terça-feira, 12 de março de 2013

HOLOCAUSTO, DÍVIDA E ALEMÃES

 


Pedro Bidarra – Dinheiro Vivo, opinião
 
O perdão é a dívida da Alemanha. É bom lembrar e, já agora, cobrar
 
Quis o destino que eu lesse, na semana passada, dois textos sobre o mesmo assunto. Textos que junto aqui porque foram feitos um para o outro. Se acharem demagogia ou mau gosto juntar holocausto e economia, culpem o destino que os emparelhou no meu stream noticioso.
 
Um li no Público, “Milagre económico alemão teve ajuda de perdão de dívida”, o outro no New York Times, “The Holocaust just got more shocking”. O Público relembra-nos que, em 1953, setenta países perdoaram a dívida alemã acumulada antes e depois da guerra – e que ajudou a financiar. O montante do perdão equivaleu a 62,6% da dívida, tendo sido também acordados valores de juro abaixo do mercado e uma amortização, da dívida e do juro, limitada a 5% do valor das exportações.
 
(Espero que estes valores, que li no Público, estejam certos que eu é mais Ciências Sociais e História).
 
Para conseguir este perdão, continua o artigo, foi decisiva a pressão dos EUA e o assentimento dos outros dois membros da troika da altura: França e Inglaterra.
 
Já o New York Times dá conta de outros números e de uma contabilidade mais negra. Os números são apresentados pelos investigadores e historiadores do Holocaust Memorial Museum. Segundo eles, durante o reino de terror nazi, de 1933 a 1945, os alemães implementaram, da França à Rússia, uma rede de 42.500 campos de terror. Quando esta investigação começou, no ano 2000, estimava-se que o número andasse pelos 7 mil, mas a História veio a revelar-se seis vezes mais negra. A contabilidade é esta: 30 mil campos de trabalho escravo, 1150 guetos judaicos, 1000 campos de prisioneiros de guerra, 980 campos de concentração, 500 bordéis de escravatura sexual e mais uns milhares de sítios dedicados à eutanásia de velhos e doentes e à prática de abortos forçados.
 
O curioso é que, apenas oito anos depois de toda esta germânica atrocidade, setenta países, encabeçados por uma troika deles, resolveram perdoar 62,6% dívida alemã, reconhecendo que, se assim não fosse, Berlim nunca recuperaria e todos tinham a perder ainda mais.
 
Talvez a explicação esteja no ensaio “Morale and National Character”, escrito pelo antropólogo G. Bateson em 1942, sobre americanos, ingleses e alemães. Diz ele que americanos e ingleses, mais dados a padrões de relacionamento simétricos – um cresce quando o outro cresce e um relaxa quando o outro relaxa – não têm normalmente estômago para “bater em quem já está no chão”; ao contrário dos alemães, mais dados a relacionamentos complementares, do tipo dominação/submissão – quando mais fraco te sentes mais forte me sinto. Segundo escreveu, impor punições à Alemanha implicaria uma dominação constante dos vencedores o que, a médio prazo, resultaria num abrandamento e numa nova escalada alemã.
 
Em 1953, por muitas razões, fez-se o que estava certo. Perdoou-se. Perdoou-se, ao povo que implementou 42.500 campos de terror, o dinheiro que deviam e que tinha sido usado (também) para os financiar.
 
O perdão é a dívida da Alemanha. É bom lembrar e, já agora, cobrar.
 
Publicitário, psicossociólogo e autor
Escreve à sexta-feira
Escreve de acordo com a antiga ortografia
 

Portugal - Seguro: A EUROPA ESTÁ A SER LIDERADA POR GENTE EGOÍSTA

 


Dinheiro Vivo - Lusa
 
O líder do PS, que respondia a perguntas de jovens, criticou os líderes da Europa "da família política do Governo"
 
O secretário-geral do PS afirmou hoje, em Braga, que a Europa está a ser liderada por "gente egoísta" e que é necessária uma "outra Europa", com "competência para resolver os problemas" que cada país não consegue resolver sozinho.
 
No arranque de uma viagem pelo país com o programa "As Pessoas estão primeiro", António José Seguro disse ainda que "julgava impensável" que um primeiro-ministro "em democracia" defendesse a redução do salário mínimo nacional. Para o líder socialista, a afirmação de Pedro Passos Coelho "é inaceitável" e revela "falta de sensibilidade" social.
 
