segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Brasil: “AS PESSOAS TÊM DE RESPEITAR O FARO POLÍTICO DE LULA”

 


Para Fabiano Guilherme Santos, o ex-presidente mostrou um faro político melhor do que todos os demais analistas ao insistir na candidatura de Haddad, que agora disputa o segundo turno em São Paulo. Em entrevista à Carta Maior, o professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) também fala da influência nula do julgamento do “mensalão” e analisa o impacto da CPMI do Cachoeira nos principais redutos da quadrilha. A reportagem é de Najla Passos.
 
Najla Passos – Carta Maior
 
Brasília - É fato que as eleições municipais deste domingo tiveram bons e maus momentos para quase todos os partidos. Para o professor Fabiano Guilherme Santos, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a correlação de forças não mudou de forma significativa.

Segundo ele, no campo conservador, o que surpreendeu foi o crescimento vertiginoso do PSD de Kassab, enquanto o PSDB encolheu e o DEM caminha para a extinção. Já no campo progressista, o fator de destaque ainda é o vigor do “efeito Lula”: o ex-presidente emplacou Haddad no segundo turno da principal cidade brasileira, ajudou a manter o fôlego do PT nas disputas das grandes cidades e a garantir a tendência de crescimento nas pequenas.

Em entrevista à Carta Maior, ele também avalia o efeito nulo do julgamento do “mensalão” nas eleições, especialmente nos municípios do ABC paulista, mais propensos a serem afetados pela pauta. E comenta, ainda, a vitória do PT em dois dos principais redutos da quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira: Goiânia e Anápolis.

As eleições deste domingo mudaram a correlação de forças dos partidos brasileiros?

Não houve grandes alterações, não. Uma coisa que surpreendeu foi o PSD, que teve um desempenho muito bom, se colocando como o quarto no ranking geral de controle de prefeituras. Substitui o DEM, que foi lá para baixo, e que, se não ganhar Salvador, estará no caminho da extinção.

- Então o PSD se consolida como a nova oposição conservadora?

O DEM está se tornando um pequeno partido, um partido nanico mesmo. O PSD teve um desempenho avassalador [sai das eleições com 493 prefeitos]. Depois do PMDB em primeiro, o PSDB em segundo e o PT em terceiro, já vem o PSD. Ultrapassou PDT, PTB, PSB, que são partidos que têm legenda, que continuam crescendo. Esse é o primeiro dado interessante. O PSD realmente se colocou como alternativa de centro-direita ao DEM.

- Mas entre os três principais partidos, a correlação de forças se manteve?

O PMDB perdeu um pouquinho de força [200 prefeituras a menos do que nas eleições passadas]. O PSDB, também [96 a menos]. Não de forma significativa, mas ambos caíram. O PSDB já vem de uma tendência de queda, embora não muito significativa, do número de prefeituras. Já o PT cresceu. Não de uma maneira avassaladora, mas cresceu [fez 67 prefeituras a mais do que em 2008].

- O PT se fortaleceu nas pequenas cidades, mas manteve a postura histórica de liderança das grandes?

O PT manteve sua trajetória de se inserir no poder local das pequenas cidades, uma trajetória que já vem de algum tempo, e esse pleito confirmou isso. Agora, em relação às grandes cidades, o resultado ainda depende em muito do segundo turno. E o PT está competindo em muitas delas [22 capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes]. Então, é preciso um olhar do segundo turno para se ter uma análise mais clara. É possível que o PT ainda se saia melhor. Mas o PSDB também, porque está competindo, principalmente em capitais [ 16 cidades polos]. Entretanto, mesmo que ele ganhe todas nas quais está competindo não terá o mesmo desempenho que nas eleições passadas.

- Então, para os partidos de oposição ao governo federal, o quadro piorou: o PSDB diminuiu um pouquinho e o DEM, bastante?

É, bastante. Pode se dizer isso. Agora o PSD do Kassab foi muito bem sucedido ao capitalizar os votos de centro-direita.

- No campo da esquerda, merece destaque o desempenho do PSB, que fez 120 prefeituras a mais do que nas eleições passadas?

Sim, o PSB cresceu muito. Teve um desempenho muito bom.

- Você tinha avaliado, em entrevista anterior, que o julgamento do “mensalão” não afetaria de forma significativa estas eleições, análise esta que se confirmou, não é?

Só para se ter uma ideia, em Osasco (SP), onde o João Paulo Cunha [condenado pelo “mensalão”] teve que retirar sua candidatura, o candidato do PT que o substituiu ganhou com mais de 60% dos votos. O PT tirou o primeiro lugar ou está no segundo turno em todas as cidades do ABC. E isso no interior de São Paulo, onde apontavam que o “mensalão” poderia fazer um estrago maior. Portanto, a alegada influência do “mensalão” não é verdadeira. O PT está muito competitivo, inclusive nestas regiões que seriam teoricamente as mais afetadas.

- Agora, uma outra coisa intrigante foi o bom desempenho do PT no curral do contraventor Carlinhos Cachoeira. O PT reelegeu o prefeito de Goiânia, elegeu o prefeito de Anápolis... Isso pode ser influência da CPMI do Cachoeira, da cassação do mandato do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM)?

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) ficou muito combalido com todas essas denúncias. E o governador do Estado tem uma ação importante nas eleições para as prefeituras. O Marconi Perillo tá muito fragilizado, e isso pode ter contado. Então, seria não tanto uma influência direta da CPMI do Cachoeira, mas sim o atar de mãos do governador.

- E o ex-presidente Lula, sai fortalecido?

Os comentaristas e cientistas políticos têm que tirar o chapéu para o Lula.

- E melhorar as análises também...

Isso, melhorar as análises, porque todo mundo falou que Lula errou ao escolher o Haddad, ao insistir no Haddad, ao lutar pelo Haddad. As pessoas têm que respeitar o faro político dele. De todas as análises políticas, a melhor foi a de Lula. O Lula dá de dez em todos eles.

- E os institutos de pesquisas?

O Ibope foi bem, mas o Datafolha teve um comportamento muito estranho.
 

POVO VENEZUELANO DERROTA A OLIGARQUIA E O IMPERIALISMO

 


O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou a nova vitória de Hugo Chávez. O resultado eleitoral confirmou todas as previsões e demonstrou um aumento do apoio popular ao processo venezuelano de transformações sociais. Segundo o primeiro boletim do CNE, com 90% das urnas apuradas, Chávez obteve 7.440.082 (54,4%). A vitória foi por mais de um milhão de votos. A abstenção foi de apenas 19,1%, uma das mais baixas das últimas décadas. O principal opositor Capriles Radonski, do Movimiento Primero Justicia (MPJ), fez 6.151.544 votos (45%).
 
Luciano Wexell Severo* - Carta Maior
 
Caracas - Na madrugada de segunda-feira, 8 de outubro, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a nova vitória de Hugo Chávez. O resultado eleitoral confirmou todas as previsões e demonstrou um aumento do apoio popular ao processo venezuelano de transformações sociais. Segundo o primeiro boletim do CNE, com 90% das urnas apuradas, Chávez obteve 7.440.082 (54,4%). O povo venezuelano escreveu outra bela página de sua história ao derrotar o candidato da oligarquia, dos grandes meios de comunicação e do imperialismo norte-americano. E isso seria memorável ainda que fosse por um voto. Mas a vitória foi por mais de um milhão de votos. A abstenção foi de apenas 19,1%, uma das mais baixas das últimas décadas. O principal opositor Capriles Radonski, do Movimiento Primero Justicia (MPJ), fez 6.151.544 votos (45%).

