sábado, 7 de janeiro de 2012

Timor Leste inspira-se no Mãe Coruja para reduzir mortalidade infantil e materna





O Programa Mãe Coruja Pernambucana, criado em 2007 com a missão de reduzir a mortalidade infantil e materna, servirá de modelo para ações do Ministério da Saúde e da Educação do Timor Leste.

O projeto foi apresentado hoje (6/1) à representante do Ministério da Educação do país, Santina Cardoso, que também é integrante do Instituto Nacional de Formação Profissional e Docente.

O encontro, realizado na sede da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES/PE), serviu para apresentar às pastas do governo timorense uma carta de intenção e formalizar uma parceria para execução do projeto.

“Tenho certeza de que vamos conseguir colocar o Mãe Coruja no Timor. Será uma grande contribuição ao nosso país. Sabemos que são realidades diferentes, mas vamos adaptá-lo. Só temos a agradecer pela oportunidade”, ressaltou Santina.

A proposta é implementar o programa nos 13 distritos que formam o país, que soma uma população de pouco mais de 14 mil habitantes. Em fevereiro, uma comitiva timorense volta ao Estado de Pernambuco para realizar visitas ao Sertão, onde estão instalados alguns Cantos Mãe Coruja – espaços físicos presentes em municípios com mortalidade igual ou acima de 25 para cada 1.000 nascidos vivos.


Portugal: MAÇONS EM FUGA DA LOJA MOZART



Catarina Guerreiro – Sol, com imagem

Grande parte dos maçons que integravam a loja Mozart 49, e que têm sido referidos na imprensa, saíram nos últimos tempos para outras lojas da mesma obediência, a Grande Loja Legal de Portugal. Muitas das saídas devem-se à discordância com a forma de funcionamento da Mozart e aos casos de repercussão pública em que esta surgiu envolvida – apurou o SOL junto de fontes da instituição.

Neste momento, a loja resume-se aos 'irmãos' da Ongoing (liderados por Nuno Vasconcelos) e a alguns elementos ligados às 'secretas' – como Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), e João Paulo Alfaro, ex-agente dos serviços secretos. Ambos passaram, entretanto, a trabalhar também na Ongoing.

A Mozart 49 conta ainda com o Coronel Francisco Rodrigues (director do departamento das secretas e ex-venerável da loja), Luís Montenegro (líder parlamentar do PSD), Francisco Martins (chefe de gabinete do secretário de Estado da Presidência, Marques Guedes) e Nuno Manalvo (ex-chefe de gabinete de Isaltino Morais na Câmara de Oeiras).

As saídas da Mozart – que caiu em desgraça por ser vista apenas como um local de tráfico de influência – têm sido muitas. Sebastião Herédia, por exemplo, cunhado de D. Duarte e que iniciou Nuno Vasconcelos na maçonaria, está agora na loja Abade Correia da Serra. Trata-se de uma loja mais recente para onde saiu também Luís Carrilho (comandante da Polícia em Timor), Armindo Monteiro (vice-presidente da CIP), o general Francisco José Cordeiro (da Indústria de Desmilitarização e Defesa) e Paulo Noguês, que a fundou.


INCORRIGÍVEIS



Miguel Portas - Sol, opinião

O programa eleitoral do PSD para as eleições regionais da Madeira foi agora conhecido.

Dois meses e meio depois das eleições. Agora, já se percebe porque é que Passos Coelho nem queria ouvir falar desse assunto durante a campanha eleitoral. O populismo e o clientelismo são sempre uma boa receita até ao dia em que chega a factura.

O programa é draconiano e vai aos do costume: cortes salariais, superaumento do IVA e do Imposto sobre Produtos Petrolíferos, 15% a menos para Educação e Saúde, tecto para o investimento público. Tudo isto numa região afectada por rendimentos baixíssimos e que suporta custos relacionados com a insularidade. E com o off-shore ali tão perto, como que para lembrar como o discurso moralista da austeridade é tão selectivo.

O que se segue não vai ter surpresas. Quem pensa (e continuam a ser muitos, cá e lá) que, sangrando uma economia, ela vai recuperar as suas forças e enfrentar o seu endividamento, será persistentemente confrontado com o seu equívoco. Sem riqueza não se pagam dívidas.

Desse ponto de vista, não é muito relevante que o ‘buraco’ da Madeira tenha origens diferentes (pelo menos, em parte) do endividamento nacional. De pouco vale castigar a Madeira. Esse castigo irá punir a maior parte dos madeirenses, mas não os culpados, sejam eles madeirenses, continentais ou de outro sítio qualquer.

O que é mais perturbante é que nem depois deste descalabro político e orçamental se ouve falar da investigação imprescindível e da responsabilização de quem conduziu, aliás com mão-de-ferro, os destinos da Madeira e não divide com ninguém as culpas a atribuir. Ou seja, depois da catástrofe, tudo poderá continuar como se nada tivesse acontecido.

Esse é o grande silêncio do debate sobre o ‘buraco’ da Madeira. Muito bem: os madeirenses escolheram Jardim. Mas, para que um ‘buraco’ daquelas dimensões se pudesse acumular, foi imprescindível a conivência activa de sucessivos governos da República. O ‘buraco’ que os madeirenses são agora chamados a pagar é responsabili- dade dos desvarios de um irresponsável? Sim. Mas também da incúria ou cumplicidade dos que no continente tinham a responsabilidade de o travar. Em política, nem os loucos podem ser inimputáveis.

Neste cenário, Alberto João Jardim, sempre sem medo do ridículo, veio dizer que não se concretizaram os ‘catastrofismos’ das ‘forças hostis ao povo da Madeira’. Essa insólita declaração é pelo menos útil para identificar quais são as forças hostis ao povo da Madeira: Alberto João Jardim e os que no Continente o apoiaram e continuam a cobrir. Esses são responsáveis. E são incorrigíveis.

VALE TUDO PARA O MPLA ESMAGAR A OPOSIÇÃO




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O Secretario-Geral do MPLA, Dino Matross, disse à Luanda Antena Comercial – LAC, em Fevereiro do ano passado, qual é a estratégia do regime: quem se manifestar em Angola provocando distúrbios “vai apanhar”.

