segunda-feira, 21 de novembro de 2011

GOVERNO DE TRANSIÇÃO DO EGITO RENUNCIA POR PROTESTOS COM VÍTIMAS FATAIS



DEUTSCHE WELLE

O conselho militar que governa o Egito aceitou a renúncia do governo de transição liderado pelo primeiro-ministro Essam Sharaf, após os protestos que acontecem desde sexta-feira no país e que causaram mais de 30 mortes.

O governo egípcio de transição apresentou o pedido de renúncia nesta segunda-feira (21/11) ao Conselho supremo das Forças Armadas, que está no poder desde a derrubada do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro. O anúncio foi feito pelo porta-voz militar Mohamed Hijazi, citado pela agência oficial de notícias Mena. Hijazi declarou que a demissão foi decidida "devido às circunstâncias difíceis que o país atravessa atualmente", acrescentou a agência oficial egípcia.

Manifestantes e forças de segurança travaram batalhas campais no Egito também nesta segunda-feira, pelo quarto dia consecutivo de protestos contra o governo egípcio. Pelo menos 33 pessoas foram mortas nos confrontos, conforme informaram nesta segunda-feira (21/11) funcionários de hospitais, 32 delas na Praça Tahrir, no centro do Cairo. O ministro da Cultura, Emad Abu Ghazi, apresentou sua demissão em protesto à forma como a liderança do país está lidando com os protestos.

Imagens transmitidas ao vivo pela televisão mostram as forças de segurança atacando manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, enquanto estes revidam com pedras. Confrontos de maior violência foram registrados principalmente nas proximidades do Ministério do Interior.

Manifestantes querem governo civil

As manifestações, iniciadas na sexta-feira, exigem que o Supremo Conselho Militar, governo militar interino, entregue o poder o quanto antes a uma administração civil. O principal alvo das revoltas é o chefe do governo militar, o marechal Hussein Tantawi. "O povo quer a execução do marechal", gritam os manifestantes.

A Praça Tahrir, centro dos atuais protestos, também serviu de palco principal ao levante que levou à queda do regime Mubarak. A violência começou no sábado, segundo dia de protestos, quando uma manifestação reunindo mais de 5 mil pessoas culminou nos piores choques no país nos últimos meses.

Cerca de 1,7 mil feridos

Médicos contabilizaram em 32 o número de mortos no Cairo, a maioria deles teria sido vítima de tiros, outros morreram por asfixia devido ao gás lacrimogêneo. Um homem foi morto em protestos em Alexandria. Houve também feridos em confrontos em cidades como Suez e Alarixe, entre outras. O Ministério da Saúde egípcio contabilizou o número de mortes em 22, informou na segunda-feira a agência de notícias Mena. Em todo o país, um número estimado de feridos desde sábado é de 1,7 mil.

O governo no Cairo apelou à população, pedindo calma e prometendo que "as circunstâncias que levaram aos incidentes" estariam sendo investigadas, e os resultados seriam "apresentados ao povo de forma clara e transparente, dentro de poucos dias".

Eleições parlamentares

Uma eleição em três etapas, marcada para começar na próxima segunda-feira, irá eleger um novo parlamento, com vistas à promulgação de uma nova Constituição. Entretanto, o pleito foi obscurecido pela disputa em torno de um esboço de Constituição que deixaria as Forças Armadas fora do controle civil. O apoio ao atual governo diminui, enquanto crescem na população as suspeitas de que os militares pretendem continuar no poder.

O conselho militar tomou o poder pouco depois da queda do governo Mubarak e afirmou que pretende abdicar dele logo após a eleição presidencial.

Preocupação internacional

A atual onda de violência é recebida com grande preocupação em nível internacional. O ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle, apelou pelo fim da violência. "O caminho em direção à democracia não deve ser interrompido agora", declarou o ministro, através de um porta-voz. "O uso de violência e suas consequências, como um elevado número de mortos e de feridos é alarmante”, ressaltou.

A União Europeia pediu aos egípcios que exerçam o autocontrole. O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, salientou que o direito a manifestações pacíficas no Egito não deve ser violado.

Apelo aos manifestantes

Um porta-voz militar apelou nesta segunda-feira que os manifestantes deixem a Praça Tahrir. Os conflitos começaram na noite de sexta-feira, após uma manifestação naquele dia contra o regime militar e o governo de transição. Partidos islâmicos organizaram o ato, realizado na Praça Tahrir, mas deixaram o local em seguida.

Entretanto, milhares de manifestantes, na sua maioria jovens, permaneceram na praça, ameaçando só deixar o lugar quando suas reivindicações forem atendidas. Entre elas, está a renúncia do governo de transição e o anúncio de uma data para as eleições presidenciais, que devem acontecer, segundo eles, no mais tardar em abril.

MD/afp/dpa - Revisão: Roselaine Wandscheer

CRISE É PIOR QUE 1929




MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND* – DIRETO DA REDAÇÃO


É grave a crise econômica na Europa. Há analistas que dizem ser pior do que a de 1929. Não é só a Europa, mas os Estados Unidos estão em recessão. Como as duas áreas do planeta são consumidoras, e a China é uma das principais beneficiárias com a exportação de seus produtos de consumo, se a fonte secar ou mesmo o fluxo de consumo de produtos chineses for reduzido, a América Latina automaticamente será afetada. Não poderá contar, como agora, com a República Popular da China para escoar as commodities. Essa análise é feita por analistas que acompanham de perto o desenrolar dos acontecimentos.

Na Europa, depois da Grécia, a bola da vez é a Itália, que se encontra também em situação desesperadora. Depois de Silvio (bunga bunga) Berlusconi ocupa o cargo de presidente do Conselho de Ministros, que corresponde a primeiro-ministro, um tal de Mario Monti, ex-vice-presidente da Goldman Sachs, gigante do mercado. Ou seja, a Itália, como a Grécia coloca um “técnico” para fazer o jogo sujo do capital financeiro, perdendo mesmo a sua soberania.

