domingo, 10 de junho de 2012

“A ALEMANHA ESTÁ CHANTAGEANDO A EUROPA” - Errikos Finalis




Segundo a maioria dos meios de comunicação europeus, uma vitória da Syriza significaria a saída da Grécia do euro e a mais séria ameaça à sobrevivência da moeda única europeia desde seu lançamento no final dos anos 90. Em entrevista à Carta Maior, Errikos Finalis, membro do Secretariado Executivo da Syriza, fala sobre a situação política no país e critica a política do governo de Angela Merkel. "A Alemanha está chantageando o resto da Europa. Não tem nenhum direito de decidir se a Grécia segue ou não no euro".

Marcelo Justo, de Londres – Carta Maior

Londres - O atoleiro da eurozona é a segunda fase de uma crise que começou com o estouro financeiro de 2008 e mantém apreensiva a ordem mundial surgida com a queda do muro de Berlim. Uma das faces mais inesperadas deste conflito entre o velho e o novo que luta para nascer é a coalizão de esquerda grega Syriza.

Partido marginal antes da crise financeira, Syriza deu um grande salto com o desgaste dos dois partidos tradicionais gregos (a social democracia do Pasok e a direita conservadora da Nova Democracia) ante os drásticos programas de ajuste exigidos pela Troika (FMI, Banco Central Europeu e a União Europeia) em troca de um resgate para evitar que o país entrasse em moratória. Nas eleições de 6 de maio, esta coalizão de comunistas de várias colorações – maoístas, trotskistas e independentes – e verdes obteve 17% dos votos, quatro vezes mais do que tinha conseguido nas eleições anteriores.

Às vésperas das eleições de 17 de junho contam com aproximadamente 28% das intenções de voto e estão disputando cabeça-a-cabeça a liderança com os conservadores, a melhor carta que tem hoje a Troika para impor o ajuste. Segundo a maioria dos meios de comunicação europeus, uma vitória da Syriza significaria a saída da Grécia do euro e a mais séria ameaça à sobrevivência da moeda única europeia desde seu lançamento no final dos anos 90. Carta Maior manteve um longo diálogo telefônico com Errikos Finalis, membro do Secretariado Executivo da Syriza, que se manifestou comovido pelo apoio que tem chegado do Brasil, da Argentina e do resto da América Latina.

Como você define a Syriza?

A Syryza está em um processo de transformação. Somos uma coalizão de esquerda, mas estamos formando uma ampla frente popular para incorporar o apoio de novos setores sociais desde as eleições de maio.

Camponeses, operários, pequenos empresários, classe média empobrecida, jovens, muitos deles desempregados, formam hoje parte desta nova base da Syriza. Na Grécia foi rompido o contrato social. Nós queremos restaurá-lo sobre uma nova base. Nas últimas semanas realizamos mais de 300 assembleias populares para escutar o que as pessoas dizem e elaborar juntos uma solução para seus problemas.

Qual é sua plataforma econômica?

Nossa primeira medida será romper o memorando que o governo firmou com a Troika para receber o segundo resgate. A Grécia sofreu anos de recessão com estes programas de austeridade que só serviram para destruir nossa economia e nosso tecido social. Vamos congelar de imediato os cortes de salários e de pensões. Vamos frear as privatizações e reverter algumas que já foram feitas.

Os bancos que receberam ajuda estatal de aproximadamente 200 bilhões de euros e que, portanto, pertencem ao Estado, ficarão sob controle público. Precisamos reformar o sistema tributário que permitiu que as grandes fortunas gregas não paguem impostos. Quanto á dívida, suspenderemos de imediato o pagamento de juros. Queremos que haja um período de três anos de moratória para poder dialogar com todos os bancos e instituições e ver que parte da dívida já foi paga duas ou três vezes e que parte realmente é dívida. Queremos uma auditoria independente, um pouco ao estilo da de Rafael Correa no Equador, para decidir que dívida é legítima e qual não.

Essa agenda requer tempo e a Grécia parece não tê-lo. A Alemanha advertiu que o memorando não é negociável. A mensagem é que se a Grécia não reconhecê-lo estará fora do euro. Levando em conta que a Grécia importa quase todo o petróleo e os medicamentos, além de cerca de 40% de seus alimentos, o país não se exporá a um descalabro total se sair do euro?

Em primeiro lugar temos elementos muito importantes para negociar e evitar uma saída do euro que nós não desejamos. Em segundo, a política aplicada desde o ingresso da Grécia na Eurozona desmantelou o aparato produtivo grego, Nós éramos autossuficientes em nível alimentar. Não somos mais. Tínhamos uma indústria manufatureira débil, mas existente, que também foi duramente golpeada. Este modelo econômico fracassou.

Mas não foi obra da natureza. Fracassou por razões humanas que tem a ver com o modelo imposto pela União Europeia para nos transformar em um país de serviços que importa tudo. É necessário começar a recriar um modelo viável. Esta é a principal tarefa. A Alemanha está chantageando o resto da Europa. Não tem nenhum direito de decidir se a Grécia segue ou não no euro. Se usar um mecanismo ilegal para retirar-nos do euro, será um problema para o resto da Eurozona e não me refiro unicamente aos países do sul: a França também está muito exposta. A solução não pode ser unilateral, não pode ser o extermínio dos gregos. Para nós o dilema não é o euro ou o dracma. É sobreviver ou não.

O discurso dominante em muitas capitais europeias é que a Grécia tem que pagar por sua própria incompetência e corrupção. A diretora geral do FMI, Christine Lagarde, disse isso em uma recente entrevista ao The Guardian. Não parece haver muita margem para a negociação.

Estão usando a Grécia como cobaia de um experimento que, se funcionar, será aplicado no resto da Europa. Os argumentos que usam se sustentam graças a um bombardeio midiático que não hesita em difundir mentiras. A ideia de que os gregos trabalham muito menos que os alemães ou de que os aposentados alemães estão pagando pela aposentadoria antecipada dos gregos é um dos tantos mitos difundidos pelos meios de comunicação.

