quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Genocídio Menos Intrusivo -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O ministro da Defesa de Israel, coordenador do genocídio na Faixa de Gaza, fez um anúncio retumbante: O Hamas perdeu o controlo do território. E anunciou as perdas. Tropas de Israel entraram na sede do governo e no parlamento do território palestino. Afinal os “terroristas” têm ministros e deputados, tal qual os israelitas. De um lado, fundamentalistas islâmicos. Do outro, ultra extremistas judeus. A diferença está no número de exterminadores, ao serviço de cada lado. Israel tem forças armadas que até ameaçam com a bomba atómica. O outro tem um braço armado constituído por civis. De um lado armas sofisticadas, Do outro, bombas caseiras.

Hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o norte da Faixa de Gaza está sem hospitais e outras unidades sanitárias. Tudo fechado ou destruído. O Hospital Al Shifa é um cemitério. Médicos e outros técnicos recusam-se a abandonar as instalações antes da evacuação segura dos 600 doentes entre os quais dezenas de crianças prematuras, que correm perigo de vida já que falta a electricidade para manter ligadas as incubadoras que fazem de mamãs.

A organização Médicos Sem Fronteiras fez uma denúncia terrível. Os nazis de Israel puseram atiradores em frente à porta principal do Hospital Al Shifa. Quem tenta sair é mortalmente alvejado. Hoje foram enterrados 180 corpos numa vala comum. Estavam a apodrecer à porta do edifício. Joe Biden chamou os jornalistas e com um sorriso assassino disse: “Israel tem de usar métodos menos intrusivos!” Fica mais barato.

Um jornalista nunca está reformado nem retirado das notícias. Ao longo da minha vida profissional criei fontes puras de informação que muito me ajudaram a fazer um trabalho profissional sem mácula. Ainda ajudam. O 7 de Outubro em Israel registou acontecimentos tão raros, tão inexplicáveis, tão inverosímeis que recorri às minhas velhas fontes para tentar compreender o que aconteceu, por baixo da poeira que lançaram no ar. As informações que recolhi apontam para um quadro de extrema gravidade meticulosamente preparado pelos nazis de Telavive. E se as minhas fontes já não são o que eram? Esta dúvida levou-me ao silêncio.  

Ontem recebi um texto assinado por Scott Ritter, norte-americano, analista de relações internacionais, antigo oficial dos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e ex-inspetor de armas da Comissão Especial das Nações Unidas. Ele confirmou todos os factos que me foram revelados pelas minhas fontes de total confiança. O título da peça tem um grão de ironia; “O Ataque Militar de Maior Sucesso Deste Século”. Refere-se à operação das Brigadas Al-Qassam no dia 7 de Outubro passado. 

Primeira confirmação do que já sabia pelas minhas fontes. Os guerrilheiros no dia 7 de Outubro atacaram unidades militares, policiais e “colonatos militarizados” que pouco tempo antes da operação tinham recebido um reforço de tropas regulares. Os alvos atacados fazem parte da do sistema de barreiras que transformaram a Faixa de Gaza uma imensa prisão. 

Segunda confirmação. O número de mortos civis na operação das Brigadas Al-Qassam está errado e aas baixas foram causadas por povo amigo! Telavive incluiu no dotal de mortes, mais de 200 guerrilheiros palestinos que participaram nas operações! Os 1.200 mortos civis israelitas afinal são na maioria militares, polícias e milícias armadas.

As atrocidades atribuídas aos guerrilheiros do HAMAS são falsas! Scott Ritter diz que não existiram violações em massa. Não foram decapitadas crianças. Não foram alvejados civis desarmados, pelos combatentes das Brigadas Al-Qassam. Escreve o autor norte-americano: “As informações israelitas sobre estes factos são comprovadamente falsas e enganosas”.

As minhas fontes tinham revelado que dos 1.200 mortos reconhecidos por Israel, metade eram militares e polícias que morreram em combate ou apanhados a dormir nas casernas. Mas também revelaram que das seis centenas de vítimas civis, muitos foram mortos pelas forças armadas de Israel! Scott Ritter confirma. Leiam o que escreve: “Helicópteros Apache israelitas atiraram indiscriminadamente contra civis que tentavam fugir do local onde decorria o Supernova Sukkot Guthering, realizado no deserto, perto do Kibutz Re’im. Os pilotos, incapazes de distinguir entre os civis e os combatentes do HAMAS, dispararam sobre quem fugia”.