Como afirmou Mikis Theodorakis, o compositor grego de longa tradição política e que aos 14 anos perdeu um olho quando combatia na resistência antinazifascista, se a Grécia se submeter às exigências dos chamados "parceiros europeus" será "o nosso fim quer como povo quer como nação".

Theodorakis, que ao longo dos anos sempre combateu o bom combate, além de compor músicas belíssimas (quem não se lembra da trilha sonora de Zorba, o grego?), alerta ainda que “se europeus não se levantarem, bancos trarão de volta o fascismo”. Gregos, italianos, espanhóis, portugueses, estadunidenses estão nas ruas protestando contra as investidas do capital financeiro, responsável pela crise e que exige dos trabalhadores o pagamento da fatura.

Embora os europeus não conheçam a fúria dos generais de plantão, como aconteceu na América Latina nos anos 70, com o apoio integral de sucessivos governos dos EUA, não se exclui a possibilidade de que o mesmo capital financeiro exija a instalação de governos fortes no velho continente. Em princípio estão tentando os técnicos ao seu serviço, mas se o caldo engrossar...

Um parêntesis: a Grécia com o regime dos coronéis nos anos 70, Portugal com o famigerado Oliveira Salazar e a Espanha com o hediondo Francisco Franco assolaram os seus povos com ditaduras ao estilo Pinochet/Médici e outros do gênero. Os tempos são outros, claro, e figuras como as mencionadas não teriam mais vez, mas isso não impede que em situação de emergência o capital financeiro se valha de regimes fortes.

Na verdade, quem dita as cartas das finanças na Europa é a Alemanha. A primeira ministra Angela Merkel é a senhora dos anéis. Ela tem ditado regras aos demais países, cujos dirigentes pouco se importam com a perda de soberania, que muitos analistas consideram coisas do passado. Para estes dirigentes e os analistas de sempre, o que importa mesmo é a pós-modernidade. E a pós- modernidade é isto que está aí no cenário internacional.

Mas já que falamos em repressão, um fato histórico vergonhoso, envolvendo as relações Brasil-Argentina, veio à tona. Documentos que se tornaram públicos indicam que por volta de 1982, o então embaixador brasileiro em Londres, Roberto Campos, defensor histórico do capital financeiro, batalhou no sentido de o então capitão Alfredo Astiz ficasse livre. Como se sabe, Astiz, o anjo da morte, que torturou e matou sem piedade, acabou de ser condenado a prisão perpétua.

Astiz, que literalmente se borrou quando foi preso nas Malvinas pelos britânicos, contou com os esforços de Roberto Campos no sentido de libertá-lo, segundo informa o jornal argentino Pagina 12. Tal fato demonstra também como a ditadura brasileira e argentina andavam juntas. A diferença agora é que os torturadores assassinos argentinos estão sendo julgados, enquanto os similares brasileiros contam com a impunidade de uma lei de anistia promulgada em 1979, nos estertores da ditadura, mas ainda na vigência do regime ditatorial e sob pressão dos que tinham culpa no cartório.

No mais, exemplo de promiscuidade jornalística mais recente fica por conta da TV Globo na cobertura, na quinta-feira (17) do que está acontecendo na Bacia de Campos com o derramamento de petróleo pela empresa estadunidense Chevron-Texaco. Sem o menor constrangimento, o repórter sobrevoou o local num avião cedido pela própria Chevron-Texaco, passando a relatar o que era de interesse da referida empresa. Ou seja, dourando a pílula da agressão ao meio ambiente provocada pelo derramamento.

Os noticiários dos outros canais de televisão simplesmente diziam que a Chevron-Texaco não tinha se pronunciado. Ficou caracterizada a exclusividade da TV Globo, mas com o noticiário divulgado em conformidade com a empresa estadunidense.

Eis mais uma faceta do jornalismo global.

*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

O DISCURSO DA IMPOSTURA




BAPTISTA BASTOS – DIÁRIO DE NOTÍCIAS, opinião

No discurso do poder há uma expressão quase insistente que pretende amparar, como bondosas e altamente patrióticas, as decisões tomadas. "Tomámos em conta os superiores interesses do País." Esta impositiva forma de inevitabilidade política inculca-nos a ideia de que não há nada a fazer senão admitir com consideração e aceitar com respeito as determinações governamentais, quaisquer que elas sejam. Faz lembrar a famosa locução do salazarismo: "Tudo pela nação. Nada contra a nação."

Uma espécie de controlo impeditivo de um pensamento contrário. E, afinal, quais são "os superiores interesses do País"? A experiência no-lo tem revelado que a unilateralidade dos resultados desses "interesses" apenas se destina a favorecer uma minoria, e a abrir-lhe os caminhos de acesso ao poder. Esta impostura, por insistente (tanto Guterres, quanto Durão, Sócrates, Passos Coelho ou Seguro serviram-se da expressão), distingue-se por criar uma espécie de absurda legitimidade. Os tais "interesses" não são os da esmagadora maioria dos portugueses, e a perseverança com que os dirigentes políticos os nomeiam constituem o abastardamento da lógica interna da frase e da pressuposta grandeza do seu significado.

A base constitutiva da nação é a maioria dos portugueses, exactamente aqueles que são mais atingidos pelo infortúnio, e que não estão representados nos "interesses" defendidos pela classe dominante. A expressão, no seu formalismo hiperbólico, é o dispositivo gramatical de um sistema que não deseja ser questionado, por estar ausente de qualquer requisito moral.

No entretanto, Pedro Passos Coelho, grave e denso, avisa-nos de que, para sair da crise, "temos" de empobrecer. Temos, quem? Os mais de nós, atingidos pelas políticas cuja natureza dissimula uma devassidão ética e uma triste barragem ideológica. A vida, para os portugueses, vai ser muito difícil, avisa. Logo, porém, sorridente e feliz, o ministro Álvaro Santos Pereira, sossega a inquietação da pátria: "Certamente, a crise vai deixar de o ser em 2012." Erro grosseiro. Disparate político. Comentaram as boas almas. Menos de quatro horas depois, o ministro desmentiu-se a si próprio, mesmo quando as televisões reproduziram o paradoxo.

