terça-feira, 18 de setembro de 2012

PROTESTO ANTI-JAPÃO PÕE GOVERNO CHINÊS EM DILEMA

 

 
Milhares de chineses aproveitaram o "dia da vergonha" para protestar diante da Embaixada do Japão em Pequim. Ao mesmo tempo em que não pode repreender os protestos, governo não pode perder o controle, diz observador.
 
A China é, há dias, palco de protestos contra o Japão, desencadeados por conflitos entre Pequim e Tóquio envolvendo principalmente a compra de disputadas ilhas pelo governo japonês. Nesta terça-feira (18/09), milhares de manifestantes reuniram-se diante da embaixada japonesa em Pequim.
 
O dia 18 de setembro tem um significado especial. No ano de 1931, aconteceu nessa data o chamado Incidente de Mukden, quando o Japão explodiu uma ferrovia na Manchúria como pretexto para ocupar a região. Extraoficialmente, 18 de setembro é chamado na China de "dia da vergonha nacional".
 
As ilhotas disputadas pelos governos chinês e japonês – e origem dos protestos recentes – são conhecidas como Senkaku, no Japão, e Diayou, na China. Trata-se de territórios não habitados, porém situados em importantes áreas pesqueiras e apontados como abrigo de valiosos recursos naturais. As ilhas são controladas pelo Japão, mas reivindicadas pela China e por Taiwan. O conflito atual abalou as relações políticas entre Tóquio e Pequim.
 
Segundo informou a mídia chinesa, os protestos dos últimos dias tiveram lugar em mais de 80 cidades chinesas, enquanto a mídia japonesa falou em mais de 100 localidades. Houve ataques a carros, empresas e restaurantes japoneses. O governo japonês advertiu seus cidadãos residentes na China de que reforcem a atenção à sua segurança. Algumas companhias japonesas – entre elas, Canon, Panasonic e Toyota – fecharam fábricas na China por precaução.
 
Dilema para o governo
 
Os manifestantes também aproveitaram o "dia da vergonha" para demonstrar sua insatisfação perante os muitos problemas da sociedade chinesa. As faixas carregadas exibem não apenas slogans anti-Japão, mas também apelos à luta contra a corrupção e a mais respeito pelo Estado de Direito.
 
Yang Jisheng, comunicólogo e ex-editor da agência de notícias estatal Xinhua, vê a China num dilema. "O governo em Pequim não pode repreender tais protestos, pois isso seria um sinal de fraqueza para os manifestantes patriotas. O governo também não pode perder completamente o controle sobre os protestos, porque eles poderiam extravasar suas verdadeiras motivações rapidamente", analisa o especialista.
 
Os cidadãos chineses raramente têm a oportunidade de protestar publicamente contra algo. Por isso eles aproveitariam qualquer chance para mostrar sua ira diante da corrupção, do abismo entre ricos e pobres e de outros inconvenientes, disse Yang à DW.
 
Indignação organizada
 
Para manter o controle sobre os protestos, as autoridades chinesas organizaram manifestações diante de instituições japonesas, segundo relatos. Alguns manifestantes disseram a agência de notícias AFP que tiveram a viagem de ônibus paga pelo governo.
 
O advogado chinês Liu Xiaoyuan, que observou os protestos diante da embaixada japonesa em Pequim nestas segunda-feira e terça-feira, questiona a "auto-organização e espontaneidade" das manifestações, conforme definidas pela mídia chinesa.
 
"Na China, protestos precisam ser informados à polícia com dias de antecedência. Segundo escutei em conversas, eles foram organizados pelas autoridades", afirma. Para o advogado, enquanto as manifestações ocorrerem sob o pretexto de patriotismo, elas serão desejadas pelo governo. Liu considera a onda de protestos na China – que, em parte, se transformou em tumultos violentos – uma espécie de distração aprovada pelo governo. "Se os cidadãos se concentrarem na briga pelas ilhas, darão menos atenção aos demais problemas sociais", aponta.
 
EUA posicionam-se
 
Nesta terça-feira, o ministro da Defesa dos EUA, Leon Panetta, também iniciou sua visita à China. Na noite da segunda-feira, ele conduzira diálogos em Tóquio, pedindo moderação por parte tanto dos japoneses quanto dos chineses.
 
O governo norte-americano quer manter uma posição neutra na disputa entre China e Japão, duas das três maiores economias do mundo. Ao mesmo tempo, Washington promete a Tóquio manter suas obrigações de aliado. Segundo o Diário do Povo – o jornal oficial do Partido Comunista da China –, tal atitude é um sinal da hipocrisia norte-americana.
 
Nesta segunda-feira, a publicação do Partido Comunista advertiu o Japão de novas "provocações" e ameaçou com sanções. A economia japonesa poderia arcar com consequências por até 20 anos, afirmou o jornal.
 
Autor: Xiegong Fischer (lpf) - Revisão: Carlos Albuquerque
 

França: EUROPA É TEMA TABU PARA FRANÇOIS HOLLANDE

 
Hollande: "Não me parece muito complicado!" Outro homem: "Espere! Ainda não o pus a funcionar!"

Le Monde, Paris – Presseurop – imagem Deligne
 
Há pouca Europa nos discursos de François Hollande, desde a sua eleição. Importunado com as disputas na esquerda sobre a ratificação do pacto orçamental, sabe que a crise não favorece a boa vontade dos eleitores em relação à UE. Até o assunto se tornar inevitável e precisar de pedir opinião à população, adverte o colunista do Monde.
 
 
Pensar constantemente, mas nunca falar nisso. Acontece agora em França relativamente à Europa, como em relação à Alsácia e Lorena entre 1870 e 1918. O assunto é tabu e convém não dizer uma palavra à população francesa sobre ele. Assim, François Hollande evitou cuidadosamente falar sobre a Europa em 9 de setembro, quando apresentou, na TF1, o seu "programa de recuperação" até 2014, que supostamente definirá o rumo da primeira parte dos seus cinco anos no cargo.
No entanto, é a agenda europeia que determina a ação do Presidente da República. O euro está em suspenso e a França também. Se houver um agravamento da crise, podemos ter o mesmo destino da Itália, atacada pelos mercados financeiros. Se a crise abrandar, também podemos ter o mesmo destino da Itália, quando os mercados descobrirem que a saúde económica do Hexágono nada tem de invejável em relação à da Península, segunda potência industrial do continente.
 
