sexta-feira, 20 de setembro de 2013

DECLARADA A MORTE DA SOCIAL-DEMOCRACIA

 

Daniel Oliveira – Expresso, opinião
 
Dando voz ao programa dos sociais-democratas (coligados com os liberais, centristas), o Rei Guilherme anunciou ontem o fim do Estado Social na Holanda. Será substituído pela "sociedade participativa", o que passa, na prática, por cada um se desenrascar sozinho. Traduzido por miúdos, o governo holandês vai fazer um corte de seis mil milhões de euros nas despesas públicas. Espera-se que o desemprego suba e que o poder de compra dos holandeses caia 0,5%. Os social-democratas holandeses chegaram ao poder com um discurso contra a austeridade. Uma sondagem da televisão pública diz que 80% da população é contra estes planos governamentais. E, como tem sido habitual na Europa, eles avançarão na mesma.
 
Faço notar que não há falta de dinheiro na Europa. Pelo contrário, há enormes excedentes que explicam, aliás, como consegue a Alemanha financiar-se a juros negativos. O que há na Europa, em toda a Europa, é a vitória de uma agenda ideológica e dos interesses financeiros que se apoderaram dos principais centros de poder e que sonham com a privatização de todas as funções sociais do Estado. Não espanta que essa vitória venha pela mão de governos social-democratas. Gerhard Schroeder fez mais no ataque ao Estado Social e na contração dos salários dos trabalhadores alemães (o que contribuiu decisivamente para a crise do euro) do que Angela Merkel alguma vez sonhou. Foram os governos socialistas e social-democratas, e não a direita, que construíram o essencial das regras de uma moeda única disfuncional. E, em todos os países europeus onde têm recuperado o poder, não o usaram para travar esta loucura. François Hollande limita-se a anunciar, como um tonto, o fim da crise do euro. Na esperança de não ter de chegar a fazer realmente alguma coisa do que prometeu. Nem um rasgo de coragem se vislumbra na generalidade dos partidos socialistas e social-democratas europeus. O PS português incluído.
 
O papel que os partidos social-democratas desempenham e desempenharam, nas duas últimas décadas, na destruição do Estado Social e na desregulação económica e financeira é o mais inacreditável gesto de traição de um movimento político à sua própria história. Transformados em meras federações de interesses, os partidos socialistas e social-democratas não estão apenas a enterrar o Estado Social. Estão a enterrar a esperança na democracia, que depende de uma alternativa a este caminho (a confiança nos políticos e no governo atingiu, na Holanda, como em tantos outros países, mínimos históricos). E estão, afinal de contas, a enterrar-se a si mesmos. O comunismo morreu com a queda do muro de Berlim. A social-democracia morreu com esta crise financeira.
 

Portugal: FRAUDE CRATO, O EXTERMINADOR ESCOLAR

 

Balneário Público
 
Há cerca de 600 mil alunos sem aulas em Portugal. Nuno Crato sorri e diz que “está tudo controlado”, deixa entender que para a comunicação social estão a fazer passar “exageros”. Mais um aldrabão ministerial que tem por missão exterminar o ensino público e privilegiar o ensino privado. O que ganha com isso fica ao arbitrio da imaginação da cada um. Talvez depois invista numa escola privada, para meninos de pais ricos. Que rico ministro. Que pobre povo. Que enorme fraude é este Crato. Em mais uma reportagem a verdade nua e crua transparece e desmente Crato, em Lisboa há escolas sem professores. Por todo o país há escolas sem professores. Os pais não sabem o que fazer aos filhos por terem de se ausentar para os empregos. Alguns avós tomam conta dos netos. Os tais avós que o governo de Passos, Nuno Crato, Portas e outros da mesma espécie, querem ver nas tumbas e tudo fazem para os aniquilar. Mais um exemplo nesta reportagem, para no presente e mais tarde recordar. O descaramento da fraude Crato é inadmissivel. O governo Passos é insuportável. O presidente Cavaco Silva é um logro. Escolas com professores, precisam-se.
 
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Portugal: AINDA OS SWAPS

 


Ana Alexandra Gonçalves - Triunfo da Razão
 
A história em torno dos swaps testa a paciência dos cidadãos. Entre mentiras, comportamentos pouco éticos e acusações, a verdade é que estes contratos podem implicar perdas na ordem dos três mil milhões de euros. Os números são do Governo, o que implica alguma desconfiança, tendo em consideração o vasto rol de mentiras com que temos sido brindados nos últimos dois anos. Seja como for, o número em torno das perdas potenciais não deve divergir significativamente desses três mil milhões de euros.

PS e PSD têm responsabilidades, a actual ministra das Finanças deve muito à seriedade e o actual Governo, sobretudo o primeiro-ministro, deleita-se com cortes nas pensões, salários baixos e enfraquecimento do Estado Social.

O Estado tem sido lesado, há responsáveis, não há é consequências. Ou os cidadãos manifestam o seu descontentamento, mostrando não aceitar estas e outras trapalhadas que posteriormente servem para justificar todos os atropelos a que temos sido sujeitos, ou esses mesmos atropelos vão continuar a crescer de intensidade. Dia 29 de Setembro também é dia...

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Congresso do PAIGC, partido mais votado da Guiné-Bissau, adiado pela quarta vez

 


O oitavo congresso ordinário do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) foi novamente adiado e remarcado para entre 25 a 27 de outubro, disse à Lusa Óscar Barbosa, porta-voz do partido.
 
De acordo Óscar Barbosa, também membro do secretariado permanente do "bureau" (órgão restrito do partido), a decisão do adiamento foi tomada pela maioria dos membros do Comité Central (órgão máximo do PAIGC no intervalo entre congressos), atendo aos atrasos nos preparativos da reunião magna, que devia ter lugar de 10 a 13 de outubro.
 
É a quarta vez que o oitavo congresso do PAIGC, partido mais votado da Guiné-Bissau, é marcado e adiado.
 
O porta-voz do PAIGC garantiu que "desta vez a data é inadiável".
 
Os candidatos à liderança do partido tinham chegado a um compromisso no sentido de o congresso ser realizado apenas em novembro, mas no último dia da reunião do Comité Central, na quinta-feira, decidiu-se realizar o conclave em outubro.
 
Óscar Barbosa sublinhou que o partido pretende adequar a data do congresso à data das eleições gerais marcadas para 24 de novembro.
 
