terça-feira, 7 de outubro de 2014

O BRASIL QUE SAI DAS URNAS E A AVALANCHE CONSERVADORA



Dojival Vieira* - Afropress, editorial

Só não desisto porque a nós, os lutadores sociais, os que lutamos por transformações profundas nessa sociedade injusta e desigual, nesta República precária construída sob os escombros do escravismo, não resta outra alternativa senão seguir lutando. Temos todos os direitos menos um: o de nos deixarmos abater pelo pessimismo. Mas, que é desanimador é. 

Mesmo ainda tendo pela frente as emoções de um segundo turno entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), é impossível não concluir: a julgar pelas campanhas até aqui, nada nos autoriza a imaginar que o debate se desloque dos temas econômicos de interesse, principalmente, do mercado (taxas de câmbio, meta de inflação, superávit primário etc) para as reformas que vem sendo adiadas no Brasil há pelo menos um século.

O sistema instaurado pela Constituição de 1.988 se esgotou e com ele o modelo de governança iniciado em 1.995, com FHC e continuado pela dupla Lula/Dilma. A maior evidência disso é que completará 20 anos sem ajustar contas sequer com a herança da ditadura militar, que continua ativa na democracia tutelada que herdamos, fruto de uma transição negociada por setores da oposição civil com os militares.

Não há sinais de que propostas concretas para levar adiante as reformas passem a ser o divisor de águas entre as candidaturas em disputa. O provável é que tenhamos a poluição sonora e o mau gosto de uma campanha de baixíssimo nível entre petistas e tucanos, com a busca da descontrução de um e de outro, como aliás, já se prenuncia nas redes sociais.

A estratégia dos primeiros será voltar a década de 90 para comparar com os dois primeiros governos de FHC, e dos últimos, prometer mudanças com o discurso genérico de menos corrupção e mais ética - vejam, que ironia (e que sinal dos tempos!), que isso aconteça como peça de campanha justamente contra o PT, partido que, até há pouco, se apresentava como campeão da ética na política.

De volta ao passado

No caso da eleição desse domingo (05/10), o Brasil que sai das urnas no primeiro turno é um país mais conservador e retrógrado. Em S. Paulo, o campeão de votos para deputado federal, é nada mais nada menos, que Celso Russomano (1.524.361 votos), uma espécie de versão 2.0 de Paulo Maluf, abatido pela lei da Ficha Limpa. Em segundo, o palhaço Tiririca (1.016.796 votos), que na eleição anterior já ocupara a posição de primeiro colocado, o que demonstra que, em termos de mudanças de costumes na política, nossa triste sina é andar para trás.

Para deputados estaduais, a lista de militares - coronéis e majores, principalmente, a "bancada da bala" - delegados e pastores evangélicos eleitos com expressivas votações, mostram que o parlamento paulista está muito mais para púlpitos e quartéis, do que para um espaço de debate e livre circulação de idéias.

Um dos campeões de voto foi o pastor Marco Feliciano, que provocou a revolta e a indignação de negros quando declarou que os africanos “descendem de um ancestral amaldiçoado por Noé”. Mesmo assim acabou na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Feliciano, contra quem foram organizados atos e manifestações por todo o país, simplesmente obteve a votação histórica de quase 400 mil votos (398.087).

A avalanche conservadora é indicadora do retrocesso porque nomes como o do deputado Adriano Diogo (PT), que se apresentou como "um combatente da esquerda", amargaram uma derrota que terá graves e sérias consequências para o movimento dos direitos humanos em S. Paulo.

Com apenas 54.904 votos para a Câmara Federal, presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão da Verdade "Rubens Paiva", da ALESP, Adriano dirigiu por quase dois anos os trabalhos da Comissão, buscando Justiça e punição dos torturadores, que continuam soltos e impunes. Fez do mandato de deputado o porto seguro a quem podiam recorrer, negros, pobres e marginalizados, lideranças dos movimentos sociais, vítimas de violações aos direitos humanos e da violência da polícia. 

Nada disso contou, porém, porque os eleitores paulistas preferiram consagrar Tiririca com votação superior a 1 milhão de votos, e a Russomano, o clone de Maluf, o deputado com maior votação do Brasil.

Extrema direita militar

No Rio, outro campeão nas urnas, foi nada menos que o deputado Jair Bolsonaro com quase meio milhão de votos (464.556). Representante da extrema direita militar no Parlamento, com posições abertamente racistas e homofóbicas, Bolsonaro já anunciou voos mais altos: será candidato a presidência nas eleições de 2.018.

E, por fim, no Rio Grande do Sul, saiu consagrado das eleições de domingo, o deputado Luis Carlos Heinze, a quem a ONG inglesa Survival deu o título de “Racista do Ano”, por suas posições hostis a quilombolas, índios, gays e lésbicas.

A onda conservadora não é recente; vem se consolidando na mesma proporção em que os Governos nos últimos 12 anos se compuseram com os setores mais conservadores da sociedade e adotaram o mantra da governabilidade como princípio, com Sarneys, Malufs e até com Collor, eleito senador em Alagoas, contra a ex-senadora Heloísa Helena - pasmem!!! -, com apoio do PT.

É o caso de questionar, quem são os verdadeiros beneficiários desse tipo de estratégia. O que está evidente é que não são aqueles que lutam por mudanças estruturais e para quem medidas cosméticas para consumo eleitoral ditadas por marqueteiros muito bem pagos, não tem nenhum significado. 

A julgar pelo resultado do primeiro turno, é evidente que a opção dos que trocaram um projeto de país por um projeto de poder, começa a ser rejeitada. Não teria isso a ver com o desinteresse das pessoas pelas campanhas e pelo desprezo pelos políticos, que é crescente?

*É advogado, jornalista responsável e editor de Afropress


Brasil – Eleições: Marina diz que ainda não definiu posição no segundo turno



Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil - Edição: José Romildo

Ainda sem definir qual será o posicionamento no segundo turno das eleições presidenciais, a ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva, disse, em nota hoje (7) que os resultados das eleições refletiram a insatisfação dos brasileiros com as atuais condições do país.