Uma utopia com consequências concretas
 
O Presidente esquiva-se a falar da Europa porque ela não está em condições de constituir um horizonte político. É um singular contraste com François Mitterrand, que escolheu, em 1983, após dois anos de erros económicos, enveredar pelo rigor. A Europa em vez do socialismo: François Mitterrand orientou, então, a sua política para um duplo horizonte, francês e europeu. A Europa – que o Tratado de Roma preconizava dever forjar uma "união cada vez mais estreita entre os povos europeus", era uma utopia, mas com consequências muito concretas, que permitiriam à França modernizar-se. Para tal, em 1986, o Ato Único Europeu fixou a meta do mercado único para 1992. Em seguida, o Tratado de Maastricht promovia o arranque para o euro, que deveria ser criado, na melhor das hipóteses em 1997, na pior, em 1999, forçando os países candidatos a fazer convergir as suas políticas económicas.
 
Este método de contagem regressiva, que permitiu igualmente organizar o alargamento para os países do Leste Europeu em 2004, caducou. A Europa foi assolada por revezes e por uma crise de legitimidade, manifesta no duplo “Não” de franceses e holandeses à Constituição Europeia, em 2005. A crise do euro apenas reforçou essa desconfiança, atestando a incapacidade, pelo menos provisória, da Europa em proteger os povos e garantir a sua prosperidade.
 
Fragilidade do discurso
 
Uma possível resposta, para François Hollande, consistiria em inspirar-se na última tentativa de utopia europeia, a chamada Estratégia de Lisboa. Lançado em 2000, em plena bolha da Internet, este plano visava tornar a Europa "na economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo, antes de 2010”. Tratava-se de ultrapassar a superpotência norte-americana. Não foi definida nenhuma obrigação e o processo foi por água abaixo. Com a notável exceção do chanceler alemão, Gerhard Schröder, que decidiu, em 2002, nacionalizar as ambições de Lisboa, lançando o seu próprio programa para 2010. Sem a Europa. Só alemão, mas com o êxito que sabemos.
 
François Hollande pode seguir o mesmo caminho? O seu discurso na TF1 tinha laivos schröderianos. No entanto, o chanceler traçou uma meta de longo prazo partilhada por todos no seu país: restaurar a competitividade da Alemanha, para a tornar uma campeã industrial e no domínio da exportação. François Hollande não está na mesma situação. Não tem nenhum projeto legítimo a longo prazo que possa dinamizar, o que explica a fragilidade do seu discurso. O Presidente apresenta, pois, um programa de reformas como um parêntese de dois anos, um momento difícil, que permitirá, em seguida "uma sociedade mais solidária". Mas nada é dito sobre o futuro da França, na Europa e no cenário de globalização. Durante a crise, a maioria dos países em dificuldades adota um modelo de reformas à alemã. Por iniciativa própria ou forçada. E essa via aplica-se à França.
 
Silêncio nacional e europeu
 
É esta a análise do ex-primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin. "A certa altura, os franceses vão ter de escolher entre os Pirenéus e o Reno: ser como os alemães ou como os espanhóis", garante o senador UMP do sudoeste da França. O alinhamento com a Alemanha foi, em janeiro, o eixo efémero da campanha presidencial de Nicolas Sarkozy. Depois de ter satirizado a política de Berlim, que considerava sacrificial, tornou-a um modelo a copiar. O argumento foi rapidamente abandonado, devido ao seu efeito mínimo nas intenções de voto. Torna-se ainda mais difícil de fazer passar por um Presidente de esquerda.
 
Neste contexto, François Hollande fecha-se num silêncio eloquente, tanto no plano nacional como europeu. Na vertente europeia, o Presidente espera que a UE ultrapasse a pista de obstáculos que tem pela frente, com a sucessão de planos de salvação, eleições e veredictos constitucionais, que viabilizará no final o regresso dos investidores ao Sul da Europa. Espera que esta trégua europeia lhe permita recuperar uma pequena margem de manobra nacional para realizar o seu programa a dois anos. Só depois disso a Europa se tornará um horizonte defensável: quando tiver demonstrado a sua eficácia, pela superação da crise. Só então será altura para refletir numa nova legitimação do projeto pelos cidadãos. Os franceses têm horror a repetir a experiência de referendos europeus. Mas a questão vai tornar-se inevitável, quando as regras tiverem mudado tanto que as autoridades alemãs não terão outra alternativa do que consultar a sua população.
 
Traduzido do francês por Ana Cardoso Pires
 
Opinião pública
 
O “contraste” da Europa
 
64% dos franceses votariam hoje contra o Tratado de Maastricht, segundo uma sondagem publicada por Le Figaro. Este diário refere “o desamor” instalado entre os franceses e a Europa. Uma “declaração edificante”, preocupa-se o diário, que questiona:
 
A falta é de quem? Dos dirigentes, quer sejam de direita ou de esquerda. Dizem o quê? Desde logo que a Europa é inevitável e que aqueles que não estão persuadidos são uns patetas a quem é preciso impô-la a bem ou a mal. Depois, que viver numa comunhão de destino e interesses obriga a França a suportar esforços que o país, sem a Europa, não teria de aguentar. Um erro fatal. Apresentada assim, a Europa não passaria de um contraste e é precisamente nisso que ela se transformou.
 
Porém, nota Le Figaro,
 
os franceses não caem no paradoxo e não deitam tudo borda fora. Continuam a ser favoráveis ao princípio de uma União Política Europeia: 47% contra 27% consideram ser do seu interesse que o país se mantenha associado ao grupo político europeu. [...] Os franceses não querem, por isso, ir em contracorrente, mas menos ainda uma aceleração ou um alargamento.
 