A reacção do dirigente do partido no poder em Angola desde 1975 foi não só um claro aviso para que o povo angolano (70 por cento do qual vive na miséria) não imite o que está a acontecer no Médio Oriente e no norte de África, como também um recado para o clima eleitoral que se avizinha.

Ao que parece, o regime angolano nem se considera autoritário, desde logo porque o presidente da República, José Eduardo dos Santos, só está no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito...

Dino Matross lembra a guerra, acena com a guerra, usa a guerra como razão para que os angolanos não se metam em aventuras. Isto é, para que comam (se tiverem o que comer) e calem, para que aceitem o regime como algo sagrado que apenas pode e deve ser venerado.

O dirigente do MPLA apelou aos seus militantes, ao poder popular, para “manterem um elevado nível de vigilância, e se absterem de quaisquer tipo de actividades que atentem contra a convivência democrática e pacífica no país”.

Para Dino Matross, convivência democrática e pacífica significa estar de joelhos perante o regime, beijar a mão ao querido líder supremo, e aceitar como inevitável que o país é gerido por uma casta superior a quem a plebe deve total e inequívoca vassalagem.

É claro que essa casta superior sabe que o Povo, faminto e maltrapilho, não está contente com o regime. Sabe que outros ditadores estão em queda e que, mais dia menos dia, chegará a vez dos donos de Angola terem de partir. Mas, enquanto puderem, vão fazer tudo para que o povo apenas tenha fuba podre, peixe podre e porrada se refilar.

Ao lado do ditador vão continuar os órgãos supostamente representativos da comunidade internacional. A ONU, a CPLP (presidida agora pelo próprio Eduardo dos Santos) e a União Africana, também ela dirigida por Teodoro Obiang, o ditador que comanda a Guiné-Equatorial há 31 anos.

Por enquanto, tal como aconteceu com Ben Ali ou Hosni Mubarak antes da queda, Eduardo dos Santos é considerado um presidente bestial. Depois passará a besta.

Mas que importa ser besta se ele e todo o seu séquito terão poder económico e financeiro para, em qualquer parte do mundo, terem uma vida faustosa?

É claro que também há a possibilidade de um qualquer procurador que venha a julgar Eduardo dos Santos, como agora acontece no julgamento de Hosni Mubarak, pedir a pena de morte, acusando-o de um infindável rol de crimes, alguns dos quais de sangue.

"A lei prevê a pena de morte para o homicídio premeditado", declarou o procurador Mustafa Souleimane no final da apresentação das alegações, hoje realizada no tribunal do Cairo, onde está a ser julgado o ex-governante.

Não é, por enquanto, o caso de Angola. Mas poderá vir a ser.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.


“ANGOLA NÃO TEM NADA A ESCONDER”




Carlos Ramos – Sol

O embaixador angolano assegura que a cooperação com Portugal é estratégica, seja qual for o partido que estiver no Governo em Lisboa. E insiste que há lobbies em Portugal que tentam desacreditar as instituições angolanas.

A relação entre os dois países faz-se a velocidades diferentes conforme está no Governo de Portugal o PSD ou o PS?

As relações estabelecem-se e desenvolvem-se independentemente do Executivo que está em Portugal. Reafirmamos a nossa disposição para considerar sempre estratégica a cooperação com Portugal. São relações históricas e incontornáveis.

Recentemente, numa entrevista ao Jornal de Angola, referiu-se à existência de lobbies em Portugal que mancham a imagem do Estado angolano. Pode especificar?

Esses lobbies sempre existiram, talvez com mais força no passado, mas continuam. A desinformação que se faz da realidade angolana, a distorção dos factos, a utilização da velha prática de misturar a mentira com a verdade, para poder induzir as pessoas numa determinada direcção, é tudo urdido por gente ao serviço de interesses particulares.

Pode ser mais concreto?

Devo dizer também que não temos nada a esconder. Na verdade, se os factos existem devem ser relatados mas, na nossa óptica, devem sê-lo com a maior isenção possível. Saudamos, por exemplo, uma posição que o SOL assumiu, há bem pouco tempo, a propósito das manifestações que ocorreram em Angola, particularmente em Luanda. São manifestações normais numa sociedade democrática, mas a forma maliciosa como, às vezes, as situações são empoladas não é aceitável. «Milhares de pessoas» referiram alguns, mas quando o SOL, por exemplo, relatou os factos, estes correspondiam exactamente ao que estávamos a ver em directo pela televisão e, na verdade, não tinham nada a ver com os tais «milhares de pessoas…». Vários colunistas escreveram depois, também de forma tendenciosa, não prestando dessa forma um bom serviço nem a Portugal, nem a Angola, nem aos cidadãos dos dois países que querem ver normalizadas as suas relações e que querem que Angola, por exemplo, tenha um ambiente bom para poderem viajar e trabalhar. Empolar factos por empolar, não é correcto, não é bom.

Há uma crítica clara no seu discurso à comunicação social portuguesa.

Este é apenas um facto simples. Diria até, trivial. Mas há outras questões mais profundas.

No sector económico?

Em todos os domínios. Em nosso entender não é desejável que, num momento em que há um esforço muito grande para que Angola e Portugal façam um trabalho conjunto para a sustentabilidade de ambas as economias, haja gente que se opõe a um investimento angolano em Portugal. Isto é absurdo num mundo globalizado, numa altura em que se busca a internacionalização dos investimentos, dos mercados. Angola está, naturalmente, na banca portuguesa para ganhar dinheiro. Mas estando a investir em Portugal, e na banca em particular, está também a contribuir para a melhoria da economia portuguesa. Do mesmo modo que em Angola encorajamos e incentivamos o investimento estrangeiro, o português em particular. Portanto, quando se diz que esses lobbies estão a enfraquecer as ligações entre os dois Estados, o que estão a fazer é, de facto, a desacreditar as instituições angolanas.

Esses lobbies visam apenas Angola ou também Portugal?

Visam primeiro atacar Angola, directa e indirectamente. Denegrir a imagem das instituições angolanas e dos seus responsáveis é uma agressão directa. Impedir ou desencorajar que investidores angolanos invistam em Portugal e portugueses invistam em Angola é um ataque à soberania e à livre vontade de quem quer fazer os seus negócios.