O objetivo deste artigo é chamar a atenção para o avanço da participação política e demonstrar que há uma tendência crescente de ampliação do apoio popular a Chávez desde a sua primeira eleição em 1998. Isto ocorre apesar da campanha dos grandes meios de comunicação do país contra o processo de mudanças. Há uma vertente de opinião no Brasil, uma farsa inventada pela Folha, pelo Globo, pela Veja, pelo Estadão, pela Zero Hora, de que Chávez tem a supremacia dos meios de comunicação. É uma afirmação patética. Na Venezuela, os grandes meios de televisão, rádios, jornais e revistas ainda seguem nas mãos da elite apátrida, liberal e pró-americana, exatamente como o Partido da Mídia Golpista (PIG) no Brasil. Em 13 anos, o país vizinho teve diversas eleições e referendos de consulta aberta. O atual presidente disputou e ganhou as contendas de 1998, 2000, 2006 e agora 2012.

Em 1998, Chávez enterrou o chamado Pacto de Punto Fijo. A pesar da resistência da oligarquia venezuelana, que naquele momento ainda concentrava o poder sobre a empresa Petróleo de Venezuela S.A. (PDVSA), vieram abaixo 40 anos de alternância dos partidos Ação Democrática (AD) e Comitê de Organização Política Eleitoral Independente (COPEI) no Palácio de Miraflores. Chávez ganhou as eleições com 56,2% (3.674.021 de votos) contra um 43,8% (2.864.343 de votos) dos demais candidatos.

Poucos meses depois, o mandatário cumpriu uma de suas antigas propostas e convocou um referendo popular sobre a possibilidade de eleger uma Assembleia Constituinte com funções de elaborar uma nova Carta Magna. Esse referendo foi aprovado em abril de 1999 com 87,7% (3.630.666 de votos). Posteriormente foi convocada uma eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, quando os partidários de Chávez obtiveram 66% dos votos e elegeram 90% dos parlamentares. Em dezembro do mesmo ano, o projeto de Constituição foi submetido a um novo referendo e aprovado com 71,8%, equivalentes a 3.301.475 de votos.

A seguir, foram convocadas para julho de 2000 as chamadas mega-eleições gerais, ocasião na qual Chávez foi novamente vencedor, desta vez sob a Constituição de 1999, com 59,8% (3.757.773 de votos). O Polo Patriótico, bloco chavista, conquistou 58% dos cargos da nova Assembleia Nacional. Os eleitores demostraram novamente seu rechaço aos partidos políticos tradicionais, que obtiveram resultados bastante modestos: AD alcançou 33 deputados (16,1% dos votos) e COPEI elegeu seis (5,3%). Pela primeira vez na sua história, os dois partidos juntos alcançaram somente 21,4% do total de votos.

A Constituição da República Bolivariana da Venezuela é uma da poucas do mundo que estabelece a possibilidade de suspender membros do Poder Executivo no meio do mandato. Este instrumento criou uma oportunidade sem precedentes para que uma parcela insatisfeita da população, 20% dos eleitores, possa convocar referendos com o objetivo de interromper mandatos e convocar novas eleições. Amparado nessa norma, em agosto de 2004 foi realizado um referendo que ratificou Chávez na Presidência com 5.800.629 de votos (59,1%) contra 3.989.008 de votos (40,6%).

Em dezembro de 2005 foram realizadas eleições parlamentárias. Frente à visível vitória das forças bolivarianas, a oposição intensificou, através de seus meios comunicacionais, uma campanha contra o Poder Eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e suas regras. O grupo opositor reivindicou a eliminação das máquinas que captam digitais, exigiu que se contassem os votos manualmente um a um e quase pediu 500 mil votos de vantagem antes de abrir a primeira urna. Consciente da sua derrota e decidida a não reconhecê-la, a oposição fez uma manobra bastante trapalhada: fugiu dos sufrágios, alegando insegurança e falta de garantias de eleições limpas. Depois, os derrotados acusaram o governo de concentrar 100% dos deputados da Assembleia Nacional, do Parlamento Latino-americano e do Parlamento Andino.

Nas eleições presidenciais de 2006, a margem de votos pró-Chávez continuou ampliando-se. O candidato bolivariano obteve 7.309.080 votos (62,8%) enquanto a oposição somou 4.321.072 votos (37,2%). O candidato opositor com mais votos foi o então governador do estado Zulia -e hoje fugitivo da Justiça, Manuel Rosales, que obteve 36,9%. Rosales havia sido membro do partido Ação Democrática (AD), mas em 1999 fundou a agrupação “Un Nuevo Tiempo”. No dia 12 de abril de 2002, quando ocorreu o golpe de Estado na Venezuela, foi ao Palácio para assinar o decreto de posse do empresário golpista Pedro Carmona, O Breve.

Em 2007, 2008 e 2009 foram realizadas outras três eleições que podem enriquecer esta análise. É importante notar as grandes diferenças entre eleições presidenciais, sufrágios regionais e referendos nacionais. É evidente que a participação tende a ser muito mais ampla nas presidenciais. Além disso, nesses casos se expressa efetivamente o apoio ou o repúdio a um candidato específico, enquanto que nas demais, estas vontades não se refletem de forma totalmente clara e absoluta. Nos processos regionais, por exemplo, pode ser que os cidadãos não associem um determinado candidato bolivariano com a figura de Chávez e com a Revolução. Quer dizer, há estados e municípios nos quais o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) perdeu a eleição sem que isso signifique que Chávez perderia se fosse candidato.

A proposta de Reforma Constitucional de 2007 foi a primeira e única derrota eleitoral de Chávez. De maneira pouco planificada, o governo tentou aproveitar o elevado índice de popularidade do projeto bolivariano para queimar etapas. Propôs a modificação de 69 dos 350 artigos da Carta Magna de 1999. A iniciativa foi derrotada: 50,7% (4.379.392 de votos) contra 49,3% (4.504.354 de votos). Uma diferença de menos de 125 mil votos em um universo de quase 17 milhões de aptos a votar. A expectativa da oposição estava sustentada nesta vitória apertada contra a Reforma, não exatamente contra Chávez. Por um lado, a oposição apoiada pelos grandes meios de comunicação e pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos relacionou sua magra vitória na Reforma com um suposto rechaço a Chávez. Por outro lado, é possível supor que quase 3 milhões de partidários de Chávez não associaram a Reforma com o presidente. A abstenção foi de 45% e podemos dizer que nesse dia muitos chavistas simplesmente não foram votar.

Em novembro de 2008, ocorreram novas eleições regionais, em 22 dos 23 estados e em 327 prefeituras venezuelanas. O processo confirmou, de novo, a ampla supremacia das forças bolivarianas. Ainda que o voto continue sendo optativo no país, não obrigatório, o sufrágio apresentou um índice de abstenção de 35%, um dos menores da história das disputas regionais. Havia 16.699.576 inscritos no registro eleitoral, número que aumentou muito desde 2003, com a chamada Misión Identidad. No período do Punto Fijo muitos pobres não tinham documentos, o que reduzia a abstenção e encobria a pobreza, o analfabetismo e outros indicadores econômicos e sociais.

