quarta-feira, 14 de novembro de 2012

HÁ GENTE SÉRIA E PATRIOTA EM ANGOLA CONTRA A CLEPTOCRACIA, diz Ana Gomes

 


Anabela Natário e Daniel do Rosário, correspondente em Bruxelas - Expresso

O angolano Rafael Marques, jornalista e ativista, foi hoje recebido no Parlamento Europeu. A discussão foi à volta da situação em Angola e da relação deste país com Portugal.

O jornalista e ativista Rafael Marques que investiga há algum tempo os negócios da família de José Eduardo dos Santos foi hoje recebido no Parlamento Europeu pela socialista Ana Gomes, numa iniciativa que teve por objetivo "dar voz às vozes corajosas, aos que têm coragem de denunciar o que está mal e exigir transparência e prestação de contas".
 
Ana Gomes considera-se uma "amiga de Angola, alguém que em Portugal lutou pela independência de Angola e, como responsável socialista, lutou pela entrada do MPLA na Internacional Socialista em 2003".
 
Por isso, a eurodeputada considera ter "particulares exigências em relação a Angola e em relação ao MPLA", onde diz que "há muita gente séria e patriota e não quer ficar silenciosa diante da roubalheira que está a ter lugar por parte de uma cleptocracia".
 
Portugal é a "lavandaria de Angola"
 
No final da reunião promovida por Ana Gomes sobre a situação em Angola, Rafael Marques afirmou que, noutros países europeus, o tipo de operações que Angola faz em Portugal "não é possível, porque as autoridades reagem imediatamente ao fluxo de tanto dinheiro de forma ilegal. Por isso, é que costumamos dizer que Portugal é a lavandaria de Angola".
 
O caso dado como exemplo pelo jornalista, cuja denúncia levou à abertura, em Portugal, de um processo-crime e consequente investigação a altos dirigentes angolanos, é a compra de 25% do BES angola por oficiais da guarda presidencial: "Onde é que militares de uma guarda presidencial encontraram 375 milhões de dólares para investir numa empresa portuguesa?", pergunta. Para Ana Gomes, em Angola houve "um retrocesso com a nova Constituição, no que toca ao equilíbrio de poderes e às possibilidades de controlo democrático do executivo pelo Parlamento". No que diz respeito ao papel de Portugal, Ana Gomes partilha a adjectivação de Rafael Marques: "não há dúvida de que este esquema de desregulação, que está na origem da crise na Europa e que vimos também muito consolidado no sistema financeiro do nosso pais, tem permitido que o nosso pais funcione como lavandaria daqueles que desviam dinheiro do desenvolvimento do povo angolano".
 
Portugal tem "particulares responsabilidades"
 
Para a ex-diplomata Portugal tem, "pelos laços humanos intensíssimos" com este país africano, "particulares responsabilidades para não funcionar como a lavandaria de Angola, lavandaria do dinheiro desviado do desenvolvimento em favor do povo angolano". "As nossas empresas têm que perceber que têm responsabilidades sociais em Portugal mas também em Angola, operando lá. Não é uma política inteligente tornar-se de tal maneira dependente do atual poder angolano que um dia, obviamente, vai ter um fim", acrescentou.
 
Os empresários, na opinião de Ana Gomes, têm que perceber que os angolanos têm "legítimas aspirações à transparência e ao funcionamento democrático, ao controlo democrático dos órgãos de poder, e os portugueses não podem ser cúmplices daqueles que tratam de violar essas regras elementares do funcionamento democrático".
 
Ana Gomes explicou que o encontro com Rafael Marques já está combinado há um mês, muito antes da polémica gerada pela notícia do Expresso sobre a investigação que o Ministério Público português está a fazer a pessoas próximas do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
 
Quanto ao editorial de domingo do "jornal de Angola", publicado na sequência da divulgação da investigação pelo Expresso, Rafael Marques diz que se trata de "politica de má criação" por parte das autoridades angolanas. Estas "contam sempre com a corrupção como a principal alavanca da diplomacia e esperam de forma chantagista que os países com quem cooperam de modo corrupto respondam, também, pela mesma medida, usando e colocando as suas instituições ao serviço dos desígnios da elite angolana".
 
Quanto ao impacto deste episódio nas relações entre os dois países, considera que "em princípio não terá quaisquer consequências porque Angola depende de Portugal, a porta de entrada de Angola para a Europa é Portugal".
 

Portugal: RISCO DE BANCARROTA ACIMA DE 42%

 


Jorge Nascimento Rodrigues - Expresso
 
Na trajetória de subida desde 19 de outubro, a probabilidade de incumprimento da dívida portuguesa atingiu hoje 42,19%. Portugal mantém-se no 5º lugar do "clube" dos 10 países com mais alto risco. Espanha regressou ao "clube".

A probabilidade de incumprimento da dívida portuguesa não para de subir. Hoje fechou em 42,19%, segundo dados da CMA DataVision.
 
A trajetória de subida do risco de incumprimento (default) mantém-se desde 19 de outubro.
 
O custo dos credit default swaps (cds, seguros contra o risco de incumprimento) fechou em 633,02 pontos base. A 18 de outubro estava em 415,76 pontos e o risco de default era de 30,83%.
 
Portugal está em 5º lugar no "clube" dos 10 países com mais alto risco de default, um grupo que é liderado pela Grécia, Argentina e Chipre.
 
Ontem, o Banco de Portugal revelou a sua previsão de recessão para 2013 apontando para 1,6%, enquanto a previsão oficial que enforma a proposta de Orçamento de Estado para o próximo ano é de 1%.
 
Hoje o Instituto Nacional de Estatística avançou com estimativas preliminares de uma recessão de 3,4% no 3º trimestre de 2012 em relação a período homólogo do ano passado. A projeção do governo para a quebra anual do PIB em 2012 é de 3%. Esta quebra no terceiro trimestre é superios à quebra homóloga de 3,2% que se tinha registado no segundo trimestre. A economia portuguesa entra no oitavo trimestre consecutivo de recessão.
 
Espanha, entretanto, regressou, hoje, ao referido "clube", ao 10º lugar, tendo fechado com um risco de 26,15%, apesar de Olli Rehn, o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, ter afirmado hoje que Bruxelas não vê necessidade de exigir a Madrid medidas adicionais em 2012 e 2013 no quadro do procedimento de défice excessivo. A nova avaliação, nesse âmbito, ocorrerá em fevereiro do próximo ano.
 

CGTP vai enviar ao Presidente documento com inconstitucionalidades do OE2013

 

IM – ARA - Lusa
 
Lisboa, 14 nov (Lusa) - A CGTP vai promover uma petição em defesa das funções sociais do Estado para entregar na Assembleia da República e apresentar um documento com as inconstitucionalidades da proposta do Orçamento do Estado para 2013 ao Presidente da República.
 
