segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Portugal: O “PLANO B” DO GOVERNO É… AINDA MAIS SACRIFÍCIOS




Henrique Monteiro – Expresso, opinião

Já toda a gente percebeu que determinadas normas do Orçamento vão ser chumbadas. A dúvida está em saber quantas, quais e quanto afetam. Fala-se de números que andam entre os 1,1 mil milhões e os quatro mil milhões.

Face a isto, no Expresso de hoje (que, sendo a edição comemorativa dos 40 anos vem recheado de matérias interessantes) lê-se que Passos nem se demite nem afasta Gaspar. O que fará, então, face a um chumbo do Tribunal? E responde uma fonte autorizada: respeita a decisão e encontrará as medidas alternativas adequadas. Mas avisa que não serão medidas simpáticas.

Perante isto, duas perguntas políticas objetivas: é normal um Governo aprovar e um Presidente promulgar dois OE em anos consecutivos com normas inconstitucionais? É isto um regular funcionamento das instituições?

E, finalmente, esta: podemos aguentar medidas ainda menos simpáticas do que este colossal aumento de impostos? Deixará o Presidente de ter dúvidas sobre os limites que existem para os sacrifícios?

Não creio que a solução possa ser tão simples como o Governo quer fazer crer.

“PRECIPÍCIO” FOI REDUZIDO MAS NÃO EVITADO NOS EUA




O Congresso norte-americano e o Presidente Obama ainda têm duas batalhas pela frente até final de fevereiro. Agências de notação Moody's e Fitch aguardam pelo final do processo para decidir sobre a notação dos EUA.

Jorge Nascimento Rodrigues - Expresso

"O precipício orçamental (fiscal cliff) não foi evitado, no sentido estrito do termo, mas reduzido na sua magnitude. O precipício na sua totalidade teria custado 3% do PIB norte-americano. O acordo realizado no final do ano cortou-o provavelmente para metade", diz Marc Chandler, analista da Brown Brother Harriman e responsável pelo blogue 'Marc to Market'. Mas não espera que haja qualquer double-dip (recaída na recessão) em 2013 por parte da economia americana. As previsões atuais do Fundo Monetário Internacional para 2013 relativas aos EUA são para um ligeiro abrandamento do crescimento do PIB de 2,17% para 2,11% e para um desagravamento, também, ligeiro do défice externo de 3,1% do PIB para 3%. O défice orçamental estrutural deverá reduzir-se de 5,9% do PIB para 4,4%, mais de um ponto e meio percentual.

Este professor da Universidade de Nova Iorque, bem como Peter Cohan, consultor independente de Boston, e William Witherell, economista-chefe da Cumberland Advisors, da Florida, e ex-consultor da OCDE, realizaram para o Expresso o balanço do impacto para 2013 do acordo de última hora no final do ano passado alcançado entre a Casa Branca e o Senado e depois aprovado por 257 contra 167 votos na Câmara dos Representantes já no final do dia 1 de janeiro. O acordo fraturou o Partido Republicano (157 deputados votaram contra e 85 a favor), a ponto de alguns analistas falarem de "guerra civil" interna, e, em muito menor grau, o Partido Democrata (16 deputados votaram contra e 172 a favor) na Câmara de Representantes. No Senado o acordo passou por 89 votos a favor, 8 contra (5 republicanos e 3 democratas) e 3 abstenções (2 republicanos e um democrata).

"O acordo fechou apenas o tema do aumento automático de impostos e de cortes da despesa indesejáveis", afirma, por seu lado, Bill Witherell, que conclui a propósito dos impostos: "Creio que a estrutura de impostos está definida para os próximos anos. Uma eventual reforma fiscal levará anos". As duas medidas acordadas mais referidas disseram respeito ao IRS e ao imposto sobre dividendos e rendimentos de capitais. Só a partir de rendimentos individuais anuais superiores a 400 mil dólares (300 mil euros) ou de agregados familiares acima de 450 mil dólares (345 mil euros), a taxa de imposto subirá dos 35% atuais para 39,6% (do tempo da Presidência Clinton). A partir destes escalões de rendimentos, o imposto sobre dividendos e rendimentos de capitais subirá de 15% para 20%.

Leis e salsichas

Até final de fevereiro terão de ser debatidos dois assuntos cruciais: o primeiro envolvendo 109 mil milhões de dólares (cerca de 84 mil milhões de euros) de cortes na despesa pública, um "sequestro" que ficou adiado, e o do teto de endividamento federal autorizado que foi ultrapassado no final do ano segundo o secretário do Tesouro cessante, Tim Geithner. "Vão ser dois debates muito intensos e ambos os lados, Republicanos e Democratas, vão lançar mão de táticas audaciosas. O chanceler alemão Bismark disse que, em democracia, não deveríamos ver a forma como as leis ou as salsichas são feitas. A democracia parlamentar é uma confusão e a fealdade está à mostra para todo o mundo. Mas, claro, não conheço outro sistema melhor", ironiza Chandler. "Os Democratas exigirão um aumento do teto da dívida sem condições. Os Republicanos tentarão prender, uma vez mais, um acordo sobre o teto ao corte na despesa pública", refere Peter Cohan. "Creio que chegarão a mais um acordo de última hora, depois de uma batalha política amarga", refere Witherell.

Com a convergência dos dois debates politicamente quentes - o que resta do "precipício orçamental" e a nova discussão do aumento do teto da dívida - no primeiro trimestre do ano, muitos analistas temem uma repetição, para pior, do que ocorreu em agosto de 2011, quando a Standard & Poor's (S&P) decidiu excluir a dívida federal norte-americana do "clube" da notação máxima de triplo A. Bill Witherell admite que possa ocorrer uma "versão suave" desse episódio. Mas Peter Cohan acha que não: "A política mudou em relação a agosto de 2011. Obama já não tem de se preocupar com reeleição. Agora que foi reeleito e aprendeu com a forma como pode usar os seus poderes presidenciais, vai ser, certamente, um negociador mais duro".

Moody s e Fitch cortam triplo A aos EUA?

Mantém-se, no entanto, a expetativa sobre se as duas outras agências de notação Moody's e Ficth vão seguir, no primeiro trimestre de 2013, a decisão da S&P no verão de 2011.