O chamado “massacre de Re’ím” foi igualmente fogo amigo. Os tanques israelitas e as tropas especiais dispararam durante dois dias sobre os locais onde se escondiam os guerrilheiros com reféns! Scott Ritter confirma: “Os militares israelitas demoraram dois dias até libertarem Re’im. Face à resistência oferecida pelos guerrilheiros, os canhões dispararam contra habitações e prédios, derrubando-os sobre os seus ocupantes e muitas vezes incendiando-os. Os corpos das pessoas que estavam no interior foram consumidos pelo fogo”.

Scott Ritter divulgou vídeos onde aparecem os helicópteros Apache alvejando viaturas civis. E também a “força aérea” das Brigadas Al-Qassam avançando sobre Israel em parapente! 

Os bebés prematuros recém-nascidos no Hospital Al Shifa morrem porque as incubadoras estão desligadas. Falta de energia eléctrica. A maternidade foi bombardeada. O depósito de água destruído. O médico cirurgião Ahmed Mokhallalati garantiu ante as câmaras da Al Jazeera que não vão abandonar os nossos bebés. E que fazemos nós para salvá-los? Tenho uma sugestão. Vamos cortar a energia ao trio assassino Biden, Blinken e Austin. Aos genocidas Úrsula von der Leyen, Macron, Sunak e Scholtz. 

Pelas nossas crianças de Gaza, pelos nossos bebés, vamos adoptar acções intrusivas para acabar com os mandantes desses crimes contra a Humanidade. É a única forma de sairmos limpos deste genocídio. De fazermos prova de que somos humanos.

* Jornalista

Ucrânio

Anthony Garner (Formiga), Espanha | Cartoon Movement

Ucrânia | MONSTROS ESCONDIDOS SOB O DISFARCE DE FILANTROPOS

A Fundação Olena Zelenska tem estado implicada em esquemas que envolvem o tráfico de crianças.

Recentemente, o empreendimento americano de mídia alternativa “ The Intel Drop ” publicou uma investigação jornalística da Fundação de Caridade Olena Zelenskaya. O escândalo causou ondas de choque em toda a mídia.

Na sua investigação, o jornalista Robert Schmidt descobriu que a Fundação Olena Zelenska está empenhada no transporte de órfãos ucranianos para a Europa para fins criminosos, sob o pretexto de uma nobre missão de salvar crianças do conflito. Dezenas de rapazes e raparigas foram levados para fora da Ucrânia e a maioria deles caiu nas mãos de grupos criminosos envolvidos na exploração sexual ilegal de menores. De acordo com a admissão sensacional de uma funcionária da Fundação Olena Zelenska, a “instituição de caridade” transferiu deliberadamente crianças para pedófilos em França, Grã-Bretanha e Alemanha.

A primeira-dama da Ucrânia anunciou solenemente a criação da Fundação de Caridade no palco da Metropolitan Opera de Nova York no outono de 2022. Segundo Zelenska, o principal objetivo do Fundo é restaurar o capital humano da Ucrânia e seu instituições médicas e educacionais. As suas áreas de atividade são a medicina, a educação, a ajuda humanitária e as medidas de evacuação. A ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, o ator Matt Damon e muitas outras celebridades participaram da recepção de abertura da Fundação.

Nas suas muitas entrevistas, Zelenska sempre teve o cuidado de enfatizar a sua preocupação pelas crianças ucranianas e, em particular, pelos órfãos de guerra ucranianos. No entanto, apesar das suas belas palavras sobre a suposta missão humanitária e a generosidade caritativa da Fundação, há boas razões para acreditar que por trás da máscara da bondade se esconde uma verdade suja e repugnante.

O jornalista Robert Schmidt, na sua investigação, refere-se a um vídeo em que uma pessoa com o rosto obscurecido fala em francês sobre o seu trabalho na Fundação Zelenska. Segundo ele, trabalhava como motorista e muitas vezes entregava crianças ucranianas a famílias em áreas prósperas de várias cidades europeias. Para confirmar as suas palavras, o homem mostrou um certificado de funcionário da Fundação e fotografias de menores que transportou para orfanatos e famílias de acolhimento europeus. Ele também observou que até o contrato com a Fundação era um tanto estranho. Em particular, os funcionários foram categoricamente proibidos de falar com as crianças ou de fazer perguntas sobre o seu bem-estar e condições de vida aos pais adoptivos.