Estes anúncios foram feitos pelo secretário-geral da central sindical, Arménio Carlos, em conferência de imprensa na sede da CGTP, em Lisboa, na qual fez um balanço da greve geral de hoje.
 
"A CGTP irá apresentar um manifesto em defesa das funções sociais do Estado", disse o dirigente sindical, afirmando que será também promovida uma petição no mesmo sentido, que espera reunir milhares de assinaturas, para "entregar na Assembleia da República".
 
Ao mesmo tempo, adiantou, a central sindical "vai avançar com a elaboração de um documento com as inconstitucionalidades" presentes na proposta do Orçamento do Estado para 2013, que a central sindical vai apresentar ao Presidente da República, Cavaco Silva.
 
A CGTP tem a próxima jornada de luta marcada para 27 de novembro, com uma concentração em frente à Assembleia da República para assinalar a data da aprovação final do Orçamento do Estado para 2013.
 

Portugal: DISTÚRBIOS APÓS MANIFESTAÇÃO TERMINA COM DETIDOS E FERIDOS

 


Sete detidos e 48 feridos nos incidentes junto ao parlamento
 
Lisboa, 14 nov (Lusa) – Sete pessoas detidas pelo crime de desobediência e 48 feridos é o balanço provisório dos confrontos hoje entre a polícia e os manifestantes junto à Assembleia da República, segundo a PSP.
 
O porta-voz do comando metropolitano de Lisboa da PSP, subcomissário Jairo Campos, fez ao jornalistas o balanço provisório até as 20:55 do incidente ocorridos hoje, dia de greve geral, junto ao parlamento, tendo adiantado que as pessoas detidas vão quinta-feira a tribunal.
 
Jairo Campos explicou que, antes da carga policial, os elementos do corpo de intervenção da PSP fizeram duas advertências para os manifestantes dispersarem e estes não abandonaram o local.
 
Segundo o porta-voz, cinco pessoas foram detidas junto ao parlamento e outras duas nas imediações.
 
Dos 48 feridos ligeiros, 21 são elementos da PSP e 27 são manifestantes.
 
De entre os elementos da PSP feridos dois necessitaram de tratamento hospitalar e 17 manifestantes.
 
Jairo Campos disse ainda que os ferimentos dos polícias se deveram as arremesso de pedras da calçada por parte dos manifestantes.
 
A PSP identificou também várias pessoas, estando agora a polícia averiguar a sua intervenção nos confrontos.
 
Questionado sobre a ação da polícia nas próximas horas, a mesma fonte disse apenas que a PSP está preparada para a possibilidade de ocorrerem mais distúrbios durante a noite, não adiantando se foi decidido algum reforço policial para a AR e zona próximas.
 
A PSP marcou uma conferência de imprensa para quinta-feira às 15:00 na direção nacional em Lisboa para fazer o balanço final dos incidentes.
 
CMP/APN // CC
 
Resposta da PSP foi proporcional para controlar grupos organizados - OSCOT
 
Lisboa, 14 nov (Lusa) - O Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT) considerou hoje que a polícia agiu atempadamente e em conformidade para controlar, em Lisboa, a violência gerada por "pequenos grupos organizados que instigaram a violência" durante uma manifestação.
 
A PSP carregou hoje sobre vários manifestantes em frente às escadarias da Assembleia da República, depois de ter sido agredida por pedras da calçada atiradas por alguns dos participantes de uma manifestação que se concentravam no local.
 
Após terem avisado por megafone os manifestantes para dispersarem, elementos do corpo de intervenção da PSP desceram as escadas e avançaram com bastões para os que atiravam, há mais de uma hora, pedras da calçada contra os polícias.
 
Posteriormente, o corpo de intervenção da PSP fez vários disparos no final da Avenida D. Carlos I, para dispersar os manifestantes que ali se concentraram depois de terem sido afastados do largo junto ao Parlamento. Nas ruas próximas da Assembleia da República, a polícia foi obrigada a apagar vários focos de incêndios ateados a caixotes de lixo.
 
Comentando à agência Lusa os incidentes, que causaram pelo menos cinco feridos entre os manifestantes, o porta-voz do OSCOT, Felipe Pathé Duarte, disse que a atuação da polícia foi "proporcionada" e "atempada", para "controlar a violência" gerada por "pequenos grupos mais ou menos organizados" que "instigaram a violência", aproveitando a manifestação da CGTP junto ao Parlamento durante a greve geral de hoje.
 
Para Felipe Pathé Duarte, a "ação tática" usada pela PSP visou evitar que "a violência entrasse num crescendo maior", após um "momento de contenção que não chegou para mitigar a própria violência".
 
Segundo o porta-voz do OSCOT, "todas as condições estão reunidas" em Portugal "para que a manifestação social entre num processo de violência".
 
Contudo, ressalvou, "não dá para perceber se a violência é totalmente conjuntural ou não, se surge apenas no momento ou não", pelo que, acrescentou, "é complicado antever se vai haver um crescendo de violência" social no país.
 
"A violência gera violência, tem um efeito mimético", enfatizou, no entanto.
 
Felipe Pathé Duarte realçou que, contrariamente a Portugal, a violência na Grécia, em Espanha e em Itália é uma "violência estruturada, planeada, organizada, com estratégicas bem definidas".
 
ER (APN/CMP) // SB
 
"Desacatos provocados por profissionais da desordem e da provocação" - MAI
 
Lisboa, 14 nov (Lusa) - O ministro da Administração Interna garantiu hoje que os desacatos frente ao parlamento, que motivaram uma carga policial, foram provocados "por meia dúzia de profissionais da desordem e da provocação" e elogiou a intervenção e o profissionalismos da PSP.
 
Numa declaração ao princípio da noite, Miguel Macedo sublinhou que os incidentes "nada tiveram a ver com a manifestação da CGTP" em dia de greve geral e garantiu que os desacatos "se deveram ao comportamento de meia dúzia de profissionais da desordem e da provocação, que devem ser travados".
 
Na sua intervenção, o ministro teceu elogios ao contigente da PSP em serviço, "pelo profissionalismo, pela serenidade demonstrada e pela firmeza que revelou quando foi inevitável intervir".
 
Interrogado sobre se teme que atos de vandalismo e provocações à polícia se prolonguem durante a noite de hoje, o governante preferiu não fazer "nenhuma previsão em relação a esse tipo de situações".
 
"Apelo para que, no uso dos direitos de cidadania que todos os portugueses têm, as coisas decorram como têm decorrido até agora, com demonstrações de civismo na esmagadora maioria das situações", rematou.
 
