O Governo do Chile tem vindo a reagir com bastante energia, confirmando que os Estados Unidos estão de facto a espionar a sua Delegação e as comunicações do seu Governo onde quer que haja contactos ao Mais Alto Nível, em função do interesse Americano sobre a posição do Chile na votação.

- O Governo Paquistanês afirma que “a revelação de que a NSA tinha como alvo o seu País, era desalentadora, especialmente quando isso se registava logo a seguir à cooperação estrita entre o Paquistão e os Estados Unidos, na captura dum líder- chave do al-Qaeda, Khalid Shaikh Mohammed”.

O Inquérito da ONU, se bem que não seja do domínio público, foi também imediatamente revelado pelo “The Observer” no dia 9 de Março de 2003, citando fontes no Gabinete do Secretário Geral da ONU, Kofi Anan, ao mesmo tempo que era confirmada a detenção duma funcionária não identificada, de 28 anos de idade, do “Government Communications Headquarters” (“GCHQ ), suspeita de ter infringido o “Official Secrets Act”, pela polícia de Gloucester.

A referida funcionária, detida em Cheltenham, de acordo com as suspeitas da Polícia, terá sido a autora da “fuga” do teor da Mensagem para o jornal “The Observer” e isso correspondia ao facto de que todos os componentes do ECHELON terão recebido a orientação transmitida por Frank Koza.

O Governo Chileno reagiu ao seu Mais Alto Nível através do Presidente Ricardo Lagos que solicitou uma imediata explanação sobre o acto de espionagem Americano.

O Presidente Ricardo Lagos entabulou contactos telefónicos com o Primeiro Ministro Britânico Tony Blair a propósito do conteúdo da mensagem e depois da publicação da história, tendo também havido contactos entre a Ministra dos Negócios Estrangeiros Chilenos, Soledad Alvear e o seu homólogo Britânico, Jack Straw.

O Embaixador Chileno em Londres, Mariano Fernandez disse ao “The Observer”: “nós não percebemos por que razão os Estados Unidos estão a espiar o Chile, estamos deveras surpreendidos. As relações com a América têm sido boas, desde a Administração George Bush – pai”.

O jornal Chileno “El Mercúrio” socorreu a posição do seu País sobre o caso, no dia 5 de Março corrente:

“SANTIAGO.- El gobierno admitió hoy que habría "veracidad" en la denuncia de que Estados Unidos espió a la representación chilena en las Naciones Unidas por el conflicto con Irak.

Pero el Presidente Ricardo Lagos llamó a la cautela y a no desviar los esfuerzos en prol de la paz.

El subsecretario de la cancillería, Cristián Barros, dijo a la prensa que estamos analizando el contenido de esa información y podríamos decir que nos aproxima a creer de que el memorándum filtrado al diario británico podría tener veracidad.

Barros señaló que la cancillería recibió de la embajada chilena en Londres los antecedentes de la revelación del diario The Observer, de que las representaciones no permanentes ante el Consejo de Seguridad, entre ellas la de Chile, son espiadas para conocer su posición ante el litigio de Estados Unidos con Irak.

El subsecretario agregó que hay que actuar con cautela y conversar con los funcionarios norteamericanos mencionados en el documento revelado por el periódico británico.”

Por seu turno, o jornal “La Nation” a 6 de Março confirmava:

“La embajada chilena en Londres confirmó la información emitida por el periódico británico "The Observer", en donde denunciaba que Estados Unidos ordenó interceptar conversaciones telefónicas y violar correos electrónicos.

Confirmado. Estados Unidos sí ordenó interceptar conversaciones telefónicas y violar correos electrónicos a delegaciones de 6 países miembros del Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas, entre ellos Chile, en un intento por asegurar votos favorables a la posición belicista del gobierno de George Bush.

Así lo concluye un informe de la embajada chilena en Londres remitido a la Cancillería el martes en la noche, en donde se comprueba la veracidad de la información difundida por el periódico británico The Observer el domingo pasado.

Fuentes de la embajada explicaron a La Nación que tras contactarse con el periódico que denunció el hecho y conocer el documento reservado en que el jefe de la Agencia de Seguridad Nacional estadounidense (NSA) para objetivos regionales, Frank Koza, ordena la vigilancia de las delegaciones de Chile, Angola, Bulgaria, Guinea, Camerún y Pakistán en Naciones Unidas, se comprobó la autenticidad de la información y su fuente. 

En el documento, fechado el 31 de enero, Koza advierte la necesidad de conocer cómo votaran las delegaciones diplomáticas, sus posiciones de negociación, alianzas y dependencias, con el fin de dar al gobierno norteamericano una ventaja respecto de la postura de Francia, Alemania y Rusia, contrarios a una invasión en Bagdad”.

