terça-feira, 30 de julho de 2019

Ex-PM timorense defende programa de reabilitação de estradas de Díli


Díli, 30 jul 2019 (Lusa) - O ex-primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão rejeitou qualquer irregularidade no programa de reabilitação de estradas em Díli, num texto enviado à Câmara de Contas, após uma auditoria à execução orçamental do Fundo de Infraestruturas em 2015.

Xanana Gusmão afirmou, no texto, que o Governo teve em conta a realidade do país, e quis apoiar as empresas timorenses e melhorar a eficácia das obras.

Estas são algumas das linhas essenciais do texto de contraditório que Xanana Gusmão enviou, em seu nome e de ex-governantes, na sequência de um relatório da Câmara de Contas (CdC), que fez uma auditoria à execução orçamental do Fundo de Infraestruturas em 2015.

Xanana Gusmão, que em 2015 era primeiro-ministro, e posteriormente ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, respondeu à Câmara de Contas em nome de todos os membros do Conselho de Administração do Fundo de Infraestruturas (CAFI).

O ex-primeiro-ministro lembra que uma fatia significativa das obras públicas tinha, até então, sido atribuída a empresas internacionais que "instalam-se em Timor, executam a obra, fecham as portas e vão embora", pelo que defende "discriminação positiva" em prol de empresas timorenses.

"Estamos convencidos que é uma função do Governo a capacitação das empresas nacionais, preferindo a sua contratação em relação a empresas estrangeiras, sempre que tal contratação não represente um aumento de custos para o erário público", refere o texto.

"Precisamos de mais empresas nacionais, com mais experiência, para que estas possam, no médio/curto prazo apresentar-se aos concursos públicos internacionais em pé de igualdade com os gigantes internacionais", sublinha.

Câmara de Contas timorense aponta irregularidades na adjudicação de obras públicas


Díli, 30 jul 2019 (Lusa) - A Câmara de Contas timorense criticou a forma como as obras públicas são adjudicadas e geridas em Timor-Leste, com certificações dadas a "empresas de fachada", falta de supervisão e fiscalização dos projetos e recurso excessivo ao ajuste direto.

As conclusões fazem parte de um extenso relatório da Câmara de Contas (CC), a que a Lusa teve acesso, que questiona algumas das práticas da gestão de obras públicas, manifestando "reservas" sobre os "certificados de empresas de construção civil" atribuídos.
No relatório, a CC diz ter detetado "a emissão de 'certificados' a empresas de fachada, que não dispõem sequer de escritório, máquinas ou funcionários" -- o que "constitui um indício da prática de atos com relevância criminal".

Além disso, nota, "a adjudicação de obras a empresas por valores acima dos limites autorizados pelos respetivos certificados e a adjudicação de contratos com valores de vários milhões de dólares a empresas não certificadas, são exemplos paradigmáticos e preocupantes sobre a forma como o setor das obras públicas tem sido gerido pelo Ministério das Obras Públicas" (MOPTC).

O relatório de análise, dividido em três volumes, apresenta os resultados de uma "Auditoria de Conformidade à Execução do Orçamental do Fundo das Infraestruturas" no ano de 2015, ainda que "alargado a anos anteriores e posteriores" em casos considerados pertinentes.

"O Sistema de Controlo Interno em matéria de execução das obras públicas é fraco", nota o relatório, que aponta o dedo ao Conselho de Administração do Fundo de Infraestruturas e a várias Ministérios, especialmente o de Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações.

Parlamento da Austrália aprova tratado de fronteiras marítimas com Timor-Leste


Camberra, 29 jul 2019 (Lusa) - O parlamento australiano aprovou hoje o tratado sobre as fronteiras marítimas com Timor-Leste, ratificado há uma semana pelo parlamento timorense, após uma década de disputa entre os dois países.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Marise Payne, considerou que o tratado "resolve uma disputa longa sobre as fronteiras marítimas no contexto do desenvolvimento do Greater Sunrise" e lança as "fundações para um novo capítulo nas relações bilaterais".

O líder da oposição, Anthony Albanese, disse durante o debate na Câmara dos Representantes, na sexta-feira, que a prolongada disputa "não ajudou à imagem australiana de boa vizinhança com uma das nações mais jovens do planeta".

