sábado, 7 de setembro de 2013

Protestos: SETE DE SETEMBRO É DE MANIFESTAÇÕES EM TODO O BRASIL

 


No Rio de Janeiro e em Brasília houve confronto com a polícia
 
Protestos de rua eram realizados em várias cidades do Brasil neste sábado 7 de setembro, Dia da Independência, e no Rio de Janeiro, e Brasília, manifestantes enfrentaram a polícia, que tentou dispersá-los com gás lacrimogêneo e gás de pimenta.

Vários grupos convocaram manifestações em mais de 100 cidades do país através de redes sociais, mas são até agora significativamente menores que as de junho, quando mais de um milhão de pessoas protestaram contra a corrupção, os gastos milionários com a Copa de 2014 e os serviços de saúde, educação e transporte de má qualidade.

Outras manifestações também foram realizadas em
Porto Alegre, Belo Horizonte, Cuiabá, Belém, Fortaleza e Maceió, entre outras cidades.

No Rio de Janeiro, um grupo de mais de 100 manifestantes, alguns mascarados, invadiram o Desfile Militar no centro. A polícia disparou gás lacrimogêneo perto dos espectadores, muitos deles famílias com crianças, que correram para se proteger. Nove pessoas ficaram feridas, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, e ao menos 12 manifestantes foram detidos, indicou a Polícia Civil. Uma agência bancária próxima ao local do desfile foi destruída pelos manifestantes. Nem o prefeito do Rio, Eduardo Paes, nem o governador do Estado, Sérgio Cabral, assistiam ao desfile, cuja duração e número de participantes foi reduzido devido aos protestos previstos.

— A educação brasileira é uma vergonha, os salários também. Há investimento para iniciativas privadas ao invés de iniciativas públicas — disse o estudante Eduardo Marques, 25 anos, que acaba de se formar como professor e exige "a inserção social de todos os brasileiros".

A segurança foi reforçada em todas as cidades, principalmente em Brasília, onde Dilma Rousseff participou sem incidentes do tradicional desfile militar a bordo de um automóvel oficial. Apenas 5 mil espectadores assistiram ao desfile na Esplanada dos Ministérios, que tem lugar para 24 mil pessoas. Depois do fim do desfile, cerca de 2 mil manifestantes contra a corrupção marcharam até o Congresso e foi registrado um confronto com a polícia, que lançou spray de pimenta contra algumas pessoas.

— Queremos melhorias na educação, reforma e democratização da mídia, os protestos de junho serviram para pressionar o Congresso para que aprove medidas, temos de manter isso vivo — afirmou Philip Leite, do movimento estudantil Kizamba.

Está previsto que as manifestações durem todo o dia. Em Brasília, coincidirão, à tarde, com a disputa do
amistoso da seleção brasileira contra a Austrália no estádio Mané Garrincha. Quase 4 mil policiais protegem a capital federal, onde a polícia advertiu que os manifestantes mascarados serão identificados e detidos, uma medida que já começou a entrar em vigor no Rio para impedir atos de vandalismo contra bancos, comércio e bens públicos.

A presidente Dilma disse na véspera, durante a transmissão de um pronunciamento à nação, que "a população tem todo o direito de indignar-se com o que está errado e exigir mudanças", mas pediu para que não deixem que "uma camada de pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca nos últimos anos".

Em São Paulo, uma manifestação convocada com o lema "Grito dos Excluídos" bloqueou o trânsito em parte da Avenida Paulista, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

— Vim hoje porque quero uma casa digna (...). Esta é uma marcha pacífica por uma moradia digna e também pela saúde e educação — explicou Regina Silva, 50 anos.

Em Recife, os manifestantes começavam a se concentrar usando traje de praia, com a ideia de fazer um protestos em bicicletas. A princípio, o objetivo era fazer o protestos com todos nus, mas a polícia alertou que haveria prisões caso isso acontecesse.
 
AFP – Zero Hora
 
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ANGOLA FELICITA BRASIL POR ANIVERSÁRIO DE INDEPENDÊNCIA

 


O Presidente de Angola manifestou hoje o desejo do Governo angolano de continuar a fortalecer os laços de amizade e cooperação com o Brasil, na mensagem de felicitação por mais um aniversário da independência do país latino-americano.
 
José Eduardo dos Santos, segundo a agência de notícias Angop, endereçou uma mensagem de felicitação à sua homóloga brasileira, Dilma Rousseff, em que enalteceu os "avanços registados pelo Brasil, de forma sustentada, nos mais distintos domínios".
 
Na sua mensagem, o chefe de Estado angolano sublinhou que os avanços daquele país sul-americano "constituem referência para os demais países que almejam o desenvolvimento".
 
"Aproveito a oportunidade para reiterar o desejo do Governo angolano de continuar a fortalecer os laços de amizade e cooperação entre os nossos dois países", sublinhou ainda José Eduardo dos Santos.
 
O Brasil, país que assinala no sábado mais um aniversário da sua independência, foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola, a 11 de novembro de 1975, tendo estabelecido relações de amizade e cooperação a partir daquela data.
 
No processo de reconstrução de Angola, findo o período de guerra de mais de três décadas, em 2002, o Brasil tem participado com cerca de 60 empresas instaladas e afiliadas à Associação Brasileira de Executivos e Empresários Brasileiros (AEBRAN).
 
Lusa - ontem
 

A POLÉMICA ADESÃO DA GUINÉ EQUATORIAL À CPLP: AINDA NÃO HÁ CONSENSO

 


Polémica quanto ao ingresso, ao estatuto de membro pleno da CPLP, da Guiné Equatorial, país governado desde 1979 pelo presidente Teodoro Obiang Mbasogo. Portugal mostra-se ainda como a única nação membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) contrária ao ingresso da Guiné Equatorial como membro pleno de direito da entidade lusófona.
 
O presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, tem manifestado contrariedade à entrada da Guiné Equatorial na CPLP. E o vice primeiro-ministro português, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, tem declarado ao secretário executivo da CPLP, embaixador Murade Murargy, a “inconveniência” de seus pronunciamentos públicos a favor da adesão do país africano presidido desde 1979 por Teodoro Obiang Mbasogo.
 