"A Moody's disse que esperaria pelos cortes na despesa para tomar uma decisão. A Ficth tem estado calada recentemente. Não me admiraria que as duas cortassem a notação dos EUA. Mas, para além do embaraço, não vejo qualquer impacto real de uma decisão como essa", afirma Marc Chandler.

Peter Cohan, por seu lado, duvida que esse passo seja dado: "Há ainda oportunidade para aumentar mais alguns impostos e para cortes na despesa - nomeadamente na área da Defesa e do Medicare e da Segurança Social", o que poderá deixar as agências de notação satisfeitas. Bill Witherell acha, também, que as agências não mexerão no rating dos EUA.

EUA: ROUBINI ADVERTE QUE HÁ OUTRA CRISE NA PRÓXIMA ESQUINA




Economista norte-americano diz que o acordo atingido nos Estados Unidos para evitar o abismo fiscal é só o início de um pesadelo e que são necessários maiores impostos para a classe média, assim como para os ricos. Em um artigo publicado no Financial Times, Roubini assinala que os Estados Unidos foram defraudados pelos seus líderes e que "a natureza disfuncional" do sistema político do país indica que há outra crise ao virar da esquina.

Jaque al Neoliberalismo - Carta Maior

O economista norte-americano Nouriel Roubini considera que o acordo atingido nos Estados Unidos para evitar o precipício fiscal é só o início de um pesadelo que o país terá de atravessar num futuro próximo. Num artigo publicado no Financial Times, Roubini assinala que os Estados Unidos foram defraudados pelos seus líderes e que "a natureza disfuncional" do sistema político do país indica que há outra crise ao virar da esquina.

A próxima crise poderia estourar em apenas dois meses, com a aplicação dos cortes de despesas programados para o mesmo período em que o país chegará ao teto da dívida, o que dará lugar a outro "desordenado" debate entre democratas e republicanos. O panorama a longo prazo é mais triste ainda. A realidade é que os EUA ainda têm de despertar para toda a dimensão do seu pesadelo fiscal, disse Roubini.

"Nem democratas nem republicanos reconhecem que a manutenção de um Estado de bem-estar básico, que é justa e necessária na nossa era da globalização, a rápida mudança tecnológica e a pressão demográfica implicam maiores impostos para a classe média, assim como para os ricos. Um acordo que estende as reduções fiscais insustentáveis a 98 por cento dos norte-americanos é, portanto, uma vitória de Pirro para Obama”, concluiu o economista.

Em resumo, o 'mini acordo' sobre o precipício fiscal desviou-se de todas as questões importantes. Ao não incluir cortes de despesas no acordo, os democratas animaram os republicanos, que estão decididos a reduzir os impostos, mas não têm um plano para cobrir os seus custos. Isto de novo depende dos políticos de Washington, de saber se resolvem o problema antes que o mercado o faça por eles. O acordo da terça-feira sugere que isto não vai acontecer facilmente.

Publicado em Jaque al Neoliberalismo.

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

Portugal: O ANO DE ANTÓNIO JOSÉ SEGURO




Ana Sá Lopes – Jornal i, opinião

O resultado de futuras eleições é um nó cego. Um bloco central à grega?

O barómetro i/Pitagórica traz vários resultados inesperados: era pouco provável que depois da aprovação do pior orçamento do Estado de todos os tempos em conjugação com a pior crise das nossas vidas, os partidos que compõem o governo aparecessem violentamente fustigados pela opinião pública. Mas não. Tanto o PSD como o CDS conseguem extraordinariamente aumentar os seus scores eleitorais relativamente ao mês de Novembro. E se o PSD se mantém longe do resultado com que venceu as eleições de 2011 – teve 38,7%, agora tem 29% – a verdade é que o CDS consegue obter um resultado praticamente idêntico ao que recolheu nas eleições legislativas – 11,4%.

Em directa correspondência com estes resultados extraordinários dos partidos que compõem o governo, a sondagem apresenta outro indicador surpreendente. Como é possível que o maior partido da oposição diminua – numa conjuntura destas – as suas expectativas eleitorais face ao mês anterior? É muito difícil ser líder da oposição quando a economia está em crescimento e pujança económica, mas a situação actual parece introduzir um elemento novo: está a ser muito difícil para António José Seguro ser líder da oposição no meio do caos. É verdade que o PS está à frente nas intenções de voto – mas apenas por cinco míseros pontos.

Se as eleições fossem hoje, segundo os dados do barómetro, o PS tinha 34%, mas o PSD e CDS juntos obtinham 40%. É verdade que há maioria de esquerda: 34 do PS mais 11,2 da CDU e 8,4 do Bloco dão para uma coligação com maioria absoluta. Acontece que essa coligação persiste nos abaixo-assinados mas não na vida real. Entende-se que muitas personalidades, com Mário Soares à cabeça, queiram correr com Passos Coelho mas recusem eleições antecipadas. O previsível resultado é um nó cego – e mais depressa redundaria num novo bloco central à grega.

É um facto que António José Seguro só muito recentemente vestiu o fato de líder da oposição – até aqui participou no tão festejado “consenso político” em torno das medidas decisivas do governo. Infelizmente, agora que rompeu com o memorando, a sua alternativa tem sido pouco perceptível. O ano de 2013 vai ser um ano decisivo para Seguro: ou se impõe ou é derrubado, porque o horror ao vazio faz parte das organizações. O congresso do PS – que se realiza ou antes ou depois do Verão – vai ser o acontecimento político do ano.

Portugal - Mário Soares: "Os mercados não podem ser os senhores do Estado"





O antigo Presidente da República diz ser necessário colocar os mercados no lugar

Mário Soares alertou nesta segunda-feira para o facto de os governos estarem reféns dos mercados e avisou que, se não se colocarem os mercados “no lugar”, se pode caminhar para uma “terceira guerra mundial”.

Durante a conferência Portugal no Mundo, no âmbito dos 40 anos do semanário Expresso, o antigo Presidente da República reagiu com pouco optimismo ao discurso optimista do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que abriu o encontro.

"Acho muito difícil que se possa ultrapassar [a crise]. A crise começou nos EUA. São os mercados que governam e os governos não têm margem, porque não querem ter. Se fôssemos eu e [Felipe] González [antigo chefe do Governo espanhol], obrigávamos os mercados a estar dependentes do Estado. Os mercados não podem ser os senhores do Estado e tem de haver regras”, afirmou.