Os resultados pós-2008 demonstram que o mapa nacional continuou pintado de vermelho, agora com o PSUV como principal agremiação: ganhou em 17 dos 22 estados em disputa (77,3% do total) e em 265 das 327 prefeituras (81% do total). A base de apoio a Chávez superou os 5,7 milhões de votos. Outra vez vale recordar que uma coisa é votar por um candidato do partido de Chávez e outra coisa, distinta, é votar por Chávez. A oposição (UNTC e MPJ, acompanhados pelos cacos de AD, COPEI, URD, MAS, Causa Я e Podemos) manteve mais ou menos o mesmo número de votos dos últimos processos eleitorais (4,5 milhões em 2007).

Ainda sobre as eleições de 2008, cabe ressaltar que a oposição conservou o poder nos estados de Nueva Esparta (Ilha Margarita) e Zulia, além de ter conquistado os importantes estados Miranda, Carabobo e Táchira (os últimos dois por uma margem muito pequena de votos), assim como a Prefeitura de Caracas. Há outros seis pontos importantes: 1) o ex-vice-presidente da República e governador Diosdado Cabello foi derrotado no estado Miranda por Henrique Capriles Radonski; 2) o ex-ministro Aristóbulo Istúriz perdeu as eleições da Alcaldía Mayor de Caracas para Antonio Ledezma (ex-membro do partido AD); 3) o ministro Jesse Chacón foi derrotado no bairro popular de Petare para um candidato do MPJ (ambos tiveram muito menos votos que as abstenções); 4) 55,3% dos votos totais da oposição são provenientes dos estados Zulia, Carabobo, Miranda e Caracas (as áreas de maior produção industrial); 5) os estados Zulia e Táchira têm alta relevância geopolítica por ter cerca de 700 quilômetros de fronteira com a Colômbia; e 6) Manuel Rosales, o fugitivo, ganhou com um 60% a prefeitura de Maracaibo, que antes era governada pelo PSUV.

Esses são elementos que apontam alguns problemas para o governo. Mas apesar dos tropeços, o resultado expôs uma vitória de Hugo Chávez e das forças nacionalistas. Um dos primeiros acontecimentos posteriores ao triunfo foi o resgate da discussão sobre a reeleição presidencial. O tema era crucial para a continuidade do processo sob a liderança de Chávez. O artigo 230 da Constituição de 1999 previa que: “O período presidencial é de seis anos. O presidente da República pode ser reeleito de imediato e uma só vez para um novo período”. A Assembleia Nacional aprovou e o Conselho Nacional Eleitoral convocou um referendo popular para a aprovação ou não de uma Emenda Constitucional. A proposta foi ampliada, ampliando a possibilidade de reeleição também para governadores, prefeitos e deputados (nacionais e regionais).

Em fevereiro de 2009, 6.310.482 venezuelanos votaram pelo “Sim”, que obteve 54,8% dos votos válidos. O “Não”, que aglutinava os partidários da oposição, alcançou 5.193.839 de votos (45,1%). Enquanto Chávez obteve 7,3 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2006, sua proposta para poder postular-se à reeleição por tempo indefinido teve 6,3 milhões. Esse resultado pode ser interpretado de diversas formas. Uma é que havia gente que apoiava Chávez mas não estava de acordo com a possibilidade de reeleição indefinida. Outra conclusão possível é que muitos partidários de Chávez não tenham dado a devida importância ao referendo e à proposta de reeleição. Uma terceira interpretação, assumida pela oposição, argumenta que entre 2006 e 2009 Chávez perdeu cerca de 1 milhão de seguidores.

A nova vitória do presidente, agora em 2012, amplia o horizonte das transformações estruturais da Venezuela. O governo fortaleceu o papel do Estado na economia, com maior poder para planificar e executar políticas, buscando interferir –com crescente participação popular– nos principais meios de produção. Internamente, o dinheiro do petróleo tem financiado um processo de diversificação produtiva e de fortalecimento do mercado interno, um esforço por uma industrialização soberana, a criação de novas empresas básicas e a execução de importantes obras de infraestrutura.

Paulatinamente, os recursos que antes eram canalizados para as companhias petroleiras ou para contas bancárias da elite privilegiada, foram transformados em ferramenta do Estado para combater a pobreza e a economia rentista, improdutiva e importadora. Externamente, os recursos do petróleo foram utilizados como instrumento para a integração latino-americana e caribenha, assim como para o impulso à construção de um mundo multipolar. A Venezuela assumiu uma nova posição em suas relações internacionais: tenta diversificar sua produção e suas exportações; diversificar as origens e os destinos do intercâmbio, não dependendo comercialmente de um só país comprador ou um só país provedor.

A vitória de Chávez abre as portas, pelo menos até 2019, para um longo caminho rumo à consolidação de um país independente, soberano e industrializado. O grande espetáculo democrático de todos os venezuelanos deveria ser suficiente para abrir os olhos dos desinformados. Deveria ser suficiente para ridicularizar aos grandes meios de comunicação do Brasil e do mundo, que negam o inegável. Ganhou Chávez, de novo. Ganhou a democracia na Venezuela. Os derrotados são a elite liberal e privatizadora, as transnacionais do petróleo e do gás, os poderosos meios de comunicação. Junto aos perdedores, por trás deles, estão a CIA e o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

(*) Professor de Economia, Integração e Desenvolvimento na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Brasil. Doutorando em Economia Política Internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Autor do livro “Economía venezolana 1899-2008, La lucha por el petróleo y la emancipación”, publicado pelo Ministério de Cultura da Venezuela.
 

EUROPA NÃO ATRAI OS FRANCESES

 


La Tribune, Paris – Presseurop – imagem Len
 
O tratado fiscal europeu vai ser votado na terça-feira, 9 de outubro, na Assembleia Nacional, depois de debates acalorados. Uma disputa que deixou clara a indigência das propostas francesas para a reforma da União Europeia e deu mais uma prova da autossatisfação e provincianismo de uma classe política excessivamente protegida em casa, na opinião de uma jornalista francesa.
 
 
O debate sobre o tratado fiscal já fez uma vítima: a sua reputação de estratega europeia. Na Europa já ninguém tem dúvidas: a França não tem nenhum "grande desígnio", nenhum "plano secreto" para lançar as bases de um novo "deal" [acordo] político e institucional europeu, que concilie a economia social de mercado e as contingências de uma globalização darwiniana. Um acordo tanto mais necessário quanto as soluções adotadas nos últimos quatro anos levaram ao limite de resistência a arquitetura existente e maltrataram os princípios democráticos. Claro que a França vai "apresentar propostas", como anunciou o primeiro-ministro, antes do Conselho Europeu de 17 e 18 de outubro, que será provavelmente o primeiro de uma longa série dedicada à reforma da União Europeia. Mas podemos imaginar a extrema cautela e pragmatismo radical de tais propostas, perante a necessidade de conciliar diferentes sensibilidades. Teme-se, pois, justificadamente, que estejam desfasadas em relação ao debate já iniciado em Bruxelas e Berlim.
 