Angola continua com imagem negativa no que diz respeito ao combate à corrupção, ainda que tenha sido aprovada nova legislação.

Nesse domínio a imagem de Angola deu um salto muito grande, melhorou bastante. Nunca deixou de se reconhecer que, num contexto de perturbação social, como foi a guerra, há questões que escapam do controlo das autoridades. Agora, numa situação de normalidade, seria anormal admitir continuar a pactuar com situações dessas. A par dos mecanismos legais e institucionais criados para o combate à corrupção, há também um trabalho pedagógico que tem de ser feito. Sabemos que a corrupção não se combate apenas por decreto. A corrupção é uma atitude e a sua mudança implica novas aprendizagens, recorrendo a vários instrumentos. Compreendemos, naturalmente, a ansiedade de quantos gostariam que o fizéssemos mais rápido. Mas é necessário entender que esses processos têm a sua própria velocidade. E, por vezes, antecipar os acontecimentos pode ser fatal.

Em relação ao novo acordo dos vistos, qual é o ponto da situação?

Teve dificuldades iniciais, mas o processo decorre bem. A maior dificuldade está no cumprimento dos prazos. Atendendo ao aumento assinalável de solicitações, é necessário que os serviços disponham de tempo. Um mínimo de burocracia irá sempre existir.

Numa altura em que se prevê um aumento da capacidade de produção petrolífera de Angola, como vê o futuro de outros sectores?

Seja qual for o cenário em termos da produção petrolífera no futuro, Angola não vai abdicar da diversificação da economia. Além do petróleo, temos outros recursos, em particular as terras aráveis e a água. Temos um potencial enorme para desenvolvermos a agricultura. Nesta diversificação, em momento nenhum o Estado pode pensar em estar sozinho. Daí que defenda e incentive o sector privado de modo a que, conjugados, possam levantar a economia.

Nesse caso, Angola conta com a experiência de outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa?

Há acordos gerais de cooperação entre os países da CPLP. Com Portugal, em particular, há reflexões muito importantes sobre pequenas e médias empresas. Porque Portugal tem uma tradição agrícola, tem uma forte experiência de que Angola precisa, por exemplo de famílias que têm estruturas montadas, bem organizadas, que sem necessidade de muita mão-de-obra, produzem importantes quantidades.


EMPRESÁRIOS DA CPLP VÃO REUNIR-SE EM LISBOA



Hoje Lusofonia

Este evento – a decorrer a 29 de Fevereiro e 1 de Março – é uma das realizações do «Portugal País de Excelência», um conjunto de iniciativas e acções do Grupo Mundo Português que visam a promover e valorizar Portugal no mundo.

Pretende-se reunir em Portugal, de forma regular, os portugueses que ao longo de muitos anos foram vencendo na vida e também os lusófonos responsáveis por inúmeros negócios realizados “em português” e que podem vir a investir em Portugal ou preferir marcas e produtos portugueses nos países onde estão estabelecidos, fazendo com que o conceito de “embaixadores de Portugal” no estrangeiro se estenda a todos aqueles que falam português, criando-se um novo conceito de “onda de negócios da língua portuguesa”.

Para Carlos Morais, director do evento, todas as pessoas, independentemente de idade, profissão ou estatuto, podem contribuir para que no futuro a língua portuguesa traduza a sua dimensão em negócios, por forma a que o empreendedorismo, a inovação, o comércio bilateral e o investimento em Portugal ou além fronteiras possa ser devidamente quantificado e documentado com alguns casos concretos.

E surpreenderão muitos de nós pela sua dimensão e envolvência universalista onde diariamente se realizam, ou influenciam. Basta pensar que os maiores impérios da distribuição alimentar no Brasil, na Venezuela ou em alguns países africanos são de origem portuguesa, acontecendo o mesmo em áreas como os cimentos, literatura, turismo, transporte terrestre, indústria metalomecânica e muitas outras áreas. É preciso que deixem de os chamar de meros “emigrantes” ou meros “cidadãos portugueses a residir no estrangeiro”, para serem finalmente desejados, esperados, bem vindos e acarinhados como nos últimos 30 anos se tem feito com o investimento de estrangeiros.

Neste fórum, vamos criar um espaço para que seja finalmente dito e assumido que somos 16 milhões de pessoas, dos quais mais de 5,5 milhões já vivem no estrangeiro, número que aumenta constantemente e que por isso podem alavancar tudo o que seja de origem portuguesa. O grande desafio neste momento é que esta realidade funcione, pois este número pode ser complementado pelos 230 milhões de falantes da língua portuguesa (mundo lusófono).

Lamentavelmente, a sociedade portuguesa ainda rejeita esta realidade, porque não entende ou porque está muito mal esclarecida pela comunicação social e pelos responsáveis das entidades oficiais, que não pretenderam até hoje esse esclarecimento.

Vejamos alguns exemplos:

É agora assunto recorrente equacionar as declarações de vários membros do governo que incentivam ou aconselham as pessoas a emigrar, nomeadamente professores e outros sectores profissionais mais atingidos pela crise, mas que infelizmente está bastante mal explicado. O que as pessoas deviam entender é que os portugueses são dos povos com maior capacidade histórica para poder circular de país para país, há mais de 500 anos. Todo este movimento entre países e continentes, começou por se chamar cruzadas, depois descobrimentos, a seguir fixação da população portuguesa no Brasil e em África e finalmente “emigração”, que é uma realidade aplicada a este movimento apenas entre 1960 e 1980.

Ora, nós estamos em 2011 e portanto esse conceito morreu há 30 anos! No entanto, e por incrível que pareça, a sociedade moderna parou no tempo porque ainda fala de uma terminologia que morreu nos anos 80 por altura da adesão à CEE, quando passámos a ser cidadãos de pleno direito em toda a Europa. A partir daí, não mais se pode falar em emigração. Pura e simplesmente, circulamos dentro da Europa entre qualquer país sem qualquer limitação e felizmente muito bem aceites para muitos dos principais países do continente americano, africano e asiático, onde não precisamos de vistos para movimentos turísticos ou de uma primeira análise e conhecimento destes países! Temos a tendência de fazer construir à partida algo muito mais difícil do que na realidade é.