Segundo as estatísticas da Eurostat, a agência de estatísticas da Europa, os gregos são os segundos em horas de trabalho de toda a União Europeia. O mesmo ocorre com a aposentadoria. Na Grécia, a idade oficial de aposentadoria para os homens é de 67 anos e para as mulheres, 65 anos. É um regime mais estrito do que aquele existe em outros países da Europa e as aposentadorias que se cobram depois de 30 ou 40 anos de trabalho são muito piores. Mas, além disso, há um segundo fator que deveria liquidar esses mitos midiáticos de uma vez por todas. Os empréstimos da Troika apenas passam pela Grécia. Ficam literalmente dois dias antes que esse dinheiro vá para os bancos e para o FMI. O que a Troika está fazendo é salvar os bancos, não os gregos, muito menos os aposentados que sofreram um corte brutal em suas pensões.

Um dos perigos de uma situação difícil é a violência. A Grécia teve no século XX uma guerra civil e um golpe de Estado. E, nas eleições de maio, os neonazistas tiveram um considerável apoio que lhes permitiu ter representação parlamentar.

Os neonazistas aproveitaram a desorientação e o medo de um setor da população, mas não têm uma base social real. Com o passar dos dias, seu impacto eleitoral diminuiu, algo que será notado nas próximas eleições. Não resta dúvida que há aventureiros de todo tipo que querem desestabilizar para influir no resultado das eleições, mas os gregos não querem lutar entre eles. Querem uma solução para seus problemas. O que acontece é que as campanhas existem e fazem circular rumores como a ideia de um golpe de Estado. Não tem nenhum fundamento. O exército não vai repetir os erros do passado.

Vocês têm, então, confiança na vitória?

Não. Estamos trabalhando para ganhar as eleições, mas as forças internacionais que temos que enfrentar são muito poderosas e estão tentando aterrorizar o povo grego. Se conseguirem impor sua agenda, isso será só de modo temporário. Com esta política não poderão se manter no governo mais que alguns meses.

Muitas coisas que você relata lembram a situação que ocorreu na Argentina em 2001. Vocês também percebem esse paralelo.

Sim. Nós o temos muito presente. Neste momento, a Grécia se encontra em uma situação muito similar a que viveu a Argentina nos meses prévios à moratória com programas de austeridade com o selo do FMI que geravam desemprego e recessão. Sabemos o que ocorreu entre dezembro de 2001 e os primeiros meses de 2002. Queremos evitar uma moratória que é sempre traumática. Mas o que ocorreu na Argentina é uma inspiração também porque mostra que é possível sair dessa situação se se abandonar a política de austeridade. Muita gente da Argentina, do Brasil e de outros países da América Latina tem nos enviado mensagens de solidariedade. Eu quero agradecê-los. É muito alentador saber que, tão longe, muita gente se dá conta de que somos parte da mesma luta.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Governo e oposição trocam acusações após Espanha pedir empréstimo bilionário



William Maia – Opera Mundi

Premiê Mariano Rajoy colocou a culpa no antecessor, José Zapatero, por não ter pedido ajuda para recapitalizar os bancos

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, negou neste domingo (10/06) que tenha recebido pressão de outros países europeus para que pedisse ajuda na recapitalização dos bancos do país. "Quem pressionou fui eu", disse Rajoy em entrevista coletiva no Palácio de La Moncloa (sede do governo).

Nos últimos dias, Rajoy vinha negando a possibilidade de apelar ao empréstimo e chegou a dizer que o sistema financeiro do país era "fundamentalmente sólido". Hoje, o premiê espanhol reconheceu a gravidade do problema. "É um problema muito sério, que todo mundo sabe que existe".

Rajoy evitou a todo custo usar o termo resgate, preferindo falar em "linha de crédito". Neste sábado (09/06), o governo espanhol formalizou o pedido de resgate financeiro para salvar o setor bancário, que acarretará um empréstimo de até 100 bilhões de euros.

Segundo o premiê, o pacote de empréstimos da União Europeia será decisivo para salvar o setor bancário espanhol e já deveria ter sido aplicado. Perguntado por que o governo espanhol não solicitou o resgate ao setor bancário antes para evitar o agravamento do problema, Rajoy alfinetou seus rivais do governo antecessor, liderado pelo socialista José Luis Rodríguez Zapatero: "Pois eu também gostaria de saber por quê".

"Isto deveria ter ocorrido há três anos, mas as coisas são como são, e não como gostaríamos que fossem. Temos de tomar as decisões agora", acrescentou. Rajoy também disse que se não tivesse adotado políticas de austeridade fiscal desde que assumiu o poder, há cinco meses, "teria sido feita uma intervenção no Reino da Espanha"

As declarações de Rajoy geraram a reação da oposição. Líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Alfredo Pérez-Rubalcaba disse que seu partido trabalhará para evitar que o preço do empréstimo seja pago pela população espanhola. "O governo que nos fazer crer que ganhamos na loteria, que vieram os três reis magos", ironizou.

O socialista voltou a cobrar que o governo tome medidas para reativar o crescimento econômico do país, que enfrenta taxas de desemprego acima dos 20%. "Recessão com ajustes só gera mais recessão", disse Rubalcaba.

*Com informações da Efe e do El País.

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Esquerda tem maioria em primeiro turno das eleições legislativas francesas



Deutsche Welle

Comparecimento às urnas nas eleições legislativas na França foi menor do que no último pleito. Esquerda saiu vitoriosa neste primeiro turno. Resultado final garantirá a Hollande apoio para governar.

Segundo estimativas na noite deste domingo (10/06), os partidos de esquerda que sustentam François Hollande (o Partido Socialista, ao qual pertence o presidente, o Partido Verde e a Frente de Esquerda) alçancaram um total de 47% dos votos nas eleições legislativas francesas. A conservadora UMP, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, ficou com 35%. O partido populista de extrema direita Frente Nacional recebeu cerca de 14% dos votos.

O comparecimento às urnas foi de 60% dos votantes – um percentual menor que em 2007. Tradicionalmente, as eleições legislativas atraem no país menos eleitores que as presidenciais. Cerca de 45 milhões de franceses foram às urnas para eleger os 577 deputados da Assembleia Nacional.

O resultado final das eleições legislativas só será definitivo, contudo, depois do segundo turno do pleito, que acontece em uma semana. Para serem eleitos já no primeiro turno, os candidatos precisam de uma maioria absoluta – algo que poucos deles conseguem.

