domingo, 15 de julho de 2012

Timor-Leste: Partido Democrático admite viabilizar Governo de Xanana Gusmão



Destak - Lusa

O Partido Democrático (PD) admitiu hoje que poderá fazer uma coligação com o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste, de Xanana Gusmão, vencedor sem maioria absoluta das legislativas de sábado no país, para a formação do governo.

"O PD deve associar-se com o CNRT para dar continuidade ao trabalho iniciado pelo IV governo", afirmou António da Conceição, secretário do Conselho Político Nacional do PD, partido que ficou em terceiro lugar nas eleições e que integra a atual coligação governamental liderada por Xanana Gusmão.

Segundo António da Conceição, o PD está a definir as condições de um futuro governo, sublinhando que tem de ser "credível, íntegro e ter respeito público".


Embaixador em Timor-Leste aconselha portugueses a ficarem em casa durante a noite



RTP - Lusa

O embaixador de Portugal em Timor-Leste aconselhou hoje os portugueses residentes em Díli a evitarem "saídas de casa" durante a noite, após distúrbios que resultaram em 60 automóveis destruídos e três ou quatro pessoas feridas.

"Caros compatriotas, a título preventivo recomendo que, se vive em Díli, e tanto quanto possível, limite as saídas de casa esta noite", pode ler-se numa mensagem assinada "Embaixador" e enviada para os telemóveis dos portugueses residentes em Timor-Leste.

A mensagem do embaixador Luís Barreira de Sousa, enviada hoje à noite (em Díli), surge na sequência de distúrbios que provocaram a destruição de 58 carros e ferimentos em "três ou quatro" pessoas.

Os distúrbios ocorreram após o partido de Xanana Gusmão rejeitar coligação com a Fretilin, segundo disse à Lusa o secretário-geral Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Dionísio Babo.

"Um grupo de jovens esteve nas ruas a apedrejar carros e, segundo a informação da polícia, houve 58 carros que foram destruídos e três ou quatro pessoas que foram hospitalizadas, mas a situação em geral está calma. Parece que isso aconteceu logo depois da decisão do nosso partido - CNRT - para formar uma aliança com o Partido Democrático e a Frente Mudança. Esse grupo de jovens saiu para a rua e começou a fazer distúrbios", afirmou o responsável.

O secretário-geral do partido de Xanana Gusmão, vencedor das últimas eleições legislativas de 07 julho, sem maioria absoluta, explicou que ainda não há certezas sobre o que levou aos distúrbios, mas afirmou: "certo é que isto aconteceu logo depois do anúncio da decisão" do CNRT.

"O comandante da polícia apareceu na televisão local de Timor a falar disso e também apelou à calma e pediu às pessoas para ficarem em suas casas. (...) Neste momento a situação está mais controlada e esperamos que amanhã [segunda-feira] se torne calma", explicou ainda.

Adiantando que a situação já era esperada pelo partido, Dionísio Babo garantiu que "em geral a situação está controlada" e que nas ruas estão várias forças policiais, entre as quais o destacamento da GNR.

Também em declarações à Lusa, o comandante Barradas, do sub-agrupamento Alfa, em Díli, explicou que as divergências entre fações políticas timorenses culminaram em apedrejamentos, cortes de estradas, carros queimados e alguns ferimentos sem gravidade em Díli, Viqueque e Baucau.

Os incidentes ocorreram cerca das 19:00 em Díli (11:00 em Lisboa), obrigando à intervenção das autoridades policiais.

Pelas 23:00 (15:00 em Lisboa), a situação estava "pacificada", mantendo-se o patrulhamento da Polícia timorense, apoiada pelos militares portugueses da GNR, disse ainda o comandante Barradas.

Dionísio Babo surpreso pela não inclusão da FRETILIN na coligação governamental

Antena 1, com audio

O porta-voz do Conselho Nacional da Resistência Timorense mostrou-se surpreso pelo facto de a FRETILIN, segundo partido mais votado nas recentes eleições legislativas, ter ficado de fora da coligação governamental.

Choveram pedras em Díli após anúncio de que Fretilin não integra governo

Antena1 - Lusa, com áudio


Pobres dos países ricos dão aos ricos dos países pobres. Xanana agradece e embolsa




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Divergências entre fações políticas timorenses culminaram hoje em apedrejamentos, cortes de estradas, carros queimados e alguns feridos em Díli, Viqueque e Baucau.

Os incidentes terão sido suscitados após o anúncio de que a Fretilin não faria parte da coligação governamental. De facto, o partido de Xanana Gusmão (CNRT), que ganhou sem maioria absoluta as legislativas timorenses, decidiu convidar o Partido Democrático e a Frente Mudança para formar o próximo governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin.

No dia 29 de Março de 2008, o primeiro-ministro do Timor-Leste, Xanana Gusmão, apelava aos doadores internacionais para implementarem uma estratégia para alterar "a situação de povo pobre em país rico".

Em 24 de Junho de 2007, Avelino Coelho, então candidato a primeiro-ministro pelo Partido Socialista Timorense (PST), afirmava que "a presença portuguesa em Timor-Leste era uma farsa" e que os líderes timorenses "mentem a Portugal" sobre a língua oficial.

Em Julho de 2009, o presidente da Repúblicade Timor-Leste, José Ramos Horta dizia, em entrevista à revista “Foreign Policy”, que o país tinha tem um plano de investimentos públicos para 10 anos que visava criar milhares de empregos e dotar o país de estradas e de um novo aeroporto.

A definição de Xanana Gusmão, também ex-presidente da República, não andava como não anda longe da verdade. O que ele deveria dizer é que o povo é pobre (e assim vai continuar porque teimou em não mudar de políticos), que o país é rico e que alguns dos seus dirigentes são muito ricos.