O diário conservador faz apelo aos franceses para que questionem mais o seu destino e contestem menos a Europa: “[Eles] não devem iludir-se e fariam bem se questionassem a natureza da sua eurofobia, que os remete para si próprios.”
 

Angola: FERRO EM CASSINGA, MBANZA CONGO PATRIMÓNIO MUNDIAL

 


Iniciada exploração experimental de minério de ferro de Cassinga
 
18 de Setembro de 2012, 13:16
 
Luanda, 18 set (Lusa) - A fase experimental de exploração de ferro na região mineira de Cassinga, no município da Jamba, na província angolana da Huíla, já começou, anunciou hoje o administrador local, Miguel Kassela.
 
O anúncio da descoberta de uma reserva de 400 toneladas de ferro, depois de cerca de dois anos de prospeção, foi feito em abril passado.
 
Segundo Miguel Kassela, citado pela agência de notícias angolana, Angop, apesar da mínima exploração daquele minério, os trabalhos de prospeção continuam a ser levados a cabo pela empresa que detém os direitos de exploração, a Sociedade Angolana de Exploração de Recursos Minerais (AEMR), nas minas de Caturuca, Missesse e Indungo.
 
"Já está em exploração o ferro, mas com qualidade secundária, talvez pelos baixos custos de produção, mas isto já nos satisfaz, pois com estes trabalhos esta empresa admitiu até agora 300 jovens locais, esperando que até ao próximo ano este número possa chegar aos mil", referiu Miguel Kassela.
 
O fim dos trabalhos de prospeção, iniciados em 2010, está previsto ainda para este ano, esperando a AEMR identificar outras áreas com reservas consideráveis.
 
Para as suas localidades do projeto - Cassinga Sul e Norte - está prevista, na primeira fase, a extração de 4,2 milhões de toneladas de minério, informou o gestor da sociedade AEMR, Henrique Tiago, aquando do anúncio da descoberta da mina.
 
De acordo com Miguel Kassela, estão criadas as condições para a exploração e exportação dentro de um ano o ferro das minas de Cassinga, frisando a existência de casas já concluídas e outras em construção para os trabalhadores, de um laboratório e do caminho-de-ferro.
 
A sociedade AEMR conta com o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, com capacidade de transporte para seis milhões de toneladas, para o escoamento dos minerais daquela região e ainda com o porto seco do Sacomar, na província do Namibe.
 
NME.
 
Trabalhos para inscrição de Mbanza Congo na lista de património mundial perto do fim
 
18 de Setembro de 2012, 20:09
 
Luanda, 18 set (Lusa) - Angola já identificou os bens culturais dentro do perímetro de proteção da cidade de Mbanza Congo, para a inscrever na lista de património mundial da UNESCO, informou fonte ligada ao projeto.
 
Citada pela agência Angop, Sónia da Silva Domingos, coordenadora do projeto "Mbanza Congo, Cidade a Desenterrar para Preservar", disse que 82 por cento das atividades previstas já se encontram concluídas.
 
O anúncio foi feito no decorrer de uma visita de trabalho de três dias àquela cidade, capital da província angolana do Zaire, no norte de Angola, que incluiu um perito da UNESCO.
 
"A comissão do projeto já identificou os bens culturais que vão estar dentro de um perímetro de proteção que posteriormente serão classificados a nível nacional e servirão depois para a inscrição na lista do património mundial", destacou.
 
Parte dos bens até aqui identificados, enumerou Sónia da Silva Domingos, que integram a antiga capital do reino do Congo são o Palácio Real (atual museu dos Reis do Congo), a árvore sagrada denominada Yala Nkuwu, o Lumbu (Tribunal Consuetudinário), as missões católica e evangélica, o Kulumbibi (antiga Sé Catedral), o cemitério dos Reis do Congo e o Túmulo da Dona Mpolo (mãe de um dos reis enterrada viva por desobediência às ordens da corte).
 
"Presentemente temos em Mbanza Congo uma empresa que está a proceder aos trabalhos de prospeção geofísica por radar para ver as estruturas que estão abaixo do solo. A recolha dessas imagens permitir-nos-á saber que estruturas eram essas, para as incluir no perímetro que vamos definir", salientou.
 
O projeto "Mbanza Congo, Cidade a Desenterrar para Preservar" foi lançado em 2007 e caso venha a ser classificada património mundial, a cidade contará com um centro de pesquisa e interpretação sobre o Reino do Congo, formado no século XIII.
 
O Reino do Congo, dividido em seis províncias que ocupavam parte das atuais República Democrática do Congo, República do Congo, Angola e Gabão, dispunha de 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências, cuja identificação se prevê seja feita através do sistema de radar.
 
As ruínas de Mbanza Congo integram a lista de onze sítios indicados por Angola a património mundial da UNESCO, entre as quais se destacam igualmente as pinturas rupestres no morro granítico de Tchitundu-Hulo, na província do Namibe, sul do país e o corredor do rio Kwanza.
 
NME.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Guiné-Bissau: UEMOA APOIA AGRICULTURA E PESCAS COM 600 MIL EUROS

 

FP - Lusa
 
Bissau, 18 set (Lusa) - A União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) vai apoiar a Guiné-Bissau com 393 milhões de francos CFA (600 mil euros) nos domínios da agricultura e pescas, de acordo com três protocolos hoje assinados em Bissau.
 
Os documentos foram assinados no âmbito de uma visita de um dia à Guiné-Bissau do presidente da comissão da UEMOA, Cheikhe Hadjibou Soumare, que os rubricou com o ministro das Finanças do governo de transição, Abubacar Demba Dahaba.
 
Os documentos assinados incidem sobre o apoio a campanhas nacionais de vacinação contra a doença do carbúnculo (que afeta especialmente os animais herbívoros mas que pode atingir também o ser humano) e contra a doença de Newcastle (que afeta as aves), e no reforço da colheita de dados estatísticos sobre pesca artesanal e continental.
 