O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, anda há semanas a destilar a sua ideia de "orçamento da zona euro". O princípio de uma mudança no Tratado da União Europeia é quase certo, nem que seja apenas para incorporar, como previsto para 2018, o fundo europeu de €500 mil milhões que deve ser lançado por estes dias. O Governo alemão já manifestou a sua disponibilidade para realizar um referendo na República Federal, se as alterações propostas exigirem retoques na sua sacrossanta constituição. O que explica, então, o acanhamento de Paris? Temos um manancial de razões políticas, de preocupações legítimas sobre o ADN liberal da Comissão Europeia, para além do próprio princípio da supranacionalidade, um debate que recua ao tempo da primeira das comunidades europeias.
 
Relutantes em deixar o Olimpo parisiense
 
Mas, que seja aqui permitido acrescentar uma hipótese a esta lista. Não haverá nesta evaporação da voz francesa mais qualquer coisa: uma mistura de preguiça, provincianismo, orgulho e complacência? Não haverá, em suma, muito más razões para essa paralisia de grande parte da elite política francesa perante a questão europeia? Razões que uma expressão alemã, misto de ironia e inveja, muito bem resume: "Feliz como Deus em França"? Os nossos dirigentes políticos são deuses relutantes em deixar o seu Olimpo parisiense, ao ponto de desertarem das fileiras do Parlamento Europeu em época de eleições legislativas francesas. É muito mais simpático almoçar no Chez Françoise, nos Invalides [o restaurante do jet-set político em Paris], do que naquelas tascas sebentas da praça do Luxemburgo, em Bruxelas, ou – pior ainda – no restaurante dos deputados, que nada, exceto as toalhas brancas e o serviço à mesa, distingue da cantina do pessoal.
 
Porquê deixar o campo bem demarcado dos debates internos, onde cada um sabe o seu lugar: nacionalista, gaullista de esquerda ou de direita, socialista eurocrítico, etc. Para quê expor-se no campo aberto da competição europeia, enfrentar a estranheza do liberalismo de um socialista escandinavo ou do legalismo alemão, quando se pode permanecer no quadro de um referencial ideológico conhecido? Para quê ver-se obrigado a comunicar num idioma estranho como o inglês de Bruxelas, quando se fala a mais bela língua do mundo? Para quê, em suma, aborrecer-se a construir a Europa quando se está tão bem em casa?
 
Paris não estava de todo preparada
 
Infelizmente, a transformação da UE em instrumento de "integração solidária", como deseja o Presidente Hollande, só pode ser feita renunciando ao conforto nacional. Não se trata de desnacionalizar a política, mas de integrar no debate e na reflexão os paradigmas de outros europeus, para selar os compromissos históricos frutíferos que permitiram o mercado comum e a moeda única. Académicos e empresários aprenderam, há algum tempo, a familiarizar-se com os riscos, as submissões, mas também com as oportunidades de um mundo de fronteiras cada vez mais ténues, mais internacionais, mais anglófonas. Não é só o operário da cadeia de montagem que tem de entender: "O senhor compreende, a concorrência chinesa...". A corporação política, no entanto, permanece profundamente nacional, senão mesmo nacionalista. É claro, que há, na Bélgica, flamengos que sonham viver num país monolingue, onde seria preciso passar num teste de língua para comprar um terreno. Mas teremos de partilhar o seu sonho no nosso país?
 
A visão das divisões internas à esquerda reflete, antes de mais, a angústia perante essa coisa estranha chamada União Europeia. Confirma a amarga constatação feita pela antiga presidente do Movimento Europeu, Sylvie Goulard, hoje deputada, que escreveu em 2007: "Nos últimos anos, a Europa não se tem desenvolvido enquanto comunidade de gente solidária." E isso aconteceu por falta de reflexão e, em política, pensamento e ação caminham juntos.
 
Com a antiga maioria ou com a atual, a crise veio revelar que Paris não estava de todo preparada. Temos mais uma vez uma comparação cruel com a Alemanha, que, desde 2009, vem propondo um amplo debate sobre os objetivos da União e agora reclama abertamente a convocação de uma Convenção, para a qual se está a preparar. A mecânica da crise deu ênfase precisamente a tudo aquilo que a construção europeia pretendia evitar: colocar a Alemanha no centro do jogo europeu, numa posição objetivamente dominante. Para aqueles que vivem no Olimpo, talvez seja uma perspetiva que dá para contemplar com serenidade. Mas não para nós, simples mortais.
 

PORTUGUESES JÁ NÃO SUPORTAM MAIS IMPOSTOS NEM POLÍTICOS DE PECHISBEQUE

 

Fernando Silva
 
Números da realidade cruel mostram que mais de 300 mil portugueses desempregados, inscritos nos Centros de Emprego, não recebem Subsídio de Desemprego, não recebem sequer o infimo Rendimento Social de Inserção. Centenas de milhares de famílias estão votadas ao desprezo de um governo e de uma elite política, económica e financeira de mãos dadas e com o objetivo de condenar à fome os portugueses. E não há quem, com poderes substanciais e representativos, se disponha a inverter a situação.
 
Os denominados deputados que parlam na Assembleia da República continuam a usufruir de imensas mordomias. Obedecem à conveniente disciplina partidária em vez de representarem defacto os interesses e salvaguardas de quem os elegeu. O PS fala agora de reduzir o número de deputados. Como se isso fosse importante neste momento. O que o PS e os outros deputados dos partidos políticos com lugar (cativo) não falam é de reduzir drásticamente os seus vencimentos, normalizar o tempo de direito das suas reformas ao estrito regime geral (mais de 20 anos) em vez dos três mandatos (12 anos) a que sistemática e gananciosamente se alapam. O que fazem eles de tão transcendente para benefeciarem de um regime especial? O que fazem de tão transcendente para receberem centenas de milhares de euros em subsidios inconcebiveis? O que fazem de tão transcente para terem direitos que em países ricos os seus congéneres não têm? E depois admiram-se de os portugueses os considerarem “chulos”? E isso toca a todos, de todos os partidos. Lamentavelmente consideram deste modo os deputados, ponto final.
 
É certo que mesmo apesar da crise não vimos sair da parte dos partidos políticos com assento na Assembleia da República proposta que se traduza na vontade de terminar com a rebaldaria dos vencimentos e (principalmente) com as enormes mordomias sugadas pelos deputados e outros que até como funcionários usam e abusam do benefício de ali se instalarem priveligiadamente à custa dos sacrificios dos portugueses. Então, se isso não se vê, nem disso falam, porque razão vem agora o PS (antes foi o PSD) falar na redução de deputados (de 230 para 180)? Que o façam, se acaso for garantida a presença representativa de pequenos partidos e não que a proosta tenha em vista de os expulsar através dessa manha (que é o que têm por objetivo). Contudo, reforma por reforma, que também incluam a abolição de mordomias inconcebiveis, imorais, inadmissiveis. Só assim poderão deixar de serem considerados “chulos”, “vampiros”, salafrários”. Que é o que mais se diz pelo país inteiro. Ainda mais agora que a miséria e a fome alastra desmesuradamente por Portugal.
 
SEGURO É DIFERENTE DE PASSOS?
 