"Creio que todos os parceiros de desenvolvimento de Timor-Leste consideraram que a mudança de estratégia que este governo apresentou pode mudar esta situação de povo pobre num país rico", afirmou o primeiro-ministro.

Este governo senhor Xanana Gusmão? Este governo fez o quê? Mudança de estratégia? Sim, para pior.

"As decisões não vão ser fáceis e fomos também alertados de que o programa é ambicioso. Sabemos disso", disse Xanana Gusmão, no final dessa reunião com os doadores, mais uma em que mais uma vez os pobres dos países ricos ajudaram os ricos dos países que embora ricos têm o povo na miséria.

Para essa reunião de doadores, o governo timorense preparou um documento em que expôs as seis prioridades de desenvolvimento, sob o título "Trabalhando em Conjunto para Construir os Alicerces da Paz e Estabilidade e Melhorar as Condições de Vida dos Cidadãos Timorenses".

Só o título diz tudo. Ou seja, que tudo ia ficar na mesma, tanto para os poucos que têm milhões, como para os milhares que têm pouco, ou nada.

Segurança pública, segurança social e solidariedade, política de juventude, emprego e criação de rendimento, aumento da eficácia dos serviços sociais e, por último, gestão limpa e eficaz constituíam (estamos a falar de 2008) as prioridades apresentadas pelo Executivo.

Até dava a impressão, que hoje se mantém, que Xanana Gusmão só agora chegara ao país e que, por isso, nada tinha a ver com o que foi, ou não, feito nos últimos anos.

Xanana Gusmão deu alguns exemplos do que o governo do país fez e pretendia fazer para concretizar essas prioridades.

"O governo está a providenciar segurança jurídica sobre os direitos de propriedade, que vão, ainda este ano, fechar parte da lacuna existente" nessa área, anunciou o primeiro-ministro. Brilhante. Nada mais importante para um país em que o povo parece condenado a ser gerado com fome, a nascer com fome e a morrer com fome.

"Para melhorar o sector público de prestação de serviços, estamos também a estudar formas mais eficientes de investimento do Fundo de Petróleo. Este está a aumentar gradualmente, havendo potencial para um maior aumento no retorno dos investimentos", afirmou Xanana Gusmão, como se este feito fosse da sua única responsabilidade.

"Como contrapartida da generosidade, mas também, e não menos importante, do apoio moral" dos doadores, Xanana Gusmão prometeu "garantir a transparência dos processos e dos financiamentos e a obtenção de resultados concretos e quantificáveis, como prova de bom desempenho".

A frase foi tirado dos manuais que têm uso generalizado, seja no Burkina Faso, em Angola ou, é claro, em Timor-Leste.

Mas seja. Com a habitual cobertura da comunidade internacional, Timor-Leste irá continuar à deriva, cantando e rindo, lavado, levado sim, pela mão dos donos… australianos. Com figurantes, de baixo custo, continuam a existir os portugueses, sempre solidários com quem está no poder.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: PARE DE GOZAR COM OS ESCRAVOS PORTUGUESES!

Quase 60 carros destruídos e alguns feridos nos distúrbios em Díli - sg do CNRT




GNR teve de intervir nos confrontos entre fações políticas

Quase 60 carros foram destruídos e algumas pessoas ficaram feridas nos distúrbios entre fações políticas que se registaram este domingo em Díli, após o partido de Xanana Gusmão rejeitar coligação com a Fretilin, disse à Lusa o secretário-geral do CNRT.

Em declarações à agência Lusa a partir de Timor-Leste, o secretário-geral do Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Dionísio Babo, explicou que grupos de jovens terão saído à rua após o anúncio do seu partido, mas que em geral a situação está calma.

«Um grupo de jovens estiveram nas ruas a apedrejar carros e, segundo a informação da policia, houve 58 carros que foram destruídos e três ou quatro pessoas que foram hospitalizadas, mas a situação em geral está calma. Parece que isso aconteceu logo depois da decisão do nosso partido - CNRT - para formar uma aliança com o Partido Democrático e a Frente Mudança. Esse grupo de jovens saiu para a rua e começou a fazer distúrbios», afirmou Dionísio Babo.

O secretário-geral do partido de Xanana Gusmão, vencedor das últimas eleições legislativas de 07 julho, sem maioria absoluta, explicou que ainda não há certezas sobre o que levou aos distúrbios, mas afirma: «certo é que isto aconteceu logo depois do anúncio da decisão» do CNRT.

«O comandante da polícia apareceu na televisão local de Timor a falar disso e também apelou à calma e pediu às pessoas para ficarem em suas casas. (...) Neste momento a situação está mais controlada e esperamos que amanhã [segunda-feira] se torne calma», explicou ainda, adiantando que esta situação já era esperada pelo seu partido, mas que «em geral a situação está controlada» e que nas ruas estão várias forças policiais, entre as quais o destacamento da GNR.

Também em declarações à Lusa, o comandante Barradas, do sub-agrupamento Alfa, em Díli, explixou que as divergências entre fações políticas timorenses culminaram em apedrejamentos, cortes de estradas, carros queimados e alguns ferimentos sem gravidade em Díli, Viqueque e Baucau.

Os incidentes tiveram lugar por volta das 19:00 em Díli (11:00 em Lisboa), obrigando à intervenção das autoridades policiais.

Pelas 23:00 em Díli a situação estava «pacificada», mantendo-se o patrulhamento da Polícia timorense, apoiada pelos militares portugueses da GNR, disse ainda a o comandante Barradas.

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EUA: Nova pesquisa aponta Obama com sete pontos de vantagem sobre Romney



Fillipe Mauro – Opera Mundi

Constitucionalidade da reforma da saúde não afetou campanha democrata

O presidente dos EUA e candidato à reeleição Barack Obama conseguiu abrir uma vantagem de sete pontos percentuais sobre seu principal adversário, o agora pré-candidato único do Partido Republicano, Mitt Romney.