A Guiné-Bissau, disse Cheikhe Hadjibou Soumare, já tinha pedido o apoio da UEMOA para lutar contra a doença do carbúnculo, e a organização regional também já tinha identificado a doença de Newcastle como um dos principais obstáculos para o desenvolvimento da avicultura na região.
 
Os apoios agora concedidos inscrevem-se, acrescentou, no Programa Económico Regional e no Fundo Regional de Desenvolvimento Agrícola.
 
O ministro das Finanças guineense frisou que a solidariedade da comunidade regional "tem um papel muito importante para a Guiné-Bissau", porque "depois dos acontecimentos de 12 de abril (golpe de Estado) a situação económica da Guiné-Bissau é muito difícil" já que "os doadores tradicionais da Guiné-Bissau congelaram todos os projetos".
 
"A assinatura de hoje mostra que não estamos sós na Guiné-Bissau, ao nosso lado temos as nossas instituições comunitárias que hoje dão um apoio importante, não só financeiro mas no aspeto social", disse Abubacar Demba Dahaba.
 
De acordo com o ministro a agricultura da Guiné-Bissau tem potencialidades e se houver investimento o país pode não só alimentar a sua população como contribuir para o fornecimento de alimentos para a região oeste africana.
 
"É possível, com o apoio e solidariedade da União, transformar, especializar este país num país produtor de arroz, para que possamos deixar de importar e mesmo exportar", salientou.
 
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Moçambique: PESCADO CERTIFICADO, RESERVAS BAIXAM, PROSTITUIÇÃO, FÍSTULAS

 


País passa a atribuir certificado de qualidade aos produtos pesqueiros
 
18 de Setembro de 2012, 11:56
 
Maputo, 18 set (Lusa) - Moçambique passa a atribuir o certificado de qualidade aos seus produtos de pesca, com a entrada em funcionamento na segunda-feira do primeiro Laboratório de Inspeção de Produtos Pesqueiros, orçado em cerca de 11 milhões de euros.
 
Instalado no Porto de Maputo, sul de Moçambique, e inaugurado pelo Presidente da República, Armando Guebuza, o Laboratório de Inspeção de Produtos Pesqueiros tem acreditação internacional, que lhe confere por isso competência para atribuir certificados de qualidade a produtos destinados à exportação.
 
Falando na inauguração do empreendimento, Armando Guebuza afirmou que a estrutura vai "facilitar a certificação sanitária de produtos pesqueiros e melhorar a eficácia e eficiência do serviço prestado pelo Estado ao setor de pescas do país".
 
Dotado de equipamento moderno, o laboratório vai permitir que as empresas do setor de pescas moçambicanas deixem de fazer a certificação da qualidade do seu produto no estrangeiro, uma necessidade que onerava os seus custos de operação.
 
PMA.
 
Reservas internacionais sofreram redução de sete por cento em agosto -- Banco Central
 
18 de Setembro de 2012, 13:35
 
Maputo, 18 set (Lusa) - As reservas internacionais líquidas moçambicanas registaram, na segunda quinzena de agosto, uma redução de sete por cento, de um total de 1,9 mil milhões de euros, indicam dados hoje divulgados pelo Banco de Moçambique (BM).
 
De acordo com o Banco Central moçambicano, esta redução resulta das vendas líquidas de divisas efetuadas pela instituição no Mercado Cambial Interbancário no valor de 46 milhões de euros.
 
No fecho da última quinzena de agosto, o saldo das reservas bancárias foi de 349 milhões de euros, equivalente a uma redução de dois milhões de euros em relação ao igual período do ano passado.
 
Esta restrição foi determinada pelo decréscimo da sua componente em moeda estrangeira em 3,2 milhões de euros, contra um acréscimo da componente em moeda nacional na ordem de um milhão de euros.
 
Segundo o comunicado do Banco de Moçambique, a diminuição das reservas internacionais, nos primeiros 15 dias do passado mês, foi amortecida pelos depósitos líquidos dos bancos comerciais na instituição.
 
A entrada de fundos de ajuda externa para o apoio direto ao Orçamento do Estado na forma de donativos, no valor de cinco milhões de dólares, e entrada de fundos a favor de projetos diversos do Governo, também contribuíram para o decréscimo das reservas líquidas internacionais.
 
MMT.
 
Futuro Código Penal vai incluir normas para prática da prostituição
 
18 de Setembro de 2012, 14:57
 
Maputo, 18 set (Lusa) - O futuro Código Penal moçambicano, atualmente objeto de debate em todo o país, terá a primeira norma sobre a prática da prostituição no país, que "infelizmente, não é possível punir", anunciou hoje a Comissão responsável pela revisão da lei.
 
Apesar de ser uma prática notada nas principais cidades moçambicanas, a prostituição não goza de nenhum estatuto legal no país, situação que expõe as prostitutas a uma situação de vulnerabilidade, incluindo a extorsão por parte de alguns agentes da polícia.
 
O presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade da Assembleia da República de Moçambique, Teodoro Waty, disse, em conferência de imprensa, que o futuro Código Penal vai regular a prostituição.
 
"Infelizmente, não é possível punir, já que se diz que esta é a mais antiga profissão do mundo, mas nós vamos propor medidas de controlo", afirmou Teodoro Waty, aludindo ao facto de algumas correntes defenderem a ilegalização da prostituição.
 
A norma a ser adotada vai impor vistorias aos locais da prática da prostituição e o controlo regular das praticantes, "para que a mesma não se transforme num verdadeiro atentado à moral pública".
 
Nesse sentido, o Código Penal vai prever a aplicação de sanções penais aos que infringirem as normas reguladoras da prostituição, acrescentou Teodoro Waty.
 
O anteprojeto do Código Penal em debate no país vai substituir o atual Código Penal, em vigor desde 1886, com o objetivo de incorporar a tipificação de novos crimes, como a corrupção e os crimes informáticos, bem como o alargamento de penas máximas para os considerados crimes hediondos, como o homicídio cometido com o objetivo de retirar órgãos humanos.
 