Seguro, que respondia a perguntas de jovens, criticou os líderes da Europa "da família política do Governo", apontando esta liderança da Europa como um entrave. "O problema que nós temos é que a Europa é hoje liderada por gente egoísta, que olha mais para si numa lógica imediatista, sem perceber que, se não trata dos problemas dos outros, no futuro, os problemas lhe vão chegar à sua porta", apontou.
 
Para o líder socialista, "é necessário que a Europa perceba" que são "precisas soluções comuns para enfrentar problemas comuns", por isso, defendeu ser "ponto assente" a necessidade de mudanças. "Precisamos de outra Europa, mas de que outra Europa nós precisamos?", questionou António José Seguro, para depois responder: "Precisamos de uma Europa que tenha competências para resolver os problemas, não os nossos, mas os que cada país individualmente não consegue resolver sozinho", apontou.
 
Já sobre questões de política nacional, o líder socialista acusou o primeiro-ministro de insensibilidade social no que toca à questão da redução do salário mínimo nacional. "Nós propusemos um aumento do salário mínimo nacional e o aumento das pensões mais baixas. Viram qual foi a resposta do primeiro-ministro? Que é contra o aumento do salário mínimo nacional e, se pudesse, até baixava", contextualizou.
 
A resposta de Passos Coelho, acusou Seguro, "expressa falta de sensibilidade social", considerando ainda que esta é uma "posição inaceitável" por parte do Governo.
 

Marinho Pinto pede intervenção de Cavaco com "consequências políticas" contra austeridade

 


SIC - Lusa
 
O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, pediu hoje uma intervenção do Presidente da República, com "consequências políticas", face às medidas do Governo, que "ameaçam os alicerces da democracia", referiu.
 
Aquele responsável falava aos jornalistas na Covilhã, após uma conferência sobre "Democratização da Justiça", na Universidade da Beira Interior (UBI).
 
Marinho Pinto criticou a política de austeridade, classificando-a como "uma ameaça aos alicerces da democracia", porque "não há liberdade com barriga vazia", numa alusão às dificuldades dos portugueses. "Derrubou-se o Governo anterior por querer aplicar medidas de austeridade infinitamente mais pequenas do que aquelas que estão ser aplicadas, por quem garantiu que não o ia fazer", destacou.
 
O bastonário considera a situação "demasiado grave" para que continue "sem que haja consequências políticas", pelo que pede a intervenção de Cavaco Silva."O Presidente da República deve exercer as suas funções e deve fazer respeitar a Constituição e não refugiar-se num palácio e desaparecer da vida pública", salientou.
 
Para Marinho Pinto, "o Governo faz o que quer impunemente com a maioria parlamentar, porque as outras instituições não estão a funcionar como deviam, nomeadamente o Presidente da República".
 
Questionado sobre se está a pedir que Cavaco Silva dissolva a Assembleia da República, o bastonário respondeu que deve dar "pelo menos palavras de esperança" aos portugueses.
 
Portugal "está praticamente sem Presidente da República" e ele "deve atuar", concluiu.
 

Portugal: A POBREZA PODE ACORDAR OS DEMÓNIOS




Fernando Santos – Jornal de Notícias, opinião

Portugal é uma das peças de um dominó europeu cada vez mais desconjuntado. A postura ao tipo "orgulhosamente sós" não faz nenhum sentido e, por isso, não obstante a economia e as finanças nacionais estarem de pantanas e redundarem em mais e mais empobrecimento e flagelo social dos portugueses, manda o bom senso proceder a uma análise interdependente.

Bem acentuada nos números ontem divulgados pelo INE e de acordo com os quais o PIB retrocedeu 3,6%, qualquer coisa como 5 mil milhões de euros, valor superior aos cortes estruturais a marinar, a desgraça portuguesa é preocupante - mas não é única. Sob o jugo de uns eurocratas bem mandados pela capataz alemã, toda a Europa do Sul regride e ao reforço do contingente de mais pobres e mais desempregados só a teimosia e a ignorância não são capazes de perceber: como uma metástase, a crise e a convulsão social tende a espalhar-se e a afetar a (ir)racionalidade dos chamados países ricos.