De acordo com números divulgados nesta sexta-feira (13/07) pelo Pew Research Center, um dos maiores centros de análise política do país, Obama tem 50% das intenções de voto enquanto Romney permanece em segundo lugar, com 43%.

Há menos de um mês, ainda em junho, Obama também figurava na marca dos 50%. Contudo, o ex-governador do Estado de Massachusetts contava, à época, com 46% das intenções de voto, o que reduzia a vantagem do democrata para apenas quatro pontos percentuais.

O Pew Research Center consultou 2973 adultos de todo o território norte-americano entre os dias 28 de junho e 9 de julho.

Reforma da saúde

Embora a reforma do sistema público de saúde dos EUA tenha se revelado um dos maiores empenhos políticos da gestão Obama, a comprovação de sua constitucionalidade pela Suprema Corte de Justiça “aparenta não ter afetado a corrida presidencial de 2012”.

Para os analistas do Pew Center, o que a decisão judicial colocou em xeque foi a imagem pública da Suprema Corte e não a campanha democrata em si. 51% dos entrevistados disseram possuir uma visão positiva da atuação dos magistrados após o julgamento. Por sua vez, os que alegaram possuir uma visão negativa da instituição a partir da sentença somaram 37%.

A desaprovação parte em boa medida do eleitorado republicano. Em abril, 56% dos cidadãos declaradamente republicanos enxergavam a atuação da Suprema Corte de forma positiva. Com a sentença favorável ao governo Obama, esse número caiu para 51%.

Entusiasmo

A pesquisa também apontou uma forte diferença na intensidade com a qual eleitores democratas e republicanos se identificam com os candidatos de seus partidos.

Apenas 34% dos eleitores republicanos apresentam entusiasmo com a candidatura de Romney. Entre democratas, contudo, esse valor praticamente dobra: 64% se consideram fortes partidários da tentativa de reeleição do presidente Barack Obama.

Entre os chamados “eleitores independentes”, a preferência por Obama ou Romney varia muito pouco e mantém-se praticamente equilibrada. Em meio aos votantes desvinculados de quaisquer partidos políticos, 46% preferem a candidatura republicana e 45% a democrata.

Insatisfação pública

Com essa sondagem, o Pew Center também buscou mensurar a satisfação dos cidadãos com o estado geral do país. Os entrevistados que se disseram satisfeitos com o que o instituto chama de “condição nacional” somam apenas 28%, número muito inferior aos 67% que alegam estar insatisfeitos com o país.

As estatísticas do desemprego nos EUA são apontadas como o critério prioritário dos eleitores na escolha de seus candidatos. Chegam a 46% os que pensam que Romney é um nome mais capacitado para acelerar a economia do país e elevar a oferta nacional de postos de trabalho. Os que pensam que Obama reúne as competências mais relevantes para enfrentar esse desafio são 42%.

Dos 12 temas percorridos pelos pesquisadores do Pew Center, Romney é visto como um nome mais forte do que Obama em apenas mais um: a redução do déficit público norte-americano. Para dois terços dos norte-americanos, Obama é considerado o mais indicado para atender as demandas dos mais pobres e 50% se vêem mais bem representados pelo atual presidente no que diz respeito à polêmicas como o aborto e a extensão de direitos civis a homossexuais.

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A AMPLA CIDADE



Rui Peralta

Israel

O Ministro israelita do Interior, Eli Yshai, conhecido por ser o porta-voz da campanha xenófoba de expulsão de trabalhadores estrangeiros é, ao mesmo tempo, o membro do governo que assina os vistos de trabalho para a importação de mão-de-obra barata provinda da China e do Sri-Lanka, para a construção civil. O ministro até recomendou aos seus colegas de gabinete que fossem aprovadas correcçöes nos acordos com a China, Moldávia e Sri-Lanka, para facilitar a importação de trabalhadores desses países.

Em Agosto de 2011, sob proposta de Yshai, o governo autorizou a importação de 6800 trabalhadores estrangeiros. Só que o Ministério da Economia, cujo ministro votara contra a proposta do seu colega do interior, conseguiu impor, por um acordo estabelecido com a Bulgária, que o governo desse prioridade aos trabalhadores Búlgaros. Só que as empresas israelitas de construção civil e as agências de contratação de mão-de-obra (quase todas propriedade das empresas de construção) fizeram pressão para que os contractos fossem efectuados com a China, fazendo fracassar o acordo. Isto porque cada trabalhador chinês, para além de vender a sua força de trabalho a um valor muito mais baixo do que um trabalhador búlgaro, paga cerca de 20 mil shekels de “prenda” para chegar a Israel, coisa que não existe na Bulgária. Ao importarem 6 mil trabalhadores da China, as empresas israelitas ganham 120 milhões de shekels, limpos de qualquer carga fiscal, antes mesmo de um trabalhador pegar num martelo.

Existe um consenso entre os economistas israelitas de que estas contractaçöes para a agricultura, construção civil e obras públicas, gera desemprego entre os trabalhadores israelitas e árabes. Só na agricultura foram assinados contractos com 26 mil trabalhadores tailandeses, deixando no desemprego milhares de mulheres árabes, que geralmente ocupavam essa função, fazendo disparar a taxa de desemprego entre a população activa feminina árabe de Israel, para 75%. Por outro lado as empresas pretendem apenas contractar nos países em que podem estabelecer os seus esquemas ilícitos de contractaçäo, gerando mais-valias ilícitas que são depois usadas na corrupção de funcionários israelitas e na constituição de lobys parlamentares e ministeriais.

Enquanto Yshai e seus acólitos adoptam discursos demagógicos e nacionalistas, em conjunto com a extrema-direita israelita, deixando no desemprego milhares de trabalhadores e expulsando milhares de sudaneses e africanos do país, abrem as portas á mão-de-obra escrava proveniente de países em que as facilidades de contractaçäo estão isentas de direitos e onde as máfias da corrupção dominam as saídas para o estrangeiro.