Repare-se no caso dos Estados Unidos, onde é muito raro um americano nascer, viver e morrer no seu Estado de origem, sendo perfeitamente normal viver em diversos estados no decurso da sua vida útil. Naquele país fomenta-se e enaltece-se permanentemente aqueles que são de origem diferente do estado onde se está, chegando ao ponto de identificar sempre as pessoas a seguir ao nome pelo estado de origem, fazendo dessa diversidade a sua riqueza cultural.

Nós temos de ser capazes de entender esta realidade e senti-la como ela é, e não erradamente como nós pensamos que é. Ora, para que isto aconteça, é forçoso que estes portugueses que foram para o estrangeiro comecem a vir contar as suas experiências, as suas histórias e testemunhos das suas experiências. Mundo Português

Poderá também gostar de:

Brasil: Águas da chuva trazem primeira (falsa?) polêmica política em 2012



André Barrocal – Carta Maior

Um ministro bairrista no repasse de verbas contra enchente. Dilma disposta a enquadrá-lo com uma interventora. PT endossando denúncia de ONG de oposição e condenando um histórico aliado. Nas cordas, um PSB presidido por político com ambições em 2014 e à frente do estado beneficiado pelo bairrismo. Pronto, eis a polêmica. Mas os fatos parecem não sustentá-la.

BRASÍLIA – Mais um ano começa com tragédias provocadas pelas chuvas que marcam esta época. O principal palco dos estragos até agora é Minas Gerais, onde pessoas morreram e uma centena de municípios já decretou situação de emergência. Os governos federal e estadual correm para socorrer vítimas, acolher desabrigados, liberar dinheiro, planejar a recuperação do destruído.

Ao mesmo tempo em que causa problemas concretos no mundo real, as chuvas também produziram consequências não muito longe de Minas, mas num mundo mais virtual, a política. Nascido na capital brasileira, o “aguaceiro” espraiou-se pelo país por meio de TVs, rádios, jornais, blogs da internet na forma de uma polêmica que talvez não mereça a definição.

O motivo foi a suposta preferência explícita do ministro responsável pelo gasto de recursos federais destinados a prevenir enchentes por aplicá-los em seu estado de origem. Por trás da predileção de Fernando Bezerra por Pernambuco, estaria um interesse político de quem estaria de olho em uma candidatura a prefeito de Recife em outubro.

A tese de gestão eleitoreira de Bezerra foi sustentada com base na seguinte informação: de R$ 29 milhões em dinheiro liberado pelo ministério da Integração Nacional para obras contra enchentes em 2011, R$ 25 milhões foram para Pernambuco.

A informação foi levantada primeiramente por uma ONG chamada Contas Abertas, especializada na vigilância do gasto público. A entidade é de um deputado federal, Augusto Carvalho (DF), que pertence a um partido adversário do governo Dilma Rousseff, o PPS. A informação foi repassada pela ONG para um grande jornal, que a publicou na última terça-feira (3).

No mesmo dia, uma das ministras mais próximas da presidenta, Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, abreviou as férias e voltou ao batente, por ordem da chefa, que só retomaria o trabalho nesta sexta (6). A entrada de Gleisi em cena foi vista pelo mundo político como uma intervenção presidencial na pasta do “politiqueiro” ministro Fernando Bezerra, que seria “enquadrado” a partir dali.

No dia seguinte, o secretário de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR), daria uma declaração a um jornal do estado dele, chamando de “equívoco” o “privilégio” dado por Bezerra, que é do PSB, ao próprio estado na liberação de recursos. E garantindo que “a presidente Dilma não concorda com esse tipo de gestão.”

Um ministro sem atitude republicana, como se viu em números. Uma presidenta irritada e disposta a enquadrar o auxiliar, por meio de uma interventora. O partido dela fazendo coro à denúncia de uma ONG de oposição e condenando em público um aliado histórico do PT, o PSB. Aliado que é presidido por um político em ascensão, Eduardo Campos, que vê as eleições presidenciais de 2014 com certas ambições e que é, justamente, governador de Pernbambuco. Pronto, estava criada a polêmica.

Mas, será que haveria mesmo motivo para uma? Na última quarta-feira (4), o ministro acusado de bairrismo convocou a imprensa para dar explicações. E, pelos dados que apresentou na entrevista, talvez mereça crítica mais por dificuldade de gastar todo o dinheiro que tinha à disposição, do que por privilegiar o próprio estado.

Em 2011, a Integração tinha R$ 366 milhões para investir em prevenção de enchentes. Empenhou, primeiro ato de um gasto público, 70% - mais de R$ 100 milhões não foram usados. E pagou de fato só R$ 29 milhões.

Destes pagamentos realizados, 90% foram mesmo para Pernambuco. Mas, disse o ministro, porque o estado tinha sido quem mais pedira verba federal depois que, em 2010, passou por uma das maiores tragédias causadas por chuvas na história brasileira, com mais de 18 mil famílias atingidas.

Aquela tragédia levara o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a fazer um acordo com Dilma Rousseff para construir diversas barragens no estado, ao custo de R$ 600 milhões, de forma rateada com o governo federal. Era um dos estados com projetos em estágio mais avançado de elaboração e em mais condições de efetivamente receber dinheiro federal.

Segundo Fernando Bezerra, o que também mostra que não houve bairrismo no ministério, é a análise do resto do orçamento. No ano passado, as ações posteriores a enchentes - socorro a pessoas com alimentos e remédios ou reconstrução de estradas, por exemplo - tiveram empenho de R$ 910 milhões por parte do ministério. Só a metade foi paga.

Do total empenhado, quem mais recebeu recursos foi o estado do Rio de Janeiro, grande vítima de enchentes em sua região serrana no início de 2011, com cerca de 20%. Depois, Santa Catarina, que passou por um grande estrago em 2008. Pernambuco, que sofreu em 2010, foi o terceiro. "Não existe aqui política partidária, miúda, pequena", disse Bezerra.