"A conferência dos candidatos tinha proposta a data de 07 a 10 de novembro, mas entendeu-se que devemos ajustar o nosso calendário ao calendário eleitoral do país e, para jogar no seguro, o Comité Central entendeu que o melhor seria realizar o congresso em outubro", disse Óscar Barbosa.
 
A reunião do Comité Central, que devia durar três dias, acabou por decorrer durante 16 dias, mas o porta-voz do partido maioritário na Assembleia Nacional Popular (ANP, o Parlamento guineense) diz ter sido "dos melhores encontros dos últimos tempos".
 
"Foi das melhores reuniões realizadas pelo PAIGC nos últimos tempos, tanto ao nível do `bureau` politico como do Comité Central, foram reuniões frutuosas que vão contribuir muito para cimentar a reconciliação interna do partido", observou Barbosa.
 
O porta-voz do PAIGC adiantou igualmente que o Comité Central mandatou a bancada parlamentar no sentido de contactar as instituições da república para que os antigos e falecidos presidentes do país, Luís Cabral e João Bernardo "Nino" Vieira, sejam consagrados como heróis nacionais.
 
O PAIGC quer ver os corpos destes dois antigos dirigentes trasladados para o mausoléu Amílcar Cabral na fortaleza d`Amura, em Bissau, onde estão enterrados todos os heróis da luta armada pela independência do país.
 
Luís Cabral, primeiro presidente da Guiné-Bissau independente (entre 1973 e 1980) está sepultado num cemitério de Lisboa e "Nino" Vieira (presidente de 1980 a 1999 e de 2005 a 2009) no cemitério municipal de Bissau.
 
RTP – Lusa
 

Moçambique: PR CRIA COMISSÃO DE MILITARES PARA DIALOGAR COM A RENAMO

 


Maputo, 20 Set (AIM) O Presidente da República, Armando Guebuza, criou uma comissão de peritos militares para discutir a questão do desarmamento e outros assuntos de defesa e segurança com a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, que ainda possui alguns homens armados na região centro.

O facto foi anunciado em conferência de imprensa hoje, em Maputo, por Edson Macuácua, porta-voz do Chefe de Estado.

Esta comissão vai interagir com a comissão anunciada pela Renamo para discutir questões ligadas a defesa e segurança e, sobretudo, para que em sede do diálogo as comissões possam preparar as condições necessárias para que se realize o encontro entre o Chefe do Estado e o dirigente da Renamo, disse Macuácua.

Macuácua, que se escusou de revelar os nomes dos membros da referida comissão, disse que a mesma será dirigida pelo brigadeiro Júlio dos Santos Jane.

Vamos oportunamente anunciar a comissão. O mais importante é que ela já está criada, disse o porta-voz.

As questões associadas a defesa e segurança integram quatro pontos da agenda do diálogo entre o Governo e a Renamo iniciado há cerca de quatro meses. Outros pontos são a revisão do pacote eleitoral, questões económicas e despartidarização do aparelho do Estado.

A estes pontos o governo acrescentou recentemente o desarmamento daquele antigo movimento rebelde, face aos ataques armados ocorridos na região de Muxúnguè, e que custaram a vida de cidadãos civis.

A comissão da Renamo é dirigida pelo antigo secretário-geral da Renamo, Momad Ossufo, actualmente a frente do Departamento de Segurança do partido. Os outros membros são Mandava Meque, José Manuel, António Muzorewa, Raimundo Taio e Renato Martins. O grupo da Renamo é assistido juridicamente por Ezequiel Gusse.

Refira-se que, nas últimas semanas, o diálogo tem sido caracterizado por um impasse devido a indisposição da Renamo de submeter a sua proposta da revisão do pacote eleitoral na Assembleia da República, o parlamento moçambicano. O governo, por seu turno, explica que não pode violar a Constituição da República e ditar ordens ao parlamento.

Além disso, a Renamo recusa-se a discutir outros pontos da agenda antes da conclusão do primeiro ponto, que é precisamente o pacote eleitoral.

Para desbloquear o impasse, disse Macuácua, o Presidente poderá encontrar-se brevemente com o líder da Renamo depois do seu regresso dos Estados Unidos, onde vai participar na 68/a Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, e da França, onde vai fazer uma visita de trabalho a convite do seu homólogo daquele país europeu.

No regresso do Chefe do Estado das missões que vai realizar ao estrangeiro, ele estará disponível para o encontro com o dirigente da Renamo, na primeira oportunidade que tiver, desde que se tenham criado condições necessárias para o efeito, e que também o dirigente da Renamo se desloque a capital do país, explicou a fonte.

Entretanto, o diálogo entre o governo e a Renamo prossegue na segunda-feira, disse Macuácua.

(AIM) - ht/sg

OLHEM O MUNDIAL DE HÓQUEI EM PATINS EM ANGOLA! OLHEM 100 MILHÕES DE DÓLARES!

 

Beatriz Gamboa

"Olhem o tanto por fazer e possível de proporcionar algo de melhor aos angolanos com aqueles 100 milhões!" - dizia alguém do meu imaginário. Não é um imaginário fértil mas imaginários férteis e bastante avançados têm as elites angolanas quando admitem que Angola "está no bom caminho, a progredir e a possibilitar uma boa vida aos angolanos".
 
Imaginam até que que o progresso é constante. Imaginam que não existem angolanos com fome. Com imensas carências. Imaginam que todos têm as suas habitações, os seus empregos, os seus salários para enfrentar os preços elevados de tudo e por tudo. Imaginam até, enfim, que não são corruptos, que não roubam o que pertence a todos os angolanos. Que são elite de uma democracia angolana efetiva e desenvolvida. Imaginam que respeitam os direitos humanos...
 
Por isso imaginaram que Angola devia ser palco do Mundial de Hóquei em Patins. Isto é que é imaginação fértil. A milhares de quilómetros de distância da realidade. Resalvando quanto ao referido mundial que imaginaram, o compraram para as cidades de Luanda e Namibe. Indiferentes à miséria do país, à fome, às carências na saúde, na educação, à exploração desmedida e forçada de muitos trabalhadores angolanos que querem salvar-se da chaga do desemprego absoluto e se sujeitam a vis exigências semelhantes ou piores do que nos tempos coloniais.
 
É esta a Angola que o mundo quase não sabe que existe, que não vê mas que pode imaginar comparando a realidade angolana a uma ditadura moderna (às vezes) mascarada com eleições onde até os mortos votam e alguns "camaradas" têm direito a votar duas e três vezes. Isto é que é imaginação fértil! 100 milhões! Basta!
 