Ausência

Resta uma eternidade para o final da tua ausência. Deambulo pela cidade aguardando por um sinal da tua existência.

Os indígenas

As comunidade aborígenes, constituem 5% da população mundial e mais de 15% dos pobres do mundo. A maior proporção de indígenas encontram-se na China, cerca de 36%, seguindo-se a região da Ásia meridional, com 32%. A ONU estima a população indígena mundial em 350 milhões, todos eles marginalizados, económica, politica e socialmente. Daí ter posto mais enfase nos últimos tempos na temática das populações indígenas, criando através do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) o Foro Permanente para as Questões Indígenas, focado no aumento da participação política das populações indígenas. Este crescente interesse por parte da ONU, tem a ver com os Objectivos de Desenvolvimento para o Milénio, um enunciado da ONU para a redução da pobreza e a fome, educação, igualdade do género e sustentabilidade ambiental.

Na América Latina e no Caribe, em 2010, o número de pessoas que vivem com 1 USD ou menos por dia, duplica nas populações indígenas. A China foi o único país do mundo onde foi verificada a redução da pobreza nas populações indígenas, graças á aplicação de programas adequados. Nos USA 26% da população indígena vive abaixo do limite de pobreza. Em 2000 o Congresso aprovou a constituição de um fundo de mil e seiscentos milhões de USD ao Bureau de Assuntos Indígenas, para gestão de programas de educação, saúde e protecçäo ambiental, mas o fundo nunca chegou a ser constituído, por incumprimento do governo federal. No passado mês de Maio, o Tribunal Supremo ordenou o pagamento imediato desse fundo e a indeminização devido às tribos pelo atraso na constituição do mesmo, após uma luta de mais de 10 anos, travada pelos representantes tribais.

Ausência

Sinto-me um argonauta, navegando por mares adversos, um cosmonauta a percorrer universos, paralelos e omitidos, na tua pele castanha, com beijos incontidos. Vivo na ausência estranha.

O equinócio Primaveril

Uma revolução implica, necessariamente, o início de uma transformação radical (de raiz). É um processo profundo, em que as forças capazes da transformação destroem as velhas estruturas e constroem novas estruturas e no longo prazo implicam novas superestruturas em substituição das velhas superestruturas.

Nos países que passaram pelo processo denominado pelos media de Primaveras Árabes, os governos tombaram ante as revoltas, existiram alterações de pessoal, mas não existiram quaisquer alterações das estruturas. Os governos são os mesmos – com outras caras – os sistemas permaneceram intactos – mudaram apenas os actores – não existiram alterações aos sistemas económicos, nem nas componentes sociais, enfim, foi uma operação mais de “retoques e melhoramentos” do que o inicio de um processo revolucionário.

Na Tunísia, por exemplo, desde a queda de Ben Ali, as visitas de cortesia e os aconselhamentos forma muitos, desde Zapatero a Hillary Clinton, sempre bem recebidos pelos actuais actores, tais como o foram pelos anteriores. Outro exemplo, o Egipto, para onde Cameron não perdeu tempo a conhecer os novos governantes, mesmo que transitórios e estabeleceu pontes de relacionamento em todos os sectores e todos os sectores colocaram-se em bicos de pés para receberem Cameron.

O problema das Primaveras é o problema de separar o trigo do joio. Já vimos que na Tunísia e no Egipto o sistema económico mantem-se inalterável, o sistema politica não sofreu qualquer alteração de fundo, ou seja não existiram processo de democratização mas sim de liberalização. Ficou tudo mais ou menos na mesma, apenas mais liberalizado, por enquanto. Na Líbia, onde se falou muito em revolução e em revolucionários e forças revolucionarias, acabámos por assistir afinal a uma produção de série B da OTAN, em que foram assassinados milhares de cidadãos líbios, terminando o poder nas mãos de gente que, nos países da OTAN, estariam atrás das grades por andarem a vender droga nas ruas, ou a roubarem viaturas e assaltarem residências, para além de agredirem negros, á boa maneira dos skinheads do ocidente. De facto aqui poderemos dizer que existiram alterações profundas, pois em menos de nada a Líbia perdeu qualidade de vida e os cidadãos devem fechar-se a sete chaves, não vão os seus “revolucionários lideres” precisarem de dinheiro ou bens. Aqui houve uma mudança radical…para a barbárie.

Este tipo de mudança está, também, em curso na Síria. É um país que vive uma situação interna complexa e uma mais complexa situação externa. É que o problema das Primaveras tem muito a ver com os aproveitamentos geopolíticos externos, imperialistas, das dinâmicas sociais internas. A Síria, por si, não é um objectivo final, apenas um meio para atingir o objectivo. A soberania popular é que deverá decidir o presente e o futuro da Síria e não os bandos armados do Exército Sírio Livre, ou outras Otanices e Obamices. O governo sírio é legitimo, assim como legitima é a sua negação. O que é ilegítimo, irresponsável e criminoso é o aproveitamento dos interesses externos, alheios á Síria e para os quais esta não passa de um obstáculo – que até não é incontornável, só que fica mais perto e serve de campo de ensaio – onde podem ser colocados uns farsantes locais a fazerem o papel de revolucionários e preparando o país para a…barbárie.

Não estou a pôr em causa a revolta e o descontentamento. Pelo contrário. Penso que o maior amigo dos regimes injustos é o imperialismo, porque atrasa e falsifica os processos e obriga muitas vezes a alianças contra natura.

Por uma questão de respeito para com os sírios, deixemos a luta de classes seguir o seu caminho. A questão síria tem a ver com a Democracia. Todas as transformações revolucionárias que forem efectuadas na Síria representarão maior democratização. O resto ou é apenas liberalização e sai Bashar entra outro, ou a barbárie a que a OTAN sempre recorre quando não pode implementar “livres economias de mercado”.