Portas alegou que o assunto da adesão da Guiné Equatorial – que possui já o estatuto de país observador da CPLP – não é encarado de forma unânime pelos Estados membros da organização e, por isso, a Comunidade deve adotar uma atitude neutral quanto às diferentes opiniões das nações que dela fazem parte.
 
A decisão final quanto à adesão da Guiné Equatorial ao organismo das nações lusófonas promete ser dada na Cimeira da CPLP em Díli, Timor-Leste, em 2014.
 
As autoridades da Guiné Equatorial têm manifestado expectativas pouco usuais no sentido de uma decisão favorável a seu ingresso na CPLP. Diversas altas autoridades de Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guiné-Bissau têm se declarado a favor da adesão da Guiné Equatorial. O governo brasileiro também não oferece obstáculos à adesão, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que aparentemente ligou-se à Guiné Equatorial por interesses privados – também declarou-se favorável à causa do ingresso da Guiné Equatorial.
 
O governo de Cabo Verde declarava-se de início contrário à adesão, mas foi convencido pelas promessas do presidente Teodoro Obiang, como a de que os primeiros especialistas a serem chamados para o ensino e a disseminação da Língua Portuguesa entre a população equato-guineense seriam professores cabo-verdianos. Assim, embora o presidente José Carlos Fonseca tenha se mostrado reticente quanto às pretensões da Guiné Equatorial, o governo cabo-verdiano passou a ser favorável ao ingresso. Apenas Portugal permanece com a posição contrária.
 
A Guiné Equatorial comprometeu-se a colocar a Língua Portuguesa como oficial, ao lado do espanhol e do francês – como foi feito através de decreto aprovado pela Assembleia Nacional em Malabo em outubro de 2011. Mas há reservas pelo facto de o português não ser a Língua materna de pelo menos parte da população e também pela ausência do uso da Língua pelos próprios meios de comunicação oficiais do país.
 
As reservas de Portugal – e também de muitas associações civis dos países lusófonos – à Guiné Equatorial apoiam-se também sobre questões de princípios, como a má reputação internacional do país africano quanto ao respeito aos direitos humanos e às liberdades democráticas.
 
Embaixada em Lisboa – e novos problemas externos

O ministro dos Assuntos Exteriores e Cooperação da Guiné Equatorial, Agapito Mba Mokuy, visitou Lisboa em julho deste ano, sendo recebido por seu homólogo da República Portuguesa, Rui Machete, com o objetivo de definir a escolha e aquisição de um edifício para abrigar a embaixada do país africano na capital portuguesa.
 
Em agosto, José Dougan Chubum tornou-se o primeiro embaixador da Guiné Equatorial em Portugal, ao apresentar suas credenciais ao presidente Cavaco Silva. Dougan Chubum também foi nomeado pelo governo de Malabo para ser acreditado junto da CPLP, nos esforços para convencer Portugal quanto à adesão plena à Comunidade lusófona.
 
Para complicar a imagem do país africano no exterior, o segundo vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Mangue, vulgo “Teodorín” (filho do presidente Obiang), é alvo de mandados judiciais internacionais vindos de países como Estados Unidos da América, Brasil e França, por corrupção e aquisição ilícita de património. A Justiça francesa chegou a confiscar a “Teodorín” diversos bens pessoais de vulto, como imóveis e automóveis de luxo.
 
Chikoti: “A adesão da Guiné Equatorial à CPLP depende dela própria”

O ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, disse, na terça-feira, dia 3 de setembro, em Lisboa, que a eventual aprovação da adesão da Guiné Equatorial dependerá do cumprimento dos requisitos exigidos.
 
“Não tem sido muito consensual a forma como podemos acomodar a Guiné Equatorial na CPLP”, disse Chikoti. O chanceler angolano ainda acrescentou que a solução da questão depende também do cumprimento do plano de ação preparado pela CPLP para a adesão plena. Nesse sentido, disse esperar que aquele país africano faça “mais progressos internos para satisfazer a vontade de todos os membros da CPLP”.
 
“Se ela puder se adaptar a este plano, provando que de facto agora é um país onde se fala o português, e que de facto o português está institucionalizado, os países da CPLP poderão apoiar” a integração no organismo lusófono, adiantou Chikoti.
 
Segundo o chefe da diplomacia angolana, os problemas quanto à violação dos direitos humanos não são uma questão decisiva para a inviabilização da entrada da Guiné Equatorial na CPLP, apesar de aparecer na Constituição equato-guineense a pena de morte.
 
“Vamos olhar para o plano de ação da CPLP, pois, além da Constituição que institui a Língua Portuguesa como Língua oficial, é fundamental que a Guiné Equatorial dedique algum esforço na aprendizagem da Língua Portuguesa”, disse Georges Chikoti, em declarações feitas na capital portuguesa durante encontro com Carlos Bayan Ferreira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola.

Fonte: Extraído do sítio Lusomonitor (Portugal) e da Agência AngolaPress – em Nós Revista

Portugal: ESPERTO, É A TUA TIA!

 


Passos Coelho vai em crescendo como é seu hábito na arte da mentira, na arte de ludibriar os portugueses. Tem a vantagem de se deparar com uma oposição de faz-de-conta protagonizada pelo PS (Partido Socialista). Seguro disse… Passos disse… - este é o vai-e-vem das palavras entre dois líderes que se assemelham, filhos das juventudes partidárias da vida fácil e distantes da realidade portuguesa.
 
Volvidos mais de dois anos de destruição da democracia, da economia, da justiça, de Portugal, dos portugueses, o que vimos são falácias de Passos para Seguro e de Seguro para Passos, numa espécie de jogo articulado que garante o empobrecimento, o adormecimento e embrutecimento de Portugal. Vai daí vem o PCP dizer de sua lavra, e o Bloco de Esquerda… mas nada adiantam. Para as autárquicas eleitorais que se aproximam (29 de setembro) o PSD de Passos-Cavaco está a angariar potenciais votantes que nunca se julgou ser possível, o PS vai na mesma, como antes, e é o possível partido mais votado entre autarquias. Mas daí nada sairá de melhor nas políticas que arrasam Portugal e os portugueses.
 