Olhem o Mundial de Hóquei em Patins! Olhem 100 milhões de dólares roubados à fome!

- Cartoon de autor desconhecido
 

JORNALISTAS ANGOLANOS PRESOS EM LUANDA JÁ FORAM LIBERTADOS, ATIVISTAS NÃO

 


Jornalistas angolanos detidos quando entrevistavam manifestantes libertados
 
Agentes da Polícia de Intervenção Rápida angolana detiveram hoje em Luanda um grupo de jornalistas angolanos, entre os quais o ativista Rafael Marques, noticia hoje o site Maka Angola.
 
Citado pelo site fundado por Rafael Marques, Osvaldo Silva, membro do Bloco Democrático que assistiu à detenção, explicou que três jornalistas foram detidos quando estavam a entrevistar seis dos nove manifestantes detidos no protesto de quinta-feira e que tinham acabado de ser libertados.
 
Além de Rafael Marques, foram detidos outros dois jornalistas: Alexandre Solombe e Coque Mukuta, correspondente da Voz da América.
 
Os jornalistas estavam a entrevistar os manifestantes perto do Tribunal da Polícia, na capital angolana, depois de estes terem sido libertados, quando foram cercados por elementos da Polícia de Intervenção Rápida e levados "numa carrinha para parte incerta", indicou Osvaldo Silva, que conseguiu escapar à detenção.
 
A Agência Lusa tentou contactar o ativista Rafael Marques e as autoridades angolanas, mas até ao momento sem sucesso.
 
RTP – Lusa
 
Polícia angolana liberta jornalistas mas mantém presos manifestantes (atualização)
 
Notícias ao Minuto
 
Os três jornalistas angolanos detidos hoje em Luanda, por agentes da Polícia de Intervenção Rápida, foram já libertados, disse à Agência Lusa Coque Mukuta, um dos três.
 
Os jornalistas - Coque Mukuta, Rafael Marques e Alexandre Solombe - foram levados para a Direção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), por volta das 15:00, após a sua detenção perto do Tribunal da Polícia, disse Coque Mukuta.
 
Com os jornalistas, contou ainda, foram novamente detidos sete dos nove manifestantes presos na sequência do protesto de quinta-feira em Luanda e que tinham acabado de ser libertados.
 
Coque Mukuta adiantou que após várias horas de interrogatório o diretor-adjunto da DPIC pediu desculpas aos jornalistas pelos "excessos por parte dos agentes".
 
"Os jovens continuam detidos. Nós fomos já libertados, mas o Rafael Marques e o Alexandre Solombe continuam lá em solidariedade com os manifestantes", referiu Coque Mukuta.
 
A Agência Lusa contactou o porta-voz da Polícia Nacional, Aristófanes dos Santos, que remeteu para mais tarde informação sobre o assunto.
 

ELEIÇÕES ALEMÃS 2013: ESQUECEMO-NOS DA EUROPA

 


Süddeutsche Zeitung, Munique – Presseurop – imagem Martirena
 
As eleições na Alemanha estão a suscitar um interesse profundo e expectativas sem precedentes no estrangeiro. Para os partidos e para os eleitores alemães, o papel e a influência que o seu país tem na Europa e sobre a Europa é tão evidente que essa questão não é um dos temas fortes da campanha eleitoral.
 
 
Em Londres, circula uma piada. A Europa tem duas capitais. A primeira: Berlim. A outra – após uma pausa para criar suspense: Frankfurt. Na Grécia, corre o boato de que, depois das eleições, o Governo alemão poderá colocar a redução da dívida na ordem do dia.
 
E, em Espanha, conjeturara-se que a questão da liquidação dos bancos ficará decidida em 23 de setembro. Depois das eleições na Alemanha, os principais problemas de ativos tóxicos na Península Ibérica serão resolvidos em conjunto: não há motivo para preocupações.
 
Não, na Alemanha, ninguém está preocupado. Nesta campanha eleitoral, ninguém fala sequer da Europa. Ninguém pergunta se há novas ideias para fazer face à crise. Esta crise, da qual toda a gente está farta de ouvir falar, talvez tenha atingido o zénite, mas está longe de ter terminado. Ninguém pergunta se haverá risco de liquidação de bancos. Ninguém fala da arquitetura de uma nova Europa, que possa impedir a repetição da crise.
 
Fascínio das eleições para o Bundestag
 
Mas será mesmo impensável um referendo sobre uma nova Constituição vir a ser o acontecimento político mais importante da nova legislatura? Uma votação sobre uma nova Constituição, na qual os alemães transferem para Bruxelas alguns elementos importantes da sua soberania?
 
Muita coisa é possível e as especulações em Paris, Londres e Bruxelas abundam. Talvez nunca, na história do pós-guerra, as eleições para o Bundestag exerceram tamanho fascínio sobre os vizinhos da Alemanha, e isso não se deve apenas ao facto de Angela Merkel se ter tornado a mulher mais poderosa do continente, ou talvez mesmo do mundo. É fácil a política tornar-se compreensível, quando se baseia no exemplo da história de uma vida.
 
Quem decide e quem paga?
 
As eleições para o Bundestag são seguidas no resto da Europa quase como uma esperança de salvação, como se, em 23 de setembro, houvesse presentes à espera, como na manhã do dia de Natal. Este clima reflete duas coisas. Por um lado, reflete o peso alcançado pela Alemanha, que domina fortemente o continente no plano económico; na Europa, que tem estado praticamente parada nas últimas semanas, nada se mexe sem a Alemanha. Por outro, reflete a pressão pública para que se faça alguma coisa, pressão essa que tem sido uma vez mais reprimida.
 
São quatro os países que se encontram sob tutela de emergência dos países do euro. Um deles, a Irlanda, deverá libertar-se dela este ano. Portugal e a Espanha são considerados como estabilizados. A Grécia irá provavelmente precisar de ajuda. Isso é sabido. A questão número dois é o orçamento da UE, que muitos países escrutinam com grande cobiça e que ainda não foi aprovado pelo Parlamento Europeu. O orçamento envolve muito dinheiro, determina a forma como esse dinheiro é distribuído e tem a ver com a campanha que em breve será travada na Europa. Paira no ar um cheiro a forte discórdia.
 
Contudo, as maiores paixões centram-se na Alemanha, na liquidação dos bancos e na questão central do momento: como deve ser organizada a zona euro, para o problema não se repetir? Essa questão constitui o cerne de todas as políticas: quem decide e quem paga?
 