Quanto às Primaveras elas estão sempre depois do Inverno e antes do Verão e são da mesma classe do Outono.

Ausência

E se o sol fosse de água e a lua de luz? Que voz gritaria a mágoa a que a pele conduz? E qual seria o meu pecado? Uma solitária reclusão num quarto fechado ou uma muda omissão?

India

Em 2009 o governo anunciou a instalação de forças paramilitares nos estados de Chhattisgarh, Orissa, Jharkland e Bengala Oeste. Três anos após um “conflito de baixa intensidade” o governo anuncia que vai colocar no terreno as forças armadas indianas, devido ao “intenso fluxo da guerrilha maoista” e que “a força aérea tem autorização para bombardear as áreas dominadas pela guerrilha”. Um dos maiores exércitos do mundo é assim mobilizado para combater a “ameaça” representada pelos pobres e famintos da India, uma “ameaça” ao “Bom clima para o investimento”.

Campas anónimas e não menos anónimas piras de cremação, espalham-se em Cachemira, Manipur e Nagaland, após cada “visita” do exercito às aldeias, ou após cada “voo de limpeza” sobre as áreas da guerrilha na floresta. Centenas de pessoas são diariamente detidas e interrogadas nas zonas da India Central, por serem suspeitas de “simpatias pelos maoistas” ou “militantes”. As prisões encontram-se cheias de adivasis, que para além de serem adivasis, não cometeram qualquer crime e nem sabem do que são acusados.

Depois surgem casos como o de Soni Sori, uma professora primária de Bastar, presa e torturada pela policia. Introduziram-lhe pedras pela vagina para que confessasse ser um “correio” maoista. Acabou por ser enviada, pelo médico da cadeia, para o Hospital de Calcutá onde lhe removeram as pedras. Levou o caso ao Supremo Tribunal, onde apresentou as pedras que lhe foram retiradas no hospital e o relatório médico. Mas o Supremo acabou por coloca-la de novo na prisão, a aguardar a conclusão do processo, tal como Ankit Garg, o Superintendente da Policia que conduziu o interrogatório a Soni e que foi condecorado por bons serviços nas cerimonias oficiais do dia da Republica.

Se ouvimos falar da reengenharia social e ecológica da India Central é graças á guerrilha. O governo não dá informações. Os memoranduns de entendimento säo secretos. Alguns órgãos de comunicação deixam transpirar, de quando em vez, noticias sobre o que se passa na região, mas é bom não esquecer que, para além da censura prévia militar a que são sujeitos os artigos escritos sobre o tema, grande parte dos media são propriedade de corporações com fortes interesses na cintura mineira como a RIL, que é proprietária de 27 canais de TV. Mas também existe o fenómeno contrário. O Dainik Bhaskar, por exemplo, um dos maiores jornais da região, com mais de 17 milhões de leitores, publicado em 4 línguas e vendido em 13 estados, é proprietário de 69 empresas nos sectores mineiros, electricidade, imobiliário e têxtil, tendo todas as suas empresas negócios e explorações na região da India Central.

E para terminar vou recorrer a Shakespeare: “Meu senhor, isto ainda não é a peça, é tão só um entremez.”

Fontes
Ethan Freedman; La mayoría de los indígenas está en la pobreza; http://www.rebelion.org
Asaf Adiv; Eli Yishai’s hidden agenda. Sudanese out Chinese in; http://www.haaretz.com
Arundhati Roy; Capitalism: A Ghost Story; http://www.zcommunications.org

Incidentes registados entre facções políticas em Díli foram controlados e “pacificados”



i online - Lusa

Divergências entre fações políticas timorenses culminaram hoje em apedrejamentos, cortes de estradas, carros queimados e alguns ferimentos sem gravidade em Díli, Viqueque e Baucau, revelou à Lusa o comandante Barradas do sub-agrupamento Alfa, em Díli.

Os incidentes terão sido suscitados após o anúncio de que a Fretilin não faria parte da coligação governamental que está a ser formada, na sequência das eleições legislativas realizadas a 07 de julho, em que o CNRT, de Xanana Gusmão, venceu, mas sem maioria absoluta.

Os incidentes tiveram lugar por volta das 19:00 em Díli (11:00 em Lisboa), obrigando à intervenção das autoridades policiais, com o envolvimento dos militares portugueses da GNR.

Pelas 23:00 em Díli a situação estava "pacificada", mantendo-se o patrulhamento da Polícia timorense, apoiada pelos militares portugueses da GNR, adiantou à Lusa o comandante Barradas.

O partido de Xanana Gusmão, que ganhou sem maioria absoluta as legislativas timorenses, decidiu convidar o Partido Democrático e a Frente Mudança para formar o próximo Governo, rejeitando uma coligação com a Fretilin, segundo fonte oficial.

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Jogos CPLP-Futebol: OURO PARA PORTUGAL PRATA PARA TIMOR-LESTE



Portugal de ouro

Miguel Henriques – Sapo Desporto, com foto

A seleção portuguesa de futebol derrotou Timor-Leste e garantiu o lugar mais alto do pódio nestes VIII Jogos da CPLP.

No Parque Municipal de Mafra assistiu-se à tão aguardada final do Torneio de Futebol entre Portugal - a certeza desta competição e Timor Leste – a surpresa.

Do início ao fim a formação orientada por Filipe Ramos dominou e controlou o jogo. Aliou a sua maior capacidade técnica e tática para contrariar a agressividade e capacidade física do adversário.

Ao minuto 30, o avançado do Benfica, Romário Baldé, deu vantagem à equipa das quinas, justificando o resultado por aquilo que Portugal produzia.

À entrada para a segunda parte, foi a vez de Rafa marcar, após um bom cruzamento de Bernardo na esquerda.