Talvez seja um episódio pitoresco. Porém, membros do Executivo, inclusive o primeiro-ministro, são useiros e vezeiros em tornar verdades num funesto derivado. A religião da mentira faz o seu caminho, quase sem contrariedade. E o País, quero dizer: a arraia-meúda do Fernão Lopes, continua a ser um elemento de espoliação, que não tem nada a ver com os apregoados "interesses." Aliás, eles nem ambicionam conhecer a exacta propriedade da frase. Têm sede de justiça e apenas exigem, a quem manda, decência, honra e um pouco de humanidade.

Portugal - Missão da troika: GOVERNO AGRAVA PREVISÃO DE RECESSÃO PARA 2012




Ana Rita Faria - Público

O ministro das Finanças disse hoje que o Governo agravou as previsões macroeconómicas para o próximo ano, prevendo uma contracção do PIB de 3%, em linha com o previsto pela Comissão Europeia.

De acordo com Vítor Gaspar, que está hoje a ser ouvido no Parlamento no âmbito do debate na especialidade do Orçamento do Estado (OE) de 2012, a actividade económica terá um “melhor desempenho” este ano e uma “recessão mais acentuada” em 2012.

Segundo o ministro das Finanças, esta revisão reflecte a incorporação da informação entretanto divulgada pelo INE para o PIB do terceiro trimestre de 2011 que revela uma queda inferior à esperada, e, também, um cenário externo para 2012 mais desfavorável que o previsto

No OE de 2012, estava prevista uma queda do PIB de 1,9% este ano e prevê-se agora uma queda de 1,6%. Para 2012, a revisão é de 2,8% para 3%, em linha com a previsão mais recente da Comissão Europeia.

Ainda assim, Vítor Gaspar salienta que “não se antecipam aspectos negativos para o OE desta revisão”, visto que, como a queda foi menor do que o esperado em 2011 e maior do que o previsto em 2012, “o efeito líquido na actividade económica no final do período será insignificante”.

E ELES GOZAM COM A CHIPALA DE TODOS




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA*

"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negoceia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então, poderá afirmar, sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada". (Ayn Rand, filósofa russo-norte-americana)

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: Democracia posta em causa? Enquanto os escravos tiverem farelo isso não acontece!

MÉDIO ORIENTE E TIMOR-LESTE EM DESTAQUE NA VISITA DE MNE PAULO PORTAS



PDF - LUSA  

Nova Iorque, 21 nov (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, participa a partir de hoje numa série de eventos da presidência portuguesa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em que estarão em destaque o Médio Oriente e Timor-Leste.

O processo de paz israelo-palestiniano, Líbia e Síria dominam a agenda do primeiro dia, em que terá lugar um briefing do enviado especial do secretário geral da ONU para o Médio Oriente, Richard Serry, seguido de consultas informais dos 15 membros do Conselho de Segurança, presidido este mês por Portugal

Os contactos têm lugar na véspera da votação na Assembleia-geral, apresentada por três países europeus, condenando o regime da Síria por violações humanitárias, que conta com o apoio de Jordânia, Marrocos, Qatar e Arábia Saudita.

O objetivo da resolução apresentada por França, Reino Unido e Alemanha é também apelar às autoridades para implementar o plano de paz da Liga Árabe e as resoluções do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, segundo disse à Lusa um diplomata de um dos países proponentes.

Ainda hoje, Portas encontra-se com o secretário-geral da ONU e o presidente da Assembleia-Geral.

Na terça feira, o ministro presidirá ao debate do Conselho de Segurança sobre Timor-Leste, em que será feito o ponto de situação no país e se discutirá a próxima fase do apoio da ONU, após a retirada da missão internacional (UNMIT), em 2012.

Este debate irá contar com a participação da representante especial do Secretário-Geral para Timor-leste, Ameerah Haq e do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Zacarias da Costa.

Para o mesmo dia está marcada a adoção de uma resolução do Conselho de Segurança sobre pirataria na Somália.

Também na terça-feira, Portas terá um encontro com os representantes permanentes dos cinco países recém-eleitos para o Conselho de Segurança no biénio 2012-13 e com os embaixadores junto da ONU dos países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Este encontro terá como objetivo "dar sequência ao empenho do Governo na promoção da Língua Portuguesa da ONU e reforço da cooperação entre os países lusófonos no quadro da ONU, nomeadamente sobre candidaturas" ao sistema das Nações Unidas, segundo informação do MNE.

Na quarta-feira, Portas presidirá ao debate sobre "Novos Desafios à Segurança", principal iniciativa da presidência portuguesa do Conselho de Segurança.

Esta contará com a presença do secretário-geral, Ban Ki-moon, do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, do Diretor do gabinete anti-narcotráfico e criminalidade organizada (UNODC), Yuri Fedotov, e ainda da diretora-geral da Organização Mundial de Saúde, Margaret Chan.

O debate irá centrar-se no impacto em termos de segurança humana das alterações climáticas, pandemias, crime organizado e outras novas ameaças.

No final deverá ser adotada uma declaração presidencial do Conselho de Segurança sobre o tema.

PARLAMENTO RECUSA 200 MILHÕES DE DÓLARES A COMPANHIA DE INVESTIMENTO



MSE - LUSA

Díli, 21 nov (Lusa) - O Parlamento de Timor-Leste aprovou hoje uma proposta para eliminar do Orçamento do Estado de 2012 um financiamento de 200 milhões de dólares para capitalizar a Companhia de Investimento de Timor-Leste.

A proposta foi aprovada com 30 votos a favor, 26 contra e cinco abstenções.

Na proposta de eliminação da dotação, distribuída à imprensa no parlamento nacional, os deputados salientam que a Companhia de Investimento de Timor-Leste (CITL) ainda não começou a trabalhar e que é preciso saber em que projetos será aplicado o dinheiro.

Os deputados defenderam também, para justificar a eliminação daquela dotação orçamental, que o ano de 2012 é para "consolidar a democracia e a estabilidade".