Alemanha esforça-se por parecer pequena
 
A Alemanha, que tem um fortíssimo interesse na sobrevivência do euro, deverá apresentar algumas ideias – sobre a harmonização e o controlo dos futuros orçamentos da zona euro, sobre a adaptação dos sistemas sociais e sobre a distribuição dos investimentos estatais. Terá obviamente de lidar com a questão central: se esses países europeus diferentes poderão alguma vez vir a ter uma competitividade remotamente comparável, ou se serão ou não necessárias transferências de verbas – semelhantes ao mecanismo de igualdade orçamental existente na própria Alemanha.
 
Tudo isto tem a ver com as questões de direito orçamental e de supervisão parlamentar, que são a base da democracia na Europa. E, no fim, tudo isto poderá levar a uma revisão da Constituição da Alemanha e inclusive ao referendo que será necessário nesse caso. Toda a Europa vê estes problemas e não consegue desviar os olhos da Alemanha. E a Alemanha?
 
A Alemanha vai ter umas eleições descontraídas, mas, no dia a seguir ao escrutínio, terá de repelir as mãos ansiosamente estendidas, como quem fecha uma janela com toda a força perante uma tempestade de outono. Não se prevê que haja milagres e não vai haver presentes junto à árvore de Natal. Não é provável que Angela Merkel se prepare para mudar de orientação e o SPD também não mostra qualquer entusiasmo adicional por aquilo que se relaciona com o euro. No entanto, prevê-se um novo ritmo de reformas e alguns até poderão estar à espera de um acordo importante. A Alemanha bem pode esforçar-se por parecer pequena, na campanha eleitoral, mas, vista do exterior, continua a ser um gigante corpulento. E Gulliver terá dificuldade em libertar-se das grilhetas que, por isso mesmo, tem à sua espera.
 
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Brasileiro candidato a deputado é alvo de campanha neonazista na Alemanha

 

Deutsche Welle
 
Candidato na eleição alemã pelos Piratas de Berlim, gaúcho recebeu bilhete aéreo fictício só de ida e pedido para "voltar para casa". Carta do ultradireitista NPD também chegou a outros políticos de raízes estrangeiras.
 
Tristeza. Foi esse o primeiro sentimento do brasileiro com cidadania alemã Fabricio do Canto quando ele recebeu aquele "bilhete aéreo" só de ida. O candidato dos Piratas em Berlim nas eleições parlamentares alemãs já havia ouvido falar da campanha do ultradireitista Partido Nacional Democrático da Alemanha (NPD), que tem provocado indignação no país, mas não sabia que estava na "lista negra" dos xenófobos.
 
A poucos dias da votação deste domingo (22/09), o diretório regional berlinense do NPD enviou passagens de avião fictícias só de ida para políticos com raízes estrangeiras. Nela, pedia que voltassem "para casa".
 
Nesta semana, depois de membros dos Verdes e do partido A Esquerda, também chegou a vez do gaúcho, que mora desde 2010 em Berlim, mas que vive na Alemanha desde 1994, com temporadas no Brasil e na Ásia.
 
"Após o primeiro momento, já comecei a ficar preocupado", reconheceu o gaúcho, de 42 anos, em entrevista à Deutsche Welle.
 
Apoio a imigrantes
 
Além de estar iniciando carreira política, Fabricio trabalha voluntariamente em Berlim no apoio a imigrantes recém-chegados ao país. O brasileiro está não só aflito por causa de sua própria segurança e a de sua mulher, indiana, e seus três filhos.
 
"Estou mais empenhado agora também em defender as pessoas que estão chegando e em lutar para que os próprios nativos desse país sejam melhor educados", afirma. Ele diz ser necessário mais investimento em educação e esclarecimento, para coisas parecidas deixarem de acontecer.
 
Após receber a carta, Fabricio deu queixa à polícia e passou a ficar mais cauteloso, temendo ser vítima de um atentado racista. "Um colega meu, que trabalha no apoio a asilados, já chegou a levar um soco ao sair de casa. Foi xingado e ficou com os óculos quebrados", lembra. "Agora, tenho que pensar duas vezes antes de sair para passear de bicicleta ou fazer um passeio com a família."
 
Assim como o brasileiro, o candidato do Partido Verde Özcan Mutlu recebeu o "convite" do NPD e também registrou queixa junto às autoridades policiais. "As ameaças como essas são antidemocráticas e não devem ficar sem resposta", sublinhou Mutlu.
 
As passagens aéreas fictícias, enviadas pelo escritório regional do NPD de Berlim, são rotuladas como da RückflugAirlines ("airlines voo de volta") e são "one way (só de ida) "para casa". Ela especifica o destino como "país de origem " e a data do voo como "imediatamente". Mais abaixo, a cédula traz a frase: "Esperamos que o senhor tenha tido uma estada agradável na Alemanha e desejamos um bom voo de retorno".
 
Uma carta acompanha o "bilhete", assinada pelo membro do partido em Berlim Jan Sturm, acusando políticos de raízes estrangeiras de tentarem "influenciar politicamente os alemães étnicos".
 
Série de controvérsias
 
O NPD tem uma longa lista de controversas campanhas xenófobas. No mês passado, a agremiação causou discussão novamente, após alguns de seus membros terem protestado agressivamente contra um novo centro de refugiados políticos em Berlim. O lugar abriga principalmente famílias de regiões afetadas pela guerra, como Afeganistão e Síria, assim como Sérvia.
 
Até agora nenhum partido de extrema direita conseguiu chegar à marca dos 5% de votos para entrar no Parlamento da Alemanha. Entretanto, o NPD está representado nas assembleias legislativas de dois estados, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Saxônia.
 
A proibição da legenda vem sendo discutida há anos. Uma primeira tentativa de proibição do NPD fracassou em 2003, mas por razões formais, no Tribunal Federal Constitucional alemão. Os juízes duvidaram da credibilidade das provas, porque grande parte do material provinha de altos funcionários do NPD, os quais eram ao mesmo tempo informantes do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha.
 
Autoria: Marcio Damasceno – Edição: Rafael Plaisant
 
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Brasil – GILMAR MENDES: IGNORÂNCIA E PRECONCEITO

 


A incrível entrevista em que ministro do STF exibiu, além de grosseria, desconhecimento extremo. E o que ele precisa aprender sobre a Bolívia
 
Antonio Barbosa Filho – Outras Palavras
 
Certamente abalado pela aula magna de Direito pronunciada pelo ministro Celso de Mello na sessão do dia 18 de setembro, onde todos os seus patéticos argumentos vociferados na semana anterior foram reduzidos a pó, o ministro Gilmar Mendes cometeu mais um erro crasso em fala à imprensa. Ao deixar o plenário, o emérito jurista de Mato Grosso afirmou aos jornalistas, segundo se lê no Portal UOL: “Daqui a pouco nós conspurcamos o tribunal, corrompemos o tribunal, transformamos ele (sic) num tribunal de Caracas, de La Paz, num tribunal bolivariano”.
 