"Com a aprovação do tratado, a Austrália está agora pronta para, conjuntamente com Timor-Leste, desenvolver os campos de gás Greater Sunrise em benefício dos dois países", adiantou o Governo australiano num comunicado conjunto dos gabinetes do primeiro-ministro e ministros das Finanças, Negócios Estrangeiros e Recursos.

"Greater Sunrise gerará novas oportunidades de rendimento, desenvolvimento comercial e industrial para Timor-Leste e uma importante parte da futura economia timorense", reforça o comunicado.

Arsénio Bano assume interinamente liderança na região timorense de Oecusse

Arsénio Bano (esq) e Mari Alkatiri (dir)
Pante Macassar, Timor-Leste, 29 jul 2019 (Lusa) -- O primeiro secretário da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), Arsénio Bano, foi hoje indicado para liderar interinamente a região depois do final do mandato do atual responsável, Mari Alkatiri, que termina na terça-feira.

A decisão, que carece ainda de aprovação por parte do primeiro-ministro, foi tomada durante a última reunião, hoje, da Autoridade da RAEOA, encabeçada pelo presidente regional Mari Alkatiri, segundo comunicado da região.

Recorde-se que na semana passada Alkatiri comunicou ao primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, e ao Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, a "cessação definitiva das suas funções no termo do seu mandato, por não se rever na proposta de alteração à Lei da Criação da RAEOA" que foi aprovada no Parlamento e está agora a ser analisada na Presidência.

Tribunal de Recurso timorense absolve acionista de seguradora NITL


Díli, 29 jul 2019 (Lusa) -- O Tribunal de Recurso timorense absolveu um dos sócios minoritários da seguradora National Insurance Timor-Leste (NITL), sancionado pelo Banco Central do país num processo que se arrasta há vários anos.

A seguradora, a primeira de direito timorense, está em fase de liquidação e os antigos administradores têm, nos últimos anos, estado envolvidos em alegados crimes financeiros.

No acórdão, que foi notificado às partes na semana passada e a que a Lusa teve acesso, um coletivo de juízes do Tribunal de Recurso deliberou "julgar procedente o recurso" de Eugene Ong, e decidiu "revogar a decisão recorrida e absolver o arguido das contraordenações em que foi notificado".

Satisfeito com a decisão, Eugene Ong afirmou que o caso demonstra que sempre teve razão na posição face ao BCTL, com o qual sempre colaborou.

"Fico muito contente que o tribunal me dê razão. Fico contente que isto tenha terminado. Foram sete anos em que perdi tudo, em que gastei dinheiro em advogados e processos. Fica provado o que sempre disse ao longo de todo este tempo", sublinhou.

"Mas tudo o que construi desde 2010 foi por água abaixo. Este processo teve um elevadíssimo custo pessoal, profissional e financeiro. Estou sem trabalho há dois anos e com a minha reputação seriamente afetada", acrescentou.

Moçambique | Começa desarmamento da RENAMO


Arrancou na serra da Gorongosa o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos homens armados da RENAMO. Foi um momento "histórico", segundo o líder do partido, Ossufo Momade.

Foi um momento carregado de "simbolismo", segundo o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade. Esta segunda-feira (29.07), quatro guerrilheiros do maior partido da oposição moçambicana entregaram as armas à Comissão dos Assuntos Militares do país.

"A partir desta cerimónia histórica e de grande simbolismo, esperamos que prevaleçam esses valores, para que não voltemos a cometer os mesmos erros do passado", afirmou Momade.

Amnistia para participantes nas “hostilidades militares” desde 2014 em Moçambique


Em mais um passo para o definitivo calar das armas em Moçambique a Assembleia da República assegurou nesta segunda-feira (29) amnistia para os cidadãos que participaram das “hostilidades militares” ocorridas entre Agosto de 2014 e a data em que será rubricado o terceiro Acordo Geral de Paz.

“Havendo necessidade de promoção de uma estabilidade política e garantia de uma paz efectiva e duradoura, bem como assegurar a confiança mútua entre os moçambicanos e a reconciliação nacional” os deputados do MDM, Renamo e Frelimo aprovaram por consenso e aclamação uma nova lei, a terceira do género, que concede amnistia aos cidadãos que, no contexto das hostilidades militares, tenham cometido: crimes contra a segurança do Estado previstos e punidos pela Lei nº 19/91, de 16 de Agosto; crimes militares e conexos, previstos e punidos pela Lei nº 17/87, de 21 de Outubro; crimes contra a segurança exterior e interior do Estado e crimes contra a ordem e segurança publicas, previstos e punidos pelo Código Penal, aprovado pela Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro; e também aqueles que tenha cometido crimes contra as pessoas e contra a propriedade.