As mentiras dos partidos do constante círculo do poder (PS-PSD-CDS) nem por isso sairão penalizados, mostra antecipada do que virá a acontecer nas eleições legislativas de 2015. Não nos admiremos que o PSD-CDS obtenha então uma maioria semelhante à que lhe garante o poder na atualidade. Tudo continua e continuará entregue às máfias do três partidos da governação. Dir-se-ia que os portugueses eleitores são parvos e sadomasoquistas? Que, ao contrário, são espertos? Espertos, é a tua tia! Vejam-se os títulos da Agência Lusa de seguida e a arte de falar muito sem adiantar coisa alguma.
 
Redação PG - RP
 
Seguro diz que “esperteza saloia” foi mentir aos portugueses para ganhar eleições
 
O secretário-geral do Partido Socialista (PS) respondeu hoje às acusações do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, dizendo que “esperteza saloia” foi o que o líder do Governo teve ao “enganar os portugueses para ganhar as eleições”.
 
“Quando o PS apresenta propostas para melhorar a vida das pessoas, para dar melhores condições aos empresários, o primeiro-ministro chama a isto tudo esperteza saloia”, lamentou António José Seguro durante um discurso em Matosinhos, depois de ter sido levado em ombros ao lado do candidato socialista ao concelho, António Parada.
 
“Pois eu quero dizer ao primeiro-ministro uma coisa muito simples: esperteza saloia foi o que ele fez quando, há dois anos, mentiu aos portugueses, enganou os portugueses para ganhar as eleições. Isso é que não é justo”, declarou o secretário-geral do PS.
 
Por seu lado, Pedro Passos Coelho acusou hoje a oposição de "esperteza saloia" utilizada nas tentativas de ganhar votos aos sociais-democratas, criticando o PS por marcar a reabertura parlamentar com a exigência de baixar os impostos.
 
"Como é que o principal partido da oposição decidiu encarar a reabertura parlamentar agora em setembro? Dizendo: é preciso baixar os impostos", criticou o líder social-democrata, questionando como é que é possível "construir o futuro com demagogia desta maneira".
 
Seguro contrapôs que o PS quer “ajudar os empresários da restauração baixando o IVA, ajudar as empresas reduzindo o IRC para 12,5% para os primeiros 12.500 euros de lucros, baixar o IMI das casas para ajudar as famílias”.
 
Horas antes, durante um comício em Gondomar de apoio ao candidato do PS, Marco Martins, Seguro havia acusado Pedro Passos Coelho de se “queixar dos portugueses”, dizendo que “é altura de dizer ao primeiro-ministro que os portugueses têm todo o direito a queixar-se”.
 
TDI (JF) // MSF
 
Avante!: Jerónimo pede a Passos para deixar “lamúrias” e “falar verdade”
 
O secretário-geral do PCP insistiu hoje para o primeiro-ministro do Governo maioritário PSD/CDS-PP colocar de parte as "lamúrias" e "falar verdade" aos portugueses sobre futuros cortes na despesa do Estado.
 
"Tendo em conta as eleições de dia 29 (autárquicas), (o Governo) não concretiza qual é o mal que vai fazer aos reformados e pensionistas, se é corte, se é taxa. Vai fazer um novo assalto às reformas e pensões. O que entende desse guião do FMI que pretende uma nova ofensiva no plano laboral", lamentou Jerónimo de Sousa.
 
O líder comunista acusou mesmo Passos Coelho de não estar a "falar verdade", ficando-se por "meia-verdade".
 
"Não tem de se queixar. Deixe-se de lamúrias e diga a verdade ao povo português", exortou o líder comunista, na Festa do "Avante!", no Seixal.
 
Para Jerónimo de Sousa, trata-se de "um Governo que ultimamente vem anunciando que se inverteu a crise, a recessão, o número de desempregados, sabendo que são meros sinais que resultam de uma conjuntura", exemplificando com o caso de números dados como positivos em termos de evolução económica, no caso das exportações, uma vez que "junho teve 19 dias úteis e julho teve 23... e o país continua em recessão".
 
O líder do PSD acusou hoje a oposição de "esperteza saloia" numa tentativa de ganhar votos e criticou mesmo o PS por marcar a reabertura parlamentar com a exigência de baixa de impostos, afirmando haver boas razões para que alguns analistas de mercado pensem que "volta o desatino e a insustentabilidade" no dia em que a ‘troika' sair de Portugal.
 
Relativamente a nova decisão do Tribunal Constitucional favorável à elegibilidade de candidatos autárquicos com mais de três mandatos, no caso de freguesias agregadas, o secretário-geral comunista rejeitou qualquer necessidade de legislação sobre o assunto.
 
"Não consideramos necessária qualquer clarificação. Desde sempre rejeitámos e há as decisões do TC que correspondem a esse sentido de fazer prevalecer o direito fundamental em vez da restrição. A melhor forma de julgar a obra não é por decreto, mas pelo voto das populações", afirmou, criticando, sobretudo o BE pelas iniciativas de impugnação, com intuitos "reacionários, protofascistas".
 
Para o PCP, o objetivo para as eleições autárquicas, "sem traçar metas concretas, é obter mais mandatos e mais votos", com a "honestidade", "trabalho" e "competência" da CDU, que congrega ainda "Verdes" e Intervenção Democrática
 
Ao todo, a CDU concorre em 301 dos 308 municípios, no Continente, Madeira e 12 dos 19 açorianos, estando presente em 2.459 freguesias, mais 186 do que em 2009.
 
Jerónimo de Sousa reforçou ainda que "mais de 35 por cento de candidatos são independentes" das forças políticas que constituem a CDU.
 