Tentando ser irônico e cometendo um ato de hostilidade a seus colegas magistrados de dois países com os quais o Brasil mantém excelentes relações em todos os setores, Gilmar revelou também profunda ignorância em Geografia e sobre o Judiciário dessas nações vizinhas.
 
Não há tribunais em La Paz! Os quatro tribunais superiores do Estado Plurinacional de Bolívia (nome oficial do país) localizam-se e funcionam na histórica cidade de Sucre. E Sucre, para surpresa do eminente, mas desatento, aluno de Celso de Mello é a Capital da Bolívia, como determina o artigo 6, item I. da Constituição Política do Estado, elaborada por uma Assembléia Constituinte livremente eleita em 2006, e depois submetida a Referendo popular, em 25 de janeiro de 2009. O povo boliviano aprovou a Constituição por 61,43% e o dispositivo mencionado afirma: “Sucre es capital de Bolívia” – dispenso-me de traduzir.
 
Se não sabe nem qual é a capital do país a que se refere, muito menos saberá o ilustre derrotado que o sistema judicial boliviano foi estruturado com a assessoria da União Europeia, que destinou 450 mil euros para um programa de colaboração com duração de 18 meses, nos quais magistrados espanhóis trabalharam com juristas bolivianos.
 
A especialista Ana Esther Sanchez, da Audiência Internacional da Espanha explicou que o trabalho visava o estabelecimento de um sistema judicial “com parâmetros totalmente diferente dos anteriores”, mas em conformidade com as normas e padrões internacionais de direitos humanos, transparência das instituições, acesso das pessoas à Justiça e independência judicial, previstos na Constituição de 2009.
 
Para ilustração do concessor de habeas-corpus a banqueiros condenados, acrescento que são quatro os órgãos integrantes da cúpula do “órgão judicial” – na Bolívia de Evo Morales aboliu-se a expressão “Poder”, havendo os “orgãos” judicial, executivo e legislativo. Isso porque a nova Constituição radicalizou ao definir que o poder “reside do Povo”, quando as anteriores diziam que o poder “emana do Povo”. O “orgão judicial”, portanto, é formado pelo Tribunal Supremo de Justiça, o Tribunal Constitucional Plurinacional, o Conselho da Magistratura, e o Tribunal Agro-Ambiental. Todos instalados e funcionando na capital do país, que é Sucre.
 
O Tribunal Supremo de Justiça, equivalente ao colegiado que tolera Gilmar Mendes, tem nove membros efetivos e nove suplentes, eleitos pelo povo, em cada um dos nove Departamentos (no Brasil seriam os Estados) que conformam a nação. As Assembleias Legislativas Departamentais selecionam seis nomes em duas listas, uma só de homens, outra só de mulheres. Os candidatos precisam ter mais de 30 anos de idade, e no mínimo oito como juízes, advogados ou professores de Direito. Há espaço para indígenas, desde que tenham exercido funções judiciárias em suas comunidades originárias. O órgão eleitoral faz a campanha, divulgando igualmente os méritos de todos os candidatos; esses, se fizerem campanha pessoal, tornam-se imediatamente inabilitados à disputa. Feita a votação popular, na qual cada cidadão vota duas vezes, uma em um homem, outra em nome da lista feminina, torna-se membro do Tribunal o mais votado de ambas. Se for homem, a mulher mais votada na outra lista torna-se a suplente, e vice-versa. Assim, o Tribunal terá sempre 50% de homens e 50% de mulheres, entre os 18 titulares e suplentes.
 
Os membros desta Corte Superior têm seis anos de mandato e não podem ser reeleitos – uma idéia que muitos no Brasil talvez gostassem de incluir numa eventual Reforma do Judiciário, tão propalada quanto postergada. Também poderia cogitar-se de que na Bolívia o presidente da Corte Suprema não participa da linha sucessória do presidente da República (lá, presidente do Estado), diferentemente do Brasil. Talvez isso permitisse que o chefe do Judiciário esteja menos envolvido nas questões políticas…
 
Outra diferença fundamental com as instituições brasileiras é a existência da “jurisdição indígena originária camponesa”, que consiste no respeito às práticas judiciárias de cada um dos povos originários da Bolívia – um país que congrega 34 nações diferentes. Tudo com base no artigo primeiro da Constituição, segundo o qual “a Bolívia se funda na pluralidade e no pluralismo político, econômico, jurídico, cultural e linguístico, dentro do processo de integração do país”. Assim, há uma Justiça indígena-comunitária, nos moldes históricos, já que tais comunidades são preexistentes ao próprio Estado. E tanto esta Justiça, como a ordinária gozam de igual hierarquia. Para dirimir os naturais conflitos de competência, em casos concretos, existe o Tribunal Constitucional Plurinacional, que harmoniza também as decisões das comunidades que conflitem com as jurisdições agrária e agro-ambiental.
 
Parece complicado, e é. Mas a Bolívia é um país que passa por um processo de “refundação”, tentando descolonizar-se interna e externamente. Suas instituições têm a complexidade de um país com vários idiomas e uma História de privação de direitos e ausência total de cidadania para as grandes maiorias. Todos reconhecem, inclusive o governo de Evo Morales, que há um longo caminho a percorrer até que todas as novas instituições funcionem sem atritos e prestando os serviços que a população apenas começa a receber.
 
Juízes eleitos: A Argentina, que tem muito mais tradição institucional, também está trabalhando numa reforma judicial, que prevê a eleição direta de juízes, e de membros do Conselho da Magistratura, inclusive indicados pelos partidos políticos. Recentemente, a brasileira Gabriela Knaul, relatora especial das Nações Unidas e sediada em Genebra, criticou este ponto que os argentinos estão discutindo: “A eleição partidária dos membros do Conselho da Magistratura é contrária ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e relativos à independência judicial”.
 