Embora seja aparentemente destinada a acomodar os guerrilheiros do partido Renamo o novo dispositivo legal amnistia também os membros das Forças de Defesa e Segurança que participaram das “hostilidades militares” que ocorreram desde 15 de Agosto de 2014.

Angola | Seca causa uma morte e deixa milhares na penúria


A seca severa que assola a província do Cuando Cubango causou a morte de uma criança de três anos, na comuna do Licua, município de Mavinga, e milhares de pessoas correm o risco de perder a vida, devido à penúria alimentar, informou ontem à imprensa a administradora comunal local, Cristina Kapapu.

A responsável disse que a criança morreu este mês no bairro Samayovo, situado a mais de 100 quilómetros da sede comunal do Licua, quando na companhia dos pais procurava alimentos na mata. Segundo relatos dos familiares, a vítima e os país, na caminhada que fizeram pela mata, do Licua ao bairro Samayovo, durante duas semanas, alimentarem-se de frutos silvestres, e a petiz ficou debilitada devido à fome, e acabou por falecer.

Por falta de alimentos, segundo Cristina Kapapu, mais de 20 pessoas contraíram anemia grave no bairro Samayovo, “e se não receberem assistência médica urgente podem morrer”.

Samayovo tem 2.686 habitantes, dos quais 80 por cento estão afectados pela penúria alimentar, que está a atingir contornos alarmantes. “A par da fome, os populares debatem-se ainda com a falta de vestuário, calçado, água potável, escolas, instrumentos de trabalho e inputs agrícolas.Não conseguem desenvolver a agricultura de subsistência nas margens dos rios por falta de materiais de trabalho. Portanto, se não houver intervenção das autoridades competentes teremos vários casos de mortes”, advertiu a administradora.

Angola | Luanda ainda é "El Dorado" e interior ficou esquecido


Luanda continua a ser um chamariz para os jovens que vivem no interior de Angola. Mas analista diz que é preciso mudar este cenário, para que o interior também se possa desenvolver.

Luanda continua a ser um "El Dorado" para muitos jovens angolanos a residir no interior do país, que veem a capital como um dos únicos locais onde podem trabalhar e concretizar os seus sonhos.

"Aqui não há emprego e Luanda tem mais empresas", afirma Orlando Luassi, um motorista a morar na cidade do Huambo. "Se estiver aqui dois ou três meses, sem fazer nada, é um prejuízo. Mas, em Luanda, em poucos dias se consegue um emprego ou faz-se táxi."

André Paixão, um agricultor que trocou o campo pelo mototáxi, também conta que já lhe passou pela cabeça rumar para Luanda em busca de melhores oportunidades. "A dinâmica de uma capital é diferente do interior", diz em entrevista à DW.

O jovem até já fez contas ao que poderia ganhar se fosse para Luanda: "Lá, o preço do táxi é 150 [kwanzas, cerca de 40 cêntimos de euro] e aqui é 100 [26 cêntimos]."

Construir um bairro dos ministérios em Luanda é "meter a carroça à frente dos bois"


Centro Político Administrativo de Luanda vai ser erguido em três anos numa parceria público-privada. Edificado contará com 28 edifícios ministeriais e várias unidades de apoio. Custos do megaprojeto não foram revelados.

Ministérios, casas protolocolares, hóteis, lojas e vários serviços de apoio institucional são algumas das valências que o novo "Bairro dos Ministérios" deverá ter. O empreendimento está previsto para a orla marítima de Luanda, na Chicala, uma das áreas mais nobres da capital angolana.

"Como é que se constrói um bairro dos ministérios com uma população que não tem acesso a água de qualidade, que não tem energia, que não tem educação? Estamos a meter a carroça à frente dos bois", comenta o ativista e militar angolano Osvaldo Caholo.
Bairro de luxo num país em crise

Fraca produção de petróleo faz Guiné Equatorial virar-se para o Golfo Pérsico


A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a redução na produção de petróleo vai fazer a Guiné Equatorial aprofundar as relações com a Arábia Saudita e outros países do Golfo, para além dos vizinhos regionais.