Para os deputados, é melhor orientar os recursos disponíveis para as necessidades básicas urgentes, nomeadamente nos setores da educação, saúde, agricultura e infraestruturas, como a construção de estradas e abastecimento de água e luz elétrica.

A Companhia de Investimento de Timor-Leste, criada em junho passado, tem como objetivo promover o desenvolvimento de oportunidades de investimento e o crescimento da riqueza nacional para criar uma economia não dependente do petróleo.

FILME UMA LULIK EM TERCEIRO LUGAR NO FESTIVAL INTERNACIONAL DE BRISBANE



SAPO Timor-Leste

Na sequência da sua participação no BIFF (Brisbane International Film Festival), o filme UMA LULIK, produzido pela IDA (Imagem Design & Arquitectura, Lda), empresa sediada em Díli e realizado pelo timorense Victor de Sousa, foi o terceiro classificado entre os 10 melhores filmes pela "BIFF 2011 Showtime Movie Channels Top Ten audience awards".

No BIFF foram passados 135 filmes, com uma audiência de cerca de 22.000 espectadores. Em comunicado, João Ferro da IDA agradece todo o apoio recebido e conta com o interesse e incentivo de todos “para novos projectos e novas ideias em preparação para 2012 na área do audiovisual e filmografia timorense."

Uma Lulik, o primeiro documentário timorense

Na tradição timorense, a Uma Lulik (Casa Sagrada) é o centro, o cordão umbilical entre passado e presente. Para os vivos, uma reserva segura de memória e sabedoria antiga.

Para os mortos, o local onde o tempo não passa e onde a história se renova. A construção ou renovação da casa sagrada constitui, com intervalos que podem ir até 10 anos, um imperativo para as famílias timorenses. Assim se renova a ligação aos antepassados e se renovam votos de lealdade e de responsabilidade mútua entre familiares e entre diferentes famílias.

Victor de Sousa viveu e registou, ao longo de mais de nove meses, uma das mais antigas tradições de Timor-Leste, transportando os espetadores "ao universo dos seus antepassados, presenças inquestionáveis, palpáveis em cada momento e em cada objeto nascido da terra e da memória coletiva dos timorenses".

Com imagens de rara beleza, o documentário teve como produtor executivo David Palazon, de Barcelona, Espanha, corresponsável pela edição do filme, juntamente com João Ferro e Tânia Correia, da produtora timorense "IDA", e resulta do programa DocTV da CPLP.

UNILAB OFERECE CURSOS E ADERE AO SISU




VERMELHO - UNILAB

A Unilab aprovou a criação do curso de Licenciatura em Letras e de bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, e a adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu/MEC).

A partir de 2012 serão ofertadas 732 vagas, sendo 400 novas vagas, 80 para o curso de Letras e 320 vagas para o bacharelado em Humanidades, em duas entradas. As demais serão: 80 para Administração Pública, 72 para Agronomia, 36 para Enfermagem, 72 para Engenharia de Energias e 72 para Licenciatura em Ciências da Natureza e Matemática.

As duas resoluções (resolução 020 e resolução 021) foram aprovadas na 10ª Sessão Ordinária do Conselho Superior Universitário (Consup), no Campus da Liberdade, em Redenção, CE. A novidade nos dois novos cursos criados é a oferta por tempo integral, com concentração no turno da noite, ampliando as alternativas de acesso ao ensino superior e à Unilab. A proposta garante ainda que 50% da oferta de vagas são destinadas a candidatos brasileiros.

A pró-reitora de Ensino de Graduação, professora Jacqueline Freire, foi relatora das duas propostas de criação dos novos cursos. Todos os conselheiros estavam presentes à sessão ordinária, presidida pelo reitor Paulo Speller.

Adesão ao Sisu

Sistema informatizado, o Sisu é gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC). É por meio dele que as instituições públicas de educação superior participantes, selecionam candidatos pela nota obtida no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).

Uma das novidades da adesão da Unilab ao Sisu está na política afirmativa adotada. A exemplo da seleção anterior realizada pela Universidade, o objetivo é democratizar o acesso ao ensino superior. Os candidatos que comprovarem ter cursado todo ensino médio em escola pública, receberão bonificação de 10% sobre a nota do Enem.

Com a medida, estudantes brasileiros interessados em ingressar na Unilab em 2012 e que realizaram as provas do Enem em 22 e 23 de outubro passado, devem ficar atentos ao cronograma do Sisu. As inscrições no Sisu estão previstas para iniciar em janeiro de 2012. De acordo com a professora Jacqueline, essa medida fortalece a Unilab, “pois a coloca no centro do debate nacional de ampliação do acesso ao ensino superior”.

Outras resoluções

O Consup da Unilab aprovou ainda o calendário para o ano letivo de 2012, o edital a ser lançado em breve, para ingresso nos cursos de graduação de candidatos nacionais de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, além da proposta de autorização de vagas para realização de concurso público visando ao provimento de cargos na carreira de Magistério Superior.

Fonte: Unilab

ONU VISLUMBRA FIM DA EPIDEMIA DE AIDS E ELOGIA BRASIL




AFP - VERMELHO

Trinta e quatro milhões de pessoas eram portadoras do vírus HIV, o vírus da Aids, em 2010, um número recorde atribuído em grande medida à generalização de tratamentos que prolongam a vida dos soropositivos e estimulam a esperança de erradicar a pandemia, anunciou a UNAIDS, órgão das Nações Unidas, nesta segunda-feira (21).

O relatório destaca a resposta completa e antecipada do Brasil ante a epidemia, que garantiu o "acesso aos serviços de prevenção e tratamento do HIV para as pessoas mais vulneráveis e marginalizadas".

"Nós nos encontramos na antessala de um importante marco na resposta à Aids", afirmou o diretor executivo do órgão, Michel Sidibe.

Fim da epidemia

"Há apenas alguns anos, parecia impossível falar sobre o fim da epidemia em curto prazo. No entanto, a ciência, o apoio político e as respostas comunitárias estão começando a dar frutos claros e tangíveis", completou.