Ao lado de Soares estava o antigo chefe do Governo espanhol Filipe González, que salientou a pouca margem que os governos têm, referindo que "quem manda é Wall Street e a City”, e mostrou-se preocupado com a ausência de um projecto de país para a Espanha.

"Fomos os melhores alunos da união monetária. Em 2007, o nosso défice público não existia. Tínhamos um superavit. Tínhamos dívidas de 30% do PIB. Mas as dívidas das famílias eram de 90% do PIB e as das empresas chegavam aos 160%-170%. E fomos vítimas da bolha especulativa”, afirmou o socialista espanhol.

Além de Mário Soares e Felipe González, participam durante todo o dia nos debates personalidades como Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia; José Ramos-Horta, ex-Presidente da República Democrática de Timor-Leste; Joaquim Chissano, ex-Presidente da República de Moçambique; Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil; António Damásio, professor universitário; Miguel Poiares Maduro, professor de Direito Europeu no European University Institute; e Henrique de Castro, director de operações da Yahoo.

Angola: MPLA DEPURA ESTRUTURAS DE BASE E INTERMÉDIAS




O País (ao)

O afastamento  de Mangovo Tomé, membro do Comité Central, aconteceu há uma semana, na sala de conferências de Simulambuco, arredores da cidade de Cabinda,  enquanto que João António Lineya deverá ser dispensado já amanhã, sábado, da direcção do MPLA, no decurso da conferência extraordinária de balanço e renovação de mandatos a ter lugar  na cidade de Menongue.

 Fontes de OPAÍS  bem posicionadas no MPLA deram conta que, nestas duas províncias, o chamado processo orgânico iniciou-se nas estruturas de bases  tendo resultado numa autêntica “limpeza aos balneários”.

“Foi um processo de renovação e depuração para afastar os militantes que não trabalham”, precisou a fonte.  A actual governadora, Aldina Dalomba, foi submetida ao crivo do voto dos  militantes para  conquistar o lugar de primeira secretária do MPLA em substituição de Mawete João Baptista. 

 Da mesma fonte, OPAÍS soube que, nas conferências provinciais do Namibe, Kuanza-Sul, Zaire e Malange,  não houve eleições  mas  apenas a confirmação dos novos governadores locais, Isaac dos Anjos, Eusébio de Brito,  Johanes André e Norberto dos Santos, para  os cargos  de primeiros secretários.

No Bengo, a conferência extraordinária  do  comité provincial do partido governamental acontece hoje, sexta-feira, em Caxito,  sob a orientação do seu primeiro secretário, João Bernardo de Miranda. 

O conclave será marcado  pela interrupção de mandatos dos membros residentes nos municípios de Icolo e Bengo e da Kissama, que serão incorporados em Luanda, no quadro da nova divisão política administrativa das províncias do Bengo e Luanda.

 O conclave será testemunhado pelo coordenador do grupo de acompanhamento do secretariado do bureau político à província do Bengo, Kundi Pahama.

 O ciclo conferências provinciais de renovação de mandatos do MPLA encerra amanhã com a realização da conferência do  província do Kuando-Kubango.

Realizadas em quase todas as províncias do país, as conferências do MPLA foram antecedidas de assembleias das organizações de base que, em alguns casos, operaram a renovação dos respectivos mandatos. Luanda vive uma situação de excepção, devendo realizar a sua conferência provincial apenas no próximo ano. A fonte que temos vindo a citar precisou que neste momento a grande atenção está voltada para a redefinição dos comités  municipais  no quadro da nova divisão administrativa da capital. Nos próximos dias deverão ter lugar as conferências de Belas, Cacuaco, Quissama, Icolo e Bengo, Cazenga e Viana.  Também aqui são esperadas mudanças significativas na composição das novas estruturas base e intermédias, devendo ser “dispensados” muitos membros dos anteriores comités municipais de Luanda, conforme noticiou já OPAÍS.  Uma outra fonte deste jornal deixou claro que em alguns comités comunais se tem registado mesmo uma saudável disputa entre vários candidatos.  

FONTES PEREIRA PRECONIZA MANDATO ACTIVO EM 2013

Venâncio Rodrigues – O País

O presidente do grupo parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, antevê um mandato activo para os deputados do seu partido, tendo em conta as tarefas propostas para os próximos cinco anos.

O responsável fez esta antevisão durante a cerimónia de cumprimentos de fim de ano do grupo parlamentar do MPLA, onde anunciou igualmente para o ano de 2013 uma agenda com itens prioritários, para os quais pediu o empenho de todos os parlamentares da sua bancada.

Com efeito, reputou da maior importância a discussão e aprovação do Orçamento Geral do Estado (OGE), cuja aprovação deverá contar com o empenho de todos os deputados do partido, tendo em conta que este é um instrumento fundamental para a realização do plano do Executivo.

Outra tarefa, acrescentou, tem a ver com o Plano Legislativo do MPLA, que está em preparação e poderá ser aprovado no início do próximo ano, consagrando um conjunto de projectos e diplomas, que o “partido deverá assumir através do seu grupo parlamentar ou de outras medidas jurídico-legais, para, durante o ano legislativo de 2013, poder assegurar a sua concretização ao nível do parlamento", frisou.

Neste âmbito, prognosticou também outras tarefas mais estruturantes, como a sua co-participação naquilo que forem as responsabilidades do grupo parlamentar na aprovação do futuro Plano Nacional de Desenvolvimento, instrumento que vai absorver, consagrar e concretizar um conjunto de políticas que visam concretizar o slogan da campanha do MPLA "crescer mais para distribuir melhor".

No entendimento de Virgilio de Fontes Pereira, esta proposta obrigará a um empenho de todos os quadros do partido, para que com a aprovação do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013/2017, se possa decidir a perspectiva de apoio ao Executivo, no que diz respeito à realização do Programa de Governação sufragado nas eleições gerais.

Disse que constam também da pauta de tarefas programadas para 2013, a realização, em Janeiro, das primeiras jornadas parlamentares da 3ª legislatura, que serão dedicadas à abordagem de matérias ligadas às finanças públicas, procurando desta forma coincidir com o ambiente de discussão e aprovação do OGE.

Já ao nível mais interno, informou que pretendem, em 2013, executar um plano de formação dos deputados e funcionários da bancada parlamentar do MPLA nos vários domínios do saber, com o propósito de elevar a sua capacidade de intervenção, iniciativa e resposta à demanda da direcção do partido, em particular do seu Presidente, José Eduardo dos Santos.