A troca de poder na Assembleia Nacional dará à esquerda francesa poderes para definir a política do país. Na segunda câmera do Parlamento (Senado), ela já conta desde o ano passado com esta maioria.

Alemanha observa

Quando um presidente não conta no Parlamento com uma maioria, os franceses definem a situação como "governo de coabitação". Isso seria para Hollande extremamente difícil. Com uma maioria de direita conservadora, ele teria que frear seus planos de reformas. Mas as pesquisas de opinião apontam para uma vitória certa de esquerda no segundo turno, não creditando ao UMP de Nicolas Sarkozy nenhuma chance de sucesso nas urnas. Até agora, o partido conservador do ex-presidente compunha uma maioria na Assembleia Nacional.

As eleições na França são também observadas com atenção na Alemanha. Depois que a premiê Angela Merkel perdeu, com a saída de Sarkozy do poder, seu mais fiel aliado na Europa, ela ficou praticamente sozinha na defesa de sua política linha-dura de austeridade.

Se a política de Hollande for corfirmada com uma maioria no Parlamento francês no segundo turno, o socialista terá maior aval internacional. Dentro da Alemanha, Merkel enfrenta também a resistência da oposição: com uma severidade até então nunca demonstrada, os social-democratas alemães criticam a política europeia de austeridade da premiê e defendem, como Hollande, um pacote de incentivo ao crescimento econômico com maiores investimentos por parte do Estado.

SV/afp, dapd, dpa

A EUROCOPA E A DIPLOMACIA DA BOLA


Pátria sem chuteiras. Na Ucrânia, bandeiras nazistas tremulam nas partidas de futebol. Foto: AP Photo/ Ukrinform

Michael Goldfarb* - The Observer, em Carta Capital

A Eurocopa 2012 deveria ser uma comemoração decisiva não apenas do futebol, mas também do renascimento da Polônia e da Ucrânia, os dois países que mais sofreram no conflito entre os polos gêmeos do totalitarismo no século XX: o nazismo e o comunismo soviético.

Mas uma escuridão ainda permeia os dois países. Em uma recente visita à Polônia e à Ucrânia, não pude deixar de me surpreender com isso. Em Varsóvia, que eu tinha visitado rapidamente 17 anos atrás, fiquei surpreso ao ver como o passado ainda envolve a fachada próspera da cidade.

Existem monumentos pesados e agônicos por toda parte: aos mortos no levante de Varsóvia, aos caídos e assassinados no Leste, aos mártires de Katyn. Cada passo dado pelo turista parece conduzi-lo em uma excursão pelo sofrimento polonês.

Em Lviv, na Ucrânia Ocidental, lugar que eu nunca havia visitado, encontrei a escuridão na alma das pessoas. A cidade sobreviveu ao pior da guerra. Seu centro medieval perfeitamente preservado é rodeado por um cinturão de grandes avenidas e arquitetura imperial austro-húngara.

Mas as várias conversas com habitantes de todas as camadas revelam que elas olham para o passado nos tempos difíceis. Talvez isso fosse de se esperar, dada a destruição catastrófica sofrida pelos dois países, mas levou muitos a uma visão de mundo que é uma perversão da regra de ouro: faça aos outros o que os outros fizeram a você.

Isso fica mais evidente na cultura que cerca o futebol. Racismo, xenofobia, ódio aos judeus, tudo se manifesta em campo. Por que esse ódio é tão forte faz os historiadores sociais arriscarem respostas.

Jan Olaszek, do Instituto Nacional da Memória da Polônia, diz: “As pessoas não conhecem a história. Elas conhecem estereótipos”. É o que está por trás de um dos mais estranhos fenômenos da vida contemporânea na Polônia, o que Olaszek chama de “antissemitismo sem judeus”.

A Polônia foi o centro do Holocausto. Virtualmente não restaram judeus no país, mas o antissemitismo persiste. É o que Olaszek quer dizer com estereótipos: “Alguns poloneses pensam que todos os judeus eram comunistas”. Zhid kommune (judeu comunista) ainda é um epíteto comum na Polônia. É um sinônimo da era soviética. Mas aí também está o velho estereótipo, e é o que se exibe nos estádios de futebol. Lá, “judeu” é um termo agressivo, uma maneira de dizer aos torcedores do outro time que não são realmente poloneses, que são outra coisa, algo menos que humanos.

A feiura é tolerada. Em Rzeszow, no ano passado, ergueu-se uma enorme faixa que dizia “Morte aos narizes de gancho”, ilustrada por uma caricatura grotesca de um judeu barbado com um longo nariz curvo, usando um yarmulke.

“Não havia judeus naquele estádio”, diz o ativista antirracismo Rafal Pankowski, editor da revista polonesa Nunca Mais. “Nem a segurança do clube nem a polícia pediram que os torcedores retirassem a faixa. No caso da segurança, talvez fosse insensibilidade: é assim que os torcedores agem em todo lugar, qual o problema?”

No caso da polícia, Pankowski indica que havia razões suficientes para retirar a faixa e deter os que a exibiram. “A manifestação antissemítica é contra a lei na Polônia.” Mas a polícia também poderia não ter visto que havia algo errado. Uma faixa como aquela é considerada normal.

O mesmo tipo de feiura existe do outro lado da fronteira, na Ucrânia, onde os torcedores se agridem chamando-se mutuamente de judeus. Mas na Ucrânia, ao menos, quem quer extrapolar o que acontece na sociedade de acordo com o comportamento das torcidas pode estar cometendo um erro.

“O foco no futebol é mal aplicado”, diz Danylo Mokrik, jornalista liberal de Lviv. “Os problemas da sociedade ucraniana estão em um nível mais profundo.”

Mokrik condena como sensacionalista a reportagem de Panorama, da BBC, que detalhou o racismo generalizado. “Aqui em Lviv quase não existem crimes de ódio racial violentos. Qualquer pessoa de qualquer cor pode assistir ao campeonato em segurança.” A verdadeira história na Ucrânia, na opinião de Mokrik, é sobre Yulia Tymoshenko, que salienta os problemas no topo da política local.

A ex-primeira-ministra Tymoshenko está na cadeia, condenada por “abuso de autoridade”. Líderes internacionais e grupos de direitos humanos são unânimes: as acusações foram forjadas e a líder política nacionalista deveria ser libertada.