ND/ARA // NS.
 

União Europeia: Dia de solidariedade paralisa trabalhadores em toda a Europa

 

 
Greves gerais e parciais contra cortes impostos pela União Europeia paralisaram o continente, de Portugal à Bélgica, da Grécia à Alemanha. Houve violência entre polícia e manifestantes na Itália e Espanha.
 
Os protestos e paralisações desta quarta-feira (14/11) contra as medidas de austeridade na Europa marcaram uma onda de greves transnacionais de dimensões inéditas no continente.
 
A Confederação dos Sindicatos Europeus (CES) conclamara a protestos contra a política de cortes nos gastos públicos em face da crise, declarando a quarta-feira como dia de solidariedade entre os trabalhadores da União Europeia.
 
Manifestações resultaram em confrontos violentos em várias cidades da Itália e da Espanha. Em Roma, os repórteres falaram em cenas de guerrilha: estudantes lançaram pedras, garrafas e explosivos contra a polícia, que investiu com veículos blindados.
 
Em Turim, três agentes de segurança ficaram feridos durante os distúrbios, um deles gravemente. Em Milão, estudantes demoliram as vitrines de bancos e do conglomerado de energia Enel. Em Nápoles, os manifestantes ocuparam durante algum tempo os trilhos da estação central.
 
Na Espanha, mais de 40 pessoas ficaram feridas, entre as quais 18 policiais. Cerca de 110 grevistas foram detidos após choques com as forças de segurança. Na capital, Madri, a polícia usou balas de borracha e cassetetes contra um grupo de manifestantes que resistira à prisão de um adepto do Movimento 15-M, também intitulado "Indignados".
 
Greve de trabalho e de consumo
 
As greves gerais de 24 horas coordenadas entre Espanha e Portugal deixaram paralisados ambos os países. Os meios de transporte público foram reduzidos ao mínimo, escolas e repartições públicas ficaram fechadas. Em cerca de 120 cidades, as paralisações foram acompanhadas de passeatas, nas quais a população deu vazão a sua revolta contra as medidas de austeridade.
 
Antecipando as greves, centenas de voos foram cancelados. As grandes companhias aéreas da Espanha suspenderam a metade das conexões planejadas, e em Portugal a TAP cancelou 45% de seus voos. O tráfego aéreo na Alemanha também foi afetado, pois diversos aeroportos do país participavam de operações anuladas na Península Ibérica.
 
A produção de montadoras multinacionais como Volkswagen, Seat, Opel e Nissan ficou praticamente parada na Espanha. Os sindicatos calculam que cerca de 80% dos trabalhadores espanhois tomaram parte na greve geral.
 
As grandes associações sindicais espanholas Confederação Sindical de Comissões Operárias (CCOO) e União Geral de Trabalhadores (UGT) não só conclamaram à paralisação do trabalho, como também a uma "greve de consumo", sob o slogan: "Os espanhois não devem comprar absolutamente nada neste dia".
 
Depois das paralisações em março, a atual greve geral contra os cortes do governo em Madri é a segunda no mesmo ano – fato inédito na história recente da Espanha. O primeiro-ministro Mariano Rajoy expressou a preocupação de que a greve possa prejudicar a imagem do país no exterior e afetar o setor de turismo. A oposição socialista, em contrapartida, apoia as manifestações.
 
Contra o orçamento e Passos Coelho
 
Em Portugal, os focos da greve foram o setor de transportes e o funcionalismo público. Em Lisboa, o metrô não circulou, trens e ônibus ficaram parados em todo o país. Também os correios, hospitais e instituições de ensino suspenderam suas atividades.
 
A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) espera, através da greve geral, impedir a aprovação do controverso orçamento de 2013. A decisão final será tomada pelo Parlamento português em 27 de novembro.
 
Além disso, os sindicatos pretendem forçar a renúncia do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Segundo o presidente da CGTP, Armênio Carlos, o atual governo de centro-direita seria responsável pela recessão, com retração da economia em 3% e taxa de desemprego de quase 16%.
 
Certos estudos apontam que a crise econômica deverá se agravar muito, sobretudo nos países do sul do continente, devido aos drásticos programas de austeridade adotados. Em setembro, o desemprego na zona do euro alcançou o novo recorde de 11,6%, cabendo a maior quota à Espanha, onde um em cada quatro trabalhadores não encontra ocupação.
 
Solidariedade da Grécia à Bélgica
 
Também na Bélgica os ferroviários participam das ações de greve. Funcionários da operadora SNCB iniciaram na noite desta terça-feira uma paralisação de 24 horas.
 
O tráfego ferroviário do país ficou praticamente suspenso, e o internacional, seriamente comprometido, com a suspensão do tráfego dos trens de alta velocidade da empresa Thalys entre a Alemanha e a Bélgica, e atrasos nas rotas para Paris, Amsterdã e Londres. Na capital Bruxelas, bondes e ônibus não saíram da garagem.
 
Ações de protesto contra a política de cortes nos gastos públicos também foram realizadas em outros países da União Europeia. Na Grécia, dezenas de milhares de trabalhadores, sobretudo do setor público, cruzaram os braços durante três horas. Uma passeata reuniu milhares no centro de Atenas, onde se viam faixas com os dizeres: "O pacote de austeridade prejudica seriamente a saúde".
 
Também na França milhares de opositores apoiaram as greves – em Paris, sob a palavra de ordem: "A favor do emprego e da solidariedade – contra medidas de contenção". Diante do Portão de Brandemburgo, em Berlim, cerca de 250 pessoas se reuniram em protesto. Estavam anunciadas manifestações também na Polônia.
 
AV/dpa,dapd - Revisão: Francis França
 

LIDERES GUINEENSES DEPOSTOS VISITAM TIMOR-LESTE

 

CSR - MSE – HB - Lusa
 
Díli, 14 nov (Lusa) - O Presidente interino deposto e o primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau visitam Timor-Leste a partir de quinta-feira, informou hoje fonte da Presidência timorense.
 
O Presidente Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, ambos depostos no golpe militar de 12 de abril na Guiné-Bissau, realizam uma visita de dois dias a Timor-Leste.
 
A Guiné-Bissau está a ser administrada por um governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em abril do próximo ano.
 
A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a que pertencem os dois países, não reconhece as novas autoridades de Bissau.
 
O convite aos dois governantes depostos para visitar o Timor-Leste foi feito ainda por José Ramos-Horta José Ramos-Horta, que abandonou a presidência timorense em maio, estando atualmente no cargo general Taur Matan Ruak, ex-chefe das forças armadas.
 