De igual modo, deu a conhecer que vão desencadear o projecto de modernização da gestão do grupo parlamentar, desde a administração de arquivos até à dos recursos humanos, nomeadamente dos deputados, com projectos específicos que vão promover uma melhoria substantiva da prestação do grupo do MPLA na assembleia Nacional, enquanto órgão político-partidário e parlamentar.

Na ocasião, realçou a importância do diálogo com os partidos da oposição no sentido de encontrarem as melhores soluções e contribuírem para um desempenho eficaz da Assembleia Nacional.

Moçambique: GREVE DOS MÉDICOS GERA DECISÕES CARICATAS DO GOVERNO




Médicos militares e aposentados moçambicanos substituem pessoal médico em greve

07 de Janeiro de 2013, 14:34

Maputo, 07 jan (Lusa) - Um grupo de médicos militares e aposentados está a trabalhar no Hospital Central de Maputo, a maior unidade de saúde de Moçambique, para suprir a falta de pessoal médico que aderiu à greve hoje iniciada a nível nacional.

Na maior parte das enfermarias do Hospital Central de Maputo, os serviços mínimos estão a ser assegurados por alguns chefes de departamentos e médicos estrangeiros, sobretudo de origem cubana e chinesa, afetos àquela unidade sanitária no âmbito de uma parceira entre Moçambique e estes Estados.

A quase totalidade dos médicos nacionais, pós graduandos e estagiários aderiram à greve convocada pela Associação Médica Moçambicana, que exige um aumento salarial e melhoria das condições de trabalho.

Também no Hospital Geral José Macamo, arredores da capital moçambicana, os médicos estão a assegurar os serviços mínimos no primeiro dia em que paralisaram as atividades, decisão que o Governo considera ilegal.

O presidente da Associação Médica de Moçambique, Jorge Arroz, disse hoje à Lusa que ainda está em contacto com os seus colegas de outras províncias para saber o nível de adesão à greve.

Falando aos jornalistas, o ministro da Saúde moçambicano, Alexandre Manguele, garantiu que as exigências dos médicos serão "com certeza" satisfeitas, mas lembrou que se trata de um processo que não depende apenas do seu pelouro.

"Esta coisa de mexer com salários não envolve apenas uma instituição, mas várias e há sempre uma coisa que se diz hoje e outro argumenta", disse.

Alexandre Manguele apelou "a todos os médicos que não estão a trabalhar para reconsiderarem a sua atitude e retomarem o trabalho o mais rapidamente", porque o Hospital Central de Maputo "está a ressentir-se da falta de pessoal".

A tabela salarial dos médicos será revista "com certeza, mas não é só dos médicos. O governo está a estudar formas de melhorar o quadro salarial dos trabalhadores da saúde na sua generalidade", disse.

"Não cabe a mim dizer isso (o prazo para o término dos trabalhos), mas eu vejo que este trabalho está a ser feito. Não tenho competências para falar mais do que isso, mas vejo que está a haver progresso. Acho que tem que haver confiança, tem que se acreditar. Estou certo de que vai haver uma melhoria do salário em relação àquilo que temos atualmente", disse Alexandre Manguele.

MMT // VM.

Governos distritais em Moçambique estão a forçar médicos a trabalharem em dia de greve - associação

07 de Janeiro de 2013, 18:23

Maputo, 07 jan (Lusa) - Médicos moçambicanos afetos a unidades sanitárias distritais "estão a ser ameaçados e levados à força" para os postos de trabalho pelos governos locais, denunciou hoje à Lusa o presidente da Associação Médica de Moçambique, Jorge Arroz.

"Tivemos uma adesão de 90 por cento a nível nacional e os médicos escalados para as urgências fizeram-se ao trabalho", disse Jorge Arroz, assinalando que "os médicos moçambicanos nos distritos estão a ser ameaçados e levados à força" aos postos de trabalho.

"Que se retirem as ameaças", apelou Jorge Arroz, quando falava à Lusa sobre o balanço do primeiro dia da greve dos médicos moçambicanos que hoje teve inicio, para exigir aumento salarial e melhores condições de trabalho.

O presidente da associação de médicos denunciou ainda que também em Maputo e na Beira, "médicos estagiários estão a ser chantageados: alguns professores ameaçam chumbá-los caso não trabalhem".

Na maior parte das enfermarias do Hospital Central de Maputo os serviços mínimos estão a ser assegurados por alguns chefes de departamentos e médicos estrangeiros, sobretudo de origem cubana e chinesa.

De acordo com Jorge Arroz, a quase totalidade dos médicos generalistas moçambicanos, incluindo estagiários, aderiram à greve e não compareceram no hospital.

As autoridades sanitárias moçambicanas convocaram médicos militares e aposentados para trabalharem no Hospital Central de Maputo, a maior unidade sanitária de Moçambique, para suprir a falta de pessoal médico que aderiu à greve.

Segundo Jorge Arroz, as negociações entre a Associação Médica e o governo moçambicano vão recomeçar na terça-feira para clarificar o "único ponto" que ficou pendente: a questão salarial.

"Aceitamos que poderíamos conversar amanhã (terça feira) com o governo. Há uma abertura de ambas as partes. Esperamos que possamos clarificar o único ponto que nos prende: o salário", disse.

O ministro moçambicano da Saúde disse hoje a jornalistas que a tabela salarial dos médicos será revista "com certeza, mas não é só dos médicos" e que "o governo está a estudar formas de melhorar o quadro salarial dos trabalhadores da saúde na sua generalidade".

Reagindo, Jorge Arroz disse que "o sentimento generalizado dos médicos é de não confiança no Ministério da Saúde".

MMT //JMR.

UE – Aviação Civil: HORÁRIOS DE TRABALHO, PILOTOS TOCAM O SINAL DE ALARME




De Standaard - Presseurop

“Por enquanto, os pilotos ainda dormem”, titula De Standaard citando um porta-voz do European Cockpit Association (ECA). Segundo esse sindicato de pilotos da aviação civil, a harmonização dos horários de trabalho na aviação dentro da União Europeia terá como consequência horários de trabalho mais longos para todos. 