PMA.
 
Operadas mais de mil mulheres com fístulas obstétricas
 
18 de Setembro de 2012, 15:20
 
Nampula, Moçambique, 18 set (Lusa) - Mais de mil casos de fístulas obstétricas, "uma patologia que cria muita vergonha nas próprias doentes", devido ao estigma, foram tratados este ano em Moçambique, disse hoje à Lusa fonte do Ministério da Saúde moçambicano.
 
Fístulas obstétricas, ou fístula vesico-vaginal, consiste numa comunicação entre a bexiga e a vagina resultante da desidratação dos tecidos por compressão da cabeça do feto durante o trabalho de parto.
 
Sem precisar números da doença, que origina a perda descontrolada de urina nas mulheres, o coordenador nacional do Programa de Tratamento e Formação de Fistulas Obstrutivas, Armando Jorge de Melo, considerou que o número de pacientes tem estado a aumentar "de forma assustadora" em todas as províncias do país.
 
De acordo com o médico ginecologista-obstetra, devido a mau cheiro provocado pela urina, as mulheres são vítimas de estigma e discriminação no seio da família.
 
"Esta é uma patologia que cria muita vergonha nas próprias doentes", disse.
 
O Ministério da Saúde de Moçambique iniciou um programa de operações em todo território nacional, com o envolvimento de médicos-cirurgiões nacionais e estrangeiros, visando combater a doença.
 
Na província de Nampula, no norte do país, o programa foi realizado na capital provincial e nos distritos de Nacala porto, Monapo e Erati.
 
Segundo fontes hospitalares, até sexta-feira mais de 30 mulheres foram operadas, mas, segundo o coordenador do programa, esta atividade vai cobrir todas as 11 províncias do país.
 
LYR.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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Portugal: MARIA TERESA HORTA RECUSA PRÉMIO DAS MÃOS DE PASSOS

 

Expresso - Lusa
 
Escritora diz-se honrada com o Prémio D. Dinis pelo romance "As Luzes de Leonor" mas rejeita que este lhe seja dado por "uma pessoa empenhada em destruir o país".

A escritora Maria Teresa Horta, distinguida com o Prémio D. Dinis pelo romance "As Luzes de Leonor", disse hoje à Lusa que não o aceita receber das mãos do primeiro-ministro, conforme o previsto.
 
A entrega do Prémio D. Dinis esteve agendada para a próxima sexta-feira, numa cerimónia com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
 
"Na realidade eu não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto, cujo júri é formado por poetas, os meus pares mais próximos - pois sou sobretudo uma poetisa, e que me honra imenso -, ir receber esse prémio das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país", explicou Maria Teresa Horta à Lusa.
 
"Sou uma mulher de esquerda"
 
"Sempre fui uma mulher coerente; as minhas ideias e aquilo que eu faço têm uma coerência", salientou a escritora que acrescentou: "Sou uma mulher de esquerda, sempre fui, sempre lutei pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores".
 
Para Maria Teresa Horta, "o primeiro-ministro está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril [de 1974] e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural".
 
A autora afirmou que "o país está a entrar em níveis de pobreza quase idênticos aos das décadas de 1940 e 1950 e, na realidade, é ele [Passos Coelho], e o seu Governo, os grandes mentores e executores de tudo isto".
 
"Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação"
 
"Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação, recuso recebê-lo das mãos do primeiro-ministro", deixou claro Maria Teresa Horta.
 
A escritora disse que já informou a Fundação Casa de Mateus da sua decisão, assim como a sua editora e falou com cada um dos membros do júri.
 
A premiada salientou ainda a "satisfação" que lhe deu ter sido distinguida "por um júri que representa três gerações de poetas: o Vasco Graça Moura que é da minha [geração], o Nuno Júdice, que é da seguinte, e o Fernando Pinto do Amaral, que é a mais nova".
 
No sítio da Fundação Casa de Mateus, na Internet, é afirmado que "a sessão solene de entrega do Prémio será agendada brevemente".
 
Prémio nasceu em 1980
 
O Prémio Literário D. Dinis, instituído pela Fundação da Casa de Mateus, foi atribuído por unanimidade à escritora, pela obra "As luzes de Leonor. A marquesa de Alorna, uma sedutora de anjos, poetas e heróis", editado pelas Publicações D. Quixote.
 
Instituído em 1980 pela Fundação Casa de Mateus, em Vila Real, o galardão é atribuído a uma obra literária - de poesia, ensaio ou ficção - publicada no ano anterior ao da atribuição do prémio.
 
"As Luzes de Leonor", obra editada em 2011, é um romance sobre a vida da marquesa de Alorna, Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (1750-1839), neta dos marqueses de Távora, uma mulher que se destacou na história literária e política de Portugal num período denominado como "o século das luzes".
 
D.ª Leonor de Lorena e Lencastre é avó em quinto grau de Maria Teresa Horta, nascida em 1937, em Lisboa.
 
Nascida a 20 de maio de 1937, em Lisboa, Maria Teresa Horta estudou na Faculdade de Letras de Lisboa, foi jornalista e ativista do Movimento Feminista de Portugal, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, com quem escreveu o livro "Novas Cartas Portuguesas".
 
"Amor Habitado" (1963), "Ana" (1974) e "O Destino" (1997) contam-se entre mais de duas dezenas de obras publicadas da escritora.
 

Brasil: CRIANÇAS INDÍGENAS SÃO VITIMAS DE PEDOFILIA EM TROCA DE COMIDA

 

Pragmatismo Político, com foto
 
Em geral as meninas indígenas são tiradas de suas aldeias por causa da fome e acabam recebendo em comida. Os abusadores são “homens maduros, comerciantes estabelecidos na cidade, que raramente vão em festas e que, aparentemente, possuem conduta ilibada”
 
A exploração sexual de meninas indígenas está crescendo e se tornando escancarada, no norte do País.
 