HPG // VM
 

Portugal: POBREZA, CAVACO E A CONVERSA DA TRETA

 

 
Cavaco Silva, o nocivo presidente da República de Portugal da atualidade, vai falando da pobreza crescente e dizendo umas loas lamechas mas hipocritas para enganar não se sabe bem quem. Está mais que claro que as políticas do governo Passos-Portas tem a sua declarada cumplicidade e proteção. Foi há três dias, salvo erro, que voltou a passear-se pela pobreza que fustiga Portugal. “A luta contra a pobreza e exclusão deve estar na agenda dos responsáveis políticos, considerou nesta quarta-feira o Presidente da República no encerramento da entrega dos prémios Champalimaud de Visão.” Lê-se no jornal Público de há dias atrás. Fala, fala, mas assina de cruz e supostamente prazenteiro as políticas do seu pupilo governo que visam miserabilizar sempre e cada vez mais os portugueses. Foi há dias que falou “contra” (contra?) a pobreza galopante mas fez o mesmo em 2007, em 2008, em 2009… todos os anos seguintes e até hoje. Conversa da treta de Cavaco. O que é grave e demonstra a sua enorme hipocrisia. Em 2007, salvo erro (mais anos menos ano) dizia e foi veiculado na imprensa: “Pobreza: Números sobre realidade em Portugal envergonham Cavaco Silva”. Conversa da treta de Cavaco Silva. Em 2012 podiamos ler em entrevista: “Cavaco Silva: É “impossível impor mais austeridade” aos “novos pobres“. Conversa da treta de Cavaco Silva, o pernicioso Presidente da República de Portugal. E conversa da treta porque desconhece-se que de algum modo tenha contribuido contra as medidas rumo à pobreza que devasta os portugueses. E vem lá mais pobreza. E vem lá mais e maiores lucros para os do costume, os que nunca são tocados (ou são tocados muito pouco), políticos e grandes empresários, banqueiros – os da lavra de Cavaco e de mais uns quantos. Os portugueses mereciam melhor sorte e um presidente da República que defendesse a República, as Justiça – a de barra e a social. Isso, em vez de corporizar um salazarismo ou outros ismos que adotam o “pobrezinhos mas felizes e honestos” que parecem ser tanto do seu agrado e daqueles que o rodeiam, governo incluido. Basta de conversa da treta. Basta de hipocrisia. Ou Cavaco muda de trajetória ou Portugal sucumbe de igual modo como já sucumbiram tantos portugueses. A pobreza já invade mais de 40 por cento dos portugueses. Uma vergonha com a chancela de Cavaco e do governo que tem protegido.
 

Portugal: OS POLÍTICOS ENGANAM OS CIDADÃOS

 

Helder Guerreiro - Aventar
 
A lei da limitação dos mandatos foi vendida desta forma:
 
Governo aprovou limitação de todos os mandatos políticos – Público – 8 de Ablil de 2005
 
Ou
 
O governo liderado por José Sócrates aprovou a lei que limita a duração dos mandatos para cargos políticos a um máximo de 12 anos ou três mandatos consecutivos. Aqui se incluem primeiro-ministro, autarcas e presidentes dos governos regionais. – TVI24 8 de Abril de 2005
 
Sem ambiguidades foi anunciado que os dinossauros seriam extintos em breve. Todos sabem qual foi a decisão do Tribunal Constitucional sobre este assunto: passamos a ter dinossauros itinerantes.
 
O maior problema nesta questão é a facilidade com que os políticos enganam os cidadãos (propositadamente ou por simples incompetência). Esta é apenas mais uma instância em que os cidadãos são burlados pelos políticos.
 

ELEIÇÕES NA GUINÉ-BISSAU PODEM SER ADIADAS, ADMITE RAMOS HORTA

 

Deutsche Welle
 
Dificuldades logísticas e de financiamento podem motivar o adiamento das eleições, justificou o representante especial da ONU no país. O atraso pode agravar a instabilidade polítia e social na Guiné-Bissau.
 
A informação foi dada por José Ramos-Horta quando falava, na quinta-feira (05.09), num encontro com jornalistas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde participou numa reunião com os 15 membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com o centro de informação da ONU, Ramos-Horta referiu: "é preferível que as eleições se realizem a 24 de novembro, mas se forem adiadas é para uma data muito próxima". O representante da ONU na Guiné-Bissau deixou o alerta: um atraso mais significativo pode "desestabilizar a situação política e colocar em risco tudo o que já se conquistou".
 
Amnistia para autores do golpe de 2012
 
Entretanto, o governo de transição da Guiné-Bissau anunciou pretender que os militares que protagonizaram o golpe de Esatdo, em abril de 2012, sejam amnistiados antes da realização das eleições gerais. A lei vai ser discutida na Assembleia Nacional Popular até à próxima terça-feira (10.09).
 
De lembrar que, um mês após o golpe que depôs o governo eleito, a maioria dos partidos políticos da Guiné-Bissau rubricou um Pacto de Transição para gerir o país até as novas eleições gerais. Nesse acordo ficou assente que seriam amnistiados os autores do golpe de Estado militar.
 
Para já, o governo defende a lei da amnistia como garante da estabilidade antes do pleito eleitoral. "Entendemos que os guineenses devem reconciliar-se, pôr de lado todo o tipo de divergências e essa política de costas viradas, por forma a procurarmos uma paz duradoura e a estabilidade para o país", destacou Fernando Vaz, porta-voz do governo de transição.
 
Questionado sobre que tipo de amnistia será concedida aos autores do golpe militar, Fernando Vaz disse que tal compete aos deputados decidirem.

Recorde-se que, em 2007, a Assembleia Nacional Popular guineense aprovou uma lei geral de amnistia para todos os crimes de natureza subversiva ou militar cometidos no país desde a independência até 2004. Na altura, a lei foi bastante criticada.
 
"Cadogo" pode regressar ao país para viver como qualquer cidadão guineense
 
Também o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Antonio Indjai, defende que é preciso que os guineenses se unam para a estabilização do país.
 
Nesse sentido, Indjai terá dito que não tem nada contra o regresso de Carlos Gomes Júnior, antigo primeiro-ministro, deposto por ele no golpe de Estado.

A garantia foi deixada pelo recém-promovido brigadeiro-general Daba Na Walna, porta-voz do exército: "'Cadogo' pode voltar a qualquer momento ao seu país porque é um cidadão nacional, mas com a condição de vir para aqui viver como qualquer outro cidadão e com a segurança que é dispensada a qualquer guineense", disse.
 
Entretanto, após receber a patente de general de quatro estrelas, António Indjai garantiu que doravante os militares vão submeter-se ao poder político para a estabilização do país.
 
"Vou empenhar-me mais, vou redobrar as minhas forças para mudar a situação das Forças Armadas, porque temos que nos subordinar ao poder político neste país. Não podemos ser sempre motivos de problemas", prometeu o Chefe do Estado-Maior do exército guineense.
 
Os militares dizem estar fartos de ver seus nomes na imprensa como traficantes de droga na Guiné-Bissau. Assim solicitaram a criação de uma comissão de inquérito internacional para se saber quem é que realmente vende drogas no país, avançou Daba Na Walna.