António José Seguro, secretário geral do partido socialista (PS), deputado, vem da juventude socialista como Passos Coelho é originário da do seu partido (PSD). Muitos outros, dessas juventudes partidárias fáceis, oportunistas e preguiçosas, estão agora no governo ou, pelo menos, em deputados. Para eles tudo tem sido conseguido quase sem esforço. Quando não são deputados ou do governo saltitam entre aberrantes “tachos” que lhes proporcionam dinheiro fácil e até “canudos de doutores”. Isso é voz corrente. Isso é o que de vez em quando transparece e é ligeiramente divulgado em orgãos de comunicação social. Não serão todos esses jovens mas são os que são e nem fazemos ideia. Como num cesto com maçãs, se uma apodrece e deixamos por lá ficar sabemos que todas as outras apodrecem num ápice. É essa a ideia e algumas provas que os portugueses têm sobre os atuais políticos. E então? Seguro é diferente de Passos? Será? Até agora ainda não deu provas. O que tem mostrado é que usa a estratégia de passar pelos intervalos da chuva com avanços e recuos tão mal teatralizados que não inspira confiança nem credibilidade. Seguro tem de fazer mais, muito mais, para ser diferente de Passos? Mais e muito melhor. Tem de ser verdadeiro e autêntico. Tem de ser socialista para além de democrático, honesto e justo. Não o está a ser. Nem sabe sequer cavalgar o descontentamento que grassa pelo país. Ou não quer ou tem medo. Será que toda esta geração das juventudes partidárias gerou cobardes devido à vida fácil que lhes foi proporcionada? É o que parece.
 
ANTÓNIO COSTA, OUTRO QUE TAL?
 
No passado dia da comemoração da República, 5 de outubro, Portugal assistiu ao medo de Cavaco Silva, de membros do governo e outros políticos, em cumprirem os seus deveres: comemorarem com os portugueses os 102 anos da República. Refugiaram-se entre paredes como ratos de esgoto que temem a imperiosa desinfestação, revelando consciências pesadas e a cobardia de não conseguirem superar o medo que os assola. Medo de vaias pelos seus péssimos desempenhos. Tanto medo que, de cabeça perdida, até hastearam a bandeira de Portugal ao contrário. Nesse quadro a responsabilidade não pertenceria só a Cavaco Silva mas sim a todos os presentes que constataram que a bandeira estava ao contrário mas não tiveram sequer a coragem de abortar a operação e repetir o hastear de modo correto. Era o minimo que se lhes exigia. Mas disso já se falou quanto baste.
 
Os discursos em círculo fechado foram de conveniência para os que o fizeram. Cavaco Silva fugiu às preocupações mais recentes dos portugueses e optou por abordar o desmantelamento do serviço nacional de educação. Atitude tipica de quem anda sempre a refugiar-se em tabus, falsidades ou cobardias. António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e anfitrião da cerimónia, considerou que era tempo de fazer o discurso da oposição ao governo e à liderança do Partido Socialista. Foi um bom discurso mas sem consequências que não sejam as de que se perfila para se abalançar às eleições presidenciais (mais cómodo) se escapar a ter de avançar como lider do seu partido (PS) e eventual primeiro-ministro – afastando Seguro.
 
Costa é ainda um político com credibilidade. Não se conhece nele falta de coragem, de discernimento e de sabedoria para aglutinar e liderar várias tendências políticas que julga serem úteis para os interesses de objetivos que se têm mostrado transparentes e de sucesso. António Costa será um dos mais bem colocados do Partido Sopcialista para liderar a oposição a este governo mas aguarda, aguarda e aguarda. Espera o seu timing perfeito… enquanto Portugal e os portugueses definham. Poderemos ver tal comportamento como quem olha para o seu umbigo, seus interesses e interesses partidários? É o que se vê e se lê através do seu comportamento.
 
Mais grave ainda foi que ficámos a saber que António Costa também mente. Outro que tal? Mais um deliberado mentiroso? Foi o que demonstrou em 5 de outubro quando reporteres o questionaram das razões de as comemorações acontecerem dentro de um edificio em modo escondido e reservado. Costa respondeu que não. Que até havia ali pessoas do povo a assistir… Havia, realmente, uns quantos. Duas dezenas?
 
Referiram-lhe que as ruas estavam fechadas ao público. Costa respondeu que não, que a cerimónia era pública e só por poupança fora decidido realizar-se entre paredes e não no exterior e publicamente como acontece há mais de cem anos. Ao dizer que não Costa mentiu deliberadamente. As ruas limitrofes efetivamente estavam fechadas. Foi testemunhado e confirmado por todas os orgãos de comunicação social. Deixaram passar alguns portugueses a conta-gotas só para compôr a trapaça. Era para evitar vaias… Não as evitaram, porque duas mulheres representaram os milhões de portugueses e manifestaram explicitamente e a seu modo o que deve ser interpretado como a revolta, a indignação, dos que só por não terem acesso à Praça do Municipio não fizeram ouvir as suas vozes. E vem agora Cavaco (ainda hoje ao El País) declarar que os políticos devem ouvir a voz do povo. Dito por quem foge do povo sempre que pode e se fecha em Belém é, no minimo, deplorável. Deplorável é igualmente ficarmos a saber que afinal António Costa também mente quase por nada e só para tentar ocultar o que era mais que evidente: que fugiram como ratos de esgoto para dentro de um edificio exatamente para não ouvirem a voz do povo, as vaias, as vozes de sofrimento e revolta mais que justificada. António Costa revelou não perceber que no melhor pano caiu a nódoa e que ele é outro que tal? Portugal já não suporta mais impostos, mais desonestidades, nem mais políticos de pechisbeque.
 
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Portugal: PASSOS COELHO NEGA QUALQUER FAVORECIMENTO À TECNOFORMA…

 


… e garante que nunca pediu favores a ninguém
 
JF - Lusa
 
Porto, 08 out (Lusa) - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, negou hoje qualquer favorecimento à Tecnoforma, empresa na qual foi gestor e consultor, garantindo que nunca pediu favores na vida a ninguém, "nem de ordem política nem de ordem profissional".
 
Segundo notícia avançada hoje pelo jornal Público, entre 2002 e 2004, 26 por cento das candidaturas aprovadas a empresas privadas no âmbito do programa Foral coube à Tecnoforma, empresa de formação de que Passos Coelho foi consultor e gestor, sendo na altura Miguel Relvas o responsável político pelo programa enquanto secretário de Estado da Administração Local do Governo de Durão Barroso.
 
"Não existe na minha vida como gestor de empresas nada que seja objeto de censura ou que tenha envolvido do ponto de vista ético qualquer favorecimento para as empresas por onde passei", respondeu o primeiro-ministro aos jornalistas, no Porto, quando questionado sobre esta notícia.
 
Passos Coelho garantiu que "nunca" pediu favores na sua vida a ninguém, "nem de ordem política nem de ordem profissional".
 
"Digo aquilo que disse ao senhor jornalista que escreveu a peça. Não houve qualquer favorecimento da empresa nem quando eu estive a trabalhar como consultor nem como gestor", sublinhou.
 
O primeiro-ministro disse ainda ter tido "oportunidade de falar com o jornalista que fez a peça e de lhe dar toda a informação que era relevante e de colaborar com toda a transparência em todo o seu próprio trabalho de investigação".
 
"Comecei a trabalhar nessa empresa durante o consulado do Eng. [António] Guterres em Portugal e acabei trabalhando nessa empresa como gestor no consulado do Eng. [José] Sócrates à frente do Governo. A relação política entre a evolução dos governos em Portugal e o meu trabalho como gestor não tem qualquer causa e efeito entre ambas", concluiu.
 