Segundo reportagem do site A Crítica, uma rede de pedofilia cujas principais alvos são crianças indígenas está se consolidando na região amazônica.
 
No município de São Gabriel da Cachoeira que fica a 858 km de Manaus e 90% da população é indígena pessoas ou organizações são ameaçadas para ficarem em silêncio.
 
A rede de pedofilia da região se tornou conhecida nacionalmente após junho deste ano. A mãe de uma garota indígena de 13 anos com leve retardo mental decidiu denunciar o estuprador de sua filha que ficou grávida.
 
A menina teve de ir até Manaus fazer exames e mãe aproveitou para denunciar o caso na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).
 
“Essa rede de pedofilia, como a gente chama, existe há muito tempo, mas aumenta a cada ano, a cada mês. Está se alastrando. Está a olho nu. Antes, estes homens pegavam meninas de 14, 16 anos. Agora, pegam meninas de 12, 11 e até 10 anos“, disse uma conselheira tutelar sob a condição de anonimato. Que completou: “sem condições financeiras, elas acabam sendo vítimas desses comerciantes” (acrítica.com, 8/9/2012).
 
Tudo isso acontecia sob a vista da polícia federal e nada acontecia. “Respaldados pela falta de investigação, os exploradores sexuais e aliciadores não temem ser punidos e continuam praticando o crime”.
 
Em agosto finalmente algumas meninas indígenas decidiram formalizar a denuncia e deram seu depoimento à Polícia Federal que vai preparar um relatório para a Promotoria da cidade.
 
Mas nem mesmo os denunciantes confiam que de fato algo será feito. “As pessoas sabem que existe a rede. Já denunciamos ao Ministério Público, o Fórum de Justiça, mas não passa disso. Deixamos até de ir à Polícia Civil porque nada acontece ali. Além do mais, as meninas e as famílias ficam com medo de denunciar”, concluiu a conselheira.
 
Uma psicóloga da cidade traçou o perfil das crianças vítimas e dos abusadores. Em geral as meninas são tiradas de suas aldeias por causa da fome e acabam recebendo em comida. Os abusadores são “homens maduros, comerciantes estabelecidos na cidade, que raramente vão em festas e que, aparentemente, possuem conduta ilibada”.
 
A condição de extrema pobreza da região é a principal causa dessa situação dramática. Faz vítimas entre a população indígena, mas não é só.
 
É conhecido o turismo sexual com crianças exploradas sexualmente em barcos que navegam os rios da região. Em 2004 um iate que afundou no Rio Negro e levou à morte cinco garotas. Além delas estavam no barco deputados, advogados… o caso revelou o envolvimento de políticos e pessoas poderosas de todo o País com a exploração sexual de menores.
 
Denunciar, investigar e combater esse crime é fundamental, mas passa necessariamente por melhorar as condições de vida dessas populações e garantir às garotas oportunidades e direitos.
 
 
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Brasil: O GOVERNO FINANCIA A DIREITA

 


Rui Martins*, Berna – Direto da Redação
 
Berna (Suiça) - Daqui de longe, vendo o tumulto provocado com o processo Mensalão e a grande imprensa assanhada, me parece assistir a um show de hospício, no qual os réus e suspeitos financiam seus acusadores. O Brasil padece de sadomasoquismo, mas quem bate sempre é a direita e quem chora e geme é a esquerda.
 
Não vou sequer falar do Mensalão, em si mesmo, porque aqui na Suíça, país considerado dos mais honestos politicamente, ninguém entende o que se passa no Brasil. Pela simples razão de que os suíços têm seu Mensalão, perfeitamente legal e integrado na estrutura política do país.
 
Cada deputado ou senador eleito é imediatamente contatado por bancos, laboratórios farmacêuticos, seguradoras, investidores e outros grupos para fazer parte do conselho de administração, mediante um régio pagamento mensal. Um antigo presidente da Câmara dos deputados, Peter Hess, era vice-presidente de 42 conselhos de administração de empresas suíças e faturava cerca de meio-milhão de dólares mensais.
 
Com tal generosidade, na verdade uma versão helvética do Mensalão, os grupos econômicos que governam a Suíça têm assegurada a vitória dos seus projetos de lei e a derrota das propostas indesejáveis. E nunca houve uma grita geral da imprensa suíça contra esse tipo de controle e colonização do parlamento suíço.
 
Por que me parece masoca a esquerda brasileira e nisso incluo a presidente Dilma Rousseff e o PT ? Porque parecem gozar com as chicotadas desmoralizantes desferidas pelos rebotalhos da grande imprensa. Pelo menos é essa minha impressão ao ler a prodigalidade com que o governo Dilma premia os grupos econômicos seus detratores.
 
Batam, batam que eu gosto, parece dizer o governo ao distribuir 70% da verba federal para a publicidade aos dez maiores veículos de informação (jornais, rádios e tevês), justamente os mais conservadores e direitistas do país, contrários ao PT, ao ex-presidente Lula e à atual presidenta Dilma.
 
Quando soube dessa postura masoquista do governo, fui logo querer saber quem é o responsável por essa distribuição absurda que exclui e marginaliza a sempre moribunda mídia da esquerda e ignora os blogueiros, responsáveis pela correta informação em circulação no país.
 
Trata-se de uma colega de O Globo, Helena Chagas, para quem a partilha é justa – recebe mais quem tem mais audiência! diz ela.
 
Mas isso é um raciocínio minimalista! Então, o povo elege um governo de centro-esquerda e quando esse governo tem o poder decide alimentar seus inimigos em lugar de aproveitar o momento para desenvolver a imprensa nanica de esquerda ?
 
O Brasil de Fato, a revista Caros Amigos, o Correio do Brasil fazem das tripas coração para sobreviver, seus articulistas trabalham por nada ou quase nada, assim como centenas de blogueiros, defendendo a política social do governo e a senhora Helena Chagas com o aval da Dilma Rousseff nem dá bola, entrega tudo para a Veja, Globo, Folha, SBT, Record, Estadão e outros do mesmo time ?
 