A mesma fonte adiantou ainda que o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, também vai realizar uma visita de quatro dias ao Timor-Leste, a partir do dia 27 deste mês.
 

GÂMBIA NEGA QUALQUER APOIO À DESESTABILIZAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU

 

Lusa
 
Bissau, 14 nov (Lusa) - O embaixador da Gâmbia na Guiné-Bissau, Abdu Djedju, negou hoje que o seu país possa servir de base ou de apoio a quem queira desestabilizar a Guiné-Bissau, como tem sido sugerido pelas autoridades civis e militares guineenses.
 
O embaixador da Gâmbia falava aos jornalistas após uma audiência com o Presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo, a quem, disse, apresentou cumprimentos pela última festa muçulmana, o Tabasky, no mês passado.
 
Adbu Djedju começou por dizer aos jornalistas que a sua audiência com Serifo Nhamadjo não se destinava a falar dos assuntos políticos entre os dois país mas, após insistência, acabou por comentar as acusações dos militares e elementos do Governo de transição de que a Gâmbia estava a dar abrigo aos desestabilizadores da Guiné-Bissau.
 

Cabo Verde: PODER PEDE AJUDA À OPOSIÇÃO E AUMENTA IMPOSTOS CONTESTADOS

 


PAICV pede a partidos e parceiros sociais esforços no combate à crise
 
14 de Novembro de 2012, 13:56
 
Cidade da Praia, 14 nov (Lusa) - O PAICV, no poder em Cabo Verde desde 2001, apelou hoje às restantes forças partidárias e aos parceiros sociais para que unam esforços no combate à crise económica internacional, que está a afetar já o arquipélago.
 
O apelo foi feito pelo secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Armindo Maurício, no final de um encontro de cerca de hora e meia com o presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, para analisar a situação do país, na véspera de o Parlamento debater e votar o Orçamento do Estado (OE) para 2013.
 
"Estamos todos a viver um momento difícil, de crise. Os nossos parceiros estão já a braços com elevados índices de desemprego e Cabo Verde não está imune. Os financiamentos estão limitados a todos os níveis e todas as propostas contidas no OE 2013 refletem essas dificuldades", disse Armindo Maurício.
 
"Temos de encontrar soluções conjuntas entre os poderes, parceiros sociais e partidos políticos para dar sustentabilidade à economia cabo-verdiana e manter esse equilíbrio que temos conseguido até agora", acrescentou.
 
Sobre a audiência com Jorge Carlos Fonseca, o secretário-geral do PAICV disse terem sido passados em revista "quase todos os aspetos da atualidade" do país, nomeadamente o OE 2013 e os desafios de futuro, mas não avançou pormenores.
 
"Foi um diálogo positivo. Passamos em revista quase todos os aspetos da atualidade, como o OE 2013 e os desafios do futuro. Mas o mais importante é saber que todos os poderes, parceiros e sociedade civil estão sedentos na procura de melhores entendimentos", referiu, louvando a iniciativa do chefe de Estado.
 
Jorge Carlos Fonseca começou hoje a receber os representantes dos partidos políticos para analisar a situação económica de Cabo Verde e o OE 2013, que será discutido e votado no Parlamento cabo-verdiano no fim deste mês.
 
Hoje, o presidente cabo-verdiano recebe o líder do Movimento para a Democracia (MpD), continuando na quinta-feira as audiências com outros partidos políticos, centrais sindicais, associações empresariais e patronato.
 
JSD // VM.
 
Oposição de Cabo Verde denuncia "aumento brutal" dos impostos no Orçamento do Estado para 2013
 
14 de Novembro de 2012, 14:05
 
Cidade da Praia, 14 nov (Lusa) - O Movimento para a Democracia (MpD, oposição) considerou hoje que a proposta de Orçamento do Estado para 2013 apresentada pelo Governo de Cabo Verde, caso se mantenha inalterada, significará um "aumento brutal" dos impostos.
 
Em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o líder do MpD, Carlos Veiga, lembrou que o aumento vai recair "sobre as já sobrecarregadas famílias e as empresas", na sequência da inevitável subida dos preços da água, eletricidade, transportes e comunicações.
 
"Há um aumento brutal dos impostos que vai recair nas famílias e empresas, que ficarão sem folga, de forma a permitir o crescimento económico. Se não for alterado, também não reduzirá as despesas do Estado", sustentou Carlos Veiga.
 

Orçamento da UE: NEGOCIAÇÕES ATÉ AO ÚLTIMO MINUTO

 


Jyllands-Posten, El Mundo, Gazeta Wyborcza, La StampaPresseurop - Arend van Dam
 
Financiar a UE de 2014 a 2020: é o que está em causa no Conselho Europeu de 22 e 23 de novembro. Mas a obtenção de um acordo está longe, porque cada país parece sobretudo interessado em preservar os seus interesses, diz a imprensa europeia.
 
"A UE está no caminho para um duplo fracasso", escreve o Jyllands-Posten. Por um lado, o projeto de união bancária avança lentamente. Por outro, as negociações sobre o orçamento da UE para o período 2014-2020 continuam em ponto morto. Em 13 de novembro, o Parlamento Europeu decidiu mesmo suspender a sua participação, como protesto contra os cortes exigidos por alguns Estados. Este diário dinamarquês constata que o confronto entre as capitais europeias é tal que a cimeira de 22 e 23 de novembro poderá terminar num desmoronamento. E isso envolve o risco de reforçar a crise económica da Europa. É esta a conclusão coincidente e muito pessimista a que chegam vários diplomatas importantes dos Estados-membros e fontes "altamente colocadas" da Comissão Europeia. […] Segundo uma fonte, poderá ser impossível chegar a um compromisso, porque os países estão bloqueados nas suas posições finais. É o caso do Reino Unido e, também, da Suécia e da Dinamarca, que levantam dificuldades. O Governo dinamarquês ameaça vetar o orçamento, se não obtiver uma redução anual de mil milhões de coroas (cerca de €134 milhões).
 
Em Madrid, El Mundo comenta que, "por vezes, a Europa nem sequer se mexe":
 
Neste momento, há três assuntos-chave na agenda política comunitária [a união bancária, a taxa sobre as transações financeiras e o orçamento anual]. Ao fim de várias horas de negociações [em 13 de novembro], tudo ficou como estava. A União Europeia está bloqueada e mostra-se novamente incapaz de enfrentar o seu maior desafio, construir uma maior integração económica, enquanto os mercados voltam a ficar nervosos e começam novamente a duvidar do projeto do euro.
 