A redução na produção de petróleo vai fazer a Guiné Equatorial aprofundar as relações com a Arábia Saudita e outros países do Golfo, para além dos vizinhos regionais, considera a Economist Intelligence Unit (EIU).

"Esperamos que as relações comerciais com a Arábia Saudita e outros estados do Golfo sejam aprofundadas, mas o difícil ambiente operacional na Guiné Equatorial vai impedir um aumento significativo nos fluxos de investimento ou de crédito externos", escrevem os peritos da unidade de análise da revista britânica The Economist.

Primeiro-ministro admite adesão de Cabo Verde à NATO


O primeiro-ministro , Ulisses Correia e Silva, admite a possibilidade de Cabo Verde pedir a integração na NATO, tendo em conta a necessidade de parcerias para reduzir vulnerabilidades e face à localização geo-estratégica do arquipélago.

A posição foi assumida por Ulisses Correia e Silva em entrevista à agência Lusa, na cidade da Praia, na véspera do debate sobre o estado da Nação, que se realiza quarta-feira, na Assembleia Nacional.

"A NATO podia ser uma perspectiva. Nós estamos numa construção que tem este triângulo: Estados da América, Cabo Verde e Europa. A questão de segurança é fulcral, não é que seja uma ameaça hoje, mas nós temos de trabalhar numa perspectiva de futuro, não só para reduzir as vulnerabilidades do país, mas para podermos aumentar a nossa utilidade no ponto onde nós nos situamos", afirmou o primeiro-ministro.

Cabo Verde aguarda uma decisão da ONU sobre o projecto de extensão da plataforma territorial das 200 milhas náuticas (370 quilómetros) actuais (Zona Económica Exclusiva) para um máximo de 350 milhas náuticas (650 quilómetros).

Governo de Cabo Verde repudia ataque a autarca da capital e apela à serenidade


O executivo adiantou que "as autoridades estão a levar a cabo todos os trâmites de forma a capturar rapidamente os autores deste ato".

Governo cabo-verdiano repudiou esta segunda-feira o atentado ao presidente da Câmara Municipal da Praia, Óscar Santos, considerando que este "ato ignóbil" em nada representa a imagem do país e apelou à serenidade.

"O Governo repudia em absoluto este ato ignóbil e que em nada representa a imagem do país. Cabo Verde é um país em que a paz social prevalece. Apelamos à serenidade de todos, pois a estabilidade social é o maior ativo do país", escreveu o Governo cabo-verdiano, numa nota enviada à imprensa.

Padaria portuguesa


Paulo Baldaia | Jornal de Notícias | opinião

É impressionante, mas neste Governo, de uma forma geral, e neste ministério, em particular, só se cai de podre. As culpas são reconhecidas tardiamente, quando são, e atribuídas a terceiros: aos autarcas, aos bombeiros, à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC)... ao padeiro ou a quem se puser a jeito!

Já se percebeu que no caso das golas inflamáveis (o melhor do jornalismo nas páginas do JN), não se tratou apenas de um caso de incúria que deveria ter consequências políticas. As "notícias irresponsáveis e alarmistas", nas palavras do ministro Eduardo Cabrita, também nos deram conta que o povo pagou a dobrar pelas famosas golas. Tudo num negócio que até devia ter dado direito a desconto, porque foi conduzido por uma delegação do PS de Arouca, agora sediada no Terreiro do Paço, com empresas ligadas a camaradas socialistas. Sendo um caso de Polícia, num país em que o Ministério Publico produz arguidos entre os autarcas a um ritmo quase diário, aguarda-se para perceber qual vai ser a postura da Procuradoria, agora que o negócio foi assinado em papel timbrado, nas cortes de Lisboa.

O PS, com um presidente tão solícito a responder a Filipe Vieira e a demarcar-se da camarada Ana Gomes, muito provavelmente para não perder de vista os votos do futebol e a tão desejada maioria absoluta, não deve estar muito satisfeito com a denúncia deste episódio, que tem tudo para fazer perder votos, perante a suspeita de que pode haver aqui uma gol(p)ada inflamável. E o país político só não está a arder porque o politicamente correto alinha com o ministro, subvertendo a discussão ao transformar o assunto no tema dos incêndios que "não deve servir para conflitualidades pré-eleitorais". A abertura de um inquérito, que haverá de dar a resposta política num momento mais conveniente, parece satisfazer até um dos parceiros parlamentares do Governo, o Bloco de Esquerda.