Assim, realmente, não dá para se entender a política de comunicação do governo. Será que todos nós jornalistas de esquerda que votamos na Dilma somos paspalhos ?
 
Aqui na Europa, onde acabei ficando depois da ditadura militar, existe um equilíbrio na mídia. A França tem Le Figaro, mas existe também o Libération e o Nouvel Observateur. Em todos os países existem opções de direita e de esquerda na mídia. E os jornais de esquerda têm também publicidade pública e privada que lhes permitem manter uma boa qualidade e pagar bons salários aos jornalistas.
 
Comunicação é uma peça chave num governo, por que a presidenta Dilma não premiou um de seus antigos colegas e colocou na sucessão de Franklin Martins um competente jornalista de esquerda, capaz de permitir o surgimento no país de uma mídia de esquerda financeiramente forte ?
 
Exemplo não falta. Getúlio Vargas, quando eleito, sabia ser necessário um órgão de apoio popular para um governo que afrontava interesses internacionais ao criar a Petrobras e a siderurgia nacional. E incumbiu Samuel Wainer dessa missão com a Última Hora. O jornal conseguiu encontrar a boa receita e logo se transformou num sucesso.
 
O governo tem a faca e o queijo nas mãos – vai continuar dando o filet mignon aos inimigos ou se decide a dar condições de desenvolvimento para uma imprensa de esquerda no Brasil ?
 
* Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, membro eleito do Conselho Provisório e do atual Conselho de emigrantes (CRBE) junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreveu o livro Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas suíças secretas de Maluf. Colabora com o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress
 

POR QUE ELES TÊM MEDO DO LULA?

 


Emir Sader – Carta Maior, em Blog do Emir
 
Lula virou o diabo para a direita brasileira, comandada por seu partido – a mídia privada. Pelo que ele representa e por tê-los derrotado três vezes sucessivas nas eleições presidenciais, por se manter como o maior líder popular do Brasil, apesar dos ataques e manipulações de todo tipo que os donos da mídia – que não foram eleitos por ninguém para querer falar em nome do país – não param de maquinar contra ele.

Primeiro, ele causou medo quando surgiu como líder operário, que trazia para a luta política aos trabalhadores, reprimidos e super-explorados pela ditadura durante mais de uma década e o pânico que isso causava em um empresariado já acostumado ao arrocho salarial e à intervenção nos sindicatos.

Medo de que essa política que alimentava os superlucros das grandes empresas privadas nacionais e estrangeiras – o santo do chamado “milagre econômico” -, terminasse e, com ela, a possibilidade de seguirem lucrando tanto às custas da super-exploração dos trabalhadores.

Medo também de que isso tirasse as bases de sustentação da ditadura – além das outras bases, as baionetas e o terror – e eles tivessem que voltar às situações de incerteza relativa dos regimes eleitorais.

Medo que foi se acalmando conforme, na transição do fim do seu regime de ditadura militar para o restabelecimento da democracia liberal, triunfavam os conservadores. Derrotada a campanha das diretas, o Colégio Eleitoral consagrou um novo pacto de elite no Brasil, em que se misturavam o velho e o novo, promiscuamente na aliança PMDB-PFL, para dar nascimento a uma democracia que não estendia a democracia às profundas estruturas econômicas, sociais e midiáticas do país.

Sempre havia o medo de que Lula catalizasse os descontentamentos que não deixaram de existir com o fim da ditadura, porque a questão social continuava a arder no país mais desigual do continente mais desigual do mundo. Mas os processos eleitorais pareciam permitir que as elites tradicionais retomassem o controle da vida política brasileira.

Aí veio o novo medo, que chegou a pânico, quando Lula chegou ao segundo turno contra o seu novo queridinho, Collor, o filhote da ditadura. E foi necessário usar todo o peso da manipulação midiática para evitar que a força popular levasse Lula à presidencia do Brasil, da ameaça de debandada geral dos empresários se Lula ganhasse, à edição forjada de debate, para tentar evitar a vitória popular.

O fracasso do Collor levou a que Roberto Marinho confessasse que eles já não elegeriam um presidente deles, teriam que buscar alguém no outro campo, para fazê-lo seu representante. Se tratava de usar de tudo para evitar que o Lula ganhasse. Foram buscar ao FHC, que se prestou a esse papel e parecia se erigir em antidoto permanente contra o Lula, a quem derrotou duas vezes.

Como, porém, não conseguem resolver os problemas do país, mas apenas adiá-los – como fizeram com o Plano Real -, o fantasma voltou, com o governo FHC também fracassando. Tentaram alternativas – Roseana Sarney, Ciro Gomes, Serra -, mas não houve jeito.

Trataram de criar o pânico sobre a possibilidade da vitória do Lula, com ataque especulativo, com a transformação do chamado “risco Brasil” para “risco Lula”, mas não houve jeito.

Alivio, quando acreditaram que a postura moderada do Lula ao assumir a presidência significaria sua rendição à politica econômica de FHC, ao “pensamento único”, ao Consenso de Washington. Por um lado, saudavam essa postura do Lula, por outro incentivavam os setores que denunciavam uma “traição” do Lula, para buscar enfraquecer sua liderança popular. No fundo acreditavam que Lula demoraria pouco no governo, capitularia e perderia liderança popular ou colocaria suas propostas em prática e o país se tornaria ingovernável.

Quando se deram conta que Lula se consolidava, tentaram o golpe em 2005, valendo-se de acusações multiplicadas pela maior operação de marketing político que o pais ja conheceu – desde a ofensiva contra o Getúlio, em 1954 -, buscando derrubar o Lula e sepultar por muito tempo a possibilidade de um governo de esquerda no Brasil. Colocavam em prática o que um ministro da ditadura tinha dito: Um dia o PT vai ganhar, vai fracassar e aí vamos poder governar o país sem pressão.”