Marina lembrou que os partidos da coligação Unidos pelo Brasil vão se reunir amanhã, em Brasília, para discutir os critérios que irão balizar a escolha do grupo.

De acordo com a ambientalista, o anúncio sobre possíveis apoios será feito apenas na quinta-feira (9), depois que as lideranças dos partidos aliados conseguirem costurar um entendimento sobre o que fazer em relação à disputa pelo Executivo.

Marina Silva disse ainda que respeita as opiniões isoladas de cada partido, dirigentes e líderes, mas ressaltou que essas posições “não refletem em nenhuma hipótese” a sua opinião. Antes do encontro com os partidos da coligação, a ex-candidata explicou que ainda terá de definir com integrantes da Rede Sustentabilidade qual deve ser a orientação nessa nova fase do processo eleitoral.

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Moçambique: Reformas na legislação não garantem segurança total do processo eleitoral




Numa nota que procura identificar a vulnerabilidade de segurança no processo de apuramento de votos, o Centro de Integridade Pública (CIP) alerta que as reformas legislativas operadas nos órgãos eleitorais não são suficientes para evitar possibilidades de manipulação de dados.

A revisão da legislação eleitoral visava a integração de membros de partidos políticos no Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), bem como nas mesas de voto. Apesar da crença generalizada de que essas medidas reduzem as possibilidades de manipulação dos resultados, o CIP aponta para a existência de possibilidades para os chamados “hackers” influenciarem ou capturarem, de forma invisível, uma parte do processo de apuramento.

Nas eleições anteriores, lembra a nota, os “hackers” multiplicaram e diversificaram as tácticas e métodos. O enchimento de urnas eleitorais foi de tal forma que a CNE teve que excluir os resultados de centenas de mesas de voto em 2009 (principalmente em Tete, Gaza e Niassa).

Janela para manipulação de resultados

De acordo com a directiva 2, de 9 de Agosto de 2014, da Comissão Nacional de Eleições (CNE), os presidentes da mesa de voto devem apresentar os editais dos resultados do apuramento parcial “pessoalmente, ou através da forma mais segura” às comissões distritais e da cidade de eleições, num período de 24 horas após o encerramento do processo de votação. Segundo a nota do CIP, esta situação configura uma janela de vulnerabilidade adequada para o “hacker” agir, apesar dos representantes dos partidos e observadores receberem cópias dos editais do apuramento parcial.

A comissão das eleições do distrito/cidade produz o primeiro resultado agregado dentro de 72 horas após o fecho das eleições. Aqui não está prevista.

O País (mz)

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ANALISTAS MOÇAMBICANOS APETENTES POR PROJEÇÃO POLÍTICA?




Em Moçambique, o raciocínio dos académicos moçambicanos face a determinados assuntos é frequentemente associado à sua apetência por projeção política. Esta é uma opinião que os visados contestam.

Nos últimos anos, Moçambique vive momentos marcantes de debate público sobre assuntos importantes do país, com a sociedade civil, académicos e intelectuais a assumir um papel de destaque.

A par deste cenário, um fenómeno, para muitos fora do comum, tende a emergir com a adesão de respeitados académicos e analistas a cargos, direta e indiretamente, ligados à atividade política.

Do ano passado a esta parte, pelo menos seis académicos, analistas e jornalistas assumiram responsabilidades políticas e outros exercem-nas de forma indireta, através de opiniões públicas que muitas vezes favorecem os seus partidos políticos.

Adriano Nuvunga, do Centro de Integridade Pública (CIP), considera que o cenário pode contribuir para o retrocesso do país, "porque os académicos são a massa crítica, a massa pensante, e, por causa de pão e manteiga, ficam limitados. Isso, na verdade, corta a possibilidade de um debate público crítico."

O outro lado da moeda

Venâncio Mondlane, analista político e agora membro sénior do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), concorda com o perigo que esta tendência representa, mas afirma que continua a escrever de forma independente.

"Tive outros textos também que escrevi. Alguns até achavam que eu devia ter consultado primeiro o presidente e eu acho que não há necessidade. Eu sou colunista, sou analista e não vou deixar de sê-lo porque hoje estou no MDM," revela.

Mondlane acredita que é possível ser bom político e académico, simultaneamente. Mas, considera, "a única restrição que existe, falando de forma sincera, é nos momentos da campanha eleitoral. Às vezes, agimos mais por convicção. Mas fora isso, é possível. É possível, é desejável e é assim que tem que ser."

Entretanto, Adriano Nuvunga discorda desta posição. Para o representante do CIP, "ou você é académico e mantém-se numa área que te permita desempenhar isso. Ser político significa tomar partido daquilo que é o jogo político. Só o fato de você dizer que não, ‘eu sou dos verdes’, significa que você, tudo quanto fala, é naquela matriz de ver o mundo dos verdes."

Novas tendências

Mas como explicar a razão desta tendência? De acordo com o sociólogo João Miguel, ocampo político tornou-se um lugar atrativo "por causa das condições que este tem estado a oferecer que, na maioria das vezes, são algumas condições que são um pouco diferentes das outras áreas. Neste sentido, o campo político acaba se tornando um lugar de atração, por parte dessas pessoas que deveriam hostentar esse sentido crítico."

Para resolver o dilema, diz o sociólogo, seria necessário se "criar condições para que a academia seja um lugar atrativo, para que de fato aqueles que têm vocação para a área académica possam de fato fazer a sua missão com alguma isenção, com alguma objetividade e cientificidade."

João Miguel considera que a massa intelectual moçambicana perde referências, com a aparente fraqueza deste grupo face às pressões e tentações do poder político, mas refere que observa-se a emergência de novas mentes, de novas possibilidades que vão enriquecer o debate. "Até porque, hoje em dia, nós temos um espaço público a partir das possibilidades tecnológicas. Tem havido um espaço onde muitas vozes têm estado a circular, muitas pessoas têm estado a apresentar as suas opiniões diferentes,” revela. “Então, eu acredito que o contraditório, o diferente, ainda é possível, sim," conclui.