Mas não bastava ao ministro explicar que não havia "bairrismo". O mundo político em Brasília ainda exigira que algumas arestas fossem aparadas em meio à "polêmica".

No mesmo dia da entrevista de Bezerra, Gleisi Hoffmann distribuiu nota à imprensa para desmentir a tese de que era "interventora". Disse a ministra: “Esclareço que não recebi por parte da presidenta da República nenhuma orientação ou determinação para intervir na execução orçamentária do Ministério da Integração Nacional. O ministro Fernando Bezerra é e continua sendo responsável pela execução dos programas e projetos daquela Pasta. Qualquer informação fora deste contexto tem por objetivo disseminar intriga”.

O PT também precisava fazer sua parte para, depois que um membro graúdo do partido, o secretário de Comunicação, tinha colocado lenha na fogueira em que Fernando Bezerra ardia e alimentado a “intriga” citada por Gleisi. Nesta sexta-feira (6), o presidente do partido, Rui Falcão, também soltou nota para acalmar o PSB. “Para o PT, o episódio está encerrado e não abala nem um pouco as relações políticas com o seu aliado, o PSB."

Brasil: INFLAÇÃO CONTINUARÁ RECUANDO EM 2012, diz Tombini



Correio do Brasil, com Abr

A inflação ao consumidor está em trajetória de queda e continuará recuando em 2012, disse por meio de nota o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, ao comentar o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou no teto da meta (6,5%) em 2011.

Na nota, Tombini lembra que a “inflação ao consumidor medida pelo IPCA, em linha com o cenário antecipado pelo Banco Central, está em trajetória de queda e encerrou 2011 em 6,5%, após alcançar 7,3% no terceiro trimestre”.

Para o presidente do BC, “outros indicadores reforçam a percepção de significativo arrefecimento das pressões inflacionárias”. Ele cita a variação dos preços no atacado medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) que “tem mostrado tendência marcadamente declinante, e se deslocou de 7,5% no terceiro trimestre para 5,1% ao final do ano”.

– Em 2012, a inflação ao consumidor seguirá recuando e se deslocando na direção da trajetória de metas, dinâmica esta consistente com a estratégia de política monetária adotada pelo Banco Central– destaca, na nota.

Brasil: Defesa Civil intensifica o convencimento para famílias deixarem áreas de risco



Correio do Brasil

O secretário municipal de Defesa Civil de Campos dos Goytacazes, no norte do estado, Henrique Oliveira disse na sexta-feira que o trabalho de convencer os 2 mil moradores do bairro de Três Vendas, que se recusam a sair de suas casas, vai continuar durante todo o fim de semana.

– O trabalho está muito difícil. Nós temos que fazer o trabalho de convencimento das famílias de deixarem as casas. Os assistentes sociais estão indo de barco de casa em casa para convencer as pessoas. Eu estou com o Exército me apoiando, com a Polícia Militar, a Guarda Civil municipal, mas eles se recusam a sair das casas. Nós queremos garantir o melhor atendimento possível para as famílias, disse o secretário.

Ainda de acordo com Henrique Oliveira, não se pode afirmar quando o nível da água vai baixar. Segundo ele, é possível que a região fique alagada até o mês de fevereiro. Entretanto, a previsão da Defesa Civil é de que o mês de janeiro seja de muita chuva, alagando ainda mais a localidade.

– A gente tem notícia que toda a região de Campos vai sofrer novamente no fim de semana, pois está se armando um temporal. Estamos explicando as famílias que podem ter problemas com a leptospirose e com a dengue. Se não conseguirmos hoje, nós vamos continuar amanhã, ressalta Oliveira.

A região de Três Vendas foi alagada após o rompimento de um dique na BR-356, que servia de barreira para conter as águas do Rio Muriaé, em Minas Gerais, que transbordou em consequência das fortes chuvas. As famílias que foram retiradas antes do alagamento estão alojadas em duas escolas do município.

Portugal: QUE DIÁLOGO SOCIAL?




Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

Em tempos de crise, a invocação da importância do diálogo social é recorrente no discurso de múltiplas entidades. Mas não faltam falsas invocações!

O presidente da República afirmou que é preciso "uma agenda orientada para o crescimento da economia e para o emprego", que "a coesão social é da maior importância para o crescimento económico", realçou "a importância da repartição equitativa dos sacrifícios aos portugueses" e colocou a necessidade de "um diálogo frutuoso... sobre as medidas dirigidas à melhoria da competitividade das empresas".

Estas mensagens são correctas, mas não passam de afirmações bondosas face à ausência de identificação das situações concretas que as pessoas vivem, das suas causas e dos seus responsáveis. Por outro lado, discutir a competitividade exige hoje muitas cautelas para se conseguir defender condições de dignidade no trabalho, respeito pelos direitos sociais, introdução de alguma justiça na distribuição da riqueza e abordar o desenvolvimento das actividades produtivas e das actividades financeiras ao serviço das pessoas e do país.

O Governo, através do ministro da Economia, do ministro da Solidariedade e Segurança Social e do primeiro-ministro enchem os portugueses de profissões de fé no diálogo social, mesmo quando não dialogam sobre coisa nenhuma. O primeiro-ministro desde Setembro que clarificou o que quer da Concertação Social: discutir com os parceiros sociais as formas de "credibilizar os sacrifícios necessários", ou seja, utilizá-los como muletas da aplicação de políticas comprovadamente injustas, violentas e profundamente condicionadoras do desenvolvimento.

Os dirigentes das confederações patronais fazem juras sobre a importância do diálogo social. Mas o diálogo e negociação nas empresas com os trabalhadores e as suas organizações escasseia e o exercício do poder é cada vez mais unilateral.

Dizem que não têm nada a ver e que até não lhes interessava muito a proposta de aumento do horário de trabalho, mas seguem o ditado popular "a cavalo dado não se olha o dente". Foram construindo um leque de "sugestões" contra os direitos dos trabalhadores que o Governo vai legislando medida atrás de medida.

Os patrões estão a actuar com uma grande ausência de hombridade. Aplaudem o que o Governo faz contra os trabalhadores e o povo e, candidamente, dizem que continuam disponíveis para o diálogo e a concertação. Mais cedo ou mais tarde vão ter de negociar de verdade!