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Dilma retoma agenda internacional com possibilidade de ir à Rússia e à França

 


Renata Giraldi, Repórter da Agência Brasil
 
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff deve passar todo o mês de outubro no Brasil, alternando suas audiências e compromissos públicos entre Brasília e o restante do país. Mas, em novembro, ela retoma a agenda internacional. Dilma examina a hipótese de incluir entre as viagens ao exterior visitas à Rússia e à França, em dezembro, para uma série de discussões. Mas, antes, a presidenta retornará ao Peru, irá à Espanha e à Guiné Equatorial (África).
 
Dilma recebeu convites dos presidentes Vladimir Putin (Rússia) e François Hollande (França) para visitá-los na primeira quinzena de dezembro. A presidenta deve ir aos dois países entre 10 e 12 de dezembro. As datas ainda são avaliadas para adequar as agendas dos governantes.
 
Ex-presidente da Rússia, Putin assumiu como primeiro-ministro e depois foi eleito, em março, como presidente da República mais uma vez. Hollande foi eleito em meio a expectativas ao derrotar o então presidente Nicolas Sarkozy e estabelecer um novo momento políticos para a França sob o viés socialista.
 
Nas reuniões de Dilma, Putin e Hollande deverão ser abordadas as questões envolvendo Brasil e Rússia, assim como Brasil e França. Porém, também deverão ser mencionadas questões multilaterais, como a crise que atinge a Síria há 19 meses e matou mais de 25 mil pessoas e as discussões sobre o desenvolvimento de programas nucleares, entre outros temas.
 
Antes das viagens à Rússia e à França, a presidenta vai a Cádiz, no Sul da Espanha, de 16 a 17 de novembro, para participar 22º Cúpula Iberoamericana. Ela foi convidada pelo rei Juan Carlos, quando esteve no Brasil, em junho. Depois de 28 e 29 de novembro, a presidenta vai ao Peru.
 
Edição: Talita Cavalcante
 
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Mais de 31 milhões de eleitores elegerão prefeitos em 50 cidades no segundo turno

 

Marcos Chagas, Repórter da Agência Brasil
 
Brasília – No dia 28 de outubro, data do segundo turno das eleições municipais, 31,7 milhões de eleitores, residentes em 50 cidades com mais de 200 mil votantes, retornarão às urnas. Estas pessoas residem em 17 capitais e 33 municípios.
 
O Democratas perdeu espaço nessas eleições. Não fosse a disputa em Salvador (BA), terceiro colégio eleitoral entre as capitais, com 1.881.554 votantes, o DEM teria se igualado a pequenas legendas. Além de Salvador, disputará disputará o segundo turno em Vila Velha (ES) e Londrina (PR). O DEM elegeu, em primeiro turno, o prefeito de Aracaju (SE), João Alves Filho.
 
PT, PMDB e PSDB demonstraram a força de seus partidos tanto nas capitais quanto nos maiores municípios. O PT vai para o segundo turno em cinco capitais, entre elas Salvador (BA) e 17 outras cidades do interior. O partido disputará em confronto direto com o PSDB o comando de São Paulo, capital com o maior número de eleitores (8.619.170 votantes).
 
O PSDB, principal partido de oposição, além de ter a oportunidade de eleger o prefeito de São Paulo, disputará em segundo turno o comando de outras 15 prefeituras – seis capitais e nove municípios do interior com mais de 200 mil eleitores.
 
O PMDB, um dos maiores do país desce sua criação, reelegeu em primeiro turno o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, segundo maior colégio eleitoral com 4.719.607 votantes. Os peemedebistas disputarão o segundo turno em Campo Grande (MS), Natal (RN) e Florianópolis (SC), além de outras 13 grandes cidades do interior.
 
O PSB, reelegeu Márcio Lacerda para mais quatro anos de administração de Belo Horizonte (MG), quarta capital com maior número de eleitores, com 1.860.172 votantes. Os socialistas disputarão o segundo turno em Fortaleza (CE), Cuiabá (MT) e Porto Velho (RO) e em outros três municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
 
O PSD, que participou de seu primeiro teste eleitoral depois da sua criação, vai para o segundo turno em Florianópolis (SC) e outras quatro cidades do interior nas regiões Sul e Sudeste. O partido foi criado em uma articulação que envolveu o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e lideranças políticas de diferentes legendas, como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, principal expoente do PSB. Para o novo partido migraram políticos com e sem mandatos de várias outras legendas, principalmente do DEM.
 
O PDT disputará o segundo turno em Curitiba (PR), Natal (RN) e Macapá (AP), além de outros cinco municípios do interior. Desses, três são do Rio de Janeiro, estado onde a legenda tem um forte desempenho. O PP irá concorrer em quatro cidades com mais de 200 mil eleitores, entre elas, a capital Campo Grande (MS).
 
O PTB é outro partido de tradição eleitoral que saiu fraco das urnas. Para o segundo turno, concorrerá apenas em Teresina (PI) e Santo André (SP). O PCdoB terá candidatos em Manaus (AM) e outros três municípios. O PPS e o PR também concorrerão com três candidatos no segundo turno. O PPS disputará a prefeitura de Vitória (ES) e dois municípios e o PR outros três municípios do interior.
 
O PSOL tem candidatos nas capitais Belém (PA) e Macapá (AP), mas não concorre em cidades do interior. Outros partidos que disputarão o comando de capitais figuram o PSC, em Curitiba (PR); o PTC, em São Luís (MA); o PV em Porto Velho (RO), além do município paulista de Diadema. O PRB pode ganhar em Montes Claros (MG) e o PRTB em Belford Roxo (RJ).
 
Edição Beto Coura
 
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Angola: SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA

 

José Ribeiro – Jornal de Angola, opinião, em A Palavra ao Diretor
 
O regime democrático só sobrevive num clima de paz e estabilidade, por isso os angolanos fizeram tantos sacrifícios para conquistá-la. Sem liberdades não existe democracia, sobretudo a liberdade de expressão. A circulação da informação e a divulgação do pensamento tornam os cidadãos mais livres e mais sábios.

Os países só progridem quando são livres. O Estado de Direito garante a harmonia, atenua os conflitos sociais, promove a responsabilidade e protege os mais desfavorecidos. Este é o rumo seguido em Angola e uma parte importante do percurso está percorrida.

O problema mais difícil de resolver nas democracias é o da segurança, porque é preciso ao mesmo tempo garantir as mais amplas liberdades e dar segurança. Todos sabemos que nas sociedades livres há sempre quem se aproveite da democracia para fazer passar projectos anti-democráticos, anti-sociais e criminosos, que põem em causa a paz, a estabilidade, a liberdade e a justiça social. Sem segurança, a democracia e a economia entram em risco de colapso de uma forma irremediável.

Temos um exemplo recente e que deve servir de paradigma para os próximos anos. As forças da ordem pública deram uma contribuição inestimável para o sucesso das eleições gerais. Milhares de agentes da Polícia Nacional garantiram a ordem pública, a segurança dos cidadãos e sobretudo dos protagonistas políticos. Mesmo quando foi artificialmente criado um clima de crispação por alguns agentes políticos, a segurança impôs-se à violência e à desordem fomentada. A maioria do eleitorado viu os seus candidatos serem vítimas de ataques e acusações. Algumas empresas privadas que trabalham honestamente e garantem milhares de empregos também foram visadas. Com o lançamento do fantasma absurdo da ameaça do estrangeiro, alguns agentes políticos provocaram a intimidação ao investimento, pondo em risco a paz social. Mas a Polícia Nacional foi capaz, mesmo nesses momentos, de garantir a segurança, a paz e a tranquilidade pública.