Em Lviv, parei no mercado Halitski, onde encontrei duas mulheres chamadas Luba. A história recente estava evidente em seus sorrisos. Dentes metálicos da era soviética brilhavam quando elas riam. Uma Luba vendia legumes de sua horta, a outra vendia queijo feito em casa. Ambas estavam complementando suas aposentadorias e ajudando a sustentar seus filhos adultos.

“Eles foram à universidade e à escola técnica, mas mesmo assim não encontram emprego”, disse uma delas. “Os políticos fazem tudo para si próprios. São corruptos”, disse outra.
As estatísticas as confirmam. Pesquisas publicadas pelo grupo de professores Friedrich Ebert Stiftung, de Kiev, financiado por alemães, notou que em 2011 o PIB da Ucrânia cresceu 5,2%. A projeção para este ano é de que desacelere para 3,5%, porque o país, assim como o Reino Unido, faz comércio basicamente com a União Europeia.

Esses números fortes do PIB não se traduziram, segundo a reportagem, em “benefícios em termos reais para a população” e “não geraram empregos ou dotaram o orçamento de recursos”.

As Lubas sabem quem é o culpado. “O país ainda é conduzido pelos russos. O presidente é russo, o primeiro-ministro é russo.” Então quem elas apoiam politicamente? “Yulia”, é sua resposta.

Mas com sua opção nacionalista preferida na prisão elas estão transferindo seu apoio para o partido político ultranacionalista Svoboda.

O Svoboda é um sintoma mórbido. Enquanto algum tipo de nova ideia europeia de nação espera para nascer, o Svoboda prega uma noção mais antiga, catastroficamente fracassada, de nacionalismo de sangue e terra. É também o partido político de crescimento mais rápido na Ucrânia Ocidental.
Seus seguidores respeitam os veteranos da Halychyna, a brigada local das SS formada em 1943 para combater os soviéticos. Eles também prestam tributo à OUN e à OUP, milícias que praticaram uma campanha de limpeza étnica contra a população polonesa da região durante a guerra, que fazem os acontecimentos na Bósnia parecerem brandos: padres católicos foram eviscerados, aldeões foram reunidos em celeiros e igrejas e depois incendiados.

O quanto esses milicianos e as unidades das SS se sobrepunham é um tema de discussão, assim como a mistura com grupos anteriores que ajudaram os nazistas a assassinar mais de 95% dos judeus da região – cerca de 200 mil –, tarefa basicamente completada em apenas 18 meses, desde o início da Operação Barba Ruiva, em junho de 1941, até janeiro de 1943.

Os líderes do Svoboda admiram protonazistas como Ernst Jünger e são “compreensivos” com Goebbels. Eles falam em “pureza do sangue” e da Ucrânia como “uma raça, uma nação, uma pátria”.

“Somos contra a diversidade”, diz Yuri Michalchyshyn, o jovem chefe de propaganda do partido. “A Ucrânia é para os ucranianos.” Mas a verdade é que a Ucrânia como um país-Estado de sangue puro é mais uma ideia que um fato histórico.

Durante mais de 500 anos a parte ocidental ao redor de Lviv, que se chamava Galícia, foi governada ou pela Polônia ou pela Áustria-Hungria. Na época da invasão nazista, era um dos lugares mais diversificados da Europa. Lviv, era aproximadamente, 55% polonesa, um pouco mais de 30% judia e perto de 12% ucraniana. Também havia tártaros e russos a viver na região. Hoje ela é 90% ucraniana.

A ideologia intolerante do Svoboda só foi elevada por causa da inépcia e da corrupção do establishment político pós-soviético da Ucrânia.

“Se os partidos democráticos fossem eficazes, ninguém votaria no Svoboda”, diz o vice-reitor da Universidade Católica da Ucrânia, Myroslav Marynovych, que passou dez anos no gulag soviético por causa de suas atividades nacionalistas.

Se houvesse uma política efetiva na Ucrânia, o Svoboda poderia ser reduzido a seu núcleo: os seguidores mais velhos do grupo SS e os integrantes dos ultras, que incluem os torcedores do time de futebol Karpaty Lviv. Seus vídeos em alta definição no YouTube são assustadores, assim como os comentários que endossam seus sentimentos racistas, que vêm de toda a Europa Ocidental, como este: “Continuem com o bom trabalho, senão seu país se perderá para sempre sou da Inglaterra … kateithesinger123”.

Mas, por enquanto, a política efetiva na Ucrânia não existe, por isso a mentalidade racista se firma entre a geração mais jovem.

A feia xenofobia mantém torcedores de fora da Polônia e da Ucrânia longe da Euro 2012, mas o ativista antirracismo Pankowski vê o torneio como um evento histórico. “Ele obriga as pessoas a ter um confronto positivo com o multiculturalismo.”

Pela primeira vez na Polônia, afirma Pankowski, há um debate nacional sobre o que significa o multiculturalismo. “Precisamos garantir que não seja um debate apenas para este mês, mas que continue.”

*Michael Goldfarb é escritor, jornalista e radialista.

** Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Portugueses "não podem ser demasiado otimistas" sobre Macau - Casa de Portugal



FV - Lusa

Macau, China, 10 jun (Lusa) - A presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM) disse hoje que as pessoas não podem ser demasiado otimistas" ao quererem emigrar para Macau porque há "dificuldades linguísticas" que limitam o acesso ao mercado de trabalho.

"As pessoas não podem ser demasiado otimistas e não podem pensar que Macau é a solução para tudo. Não é, e quando chegam aqui enfrentam algumas dificuldades. De qualquer modo, Macau só tem a ganhar entrosando as pessoas que vão chegando com preparação e 'know-how'", disse Amélia António, à margem das comemorações do 10 de junho.

A presidente da CPM respondia assim a uma questão sobre a nova vaga de emigrantes portugueses para Macau, mostrando "cautela" sobre as expetativas dos que depositam esperanças no desenvolvimento económico da Região em contraste com a crise em Portugal e na Europa.

"Eu não sei se há espaço para toda a gente. Sou muito cautelosa nesse tipo de observação porque acho que Macau precisa de gente qualificada e de know-how e a emigração que temos tido para Macau nos últimos tempos é de gente jovem, qualificada, capaz de dar um bom contributo a Macau", afirmou.