"As esperanças de sucesso na cimeira do orçamento, em Bruxelas, são cada vez mais fracas", considera o Gazeta Wyborcza. Este diário polaco salienta que, mesmo que David Cameron decida não vetar o acordo, poderá surgir outro problema: "as conversações bilaterais entre Angela Merkel e Donald Tusk". Porque a chanceler alemã tentará convencer o primeiro-ministro polaco a aceitar os inevitáveis cortes de financiamento. Em Varsóvia, espera-se uma certa "benevolência alemã" e não apenas por os dois países serem próximos:
 
É indiscutível que os fundos [da UE] para a Polónia estimulam muito mais e economia alemã do que a economia francesa ou britânica. É por isso que, embora seja bastante parcimoniosa neste momento, Angela Merkel poderá acabar por desembolsar um extra para Varsóvia.
 
Para tal, acrescenta o Gazeta Wyborcza, a posição negocial da Polónia deverá ser reforçada por uma coligação de quinze países "amigos da política de coesão", que se opõem aos cortes no orçamento da UE, se Varsóvia resistir às negociações em que cada um vai tentar conservar o que obteve.
 
Apesar do impasse negocial, a Itália já garantiu a atribuição de €670 milhões para o fundo de solidariedade para com as vítimas do devastador terramoto de maio passado, em Emilia-Romagna, relata La Stampa. Essa soma estivera bloqueada devido à recusa dos "falcões orçamentais" de contribuir com mais dinheiro para os cofres da UE. Mas "falta tudo o mais", adverte este diário de Turim, a começar pelos fundos para o programa Erasmus, que faziam parte de um pacote de €9 mil milhões proposto pela Comissão e rejeitado por um grupo de países dissidentes liderado pelo Reino Unido.
 
La Stampa revela que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tentou inclusive convencer o seu homólogo italiano, Mario Monti, a mudar de lado, propondo-lhe um orçamento alternativo elaborado por Londres, graças ao qual a Itália pouparia dois mil milhões anuais na sua contribuição. Contudo, explica o mesmo diário, Monti não se deixou convencer, pois sabe que "tal redução significaria a perda dos fundos de coesão para as regiões do Sul de Itália". Mas Roma está igualmente à procura de um desconto: como o PIB per capita de Itália é ligeiramente inferior à média europeia, Roma quer deixar de ajudar países que se encontram mais ou menos na mesma situação económica e obter um abatimento de entre um e dois mil milhões na contribuição para o orçamento 2014-2020.
 

PAÍSES DO SUL PRECISAM REVER SUAS POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS ECONÔMICAS

 
 

Yilmaz Akyuz, Genebra – Opera Mundi
 
A médio prazo, os fatores que impulsionaram o crescimento dos emergentes devem desaparecer; é hora de intervenções públicas precisas
 
Há diversas razões para crer que as forças que impulsionaram o crescimento das economias em desenvolvimento e emergentes desde 2009 desaparecerão no médio prazo. Tampouco voltarão as muito favoráveis condições econômicas internacionais existentes antes da crise global.

Isso significa que, a menos que existam mudanças fundamentais em como esses países se integram à economia mundial, a recente assombrosa ascensão do Sul poderá ser apenas um fenômeno passageiro, e a velocidade de sua convergência com os níveis de renda das economias avançadas poderá diminuir nos próximos anos.

Os países em desenvolvimento enfrentam dois desafios interdependentes que exigem uma reconsideração de suas estratégias. Em um futuro imediato correrão o risco de uma relevante queda em suas taxas de crescimento, que poderá ser mais severa se se aprofundarem a recessão europeia e o consequente dano à economia norte-americana.

Em segundo lugar, no médio prazo e com o atual modelo econômico, esses países não poderão voltar ao ritmo desfrutado durante o período de expansão do crédito imobiliário nos Estados Unidos, mesmo com os países avançados se recuperando completamente e empreendendo um caminho rigoroso e estável para o crescimento.

Os países em desenvolvimento agora têm menos espaço para instrumentalizar uma resposta anticíclica diante dos impulsos deflacionários e desestabilizadores. Em muitas economias emergentes ampliaram-se os desequilíbrios fiscais e externos nos últimos anos, e agora devem recorrer a todos os meios possíveis para evitar uma acentuada queda da atividade e um aumento do desemprego.

Muitas economias em desenvolvimento e emergentes, especialmente na América Latina, têm algum espaço em suas políticas comerciais, especialmente em matéria de tarifas alfandegárias, mas as margens são bastante estreitas para a maioria delas.

Uma saída poderia ser invocar, como último recurso, as medidas de salvaguarda do Acordo Geral sobre Comércio de Serviços, destinadas a enfrentar as dificuldades de pagamentos que alguns países possam ter em consequência de seus esforços para expandir seus mercados internos ou das instabilidades nos termos do intercâmbio.

Usadas cuidadosamente, tais medidas não restringiriam necessariamente o volume total das importações, mas sua composição.

Por outro lado, a restrição seletiva das importações não essenciais, bem como as de bens e serviços que possam ser substituídas por produtos nacionais, poderia aliviar os problemas de pagamento e facilitar políticas macroeconômicas expansivas.

Naturalmente, o fornecimento de uma adequada liquidez internacional por parte das instituições financeiras multilaterais poderia atenuar a necessidade de medidas de restrição comercial, embora não fosse sensato para as economias em desenvolvimento usar tais recursos para importar bens e serviços não essenciais.

Na eventualidade de continuadas e amplas fugas de capitais, esses países deveriam estar preparados para impor restrições cambiárias e inclusive a suspensão transitória do serviço da dívida, e isso deveria ser apoiado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) por meio da concessão de empréstimos.


A China não pode recorrer a outra maciça injeção de investimentos para manter um aceitável ritmo de crescimento sem comprometer sua futura estabilidade. Qualquer resposta de política anticíclica deveria ser coerente com os ajustes de longo prazo necessários para manter um crescimento rigoroso, e também deveria enfrentar o problema do baixo consumo.

Uma alta imediata no consumo privado poderia ser alcançada por meio de amplas transferências do setor público, especialmente para os pobres nas áreas rurais, bem como um forte aumento das prestações para saúde e educação.

A China também deve aumentar a participação nos salários no PIB (Produto Interno Bruto), mais rápido do que o efetuado até agora.

Com sua crescente demanda, a China tem um papel fundamental para as economias exportadoras de matérias-primas, mas não é um mercado importante para os exportadores de manufaturas.

Portanto, para formar um mercado importante para as economias em desenvolvimento e emergentes, a China não deve apenas elevar a participação dos salários e da renda familiar no PIB, mas também aumentar as importações relacionadas com o consumo.