Agora, o adjunto do secretário de Estado, que de padeiro passou a especialista técnico da proteção civil, depois de uma "pós-graduação" numa Concelhia socialista, assumiu a responsabilidade. E nós fazemos de conta que acreditamos que um adjunto pode dar os passos que Francisco Ferreira deu, sem que o secretário de Estado, que até já tinha adjudicado a compra de material a estas empresas, de nada soubesse.

Num país que exporta padeiros para todo o Mundo, fez-se recente polémica com um padeiro de Portalegre e outro de Arouca. "No ​​​​​​​creo en brujas, pero que las hay, las hay".

* Jornalista

Portugal | "Três arrestos?" Joe Berardo não foi notificado de "nenhum"


O empresário José Berardo não foi notificado de nenhum dos arrestos noticiados nos últimos dias pelos órgãos de comunicação social, garantiu esta segunda-feira à agência Lusa o seu assessor.

"Três arrestos anunciados pela comunicação social. Nenhum notificado pelos tribunais", refere o assessor do empresário, numa mensagem escrita enviada à Lusa, após ser questionado sobre uma notícia avançada pelo jornal Público, segundo a qual foi esta segunda-feira "decretado o arresto da coleção Berardo".

Segundo o Público, o arresto foi decretado na sequência de uma providência cautelar interposta pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BCP e o Novo Banco, credores da coleção de arte moderna de José Berardo, conhecido como Joe Berardo.

O arresto de parte da Quinta Monte Palace Tropical Garden, na sequência de uma providência cautelar movida pela CGD, e de duas casas em Lisboa, também propriedade do empresário, serão os outros dois arrestos a que a assessoria de Berardo se refere.

Xuxialismo? | Filho de secretário de Estado fez contratos quando pai já era governante


Três contratos foram já celebrados entre o Estado e o filho do secretário de Estado da Proteção Civil.

O filho do secretário de Estado da Proteção Civil celebrou pelo menos três contratos com o Estado, depois de o pai, José Artur Neves (na imagem), assumir funções governativas, noticiou o jornal online Observador.

Segundo o jornal, esta situação determina a demissão de José Artur Neves numa altura em que a Secretaria de Estado está envolvida na polémica relacionada com os 'kits' de proteção contra incêndios no âmbito do programa 'Aldeia Segura, Pessoas Seguras' que já levou à demissão do seu adjunto Francisco Ferreira.

Confrontado pelo Observador, o secretário de Estado disse desconhecer "a existência de qualquer incompatibilidade neste domínio", como desconhecer "também a celebração de tais contratos".

Os aproveitadores da guerra e o fim do complexo militar-industrial dos EUA


Dmitry Orlov

No interior da vasta burocracia do Pentágono existe um grupo encarregado de monitorar o estado geral do complexo militar-industrial e a sua capacidade contínua de cumprir os requisitos da estratégia de defesa nacional. O gabinete para a aquisição e manutenção e o gabinete para a política industrial gastam cerca de US$100 mil por ano para produzir um Relatório Anual ao Congresso. Ele está disponível para o público em geral . Está disponível até para o público em geral e especialistas russos divertiram-se muito a examiná-lo.

De facto, o relatório encheu-os de optimismo. Como se sabe, a Rússia quer a paz mas os EUA parecem desejar a guerra e continuam a fazer gestos ameaçadores contra uma longa lista de países que se recusam a cumprir suas ordens ou simplesmente não compartilham seus "valores universais". Mas agora verifica-se que aquelas ameaças (e sanções económicas cada vez mais sem garra) são quase tudo o que os EUA ainda são capazes de oferecer – isto apesar dos níveis absolutamente astronómicos dos gastos com defesa. Vamos ver com o que parece o complexo militar-industrial dos EUA através de lentes russas.