"Atualmente mais pessoas que nunca viveram com o HIV, em grande partida devido ao maior acesso ao tratamento", destaca o relatório, que calcula em 34 milhões — 17% a mais que em 2001 — o número de soropositivos.

"Os dados refletem uma expansão significativa do acesso ao tratamento com antirretrovirais, que tem ajudado a reduzir as mortes relacionadas com a Aids, especialmente nos últimos anos", completa.

Também reflete o contínuo grande número de novas infecções, apesar de a tendência dar sinais de queda: em 2010 foram 2,7 milhões de novos casos (incluindo 390 mil crianças), 15% a menos que em 2001 e 21% a menos que em 1997, quando a propagação alcançou o máximo histórico.

E o número de mortes por Aids caiu a 1,8 milhão em 2010, contra 2,2 milhões de óbitos em meados dos anos 2000.

"Desde 1995, evitamos um total de 2,5 milhões de mortes em países com renda baixa e média por meio do tratamento com antirretrovirais. Somente em 2010 foram evitadas 700 mil mortes relacionadas à Aids", afirma o documento de 52 páginas.

"A epidemia de Aids ainda não terminou, mas o fim pode estar próximo se os países investirem de maneira inteligente", destaca a UNAIDS.

O organismo propõe um objetivo ambicioso: "Nos próximos cinco anos, os investimentos inteligentes podem impulsionar a resposta à Aids até a visão de zero novas infecções por HIV, zero discriminação e zero mortes relacionadas com a Aids".

Situação é crítica na África

A região mais afetada pelo HIV/Aids continua sendo a África subsaariana (5% de prevalência entre a população adulta), seguida pelo Caribe (0,9%) e Rússia (0,9%).

Na América Latina a evolução permanece estável desde o início dos anos 2000 (0,4% de prevalência). Também permanece estável na América do Norte (0,6%) e Europa ocidental e central (0,2%), "apesar do acesso universal ao tratamento, do atendimento e apoio, e da ampla sensibilização ao tema", ressalta o documento.

A proporção de mulheres com HIV permaneceu estável (ao redor de 50%), mas há mais mulheres que homens infectadas na África negra (59%) e no Caribe (53%).

No fim de 2010, 68% dos soropositivos viviam na África subsaariana, onde mora apenas 12% da população mundial. Desde 1998, um milhão de subsaarianos morrem vítimas da Aids por ano e em 2010 metade dos óbitos relacionados com a Aids no mundo foram registrados na África austral.

O número de contágios caiu em 33 países, 22 deles situados na África subsaariana.

No Caribe, no ano passado eram 200 mil soropositivos (adultos e crianças), contra 210 mil em 2001. As novas infecções caíram em um terço no mesmo período.

"A grande influência é o acesso cada vez maior aos serviços de prevenção do HIV para as mulheres grávidas, que permitiram uma considerável redução no número de crianças com HIV e na mortalidade infantil pela Aids".

Na América Latina, o número de novas infecções anuais, que registrava queda constante desde 1996, se estabilizou nos primeiros anos do novo milênio e tem permanecido estável desde então a 100.000 por ano.

Infeções por HIV estabilizaram em Moçambique, mas continuam "inaceitavelmente" altas




CFF - LUSA

Berlim, 21 nov (Lusa) - As infeções pelo vírus da SIDA estabilizaram em Moçambique em 2010, mas continuam em níveis "inaceitavelmente altos" adiantou hoje a ONUSIDA, acrescentando que os novos casos de HIV diminuíram mais de 26 por cento na África Subsaariana.

Em 2009, 1,4 milhões de pessoas viviam com HIV em Moçambique, que registava uma taxa de prevalência da infeção de 11,5 por cento em adultos.

"As epidemias em Lesoto, Moçambique e Suazilândia parecem ter estabilizado ainda que em níveis inaceitavelmente altos", refere o programa das Nações Unidas para a SIDA num relatório a propósito do Dia Mundial da Sida, que se assinala a 01 de dezembro, hoje divulgado.

De acordo com o relatório, a África Subsaariana continua a ser a região mais afetada pelo HIV, sendo que em 2010 cerca de 68 por cento das pessoas infetadas com o vírus viviam nesta região, que concentra 12 por cento da população mundial.

Mais de 70 por cento das novas infeções por HIV no ano passado registaram-se na África Subsaariana, mas a ONUSIDA regista uma "redução notável" da taxa regional de novas infeções.

"O número total de novas infeções por HIV na África Subsaariana diminuiu mais de 26 por cento, passando de 2,6 milhões, estimados no ponto máximo da epidemia em 1997, para 1,9 milhões de pessoas infetadas", refere a organização.

Em 2010, 22,9 milhões de pessoas viviam com HIV na África Subsaariana.

Entre 2001 e 2009, a incidência do HIV baixou mais de 25 por cento em 22 países subsaarianos, incluindo aqueles com as maiores epidemias da doença como a Etiópia, Nigéria, África do Sul, Zâmbia e Zimbabué.

A África do Sul continua a ser o país do mundo com maior número de pessoas a viver com HIV, cerca de 5,6 milhões.

A incidência anual de infeções na África do Sul continua alta, mas diminuiu um terço entre 2001 e 2009, passando de 2,4 por cento ao ano para 1,5 por cento.

Também as epidemias no Botswana, Namíbia e Zâmbia "parecem estar em declínio", segundo o relatório.

Desde 1998, a SIDA tem causado a morte a um milhão de pessoas por ano na região da África Subsaariana, porém, as mortes associadas há doença têm diminuído a um ritmo constante.

Na África Subsaariana, a cobertura do tratamento com antirretrovirais cresceu 20 por cento entre 2009 e 2010, revela o estudo, estimando que pelo menos 6,6 milhões de pessoas estejam a receber tratamento em países de baixo e médio rendimento, o que representa um aumento de 1,35 milhões em relação ao ano anterior.

Nestes países, 47 por cento dos 14,2 milhões de pessoas seropositivas que podem ser tratadas seguem atualmente tratamentos com antirretrovirais, uma cifra que em 2009 era de 39 por cento.