Os impactos do fundamental das medidas já impostas ou anunciadas pelo Governo provocarão: mais 200 mil desempregados sobre o desemprego que já temos; mais de 30 dias de trabalho de borla a cada trabalhador, por ano, e perda de 2 a 3 salários, no sector privado ou no público; a perda, em alguns casos de forma insustentável, de direitos na saúde e no ensino, cortes violentos nas pensões ou nos subsídios de desemprego; a impossibilidade de milhares e milhares de portugueses e portuguesas, em particular jovens, subsistirem e organizarem a vida pessoal e familiar no seu país.

Será que podemos aceitar um exercício de credenciação destas políticas, dizendo aos portugueses que caminhem passivamente para o empobrecimento acelerado, para a regressão económica e para a destruição da democracia?

Será que podemos credenciar o Memorando da Troika, e as interpretações que o Governo dela faz, como sendo o "interesse do Estado", como nos diz todos os dias o Governo?

É preciso diálogo e negociação sobre como conseguir mais emprego e investimento e onde fazê-lo, como resolver problemas de tesouraria das empresas e impulsionar actividades de bens e serviços úteis não apenas para exportações, como tornarmos a nossa economia mais competitiva, como combater a economia clandestina ou a de ausência de solidariedade. Mas, numa agenda de sério diálogo social têm de estar em pé de igualdade os temas laborais e sociais.

Não se pode impor a destruição de um quadro de relações de trabalho de (ainda) alguma dignidade e pôr em frangalhos o Estado Social, e querer que o diálogo social resolva a competitividade, os problemas da economia e do país. Seria a quadratura do círculo.


Portugal: Miguel Relvas "orgulhoso" da "nova emigração" de jovens bem preparados



Jornal de Notícias

O ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, defendeu, este sábado, que Portugal deve "olhar para outros mundos" e menos para a Europa e valorizou a existência de uma nova emigração protagonizada por uma "juventude bem preparada".

"Se nós olharmos para a nossa história, sabemos que sempre que nos encostaram ao oceano foram os momentos de maior glória da nossa história", disse Miguel Relvas.

Na sua opinião, "a verdade é que nos últimos 20 anos estivemos demasiado preocupados com a Europa".

Ressalvando que os portugueses "não devem deixar de olhar para a Europa", o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares disse que "Portugal é forte quando olha para o mundo", acrescentando que "a vocação do Atlântico Sul é a vocação da nossa história".

Para o governante, que falava nos Paços do Concelho de Penela, vive-se "um tempo de incerteza em Portugal como em toda a Europa" e o país "precisa necessariamente de exportar e precisa de encontrar novos mercados".

Importa, no entanto, que esses mercados não sejam "os que vivem hoje no mesmo mar de incertezas em que nós nos encontramos", referindo que a situação de Espanha deve deve preocupar Portugal.

Miguel Relvas recordou a sua recente viagem a Moçambique e disse ter apreciado em Maputo, em contacto com jovens licenciados portugueses que trabalham no país, a sua maneira de "ver o mundo com outros olhos" e a sua "capacidade se se adaptarem" a novas realidades.

"Temos uma adaptabilidade de tal forma que nos permite estarmos nas Américas, na Ásia ou nas Áfricas como estamos no nosso continente ou no nosso país", afirmou.

"Está na hora e na altura de sabermos aproveitar essa condição natural" dos portugueses, pois "foi também por dificuldades que vivemos à época que nós fomos à vida, à procura de outros mundos e de outros mercados", no século XV, disse.

Ao conversar com jovens portugueses, em Maputo, "tive grande orgulho naquilo que vi e ouvi", perante um "outro tipo de emigração", diferente da dos anos 60, com destino à Europa.

"Esta é uma emigração muito bem preparada. Nós investimos significativamente nos últimos 20 anos numa geração e hoje não lhes damos aquilo de que eles precisam, que é o emprego", referiu.

Em Moçambique, com aqueles jovens, Miguel Relvas disse ter ficado "com a sensação de que pátria deles é o momento onde estão, a circunstância em que estão".

O ministro visitou o Paços do Concelho de Penela, no âmbito de um programa que incluiu visitas ao Centro de Estudos de História Local e Regional Salvador Dias Arnaut, ao SmARTES -- Casa das Indústrias Criativas e ao Penela Presépio, uma iniciativa que tira partido das condições naturais e patrimoniais desta vila muralhada cuja fundação é anterior à da nacionalidade.

Na visita esteve acompanhado pelo secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, Paulo Júlio, que era o presidente da Câmara local antes de entrar para o Governo, cargo em que foi substituído por António Alves.

Mais Portugal:

Farmácias suspendem a partir de segunda-feira crédito ao Governo regional da Madeira




Tolentino de Nóbrega - Público

As farmácias suspendem, a partir de segunda-feira, o crédito ao Governo da Região Autónoma da Madeira, pelo que os utentes do serviço regional de Saúde (SESARAM) terão de pagar na totalidade os medicamentos comparticipados.

“As farmácias aguardaram até ao limite das suas possibilidades. Aguardaram que lhes fosse efectuado hoje (sexta-feira) um pagamento, que permitisse retomar o plano para regularização da dívida em oito anos. Esse pagamento não foi efectuado, nem foi dada qualquer explicação”, justifica a Associação Nacional de Farmácias (ANF) em comunicado emitido depois da meia-noite.

Com a suspensão do crédito, os beneficiários do SESARAM terão, a partir do dia 9, de solicitar directamente ao Governo Regional a comparticipação no preço dos medicamentos, que até agora era logo descontada pelas farmácias no acto de compra. Ao prever esta decisão da ANF, muitos madeirenses afluíram às farmácias nos últimos dias, precavendo-se com os fármacos necessários para os próximos tempos.

As farmácias, frisa o comunicado da ANF, “são as primeiras a lamentar esta situação e esperam que o Governo Regional retome o plano de pagamentos acordado, que lhes permita cumprir com o sistema financeiro e, por essa via, pôr fim a esta situação que prejudica a população da Madeira e as farmácias”.