"Que se crie o quanto antes uma comissão com a tarefa de investigar e descobrir se, de facto, o Chefe do Estado-Maior está envolvido ou se existem outras pessoas envolvidas no tráfico de droga para que as pessoas sejam responsabilizadas", afirmou o porta-voz do exército.
 
Novas patentes para vários oficiais das FA guineenses
 
Na quarta-feira (04.09), foram entregues novas insígnias a 18 oficiais dos diferentes ramos das Forças Armadas.
 
Tratou-se de conformar as patentes militares com as funções que os oficiais já desempenham, há alguns anos, e com o vencimento que já estavam a receber - esclareceu o Chefe de Estado Guineense, Serifo Nhamadjo.
 
"Não há nenhuma pretensão de agradar as Forças Armadas ou promover simplesmente por promover pessoas. Simplesmente quisemos aplicar as normas instituídas desde 2000", justificou Nhamadjo.
 
Sobre as novas insígnias, o general Indjai disse que em condições normais não seria ele a ser graduado com a patente mais alta das Forças Armadas da Guiné-Bissau.
 
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POSSIBILIDADE DE MEDIAÇÃO EM MOÇAMBIQUE GERA POUCO ENTUSIASMO

 

Deutsche Welle
 
Depois de 19 rondas negociais sem avanços, a RENAMO exige mediadores. Apesar de a ideia ser pouco animadora para alguns, observadores reconhecem que uma mediação pode ajudar à saída do atual impasse.
 
A troca de acusações continua entre o Governo de Moçambique e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), o principal partido da oposição, após a 19ª ronda negocial inconclusiva.

O Presidente Armando Guebuza responsabiliza a RENAMO por ainda não se ter encontrado com o líder do movimento, Afonso Dhlakama, para a resolução da crise política. Um encontro entre Guebuza e Dhlakama é visto como decisivo para ultrapassar a atual tensão político-militar que se vive em Moçambique.

Por outro lado, a RENAMO acusa a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), no poder e o Governo de terrorismo e perseguição política dos seus membros e ex-guerrilheiros.

RENAMO quer mediadores

As negociaçãoes entre as delegações do Governo e da RENAMO decorrem há quatro meses e continuam sem grandes progressos, nomeadamente na questão que concerne à revisão da legislação eleitoral.

No termo da 19ª ronda negocial (02.09), Saimone Macuiane, chefe da delegação da RENAMO, afirmou que a crise político-eleitoral persiste e por isso “torna-se fundamental a presença de facilitadores nacionais e observadores para poder aproximar os irmãos moçambicanos”, afirmou.

Em resposta a esta proposta, o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, acusou a RENAMO de manobras obstrucionistas para, segundo disse, dar a entender que aquela formação partidária está a ser excluída de processos políticos. Mas deixou claro que o Governo continua aberto ao dialogo.

Nova versão das negociações de Roma?

A participação de facilitadores seria “uma tentativa de trazer um pouco de testemunho externo da sociedade moçambicana, e eventualmente também internacional, para de certa maneira pressionar um pouco a delegação do Governo no sentido de uma maior abertura”, avalia Luís Brito, diretor do Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique (IESE).

No entanto, na opinião de Luís Brito “não faz muito sentido como reprodução do esquema das negociações de Roma [Acordo Geral de Paz em 1992], mas, por outro lado, também não é uma coisa que faça mal”.

“A participação de outros elementos pode ajudar ao processo certamente não vai criar mais dificuldades. E, nesse sentido, penso que seria bem recebida pela sociedade se o Governo aceitasse a sugestão”, acrescenta Luís Brito, diretor do IESE, instituição que publicou recentemente uma coletânea de artigos sobre os “Desafios para Moçambique 2013”.

Comunidade de Santo Egídio apela a diálogo verdadeiro

“Estamos preocupados com a situação atual e ainda não se vê qual será a solução. Eu penso que a única via é o diálogo, porque é necessário ter vontade de se sentar e, através do diálogo, encontrar as soluções aos problemas”, afirma Maria Chiara Turini, representante em Moçambique da Comunidade de Santo Egídio.

A Comunidade de Santo Egídio, próxima do Vaticano, foi um dos mediadores do Acordo Geral de Paz de 1992 entre a RENAMO e o governo da FRELIMO, que pôs fim à guerra civil que durou 16 anos.

Maria Chiara Turini mostra-se otimista quanto ao desfecho da atual situação de crise: “Confio que as partes possam encontrar, através de um diálogo verdadeiro e sincero, a via para resolver os problemas que, neste momento, estão a afetar o país”.

Interrogada sobre a possbilidade de a Comunidade de Santo Egídio voltar a mediar as negociações entre o governo da FRELIMO e a RENAMO, como no passado, Maria Chiara Turini diz: “Claro que uma proposta destas deve ser concordada pelas partes e depois, quando se chegar o momento, se verá. Mas até hoje nunca rejeitámos um convite que seja acordado pelas partes”.

Na quarta-feira (04.09), a FRELIMO submeteu à Comissão Nacional de Eleições (CNE), as candidaturas às eleições autárquicas marcadas para 20 de novembro.

Na véspera (03.09), o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política do país, tinha já submetido as suas candidaturas. Tanto a FRELIMO como o MDM concorrem aos 54 municípios do país.

Recorde-se que a RENAMO não se inscreveu para as próximas autárquicas, em protesto contra a falta de paridade na composição dos orgãos eleitorais moçambicanos, que acusa de favorecerem a FRELIMO.

A ATUALIDADE BRUTAL DE HANNAH ARENDT

 


Filme de Margarethe von Trotta sugere que totalitarismo pode assumir faces “normais” e parece indispensável num cenário de democracia esvaziada e guerra iminente
 
Ladislau Dowbor – Outras Palavras
 
O filme causa impacto. Trata-se, tema central do pensamento de Hannah Arendt, de refletir sobre a natureza do mal. O pano de fundo é o nazismo, e o julgamento de um dos grandes mal-feitores da época, Adolf Eichmann. Hannah acompanhou o julgamento para o jornal New Yorker, esperando ver o monstro, a besta assassina. O que viu, e só ela viu, foi a banalidade do mal. Viu um burocrata preocupado em cumprir as ordens, para quem as ordens substituíam a reflexão, qualquer pensamento que não fosse o de bem cumprir as ordens. Pensamento técnico, descasado da ética, banalidade que tanto facilita a vida, a facilidade de cumprir ordens. A análise do julgamento, publicada pelo New Yorker, causou escândalo, em particular entre a comunidade judaica, como se ela estivesse absolvendo o réu, desculpando a monstruosidade.
 