Em Moçambique, Cabo Verde (cerca de 3 mil casos de HIV e SIDA) e Guiné-Bissau (22 mil pessoas com HIV), 40 a 59 por cento da população tratável está coberta por esses tratamentos.

O acesso universal ao tratamento (cobertura igual ou superior a 80 por cento) foi atingido no Botswana, Namíbia e Ruanda, enquanto Suazilândia e Zâmbia registam taxas entre 70 e 80 por cento.

Em Angola (200 mil pessoas com HIV) e São Tomé e Príncipe, a taxa de cobertura com antirretrovirais situa-se entre os 20 e os 39 por cento.

No Brasil (entre 460 e 810 mil casos de HIV e SIDA), entre 60 e 79 por cento dos infetados com o vírus da SIDA têm acesso a tratamento, revela o relatório que aponta o país como um exemplo a seguir no combate à doença.

Em 2008, o país investiu 600 milhões de dólares (446 milhões de euros) para garantir o acesso à prevenção e tratamento do HIV/SIDA às pessoas mais vulneráveis e marginalizadas.

PROTESTOS NO EGIPTO CAUSAM DEZENAS DE MORTES





Manifestantes e forças de segurança promovem quarto dia de batalhas campais na capital egípcia, em revoltas contra a liderança militar. Ministro se demite em protesto à reação do governo.

Manifestantes e forças de segurança travaram batalhas campais no Egito também nesta segunda-feira, pelo quarto dia consecutivo de protestos contra o governo egípcio. Pelo menos 33 pessoas foram mortas nos confrontos, conforme informaram nesta segunda-feira (21/11) funcionários de hospitais, 32 delas na Praça Tahrir, no centro do Cairo. O ministro da Cultura, Emad Abu Ghazi, apresentou sua demissão em protesto à forma como a liderança do país está lidando com os protestos.

Imagens transmitidas ao vivo pela televisão mostram as forças de segurança atacando manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, enquanto estes revidam com pedras. Confrontos de maior violência foram registrados principalmente nas proximidades do Ministério do Interior.

Manifestantes querem governo civil

As manifestações, iniciadas na sexta-feira, exigem que o Supremo Conselho Militar, governo militar interino, entregue o poder o quanto antes a uma administração civil. O principal alvo das revoltas é o chefe do governo militar, o marechal Hussein Tantawi. "O povo quer a execução do marechal", gritam os manifestantes.

A Praça Tahrir, centro dos atuais protestos, também serviu de palco principal ao levante que levou à queda do regime Mubarak. A violência começou no sábado, segundo dia de protestos, quando uma manifestação reunindo mais de 5 mil pessoas culminou nos piores choques no país nos últimos meses.

Cerca de 1,7 mil feridos

Médicos contabilizaram em 32 o número de mortos no Cairo, a maioria deles teria sido vítima de tiros, outros morreram por asfixia devido ao gás lacrimogêneo. Um homem foi morto em protestos em Alexandria. Houve também feridos em confrontos em cidades como Suez e Alarixe, entre outras. O Ministério da Saúde egípcio contabilizou o número de mortes em 22, informou na segunda-feira a agência de notícias Mena. Em todo o país, um número estimado de feridos desde sábado é de 1,7 mil.

O governo no Cairo apelou à população, pedindo calma e prometendo que "as circunstâncias que levaram aos incidentes" estariam sendo investigadas, e os resultados seriam "apresentados ao povo de forma clara e transparente, dentro de poucos dias".

Eleições parlamentares

Uma eleição em três etapas, marcada para começar na próxima segunda-feira, irá eleger um novo parlamento, com vistas à promulgação de uma nova Constituição. Entretanto, o pleito foi obscurecido pela disputa em torno de um esboço de Constituição que deixaria as Forças Armadas fora do controle civil. O apoio ao atual governo diminui, enquanto crescem na população as suspeitas de que os militares pretendem continuar no poder.

O conselho militar tomou o poder pouco depois da queda do governo Mubarak e afirmou que pretende abdicar dele logo após a eleição presidencial.

Preocupação internacional

A atual onda de violência é recebida com grande preocupação em nível internacional. O ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle, apelou pelo fim da violência. "O caminho em direção à democracia não deve ser interrompido agora", declarou o ministro, através de um porta-voz. "O uso de violência e suas consequências, como um elevado número de mortos e de feridos é alarmante”, ressaltou.

A União Europeia pediu aos egípcios que exerçam o autocontrole. O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, salientou que o direito a manifestações pacíficas no Egito não deve ser violado.

Apelo aos manifestantes

Um porta-voz militar apelou nesta segunda-feira que os manifestantes deixem a Praça Tahrir. Os conflitos começaram na noite de sexta-feira, após uma manifestação naquele dia contra o regime militar e o governo de transição. Partidos islâmicos organizaram o ato, realizado na Praça Tahrir, mas deixaram o local em seguida.

Entretanto, milhares de manifestantes, na sua maioria jovens, permaneceram na praça, ameaçando só deixar o lugar quando suas reivindicações forem atendidas. Entre elas, está a renúncia do governo de transição e o anúncio de uma data para as eleições presidenciais, que devem acontecer, segundo eles, no mais tardar em abril.

MD/afp/dpa - Revisão: Roselaine Wandscheer

O PREFEITO BANQUEIRO DE NOVA YORK E O FUTURO DO OCCUPY WALL STREET




MARINA TERRA – OPERA MUNDI

A Primavera Árabe tem como herói o jovem tunisiano Mohamed Bouazizi, cuja morte após uma autoimolação, em 4 de janeiro de 2011, acendeu a fagulha das transformações populares vividas na região. Em Nova York, porém, é provável que um vilão se torne o símbolo do movimento Occupy Wall Street, em crescimento desde a sua criação, há dois meses.

Michael Bloomberg, dono da 12ª maior fortuna dos Estados Unidos (avaliada em 20 bilhões de dólares), personifica tudo aquilo a que os manifestantes se opõem. Prefeito pela terceira vez consecutiva, após a passagem de uma emenda à Constituição local em 2008, que permite a reeleição indefinida em Nova York, Bloomberg fez de tudo para que sua administração favorecesse o 1% da população.