Antes de falarmos em democracia, temos de garantir que existem condições de segurança, para que em todas as circunstâncias exista paz social. A democracia e a estabilidade dão-se mal com a desordem e a confrontação. O regime democrático defende o primado das mais amplas liberdades e essa é a sua grande vulnerabilidade, porque está sujeito a golpes de oportunistas que podem ser fatais.

Um exemplo. Até agora ninguém conseguiu pôr o povo angolano contra aqueles que conduzem com legitimidade os destinos do nosso país. Mas as redes de imigração ilegal e descontrolada que pelos vistos se estão a instalar, podem conduzir a um desastre. Neste momento, pela dimensão dos números que circulam, já podemos falar de redes de tráfico de seres humanos de vários países do continente para Angola, a fim de desestabilizarem o país.

A Polícia Nacional e os outros órgãos de defesa e segurança fazem tudo para estancar esse tráfico. Mas quando é anunciado que no Bengo foram detidos 40 imigrantes ilegais, pode muito bem acontecer que ao mesmo tempo tenham entrado 4.000 pelas fronteiras de Cabinda, do Zaire, do Uíge, de Malange, das Lundas, do Moxico, do Kuando-Kubango ou do Cunene. É assim que acontece com as redes do tráfico de drogas. Sem segurança, a democracia sucumbe e a estabilidade é posta em causa. Por isso, é preciso apoiar as forças de defesa e segurança neste combate ao crime, porque do seu sucesso depende a estabilidade e a democracia.

Outro exemplo que ajuda a compreender os problemas de segurança é o trânsito em Luanda. Esta afirmação está longe de ser um exagero. Nunca vimos tanta anarquia nas ruas da capital. A esmagadora maioria dos condutores não respeita as regras mínimas do Código de Estrada nem de decência. Entre os casos mais graves estão os motoqueiros. Para eles não há qualquer regra. Circulam em sentido proibido ou nos passeios, nunca param nos semáforos, isso nas barbas dos agentes da polícia, e nada lhes acontece. Se continuar, a desordem no trânsito fica irreversível.

Os que violam as elementares regras de trânsito estão a criar graves problemas de segurança. Basta analisar os números das vítimas das estradas, onde se destacam os atropelamentos dentro de grandes cidades como Luanda.

A Polícia Nacional já prestou inestimáveis serviços à democracia e ao país. O seu desempenho nas eleições gerais foi notável e digno de todos os elogios. Mas temos de pedir aos seus responsáveis que actuem contra os que querem fazer da condução automóvel nas cidades nacionais, uma tentativa de homicídio. Não pode haver contemplações com os que atropelam as regras do trânsito rodoviário e põem em risco as suas vidas e as dos outros. Este é também um problema de segurança. E quando assim é, é preciso ver como acabar com isso.

Angola - Kwanza-Sul: Falta de água e de electricidade aguardam novo governador

 


Fernando Caetano – Voz da América
 
A redução do caudal do Rio Kwanza está na origem da agudização dos problemas.
 
Na província do Kwanza-Sul problemas crónicos de falta de água e de electricidade aguardam o novo governador Brito Teixeira.

A expectativa cresce entretanto no seio da população local acerca da problemática da água imprópria que está sendo consumida e da falta de luz eléctrica por causa do abaixamento do caudal do rio Kwanza.

Hélio Machado Lafayette valorizou a intenção do executivo angolano por forma a mudar-se o quadro sombrio que a província apresentava e destaca as grandes preocupações:

«No que diz respeito ao fornecimento de água nós esperamos desde já que seja de facto uma realidade porquanto nós temos estado a viver grandes preocupações com relação a água e fundamentalmente aqui na cidade do Sumbe ou pra não dizer mesmo na província do Kwanza-Sul. Com relação ao relançamento da indústria para apoio ao empresariado nacional nós pensamos que isto vai trazer uma mais-valia para o país no seu todo porque vai nos tornar em simples palavras, auto-sustentáveis e consequentemente diminuir a fome e a pobreza que mitos angolanos ainda vivem».

O administrador do município, Sebastião Daniel Neto, disse haver no pronunciamento do chefe do executivo angolano idoneidade e seriedade para que os problemas que os angolanos ainda enfrentam tenham solução imediata:

«São factores fundamentais para o desenvolvimento de um país e consequentemente para a melhoria da qualidade de vida das populações. Este é o maior objectivo do executivo angolano liderado por sua excelência o senhor presidente da República o engenheiro José Eduardo dos Santos que tem estado nos últimos tempos a fazer tudo para que de facto este país atinja os níveis de desenvolvimento que satisfaçam os anseios das populações. Nós sabemos que a nossa população é maioritariamente camponesa vive no meio rural e, o meio rural necessita de uma especial atenção sobretudo no melhoramento das condições de água porque é um dos factores fundamentais das doenças que matam as nossas populações, de energia eléctrica sobretudo no relançamento da indústria em Angola».

Kwanza-sul aguarda do novo governador soluções imediatas e sérias na resolução do problema da água, luz eléctrica e no relançamento da indústria para combater a fome e a pobreza.

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Angola: “HÁ GENTE A MORRER DE FOME NA HUÍLA” - bispos

 


Teodoro Albano – Voz da América, com foto
 
Focos de fome em quase toda a província, em especial a zona sul da região particularmente o município dos Gambos
 
LUBANGO — Há gente a morrer de fome na Huíla. A denúncia é da igreja e vem do vigário da Sé Catedral do Lubango, Jonas Pacheco.

O sacerdote católico aponta focos de fome em quase toda a província, mas destaca a zona sul da região particularmente o município dos Gambos.

Jonas Pacheco alerta sobre a necessidade se prestar com urgência ajuda a estas zonas.

“É preciso socorrer urgentemente essas pessoas sobretudo no município dos Gambos e na área do leste e mesmo no norte da província há alguns municípios onde há gente que está a passar mal”.

A associação dos criadores tradicionais de gado nos Gambos na voz do seu líder confirma casos de fome na região, apesar de não apontar situações de mortes.

João Fernando Tchihetekei cita as áreas mais recônditas do município onde o flagelo da fome é uma realidad.;

“A nível municipal dos Gambos a partir da zona sul que é na Taka onde existe as etnias Muhakahona tanto no Simo onde existe os Mukubais na área do Pokolo a área do Panguelo a área do Tchiku são as áreas mais afectadas e as pessoas estão mesmo carentes”.

As autoridades da província ainda não se pronunciaram sobre assunto embora tentativas efectuadas pela Voz da América.
 

Timor-Leste: US NAVY À VISTA, REPRESAS EM DÍLI, ESTUDANTES ESTAGIAM NO TERRENO

 


Timor-Leste e Estados Unidos realizam exercício militar conjunto
 
08 de Outubro de 2012, 14:45
 
Díli, 08 out (Lusa) - As Forças Armadas de Timor-Leste e os fuzileiros e a marinha dos Estados Unidos iniciam na quarta-feira um exercício militar conjunto com o objetivo de reforçar as relações entre os dois países.
 