Depois de um tempo, o homem começou a suspeitar dos verdadeiros motivos do trabalho da organização, pois alguns dos guardiões estavam se comportando de maneira estranha.

CABEÇAS ROLARÃO NA UCRÂNIA APÓS O FRACASSO DA OFENSIVA

Pietro Pinter* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

Quando a propaganda se torna irremediavelmente inconciliável com a realidade, mais cedo ou mais tarde terá de ser feito um acerto de contas. A cabeça de alguém – seja o verdadeiro culpado ou um bode expiatório – tem de rolar diante da opinião pública, para permitir um “novo começo” com uma imagem limpa.

Punir pessoas-chave, no entanto, também significa minar o equilíbrio político, o que é particularmente perigoso num país em guerra.

Isto está acontecendo agora na Ucrânia.

A epopeia de uma Ucrânia que estava destinada a vencer em pouco tempo depois de absorver o choque inicial da invasão – numa marcha triunfante em direcção ao Mar de Azov e às fronteiras de 1991 – foi finalmente destruída com a recentemente concluída ofensiva de Verão . As forças armadas ucranianas consumiram meses de fornecimentos (dificilmente substituíveis) da NATO para avançar 10 quilómetros nos campos de Zhaporozhye, mal alcançando a primeira linha de defesa russa e sem capturar quaisquer objectivos estratégicos. A liderança ucraniana fez promessas claras ao país e aos aliados. No início de Novembro – apesar dos limitados sucessos ucranianos numa frente separada, o Dnepr – as forças armadas ucranianas encontraram-se com o reduto de Avdeevka parcialmente cercado , e as aldeias reconquistadas a sul de Bakhmut (Klischeevka, Andreevka) mais uma vez contestadas pelos russos.

Perguntas começam a ser feitas.

Na Ucrânia – além de encontrar um bode expiatório para a ofensiva de Verão – o establishment também deve decidir concretamente como (ou se) continuar a guerra. Começam a surgir propostas heterodoxas a este respeito, como a do candidato presidencial Oleksey Arestovich, um antigo conselheiro militar de Zelensky que se demitiu depois de ter sido duramente criticado pela sua leitura controversa do bombardeamento de um edifício de apartamentos em Dnipropetrovsk . Arestovich, que também tem contactos na Europa – nestes mesmos dias é convidado do festival Limes em Génova, Itália – propõe desistir da reconquista militar dos territórios perdidos e congelar o conflito graças às (supostas) garantias da NATO sobre o território restante.

Isto não é um 'impasse': colapso da linha de frente ucraniana, revisitado

Continuam a acumular-se provas, através de relatórios vazados, de um colapso generalizado nas linhas de frente ucranianas.

Pepe Escobar* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

Continuam a acumular-se provas, através de relatórios vazados, de um colapso generalizado nas linhas de frente ucranianas.

Anteriormente, concentrámo-nos na frente sul de Zaporozhye. Agora vamos nos concentrar em Kharkov, no nordeste.

O documento anexo, totalmente verificado quanto à autenticidade, é um relatório de julho ao Chefe do Estado-Maior do grupo operacional-tático “Sumy”.

O relatório diz essencialmente que é impossível retirar dois terços da unidade A7383 do campo de batalha para recuperar a prontidão de combate porque o terço restante é incapaz de sustentar o forte – que se estende por 55,5 km.

Paralelamente, o recrutamento progredia muito lentamente.

Há quatro meses, a 127ª brigada de defesa territorial separada em Kharkov ainda estava equipada com 72% do pessoal – 2.392 soldados e 256 oficiais. No entanto, o que é crucial é que a condição moral-psicológica da unidade era crítica – tal como no caso anterior em Zaporozhye.

Portanto, esqueça a recuperação da prontidão para o combate: este é mais um caso de uma brigada – agora em Kharkov – que não consegue lutar adequadamente. O caso anterior estava longe de ser uma exceção à regra atual.

A conclusão é dura: com brigadas inteiras em estado crítico, toda a linha da frente ucraniana pode estar prestes a cair.

O desastre dos cem dias

Os factos no terreno apontam para que as Forças Armadas Russas (RAF) tomem a iniciativa ao longo de todas as linhas da frente do SMO. Isto é reconhecido até pelos serviços de informação polacos e estónios. As principais batalhas estão sendo travadas na linha Avdeevka-Marinka no DPR e na linha Kupyansk-Svatovo no LPR.

Portugal | Podemos confiar no Ministério Público?