Se a nova geração de analistas e académicos de Moçambique pode ser a salvação para a promoção de um debate público franco e isento, as nossas fontes consideram também importante a definição e implementação de estratégias claras que estimulem o desenvolvimento da massa crítica sem influências partidárias.

Ernesto Saul (Maputo) - Deutsche Welle

Xanana participa no aniversário das Forças de Defesa da Indonésia e Fórum da Democracia




O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, viajou hoje para a Indonésia para participar no aniversário das Forças de Defesa indonésias e no Fórum da Democracia de Bali.

Segundo o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação timorense, Constâncio Pinto, que acompanha Xanana Gusmão, o primeiro-ministro viaja ainda hoje para Surabaya para participar terça-feira nas cerimónias de aniversário das Forças de Defesa da Indonésia.

De Surabaya, Xanana Gusmão, segue para Bali para participar, entre sexta-feira e sábado, na sétima edição do Fórum da Democracia de Bali, dedicado ao tema do "Desenvolvimento Regional da Arquitetura Democrática; a dinâmica do desenvolvimento político, o progresso socioeconómico e a participação pública no processo democrático".

O Fórum da Democracia de Bali é realizado pelas autoridades indonésias desde 2008 e tem como objetivo promover e incentivar a cooperação regional e internacional para a manutenção da paz e democracia através do diálogo e da partilha de experiências.

No encontro de Bali, o Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, vai realizar a sua última participação enquanto chefe de Estado, funções que cessa no próximo dia 20 quando entregar a Presidência do país a Joko Widodo, vencedor das eleições e antigo governador de Jacarta.

Além do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros acompanham o primeiro-ministro, o secretário de Estado da Defesa, Júlio Tomás Pinto, o Chefe de Estado-Maior General das Forças de Defesa timorense, general Lere Anan Timur.

Diário Digita com Lusa - ontem

TIMOR-LESTE E JAMAICA ESTABELECEM RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS




Díli, 06 out (Lusa) - Timor-Leste e a Jamaica assinaram uma Declaração Conjunta para estabelecerem relações diplomáticas, anunciou hoje em comunicado à imprensa o Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.

"O objetivo comum para o estabelecimento de relações diplomáticas é o de reforçar os laços de amizade entre as duas nações, encetando relações de cooperação nas áreas diplomática, política, económica e humanitária", afirmou, citado no comunicado, o chefe da diplomacia timorense, José Luís Guterres.

Segundo o comunicado, o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países ocorreu em Nova Iorque, Estados Unidos, durante a 69ª Assembleia-Geral da ONU.

No documento, Timor-Leste afirma estar "pronto e disponível para desenvolver relações de cooperação bilateral positivas com a Jamaica", que dependente economicamente da produção de café e turismo.

MSE // JCS - Lusa

China: Plano de salvaguarda do centro histórico de Macau vai estar pronto em 2015




Macau, China, 07 out (Lusa) - O Governo de Macau inicia sexta-feira os trabalhos do plano de salvaguarda e gestão do centro histórico, que promete concluir em 2015 embora sem garantir que cumpra o prazo estabelecido pela UNESCO, a 1 de fevereiro.

Em 2013, a UNESCO considerou que o plano de gestão em vigor para centro histórico local era "insuficiente para a sua proteção eficaz" e exigiu que um novo plano fosse apresentado até 1 de fevereiro de 2015.

Hoje, o Governo local anunciou o início dos trabalhos: a partir de sexta-feira começa a primeira fase de uma consulta pública, que decorre até 8 de dezembro, seguindo-se uma segunda fase de auscultação. Só depois será realizado um plano pormenorizado.

Por agora, o Executivo afirma que "todo o trabalho estará pronto no próximo ano", mas não se compromete com a meta estabelecida pela UNESCO.

A 1 de fevereiro, o organismo internacional deve receber um relatório dando conta do ponto da situação, mas não é garantido que nessa altura seja entregue o plano final que solicitou.

"Foi decidido que o Governo tem de apresentar um relatório até 1 de fevereiro de 2015 com o ponto da situação. [Será entregue] o mais tardar até essa data", afirmou o presidente do Instituto Cultural, Guilherme Ung Vai Meng, durante a apresentação do plano preliminar.

Na primeira fase da consulta, o Governo indica um conjunto de objetivos que pretende atingir, questionando a concordância ou não da população, ainda que em sentido amplo.

Em aspetos como a altura dos edifícios no centro histórico, o documento não é específico mas Guilherme Ung Vai Meng diz que vão existir "critérios diferentes em zonas diferentes do centro histórico". "Não podemos definir uma altura limite para todo o centro histórico", explicou.

O projeto preliminar dita ainda que será limitada a "dimensão, formato, locais de instalação e densidade de letreiros publicitários (?) evitando danificar ou obstruir elementos característicos dos edifícios".

A conservação do património, acrescenta o documento, deve ser feita "através de projetos de reabilitação de imóveis classificados e revitalização dos espaços públicos" e as construções circundantes dos imóveis classificados - um dos pontos que gerou preocupação por parte da UNESCO - "devem cumprir determinadas condições relativas ao volume de construção, tipologia arquitetónica, de modo a que sejam compatíveis e harmonizadas com o património classificado que esteja próximo".

O Governo compromete-se ainda em não diminuir a proporção de área construída e área não edificada "de modo a não aumentar o índice de ocupação de solo das parcelas de terreno, e também de modo a não permitir que as novas construções ultrapassem a altura das colinas ou criem obstruções visuais".

Sobre este ponto, particularmente sensível num território com elevada ocupação de solos, Lao Iong, chefe do departamento de planeamento urbanístico dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, admitiu que nas zonas antigas da cidade o índice de ocupação "é relativamente alto, comparando com as zonas novas da cidade".

"Há zonas em que a situação não é muito satisfatória", acrescentou ainda Ung Vai Meng.

ISG // PJA - Lusa

China: HONG KONG DESMOBILIZA, CUMPRE-SE A VONTADE DE PEQUIM. DIÁLOGO?