Tão correto como considerar que pior do que um cego é aquele que não quer ver é também admitir mudanças seguindo o prisma segundo o qual só os burros não mudam de ideias....

Os perigos de implosão da atual Europa avolumam-se - e não se ficam, sequer, pelas sucessivas derrotas dos tecnocratas impostos à Democracia e dos quais o afamado Mario Monti é o mais recente espécimen.

Por se tratar de um especialista em flic-flac, será imprudente valorizar demasiado a carta enviada pelo presidente da Comissão Europeia aos líderes europeus em vésperas de mais uma cimeira. Registe-se, porém, a sua tese de solicitação de mais "reformas estruturais", pedindo atenção às "consequências sociais" da atual crise. Os níveis recordes de desemprego em vários países levam Durão Barroso a enfatizar, entre outras políticas, a necessidade de reforço de decisões que levem à competitividade da economia para que se combata sobretudo a falta de trabalho para os jovens (23,6% na UE, 38,6% em Portugal).

Assim como assim, dispondo os jovens de mais sangue na guelra, terá sido por medo deles que Jean-Claude Junker, em entrevista à revista alemã "Der Spiegel, deixou um alerta para uma eventual guerra no velho continente? Para o ex-líder do Eurogrupo "quem acredita que a eterna questão da guerra e paz na Europa não pode voltar a ocorrer está completamente errado. Os demónios não desapareceram, estão apenas adormecidos".

É avisada a posição de Juncker. Se os líderes europeus persistirem em tratar as pessoas como meros números os tais demónios podem acordar. Será uma chatice. Mas Juncker, uma nódoa de influência nos eurocratas, bem pode juntar-se a outras personalidades, como Cavaco Silva, e clamar por entre uns tiritos: "Eu bem avisei". Já ninguém os ouvirá mas, enfim...

Soares diz que "indignação pode tornar-se violenta" se o Governo ignorar o povo




Jornal de Notícias

O ex-presidente da República Mário Soares considera que a "indignação pode tornar-se violenta", caso o Governo se recuse a ouvir e a agir "como se nada se tivesse passado".

"Ficará o Governo a gozar do silêncio, como fez em 2 de março [dia de protestos em dezenas de cidades em Portugal e no estrangeiro]? Não creio que a sua vergonha vá tão longe. Porque, se assim for, a indignação pode tornar-se violenta", refere Mário Soares num artigo de opinião publicado no "Diário de Notícias", esta terça-feira.

O antigo presidente da República acrescenta que não gostaria nada que tal acontecesse. "Mas quem não ouve e não tem controlo, como o Governo, sujeita-se a tudo", diz.

Mário Soares afirma que "os portugueses não vão esquecer-se, por muito tempo, do 2 de março, um misto de profunda tristeza e enorme desespero", e recorda que o Governo "recusa-se a ouvir os seus compatriotas, sem dizer uma palavra, como se nada se tivesse passado".

O presidente da Fundação Mário Soares lembra ainda que, além de agir "sem ter em conta a sua [do povo] voz", o Governo não ouve "sequer a [voz] do Presidente da República".

No mesmo artigo de opinião, Mário Soares critica ainda o Governo de ser um "fiel da austeridade" e de ignorar "a recessão e o flagelo do desemprego, ao contrário do que prometeu na campanha eleitoral".

Mário Soares considera também que as previsões económicas do executivo, que "têm sempre sido revistas em baixa", "vão continuar a falhar em 2013". "Se o Governo não cair antes, como espero", afirma.

ÁGUAS DE PORTUGAL VAI REATIVAR EMPRESA EM TIMOR-LESTE



MSE – MLL - Lusa

Díli, 12 mar (Lusa) - O administrador das Águas de Portugal (AdP), Álvaro Castello-Branco, disse hoje à agência Lusa que a empresa vai reativar a empresa Águas de Portugal Timor para prestar serviços nas áreas de abastecimento, saneamento e recolha de resíduos.

"As Águas de Portugal têm cá uma empresa que é a Águas de Portugal Timor, que está desativada, e a nossa intenção é reativar a empresa e voltarmos a trabalhar em Timor, quer na área do abastecimento de água, quer na área do saneamento, quer na área do tratamento e recolha de resíduos", afirmou Álvaro Castello-Branco.

O administrador das AdP termina na quarta-feira uma visita a Timor-Leste, que teve início no domingo.