O executivo madeirense, recorda a associação, deve às farmácias as comparticipações no preço dos medicamentos desde Setembro de 2009, no valor de 77 milhões de euros. “A sobrevivência das farmácias depende desse pagamento, porque 80% da sua receita é constituída pelo valor das comparticipações”, acrescenta o comunicado. Assim, conclui, “o financiamento bancário deste atraso é impossível, porque o Governo Regional não cumpre os seus compromissos e a dívida continua a crescer”

Entretanto, igualmente por total indisponibilidade de tesouraria, o executivo madeirense decidiu suspender até 31 de Janeiro os reembolsos de consultas, exames e tratamentos médicos. A Secretaria Regional dos Assuntos Sociais emitiu um comunicado a apelar à compreensão dos utentes e a lembrar que não está em causa o seu direito ao reembolso, prometendo regularizar a situação depois da assinatura do programa de assistência financeira à região.

Esta é a segunda vez que a ANF ameaça suspender o crédito, tendo o cenário sido colocado em Dezembro de 2011. Nessa altura, a ameaça não foi concretizada, porque o Executivo insular se comprometeu a pagar até final do ano a prestação no valor de quatro milhões de euros, um compromisso que acabou por não honrar.

A SUBSERVIÊNCIA DOS JORNALISTAS PERANTE O PODER ECONÓMICO




Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues

Guardo para o Expresso em papel desta semana a minha opinião sobre o caso Jerónimo Martins. A um triplocomendador devemos garantir um estatuto especial. Por agora, queria apenas escrever sobre a reação de alguns jornalistas e comentadores ao caso.

Perante a justificada indignação de muita gente, mais por a figura em causa se ter dedicado, no último ano, a repetidas lições de patriotismo a políticos e cidadãos do que por o caso em si, os relações públicas da Jerónimo Martins tiveram a vida facilitada. Dali vieram apenas os primeiros "esclarecimentos". Ainda o caso não era caso e já abundavam notícias contraditórias, explicações de fiscalistas e artigos de opinião que oscilavam entre as acusações a um Estado que teima em ainda cobrar alguns impostos a grandes empresas e o derradeiro e infantil argumento de que "os outros fazem o mesmo". Sempre que está em causa um grande empresário a cena repete-se: a reação em defesa da sua honra é imediata e empenhada.

Nada de mal. Todos têm direito ao contraditório (e é dele que nasce o esclarecimento público), mesmo quando a defesa da incoerência de comportamentos parece difícil. O que espanta é que este empenhamento pelo pluralismo na defesa do bom nome de quem é criticado não se alargue a todos os sectores da sociedade e seja sempre muito mais militante quando estão em causa pessoas com um enorme poder económico.

Por causa deste caso, estive a rever entrevistas na imprensa e na televisão feitas a Alexandre Soares dos Santos. Como costumo prestar pouca atenção aos conselhos que esta gente dá à Nação - cada um dá atenção a quem quer e, com todo o respeito por merceeiros, não os considero mais habilitados do que qualquer outro cidadão para o debate político -, tinha matéria para rever. Fiquei atónito. Não se pode dizer que tenha lido e ouvido entrevistas. Os jornalistas (quase sempre de economia) pedem conselhos e dizem frases para as quais esperam a aprovação do senhor. É uma amena cavaqueira onde nada de difícil, embaraçoso ou aborrecido é perguntado. Nunca é confrontado com contradições, incoerências ou dificuldades. Nada se pergunta sobre a relação da sua empresa com os produtores nacionais, com os seus trabalhadores ou com o Estado. E havia tantas coisas para perguntar. Não se trata de uma entrevista a um empresário, com interesses próprios, mas a um "velho sábio" que o País deve escutar com todo o respeito.

Trata-se de um padrão e não de um tratamento especial ao dono da Jerónimo Martins. Se ouvirmos as entrevistas a banqueiros ou outros grandes empresários acontece o mesmo. O que me leva a perguntar: de onde vem esta bovina subserviência de tantos jornalistas perante o poder económico, que não tem paralelo com qualquer outro poder, sobretudo com o poder político?

Explica-se de três formas: dependência, concorrência e imitação.

A dependência é a mais simples de explicar e talvez a menos relevante. A comunicação social não depende do poder político. Não é ele que lhes paga as contas. Depende de quem detém os órgãos de comunicação social e de quem neles anuncia. Claro que há notícias más para os empresários. Se não houvesse, dificilmente teríamos alguma pergunta embaraçosa a fazer a este senhor. Mas perante este poder o jornalista pensa duas vezes, vê os dois lados da questão e procura todas as fragilidades da informação que dispõe - coisa que, sendo outros os sujeitos, tantas vezes se esquece de fazer. Isto, claro, se for sério. Se não o for fecha o assunto na gaveta e não pensa mais no assunto.

A concorrência tem mais a ver com o poder político. A ideia de que a comunicação social é um contrapoder é absurda. E a de que é um quarto poder é um equívoco. Os media não são um poder autónomo, são um salão onde se cruzam os vários poderes. E o poder político também. Por isso, é com este, que tem a legitimidade representativa que falta aos jornalistas, que os jornalistas concorrem.

A imitação vive mais do simbólico. Os jornalistas são uma classe muito particular: a proximidade que têm dos poderes - que os namoram e seduzem - dá-lhes a ilusão de poder. A sua fragilidade profissional (cada vez maior, com a crescente proletarização da profissão) torna-os extraordinariamente fracos. A sua osmose com o poder dominante fá-los repetir o discurso hegemónico de cada momento. E esse discurso é definido pelo poder mais forte de cada momento. E esse poder é, hoje, o económico e financeiro. Sendo de classe média, o jornalista de economia tende a pensar como um rico. Não representando ninguém, o jornalista de política tende a pensar como se fosse eleito.

É por tudo isto que devemos ter em atenção três premissas. A primeira: a independência do jornalista não depende de quem é o seu empregador. Nem a empresa privada garante maior autonomia que o Estado nem a coragem de um jornalista depende do seu patrão. Ou tem, ou não tem. A segunda: sendo a comunicação social fundamental para a democracia ela não substitui a democracia. A opinião de um jornalista não é mais descomprometida e livre do que a de qualquer outra pessoa, incluindo os agentes políticos tradicionais. E a opinião publicada (a minha incluída) não é a mesma coisa que a opinião pública. A terceira: os jornalistas não têm como única função fiscalizar o poder político, mas fiscalizar todos os poderes. Incluindo o seu. Quando não o fazem tornam-se inúteis.