É importante observar que os autores do relatório não pretendiam forçar legisladores a financiar algum projecto específico. Isso o torna mais valioso do que inúmeras outras fontes, cujo principal objectivo dos autores é encher a barriga com o orçamento federal e que, portanto, tendem a ser ligeiros acerca de factos e fortes em publicidade. Sem dúvida, a política ainda desempenha um papel na forma como vários pormenores são retratados, mas parece haver um limite para o número de problemas que seus autores podem eliminar e ainda assim fazer um trabalho razoável de análise da situação e de formulação de recomendações.

O que provocou risos na análise russa foi o facto de que estes peritos do INDPOL (que, como o resto do Departamento da Defesa dos EUA, adoram siglas) avaliam o complexo militar-industrial dos EUA a partir de uma perspectiva com base no mercado! Você vê, o complexo militar-industrial russo é totalmente de propriedade do governo russo e trabalha exclusivamente no seu interesse; qualquer coisa diferente seria considerada traição. Mas o complexo militar-industrial dos EUA é avaliado com base na sua… lucratividade! De acordo com o INDPOL, ele deve não apenas produzir produtos para os militares mas também adquirir fatia de mercado no comércio global de armas e, talvez mais importante, maximizar a lucratividade para investidores privados. Por este padrão, está a sair-se bem: em 2017, a margem bruta (EBITDA) para os contratantes da defesa dos EUA variou de 15 a 17%, e alguns subcontratados – Transdigm, por exemplo – conseguiram obter nada menos que 42-45%. "Ah!", gritam os especialistas russos: "Encontrámos o problema! Os americanos legalizaram o lucro da guerra !" (Isto, a propósito, é apenas um dos muitos exemplos de algo chamado corrupção sistémica, a qual é abundante nos EUA.) 

Senado dos EUA fracassa em bloquear vendas de armas à Arábia Saudita


O Senado norte-americano não conseguiu, na segunda-feira, ultrapassar o veto do Presidente Donald Trump, decretado para avançar com importantes vendas de armas à Arábia Saudita e aliados.

Em maio, Trump decidiu ultrapassar o Congresso através de um procedimento de emergência para impor estas vendas controversas, num total de 8,1 mil milhões de dólares (cerca de 7,3 mil milhões de euros), com base no argumento da ameaça iraniana.

Republicanos e democratas do Congresso aliaram-se, então, para adotar várias resoluções e bloquear a venda de armas à Arábia Saudita e outros aliados, como os Emirados Árabes Unidos, num revés para o Presidente dos Estados Unidos.

Vários membros do Congresso, composto pela Câmara dos Representantes e pelo Senado, apresentaram como razão para impedir à venda de armas o homicídio, no ano passado, o jornalista saudita Jamal Khashoggi por agentes sauditas, e o conflito no Iémen, no qual está implicado a Arábia Saudita.

A microfísica do poder colonial de Israel


Crónica da derrubada de cem casas palestinas, em meio ao desamparo, à perversidade burocrática e à violação das próprias leis de guerra. Edward Said e Foucault explicariam: não se trata de “abuso”, mas de limpeza étnica

Berenice Bento | Outras Palavras | Imagens Berenice Bento

As recentes demolições de casas de famílias palestinas tiveram certo destaque nos noticiários nacionais e internacionais nas últimas semanas. Em poucas horas, mais de 100 casas/prédios foram destruídos pelo Exército de Israel, na região de Sur Bahir1.  O que as recentes demolições explicitam, mais uma vez, é a falência total dos Acordos de Oslo, uma vez que aconteceram em área palestina. Assim, não faz muito sentido falar em “romper acordos com Israel”. Quais acordos?  O que é legal, moral quando discutimos as ações do Estado de Israel? O aprisionamento dos/as palestinos/as em Gaza (a maior prisão a céu aberto do mundo), as demolições, as prisões dos/as palestinos/as, os assassinatos contínuos de palestinos/as são algumas das políticas de controle absoluto que o Estado de Israel implementam sobre a vida dos/as palestinos/as.

Edwar Said (no livro A questão palestina) chamou ao conjunto destas políticas de controle e de despossessão contínuas do povo palestino de “colonialismo do detalhe”. Estou de acordo com ele porque as políticas coloniais têm como característica invadir todos os poros da vida do povo colonizado (tanto subjetiva quanto objetivamente). Para nomear o detalhamento destas políticas prefiro, no entanto, nomeá-la de microfísica do poder colonial, inspirando-me no conceito de microfísica do poder de Michel Foucault (Microfísica do Poder, 1982. Ed. Graal).

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