Os pilotos belgas, por exemplo, poderão ser obrigados a trabalhar onze ou doze horas consecutivas, de noite, em vez das atuais dez, explica o diário. Segundo a ECA, quatro em cada cinco pilotos dizem sofrer de privação de sono e um terço revela casos em que tanto o comandante como o copiloto adormeceram enquanto o computador de bordo pilotava o avião.

A falta de sono dos pilotos não é um problema novo: há alguns dias, a companhia low cost Ryanair foi notícia por causa de testemunhos que diziam respeito à segurança dos voos:

Pilotos disseram ter estado aos comandos mesmo estando “doentes ou muito cansados” porque “se não voássemos, não éramos pagos”, [disseram]. Uma semana antes, os pilotos afirmaram “terem sido pressionados a voar com o mínimo combustível possível”. A Ryanair desmentiu as duas acusações.

Num artigo de opinião, dois membros do Dutch Expert Group on Aviation Safety afirma que as novas regras europeias “incluem os piores elementos das atuais regras nacionais”:

Há que questionar se as regras europeias propostas para os horários de trabalho e de descanso bem como os atuais direitos dos passageiros europeus são razoáveis. Será que faz sentido estender ao máximo e de maneira estrutural o horário de trabalho? E porquê compensar os passageiros se o comandante decidir fazer uma escala para defender a própria segurança dos passageiros?

EUA: JORNALISTA, PROFISSÃO CORAGEM




Eliakim Araújo – Direto da Redação

Depois da pausa de fim de ano,  que se misturou às discussões entre republicanos e a Casa Branca em busca de uma saída que tirasse o país da beira do abismo fiscal (será que tirou?), o tema do controle de armas volta a empolgar os EUA, sobretudo depois de uma nova chacina, neste sábado, na mesma cidade de Aurora, no Colorado, onde. há dois ou três meses,  um louco armado de potentes armas matou doze pessoas e feriu mais de cinquenta dentro de um cinema que estreava mais um violento filme de Batmam.

Desta vez foram quatro mortos, três inocentes e o atirador, número que já não emociona uma população calejada pelas tragédias que têm sua origem na facilidade com que qualquer imbecil se arma das mais modernas máquinas de matar, desde as automáticas (ou semi) até pistolas de alto poder de fogo que são facilmente reabastecidas pelo atirador.

E todos se armam e matam protegidos por um dispositivo constitucional criado em  1791, no tempo das diligências,  quando milícias paticulares eram montadas para dar proteção aos cidadãos:  Estabelece a indigida Emensa:  "Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido”.  Essa Emenda é parte integrante da  Bill of Rights, onde estão discriminados os direitos fundamentais do cidadão estadunidense.  E ai de quem tentar abolir ou modificar esse dispositivo.

O massacre na escola elementar da pequena cidade de Newtown, com as trágicas consequências que o mundo inteiro acompanhou, obrigou Obama a tomar uma posição. Ele prometeu priorizar em seu segundo mandato, de alguma maneira, o controle de armas no país.  Mas ele sabe que essa é uma tarefa quase, para não dizer totalmente,  impossível.  Primeiro, porque ele terá que conseguir o apoio da Câmara de Deputados, de maioria republicana, que se opõe a qualquer alteração legislativa que dificulte o acesso às armas. Segundo, porque ele terá que passar por cima do poderoso complexo militar-industrial do país, em cuja linha de frente estão as associações de proprietários de armas, com destaque para a NRA (National Rifle Association), que tem quase dois milhões de membros fanáticos por armas.

A propósito, e aqui eu entro no foco do artigo,  dirigentes dessas associações participaram de programas de TV para mostrar sua intransigente defesa da Segunda Emenda.  Um deles, no programa de Piers Morgan (foto), na CNN, pregou a entrega de armas a professores e funcionários das escolas, como único meio de proteger as crianças e culpou o governo por não cuidar da saúde mental da população. Diante de tamanha imbecilidade, o apresentador, que é britânico, perdeu a paciência com o entrevistado e mandou, na lata: “você é um homem inacreditavelmente estúpido”.

O lobby das armas não perdoou a “insolência”  do jornalista britânico,  que vive e  trabalha legalmente nos Estados Unidos,  e colocou a cabeça dele a prêmio. Num abaixo-assinado postado no site da Casa Branca, até alguns dias, eram mais de 100 mil assinaturas pedindo a deportação de Piers Morgan, sob a acusação de ingerência nos assuntos internos do país ao criticar a Constituição americana.

Mas Piers Morgan não se assustou com a ameaça e partiu para o contra-ataque e, em entrevista a um jornal britânico, reproduzida em toda a mídia estadunidense, foi suficientemente corajoso em defender seu ponto de vista e mandou um recado aos armamentistas:

“Se vocês não mudarem suas leis sobre armas para pelo menos tentar parar esta implacável onda de carnificinas, então vocês não precisam se preocupar em me deportar.  Embora eu ame este país como uma segunda casa e onde sou tratado incrivelmente bem, eu mesmo o faria -  principalmente por ser pai preocupado de um filha de um ano de idade, que daqui a três anos poderá estar frequentando uma escola elementar americana como a Sandy Hook.  Por isso, eu considero seriamente deportar-me”.

Esse é o clima que domina hoje os Estados Unidos na questão do controle de armas. De um lado, irredutíveis,  os conservadores que defendem a intocabilidade da Segunda Emenda e rechaçaram a proposta de uma senadora da Califórnia, de, pelo menos, proibir a venda de rifles de assalto, semi-automáticos, usados pelos militares em guerra.   De outro, os de pensamento mais liberal, que pregam algum tipo de controle que dificulte a ação dos loucos armados que infestam a terra de Tio Sam.  

Obama, para esfriar os ânimos, colocou o vice Joe Biden no comando de uma comissão bipartidária para apresentar sugestões práticas que impeçam a repetição de novos massacres no país. Mas, no fundo, ele apenas empurrou o problema com a barriga, porque sabe que limitar a venda de armas é mexer em vespeiro. E a resposta pode ser surpreendente.

* Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora Fort Lauderdale, Flórida. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.

“O BRASIL NÃO É INDIFERENTE AO QUE ACONTECE NA VENEZUELA”




A presidenta Dilma Rousseff concede a Caracas um lugar alto entre suas prioridades internacionais e recebe de seus assessores relatórios diários sobre a situação política e a saúde de Chávez. Marco Aurélio Garcia é o enviado de Dilma a Cuba. A missão de Garcia foi transmitir o respaldo do governo brasileiro à continuidade do chavismo, seja qual for a evolução da terrível doença de seu líder e demonstrar simpatia pelo vice-presidente Nicolás Maduro. O artigo é de Dario Pignotti.