Uma virada para o crescimento impulsionada pelos salários e pelo consumo não implica que, como consequência do aumento de suas importações, a China deixe de ser o maior exportador mundial de manufaturas.

Embora uma parte importante do consumo elevado possa ser atendida por produtores domésticos, tal virada implicaria também um significativo aumento na importação desse tipo de bens.

Para outras economias em desenvolvimento e emergentes, os desafios variam, mas todos estão vinculados de um modo ou de outro ao acúmulo e ao crescimento da produtividade.

Na América Latina, os exportadores de matérias-primas têm pouco controle sobre dois determinantes cruciais de seu rendimento econômico: os fluxos de capitais e a flutuação dos preços internacionais das matérias-primas.

O grande desafio dessa região é como ganhar maior autonomia. É necessário reduzir a dependência do capital estrangeiro. Os ricos latino-americanos, embora recebam maior porção da renda nacional do que os ricos asiáticos, economizam e investem uma porcentagem muito menor do que os segundos.

Os baixos níveis de investimento e produtividade, junto com a alta dependência dos capitais estrangeiros, são os principais causadores da desindustrialização da América Latina, agravada por recentes booms nos mercados de matérias-primas e nos fluxos de capitais.

O baixo investimento público e privado e a alta dependência do capital estrangeiro são os principais problemas a serem enfrentados, não apenas na América Latina, como também em alguns países exportadores de manufaturas, como a Turquia.

No entanto, uma alta taxa de poupança nem sempre se traduz em igual nível de investimento e um alto nível de investimento não necessariamente se traduz em um rápido crescimento industrial.

Para superar tais dificuldades são necessárias intervenções públicas precisas, com um uso eficaz dos instrumentos macroeconômicos e da política industrial.

(*) Yilmaz Akyuz é economista-chefe do South Centre, com sede em Genebra. Para mais informação ver South Centre, Issue 66 e SC RP 44 (www.southcentre.org). Texto publicado no site Envolverde/IPS.


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PSP pede a agentes que fiquem mais tempo nas esquadras por prevenção

 

Lusa - Ana Meireles – Diário de Notícias
 
A PSP está a pedir aos oficiais destacados para as esquadras próximas da Assembleia da República, em Lisboa, para que fiquem hoje, dia de greve geral, mais tempo ao serviço, devido aos confrontos entre a polícia e os manifestantes.
 
Contactado pela agência Lusa, Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), explicou que esta é uma "medida preventiva que se percebe", tendo em conta a carga policial que entretanto se desencadeou, "a maior desde o início dos anos 1990".
 
"Em algumas esquadras próximas da Assembleia, estão a pedir aos polícias para não saírem, porque podem ser precisos, mas isso percebe-se. É um procedimento preventivo normal de reforço para qualquer eventualidade", explicou o sindicalista.
 
A polícia iniciou cerca das 18:20 uma carga contra os manifestantes que se encontram junto ao parlamento, utilizando bastões e cães para afastar as pessoas da escadaria.
 
Os elementos do corpo de intervenção da PSP, depois de terem avisado por megafone os manifestantes para dispersarem, desceram as escadas e avançaram com bastões para os manifestantes que atiravam pedras da calçada contra as forças policiais desde as 17:00.
 
Relacionado em Diário de Notícias
 

GOVERNOS SOLICITAM CADA VEZ MAIS DADOS SOBRE UTILIZADORES DA INTERNET

 

Tek sapo - Texto parcial
 
O número de pedidos governamentais relativos a dados de utilizadores da Internet a nível mundial aumentou durante os primeiros seis meses de 2012, revela hoje o Relatório de Transparência da Google.

Este relatório, iniciado em 2010 e com periodicidade semestral, releva que entre janeiro e junho deste ano foram feitas à Google 20.938 solicitações de entidades governamentais para cedência de informações, relativas a um total de 34.614 contas de utilizadores.
 
Portugal consta também do Relatório de Transparência da Google, que indica terem aumentado os pedidos sobre informações de utilizadores por parte das autoridades portuguesas. Nos primeiros seis meses deste ano Portugal fez à Google 184 pedidos sobre 247 contas de utilizadores, com uma taxa de apenas 14% de informações parciais ou totais fornecidas. Uma percentagem inferior à registada no último semestre de 2011, quando a Google cumpriu 29% dos 147 pedidos solicitados por Portugal.
 

ANTES PARADOS QUE ARRASTADOS PARA O ABISMO

 


Luís Rainha* – Jornal i, opinião
 
Para o nosso cardeal patriarca, isto das greves é um incómodo a evitar pelas formigas industriosas que todos deveríamos ser. Para iluminados como a directora do “Destak”, no lado dos “fura-greves” é que encontraremos “coragem e convicção” – mesmo que depois aqueles costumem ser lestos a aproveitar as conquistas dos que se deram ao incómodo de agir. Esta ideia já faz parte do sedimento de detritos vários que compõe o nosso senso-comum: precisamos de vergar a mola, de labutar até ao desfalecimento, para tirar Portugal da crise, para crescer, para amanhã acordarmos ricos como alemães.
 
E se a tripulação do Titanic se tivesse revoltado contra um comandante apostado em bater recordes de velocidade a todo o custo? E se uma greve tem eclodido antes do previsível encontro com a montanha de gelo? Os braços cruzados, ignorando previsões de derivas sinistras, teriam sido afinal a única manifestação de sanidade naquela noite. Menos um tema para xaropadas cinematográficas; mas milhares de vidas teriam sido poupadas à condição de adereços fúnebres no mito.
 
Por falar em fitas manhosas, que dizer da obra encomendada pelo omnisciente Marcelo? A procissão de figurantes em fuga do Parque Mayer, coreografando truísmos para sossegar a Führerin, é talvez o espectáculo mais deprimente e sabujo do ano; chegando a um clímax quase erótico ao garantir que até as nossas manifestações acabam em beijinhos entre polícias e ninfetas de subúrbio. Mais uma bela ocasião para greve que se perdeu.
 
*Publicitário
 

POLÍCIAS JUNTO AO PARLAMENTO ALVO DE CHUVAS DE PEDRAS

 

APN - CMP - GC

Lisboa, 14 nov (Lusa) – Os elementos da PSP estão a ser alvo de arremesso de várias pedras arrancadas da calçada junto à escadaria da Assembleia da República por dezenas de manifestantes de cara tapada.
 
Algumas das pedras já partiram quatro escudos do cordão policial formado após o derrube das barreiras metálicas de proteção.
 
A PSP já reforçou o cordão policial com mais elementos do corpo de intervenção.
 
Num dos momentos de tensão que se tem vivido junto ao parlamento, um dos manifestantes conseguiu tirar um escudos ao elemento do corpo de intervenção devolvendo-o de seguida pintado com a palavra “povo”.
 