A população de Hong Kong defensora de mais democracia e do direito de escolherem por eleição democrática quem os governa naquela região autónoma viu-se compelida a desmobilizar os protestos. Uns dizem que por cansaço, outros que assim acontece por medo de reação tipo Tianamen por parte de Pequim. Um ou outro motivo é suficiente para terem desmobilizado … por agora. Tal não implica que não voltem a lutar pelo que idealizam com toda a pertinência. 

Corre célere pela comunicação social que Pequim está aberto ao diálogo com o grupo cívico pela democracia. Até parece que não viu e ouviu as centenas de milhares de cidadãos de Hong Kong a exigir mais democracia. Pequim e os seus tiques ditatoriais prefere aliar-se às tríades mafiosas para atemorizar manifestantes do que lhes proporcionar o óbvio: a democracia na essência de eleições que escolham quem e como os governa. 

Diz o ditado que o hábito faz o monge. Pequim está habituado a temer eleições que não possa controlar. Compreende-se. É quase impossível que ditadores se passem para processos democráticos sem medo. E Pequim tem muito medo dessa coisa chamada democracia. Prefere umas “aberturazitas” e vá que não vá… Esperemos sentados (para não cansar) para saber quais os frutos efetivos do anunciado diálogo. (MM / PG)

Comandante da polícia "sem arrependimentos" sobre o uso de gás lacrimogéneo

06 de Outubro de 2014, 14:30

Hong Kong, China, 06 out (Lusa) - O comandante da polícia de Hong Kong que decidiu utilizar gás lacrimogéneo contra os manifestantes pró-democracia que ocupavam o centro da cidade a 28 de setembro, disse não ter arrependimentos e garantiu que voltaria a dar a ordem.

De acordo com o jornal South China Morning Post, o superintendente era o responsável pela zona de Admiralty naquela noite.

"Não tenho arrependimentos. Se não tivesse usado [o gás], e eles tivessem passado [o cordão policial], podíamos ter tido feridos graves ou pior", explicou, referindo-se aos acontecimentos de 1992, quando 21 pessoas morreram esmagadas em Lan Kwai Fong.

"Se voltasse a estar na mesma situação, e se verificasse uma ameaça séria à segurança pública, faria o mesmo", disse.

O agente, que pediu ao jornal para não ser identificado, explicou que, caso não avançasse com o uso de gás lacrimogéneo, mortes podiam acontecer, e que a medida foi apenas uma forma de prevenir ferimentos em larga escala, caso o cordão policial tivesse sido quebrado.

"A intenção não era dispersar a multidão, era parar as investidas e garantir que não havia pessoas esmagadas", disse.

"As pessoas que estavam à frente, nas primeiras três ou quatro filas, eram muito agressivas nas suas ações para com a polícia, espetando os chapéus-de-chuva, dando pontapés nos agentes", explicou ao jornal.

Questionado sobre se o chefe do Executivo, CY Leung, tinha sido informado da sua decisão, o comandante negou: "Nunca foi uma ação ofensiva, tratou-se de defender o cordão e garantir que as pessoas não eram esmagadas".

No passado sábado, a polícia voltou a lançar gás sobre um grupo de manifestantes que se concentrou em frente a uma esquadra no bairro de Mong Kok, mas desta vez apenas gás pimenta.

ISG (DM/FV)// JCS

Cidade regressa lentamente à normalidade

06 de Outubro de 2014, 15:18

Hong Kong, China, 06 out (Lusa) -- Várias centenas de manifestantes continuavam hoje concentrados em vários pontos de Hong Kong à espera que o Governo local e as associações estudantis acordem os termos do diálogo político, numa altura em que os funcionários públicos regressaram ao trabalho.

Cerca de 3.000 funcionários da Administração Pública de Hong Kong voltaram hoje ao trabalho nos edifício cujas ruas adjacentes foram tomadas por milhares de estudantes que contam já nove dias acampados no local.

As imediações da sede do Governo, lugar onde estiveram concentrados sem descanso milhares de estudantes, amanheceram com poucas dezenas de manifestantes.

A zona de Admiralty, epicentro dos protestos, viveu hoje a manhã mais tranquila dos últimos dias com apenas uma centena de estudantes ali acampados e onde ainda na sexta-feira estavam milhares de pessoas.

Já o bairro de Mong Kok, onde ocorreram confrontos entre partidários de uma reforma democrática mais profunda e os detratores da ocupação das ruas, tinha ao início da manhã uma centena de pessoas a ocupar as ruas, ainda que o número de manifestante fosse diminuindo ao longo da manhã.

Algumas ruas da zona comercial de Causeway Bay continuam ocupadas por manifestantes, mas a atividade comercial continua a funcionar.

Ao mesmo tempo que as ruas começam a ficar desimpedidas os grupos estudantis que lideram as manifestações e o Governo continuam em conversações para estabelecer um marco de diálogo sobre a reforma eleitoral que permita colocar um ponto final no bloqueio de ruas.

As escolas secundárias da zona central voltaram a abrir portas embora o transporte escolar não esteja em total funcionamento devido ao corte de algumas artérias.

Já a bolsa de Hong Kong está aberta sem qualquer entrave à negociação e subia a meio da sessão 0,52%.

JCS // JCS

"A bola está nas mãos do Governo", defende líder estudantil

06 de Outubro de 2014, 16:45

Hong Kong, 06 out (Lusa) - A decisão sobre o rumo dos protestos em Hong Kong está agora nas mãos do Governo e na disponibilidade para o diálogo que for demonstrada, defende o presidente da Federação dos Estudantes, Alex Chow.

Se um encontro do Governo com os manifestantes acontecer entre hoje e amanhã, será recebido como um sinal de sinceridade, diz o ativista ao jornal South China Morning Post.

No entanto, se for adiado para mais tarde, vai suscitar dúvidas sobre a integridade do Governo e a sua sinceridade no que toca à disponibilidade para dialogar.