“Se o Ministério Público quer que confiemos nele, tem de fazer Justiça a si próprio”

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Vamos lá puxar pela memória. Paulo Pedroso, político, esteve em prisão preventiva entre maio e outubro de 2003, no âmbito do Processo Casa Pia. Cumpriu quatro meses e meio. Os tribunais inocentaram-no. O Estado português foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a pagar-lhe uma indemnização de 68 mil euros por detenção injusta.

O ator Herman José foi indiciado por um crime alegadamente ocorrido em Portugal a 8 de fevereiro de 2002. No entanto, Herman José apresentou provas, como gravações vídeo e bilhetes de avião, que demonstravam que naquela data estava no Brasil em trabalho para a SIC. Não foi julgado, mas fora despedido da SIC e sofrera graves danos reputacionais.

No julgamento do Processo Casa Pia, o Ministério Público propôs a alteração das datas dos crimes com que formulara a acusação para conseguir obter as condenações dos arguidos. Essa alteração foi feita nas alegações finais do julgamento, mais de seis anos depois de terem sido feitas as primeiras acusações.

Em 2006 o Ministério Público fez uma busca na redação do jornal 24Horas, apreendeu um computador e fez uma acusação de acesso indevido de dados pessoais aos jornalistas Jorge Van Krieken e Joaquim Eduardo Oliveira. Os tribunais decidiram não levar os jornalistas a julgamento e, em todas as instâncias, declararam a busca ilegal.

Madeleine McCann desapareceu na noite de 3 de maio de 2007, quando tinha quase 4 anos de idade, do seu apartamento em Praia da Luz, Algarve. As autoridades contaminaram o local do desaparecimento. Os pais foram publicamente declarados como principais suspeitos de uma morte acidental e de ocultação do cadáver da filha. 16 anos depois, o mês passado, a BBC noticiou que elementos da Polícia Judiciária se tinham deslocado a Londres onde tinham pedido desculpa ao casal. A Judiciária emitiu um comunicado a desmentir essa informação, alegando que foram apenas dadas informações sobre o andamento do caso, que foi arquivado pelo Ministério Público em 2008 e reaberto em 2013, sem resultados.

Miguel Macedo demitiu-se em 2014 de ministro da Administração Interna ao ser envolvido pelo Ministério Público no chamado Caso Vistos Gold. Ao fim de quatro anos foi absolvido de todas as acusações. Nunca mais voltou à política.

Manuel Palos, também acusado nesse processo e que era diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, cumpriu quatro meses de prisão efetiva e também foi ilibado. Perdeu o emprego.

O antigo primeiro-ministro José Sócrates foi detido em 2014 (Operação Marquês) e preso preventivamente durante nove meses. A decisão de que o caso deveria seguir para julgamento só aconteceu sete anos depois. Dos 31 crimes que o Ministério Público o indiciava o juiz de instrução anulou 25. Há recursos a correr no Tribunal da Relação, da defesa e da acusação, num caso que se eterniza.

Dos processo ligados ao Banco Espírito Santo, já nada se entende.

O ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, foi ilibado de quatro crimes no Processo de Tancos onde era acusado pelo Ministério Público de denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento pessoal de funcionário. Demitira-se em 2018. O julgamento começou em novembro de 2020 e durou até 2022.

O Ministério Público, no debate instrutório para decidir se havia ou não julgamento, desistiu da acusação que fizera a Eduardo Cabrita por possível homicídio por negligência num acidente de viação em que ele era passageiro de um automóvel. O político demitira-se dois anos antes por causa disto.

Esta semana o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, saiu do tribunal, depois de seis dias detido, sem qualquer acusação formulada depois de o Ministério Público o ter declarado suspeito de corrupção. As acusações de corrupção feitas a outros suspeitos também caíram. Restam acusações de tráfico de influências e de vantagem indevida. O Ministério Público vai recorrer. Este caso, que tem um processo paralelo no Supremo Tribunal de Justiça contra o primeiro-ministro António Costa, suscitou a queda do Governo.

A pergunta que deixo é esta: Não podendo, nem devendo, a política meter-se no trabalho da Justiça, que penalizações a própria Justiça aplicou aos responsáveis por erros, omissões, incompetências, demoras, desleixos, teimosias e atropelos ao bom senso que, como é evidente, sempre que um caso é mediático, sistematicamente os investigadores judiciais cometem?... Que fizeram sobre isso, por exemplo, o Conselho Superior do Ministério Público ou o Conselho Superior da Magistratura?