A observadora deveria observar, digamos, os Estados Unidos, onde apenas cinco dos 50 Estados conferem ao governador ou ao órgão legislativo a competência para indicarem membros de suas cortes; em todos os demais Estados há alguma forma de eleição. Em sete deles, os candidatos precisam ter vinculação partidária; em 14, não podem ter tal vínculo; em 16, os juízes são nomeados, mas depois obrigados a se submeterem ao voto popular se quiserem cumprir mais de um mandato, embora sem adversários: o eleitor diz apenas “sim” ou “não” à continuidade no cargo. Enfim, cada Estado dos EUA pode estabelecer suas próprias normas e isso difere até de acordo com o momento histórico em que cada unidade aderiu ao Estado central.
 
Sobre a Bolívia, já vimos que Gilmar Mendes (erroneamente chamado de Gilmar Dantas pelo notório cronista político Ricardo Noblat, por razões que prefiro ignorar), não sabe nada, nem o nome da sua capital. Já sobre a Venezuela, teríamos que ocupar outro espaço. Basta assinalar que quem critica o sistema judicial bolivariano daquele país-irmão é o ex-juiz Eladio Aponte. Ele diz que o governo Chávez e, agora, o do presidente Nicolás Maduro, controlam o Judiciário. Eladio Aponte foi destituído de seu cargo e saiu da Venezuela porque descobriu-se que havia dado um documento de identidade governamental, usado apenas por autoridades, a um tal Walid Makled, narcotraficante que foi preso na Colômbia em 2010 e depois extraditado para a Venezuela. Makled é, inclusive procurado pela polícia dos Estados Unidos. Como se vê, o crítico da justiça bolivariana não tem as melhores credenciais. E parece que na Venezuela a Justiça funciona até contra banqueiros.
 
Leia mais em Outras Palavras
 

Brasil: A OPINIÃO PÚBLICA E O MENSALÃO

 


Urariano Mota, Recife – Direto da Redação
 
Recife (PE) - Nas notícias do voto do ministro Celso de Mello, boa parte da grande mídia preferiu destacar um aparente desprezo do ministro pela opinião pública. Segundo jornalistas dos veículos de grande massa, Celso de Mello, ao desempatar no STF uma decisão a favor dos réus, teria agido como um ser imperial, ou imperador, que dá as costas ao povo e à cidadania. Calma, amigos, esse tipo de relato que acusa pela distorção é típica de madrastas de cruéis quadros da infância. Maledicência de menos e mais verdade e justiça seriam bem-vindas.
 
Notem que antes do esperado voto de minerva, ninguém viu ou leu nos magníficos colunistas qualquer condenação às artimanhas da sessão anterior de 11 de setembro, quando os ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa manobraram para adiar o voto que adivinhavam discordante para outro dia. Nada demais, até porque esses modelos de moralidade articulavam com o maior desembaraço a favor da condenação dos réus, na maior cara de pau e chicana. Mas tudo conforme a ética de torcedores de time de futebol, para que desabassem sobre Celso de Mello as mais desonestas e covardes pressões, da mídia, dos amigos e da população.
 
Nos artigos de hoje, nas reportagens, perde-se uma oportunidade de ouro para analisar os conflitos entre ética pública e privada. Eu deveria escrever, para ser mais preciso, ética da privada. Seria um oásis para a inteligência e sensibilidade de todo o povo se comentassem os julgamentos do passado que na verdade foram autênticos linchamentos, na justiça cega das ruas, que terminavam em forca, sangue, faca e pedras. Seria didático trazer para o grande público a discussão da peça Um Inimigo do Povo, de Ibsen, onde um médico honrado se vê transformado em inimigo público número 1 de uma cidade, pela simples razão de falar a verdade contra os interesses comerciais do lugar.
 
Mas devo estar sonhando. Menos, voltemos ao chão. O fato é que não se atentou para um momento raro de homem público, que se envolveu ele próprio no destino comum dos réus ao atrair contra si a fúria de um linchamento político. Preferiram, os formadores de opinião, destacar o trecho em que o ministro afirma que as decisões judiciais não podem se curvar às manifestações do povo, uma vez que “O Judiciário não pode se contaminar pela opinião pública”, conforme o relato maldoso das madrastas de contos infantis.
 
Cabe uma pergunta: que diabo é mesmo essa tal de “opinião pública”? Os dicionários a definem como “o conjunto de todas as ideias, opiniões, critérios de valor etc. de uma sociedade, com relação a qualquer campo de interesse”. Ou desta maneira: “a opinião prevalecente da maioria dos membros de uma sociedade sobre determinado assunto, e que expressa sua vontade, seu critério, sua tendência”. Mas esse não é o conceito de “opinião pública” dos grandes comunicadores. No que se refere ao julgamento de petistas no STF, a maioria dos jornais confunde opinião pública com opinião publicada. Se os editores olhassem mais críticos para suas “cartas à redação”, veriam a partir delas que as letras saídas nos jornais não são bem a voz da sociedade, porque mais de uma vez as cartas se inventam. As opiniões ali são falsas ou por claro exercício da mentira, ou por seleção rigorosa do que interessa publicar, o que é outra forma de invenção. Disso os editores até sabem. Digamos, numa concessão à sua inocência, que eles parecem não ver é outra coisa.
 
Na verdade, os formadores de opinião, os mais bem pagos jornalistas brasileiros moram bem longe do povo do Brasil. Em mais de um sentido, alguns repórteres e colunistas se tornam desfazedores da opinião. Em um sentido familiar, nordestino, desfazem de, zombam, diminuem, depreciam a opinião pública. A verdade, acreditam, é aquilo que o jornal noticia. A verdade é a sua versão, repetida até o limite que sature, até um limite que, aí sim, gere descerebrados. "O sucesso de um jantar é o que sair no jornal", falam. Ou seja, o leitor seria um perfeito idiota, uma tábula rasa, que receberia passivo a imagem e as palavras que lhe forem impressas. A opinião pública é a opinião da imprensa, acreditam, e caem no mais profundo erro.
 
Daí que em lugar de uma análise pedagógica, de uma discussão política e filosófica, sonha, menino, os formadores preferem açular a massa contra o PT e passam a incentivar opiniões do gênero “ladrão comum, no Brasil, vai para a cadeia, já os políticos petralhas fazem dos tribunais um circo”. E concluem que o voto do ministro Celso de Mello levou a quadrilha de mensaleiros a zombar do povo brasileiro. Mas nem tudo está perdido, amigos. Recomendo aos raros leitores que passem um olho, pelo menos no resumo de Um Inimigo do Povo, aqui Clique aqui . Nada mais pedagógico hoje, neste momento dos 92 anos do educador Paulo Freire.
 