Os timorenses jogavam recuados, apesar da desvantagem de dois golos para depois saírem em rápidas contraofensivas. A estratégia estava montada mas não tinha sucesso, uma vez que Portugal fechava bem os espaços.

A segunda parte foi por isso mais sonolenta para quem se encontrava nas bancadas, uma vez que com uma vantagem de 2-0 Portugal diminuiu o ritmo de jogo, e as várias substituições processadas pelos dois técnicos ajudaram a descaracterizar o encontro.

Com esta vitória, Portugal sai dos Jogos da CPLP com a medalha de ouro no bolso, enquanto Timor-Leste arrecada a de prata, mas com um sabor muito especial, dado o pouco tempo de preparação que teve e a inexistência de um campeonato timorense juvenil.

*Título PG

Carros queimados é a expressão da violência que irrompeu em Timor-Leste




Michael Bachelard* – Sydney Morning Herald - 15 de julho de 2012 – Tradução PG

A violência irrompeu em Timor Leste, aparentemente iniciada pela Fretilin, partido  excluído de um novo papel na nova coligação de governo.

A polícia confirmou que cerca de 58 carros foram queimados e pedras jogadas sob tráfego da capital, Díli. A agitação também se espalhou para os distritos exteriores de Viqueque e de Baucau.

Um número elevado de carros foram incendiados e os boatos iniciais sugeriram que uma pessoa havia morrido no conflito no subúrbio de Díli, em Comoro, em frente à sede do partido CNRT, no entanto, isso agora parece duvidoso.

Fontes em Díli dizem que a maioria das principais estradas estão bloqueadas com patrulhas da polícia das Nações Unidas a tentar ter controlo sob a situação na cidade-capital atingida pela pobreza.

Os moradores também relataram o som de petardos e de tiros sendo os incidentes filmados em todo o subúrbio de Comoro.

A frágil democracia conseguiu este ano efetuar uma eleição presidencial com segundo turno eleitoral para presidente, bem como a eleição parlamentar sem violência significativa, mas o anúncio feito pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão de se aliar a dois partidos menores em uma coligação para formar governo para nos próximos cinco anos parece ter desencadeado uma resposta irritada de apoiantes da Fretilin.

Até agora, as esperanças eram elevadas no interior da Fretilin de que iam ser convidados a participar num "governo de unidade nacional".

Mas o Sr. Gusmão frustrou essas esperanças numa reunião especial do Congresso Nacional para a Reconstrução Timorense, em Comoro, Díli, ao anunciar que iria governar com o Partido Democrata e um novo partido que tinha rompido com a Fretilin, o Frenti-Mudança.

Fontes sugerem que a violência foi desencadeada por um dos delegados do CNRT na reunião que criticou fortemente os líderes e membros da Fretilin, que passou os últimos cinco anos na oposição.

Uma fonte disse que casas de propriedade de figuras do CNRT em alguns dos distritos periféricos podem ter sido incendiadas, mas tudo continua por confirmar.

Timor Leste foi devastado pela violência em 2006 e novamente em 2007, levando forças australianas e forças das Nações Unidas a estacionarem no país para ajudar a manter a paz.

O mais recente surto pode prejudicar os planos das forças de paz deixarem no final deste ano o país.

Na eleição da semana passada, o partido de Gusmão aumentou a sua votação de 24 por cento em 2007 para 36 por cento, 30 deputados. A Fretilin recebeu cerca de 30 por cento dos votos e 25 assentos no Parlamento, o PD (Partido Democrático) - apoiado pelo presidente cessante José Ramos-Horta - ganhou com 10 por cento de votos e oito lugares e Frenti-Mudança 3 por cento e dois lugares no Parlamento.

O secretário-geral do CNRT disse que vão formar uma coligação com o PD e o Frenti-Mudança no melhor interesse de um governo estável.

Um deputado da Fretilin, Estanislau da Silva, disse que não estava desapontado com a decisão do CNRT. ''Teríamos gostado de contribuir'', disse ele. ''Nós temos a experiência. Mas essa é uma decisão do CNRT".

A votação e as negociações foram vistas como um teste vital para saber se os 1300 soldados da ONU podem retirar-se do país. Eles são esperados sairem de Timor-Leste no final do ano.

*Com Mouzinho Lopes e Joyce Morgan em Dili

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Brasil: PARA AS MÃES DE MAIO DE 2006




Urariano Mota*, Recife – Direto da Redação

Recife (PE) - Seis anos depois dos crimes contra os pobres em São Paulo, com mais de 600 executados, as mães das vítimas ainda esperam justiça. Vale a pena recuperar um pouco aqueles dias.

Nas fotos do terror em São Paulo de 2006, nas primeiras páginas dos jornais não aparecia um só morto. De um só bandido morto, queremos dizer. Antes, no entanto, para os mortos do bem, as fotos existiam e foram publicadas. Houve fotos dignas, o pranto e a dor de famílias, das mulheres dos soldados mortos em combate. Era natural, era justo. “Por teu endurecimento, por teu coração impenitente, acumulas contra ti um tesouro de cólera para o dia da cólera, no qual se revelará o justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras”, dizia o outro São Paulo, na Epístola aos Romanos.

Nos registros de 18 de maio de.2006, noticiavam-se 120 mortos do mal, do lado do mal. “A reação da polícia aos ataques está sendo adequada”, responderam em pesquisa de O Globo 80% das pessoas. Com isso declaravam também que a reação do policial quando matava bandido era justa, boa, urgente e necessária. Era uma reação ditada pela moral e abençoada por Deus. Se uma parte ruim invadia o organismo, ela deve ser jogada ao fogo. O princípio universal do contraditório, de ouvir o outro lado, ontem e hoje nos jornais do Brasil não havia.