Alex Chow explica que, para os estudantes, é difícil recuar quando o Governo não mostra sinais de mudança.

"A bola está nas mãos do Governo", diz, referindo-se ao fim dos protestos. "Estamos todos à espera e a observar como o Governo atua, para ver se é apenas uma tática ou se estão mesmo dispostos a dialogar. Se os manifestantes vão ou não recuar, isso depende do Governo", afirma.

ISG // JPS

Desmobilização cresce, com diálogo com o Governo no horizonte

07 de Outubro de 2014, 13:11

Hong Kong, China, 07 out (Lusa) - Depois de uma semana intensa, o número de manifestantes pró-democracia nas ruas de Hong Kong diminuiu hoje, ao mesmo tempo que foi aberta a porta para o diálogo com o Governo.

De acordo com a AFP, entre 200 a 300 manifestantes estavam hoje de manhã nos três principais locais da cidade onde, desde dia 28 de setembro, se juntaram dezenas de milhares de pessoas.

Já na segunda-feira a cidade voltava a uma relativa normalidade, com a maioria dos funcionários a regressar ao trabalho (depois de uma Semana Dourada de feriados), as escolas a reabrir e o fim do bloqueio à sede do Governo, onde cerca de 3.000 pessoas puderam voltar a ocupar os seus postos.

Ainda assim, algumas rotas de autocarros continuam desviadas devido às barreiras que se mantêm nas ruas. Como consequência, a circulação automóvel é lenta, com muitos engarrafamentos.

O movimento pró-democracia conseguiu atrair um vasto apoio da opinião pública, mas após oito dias de paralisação, o descontentamento começou a fazer-se sentir, descreve a AFP.

Os estudantes, que na segunda-feira à noite se encontraram com um representante do Governo para "discussões preliminares" sobre a abertura de um diálogo oficial, aceitaram iniciar uma negociação.

"Vamos ter várias rondas de negociação", explicou Lester Shum, secretário-geral adjunto da Federação de Estudantes de Hong Kong, uma das organizações que lidera o movimento.

Já Ray Lau, responsável pelos assuntos constitucionais e da China continental, manifestou "esperança" que se possa "exprimir o respeito mútuo" durante estas discussões.

Ray Lau deve hoje encontrar-se com os estudantes para fixar uma data e local para a abertura das conversações a serem realizadas com a número dois do Executivo local, Carrie Lam.

ISG // JCS

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SERÁ QUE A RÚSSIA E CHINA ESTÃO ALTERANDO A ORDEM MUNDIAL?




A Rússia e China pretendem rever a ordem mundial, formada nos últimos 70 anos, declarou o vice-ministro da Defesa dos EUA, Robert O´Work, ao intervir no Conselho Americano para Relações Internacionais.

Leonid Kovachich

Nas suas palavras, a tarefa de Washington consiste em convencer-se de que Pequim e Moscou não irão usar a força para garantir os seus interesses.

O vice-ministro da Defesa dos EUA está preocupado com o fato de os dois países reforçarem suas posições ao lado de suas fronteiras – a Rússia no oeste e a China – em mares adjacentes. “Devemos dispensar atenção especial a essa circunstância. Temos de determinar ao nível estratégico como iremos trabalhar agora com duas potências regionais muito fortes”, assinalou O´Work.

“A Rússia e China gostariam de alterar alguns aspetos da ordem mundial, formada após a guerra. Mas esses países devem conhecer que os EUA podem responder com métodos militares à ameaça a seus aliados”, apontou o vice-ministro.

O que subentendia o funcionário americano referindo-se à alteração da ordem mundial? A América havia utilizado seu domínio econômico após a Segunda Guerra Mundial para reforçar sua influência no mundo. Ao mesmo tempo, até os finais dos anos 80, a situação no mundo esteve em equilíbrio graças a outro sistema sociopolítico, a União Soviética, que se encontrava em estado de guerra fria com os Estados Unidos. Mas, como resultado da desintegração da URSS, a América livrou-se de seu único rival.

Sob a cobertura da garantia da segurança coletiva e da contraposição com métodos da força ao terrorismo, os EUA começaram a entrar em territórios de outros países, instaurando lá regimes pró-americanos. Tais métodos, contudo, nem sempre levaram aos fins desejados. Isso, em parte, explica a preocupação dos Estados Unidos, considera o vice-diretor do Instituto dos EUA e do Canadá, Pavel Zolotarev.

“Ainda em 2008, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yuschenko, pretendia concretizar o programa de entrada do país na Otan. Os Estados Unidos tentavam também arrastar a Geórgia para a aliança militar com a ajuda de Mikheil Saakashvili. Destaque-se que os líderes ucranianos e georgianos coordenavam entre si esses esforços. Assim, grupos militares e meios de defesa antiaérea ucranianos foram instalados no território da Geórgia. Esta foi a primeira tentativa de alterar radicalmente a situação na região”.

A segunda tentativa havia sido preparada durante muitos anos, aponta o vice-diretor do Instituto dos EUA e do Canadá. Forças pró-americanas chegaram ao poder na Ucrânia através de um golpe de Estado. Previa-se que a Rússia teria o acesso limitado ao mar Negro e, afinal das contas, perderia a base naval na Crimeia.

Esta operação também fracassou. Em resultado de um referendo, a Crimeia anunciou a independência e posteriormente aderiu à Rússia. O malogro do cenário de afastamento da Rússia da Crimeia provocou uma onda de descontentamento no Ocidente. Pelo visto, é nisso que se encerra a ameaça que a Rússia representa para os aliados dos EUA, da qual falou o vice-ministro da Defesa americano, Robert O´Work.

Mas qual é a China? Com o crescimento de sua potência econômica, a China não quer mais ficar na sombra no palco de política externa. O país tenta alargar sua influência na Ásia. Em parte, essa postura manifesta-se no fato de a China ter começado a declarar mais rigidamente seus interesses em disputas territoriais, o que irrita muito os Estados Unidos, diz o dirigente do Centro de Segurança Internacional, Alexei Arbatov.