O polícia começou a subir a escadaria com o escudo de proteção e nesse momento os manifestantes gritaram “o povo unido jamais será vencido”.
 
Os distúrbios junto ao parlamento começaram cerca das 17 horas quando foram derrubadas as barreiras metálicas de proteção, pouco tempo depois do fim do discurso do Secretário-Geral da CGTP, Arménio Carlos.
 
Depois de derrubadas as barreiras os manifestantes conseguriam subir sete ou oito degraus da escadaria, mas a PSP reforçou de imediato o policiamento com elementos do corpo de Intervenção e do grupo cinotécnico (agente e cão), formando duas barreiras de proteção. (Lusa)
 
CINCO MANIFESTANTES FERIDOS VÍTIMAS DE PEDRAS, UM FICOU HOSPITALIZADO
 
Segundo a reportagem da TVI, fonte da polícia informou que cinco manifestantes foram feridos por pedras. As pedras têm sido lançadas por não mais que uma dúzia de jovens que ninguém os consegue demover de mudarem de atitude e de protestarem pacificamente, apesar de centenas de manifestantes ainda continuarem a participar no protesto. Passeio (fonte das pedras) e outro equipamento do mobiliário urbano (placas de informação, sinais de trânsito) está a ser destruido.
 
Alguns jovens recorrem injustificadamente à violência, provocam a polícia, como vimos hoje - e em protestos e manifestações anteriores - enquanto que os agentes têm sido bastante pacientes e tolerantes – esquecendo-se ou indiferentes ao facto de que a violência não é o objetivo mas sim aquilo que reinvindicam: a “demissão” do governo, a melhoria da situação dos portugueses e de Portugal.
 
A polícia avisou, através de um megafone, que ia proceder a uma carga policial, como manda a lei. Carga policial que se concretizou e levou à sua frente todos os manifestantes junto à escadaria – jovens que estavam, ou não, a lançar pedras. Talvez tenha um ou outro manifestante justo pago pelo pecador. Pelo menos um reporter fotográfico foi para o hospital a sangrar da cabeça, somando, ao que se sabe, para seis feridos a serem transportados pelas ambulâncias do INEM. A polícia fez detenções de jovens que estiveram a arremessar objetos durante a tarde.  (Redação PG)
 

Portugal: MANIFESTANTES GRITAM “PASSOS ESCUTA, ÉS UM FILHO DA PUTA”

 


Em Lisboa a tensão sobe junto à Assembleia da República. Dezenas de manifestantes arrastaram por dezenas de metros as baias de ferro postas pela polícia e tentam subir a escadaria que dá acesso ao Parlamento forçando o cordão policial e provocando pequenas escaramuças.
 
Pedras e garrafas são lançadas contra os agentes policiais. Palavras de ordem são proferidas em convite à polícia para se juntar aos manifestantes. “O povo unido jamais será vencido”, assim como dirigidas aos governantes chamando-lhes “gatunos” ou “Passos, escuta, és um filho da puta”.
 
As reportagens televisivas mostram a escadaria repleta de pedras, garrafas, cartazes, paus e toda a espécie de objetos que sirvam para arremessar. Considerando a hora diurna a que ocorre esta exaltação de ânimos e os muitos milhares de manifestantes presentes é referido que o que se está a passar é inédito em termos da revolta demonstrada e de crescente tensão e violência, que regra geral acontece em horas tardias por uns quantos jovens e depois de os milhares de manifestantes já terem abandonado o local.
 
“Estamos revoltados, é para que eles vejam que estamos a perder a esperança e a paciência”, declaram às equipas de reportagem. “Isto hoje vai dar molho”, afirmam cidadãos que se dizem em desespero com a situação para que “este governo e o Cavaco Silva nos está a empurrar”. Os manifestantes usam também insistentemente a palavra de ordem "demissão". Exigindo ao governo que se demita.

Alguns manifestantes têm pedido para que suspendam o arremesso continuo de objetos contra a polícia. Posteriormente um grupo consideravel de manifestantes colocou-se junto à barreira policial em atitude solicita para que não arremessem mais pedras. A o cordão da polícia está estática com a proteção dos escudos e do equipamento apropriado. (Redação PG)
 

OS ACONTECIMENTOS DA SEMANA – Mário Soares

 


 
1 A VITÓRIA DE OBAMA: Vale a pena, passados alguns dias, escrever ainda sobre a vitória eleitoral do Presidente Barack Obama. Não foi uma vitória qualquer. Foi uma vitória histórica, à qual as sondagens davam, quase até ao fim, um empate técnico entre os dois rivais e a Direita, americana e europeia, sonhava - e escrevia - sobre a possível derrota do Presidente.
 
Enganou-se. Curiosamente, Barack Obama ganhou, obviamente, com o apoio dos democratas - Clinton, entre outros, ajudou-o e muito - mas, por ordem, com os votos das mulheres, dos jovens, dos afro-americanos e dos latino-americanos (portugueses, brasileiros, espanhóis e sul-americanos) e, naturalmente, dos intelectuais e académicos. Ao contrário dos republicanos, cujos votos vieram sobretudo dos meios rurais e dos grandes interesses económicos.
 
O discurso de vitória de Obama foi, como de costume, excecional: voltado para a frente, com a sua visão humanista, confiante no futuro da Grande América, "o melhor está para vir", disse, preocupado com a paz mundial e as desigualdades sociais e, como homem progressista, em vencer a crise tremenda, que afeta o Ocidente e não só. Mas como? Desenvolvendo a economia americana e lutando contra o desemprego. Exatamente ao contrário do que a União Europeia tem vindo a fazer...
 
Obama, no seu discurso de vitória, não se referiu à União Europeia e aos seus dislates, cada vez mais à vista de todos. Mas a sua vitória trouxe um vento de mudança que começou a soprar, na Zona Euro e que contribuirá - como é necessário - para mudar o paradigma, como é urgente que suceda, para que o euro se fortaleça, os mercados usurários obedeçam aos Estados e a solidariedade, que é um dos principais fundamentos da União, possa finalmente substituir-se aos nacionalismos de um outro tempo... Não se referiu à Europa, por delicadeza, mas está no seu pensamento e na lista das suas principais preocupações, sendo como é, a União Europeia, o seu mais importante aliado.
 
2 MERKEL EM PORTUGAL
 
A convite do Governo, a chanceler alemã resolveu passar escassas cinco horas em Portugal, em visita ao seu fiel discípulo, o primeiro-ministro, ao Presidente da República e a alguns empresários escolhidos. É uma visita que sucede às que fez à Espanha (cujo plano que levou foi recusado por Rajoy, que não gosta de troikas) e depois à Grécia. Para quê? Até agora ninguém explicou. Nada se sabe. Vem dar-nos mais dinheiro? A que juros e em que condições?
 