Na gênese das primeiras páginas dos jornais de São Paulo em 2006, tudo começara como uma resposta dos líderes do PCC contra a transferência dos seus para cárceres isolados. Então os delinquentes ordenaram, e quase todos presídios se rebelaram, e os ônibus foram queimados, policiais mortos, e o maior crime, queimaram agências de bancos. Bandidos contra o patrimônio, que sendo de bancos, seria público. São Paulo parou, como raras vezes na sua história, a maior cidade da América Latina parou. Por criminosos, toda a cidade esteve dominada. Um terror conforme a lei de bandidos. Os ratos escuros, a desordem oculta subira dos esgotos da metrópole. Isso exigia uma resposta urgente do poder público. Ninguém podia viver sob o terror.

Naquele instante, a imprensa brasileira mostrou como se usam as palavras, de costas para a realidade das praças e das ruas. Os policiais mortos pelos bandidos eram “vítimas”. De fato, eram vítimas. No entanto, os mortos que não eram da polícia se chamavam “suspeitos”. Executados à bala. Na hora do pânico, com a maior das tranquilidades, eram executados suspeitos! Com esta lógica: o policial tinha que se precaver (1); ele sabia onde estavam os suspeitos (2); não havia tempo para investigações (3); fogo no suspeito (4).

Se os suspeitos não éramos nós, se os suspeitos não eram os nossos filhos, que mal havia se entre dez bandidos uns cinco fossem mortos por hipótese? Fazia parte de uma lógica ainda mais infernal: os mortos, se não eram bandidos, mais cedo ou mais tarde iriam ser. Era um trabalho profilático, de saudável e científica prevenção. E sabem por que iriam ser da turma do mal, com vírus cortado em pleno desenvolvimento? – Eram jovens e negros os suspeitos. Eram moradores dos subúrbios periféricos os mortos. Se não creem no que escrevemos até aqui, leiam o que dizia o escritor Férrez, que morava num subúrbio periférico de São Paulo, em 17.5.2006 no seu blog:

“Atenção a todos os amigos.

Apelo a todos que acompanham esse blog, que nos ajudem a dizimar o que está acontecendo.

A Polícia Militar e a Polícia Civil, afetadas com a onda de matança, estão fazendo da nossa periferia um estado pra lá de nazista, já são mais de 100 ‘suspeitos’ assassinados, e nenhum deles é PCC .

Só de colegas foram mortos 4, isso pra não contar os que estão no hospital.

Nenhum deles tinha passagem, por isso apelo para que divulguem a real de que o acordo não foi feito com o povo, o povo tá morrendo, sendo baleado pelas costas, ao entregar pizza, ao voltar para casa.

A polícia covarde treme perante o olhar do ladrão, mas mata sem dó quem está simplesmente voltando para casa.

Isso é uma vergonha, e se é o trabalho deles, tá na hora da gente fazer o nosso, reagir com cidadania, mostrando que não queremos essa matança.

LEI MARCIAL PARA POBRES INOCENTES FOI DECRETADA.

Ferréz”

- Hoje, as últimas notícias dessa luta podem ser vistas aqui Clique aqui

* É pernambucano, jornalista e autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo.

O BRASIL ASSUME A SOBERANIA DA AMAZÓNIA AZUL? – II



Martinho Júnior, Luanda

4 – As características dos navios da classe Amazonas permitem assumir um conjunto alargado de missões que vão desde a fiscalização sobre as pescas, até o socorro a sinistros no mar ou em zonas costeiras.

No Brasil, como na maior parte dos países com acesso ao mar, a maioria da população habita regiões costeiras, onde aliás se disseminam as maiores metrópoles e por esse facto, os Navios de Patrulha Oceânica possuem também aptidões para fiscalização de portos, socorro a náufragos e socorro perante catástrofes nas orlas costeiras, o que é importante se tivermos em conta as abruptas transformações climáticas que estamos correntemente a assistir.

A classe Amazonas destaca-se da experiência Britânica com os similares da classe River, o que politicamente é em si uma contradição que não foi tida em conta neste caso pelo Brasil (a classe River tem assiduidade nas ilhas do Atlântico Sul sob domínio britânico).

A classe não se pode considerar especificamente como de navio militar, pois o armamento é ligeiro e as aptidões respondem a requisitos vocacionados para áreas civis, pelo que se pode considerar como um modelo avançado de polivalência adaptado a uma Zona Económica Exclusiva alicerçada na plataforma marítima continental. (“Offshore Patrol Vessels” – http://www.baesystems.com/product/BAES_027244?_afrLoop=30841059645000).

De forma a fazer-se a comparação e a justificação sobre a contradição, vale a pena conhecer o registo da incorporação do Amazonas na Marinha de Guerra do Brasil. (http://www.defesanet.com.br/naval/noticia/6559/NPaOc-Amazonas---Incorporacao-do-Navio-Patrulha-Oceanico-AMAZONAS-a-Marinha-do-Brasil).

“No dia 29 de junho, às 11h, em cerimônia presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante-de-Esquadra Fernando Eduardo Studart Wiemer, nas dependências da Base Naval de Portmouth, no Reino Unido, ocorrerá a Incorporação à Armada da Marinha do Brasil do Navio-Patrulha Oceânico Amazonas.

O navio, construído pela empresa BAE Systems Maritime – Naval Ships, recebe o mesmo nome da classe em que se enquadra, Amazonas, que contará com mais duas embarcações até 2013: Navio-Patrulha Oceânico Apa e Navio-Patrulha Oceânico Araguari, todos nomes de importantes rios brasileiros.

O navio teve sua construção iniciada em 15 de fevereiro de 2008, com o batimento de quilha em 15 de junho do mesmo ano.

Foi lançado ao mar em 10 de fevereiro de 2009 e sua construção foi finalizada em setembro de 2010.