“A China, por exemplo, reclama direitos à ilha de Spratly, pretendendo monopolizar nesse território a extração de hidrocarbonetos. Esse fato preocupa muito Vietnã, tal como Indonésia, Tailândia e Malásia. Os receios daqueles países não são vãos. Obama tentará conseguir que a China não crie ameaças para os aliados americanos mais próximos, como o Japão, Coreia do Sul, países do Sudeste Asiático”.

Na realidade, a América não quer simplesmente perder suas esferas de influência, nas quais assenta a nova ordem mundial. Por isso, o crescimento da influência da China se classifica como ameaça a aliados e a integração voluntária da Crimeia na Federação da Rússia se considera como anexação.

O problema não consiste em que outros países alterem artificialmente a distribuição das forças que se formou há 70 anos. O mundo não é imóvel, aparecem novas potências capazes de competir econômica e geopoliticamente com o antigo líder. Ao mesmo tempo, a possível aproximação de concorrentes é o aspecto mais desagradável para os Estados Unidos.

Assim, por exemplo, a mídia americana havia declarado repetidas vezes que a aproximação de Moscou e Pequim é pior que uma guerra fria para Washington. Conjugando seus esforços, os dois países podem ultrapassar militarmente os EUA, não deixando para a América um lugar na Ásia.

Fonte: Voz da Rússia, em Vermelho

Brasil: AGRICULTORES LANÇAM CAMPANHA NACIONAL PELO FIM DO TRABALHO ESCRAVO




A informalidade é uma porta aberta para o trabalho escravo, segundo informou o secretário de Assalariados da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Elias D’Ângelo Borges. No Brasil, há cerca de 200 mil trabalhadores em situação de escravidão. Com base nessa informação, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB) lança a Campanha Nacional de Enfrentamento ao Trabalho Escravo.

Na Paraíba, há focos isolados, sem considerar epidemia, de trabalhadores em situação degradante, mas a principal preocupação é o aliciamento de pessoas para fora do Estado para o trabalho escravo. O objetivo da campanha, que será realizada em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), é conscientizar os trabalhadores sobre seus direitos e denunciar as formas de trabalho escravo.

“Hoje se estima que tenhamos no Brasil em condição de escravidão, 200 mil trabalhadores, isso é um dado alarmante e na verdade, vergonhoso. Então todas as iniciativas são importantíssimas no trabalho escravo. Essa campanha é muito importante porque mobiliza o movimento sindical, principalmente os sindicatos e a Federação, na questão do trabalho escravo e é claro com o Ministério Público que tem sido um grande parceiro na luta da preservação dos direitos dos trabalhadores”, afirmou Elias D’Ângelo Borges.

De acordo com Elias, a informalidade ainda é um grande problema para o Brasil, pois cerca de 60% dos trabalhadores rurais vivem nessa situação. “Estão invisíveis para o poder público e é muito grande. É preciso conscientizar o trabalhador. Entendo que a informalidade é uma porta aberta para ao trabalho escravo. É preciso conscientizar o trabalhador que ele não pode e não deve trabalhar em qualquer condição. Ele precisa ter as condições mínimas, dignas para trabalhar e não viver nessas condições precárias”, comentou.

A campanha busca orientar os trabalhadores sobre seus direitos e evitar que se aceite qualquer tipo de emprego. “A gente sabe que existe o trabalho escravo porque existe o aliciamento. Na Paraíba, que tenhamos conhecimento, não tem trabalho escravo. Mas o aliciamento sim. Temos regiões que saem caravana de 15, 20 ônibus para São Paulo e nossa preocupação é fazer com que esses trabalhadores que saem da Paraíba, eles saiam com carteira assinada, sabendo em qual empresa vão trabalhar, quais os direitos que eles têm. Nós temos, através do sindicato lá, acompanhado todos os trabalhadores, antes de ir para São Paulo, se reúnem no sindicato para ter a sua carteira assinada. Vem um representante da empresa e ele vai sabendo disso e não vai ter nenhum problema”, afirmou Liberalino Ferreira, presidente da Fetag, destacando que a preocupação é a promessa de empresas que aliciam pessoas para fora do estado de origem.

O procurador do Trabalho na Paraíba e idealizador da campanha, Eduardo Varandas, explicou que existem duas formas de trabalho escravo. O trabalho escravo rural, que é o mais tradicional, tem reminiscência do trabalho escravo histórico. “O trabalho escravo rural é marcado por aquela pessoa que vai aliciar os trabalhadores, que damos o nome de gato, e leva essas pessoas para fazendas na região Norte e Centro-Oeste do País, principalmente. Lá os trabalhadores ficam em locais isolados, submetidos a condições subumanas”, comentou. Já o urbano, é marcado pela presença de estrangeiros e as pessoas também são submetidas a situações degradantes.

“Detectamos recentemente um grupo de cerca de 30 paraibanos sendo escravizado no Distrito Federal. Temos um estado pobre, assolado pela seca e existe um êxodo muito grande. Então, o trabalhador se torna extremamente vulnerável às propostas de trabalho em outras unidades”, afirmou Varandas.

Foto: Divulgação

Fonte: Portal Vermelho, em Desacato

Brasil - Eleições: A HORA É DE MARINA



João Almeida Moreira Dinheiro Vivo, opinião

Dilma, com 41%, e Aécio, com 33%, passaram à segunda volta. A ecologista, como em 2010, mostrou que está verde demais para o Planalto. Mas um sinal seu pode indicar quem é o novo presidente do Brasil.

Minutos depois de conhecido o resultado eleitoral da primeira volta das eleições do Brasil, João Santana, o "marqueteiro" alquimista do Partido dos Trabalhadores (PT), passava uma só instrução a Dilma Rousseff: silêncio absoluto enquanto Marina Silva não se pronunciasse.

Antes de votar pela manhã, Aécio Neves, na posse de sondagens do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que o davam como garantido na segunda volta, aos jornalistas, em vez de enfatizar a sua notável subida, preferia perder-se em elogios à candidata Marina Silva. É oficial, está aberto o período de corte à ambientalista.