Ex-parceiro dos bancos de investimentos Salomon Brothers, responsável pela venda dos primeiros títulos derivados de hipotecas nos EUA e Lehman Brothers, que declarou concordata em 2008, o hoje político independente – Bloomberg teve passagens pelos partidos Democrata e Republicano – tem em Wall Street seu centro de influência e atuação. Ele chegou a dizer, ao criticar o Occupy Wall Street, que os bancos não eram responsáveis pela crise. “O Congresso que obrigou as pessoas a comprarem esses títulos”, afirmou.

E, para proteger essa fatia privilegiada, Bloomberg agiu como o mais tradicional dos ditadores, recorrendo à polícia, também parte do 99% representado pelo Occupy e a uma fantasia de democracia e legalidade, evidenciada em seu primeiro discurso após a ação: “eles agora terão de ocupar com o poder de seus argumentos”.

A armadilha estava feita. A violenta ação de terça-feira (15/11) no Parque Zucotti, onde o movimento havia montado acampamento em agosto, conseguiu provocar o efeito inverso ao esperado pelo prefeito.

Com o futuro ainda incerto, frente ao inverno que se aproxima no Hemisfério Norte, o Occupy Wall Street sabia da inviabilidade da permanência do acampamento a céu aberto e ainda formulava alternativas de resistência que excluíssem as ocupações. Só que a repressão a cacetetes e bombas de gás lacrimogêneo, divulgada ao redor do mundo, injetou ainda mais ânimo e legitimidade ao movimento, que realizou neste quinta-feira (17/11) uma das maiores demonstrações de coesão e força já vistas até hoje.

Criticado por não ter objetivos concretos e a curto prazo, o Occupy Wall Street tem a chance de concentrar suas forças não na imediata extinção de um sistema blindado e ainda extremamente poderoso, mas num dos principais filhotes dele. Combater Bloomberg e, em um cenário ideal, derrubá-lo do poder, poderia trazer o tipo de catarse experimentada pelos egípcios naquela noite de inverno na Praça Tahrir.

Seria uma enorme derrota para Wall Street.

“A DEMOCRACIA ESTÁ DESAPARECENDO NA EUROPA”, diz líder da esquerda alemã




Eduardo Febbro/Página12 – Berlim, em Opera Mundi

Cai o primeiro ministro-grego Yorgos Papandreu, substituído por um emissário do sistema bancário. Cai o presidente do Conselho Italiano, Silvio Berlusconi, substituído por outro tecnocrata interlocutor do sistema financeiro. A crise da dívida cobrou mais do que estas duas vítimas: na Espanha modificou a agenda eleitoral; em Portugal os partidos implementaram reformas ditadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo BCE (Banco Central Europeu); na Irlanda o desastre conduziu ao mesmo beco sem saída.

A democracia europeia se converteu em uma democracia de banqueiros. A vontade das maiorias foi substituída por dirigentes saídos do coração dos bancos e que jamais se expuseram ao voto nem conquistaram nunca um mandato eletivo. O medo das urnas, ou seja, que o eleitorado rejeite os ajustes e a guilhotina social, conduz a colocar marionetes dos bancos à frente do Estado. Nunca como agora a ditadura dos mercados havia forçado o destino dos povos. As agências de qualificação desfazem as maiorias eleitas e as substituem por representantes da racionalidade financeira, as contas sem déficits e artesãos da decapitação social.

A democracia europeia afunda nos braços das finanças. O continente da liberdade se transformou em continente “Wall Street”. Gestores das finanças e dos bancos, sem a menor legitimidade democrática, chegam ao poder com o pôquer dos ajustes. O deputado e economista alemão Michael Schlecht, responsável pelo bloco parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) analisa nesta entrevista o transtorno das democracias européias e denuncia o papel que desempenhou o capitalismo alemão nesta mega crise. Para Michael Schlecht, a democracia está se evaporando do Velho Continente.

A democracia Européia está sendo construída pelos bancos, não pelos eleitores que decidem por uma maioria? Para além do que pensemos deles, Papandreu e Berlusconi são as vítimas mais recentes desta nova doutrina?

A resposta é muito simples. A democracia está desaparecendo dia após dia na Europa. Por exemplo, quando no dia cinco de junho passado se organizaram as eleições em Portugal, a Troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu, União Européia) pediu aos dois partidos políticos portugueses que tinham chances de ganhar as eleições que assinassem um acordo diante do qual se comprometessem em implementar as condições impostas pela Troika. Agora isso aconteceu com a Grécia e é a vez da Itália. Por conseguinte, pode-se dizer que os portugueses não tiveram eleições verdadeiramente livres. Foi usada uma arma contra eles. Na realidade, com esta política européia, a Alemanha está defendendo com unhas e dentes os interesses financeiros, os interesses do mercado. O governo de Angela Merkel tem uma atitude muito agressiva neste ponto. É uma agressão sem tanques. Mas o resultado é o mesmo.

Isso equivale dizer que a Alemanha é hoje a grande polícia financeira da Europa? A Alemanha, junto com a França, foi a vanguarda da substituição de poderes surgidos das urnas por tecnocratas teleguiados pelos bancos?

O que a Alemanha está fazendo é dando seu acordo ao que está ocorrendo. A Alemanha está preparando o terreno porque tem um excedente de exportações muito maior que suas importações. Nos últimos dez anos o excedente alemão alcançou um trilhão de euros. Por outro lado, este excedente gigantesco acarreta uma contrapartida da outra parte: faz com que a dívida cresça nos países importadores. Cerca de 50 ou 60% da dívida criada por esta política alemã aparece nas contas dos demais países da Europa. Todos falam da dívida na Europa, mas ninguém diz nada sobre o país que ganha muito com esta dívida. E este país é a Alemanha. A dívida dos países europeus é o resultado da política alemã no Velho Continente.