Por outro lado, explicou, "há problemas linguísticos e há problemas de acesso ao trabalho porque este tipo de pessoas que chega qualificada, mas não dominando a língua local, tem grandes dificuldades de enquadramento em instituições oficiais e fica com o seu universo de trabalho um bocado limitado à área privada".

"E a área privada que domine a língua portuguesa não é tão grande, e muitas das empresas de Macau, mesmo que usem o inglês, não estão tão vocacionadas para terem pessoal tão qualificado ou tão especializado, o que faz com que nem sempre seja fácil enquadrar os que vão chegando", acrescentou.

Apesar das dificuldades, a presidente da CPM observou, no entanto, que "Macau só tem a ganhar em entrosar" esta nova vaga de mão-de-obra e frisou que a comunidade portuguesa "está muito ativa" e "é parte integrante" da Região.

Amélia António sublinhou ainda o "enorme esforço em juntar as sinergias das várias instituições para que não fosse o 10 de Junho apenas, mas para que fosse um período mais alargado", ao fazer referência à quinzena cultural intitulada "en-Cantos", organizada em conjunto com o Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Instituto Português do Oriente (IPOR), e a decorrer desde sexta-feira, com espetáculos de música, teatro e exposições.

"Nada melhor do que o mês de junho com o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades para fazer essa afirmação e para que se perceba que estamos a trabalhar, e o contributo cultural que Portugal pode dar a Macau", salientou.

CPLP: Segurança alimentar na agenda da cimeira de Maputo -- MNE moçambicano



LAS - Lusa

Maputo, 10 jun (Lusa) - A segurança alimentar vai ser um dos pontos fortes da agenda da cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 20 de julho, em Maputo, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Balói.

"Obviamente que a cimeira vai abordar e reforçar todos os aspetos de coordenação política e de cooperação no seio da comunidade mas terá um enfoque particular na segurança alimentar e nutrição", disse Balói.

"Temos que coordenar os nossos esforços para alcançarmos os Objetivos do Milenium em 2015", exortou Balói.

Na cimeira, que decorrerá sob o lema "A CPLP e os desafios na Segurança Alimentar e Nutrição", Moçambique vai assumir a presidência rotativa da organização de países lusófonos.

Segundo referiu o chefe da diplomacia do governo de Maputo, a presidência moçambicana será marcada pelo reforço da coordenação entre os estados nas áreas da educação e saúde, ambiente, género e juventude.

Na cimeira participam os oito estados membros e três observadores (Guiné Equatorial, Senegal e Maurícias) e será abordada a situação na Guiné Bissau, a promoção da Guiné Equatorial e estados membros e o cada vez maior número de países que requerem o estatuto de observador da CPLP, adiantou Balói.

Portugueses em Maputo destacam qualidades de Moçambique como país de emigração



ENYP - Lusa

Maputo, 10 de jun (Lusa) - Centenas de portugueses reuniram-se hoje em Maputo para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e destacaram as qualidades de Moçambique como destino de emigração.

A Escola Portuguesa de Moçambique foi transformada no palco das festividades do 10 de Junho, num evento que conta com uma feira empresarial, onde estão presentes mais de 60 empresas luso-moçambicanas, e várias atividades gastronómicas e culturais.

"A comunidade portuguesa está muito bem vista cá. Penso que Moçambique é um país de brandos costumes. O mais importante é perceberem (os portugueses emigrantes) que isto é um país estrangeiro, que não é Portugal", disse à Agência Lusa, Elsa Santos, proprietária de um centro empresarial.

Assinalando a "simpatia" e a "generosidade" do povo moçambicano, Elsa Santos sublinhou que os portugueses que escolham como destino de trabalho Moçambique devem trazer "boa vontade e pensarem que têm pelo menos dois anos para se adaptarem" ao país.

"Para eles se adaptarem, têm de se entender muito bem com os moçambicanos. O moçambicano é humilde. Se eles forem humildes como eles, vão longe", disse a empresária portuguesa.

Há um ano em Moçambique, Amélia Sobral visitou pela primeira vez a festa da comunidade portuguesa, apontando o espírito de solidariedade e entreajuda dos portugueses residente no país.

"Aqui (em Moçambique), aprendemos a dar valor a coisas na vida que não damos enquanto estamos na Europa. Voltamos às nossas origens e às coisas básicas. Uma das coisas que é importante, é a amizade. Conseguimos ter nos nossos amigos a nossa família", disse à Lusa Amélia Sobral.

Não me sinto insegura nesta cidade (Maputo), nem hostilidade. Sinto que as pessoas têm vontade de aprender. É isso que nos têm transmitido e que nós estamos cá para lhes dar esses ensinamentos", acrescentou.

Além da vaga de emigração que se assiste, a crise económica e financeira que Portugal atravessa é também visível nas ajudas sociais portuguesas a Moçambique, que têm vindo a ser reduzidas.

Em março deste ano, a Agência Lusa noticiou a "situação crítica" que se vivia na Casa do Gaiato de Moçambique, resultado do corte nas ajudas de Portugal à instituição social.

"Neste momento, ainda estamos com uma situação delicada, mas com a promessa de alguns apoios de Portugal e de Moçambique. Muitos amigos já nos contactaram e levaram as nossas preocupações. Estamos gratos por esta sensibilidade e este apoio", disse Quitéria Torres, responsável da instituição.

Instada a comentar se a crise vai afetar negativamente as relações de solidariedade de Portugal para com Moçambique, a religiosa afirmou que a nação portuguesa "jamais ficará insensível às necessidades" do povo moçambicano.

Segundo Graça Pereira, cônsul de Portugal em Moçambique, a festa da comunidade portuguesa vai ainda dar "as boas vindas" à próxima presidência moçambicana da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), que se inicia em julho.

Moçambique: Novas multas contra ruído prometem sossegar as noites de Chimoio



André Catueira, da Agência Lusa

Chimoio, 10 jun (Lusa) - De manhã, à tarde e à noite soam cornetas, geralmente penduradas nas árvores, por toda a cidade de Chimoio, em Manica, centro de Moçambique, anunciando a venda de bebidas de fabrico caseiro e causando poluição sonora.

A bebida, feita em tambores de 200 litros em várias residências, é vendida nas barracas em latas de refrigerantes de várias marcas e os clientes, sem exigência de conforto, bebem-na em canecas, sentados no chão, enquanto assistem aos passos de dança de quem está na "pista", mergulhado na poeira.