A banalidade do mal, no entanto, é central. O meu pai foi torturado durante a II Guerra Mundial, no sul da França. Não era judeu. Aliás, de tanto falar em judeus no Holocausto, tragédia cuja dimensão trágica ninguém vai negar, esquece-se que esta guerra vitimou 60 milhões de pessoas, entre os quais 6 milhões de judeus. A perseguição atingiu as esquerdas em geral, sindicalistas ou ativistas de qualquer nacionalidade, além de ciganos, homossexuais e tudo que cheirasse a algo diferente. O fato é que a questão da tortura, da violência extrema contra outro ser humano, me marcou desde a infância, sem saber que eu mesmo a viria a sofrer. Eram monstros os que torturaram o meu pai? Poderia até haver um torturador particularmente pervertido, tirando prazer do sofrimento, mas no geral, eram homens como os outros, colocados em condições de violência generalizada, de banalização do sofrimento, dentro de um processo que abriu espaço para o pior que há em muitos de nós.
 
Por que é tão importante isto, e por que a mensagem do filme é autêntica e importante? Porque a monstruosidade não está na pessoa, está no sistema. Há sistemas que banalizam o mal. O que implica que as soluções realmente significativas, as que nos protegem do totalitarismo, do direito de um grupo no poder dispor da vida e do sofrimento dos outros, estão na construção de processos legais, de instituições e de uma cultura democrática que nos permita viver em paz. O perigo e o mal maior não estão na existência de doentes mentais que gozam com o sofrimento de outros – por exemplo uns skinheads que queimam um pobre que dorme na rua, gratuitamente, pela diversão – mas na violência sistemática que é exercida por pessoas banais.
 
Entre os que me interrogaram no DOPS de São Paulo encontrei um delegado que tinha estudado no Colégio Loyola de Belo Horizonte, onde eu tinha estudado nos anos 1950. Colégio de orientação jesuíta, onde se ensinava a nos amar uns aos outros. Encontrei um homem normal, que me explicava que arrancando mais informações seria promovido, me explicou os graus de promoções possíveis na época. Aparentemente queria progredir na vida. Outro que conheci, violento ex-jagunço do Nordeste, claramente considerava a tortura como coisa banal, coisa com a qual seguramente conviveu nas fazendas desde a sua infância. Monstros? Praticaram coisas monstruosas, mas o monstruoso mesmo era a naturalidade com a qual a violência se pratica.
 
Um torturador na OBAN me passou uma grande pasta A-Z onde estavam cópias dos depoimentos dos meus companheiros que tinham sido torturados antes. O pedido foi simples: por não querer se dar a demasiado trabalho, pediu que eu visse os depoimentos dos outros, e fizesse o meu confirmando a verdades, bobagens ou mentiras que estavam lá escritas. Explicou que eu escrevendo um depoimento que repetia o que já sabiam, deixaria satisfeitos os coronéis que ficavam lendo depoimentos no andar de cima (os coronéis evitavam sujar as mãos), pois veriam que tudo se confirmava, ainda que fossem histórias absurdas. Segundo ele, se houvesse discrepâncias, teriam de chamar os presos que já estavam no Tiradentes, voltar a interrogá-los, até que tudo batesse. Queria economizar trabalho. Não era alemão. Burocracia do sistema. Nos campos de concentração, era a IBM que fazia a gestão da triagem e classificação dos presos, na época com máquinas de cartões perfurados. No documentário A Corporação, a IBM esclarece que apenas prestava assistência técnica.
 
O mal não está nos torturadores, e sim nos homens de mãos limpas que geram um sistema que permite que homens banais façam coisas como a tortura, numa pirâmide que vai desde o homem que suja as mãos com sangue até um Rumsfeld que dirige uma nota aos exército americano no Iraque, exigindo que os interrogatórios sejam harsher, ou seja, mais violentos. Hannah Arendt não estava desculpando torturadores, estava apontando a dimensão real do problema, muito mais grave.
 
A compreensão da dimensão sistêmica das deformações não tem nada a ver com passar a mão na cabeça dos criminosos que aceitaram fazer ou ordenar monstruosidades. Hannah Arendt aprovou plenamente e declaradamente o posterior enforcamento de Eichmann. Eu estou convencido de que os que ordenaram, organizaram, administraram e praticaram a tortura devem ser julgados e condenados.
 
O segundo argumento poderoso que surge no filme, vem das reações histéricas de judeus pelo fato de ela não considerar Eichmann um monstro. Aqui, a coisa é tão grave quanto a primeira. Ela estava privando as massas do imenso prazer compensador do ódio acumulado, da imensa catarse de ver o culpado enforcado. As pessoas tinham, e têm hoje, direito a este ódio. Não se trata aqui de deslegitimar a reação ao sofrimento imposto. Mas o fato é que ao tirar do algoz a característica de monstro, Hannah estava-se tirando o gosto do ódio, perturbando a dimensão de equilíbrio e de contrapeso que o ódio representa para quem sofreu. O sentimento é compreensível, mas perigoso. Inclusive, amplamente utilizado na política, com os piores resultados. O ódio, conforme os objetivos, pode representar um campo fértil para quem quer manipulá-lo.
 
Quando exilado na Argélia, durante a ditadura militar, conheci Ali Zamoum, um dos importantes combatentes pela independência do país. Torturado, condenado à morte pelos franceses, foi salvo pela independência. Amigos da segurança do novo regime localizaram um torturador seu, numa fazendo do interior. Levaram Ali até a fazenda, onde encontrou um idiota banal, apavorado num canto. Que iria ele fazer? Torturar um torturador? Largou ele ali para ser trancado e julgado. Decepção geral. Perguntei um dia ao Ali como enfrentavam os distúrbios mentais das vítimas de tortura. Na opinião dele, os que se equilibravam melhor, eram os que, depois da independência, continuaram a luta, já não contra os franceses mas pela reconstrução do país, pois a continuidade da luta não apagava, mas dava sentido e razão ao que tinham sofrido.
 