Lula da Silva, presidente de 2002 a 2010 e criador de Dilma Rousseff, e Fernando Henrique Cardoso, presidente de 1994 a 2002 e avalista nacional de Aécio, passaram a última semana a preparar o terreno. "Eu amo a Marina só que para presidente não", disse Lula. "Marina e Aécio, por mim, estavam juntos há muito", vem repetindo FHC.

Marina morreu, como na eleição de 2010, na praia; mas, como nessa altura, voltou a ter cerca de 20 milhões de votos e, com eles, o poder de apontar o novo presidente do Brasil.

E quem vai Marina apoiar?

Parte dos opinadores, sobretudo dos órgãos de comunicação social que declararam apoio a Aécio, como O Estado de São Paulo, acredita que Marina tenderá a juntar-se ao candidato do PSDB.

Por outro lado, um grupo de intelectuais que estava do lado da ambientalista, mas que já era muito próximo do PSDB (incluindo ex-ministros e assessores de Fernando Henrique Cardoso) assinou uma nota onde declaram apoio a Aécio.

Mas se Marina for pelo mesmo caminho não o percorrerá com tanta facilidade - uma ambientalista que passou toda a carreira política na ala mais à esquerda do PT terá pudor de se entregar a uma candidatura de centro-direita e acusada de neo-liberal sem, pelo menos, um período de reflexão.

Por um lado, a candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi atacada até à medula pelo PT na campanha eleitoral e tem uma antipatia antiga, desde o tempo em que ambas conviveram (mal) no gabinete de Lula, por Dilma Rousseff. Por outro, assumidamente ambientalista e estruturalmente de esquerda, sente que o PSDB de Aécio está mais longe do seu ideário do que o PT, afinal de contas o partido onde militou quase um quarto de século.

"Temos de nos reunir, todos, cada um dos partidos que fazem parte da nossa coligação, analisar o sentimento do povo brasileiro, entender o que pretende, os sinais de mudança que apresentou e, então, tendo em conta a urgência de uma situação de segunda volta mas ponderadamente, tomar uma decisão", disse ontem no discurso da derrota.

Ou seja, pelo seu temperamento, Marina não se vai pronunciar tão cedo. Vai, como diz, convocar os partidos que a apoiaram a primeira semana, dizer que precisa de conhecer ao detalhe os programas dos dois candidatos na segunda semana e manter em angústia os rivais até à terceira semana, quando se realiza, dia 26, a eleição. Marina perdeu. Mas Dilma e Aécio estão nas suas mãos. Eis a sua vingança.

De Grauwe: “BCE NÃO TEM LEGITIMIDADE, NÃO FORAM ELEITOS”



Luís Reis Ribeiro- Dinheiro Vivo

"O Banco Central Europeu não tem legitimidade democrática, os seus decisores não foram eleitos", acusou hoje Paul De Grauwe, professor da Universidade de Leuven e da London School of Economics. Para o economista, "a crise do euro não terminou".

Na palestra que deu na conferência "Afirmar o futuro", organizada pela Fundação Gulbenkian, em Lisboa, o economista arrasou com o "sucesso da zona euro" mostrando que a região entrou em divergência com o grupo de países que tem moeda própria (não euro), como Reino Unido, Suécia, Polónia.

Tudo porque o BCE ficou a tomar conta da reanimação da economia via crédito (lado da oferta) e os Governos passaram para segundo plano na promoção do crescimento e do investimento.

"É preciso consertar o lado da procura", reclamou. "A Alemanha tem dinheiro [via endividamento] quase de graça", tem a obrigação de fazer mais investimento. Mas há um "dogma" que antes tem de ser vencido: que o investimento só pode ser financiado com receita, nunca com dívida.

"Nem as empresas fazem isso. Temos de acabar com essa regra estúpida", defendeu.

De Grauwe fez um estudo sobre o que aconteceu nos últimos anos ao Reino Unido e à a Espanha, que apresentou em Lisboa.

"O Reino Unido pôde desvalorizar a moeda, a libra. Conseguiu lidar melhor com esta segunda fase da crise. Estabilizou a dívida". "Espanha teve de aplicar mais austeridade e, no entanto, a dívida continuou subir".

Com um crescimento nominal superior no RU e muito mais baixo em Espanha, esta ficou com um problema grave para servir a dívida. É que o crescimento nominal da economia é inferior à taxa de juro de longo prazo.

E quem diz Espanha, diz Portugal, frisou.

Com desvalorização cambial, torna-se mais fácil servir os juros.

Mas o seu ponto vai mais além. "O que a História nos mostra é que em casos de crise é o governo que força o banco central a fornecer liquidez. Não foi o que aconteceu na zona euro."

"O BCE não tem legitimidade política porque os seus decisores não foram eleitos" e "a governança que hoje temos não serve; não podemos aceitar e não vamos aceitar que esta seja a forma de gerir o sistema no longo prazo".

Portanto, continuou o economista belga, "temos de criar um governo europeu e o banco central tem de ficar subordinado ao poder político". O Parlamento Europeu também precisa de mais poder, defendeu.

E o que temos hoje? "O banco central tem de ser o prestamista (credor) de última instância. Para os bancos e para os governos. Isto desapareceu na zona euro, mas antes os países beneficiavam desse tipo de instituição", na altura em que tinham moeda própria".

Hoje, os países do euro, e no caso dramático da periferia, fazem "emissão de obrigações numa moeda que não controlam" cujo o valor é definido pelos mercados.

"O euro é assim como uma moeda estrangeira. E os países do euro são como a Argentina que emite em dólares. No fundo, tornámo-nos todos argentinas", defendeu De Grauwe.

Mas não é só a hegemonia do BCE na gestão desta crise que teve um efeito destruidor.

"Os credores deviam ter dado mais tempo à periferia para ajustar."

"Se alguma austeridade era necessária, e eu não digo que alguma coisa não tinha de ser feita, deveria ter havido um equilíbrio. Os credores deviam ter feito mais para puxar pela economia europeia, investindo mais".