Darío Pignotti - Carta Maior

Brasília - Do seu jeito. Dilma Rousseff não é dada à diplomacia presidencial cultivada com brilho por seu antecessor, o por duas vezes presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, se continuasse no poder, possivelmente já teria formulado declarações sobre seu “companheiro” Hugo Chávez e até viajado à Cuba para saber de sua convalescência depois de sua quarta operação contra um câncer, no dia 11 de dezembro. O estilo de Dilma é mais sóbrio. Praticamente não se pronunciou nos últimos dias e o pouco que disse sobre a conjuntura venezuelana foi através de seus colaboradores. Esta atitude não deve ser confundida com desinteresse pelo futuro do projeto bolivariano. Muito pelo contrário. A presidenta concede a Caracas um lugar alto entre suas prioridades internacionais e recebe de seus assessores relatórios diários sobre a situação política e a saúde de Chávez.

De uma praia da Bahia, onde passa suas férias, Dilma instruiu seu conselheiro internacional, Marco Aurélio García, para que viaje à Havana onde, no dia 31 de dezembro foi recebido por “altas autoridades” venezuelanas e cubanas, segundo o bem informado site Opera Mundi.

Transcendeu, em outros meios, que Rousseff telefonou aos colegas sul-americanos para avaliar o presente e o futuro venezuelanos, e não se pode descartar que tenha mantido consultas com Cristina Fernández, com quem provavelmente se encontrará neste mês, como ambas combinaram em dezembro, durante uma reunião de três horas celebrada na residência oficial, o Palácio da Alvorada, ao finalizar a cúpula do Mercosul na qual foi formalizado a adesão de Caracas como quinto membro pleno. Há sintonia entre Brasília e Buenos Aires no momento de manifestar o compromisso com a integração regional e também na execução ações concretas e eficazes.

Isso ficou demonstrado em junho, quando Dilma e Cristina, em um mesmo movimento, suspenderam o golpista paraguaio Federico Franco do Mercosul e aceitaram a incorporação de Hugo Chávez, consumada em dezembro.

O ingresso venezuelano ao bloco foi promovido por Lula e Néstor Kirchner em 2005 e questionado por forças conservadoras, como o Partido da Socialdemocracia Brasileira (PSDB), de Fernando Henrique Cardoso.

De 2003 para cá, com a chegada do PT ao Palácio do Planalto, a aproximação com a Venezuela é um dado característico da nova política brasileira pós-FHC (1995-2002). O ex-presidente e esfinge da direita brasileira, atualmente dirige uma fundação onde são recebidos de portas abertas dirigentes anti-chavistas e expoentes de entidades embandeiradas com a “liberdade” made in Miami.

No PT, entendem que é preciso blindar a região para evitar que a Venezuela titubeie, apesar da comoção causada pela doença de seu presidente e o fantasma da desestabilização agitado pela oposição. “A Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), a Unasul, o Mercosul e todos os governos da região, começando pelo do Brasil, acompanham atentamente a situação, e não permitirão nenhuma ameaça à soberania popular na Venezuela”, declarou ao Página/12 Valter Pomar, membro da direção nacional do PT.

“Prefiro apostar que a direita venezuelana pense duas vezes antes de partir para uma provocação que, nestes momentos de apreensão e dor, possam gerar uma reação espontânea da população com consequências que certamente são difíceis de prever... Acredito que a direita venezuelana tem que resolver um dilema: ou entende que o chavismo é um processo histórico e aceita ser oposição dentro do marco institucional, ou cai na conversa de que o chavismo é um acidente que depende de seu líder e embarca em uma aventura golpista”, afirma Pomar, um dos quadros mais influentes na Secretaria de Relações Internacionais do PT.

As interlocuções do PT com o chavismo, assim como sua velha amizade com o Partido Comunista Cubano são ativos políticos que potencializam a influência de Dilma Rousseff diante do atual quadro da situação venezuelana. Sempre discreta, a presidenta soube articular uma política externa binária.

No plano institucional atua o chanceler Antonio Patriota, um diplomata de carreira, bem conceituado tanto em Washington quanto na nomenclatura do Palácio Itamaraty, sede do Ministério de Relações Exteriores. Enquanto isso Marco Aurélio García continua em seu escritório do Palácio do Planalto, onde chegou há dez anos, desempenhando-se como um embaixador da presidência e, em algum grau, como emissário oficioso do PT.

Foi nessa condição que García viajou à Cuba na semana passada. A missão de García foi transmitir o respaldo do governo brasileiro à continuidade do chavismo, seja qual for a evolução da terrível doença de seu líder e demonstrar simpatia pelo vice-presidente Nicolás Maduro.

A tese do PT é a mesma e assim resumiu o dirigente Pomar: “O chavismo não depende da presença direta de Chávez... Obviamente sua doença lança vários desafios sobre o funcionamento do chamado chavismo, como o de criar novas lideranças públicas, algo que não é impossível de fazer e o próprio Chávez deu uma ajuda ao indicar Maduro”.

Brasil: Por que a desapropriação de terras está parada no governo Dilma?




Desacato - Da Página do MST

O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos.

Reportagem da Folha de S. Paulo, publicada neste domingo, revela que na primeira metade do mandato, 86 unidades foram destinadas a assentamentos.

 O número supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses, comparando ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo Sarney (1985-90).

“O governo Dilma é refém dessa aliança com o agronegocio, que é o latifundio modernizado, que se aliou com as empresas transancionais. O governo está iludido pela proteção que a grande midia dá a essa aliança e com os saldos na balança comercial. Mas esquece que esse modelo é concentrador de terra e de renda, desemprega muita gente, desmata o meio ambiente, sobrevive usando cada vez mais venenos agrícolas, que vão se transformar em câncer”, disse Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, em entrevista à Folha.

“O governo Lula e Dilma não são governos do PT nem de esquerda. São governos de uma frente politica de classes que reúne um amplo leque de classes sociais brasileiras. Desde a grande burguesia, o agronegócio, a classe média, a classe trabalhadora, os camponeses e os mais pobres. Essa natureza de composição dá estabilidade política ao governo e amplas margens de apoio na opinião pública, mas impede reformas estruturais, que afetariam os interesses das classes privilegiadas”, analisa Alexandre.