No 1984 do Orwell, os funcionários eram regularmente reunidos para uma sessão de ódio coletivo. Aparecia na tela a figura do homem a odiar, e todos se sentiam fisicamente transportados e transtornados pela figura do Goldstein. Catarse geral. E odiar coletivamente pega. Seremos cegos se não vermos o uso hoje dos mesmos procedimentos, em espetáculos midiáticos.
 
O texto de Hannah, apontando um mal pior, que são os sistemas que geram atividades monstruosas a partir de homens banais, simplesmente não foi entendido. Que homens cultos e inteligentes não consigam entender o argumento é em si muito significativo, e socialmente poderoso. Como diz Jonathan Haidt, para justificar atitudes irracionais, inventam-se argumentos racionais, ou racionalizadores.1 No caso, Hannah seria contra os judeus, teria traído o seu povo, tinha namorado um professor que se tornou nazista. Os argumentos não faltaram, conquanto o ódio fosse preservado, e com o ódio o sentimento agradável da sua legitimidade.
 
Este ponto precisa ser reforçado. Em vez de detestar e combater o sistema, o que exige uma compreensão racional, é emocionalmente muito mais satisfatório equilibrar a fragilização emocional que resulta do sofrimento, concentrando toda a carga emocional no ódio personalizado. E nas reações histéricas e na deformação flagrante, por parte de gente inteligente, do que Hannah escreveu, encontramos a busca do equilíbrio emocional. Não mexam no nosso ódio. Os grandes grupos econômicos que abriram caminho para Hitler, como a Krupp, ou empresas que fizeram a automação da gestão dos campos de concentração, como a IBM, agradecem.
 
O filme é um espelho que nos obriga a ver o presente pelo prisma do passado. Os americanos se sentem plenamente justificados em manter um amplo sistema de tortura – sempre fora do território americano pois geraria certos incômodos jurídicos -, Israel criou através do Mossad o centro mais sofisticado de tortura da atualidade, estão sendo pesquisados instrumentos eletrônicos de tortura que superam em dor infligida tudo o que se inventou até agora, o NSA criou um sistema de penetração em todos os computadores, mensagens pessoais e conteúdo de comunicações telefônicas do planeta. Jovens americanos no Iraque filmaram a tortura que praticavam nos seus celulares em Abu Ghraib, são jovens, moças e rapazes, saudáveis, bem formados nas escolas, que até acham divertido o que fazem. Nas entrevistas posteriores, a bem da verdade, numerosos foram os jovens que denunciaram a barbárie, ou até que se recusaram a praticá-la. Mas foram minoria.2
 
O terceiro argumento do filme, e central na visão de Hannah, é a desumanização do objeto de violência. Torturar um semelhante choca os valores herdados, ou aprendidos. Portanto, é essencial que não se trate mais de um semelhante, pessoa que pensa, chora, ama, sofre. É um judeu, um comunista, ou ainda, no jargão moderno da polícia, um “elemento”. Na visão da KuKluxKlan, um negro. No plano internacional de hoje, o terrorista. Nos programas de televisão, um marginal. Até nos divertimos, vendo as perseguições. São seres humanos? O essencial, é que deixe de ser um ser humano, um indivíduo, uma pessoa, e se torne uma categoria. Sufocaram 111 presos nas celas? Ora, era preciso restabelecer a ordem.
 
Um belíssimo documentário, aliás, Repare Bem, que ganhou o prêmio internacional no festival de Gramado, e relata o que viveu Denise Crispim na ditadura, traz com toda força o paralelo entre o passado relatado no Hannah Arendt e o nosso cenário brasileiro. Outras escalas, outras realidades, mas a mesma persistente tragédia da violência e da covardia legalizadas e banalizadas.
 
Sebastian Haffner, estudante de direito na Alemanha em 1930, escreveu na época um livro – Defying Hitler: a memoir – manuscrito abandonado, resgatado recentemente por seu filho que o publicou com este título.3 O livro mostra como um estudante de família simples vai aderindo ao partido nazista, simplesmente por influência dos amigos, da mídia, do contexto, repetindo com as massas as mensagens. Na resenha do livro que fiz em 2002, escrevi que o que deve assustar no totalitarismo, no fanatismo ideológico, não é o torturador doentio, é como pessoas normais são puxadas para dentro de uma dinâmica social patológica, vendo-a como um caminho normal. Na Alemanha da época, 50% dos médicos aderiram ao partido nazista.
 
O próximo fanatismo político não usará bigode nem bota, nem gritará Heil como os idiotas dos “skinheads”. Usará terno, gravata e multimídia. E seguramente procurará impor o totalitarismo, mas em nome da democracia, ou até dos direitos humanos.
 
2 Melhor do que qualquer comentário, é ver o filme O Fantasma de Abu Ghraib, disponível no Youtube em http://www.youtube.com/watch?v=_TpWQj0MjvI&feature=youtube_gdata_player ; ver também a pesquisa da BBC http://guardian.co.uk/world/2013/mar/06/pentagon-iraq-torure-centres-link ; sobre Guantanamo, ver o artigo do New York Times de 15/04/2013
3 Sebastian Haffner – Defying Hitler – http://dowbor.org/2003/08/defying-hitler-a-memoir.html/
 

DILMA RELATA CONVERSA COM OBAMA E DÁ SINAIS DE QUE NÃO VAI AIS EUA

 


A declaração mais importante dada por Dilma em São Petesburgo, Rússia, onde participa do encontro do G20, foi a de que Obama "assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem". Segundo a presidenta, "Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira [11] o que ocorreu".
 
Carta Maior
 
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff concedeu na manhã desta sexta-feira (8 horas em Brasília, 14 horas em S. Petersburgo) entrevista em que relatou parte da conversa mantida com o presidente Barack Obama. A declaração mais importante foi a de que Obama "assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem". Segundo Dilma, "Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira [11] o que ocorreu".

A presidenta deixou clara sua posição: "A minha viagem a Washington depende das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama".

Embora a conversa tenha sido reservada, Dilma dá sinais claros de que a situação se inverteu. A viagem que era certa agora depende das respostas a serem dadas. Obama, pelo que foi relatado pela imprensa norte-americana na quinta-feira (5), apenas repetiu a versão oficial sobre o caso que já foi dada por ele mesmo, pelo vice-presidente, Joe Biden, pelo secretário de Estado, John Kerry, e pelo embaixador no Brasil, Thomas Shannon.