É pernambucano, jornalista e autor dos livros "Soledad no Recife" e “O filho renegado de Deus”. O primeiro, recria os últimos dias de Soledad Barrett. O segundo, seu mais novo romance, é uma longa oração de amor para as mulheres vítimas da opressão de classes no Brasil.
 
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Cavaco: "Mais pode ser feito no futuro" na cooperação entre Portugal e Timor-Leste

 


Diogo Cavaleiro – Jornal de Negócios (mobile)
 
As áreas da segurança e do ensino da língua portuguesa podem vir a ser reforçadas, considera o Presidente da República Portuguesa. O Presidente timorense, que se encontra em Lisboa, acredita que Portugal pode ajudar à nova batalha da nação asiática: o desenvolvimento económico e o combate à pobreza.

A cooperação entre Portugal e Timor-Leste é “extensa” e “cobre os mais variados domínios”. Mas “mais pode ser feito no futuro”, segundo acredita o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva.

“As empresas portuguesas foram pioneiras no investimento em Timor e continuam abertas a expandir a sua actividade no território”, declarou Cavaco Silva na conferência de imprensa no Palácio de Belém, no âmbito da visita de Estado a Portugal do presidente da República Democrática de Timor-Leste, Taur Matan Ruak.

De acordo com o Chefe de Estado português, as empresas nacionais estão “abertas à constituição de parcerias no reforço do desenvolvimento económico e social de Timor-Leste”. É preciso trabalhar mais essa cooperação no futuro, alertou.

Cavaco Silva deu dois exemplos de domínios em que o reforço poderá ser feito. De um lado, olhando para o passado, o Presidente falou na cooperação na área da segurança, que ajudou à estabilização de Timor na luta pela independência e autonomia. “Estamos abertos à continuação da cooperação no domínio militar e de segurança”.

Do outro lado, há o ensino da língua portuguesa, nomeadamente o reforço das escolas de referência que, segundo o Chefe de Estado, podem ser estendidas. “Há uma total abertura para continuar a participar na formação de professores para o ensino do português”. A língua portuguesa é uma das línguas oficiais do País, apesar de não ser a mais falada.

Na conferência de imprensa, no Palácio de Belém, o presidente de Timor também falou no mesmo sentido. Mencionado a ajuda que os portugueses deram à conquista da paz e da democracia no país asiático, Matan Ruak afirmou que quer continuar “a contar com o apoio dos portugueses e de Portugal”. “Temos pela frente outra batalha: pelo desenvolvimento económico e pelo combate à pobreza”, disse Ruak.

Em consonância, ambos os presidentes mencionaram o facto de, a partir do próximo ano, a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ficar a cargo de Timor-Leste. “É um processo firmemente apoiado por Portugal”, sublinhou Cavaco Silva, acrescentando que é a primeira vez que a presidência do organismo chega à Ásia.
 
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DESONESTOS DE PORTUGAL, NA TV

 

Balneário Público
 
Talvez fosse de bom-tom e informativamente útil uma das televisões portuguesas construir um conteúdo recreativo que simulasse as imensas desonestidades dos políticos. Agora a começar pelos autarcas a quem chamam dinossauros porque tudo fazem para iludir a lei de limitação de mandatos que os legisladores (seus colegas de partidos) elaboraram tão confusamente ou permitindo considerá-la confusa para possibilitar a continuidade dos tais políticos dinosauros. Alguma razão terá havido para que assim vissem conveniência (os legisladores). Até se diz que tem que ver com conluios de corrupção e nepotismos. É provavel. Perante tal descaramento é palusivel que a voz do povo tenha razão. Se antes a discussão sobre os abusos e chafurdisse da lei se limitava essencialmente aos presidentes de câmaras municipais agora já se sabe que ela é extensiva aos presidentes de juntas de freguesia. Basta ler em Notícias Ao Minuto um pouco. O título e o primeiro parágrafo:Limitação de mandatos Autarcas arranjam esquema para ‘fintar’ lei – O esquema é simples: presidentes das juntas, que tenham cumprido já três mandatos, candidatam-se como número dois para depois chegaram à liderança graças à renúncia ou à delegação de funções pelo cabeça de lista, avança o Jornal de Negócios.” Perante tamanhos chicos-espertos, perante tais vigaristas, vê-se bem a quem Portugal está entregue. O país sofre, os portugueses sofrem toda esta calamidade de desonestidade porque existe uma elite que se apoderou dos poderes criminosamente e se alastrou num ou mais polvos do crime que ocupam os mais altos cargos. Alguns através de eleições outros por nomeações daqueles. E nisso tudo primam as dimanações dos aparelhos partidários, das máfias aliadas à alta finança nacional e internacional. Os que derem mais. Portugal é um país a saque. Já quase ninguém confia em alguém, principalmente se forem políticos dos partidos do chamado “arco da governação”, o CDS, o PSD e o PS. Mesmo assim muitos votam neles, acreditando sempre nas suas constantes e astutas mentiras quando em campanhas eleitorais. Os portugueses andam a eleger criminosos para os mais altos cargos dos poderes democráticos e não encontram alternativa. Tal é dimensão do polvo ou dos polvos. Um programa de TV, talvez intitulado “Desonestos de Portugal”, viria a calhar, seria utilissimo. Os autores só tinham de imitar muitas das desonestidades e crimes que são praticados impunemente por certos e incertos políticos dos partidos do tal “arco”. Teriam pano para mangas para produzir. Os “Desonestos de Portugal” resultaria num vasto manancial de programas TV.
 
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Portugal: E SE NÃO FORMOS RATINHOS BRANCOS?

 


Ferreira Fernandes – Diário de Notícias, opinião
 
Ontem irritei-me por ser tratado como ratinho de laboratório. Os do FMI tinham chegado cá e desataram a cortar. Corta, corta, corta. Com claquetes e a realizar filmes, pode ser engraçado. Na vida real, dói. E a dor tornou-se insuportável quando até eles próprios, no FMI, se puseram a fazer relatórios sobre o prejudicial que era fazer tanto corte. Senti-me ratinho de laboratório, disse ontem. Mas talvez tenha errado na imagem. Ratinho de laboratório é nos laboratório com experiências. Vamos cortar aqui, a ver o que isto dá... Humm, diminuamos (ou aumentemos) a dose... Isso, sim, era um laboratório, com sábios com dúvidas e passos hesitantes. E, nele, seríamos as cobaias, infeliz papel, mas, ao menos, ao serviço da ciência. Ora essa minha análise de ontem talvez visse demasiado em grande. Talvez nós estejamos abaixo do patamar de ratinhos de laboratório porque não há laboratórios nem sábios testando a sociedade portuguesa. Há só funcionários que aviam uma receita - os cortes nunca foram a procura de uma solução, mas só um preconceito engatilhado (os funcionários mudarão de receita quando lhes soprar outro preconceito). Esta hipótese talvez não seja mais certa do que a de ontem, mas tem uma vantagem: dizer não a funcionários errados é mais fácil do que a errados professores de laboratório. Não precisamos de desenvolver teses alternativas, basta dizer: "Não, não vamos por aí." O que é o mínimo a dizer quando à frente está o precipício.
 