"Aqui encontro a única maneira de me divertir, já que não posso frequentar bares e restaurantes e não tenho dinheiro para comprar cerveja", desabafa à Lusa Esteva Nunes, um estivador do mercado central, enquanto ensaia a caneca de Fanta laranja na mão, cheia de "dhoro".

Nhamaonha, 7 de Setembro, 16 de Junho, Chinfura e 25 de Junho lideram a lista dos bairros da cidade de Chimoio que mais poluem com som, por causa da venda de bebidas alcoólicas.

Nestes bairros, o índice de criminalidade não sossega a polícia, o que levou as autoridades municipais a agravarem as multas por poluição sonora.

"Muitos violavam a lei de forma propositada, ou seja, faziam barulho e pagavam a multa e retomavam a fazer barulho, por isso a revisão das multas. Agora é multado, à segunda e terceira vez paga o dobro e à quarta é-lhe confiscado o aparelho", disse à Lusa Raul Conde, edil de Chimoio, que vê na medida a forma de sossegar os munícipes.

As multas "irrisórias fazem com que a legislação em vigor na autarquia seja "marginalizada" pelos fabricantes e vendedores de bebidas, que chegam a amanhecer tocando música bem alta, apoiada por cornetas, contrariando a postura urbana que determina as 21 horas (22:00, ao fim de semana) como o limite das "farras".

A atual legislação prevê uma multa de 30 meticais (0,8 euros) para quem infringir as regras, o que faz com que muitos transgridam a lei de forma deliberada, para venderem mais, pagando multas de forma constante.

Durante uma noite, de fim de semana, um vendedor consegue "despachar" até 140 litros de "dhoro", feito de farelo de milho e açúcar, o que equivale a ganhar 2240 meticais (62,2 euros) ou, ainda, vender cerca de 20 litros de "cachaça", por 800 meticais (22,2 euros).

Esses números levam muitos a arriscar a pagar multas e "ganhar a freguesia", que acorre mais aos locais à noite.

As novas multas, que vão este mês à Assembleia Municipal, preveem coimas de 250 meticais (14,4 euros) para quem tocar a musica além da hora.

O dobro do valor será aplicado ao que infringir pela segunda ou terceira vezes. Se voltar a violar pela quarta vez, será confiscado o aparelho, sem direito a recuperação.

"É a maneira que encontrámos para fazer valer a lei. A medida será acompanhada de forma rigorosa com a polícia municipal, que irá trabalhar para o cumprimento da postura urbana", prometeu Raul Conde.

Quem passa as noites em branco devido ao barulho, aplaude a medida, que não agradou aos fabricantes e vendedores de bebidas, que a consideram demasiada exagerada e uma forma de as deixar "sem pão na boca".

"Se assim for, acho que vão recuar. Que vendam as bebidas de dia e à noite nos deixem descansar. Enquanto tocam as cornetas não dá para pregar olho, piora com a onda de roubo. Acho que os ladrões se acomodam nestes lugares, para chegarem à hora de ação", disse Rodrigues Alfredo, morador do bairro 7 de Setembro.

"Isso vai-nos deixar sem pão na boca. Os potenciais compradores vêm mais à noite, porque de dia estão a fazer biscates, e recorrem a estas bebidas porque não têm dinheiro para comprar cervejas, vinhos e uísque. Isso penaliza a nós e nossos clientes", disse uma vendedora que apenas se identificou como Kiri.

São Tomé: Congresso do MLSTP, principal partido da oposição, elege nova direcção



MYB - Lusa

São Tomé 09 jun (Lusa) - O V congresso extraordinário do Movimento de libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), principal partido da oposição são-tomense, elegeu hoje Jorge Amado como novo presidente do partido.

Osvaldo Vaz ocupará o cargo de vice-presidente e Fernando Maquengo o de secretário-geral.

Inicialmente estavam desenhadas duas listas, lideradas respetivamente por Jorge Amado e Osvaldo Vaz irem a votação do congresso, mas os dois candidatos chegaram a consenso e fizeram uma única lista, explicou Guilherme Pósser da Costa, presidente da mesa da assembleia do congresso.

No congresso participaram também representantes dos partidos políticos de Angola (MPLA), da Guiné Equatorial (PDGE), do Congresso Nacional Africano (ANC) e de todos os partidos políticos são-tomenses.

Dois discursos marcaram este quinto congresso extraordinário do MLSTP-PSD. O primeiro, do representante do partido da Convergência Democrática (PCD), o segundo, do maior partido são-tomense da oposição.

"Queremos que a casa seja arrumada e estamos convencidos que o MLSTP saberá arrumar a casa para que possamos [toda a oposição] falar a uma só voz", apelou Sebastião Santos aos congressistas.

"Nunca o país teve um governo nesta chamada segunda república que teve tanto tempo de tolerância para governar. Nunca nenhum governo teve tanta oportunidade e tanta benevolência como este governo", lembrou o representante do PCD, que se referia ao governo do primeiro-ministro Patrice Trovoada.

"Pediram: deixam-nos governar e nós deixamos, mas não estão a governar, estão a desgraçar o país", sublinhou Sebastião Santos.

O MLSTP acusou o governo de provocar a subida do índice da pobreza que "aumentou nos últimos dois anos de 54 por cento para 66 por cento", e de permitir o aumento do paludismo cujas "conquistas alcançadas não foram consolidadas".

"Existe uma clara desaceleração da economia, várias empresas entraram em falência, a insegurança alimentar aumentou e é urgente travar o nível de degradação económica e social do nosso povo", diz Jorge Amado eleito presidente do principal partido da oposição.

Jorge Amado disse que o país se confronta com um conflito permanente entre órgãos de soberania, não promove a estabilidade duradoura, a boa governação e o Estado está cada vez mais fragilizado.

"Por isso, o MLSTP propõe que sejam adotados mecanismos necessários para a clarificação do sistema de governação", defendeu.

Propõe ainda uma "reforma profunda no sistema de justiça", mesmo que para isso "seja necessário rever a Constituição".

O novo presidente dos sociais-democratas prometeu dar uma atenção especial à bancada parlamentar do seu partido: "Seremos uma oposição inabalável, sistemática e firme, faremos um combate cerrado contra toda a forma de corrupção", concluiu.