Os portugueses, desesperados, não ignoram a visita. Mas já se percebeu que o povo português não gosta da senhora Merkel nem a chanceler do nosso povo. Não haverá quaisquer contactos porque estará sempre rodeada de dezenas de seguranças, com navios de guerra no Tejo vigilantes e o céu sem aviões, mesmo de carreira, não vá o diabo tecê-las. Haverá polícias especializados e guardas-republicanos mobilizados e as ruas por onde passar estarão fechadas ao público. Há helicópteros a espiar a terra, o mar e o céu. Nunca nenhuma das muitas centenas de presidentes e primeiros-ministros que nos têm visitado, nos últimos anos, foram sujeitos a semelhante humilhação. Porque é de uma humilhação que se trata.
 
Porquê? Porque o Governo tem medo de comparecer, onde quer que seja, por causa das vaias e dos gritos de "gatunos" a que são sujeitos os ministros. Tem seguramente má consciência. Procura ignorar o desprezo do povo que agora voltou a tapar a estátua de Camões com panos negros, como foi feito quando do ultimato inglês, povo - repare-se - que há um ano e poucos meses o elegeu, em função das promessas que lhe fez e não cumpriu. Povo que na sua esmagadora maioria, hoje, odeia o Governo e só quer que se demita quanto antes.
 
É certo que o Governo devia, perante a desastrosa situação existente - nunca vista em tempo algum - ter a consciência e a honradez de se demitir. Até agora não teve. O silêncio é o seu forte. É por isso que a pobre senhora Merkel chega a Lisboa no pior momento. Não poderá ver mais do que uma nesga da cidade, sem expressão, dentro de um carro blindado, que percorre ruas desertas. E quando parar, no Forte de São Julião da Barra, no Palácio Presidencial e no Centro Cultural de Belém, onde estarão muitas dezenas de seguranças portuguesas e alemãs à sua volta, não verá à distância uma única família portuguesa para, de longe, lhe dizer um adeus. Que raio de democracia se tornou a nossa cujo Governo tem medo do povo!
 
Fala-se de que traz a promessa de nos dar algum dinheiro. Mas será que o Governo terá a coragem de dizer aos portugueses quanto nos custará a visita da senhora Merkel e dos seguranças que a envolvem? Quando cortam a tantos milhares de pensionistas idosos as pensões, que não são do Governo, visto as terem descontado imensos anos...?
 
3 OS MILITARES DESCERAM À RUA
 
Cerca de dez mil militares, de diferentes patentes, desceram no sábado passado à Baixa lisboeta, em silêncio, em defesa da sua dignidade de servidores da pátria e em protesto contra o mau tratamento que o atual Governo lhes tem dado. Foram membros da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA), da Associação Nacional de Sargentos (ANS) e da Associação de Praças (AP).
 
Tratou-se de uma manifestação de profundo descontentamento das Forças Armadas, com um indiscutível significado político, que devia obrigar o atual Governo a refletir como a situação pode evoluir perigosa e rapidamente se o Governo continuar a não ouvir os militares e a não dialogar com eles. Que responsabilidade para o ministro da Defesa, se persistir em falar-lhes com sobranceria e sem responder às suas legítimas preocupações patrióticas e angústias pessoais...?
 
Aliás, não são só os militares que estão zangados com o Governo. Também estão, pelas mesmas razões, os polícias e os guardas-republicanos, que também têm vindo a manifestar-se, em enorme quantidade, com a mesma energia e descontentamento de todos os outros manifestantes: dos universitários aos funcionários públicos, dos autarcas aos médicos, dos farmacêuticos aos portuários, aos estivadores, aos desempregados, às mulheres e aos jovens...
 
E perante isto - que todos os dias nos impressiona e nos angustia -, o Governo mantém-se em silêncio, como se nada acontecesse, e o Presidente da República, infelizmente, também! Teremos todos de emigrar deste país, que tanto amamos, que se empobrece todos os dias? Como já estão a fazer os jovens, recém-licenciados das universidades que, por não terem emprego, não têm outro caminho senão emigrar, como lhes recomendou o primeiro-ministro?
 
4 CONFÚCIO E O FANTASMA DE MAO
 
O 18.º Congresso do Partido Comunista da China termina amanhã. Xi Jinping, de 59 anos, será nomeado, segundo é público na China, secretário-geral do partido, em substituição de Hu Jintao e ocupará, em 2013, o lugar de presidente da República.
 
A China, segunda maior potência económica mundial, encontra-se agora numa situação difícil, por causa das imensas desigualdades sociais e do mal-estar da população rural e da classe média, como tem transparecido, apesar do duro sistema de censura, que é uma das suas armas mais poderosas.
 
No Congresso, ao que parece, tem-se falado abertamente do perigo da grande corrupção vigente, a começar por conhecidos responsáveis políticos ligados ao aparelho partidário, além de haver, no interior do partido, uma grande vontade de se fazer reformas políticas.
 
Contudo, como se tem verificado desde a morte de Mao Tse-tung, a evolução tem sido sempre muito lenta e cuidadosa. Um exemplo é a grande barragem Three Georges, acionista recente da nossa EDP, que começou a ser construída há vinte anos, junto ao Yangtzé, o maior rio da Ásia e que, ao que parece, está agora a pôr em causa os ecossistemas da região e a criar grandes problemas: inundações, sismos e desabamentos de terras.
 
Vem isto a propósito da importância que hoje voltou a ter no pensamento chinês a doutrinação de Confúcio, com vista a cultivar a virtude das pessoas, como o supremo bem. No tempo em que Mao Tsetung reinou, após 1949, o maoismo subscreveu violentas campanhas contra a ideologia "burguesa, feudal e reacionária de Confúcio". Mas o pensamento de Confúcio, que nasceu há cerca de 2500 anos, quinhentos antes de Cristo, permaneceu no Japão, em Hong Kong, em Taiwan, no Vietname e até nas Filipinas. Não como religião - que nunca foi - mas como doutrina para conduzir as mulheres e os homens no caminho ético da virtude, que sempre foi a sua preocupação.
 
Contudo, Mao, a pouco e pouco, tem vindo a passar à história. Tornou-se uma espécie de fantasma, visto que os chineses voltaram a adotar Confúcio. Como dizia Camões, que andou pela Ásia, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"... O que anima os políticos, que forem honrados e inteligentes, é serem capazes de ver longe. E não o dia a dia, como tantas vezes acontece...
 

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