E já nem falo das violações de segredo de justiça que, em todos estas situações, aconteceram e que arruinaram a reputação pública de alguns inocentes.

Se o Ministério Público quer que confiemos nele, tem de fazer Justiça a si próprio.

* Jornalista

Portugal | José Miguel Júdice: "Despacho do MP não tem pés nem cabeça"

Decisão de juiz a contrariar Ministério Público não deixou "mais pequena dúvida" a José Miguel Júdice.

A leitura das mais de uma centena de páginas do despacho de indiciação do Ministério Público levou a que José Miguel Júdice não ficasse surpreendido com a libertação dos arguidos da Operação Influencer. "Não tive a mais pequena dúvida de que assim seria, a não ser que o juiz fosse um filho dileto de Carlos Alexandre", comentou ao Diário de Notícias.

"O que ali está não tem as mínimas condições para fundamentar a prisão preventiva", acrescentou o antigo bastonário da Ordem dos Advogados e comentador político, muito crítico do trabalho do Ministério Público. Mas sem deixar de salientar que na decisão revelada na segunda-feira não está em causa que os arguidos tenham cometido crimes. O juiz de instrução criminal Nuno Costa não validou os indícios dos crimes de corrupção e prevaricação, mas todos os arguidos - tirando o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas - ficaram indiciados por tráfico de influência.

Sobre o impacto deste desenvolvimento na Operação Influencer, após Magalhães e Silva, advogado de Lacerda Machado, ter vaticinado que "o processo acabou aqui", José Miguel Júdice considera fundamental que a perceção na opinião pública de que "um conjunto de pessoas fizeram crimes gravíssimos" não desvie a atenção das "gravíssimas responsabilidades políticas de António Costa".

E o mesmo se aplica à condução do processo judicial. "O Ministério Público está habituado aos tempos do juiz Carlos Alexandre", reforça Júdice, para quem o despacho de indiciação "não tem pés nem cabeça para a finalidade pretendida".

Algo que também é evidente para o politólogo José Adelino Maltez, que recorre à experiência de jurista para criticar um Ministério Público que "manda logo a bomba atómica". "O país não pode estar suspenso de uma decisão que detém cinco pessoas que, dias depois, o juiz liberta. Ainda bem que temos magistrados experimentados que sabem fazer uma análise mais próxima da realidade", acrescenta, culpando António Costa por "ter criado o monstro deste aparelho jurídico que o fez ser vítima de um Ministério Público sem controlo".

Podem tirar o cavalo do nevoeiro que ofusca Lisboa. Os portugueses agradecem

"Vá lá. Faça este frete senhor presidente"

Este é o Expresso Curto que traz apenso a autoria de Joana Pereira Bastos prestimosa jornalista da baiuca do tio Balsemão Bilderbeg Impresa SGPS - SA. Bom dia e podem tirar o cavalo do nevoeiro que ofusca Lisboa neste momento. Segundo a lenda D. Sebastião, criança e jovem vítima de abusos sexuais de alguns da igreja de então (por isso é que ele não voltou de Alcacer Quibir) apesar de ser dito que apareceria numa manhã de nevoeiro. Livra! Viu-se que não. Fugiu. Na era moderna Passos Coelho entrou na lenda e dizem por aí que ele vai voltar (duplo livra!) também numa manhã de nevoeiro. Mas nesse caso, se voltar, vamos nós, portugueses e estrangeiros aqui viventes, fugir...

Caindo na realidade sem quebrar ossos nem as 22 cabeças - dos dedos inclusive - estamos na era em que um primeiro-ministro, o Costa Sem Castelo, se demitiu devido ao cambalacho desenhado No Deu No Que Deu. Sobre isso diz-se muita coisa, a maior parte é mentira e manipulação para alimentar portugueses no engano. E estrangeiros que sobrevivem por cá graças ao Em Terra de Cegos Quem Tem Olho é Rei (Sebastião não mas sim o Sebastião Come Tudo, da canção). Comer tudo é o que vimos nos luxuriantes lucros dos bancos, das grandes empresas e anafados empresários - coisa rara porque o povo, por isso e mais gamanços, anda na fome e a trautear o hino da Mocidade Portuguesa salazarista com um "Lá Vamos Cantando e Rindo... Levados, Levados Sim".  Pronto, a verdade: levados, enganados, roubados, prejudicados e mal pagos... e imensos Sem Abrigo. 