Quase 70% do investimento de Portugal no estrangeiro foi para a Holanda




Entre janeiro e outubro de 2011, 69,3% do investimento direto de empresas portuguesas no exterior destinou-se à Holanda.

Quase 70 por cento do investimento direto de Portugal no exterior entre janeiro e outubro de 2011, um valor equivalente a 6.587 milhões de euros, foi para a Holanda, indicam dados oficiais.

De acordo com números do Banco de Portugal disponibilizados pela Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP), 69,3 por cento do investimento direto de empresas portuguesas no exterior (IDPE) destinou-se à Holanda.

Os dados publicados pelo AICEP referem-se apenas aos primeiros dez meses do ano passado. Os números não incluem a operação de transferência de 56 por cento do capital da Jerónimo Martins pelo seu principal acionista para uma filial na Holanda.

Os números do AICEP mostram ainda que o IDPE aumentou substancialmente de 2010 para 2011: de janeiro a outubro do ano passado, o investimento total no exterior ascendeu a 9.505 milhões de euros, mais que os 6.866 milhões do total de 2010.

Este crescimento deve-se totalmente ao aumento no IDPE para a Holanda, que aumentou quase 800 por cento de 2010 para os primeiros 10 meses de 2011.

O volume de investimentos na Holanda para 2011 eclipsa o de tradicionais parceiros comerciais e destinos de investimento de Portugal como a Espanha (10,5 por cento do total), o Brasil (4,8 por cento) ou Angola (2 por cento).

No entanto, estes valores não são inéditos. Na última década, e ainda segundo números do Banco de Portugal disponibilizados pelo AICEP, houve vários anos em que o IDPE representou entre um quarto e metade do total do investimento português no exterior.

Entre 1999 e 2009, a Holanda foi sempre o maior ou o segundo maior destino do IDPE. Segundo o jornal Público, a maioria das empresas cotadas no principal índice da bolsa portuguesa (PSI20) tem filiais na Holanda. De acordo com o mesmo jornal, a Jerónimo Martins detém a cadeia de supermercados polaca Biedronka através de uma "holding" com sede em Roterdão.

A Holanda é um dos países mais atraentes da Europa para o planeamento fiscal de empresas multinacionais. Tem uma taxa de IRC relativamente baixa (25,5 por cento) em comparação com os seus vizinhos e as empresas lá sediadas podem receber mais valias e dividendos de subsidiárias sem pagar impostos.

Segundo um relatório dos escritórios holandeses da consultora Deloitte, a Holanda tem uma das mais vastas redes de acordos fiscais bilaterais do mundo, limitando muito a possibilidade da dupla tributação para empresas com operações em vários países.

Além disso, acrescenta o relatório, as autoridades fiscais holandesas têm uma "atitude aberta". Isto significa que o fisco holandês está disponível para "discutir previamente condições fiscais" com empresas, discussões que podem ser formalizadas em acordos expressos, o que fornece "um máximo de certeza" às empresas.

Portugal continua de cócoras, com a vaselina na mão, pronto a cumprir as ordens do MPLA




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

Porque é barato e dá milhões, meio mundo bajula Eduardo dos Santos e o outro meio quer bajular. São poucas, cada vez menos, as excepções.

Por muito que isso custe, os portugueses – sobretudo os responsáveis políticos, económicos e jornalistas - só estão mal informados sobre a realidade angolana porque querem, ou porque têm interesses eventualmente legítimos mas pouco ortodoxos e muito menos humanitários.

De facto, os políticos, os empresários e os (supostos) jornalistas portugueses (há, é claro, para aí duas ou três excepções) fazem um esforço tremendo (bem remunerado) para procurar legitimar o que se passa de mais errado com as autoridades angolanas, as tais que estão no poder desde 1975.

É claro que nem todos pensam pela cabeça dos outros, ou pelos dólares dos outros.

“A economia angolana cresce a bom ritmo, mas só beneficia alguns. Daí os protestos contra o regime do Presidente José Eduardo dos Santos estarem a aumentar”, diz um importante meio de comunicação social.

Não. Não é, obviamente, português. No caso foi o Frankfurter Allgemeine Zeitung num longo artigo com o título “Zé Du e os seus inimigos”.

Para este jornal, Angola vive, por culpa do regime e de um presidente não eleito e que está há 32 anos no poder, numa enorme injustiça social e numa incomensurável corrupção.

“No dia da sua libertação Dionísio Casimiro volta a manifestar-se”, escreve o Frankfurter Allgemeine Zeitung, especificando que o estudante de informática de 28 anos marcha para a Praça da Independência, no centro de Luanda. Perto da estátua de Agostinho Neto estão aglomeradas centenas de polícias, com coletes à prova de bala, cavalos e cães. Indiferentes os manifestantes gritam: “ Prendam o Zé”, “32 é demais”.

Diz o jornal, alemão é claro, que o alvo dos protestos é o presidente José Eduardo dos Santos que “dirige Angola como uma multinacional”.

“O presidente, ex-marxista, está nos lugares cimeiros da lista dos homens mais ricos do continente africano”, conta o Frankfurter Allgemeine Zeitung, acrescentando que, apesar da riqueza do país, “54 por cento dos cerca de 20 milhões de habitantes vive abaixo do limiar da pobreza, com menos de um euro por dia”.

Perante isto, fica um desafio aos ilustres jornalistas portugueses, os tais que o consultor político do Presidente da República, e seu ex-assessor de imprensa, Fernando Lima, quer “domesticados”, para que me digam em que meio de informação portuguesa se pode ler que:

- 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças;

- Apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico;

- Apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade;

- 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos;

- A taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino;

- 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos;

- A dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos;

- 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda;

- O acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: META ELEITORAL DO MPLA APONTA PARA 110%

Mais lidas da semana