"Achámos que o país já tem condições para que pudéssemos vir para cá e, portanto, o objetivo foi relançar a nossa empresa em Timor e fazer com que a empresa volte a ser uma presença portuguesa e um contributo português para o desenvolvimento do país, que começa agora a ter condições para fazer infraestruturas", acrescentou.

Segundo Álvaro Castello-Branco, a empresa tenciona, "no prazo de um a dois meses", ter um diretor em Timor-Leste para "começar a criar condições para trabalhar".

Durante a estada em Timor-Leste, Álvaro Castello-Branco reuniu-se com vários membros do Governo e com alguns diretores-gerais da administração timorense.

"Fiquei absolutamente surpreendido do ponto de vista positivo, não só com a vontade que os responsáveis timorenses têm para desenvolver o país, mas também com o trabalho já feito no âmbito do planeamento", disse.

A empresa estatal portuguesa está presente em Angola, Moçambique e no Brasil e tem operações no Azerbaijão e Marrocos.

*Mais notícias e opinião sobre Timor-Leste e região circundante em TIMOR LOROSAE NAÇÃO

Ministério Público da Guiné-Bissau procura "rasto" de 9 ME no Banco da África Ocidental




FP – VM - Lusa

Bissau, 11 mar (Lusa) - O Ministério Público da Guiné-Bissau está hoje a investigar o Banco da África Ocidental (BAO) em Bissau, no âmbito de um caso que envolve 9,1 milhões de euros, que a Procuradoria diz terem desaparecido.

Fonte do Ministério Público confirmou à Lusa que estão hoje a ser feitas investigações no banco por causa do dinheiro, que terá sido disponibilizado por Angola a favor do Governo guineense mas que não terá entrado nos cofres do Estado.

"Precisamos de saber se a totalidade do dinheiro ou parte deu entrada no BAO, ou se ficou algum retido no Montepio", banco através do qual o dinheiro teria entrado na Guiné-Bissau, disse a fonte.

A fonte acrescentou que o natural seria o dinheiro ter entrado na Guiné-Bissau via BECEAO, Banco Central dos Estados da África Ocidental, o que não aconteceu. "Pode haver um caso de abuso de poder, ou branqueamento de capitais", disse a fonte.

No mês passado, o antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau José Mário Vaz foi ouvido pelo Ministério Público e chegou a estar detido três dias no âmbito da investigação ao paradeiro desse dinheiro. Está proibido de sair do país sem autorização.

José Mário Vaz era o ministro das Finanças no governo de Carlos Gomes Júnior, que foi deposto pelo golpe de Estado de abril do ano passado. Na sequência do golpe, viajou para Portugal e no regresso à Guiné-Bissau, este ano, foi detido por alegado ilícito fiscal.

Na semana passada, o antigo ministro apresentou a candidatura a líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o partido mais votado nas eleições legislativas de 2008 e que tem congresso marcado para maio próximo.

O antigo ministro negou todas as acusações.

UNITA apresentou queixa-crime na PGR de Angola contra presidente Eduardo dos Santos




NME - EL – APN - Lusa

Luanda, 11 mar (Lusa) - A UNITA entregou hoje na Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana um processo de responsabilização criminal contra o presidente, José Eduardo dos Santos, acusado de ter praticado sete crimes contra o Estado entre 2010 e 2012.

O anúncio foi feito em conferência de imprensa pelo secretário-geral daquele que é o maior partido da oposição em Angola, Vitorino Nhany, após ter entregado a petição na PGR.

Segundo Vitorino Nhany, o documento, com mais de uma centena de provas, indica "sem qualquer dúvida que intencionalmente o Presidente da República traiu a nação angolana, subverteu a independência e a soberania popular e agrediu o fundamento da República".

José Eduardo dos Santos é acusado de ter cometido os crimes de excesso de poder, traição à pátria, sabotagem, falsificação dos cadernos eleitorais e atas de apuramento dos resultados eleitorais, impedimento abusivo do exercício de direitos políticos dos cidadãos, falsificação do escrutínio e uso de documentos falsos.

A UNITA acusa o Presidente angolano de ter criado dois anos antes das eleições gerais de 31 de agosto de 2012 uma "estrutura paramilitar clandestina" encarregue "de facto" da sua organização, colocando à margem desse processo a Comissão Nacional Eleitoral.