Documentos mostrados por Glenn Greenwald, tendo como fonte o ex "soldado digital", Edward Snowden, comprovam que todos mentiram: as agências do serviço de espionagem dos EUA monitoram não apenas os fluxos de informação, mas os conteúdos. Hoje, em todos os jornais, são reproduzidas novas provas de que as agências quebraram os códigos de criptografia das mensagens de internet. Na prática, como dizem fontes do Itamaraty, eles transformaram os e-mails em cartão postal. Isso deixa Obama a um passo de ter praticado, ao contrário do que declarou, abuso de poder.

Viagem aos Estados Unidos subiu no telhado

Sobre a viagem prevista inicialmente para outubro, aos Estados Unidos, de fato, ninguém sabe dizer exatamente se Dilma vai ou não aos Estados Unidos. Nem Obama e nem mesmo a própria Dilma. Mas os sinais de que a viagem "subiu no telhado" já estão dados. Isso ficou claro quando Dilma mandou cancelar a ida da equipe que iria preparar a viagem. Essa equipe é tradicionalmente chamada de "precursora".

Se não surgir nada de novo na explicação a ser dada por Obama, não haverá motivo para que Dilma esteja nos Estados Unidos apertando a mão e sorrindo ao lado de Obama, no dia 23 de outubro. A expressão "condições políticas" deixou isso muito claro. Assessores próximos à presidenta entendem que a frase pode ser entendida também como algo que envolve a situação da Síria. Até outubro, Obama terá lançado um ou mais ataques à Síria, a depender das consequências de uma escalada de violência provocadas por uma ingerência militar direta dos Estados Unidos no conflito.

Dilma avisou hoje que "o Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovação da ONU".

Brasil espera por dois pedidos de desculpas

A posição do governo brasileiro é a de esperar dois pedidos de desculpas de Obama: um, pessoal e reservado, à própria presidenta, e outro ao Brasil, de forma pública. Ontem, não veio nem uma coisa, nem outra. Por escrito, se considera improvável que venha, tais as implicações políticas de Obama admitir a espionagem sobre o conteúdo de mensagens de um chefe de Estado.

A ideia do vice-presidente, Joe Biden, de trocar o pedido de desculpas por agrados ao Brasil já é encarada como ofensa por autoridades brasileiras. A sinalização de que os Estados Unidos, no dia 23 de outubro, anunciariam um apoio à presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU é vista como conversa para boi dormir. Seria uma declaração bem vista, mas não avança na discussão e desmoralizaria a presidenta, que deixou clara sua irritação com a violação da soberania do país.

Dia D é o 24 de setembro

A presidenta deve fazer um discurso duro no dia 24 de setembro, quando falará à Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Este momento tem sido visto como o definitivo ("deadline") para uma decisão sobre o assunto da viagem de outubro.

Conforme Carta Maior antecipou (leia a matéria de 16 de agosto), o Brasil vai propor normas internacionais de regulação da internet para garantir a liberdade de expressão e o direito à privacidade. A presidenta oficializou, em sua entrevista em S. Petersburgo:

"Irei à ONU propor uma nova governança contra invasão de privacidade".

As declarações citadas da entrevista da presidenta em S. Petersburgo estão disponíveis no perfil do
Blog do Planalto no Twitter.

Leia mais em Carta Maior
 

PARA LULA, OBAMA DEVE SE DESCULPAR COM O MUNDO POR ESPIONAGEM

 


Ex-presidente ainda fez uma recomendação aos países que de fato queiram se manter soberanos: eles têm que criar seus próprios sistemas de comunicação, e não ficar na dependência dos demais. Declarações foram dadas em entrevista ao jornal indiano ‘The Hindu’, que será publicada nos próximos dias.
 
Carta Maior
 
Brasília - Em entrevista ao jornal indiano ‘The Hindu’, que será publicada nos próximos dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou um recado a Barack Obama: “O presidente dos Estados Unidos deveria pedir desculpas ao mundo”.

O ex-presidente brasileiro ainda fez uma recomendação aos países que de fato queiram se manter soberanos: eles têm que criar seus próprios sistemas de comunicação, e não ficar na dependência dos demais.

As declarações foram dadas ao jornalista indiano Shobhan Saxena. O jornalista, referindo-se a Lula como um "estadista global", pediu sua opinião sobre as recentes descobertas sobre espionagem em larga escala feita pelos Estados Unidos em diversos países do mundo.

“O presidente dos Estados Unidos deveria pedir desculpas ao mundo”, afirmou Lula.

O ex-presidente alertou: os Estados Unidos não podem controlar as comunicações do mundo inteiro, pois isso deu margem, como se viu, ao desrespeito à soberania das nações.

“Agora, cada país precisa levar muito mais a sério a questão da soberania na área de comunicação”.

Os trechos da entrevista foram divulgados pelo Instituto Lula
www.institutolula.org/lula-o-presidente-dos-estados-unidos-deveria-pedir-desculpas-ao-mundo/#.UipM-dLBOSq

Assista ao vídeo com a opinião de Lula sobre o assunto:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=CvcXm1LdryQ

Síria: RÚSSIA ENVIA MAIS UM NAVIO DE GUERRA COM “CARGA ESPECIAL”

 


Um novo navio de guerra russo vai navegar ao largo da costa da Síria após ter embarcado “uma carga especial” no Mar Negro, disse uma fonte militar russa à agência Interfax.
 
O navio de desembarque Nikolai Filtchenkov, do porto da Marinha de Guerra russa de Sebastopol, vai fazer hoje escala em Novosibirsk, no Mar Negro, antes de rumar ao Mediterrâneo, indicou a mesma fonte do Estado-Maior da Marinha russa à agência Interfax.
 
“O navio vai fazer escala em Novosibirsk, onde vai embarcar uma carga especial”, indicou a fonte, sem especificar do que se trata.
 
A Rússia, cujos navios de guerra estão presentes no Mediterrâneo desde o início da crise síria, enviou para a zona, nos últimos dias, dois navios de desembarque e um outro navio de vigilância eletrónica.
 
PSP // MLL – Lusa - ontem
 

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