Chegaram a cogitar um impeachment, mas tiveram medo do Lula, da sua capacidade de mobilização popular contra eles. Recuaram e adotaram a tática de sangrar o governo, cercando-o no Parlamento e através da mídia, até que, inviabilizado, fosse derrotado nas eleições de 2006.

Fracassaram uma vez mais, quando o Lula convocou as mobilizações populares contra os esquemas golpistas, ao mesmo tempo que a centralidade das políticas sociais – eixo do governo Lula, que a direita não enxergava, ou subestimava e tratava de esconder – começava a dar seus frutos. Como resultado, Lula triunfou na eleições de 2006, ao contrário do que a direita programava, impondo uma nova derrota grave às elites tradicionais.

O medo passou a ser que o Brasil mudasse muito, tirando suas bases de apoio tradicionais – a começar por seus feudos políticos no nordeste -, permitindo que o Lula elegesse sua sucessora. Se refugiaram no “favoritismo” do Serra nas pesquisas – confiando, uma vez mais, na certeza do Ibope de que o Lula não elegeria sua sucessora.

Foram de novo derrotados. Acumulam derrota atrás de derrota e identificam no Lula seu grande inimigo. Ainda mais que nos últimos anos do seu segundo mandato e na campanha eleitoral, Lula identificou e apontou claramente o papel das elites tradicionais, com afirmações como a de que ele demonstrou “que se pode governar o Brasil, sem almoçar e jantar com os donos de jornal”. Quando disse que “não haverá democracia no Brasil, enquanto os políticos tiverem medo da mídia”, entre outras afirmações.

Quando, depois de seminário que trouxe experiências de regulações democráticas da mídia em varias partes insuspeitas do mundo, elaborou uma proposta de lei de marco regulatório para a mídia, que democratize a formação da opinião pública, tirando o monopólio do restrito número de famílias e empresas que controlam o setor de forma antidemocrática.

Além de tudo, Lula representa para eles o sucesso de um presidente que se tornou o líder político mais popular da história do Brasil, não proveniente dos setores tradicionais, mas um operário proveniente do nordeste, que se tornou líder sindical de base desafiando a ditadura, que perdeu um dedo na máquina – trazendo no próprio corpo inscrita a sua origem e as condições de trabalho dos operários brasileiros.

Enquanto o queridinho da direita partidária e midiática brasileira, FHC, fracassou, Lula teve êxito em todos os campos – econômico, social, cultural, de políticas internacional -, elevando a auto-estima dos brasileiros e do povo brasileiro. Lula resgatou o papel do Estado – reduzido à sua mínima expressão com Collor e FHC – para um instrumento de indução do crescimento econômico e de garantia das políticas sociais. Derrotou a proposta norteamericana da Alca – fazer a América Latina uma imensa área de livre comércio, subordinada ao interesses dos EUA -, para priorizar os projetos de integração regional e os intercâmbios com o Sul do mundo.

Lula passou a representar o Brasil, a América Latina e o Sul do mundo, na luta contra a fome, contra a guerra, contra o monopólio de poder das nações centrais do sistema. Lula mostrou que é possível diminuir a desigualdade e a pobreza, terminar com a miséria no Brasil, ao contrário do que era dito e feito pelos governos tradicionais.

Lula saiu do governo com praticamente toda a mídia tradicional contra ele, mas com mais de 80% de apoio e apenas 3% de rejeição. Elegeu sua sucessora contra o “favoritismo” do candidato da direita.

Aí acreditaram que poderiam neutralizá-lo, elogiando a Dilma como contraponto a ele, até que se rendem que não conseguem promover conflitos entre eles. Temem o retorno do Lula como presidente, mas principalmente o temem como líder político, como quem melhor vocaliza os grandes temas nacionais, apontando para a direita como obstáculo para a democratização do Brasil.

Lula representa a esquerda realmente existente no Brasil, com liderança nacional, latino-americana e mundial. Lula representa o resgate da questão social no Brasil, promovendo o acesso a bens fundamentais da maioria da população, incorporando definitivamente os pobres e o mercado interno de consumo popular à vida do país.

Lula representa o líder que não foi cooptado pela direita, pela mídia, pelas nações imperiais. Por tudo isso, eles tem medo do Lula. Por tudo isso querem tentam desgastar sua imagem. Por isso 80% das referências ao Lula na mídia são negativas. Mas 69,8% dos brasileiros dizem que gostariam que ele volte a ser presidente do Brasil. Por isso eles tem tanto medo do Lula.
 

TIMOR-LESTE UNE-SE AO BRASIL NO FMI

 

FYRO - Lusa
 
Rio de Janeiro, 18 set (Lusa) - Timor-Leste passará a integrar a direção (círculo eleitoral) do Brasil no Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) a partir de 01 de novembro, anunciaram hoje os governos dos dois países.
 
A entrada será concretizada após as eleições para a direção-executiva do Fundo internacional. Com o acordo, o novo diretor-executivo brasileiro passará a representar também os interesses timorenses perante o FMI.
 
"A decisão reflete os laços de irmandade, as afinidades históricas, culturais, linguísticas e políticas, assim como a estreita colaboração existente entre Timor-Leste e o Brasil em variados temas da agenda internacional", diz a nota oficial dos dois países.
 
Em comunicado, divulgado pelo Ministério da Fazenda, o Governo brasileiro ressalta que a entrada de Timor-Leste na direção do Brasil vai ao encontro da política do país de tentar "ampliar a voz e a visibilidade" no FMI de nações de menor dimensão.
 
"A presença timorense enriquece sobremaneira a atuação do assento brasileiro. Entre outros motivos, porque Timor-Leste coordena atualmente o G7+, grupo que procura dar visibilidade internacional ao tema dos Estados frágeis saindo de situações de conflito", ressalta a nota do Governo brasileiro.
 
Timor-Leste será o primeiro país asiático a fazer parte da cadeira brasileira, que já é compartilhada pelas nações da América do Sul, América Central e do Caribe.
 
O Governo timorense, por sua vez, considerou que, com a união à direção brasileira, o país "melhorou sua voz e visibilidade" no Fundo Internacional.
 

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