Abaixo, leia a íntegra da entrevista concedida pelo dirigente do MST à Folha, que publicou trechos.

Como o senhor avalia o histórico dos números de desapropriações e assentamentos? A quantidade de famílias assentadas e desapropriações vêm caindo desde 2008/2009.

Infelizmente, nos últimos dois anos do governo Lula e agora no governo Dilma, foi abandonada a política de desapropriação de latifúndios. Isso é um desrespeito à Constituição, que determina que todo latifundio improdutivo deve ser desapropriado e dividido para quem quiser trabalhar. Em segundo lugar, a política do governo favorece a concentração da propriedade da terra em todo o país. Os latifundiarios agradecem, embora depois votem nos tucanos, como o mapa eleitoral demonstrou em 2010.

Como o senhor avalia o desempenho da reforma agrária durante a gestão petista, desde 2003?

O governo Lula e Dilma não são governos do PT nem de esquerda. São governos de uma frente politica de classes que reúne um amplo leque de classes sociais brasileiras. Desde a grande burguesia, o agronegócio, a classe média, a classe trabalhadora, os camponeses e os mais pobres.

Essa natureza de composição dá estabilidade política ao governo e amplas margens de apoio na opinião pública, mas impede reformas estruturais, que afetariam os interesses das classes privilegiadas. Assim, nesse tipo de governo, estão bloqueadas não só a Reforma Agrária, mas tambem a reforma tributária, a reforma politica, a reforma do judiciário, a reforma industrial, a reforma urbana e a reforma educacional. O governo não consegue nem aprovar a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, que é uma questão civilizatória e que os países do capitalismo industrial já adotou.

Como o senhor avalia o desempenho do governo Dilma Rousseff nestes dois anos, com apenas 76 imóveis desapropriados?

Uma vergonha! O governo Dilma é refém dessa aliança com o agronegocio, que é o latifundio modernizado, que se aliou com as empresas transancionais. O governo está iludido pela proteção que a grande midia dá a essa aliança e com os saldos na balança comercial. Mas esquece que esse modelo é concentrador de terra e de renda, desemprega muita gente, desmata o meio ambiente, sobrevive usando cada vez mais venenos agrícolas, que vão se transformar em câncer. 500 mil novos casos de câncer aparecem por ano pelos alimentos contaminados. E o cancer é democrático, porque pega todo mundo. É um modelo predador do meio ambiente e só aumenta os índices de desigualdade nos municípios aonde é hegemonico. Perguntem aos prefeitos eleitos se eles querem grandes propriedades exportadoras e isentas de ICMS ou querem um meio rural de agricultura familiar? A história vai cobrar desse governo no futuro. Mas ai será tarde…

Como mudar esse cenário para 2013? O que o MST pretende fazer e o que espera do governo federal?

O MST vai continuar lutando e ocupando os latifúndios improdutivos para forçar as desapropriações e, ao mesmo tempo, costurar alianças que levem a um novo projeto para o país. No entanto, a reforma agrária agora não é apenas o aumento do número de desapropriações. Isso é uma obrigação constitucional. A reforma agrária agora representa a necessidade de mudança do modelo agricola. Deixar o agronegocio de lado e reorganizar a agricultura baseada na produção de alimentos sadios para o mercado interno. Reforma agrária é reorganizar o setor agroindustrial, baseado em cooperativas e não grandes empresas transnacionais como agora. Adotar a matriz tecnologica da agroecologia, preservar o meio ambiente e frear o êxodo rural para as grandes cidades. Mas para isso é preciso um novo projeto para o Brasil. Esse projeto depende da construção de alianças de classe que extrapolam as bases sociais e a força politica dos movimentos camponeses.

Fonte e Foto: MST

Angola: O REI VAI NÚ?





Activista nega que Eduardo dos Santos se tenha encontrado com o verdadeiro rei da Lunda Tchokwé

O presidente da Comissão do Protectorado da Lunda negou que o Presidente José Eduardo dos Santos se tivesse encontrado, na quinta-feira, com o rei dos povos da Lunda-Tchokwé.

O Jornal de Angola escreveu que José Eduardo dos Santos se tinha reunido com Alberto Dumba Muacawewe, recebido na presidência com o título de Muatchissengue Watembo, o título tradicional dado ao rei da região.

Mas José Mateus Zecamutchima, presidente da Comissão do Protectorado da Lunda Tchokwé – uma organização que luta pela autonomia da região – negou que Alberto Dumba Muacawewe seja o verdadeiro rei da região.

“O Alberto Dumba Mwacawewe é o rei imposto pelo MPLA,” disse Zecamutchima que descreveu ainda Mwacawewe como “uma personalidade da Lunda que conhcemos e por quem temos todo o respeito”.

“Em termos de sucessão do reinado Lunda Tchokwe ele é um impostor,” acrescentou.

Zecamutchima fez notar que o Jornal de Angola, enquanto órgão oficial, nunca tinha falado sobre as reivindicações da região da Lunda Tchokwe e que agora vem afirmar na  sua notícia que o rei da Lunda Tchokwe “é afinal de contas uma figura reconhecida internacionalmente”.

O jornal disse que o Mutachissinge Watembo é uma figura “reconhecida mundialmente nos termos de sucessão colectiva e fundamentos jurídicos dos tratados de protectorado de 1885-1894”.

Para Zecamutchima o encontro do presidente José Eduardo dos Santos enquadra-se numa estratégia do governo de Luanda que passa pela criação de “grupos subversivos (na Lunda) para tentar desviar a atenção d a opinião pública dos verdadeiros objectivos que estamos a defender”.

“O senhor Alberto Dumba Mwacawewe é o rei imposto do MPLA,” disse Zecamutchima acrescentando que este era irmão de um falecido deputado ao parlamento.

“O Senhor Carlos Manuel Muatxitambuia é o verdadeiro rei,” concluiu.


Angola: Isaías Samakuva eleito melhor político de 2012 na Rádio Despertar





Luanda - Respondendo a questão: qual a melhor ou pior figura do Ano de 2012 dos ramos político, social e económico, os ouvintes da Rádio Despertar elegaram com 33 votos, o Presidente Isaías Samakuva como melhor figura do Ano. Na lista dos melhores do ano figura ainda a jurista e deputada Mihaela Webba, com 11 votos, a Rádio Despertar e o advogado David Mendes vêm a seguir com 6 votos cada. Makuta Nkondo e Abel Chivukuvuku também caiíam na preferência dos ouvintes com 3 e 2 votos, respectivamente.