Se a reacção Chilena foi tão incisiva, a Paquistanesa revelava uma completa desilusão.

O “site” do “The Observer” teve, por alturas da divulgação da Mensagem, um “record” de audiência na Internet, cifrado em 964.373 contactos electrónicos e, nos três dias seguintes, seguiram-se mais de 800.000!

O Editor, Stephen Pritchard prontificou-se mesmo em atender todas as questões que as pessoas quisessem colocar na Internet.

Não parece haver dúvidas que a surpreendente divulgação da Mensagem do ECHELON “top secret”, o documento dessa natureza e com essa classificação que alguma vez foi tão rapidamente passado para a Informação Pública Mundial (efectivamente divulgado “em tempo oportuno” e antes de algumas das votações), parece ser o alastrar duma frente muito alargada de opinião daqueles que estão contra a guerra contra o Iraque, incluindo dentro dum aparelho tão sensível e conservador como o “GCHQ”.

Na Grã-Bretanha, a posição do Primeiro Ministro Tony Blair tem sido mesmo criticada dentro do Partido Trabalhista, da envergadura dum Robin Cook, antigo Ministro das Relações Exteriores, até ao seu pedido de demissão de Ministro das Relações com o Parlamento e contra ele elevaram-se também tensões por dentro dos próprios serviços secretos, o que evidencia os nexos políticos com os operativos.

Em 1971, numa altura em que a opinião pública Americana se levantava contra a Guerra do Vietname ditando intra muros, em função da evolução dos termos de evolução da guerra psicológica a sorte da própria guerra no terreno, o analista do então departamento da Defesa, Daniel Ellsberg, divulgou documentos conhecidos por “Pentagon Papers”, mas sob o ponto de vista de oportunidade e rapidez, a Mensagem “top secret” de Frank Koza, “ganhou a corrida do tempo” na passagem para divulgação na opinião pública, vencendo as regras secretas dos organismos que compõem o sistema de inteligência Americano.

Analistas como Norman Solomon comentavam a esse propósito no “Sunday’s Observer”:
“Sem os desenvolvimentos futuros duma guerra contra o Iraque, a divulgação da espionagem nas Nações Unidas criará uma erosão em relação à Administração Bush, a começar sobre a sua pretensão em obter uma Resolução do Conselho de Segurança autorizando a guerra”.

O “Times of London” de 5 de Março, três dias depois da divulgação da Mensagem “top secret” do ECHELON, considerava que a Administração Bush “estava já isolada” em relação à sua posição de atacar militarmente o Iraque e sublinhava o completo embaraço da grande Imprensa Americana, colocando essa questão numa afastada “linha de prioridades”.
Um porta-voz da Casa Branca, instado a pronunciar-se, argumentou:

“De acordo com uma política de há longa data, a Administração nunca comenta o que quer que seja relacionado com assuntos de inteligência”.

ORDEM PARA ESPIAR ANGOLA NA ONU SEGUNDO DOCUMENTO PUBLICADO PELO THE OBSERVER DE 2 DE MARÇO DE 2003:

Sunday March 2, 2003 

To: [Recipients withheld]

From: FRANK KOZA, Def Chief of Staff (Regional Targets)
CIV/NSA

Sent on Jan 31 2003 0:16 

Subject: Reflections of Iraq Debate/Votes at UN-RT Actions + Potential for Related Contributions

Importance: HIGH

Top Secret//COMINT//X1

All,

As you've likely heard by now, the Agency is mounting a surge particularly directed at the UN Security Council (UNSC) members (minus US and GBR of course) for insights as to how to membership is reacting to the on-going debate RE: Iraq, plans to vote on any related resolutions, what related policies/ negotiating positions they may be considering, alliances/ dependencies, etc - the whole gamut of information that could give US policymakers an edge in obtaining results favorable to US goals or to head off surprises. In RT, that means a QRC surge effort to revive/ create efforts against UNSC members Angola, Cameroon, Chile, Bulgaria and Guinea, as well as extra focus on Pakistan UN matters.

We've also asked ALL RT topi's to emphasize and make sure they pay attention to existing non-UNSC member UN-related and domestic comms for anything useful related to the UNSC deliberations/ debates/ votes. We have a lot of special UN-related diplomatic coverage (various UN delegations) from countries not sitting on the UNSC right now that could contribute related perspectives/ insights/ whatever. We recognize that we can't afford to ignore this possible source.

We'd appreciate your support in getting the word to your analysts who might have similar, more in-direct access to valuable information from accesses in your product lines. I suspect that you'll be hearing more along these lines in formal channels - especially as this effort will probably peak (at least for this specific focus) in the middle of next week, following the SecState's presentation to the UNSC.

Thanks for your help

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