Em comunicado à imprensa, divulgado na sua página no Facebook, a embaixada dos Estados Unidos em Díli explica que o exercício, denominado Crocodilo 2012, vai durar sete dias e as duas forças militares vão treinar e realizar atividades comunitárias em conjunto para reforçar as relações entre os dois países.
 
O exercício pretende também reforçar as capacidades das forças de defesa timorense para operações conjuntas, nomeadamente ao nível da polícia militar, aviação, cenários de planeamento específicos e manuseamento de pequenos botes.
 
"Estes treinos são uma oportunidade para partilhar conhecimento, estabelecer relações pessoais e profissionais e fortalecer a nossa parceria civil e militar com Timor-Leste", afirma, no comunicado, a embaixadora norte-americana, Judith Fergin.
 
No comunicado, a embaixadora norte-americana refere também que aquele tipo de exercício melhora a segurança no Pacífico, que é um interesse de Timor-Leste, dos Estados Unidos e dos vizinhos da região.
 
No âmbito do Crocodilo 2012, vai ser oferecida assistência médica e dentária aos cidadãos timorenses e várias equipas vão colaborar em projetos de construção e reabilitação.
 
O exercício vai decorrer em Díli, Metinaro, Manatuto, Hera, Liquiçá, e Baucau.
 
Para a realização do Crocodilo 2012, os Estados Unidos deslocaram para Timor-Leste três navios.
 
MSE // FV.
 
Luís Represas atua a 19 de outubro em Díli
 
08 de Outubro de 2012, 21:50
 
Díli, 08 out (Lusa) - O músico português Luís Represas vai dar a 19 de outubro um concerto em Díli, Timor-Leste, para a angariação de fundos para o Sport Díli e Benfica, disse hoje o presidente daquele clube desportivo, Fernando da Encarnação.
 
Fernando Encarnação explicou que a ideia foi apresentada pelos elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR) destacados em Timor-Leste e pela organização não-governamental para a lusofonia Karingana Wa Karingana.
 
"Por sugestão da GNR surgiu a possibilidade de se contactar o Luís Represas para vir dar um espetáculo em Timor-Leste e o Sport Díli e Benfica aparecer como o beneficiário desse espetáculo", disse.
 
Segundo Fernando da Encarnação, o concerto foi possível na sequência de uma conjugação de esforços entre o clube desportivo e a Karingana Wa Karingana, que chegará brevemente a Díli para a entrega de um donativo em livros, que arranjaram patrocinadores para a viagem e espetáculo do artista.
 
O espetáculo custa 50 dólares (38,5 euros) com jantar e os bilhetes podem ser adquiridos através do Sport Díli e Benfica ou no Hotel Timor, onde vai decorrer o concerto.
 
Luís Represas é o autor da música "Timor", que se tornou nos anos 90 num símbolo da independência e paz no território.
 
MSE // HB
 
67 estudantes da UNTL fazem estágio no distrito de Manatuto
 
08 de Outubro de 2012, 12:01
 
Sessenta e sete estudantes da Faculdade de Economia da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) estão a fazer um estágio no distrito de Manatuto e, de acordo com plano irá ter a duração de dois meses.

Neste momento estão distribuídos por todos os sucos existentes no referido distrito, informa a CJITL. O coordenador geral do estágio, Jerico Modahunu da Costa Ximenes disse que do total dos estagiários, 39 são raparigas e 28 rapazes.

Este estágio vai demorar dois meses. Jerico sublinhou ainda que esta actividade de estágio é obrigatória. Todos os estudantes devem participar a fim de capacitar e melhorar o seu trabalho nas áreas adminitrativas e desenvolvimento da economia.

Na mesma ocasião o CDO do sub-distrito de Manatuto Vila, Francisco Correia afirma que anualmente o seu distrito de Manatuto sempre recebe os estudantes estagiários.

E neste momento irá colocá-los para o distrito de Manatuto vila, nomeadamente para os sucos de Aiteas, Sau, Ma’abat, Ailili e Ilheu.

SAPO TL com CJITL

*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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PM comanda operações ultra-secretas de navios ancorados ao largo de São Tomé

 


Abel Veiga - Téla Nón
 
A denúncia é grave e vem do Secretariado Permanente do MLSTP/PSD. Há alguns meses que todos os são-tomenses têm visto navios enormes a circularem ou a estacionarem ao largo da ilha, sem que as autoridades dessem uma explicação oficial ao público.
 
O maior partido da oposição diz que está na posse de informação que provam a denúncia que faz. «O Secretariado permanente do MLSTP/PSD está na posse de informações que dão conta da presença de navios, nas imediações da costa portuária do nosso País, efectuando operações ultra secretas, sem que as autoridades competentes tenham informações sobre os objectivos e os tipos de mercadorias transacionadas por estas embarcações» diz o MLSTP.
 
O partido da oposição, é contundente na acusação do Primeiro-ministro Patrice Trovoada como sendo o comandante das operações ultra-secretas. «O que se apurou é que trata-se de uma operação comandada diretamente pelo Primeiro-ministro e Chefe do Governo que tem estado discretamente á bordo dos respectivos navios», garante o MLSTP.
 
O MLSTP faz recordar que São Tomé e Príncipe é um micro Estado insular, vulnerável aos novos flagelos de pirataria, tráfego de estupefacientes, branqueamento de capitais, tráfego de menores, que não podem compadecer com acções governativas que facilitam o recrudescimento da criminalidade ao invés de um combate sério para persuasão destes males.
 
Para o MLSTP transparência não faz parte do vocabulário do Governo de Patrice Trovoada, e dá exemplos que comprovam o que diz. «O Governo do Sr. Patrice Trovoada insiste num modelo de Governação obscuro, despótico e prepotente furtando-se sistematicamente das obrigações exigidas por lei, de prestação de contas e de esclarecimentos aos demais órgãos de Soberania. O MLSTP/PSD tem conhecimentos que nenhum dos órgãos de Soberania tem informações de acordos bilaterais recentemente assinados com a República da Geórgia que envolveu supostas contrapartidas financeiras e que as autoridades financeiras do Pais desconhecem», precisa o MLSTP.
 
A bandeira da transparência terá sido arreada do Palácio do Governo são-tomense. O debate das questões fundamentais do país ou para prestação de contas, nunca mais tiveram lugar na Assembleia Nacional. De repente São Tomé e Príncipe, evolui para um estado em que ninguém sabe o que acontece e como acontece.
 
O MLSTP acrescenta mais exemplos para demonstrar que a governação está nublada. «Os relatórios de execução financeira não são apresentados á Assembleia Nacional, nem ao Tribunal de Contas. O envolvimento pessoal do Chefe do Governo e dos seus ministros nos casos sob a alçada da Justiça, prova a ingerência do executivo no sistema judiciário», destaca o MLSTP.
 
Há mais exemplos, que provam a morte da transparência. «A concessão de vantagens aos empresários amigos do Primeiro-ministro como é o caso da lota de peixe, um investimento que custou ao País cerca de cinco milhões de euros, entregue de maneira obscura a uma empresa, sem quaisquer formalidades, bem como de qualquer instrumento de fiscalização e controlo que se consubstancia numa violação grosseira à Lei das licitações e contratações Públicas. Embora o negócio tivesse sido alvo de um Inquérito parlamentar, até a presente, o Governo não se dignou em remeter à Assembleia Nacional as informações exigidas pelos Deputados», conclui o MLSTP.
 
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