Mas "por por cada devedor descuidado, há um credor descuidado", disse Paul De Grauwe arrancando sorrisos por toda a sala.

"A objeção dos credores em relação a estas críticas é que tudo isto é temporário e pdem aos países devedores que sejam pacientes, que a austeridade dará resultados mais tarde".

"Mas eu pergunto. Quanto tempo devemos ser pacientes?"

Segundo cálculos do economista, para reduzir a dívida de Portugal e Irlanda para metade, os países vão levar no melhor dos cenários 15 anos. No pior, mais de 25 cinco. "Vão ser décadas de austeridade", exclamou.

Portugal - Prémios Nobel: Ricardo Salgado, Cavaco Silva, Nuno Crato. E o da Comichão no Citius?


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Nobel do Silêncio para Ricardo Salgado

Mário Soares, ex-primeiro-ministro e ex-presidente da República afirmou em entrevista ao jornal i, segundo o Notícias ao Minuto: “Mário Soares, aborda, numa curta entrevista ao jornal i, dois amigos, que, por motivos diferentes, incendeiam a opinião pública: Ricardo Salgado e José Sócrates. Sobre o primeiro, diz que faz “muito bem” em estar “calado”, reportando-se ao caso BES. Acerca do segundo, adianta que “não quer voltar à política”.

Ricardo calado e bem. Ou se assim não fosse ficaríamos a saber muito melhor e com provas sobre a podridão que enleia os poderes financeiros e os políticos. A promiscuidade é evidente. Soares é amigo de Salgado e do BES – que são a mesma coisa – e decerto que também beneficiou financeiramente com tal amizade, se não pessoalmente pelo menos com as dádivas do Caladinho da Silva ao Partido Socialista… E o resto não se sabe porque Ricardo Salgado está calado. Não no interesse público – coisa que Salgado nem sabe o que significa – mas no interesse daqueles que são unha com carne com a corrupção, o conluio e o nepotismo. Ai se Salgado e outros falassem. Rabos de palha.

Sócrates não volta… Ainda bem!

Diz o mesmo Soares que Sócrates não volta à política. Ainda bem! Certo é que apesar de não voltar ele anda por aí e Costa talvez venha a ser o novo primeiro-ministro de Portugal. Pelo menos está na corrida eleitoral com todo o apoio de Soares… e de Sócrates. Rabos de palha (opacidades e contas do passado a fazer no presente) é o que não falta ao engenheiro Sócrates, como a Soares e a outros mais que são justa causa da descredibilidade muitos políticos do "arco da governação" e de outros que ocupam outros poderes.

Crato, o idiota compulsivo, um Nobel

As escolas estão viradas do avesso. Não há professores colocados apesar de em Portugal haver professores com fartura. O ministro Crato chama a isto a reforma do ensino. Pomposa classificação que só um idiota Crato e crasso se atreve a assim rotular a bagunça que com todo o primor obteve com provas dadas. Os alunos andam há semanas à espera da colocação de professores nas suas escolas. Professores são atirados para escolas a centenas de quilómetros de suas casas para depois aquela decisão ser revogada e afinal já não vão para Bragança mas sim para Faro. Dias depois, afinal, vão para Castro de Aire. Neste vai-e-vem de decisões, filhas queridas da bagunça, os professores - usados como escovas de dentes ou pentes para carecas – vão alugando casas e procurando infantários para os filhos... que depois já não precisam porque o imbecil-mor do ministério já decidiu outro destino para aquele professor. E outros. Também existem os professores que ainda não estão colocados apesar de as escolas estarem com falta de professores… A referir aberrações deste idiota compulsivo que paira no Ministério da Educação nunca mais se acabava a prosa. Crato ajusta-se na perfeição a este governo chefiado por outro compulsivo da mentira e da idiotice, o Passos, coadjuvado por um sujeito submergido de nome Portas e outro mais em baixo referido - que ocupa o Palácio de Belém mas que de presidente da República tem só umas pálidas noções de como deve desempenhar o cargo. Basta. A Crato dêem-lhe um Nobel que o aponte e mandem-no para casa. Por favor, fechem-no muito bem na casa de banho ou na despensa lá de casa.

A ministra que pensa com a coisa que tem no Citius

A justiça. Essa é outra dor de cabeça a que chamam reforma. Classificar de funeral é o mais apropriado. Está morta, a justiça. Não é de agora que ela é cousa rara mas desta é que ela se finou. A receita foi de uma mentecapa ministerial que começou a mexer naquilo que não sabe e a fazer-se rodear de parceiros do mesmo jaez. Outra bagunça pensada com a coisa que a ministra tem no Citius em vez de usar os miolos e demitir-se. Melhor: em vez de ter aceite ser ministra. Merece um Nobel? Eu cá dava-lhe. O da Comichão que nos anda a fazer no Citius.

Políticos mais bem pagos. Sugestão de um descarado alapado em Belém

Cavaco Silva, o político que veio para ficar e não larga os tachos considera que os políticos devem ser mais bem pagos. Dito isto e escutado só resta concluir que o sujeito é um descarado de primeira apanha. Sabemos que eles enriquecem e florescem como cogumelos mas Cavaco opina que ainda lhes devemos pagar mais. É preciso ter grande descaramento para vir com esta conversa num discurso comemorativo da República. Cavaco sabe que os políticos são tão mal pagos que até se vê no exemplo e até está muito pobrezinho. "Tadinho", diz a Engrácia da Tasca da Esquina. 

Quem vive mesmo bem e à farta são os portugueses que ganham o salário mínimo nacional agora aumentado para os 505 euros que para nada chegam… Também nesse discurso Cavaco abordou a falência dos partidos políticos e até perspetivou a sua implosão. Atirou as responsabilidades da situação para longe do seu capote. Descarado, fez de conta que não é político, nem foi responsável do PSD, não contribuiu e contribui para o tal descrédito e implosão, não anda há décadas a beneficiar da política safando-se às mil-maravilhas. É preciso ter lata. Sai um Nobel da Lata para Cavaco!

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