Autógrafos de Jorge Jesus ajudaram a ultrapassar derrota de Portugal em Luanda



EL - Lusa

Luanda, 09 jun (Lusa) - Muitos portugueses e angolanos que hoje assistiram, num restaurante da ilha de Luanda, à derrota de Portugal frente à Alemanha no Europeu de futebol, aproveitaram a presença do técnico do Benfica, Jorge Jesus, para salvar a noite e ganhar um autógrafo.

De férias em Luanda, a dias de regressar a Lisboa, Jorge Jesus foi a atração para quem conseguiu reservar mesa no Lookal, que hoje teve lotação esgotada, à semelhança de outros espaços públicos da capital angolana.

Após uma tarde a convidar para uma ida à praia, com 30 graus de temperatura máxima, quem quis assistir fora de casa ao jogo, distribuído unicamente por cabo, teve de fazer reservas nos restaurantes que aproveitam o Euro2012 para o negócio.

Em Luanda, além dos bares, hotéis e restaurantes que montaram grandes ecrãs para se assistir à prova, também as casas do Benfica, Porto e Sporting foram porto de abrigo para quem quis ver o jogo.

Voltando ao Lookal, no final do jogo, em declarações à Lusa, Jorge Jesus reconheceu que o facto de ser treinador do Benfica lhe traz notoriedade acrescida.

"Ser treinador do Benfica é uma coisa completamente diferente, em toda a parte do mundo. Onde eu vou, graças ao Benfica, sou reconhecido, não por ser o Jorge Jesus, mas por ser o treinador do Benfica", disse.

Quanto ao jogo, o técnico encarnado destacou o defesa Fábio Coentrão.

"Sem ser tendencioso, o Fábio foi o nosso melhor jogador da seleção, porque ele tem uma mentalidade muito forte. É um ganhador nato", considerou.

Quanto à passagem de Portugal à fase seguinte da prova, Jorge Jesus acredita que ainda é possível.

"Faltou à gente ter uma liberdade mais forte no jogo para podermos, se calhar, ter chegado ao fim e ter um resultado diferente. Os alemães respeitaram-nos também muito e tiveram um bocadinho de sorte no golo. Mas também penso que este jogo demonstrou que Portugal tem todas as chances ainda de ser apurado", concluiu.

Atualmente vivem em Angola cerca de 150 mil portugueses, a maioria dos quais na região da capital.

Euro2012: DERROTA PORTUGUESA POUCO SOFRIDA EM BISSAU ÀS ESCURAS



FP - Lusa

Bissau, 09 jun (Lusa) - A derrota de Portugal frente à Alemanha no Europeu de futebol foi esta noite pouco sofrida em Bissau, por falta de acesso a canais televisivos que transmitissem o jogo e a crónica falta de luz.

Em Bissau, os canais mais vistos são a RTP-África e a TGB (Televisão da Guiné-Bissau), mas nenhum deles transmitiu o jogo. Ainda assim, portugueses e guineenses, sobretudo os segundos, procuraram os poucos cafés que preenchessem os dois requisitos básicos: ter gerador e ter televisão com mais canais.

Foi assim no Bar Djabaté, especialista em assados, com dezenas de guineenses de pé, longe das mesas (para assim não ter de consumir) a ver o jogo e a torcer por Portugal. Ainda gritaram "golo" quando Pepe quase meteu, perto do intervalo, ainda discutiram se a bola teria entrado ou não, mas, de resto, o jogo foi visto quase em silêncio.

O mesmo no Ponto de Encontro, outro café com televisão, apinhado de guineenses "portugueses" e tranquilos. E nem quando a luz se foi durante alguns minutos se incomodaram, sabendo que era só o tempo de ligar o gerador.

No Oporto, outro restaurante de Bissau, a afluência foi pouca. Na mesa do centro, o cônsul da Alemanha, tranquilo, parecendo mais interessado no "pica-pau" e na cerveja. Mas tinha "claque". Do lado de fora um pequeno grupo de guineenses festejou ruidosamente o golo alemão. O cônsul ainda lhes fez um gesto de agradecimento e voltou ao "pica-pau".

A Adega do Loureiro foi o restaurante mais português de Bissau. Gritou-se, utilizou-se largamente o português vernáculo, bebeu-se cerveja (portuguesa) e comentou-se, no fim, a injustiça do resultado.

Nos quatro locais onde a agência Lusa assistiu ao jogo, com exceção do pequeno grupo "alemão" no Oporto, foi por Portugal que se torceu. Não é de estranhar na Guiné-Bissau, onde são conhecidas as preferências pelos clubes portugueses da população, incluindo os dirigentes políticos.

A noite de Bissau é demasiado escura para se perceber por quem torciam os outros guineenses, sentados à porta de casa, agarrados aos pequenos rádios. Embora não seja difícil adivinhar.

Guiné-Bissau: Presença da Missang custou 10 milhões de dólares a Angola



EL - Lusa

Luanda, 10 jun (Lusa) - A manutenção de 270 militares e polícias na Guiné-Bissau, no âmbito da presença da Missang, custou 10 milhões de dólares (cerca de 8 milhões de euros) A Angola, noticia hoje o Jornal de Angola.

Daquela verba constam ainda os gastos resultantes com a execução de vários projetos para os setores da Defesa e Segurança guineenses, acrescenta o diário estatal angolano, que cita o tenente-general Gildo dos Santos, comandante da Missang.

A Missão de Angola na Guiné-Bissau foi criada ao abrigo de um protocolo assinado entre os dois países, no âmbito da ajuda de Angola ao Programa de Reforma das Forças Armadas Guineenses.

O programa, interrompido na sequência do golpe de estado executado a 12 de abril passado e que depôs o Presidente da República Interino, Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, estava orçamentado em 13 milhões de dólares e incluía a reparação de quartéis militares e esquadras policiais, a reorganização administrativa, a formação técnica e adestramento militar, bem como a formação de efetivos em instituições de ensino militar e policial em Angola.

Na sequência da chegada, sábado, a Luanda dos últimos militares angolanos que se encontravam estacionados em Bissau, o Governo divulgou um comunicado em que manifesta ter cumprido o seu dever.