O núcleo desta política é o dumping dos salários. Nos últimos dez anos tivemos um dumping salarial que chega a 5%, e isso sem considerar a inflação. Nenhum outro país da Europa conhece uma situação semelhante derivada do dumping salarial. Esta política de dumping equivale a colocar uma metralhadora nas mãos dos capitalistas alemães. É uma arma muito destrutiva. No século passado, a Europa estava arrasada pelos tanques alemães. Agora está arrasada pela política de Angela Merkel.

A desaparição da democracia na Europa é um fato considerável. O Velho Continente é o berço da democracia. É um péssimo exemplo para o mundo. Por acaso não é o fim do poder e dos valores da Europa sobre o resto do planeta?

Veremos o que nos diz o futuro. Acho que, no próximo ano, os povos da Europa podem lutar e levantar-se em defesa dos interesses da democracia e contra os mercados financeiros. Aí teremos uma possibilidade de restabelecer a democracia na Europa. Esta é a luta da esquerda alemã neste momento.

Você acha realmente que haverá um povo mais forte disposto a encarar a luta? Por acaso não é tarde demais, por acaso a ideologia do consumo não adormeceu as consciências?

Acho que sob as condições que existem hoje podemos ver o surgimento de movimentos sociais fortes, como aconteceu na Grécia. A situação que encontramos na Alemanha incita a isso. A história está aberta para que os povos a escrevam.

O que aconteceu à social-democracia europeia? Embora seu inimigo ideológico, o ultraliberalismo, tenha cometido todos os erros possíveis e tenha afundado o planeta, o discurso da social-democracia não tem liga, não gera confiança. É uma crise da social-democracia ou uma crise do eleitorado?

As duas coisas. Estou convencido de que, dentro de um futuro imediato, teremos uma explosão na zona do euro. Teremos que escrever nos livros de história que os social-democratas alemães, junto ao partido verde, foram o poder político que gerou as medidas que conduzirão ao fim do euro. Os social-democratas e os verdes iniciaram o dumping salarial. Essa política é a responsável pelo que acontece hoje.

Reconheço o drama total que há neste momento na Europa por culpa desta situação. Durante muitos, muitos anos, foi necessário que, na Europa Central, houvesse guerras e morte. Depois de 1945 e pela primeira vez na história, tivemos 70 anos de paz, o que é totalmente anormal. A paz neste continente é uma anomalia.

Se olharmos a história da Europa notaremos que nunca antes tivemos 70 anos de paz seguidos. Agora, esta paz é o resultado dos intercâmbios de idéias e de mercadorias que se levou a cabo sob o abrigo da construção européia. Mas, se este abrigo se esfacela e cai sobre a cabeça dos povos, a situação se torna muito inquietante e perigosa. Talvez voltemos à mesma situação. Vamos tratar de melhorar o movimento de esquerda sob estas novas condições, vamos explicar melhor nossa política para ganhar a batalha.

*Entrevista do jornal argentino Página 12 reproduzido em Carta Maior. Michael Tradução: Libório Junior

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O ENSINO DE PORTUGUÊS EM TIMOR-LESTE – ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS





Recentemente, apresentei uma comunicação, intitulada O Ensino de Língua Portuguesa em Timor-Leste: Uma Análise dos Livros Didáticos, na Sessão 5 do II ENILL (2o Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura), na Universidade Federal de Sergipe (UFS), em Itabaiana.

A comunicação é fruto de uma investigação inicial a respeito do processo de ensino e aprendizagem da língua portuguesa em Timor-Leste. Este trabalho é o primeiro passo da investigação, focando nos livros didáticos (LDs), na elaboração de materiais didáticos pelos professores, assim como na importância e o uso destes na sala de aula de Português como Língua Estrangeira (PLE). e segunda língua (PL2).

Em breve, pretendo publicar a versão escrita desta comunicação nos Anais do Encontro.

Segue o resumo aos interessados:

Resumo: Na presente comunicação, será realizada uma análise dos livros didáticos usados no ensino de língua portuguesa em Timor-Leste. Além destes, serão analisados também outros materiais didáticos que são elaborados pelos professores para substituir o livro didático. Os dados utilizados foram coletados pelo próprio autor, que atuou como professor de língua portuguesa no país citado. Na análise dos livros e materiais didáticos serão destacados a(s) abordagem(ns) e o(s) método(s) presentes nestes, assim como suas respectivas repercussões, em sua maioria negativas, para o processo de ensino e aprendizagem do português como L2 ao cidadão leste-timorense.

*Davi B. de Albuquerque é linguista na Universidade de Brasília

- Ler mais sobre o tema em TIMOR-LÍNGUA


Timor-Leste: PORTUGAL DÁ FORMAÇÃO SOBRE CRIMINALIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA



MSE - LUSA

Díli, 21 nov (Lusa) - Quase duas dezenas de funcionários do ministério da Justiça de Timor-Leste iniciaram hoje uma formação "altamente especializada" sobre criminalidade económica e financeira.

O curso terá a duração de duas semanas e é lecionado por um procurador da República e um inspetor chefe formador da Polícia Judiciária de Portugal.

"Trata-se de um curso de formação altamente especializado com a colaboração da Procuradoria-Geral da República e Polícia Judiciária de Portugal. Trata-se de uma formação específica dirigida fundamentalmente à criminalidade complexa económica e financeira, com contornos de investigação criminal e na vertente jurídico-penal", afirmou à agência Lusa o inspetor da PJ Carlos Liz.

Segundo Carlos Liz, a "formação insere-se na cooperação já existente, de longa data, profícua, entre os ministérios da Justiça de Portugal e de Timor-Leste".

A ministra da Justiça de Timor-Leste, Lúcia Lobato, que abriu a formação considerou que o curso é importante para elevar a capacidade do sistema de justiça.

Os formandos que iniciaram hoje a formação estão paralelamente a desenvolver capacidades em língua portuguesa, porque em janeiro vão iniciar um curso em investigação criminal na escola da PJ em Portugal, com duração de sete meses.

"A abertura do curso está prevista para o dia 09 de janeiro e terá a presença da ministra da Justiça", disse Carlos Liz.

*Foto em Lusa

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