Igualmente com dois votos foram eleitos pelos ouvintes da 91.0, jornalista e analista Reginaldo Silva e o líder da bancada parlamentar da UNITA, Raúl Danda.

A lista dos melhores integra outras figuras eleitas com um voto cada, de entre as quais destacamos Alcides Sakala, o economista Alves da Rocha, o ministro dos Transportes Augusto Tomás,  Justino Pinto de Andrade (líder do Bloco Democrático), o deputado Abílio Kamalata Numa, o advogado Salvador Freire (das Mãos Livres), os jornalistas Amílcar Xavier, Coque Mukuta, Queirós Chiluvia, Joaquim Sutila, António Festos, Horácio dos Reis, Pedro Kafiele e Adérito Pascoal.

Os ouvintes colocaram na lista das melhores figuras do Ano e eleita com um voto, a dona Ermelinda Freitas do Cacuaco.

Por outro lado, José Eduardo dos Santos – Presidente da República de Angola e do MPLA - encabeça a lista de figuras que na óptica dos ouvintes da Comercial Despertar tiveram o pior desempenho ao longo do ano de 2012, com uma cifra de 22 votos.

Com JES integra a lista das piores figuras do ano, o actual governador do Namibe, Isaac dos Anjos com dois votos, a igreja católica, a Rádio Nacional, a TPA e a polícia nacional também com dois votos. O ministério da Saudé figura na lista das piores entidades do ano com 3 votos.

A Procuradoria Geral da República, o ministério da Justiça, os analistas políticos da RNA e da TPA, o presidente do Tribunal de Contas e a mãe do jovem Prata, os deputados Rui Falcão e João Pinto e  o então ministro da Hotelaria e Turismo, Jorge Valentim, figuram na lista de personalidades eleitas como piores do ano pelos ouvintes da Rádio Despertar.
Fonte: Unita Angola

ANGOLA E REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA EM DESTAQUE NA IMPRENSA ALEMÃ





Desapontamento com o "El Dorado" angolano e tensões na República Centro-Africana foram temas que mereceram a atenção dos jornais germânicos na primeira semana de 2013.

"Se há uma cidade que cresce exponencialmente, essa cidade é Luanda, em Angola. Esse crescimento suscita esperança na antiga potencia colonial Portugal", escreve o Süddeutsche Zeitung, num longo artigo dedicado aos "refugiados económicos" europeus em Angola.

"Em Angola a paz dura há uma década e desde o final do conflito em 2002 que as exportações de petróleo e diamantes contribuem para um crescimento económico que ultrapassa a fasquia dos 20 por cento anuais". Apesar disso, salienta o jornal, Angola é ainda um dos países mais pobres do mundo.

Este "capitalismo brutal" é criticado por Rui Filomeno de Sá, que integrou o comité central do MPLA durante a luta pela independência. Apesar de continuar militante do partido no poder não morre de amores por José Eduardo dos Santos. "Eu sonhava na altura com uma social-democracia de modelo escandinavo. Com escolas e hospitais gratuitos para todos", afirma Rui Filomeno de Sá, citado pelo Süddeutsche Zeitung.

O artigo prossegue falando dos mais de cem mil portugueses que emigraram para a antiga colónia e em vez do esperado "el Dorado" encontram ressentimentos e dificuldades. A procura de emprego é de tal forma elevada que, nota o Süddeutsche Zeitung, "nos últimos dois ou três anos os salários pagos aos engenheiros diminuíram para metade".

Mais uma rebelião na República Centro-Africana

O coração de África fervilha escreve o Tagesspiegel. Depois do reacender da guerra civil na República Democrática do Congo, a vizinha República Centro-Africana é palco de uma rebelião cuja principal vítima é a população. Há vários anos que o governo centroafricano é confrontado com insurreições e fora de Bangui, a capital, não tem quase influência nenhuma. O jornal sublinha que François Bozizé "foi bem acolhido pela população após o seu golpe de Estado, em 2003, contra Patassé. Mas rapidamente o velho esquema do clientelismo étnico se voltou a instalar em Bangui". Apesar de Bozizé ter ganho as eleições por uma larga margem em 2005 e 2011, as tensões no país nunca se atenuaram.

Para o Süddeutsche Zeitung o rápido avanço dos rebeldes, em tão pouco tempo, é um indicio da falta de equipamento e de moral nas Forças Armadas centroafricanas. A crise é por outro lado, sublinha o diário, reveladora da fragilidade do país, um dos menos desenvolvidos do mundo e quese situa numa região extramente instável: como vizinhos têm o Sudão, o Sudão do Sul e a República Democrática do Congo.

O die tageszeitung recorda que uma intervenção oficial do presidente congolês Joseph Kabila a favor de Bozizé desperta memórias sombrias. "Há dez anos as tropas congolesas estiveram em Bangui para proteger o então presidente Ange-Félix Patassé de uma rebelião encabeçada por François Bozizé". As atrocidades cometidas por esses soldados congoleses levaram ao Tribunal Penal Internacional o antigo rebelde congolês e mais tarde vice-presidente Jean-Pierre Bemba.

As imagens de África

A República Centro-Africana não é o único país em África a assistir a uma rebelião. É precisamente essa linha de pensamento de uma longa reflexão publicada pelo die tageszeitung." A imagem tradicional de África como continente assolado por crises e catástrofes foi rapidamente substituída, na percepção internacional, por uma nova imagem, a de África como um continente de esperanças e oportunidades. Antes eram os refugiados famintos que faziam as manchetes, hoje são as taxas de crescimento recorde e as exportações". Na verdade, escreve o jornal, não há contradição entre as duas imagens. Algumas regiões de África vivem um acelerado crescimento económico, outras um boom de conflitos. "Os actores são por vezes idênticos e os dois fenómenos estão mais profundamente ligados do que aquilo que os afro-pessimistas e os afro-optimistas querem admitir". Quanto mais África se desenvolve, maiores são os ganhos potenciais e também maiores os meios disponíveis para disputar pelas armas o controlo dos mesmos, conclui.

Autora: Helena Ferro de Gouveia - Edição: António Rocha

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