"Apesar de não ter sido concluído o programa previsto no acordo e no protocolo, por razões alheias à sua vontade, o Governo angolano retirou a Missang com a firme e inequívoca convicção de dever cumprido", lê-se no comunicado.

O documento acrescenta que a Missang soube "preservar a atitude de equidistância em relação a todas as partes e de não ingerência nos assuntos internos da Guiné Bissau, mantendo a frieza necessária, mesmo perante as provocações inusitadas daqueles que pretendiam justificar a ilicitude dos seus atos".

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, e o comandante geral da Polícia Nacional, comissário-geral Ambrósio de Lemos, receberam os efetivos regressados de Bissau.

A Missang foi substituída por forças da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), comandadas pelo tenente-general Guibanga Barro, do Burkina Faso.

OS FILHOS DA MÃE E OS FILHOS DA… OUTRA



António Veríssimo

O primeiro-ministro de Espanha anunciou que a intervenção de ajuda da União Europeia ao seu país, no valor de 100 mil milhões de euros, não implica mais medidas de austeridade e que quem vai pagar a fatura é a banca porque se trata de uma operação de recapitalização da banca. Os moldes do empréstimo e as condições aparentam em tudo ser diferentes das que foram impostas aos países europeus mais causticados pela “crise”, a Irlanda, Portugal e a Grécia.

De imediato a Irlanda veio dizer que quer ter as mesmas condições que Espanha, que pediu ajuda aos parceiros europeus para salvar a banca do país sem cumprir qualquer programa de austeridade imposto. Levantando ainda outra questão: “sobre a necessidade de obter retroativamente um acordo similar ao de Espanha”.

Aparentemente as condições proporcionadas à Espanha são completamente diferentes (para melhor) das que a UE impôs aos restantes países em “crise”, o que deixa um indicativo de que na agremiação europeia uns são filhos e outros enteados. Uns são filhos da mãe e outros são filhos da outra. Da puta. É o caso de Portugal, da Irlanda, da Grécia e de quem mais vier dos países que estão com a troika de agiotas a invadir-lhes a soberania que Espanha soube tão bem defender.

Apesar de Espanha ter um governo de direita facto é que não está permeável à invasão de troikas nem de imposições alemãs como o vende pátria Passos Coelho, que é um reconhecido alinhado com Merkel e adulador da austeridade que lhe permite tecer legislação e medidas que visam o esclavagismo e autêntica subvivência de miséria dos portugueses. Com legitimidade devemos acreditar que Passos Coelho e o seu bando devem ser apátridas e que por isso, devido a essa particularidade, impõe, sem rebuço, antes pelo contrário, a supressão de feriados que marcam historicamente a portucalidade, a nacionalidade que o povo português defendeu com sacrifício de vidas, como é o caso do dia da Implantação da República, 5 de Outubro, ou da Restauração de Portugal no 1º de Dezembro de 1640, quando os portugueses expulsaram de Portugal o ocupante da coroa espanhola que por 60 anos nos subjugaram. Mas isso para Passos e seu séquito, incluindo Cavaco Silva, rasco presidente de uma República de que não se comemora devidamente o dia da implantação, pouco ou nada importa. O negócio deles é números, não marcos históricos, nem a soberania nacional, nem pessoas, nem os direitos dos cidadãos, nem a democracia, nem a equidade, nem a justiça. Pelo visto em suas práticas o importante não é o país mas sim a defesa dos interesses de uns quantos que cumprem o dito, os tais “cada vez mais ricos por que os pobres ficam cada vez mais pobres”.

Passos declarou há pouco à TSF, de rompante e secamente, que “Portugal não vai pedir renegociação de condições de empréstimo”, acrescenta a TSF que “O chefe do Governo admite contudo que se Espanha tiver “condições mais favoráveis do que aquelas que se verificam para Portugal ou Irlanda terá de ser feito um ajustamento”. Não tem sido por acaso que a imprensa estrangeira classifica Passos como um incondicional fã das políticas de Ângela Merkel, e assim temos visto. Para ele é completamente indiferente que uns sejam objeto de trato de filhos da mãe e outros, os portugueses, tratados como filhos da puta… Verdade que depois lá adiantou mais umas palavras, dando o dito por não dito, compondo o ramalhete, bem ao estilo do Bando de Mentirosos e Trafulhas. A notícia está a seguir. E a que refere Passos um fanático alinhado da austeridade e de Merkel também.

E assim vai Portugal. Uma reduzida minoria muito bem, a vasta maioria muito mal.

Portugal não vai pedir renegociação de condições de empréstimo, garante Passos



TSF

O chefe do Governo admite contudo que se Espanha tiver «condições mais favoráveis do que aquelas que se verificam para Portugal ou Irlanda terá de ser feito um ajustamento».

O primeiro-ministro assegurou que Portugal não vai pedir uma renegociação das condições do empréstimo financeiro concedido pelas instituições internacionais, isto após o apoio dado pelos parceiros europeus ao setor financeiro espanhol.

Após as comemorações do 10 de junho, Pedro Passos Coelho sublinhou que «não há nenhuma razão para pedir flexibilidade para o programa português pelo facto de Espanha precisar de recapitalizar a sua banca recorrendo à ajuda europeia».

«Se no âmbito desse processo porventura existirem condições mais favoráveis do que aquelas que se verificam para Portugal ou para a Irlanda aí sim terá de ser feito um ajustamento de modo a que as codições sejam idênticas para todos», precisou.

DIA DA RAÇA DE 2012



We Have Kaos in the Garden

Dia de Portugal, de Camões, das comunidades e desta raça maldita que nos desgoverna e destrói a vida e a esperança.

A MATULA QUE NOS VEM ENTERRANDO

Uma imagem escolhida retirada do conceituado WHKG. Aqui exposta em tamanho reduzido mas que pode ampliar e ver em tamanho normal se clicar. Reduzida ou não a percepção é da mais que evidente realidade sobre a matula que se vem enterrando e nos vem enterrando o país com a maioria dos que em Portugal são dominados por uma verdadeira máfia da política e dos que com ela se associam no empresariado e na banca, entre outros.

Fiquem com a imagem e visitem a obra do autor do blogue em questão. Vale a pena, porque ali a inspiração não é pequena. Vão lá. (Redação PG - AV)

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