As principais características do Navio são:

Comprimento Total: 90,5 metros
Comprimento entre Perpendiculares: 83 metros
Boca Máxima: 13,5 metros
Calado de Navegação: 6,0 metros
Deslocamento Carregado: 2.060 toneladas
Velocidade Máxima com 2 MCP: 25 nós
Raio de Ação a 12 Nós: 4.000 milhas náuticas
Autonomia: 35 dias
Capacidade de Tropa Embarcada: 39 militares
Capacidade de Transporte de Carga: 06 Conteineres de 15 toneladas
Armamento: 01 canhão de 30mm
e 02 metralhadoras de 25mm
Sistema de Propulsão: 2 Motores MAN 16V28/33D 7.350 HP
Geração de Energia: 3 Geradores CATERPILLAR de 550 kW
1 Gerador CATERPILLAR de 200kW
Tripulação: 12 Oficiais, 21 SO/SG e 48 CB/MN

Os Navios-Patrulha destinam-se ao patrulhamento das Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), devendo executar diversas tarefas, dentre elas a de, em situação de conflito, efetuar patrulha para a vigilância e defesa do litoral, de áreas marítimas costeiras e das plataformas de exploração/explotação de petróleo no mar e contribuir para defesa de porto; e, em situação de paz, promover a fiscalização que vise ao resguardo dos recursos do mar territorial, zona contígua e zona econômica exclusiva (ZEE), de repressão às atividades ilícitas (pesca ilegal, contrabando, narcotráfico e poluição do meio ambiente marinho), contribuir para a segurança das instalações costeiras e das plataformas marítimas contra ações de sabotagem e realizar operações de busca e salvamento na área de responsabilidade do Brasil.

O Navio-Patrulha Oceânico Amazonas foi projetado e construído para atender às necessidades de fiscalização de extensas áreas marítimas.

Devido à sua grande autonomia e capacidade de operar com aeronave orgânica (helicóptero) e duas lanchas, contribuirá com os demais navios da Marinha do Brasil na proteção e fiscalização de nossa Amazônia Azul.

Após a incorporação à Marinha, o Amazonas será preparado para navegar em direção ao Brasil, o que está previsto para ocorrer na primeira quinzena de agosto deste ano.

Em uma viagem de dois meses, o navio suspende de Plymouth, cumprindo o seguinte roteiro: Lisboa (Portugal), Las Palmas (Espanha), Mindelo (Cabo Verde), Cotonou (Benim), Lagos (Nigéria), São Tomé e Príncipe, Natal (RN), Salvador (BA), Arraial do Cabo (RJ) e tem como porto final, na primeira quinzena de outubro, o Rio de Janeiro (RJ)”.

5 – A Grã Bretanha possui navios similares, a classe River, que integra 4 Patrulheiros Oceânicos (HMS Clyde, HMS Mersey, HMS Tyne and HMS Severn).

Essa classe que tem sido também utilizada pela Grã Bretanha nas ilhas do Atlântico Sul, particularmente nas Malvinas, foi concebida no início do século XXI.

O Brasil, em Janeiro de 2011, em solidariedade com a posição da Argentina sobre as Malvinas, não havia autorizado o acesso do HMS Clyde ao Rio de Janeiro!... (“HMS Clyde” – Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/HMS_Clyde_(P257)).

A classe River está a ser lançada ao mesmo tempo que os navios de combate da classe 45 (do qual faz parte do HMS Dauntless), no quadro dum pacote integrado que responde ao actual programa de renovação naval britânico, que introduz as mais modernas tecnologias, uma das frotas mais potentes da NATO.

O Brasil adquiriu ainda aos britânicos (em 2008), o ex navio de apoio e auxiliar “Sir Galahad”, uma unidade construída em 1987 com o mesmo nome dum navio mais antiquado (1966) que foi afundado pela aviação argentina na baía de São Carlos, durante a Guerra das Malvinas. (http://en.wikipedia.org/wiki/RFA_Sir_Galahad_(1987)).

O Wikipedia faz constar a seguinte história do navio “Sir Galahad” que foi afundado pela aviação argentina na Guerra das Malvinas (http://en.wikipedia.org/wiki/RFA_Sir_Galahad_(1966)):

“Sir Galahad was active during the Falklands War, sailing from HMNB Devonport on 6 April with 350 Royal Marines and entering San Carlos Water on 21 May.

On 24 May 1982 in San Carlos Water she was attacked by A-4C Skyhawks of the Argentine Air Force's IV Brigada Aérea and was hit by a 1000 pound bomb (which did not detonate) then strafed by Dagger fighter bombers.

After removal of the unexploded bomb, she carried out supply runs to Teal Inlet along with RFA Sir Percivale.

On the 8 June 1982 while preparing to unload soldiers from the Welsh Guards in Port Pleasant, off Fitzroy, together with RFA Sir Tristram, the Sir Galahad was attacked by three A-4 Skyhawks from Argentine Air Force's V Brigada Aérea, each loaded with three 500 lb retarding tail bombs.

At approximately 14:00 local time RFA Sir Galahad was hit by two or three bombs and set alight.

A total of 48 soldiers and seamen were killed in the explosions and subsequent fire.

Chiu Yiu Nam a seaman on RFA Sir Galahad was awarded the George Medal for rescuing ten men trapped in a fire in the bowels of the ship”.

A contradição não deixa de ser sugestiva para o caso da emergência do Brasil, seus relacionamentos e para o Atlântico Sul: oferecer aos resíduos coloniais e de pirataria em relação às riquezas aquáticas e sub aquáticas (Malvinas incluídas), a oportunidade de fornecer unidades navais que visam precisamente combater entre outras missões essa pirataria, colocando-se de certo modo em dependência tecnológica, pode interessar muito às alas militares mais conservadoras e às elites financeiras componentes da oligarquia brasileira, mas interessará realmente ao Brasil?!...
Foto:

O Navio auxiliar Garcia d’Ávila é o antigo navio britânico “Sir Galahad” que sucedeu àquele com o mesmo nome que foi afundado na Guerra das Malvinas pela aviação argentina.

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