"Sob seu comando (PR), esta estrutura falsificou documentos, fez fraudes com os boletins de voto, fraudes com os cadernos eleitorais, fraudes com as atas das assembleias de voto e sabotou o sistema legal de apuramento dos resultados eleitorais, tudo com o objetivo de impedir o exercício da soberania popular e permitir que o indiciado, o candidato José Eduardo dos Santos, exercesse o poder político por formas não previstas nem conformes com a Constituição", acusa a UNITA.

No processo entregue ao procurador-geral da República, são citadas ainda várias figuras do Estado angolano, entre elas o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança da Presidência da República, Hélder Vieira Dias "Kopelipa", o ministro de Estado e chefe da Casa Civil da Presidência, Edeltrudes Costa, o presidente da CNE, André da Silva Neto, o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa e o secretário de Estado para os Assuntos Parlamentares, Adão de Almeida.

"Independente dessas iniciativas, a UNITA vai processar todas estas entidades diretamente nos tribunais competentes", disse Vitorino Nhany, realçando que no fim deste mês vão ser entregues no Tribunal Supremo processos de responsabilização contra Hélder Vieira Dias "Kopelipa", Bornito de Sousa, Edeltrudes Costa e Adão de Almeida.

Os processos contra André da Silva Neto e os demais membros da CNE vão ser entregues em abril.

"Não se trata ainda do processo por crimes de suborno, enriquecimento ilícito, peculato e corrupção. Sobre estes crimes faremos uma outra participação para se abrirem outros processos", disse o dirigente da UNITA, referindo-se a José Eduardo dos Santos.

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que dirige os destinos do país desde a independência, em 1975, foi a formação política mais votada a 31 de agosto, elegendo 175 dos 220 deputados da Assembleia Nacional angolana.

O segundo partido mais votado foi a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que elegeu 32 deputados, seguindo-se a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), com oito deputados, o Partido da Renovação Social, com três, e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com os restantes dois.

POLÍCIA DISPERSA MANIFESTAÇÃO DE VETERANOS DE GUERRA EM MAPUTO




LAS – HB – Lusa – foto António Silva

A Polícia da República de Moçambique (PRM) utilizou hoje um canhão de água para dispersar uma pequena manifestação de veteranos de guerra, junto das instalações onde se reúne o conselho de ministros, em Maputo, e fez detenções.

Algumas dezenas de pessoas, na maioria antigos combatentes, acompanhados por mulheres e crianças, concentraram-se junto do recinto da Feira Popular, em Maputo, a poucos metros do edifício destinado ao primeiro-ministro e onde, às terças-feiras, se reúne o conselho de ministros de Moçambique.

Tal como em concentrações anteriores, os efetivos policiais eram em número superior ao dos manifestantes, mas a ausência, na Austrália, do Presidente da República, que preside ao conselho de ministros, mobilizou menos meios da PRM para dispersar protestos.

No entanto, cerca das 9:30 da manhã (7:30 em Lisboa), um veículo com canhão de água da PRM surgiu no local e começou a dispersar a manifestação com jatos de água.

Logo depois, polícias com capacete e coletes à prova de bala empurraram à força os manifestantes ao longo da avenida 25 de Setembro, na baixa de Maputo, na altura completamente engarrafada com trânsito.

Nos passeios, populares reagiram, moderadamente, com desagrado à violência utilizada e às detenções, no local, de, pelo menos, três manifestantes, recordando o episódio brutal de final de fevereiro na África do Sul, quando polícias daquele país, alegadamente, mataram um taxista moçambicano.

"A atitude da polícia é bárbara e criminosa, porque nós metemos documentos no Conselho Municipal a informar que hoje iríamos marchar", disse à Lusa, Hermínio Santos, líder do Fórum dos Desmobilizados, que organiza as concentrações.

"Vamos continuar a manifestarmo-nos até ao final, porque isto é uma guerra que estarmos a travar em Moçambique para a sua independência total", acrescentou Hermínio Santos.

Os manifestantes, que integram desmobilizados das forças armadas de Moçambique a também da Renamo, reivindicam há anos o aumento das suas pensões e o alargamento do processo a veteranos de guerra que, dizem, ficaram de fora das compensações.

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