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PR CAVACO SILVA RECEBE HOJE HOMÓLOGO DE TIMOR-LESTE

 


Lisboa, 20 set (Lusa) - O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, recebe hoje o homólogo de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, que até sábado se encontra em visita de Estado a Portugal a convite do chefe de Estado português.
 
A visita do chefe de Estado timorense, que viaja acompanhado da mulher, Isabel da Costa Ferreira, começa com uma visita ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde depositará uma coroa de flores no túmulo de Luís Vaz de Camões.
 
Taur Matan Ruak será depois recebido no Palácio de Belém pelo Presidente da República português, com quem terá uma reunião de trabalho.
 
Do Palácio de Belém, o Presidente de Timor-Leste seguirá para a residência oficial do primeiro-ministro, que o receberá e lhe oferecerá depois um almoço.
 
Ao início da tarde, Taur Matan Ruak será recebido pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, no Parlamento.
 
Do programa consta ainda uma cerimónia de entrega da chave da cidade de Lisboa ao Presidente de Timor-Leste, nos paços do concelho, pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
 
No final do dia, Cavaco Silva irá ainda oferecer um jantar de Estado em honra de Taur Matan Ruak, no Palácio da Cidadela de Cascais.
 
No sábado, o presidente de Timor-Leste visita o santuário de Fátima, devendo assistir à missa na Basílica de Nossa Senhora do Rosário.
 
Na segunda-feira, em entrevista à Lusa, o Presidente de Timor-Leste afirmou que a sua visita oficial a Portugal tem como principal objetivo agradecer a generosidade do povo português com Timor-Leste.
 
"Quero aproveitar esta oportunidade para transmitir o nosso obrigado ao povo português pela sua generosidade e também ao Estado. Timor-Leste está preparado para reforçar a nossa parceria na medida em que os desafios ainda não terminaram", disse o chefe de Estado timorense.
 
O convite de Cavaco Silva ao seu homólogo de Timor-Leste para visitar Portugal foi feito em maio de 2012, durante uma deslocação oficial do Presidente português a Díli.
 
Taur Matan Ruak, antigo chefe das forças de defesa timorense, tomou posse como Presidente de Timor-Leste a 20 de maio de 2012.
 
FPA/VAM (MSE) - Lusa
 

BEM-VINDO AO PORTUGAL DESTROÇADO, PRESIDENTE TAUR MATAN RUAK

 

António Veríssimo
 
A peça que trazemos em memória é do Público e foi escrita em 20 de Maio de 2012 a pretexto da visita de Cavaco Silva a Timor-Leste. Passado quase um ano e meio assistimos à inversão da marcha dos visitantes e é Taur Matan Ruak, presidente de Timor-Leste, que vem a Portugal. Bem-vindo.
 
Nesse tempo, Maio de 2012, dizia-se que a crise em Portugal já era agudíssima, insuportável. Pois era. Mas na atualidade está pior. Muitíssimo pior. Os portugueses estão à míngua por vontade de um presidente da República indiferente, mesquinho e egoísta. Parceiro de um governo composto por mestres aldrabões que têm passado todo este tempo nos poderes a praticar as maiores trafulhices em prejuizo do país e miserabilização dos portugueses.
 
Em Maio de 2012 e anteriormente muito falaram da ajuda efetiva que Timor-Leste faria a Portugal (não só Timor-Leste mas outros da lusofonia). Ramos Horta até avançou com várias possibilidades de ajuda. Xanana pronunciou-se a favor da tal ajuda. Creio que Alkatiri também, e mais alguns deputados no Parlamento timorense. Mas… em que foi que isso ficou? Nada. Um grande zero. Pelo menos que se saiba.
 
A vontade dos timorenses, dos seus representantes eleitos foi clara. Só dependia do trato dos trâmites legais para efetivar a ajuda que fosse delineada e aprovada… Nada se viu. Talvez porque Portugal não formalizou nenhum pedido de ajuda. E se não o fez foi porque estava em intenção do governo sacrificar os portugueses o máximo possivel, causar suicidios, causar emigração, causar a morte antecipada dos velhos. E muita fome. Pôr Portugal de rastos. Devemos dizer que está a conseguir.
 
Timor-Leste, e outros países da lusofonia que pudessem e quisessem, não faria mais que mostrar uma prova da sua solidariedade para com os portugueses e manifestou essa disponibilidade. Faria sentido a proposta de Ramos Horta que englobaria ao menos os países mais ricos, caso de Angola, do Brasil e de Timor-Leste. A proposta tinha pernas para andar. Mas nada. Porquê? Porquê senhor Cavaco? Porquê senhor Coelho? Porquê senhor Portas?
 
Em vez disso foram passear por Angola, por Moçambique, por Timor-Leste, pelo Brasil, etc., e gastar por deleite o correspondente a muitos subsídios de desemprego que negam aos desempregados portugueses, votando-os à fome. E depois não gostam que lhes chamem parasitas? É o que são os que vivem bem a sugar as energias e bens de outros.
 
Relembremos o que foi escrito em Maio de 2012 na entrevista de Luciano Alvarez. Não sem antes explicitar com gratidão as boas-vindas a Taur Matan Ruak, Presidente de Timor-Leste, à sua esposa e sua comitiva, nesta visita a Portugal. Um Portugal destroçado na posse de liquidatários da nação lusa que em Belém e em São Bento continuam a consumir do bom e do melhor em proveito próprio, dos seus aparelhos digestivos e bancários. Bem vindo Taur Matan Ruak. (Redação - AV)
 
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E se agora fosse Timor a ajudar Portugal? Os presidentes não dizem “não” - Luciano Alvarez (Díli) - Público - 20/05/2012 - 12:36
 
Foto Miguel Madeira, com legenda TLN: “Cavaco e Taur, o cobarde e o herói.”

Publicado ontem em TIMOR LOROSAE NAÇÃO em formato longo
 

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