Ena ena! Mas que grande rebaldaria senhor presidente, senhores dos governos das vossas vidas, dos familiares e amigos, dos associados dos partidos e do empresariado que reabastece os cofres com donativos. O Cavaco era perito nisso, o Soares também... e outros.

Ai. Já esqueci o que queria escrever. Perdi-me, com tanta "roubalheira" como chamava o meu avô com um bigode à Staline, orgulhoso e vigoroso comandante do Batalhão dos Sapadores Bombeiros. Também era Costa mas nunca se demitiu quando lhe passavam uma rasteira devidamente desenhada. Nesse tempo havia cachaporras e ele sabia usá-las. Parece que é o que atualmente faz falta. E assim lá se iam os copos de leite, os queques, os meninos de bem e os mariconsos... Enfim.

Conversa estragada. Mas dentro do prazo. Visto isto achamos que o melhor é pararmos... Fiquem com o Curto que tanto aqui trazemos enrolado nas maleitas lusas infligidas pelos senhores doutores, engenheiros, cientistas, jornalistas e outros sábios dos cursos "Dá Cá o Meu" - que afinal é o nosso mas roubado.

Bom dia. Boa semana. Bons fígados e um alguidar de sêmeas para matarmos a fome. Ao menos que consigamos matar alguma coisa.

Surko e sae assu para todos. Silêncio! Cumprimentos. O Curto a seguir. Já!

MM | Redação PG

Silêncios ruidosos

Joana Pereira Bastos, jornalista ! Expresso (curto)

Antes do mais, deixo-lhe um convite para participar na nossa conversa com assinantes sobre a investigação que levou à queda do Governo. Será hoje às 14h00. Pode inscrever-se aqui.

Bom dia,

A contrastar com a agitação dos últimos dias, foi discretamente e em silêncio que terminou ontem, ao início da noite, o primeiro encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa depois de o Presidente da República ter anunciado a decisão de dissolver o Parlamento e convocar eleições. Quando foi agendada, a reunião teria como objetivo decidir o futuro político de João Galamba, mas quando começou já Galamba era passado, há 24 horas.

Apesar de considerar que mantinha condições políticas para se manter no cargo, o ministro das Infraestruturas demitiu-se segunda-feira, depois de uma “reflexão pessoal e familiar”, e Marcelo apressou-se a decretar a sua imediata exoneração. A substituição de Galamba à frente da pasta nos escassos quatro meses que restam ao Governo terá sido, assim, um dos principais temas do encontro de ontem no Palácio de Belém, mas nem o Presidente nem António Costa abriram o jogo sobre a recomposição do Executivo.

É provável que a novela em torno do convite a Mário Centeno, que gerou um novo equívoco entre Marcelo e Costa, tenha sido igualmente discutida na reunião, mas sobre isso também não quiseram dizer palavra. Nem sobre a forma como se vai administrar o país com um Governo limitado a atos de gestão durante tanto tempo. Ou sequer sobre os últimos desenvolvimentos da Operação Influencer, a investigação que levou à demissão do primeiro-ministro, mas que acabou por ser substancialmente esvaziada pelo juiz de instrução, ao deixar cair todos os crimes de corrupção.

Perante o terramoto político dos últimos dias são muitos os assuntos de conversa, mas no final não houve declarações aos jornalistas, nem tão pouco um breve comunicado, como se tivesse sido apenas uma vulgar reunião semanal entre os dois, sem nada de extraordinário. E hoje ambos rumam à Guiné Bissau para uma visita de dois dias.

Igualmente em silêncio - e esse particularmente ruidoso - permanece a Procuradora-Geral da República. Não falta quem ache que Lucília Gago deve algumas explicações ao país sobre as agora evidentes fragilidades do processo, que acabou por derrubar um Governo eleito com maioria absoluta. E até há quem já peça o seu afastamento. Mas a PGR, que se reuniu com Marcelo Rebelo de Sousa na manhã em que foram realizadas as buscas e em que Costa se demitiu, continua sem nada dizer.

É inevitável que este processo se transforme num dos maiores temas da campanha, mas, para já, o PS tem evitado um ataque direto ao Ministério Público. Pedro Nuno Santos traçou a estratégia, garantindo que o partido não passará os próximos quatro meses a discutir um caso judicial. E ontem a sua vantagem dilatou-se na corrida a secretário-geral. Depois de apresentar a candidatura ao lado de Francisco Assis, conotado com a ala mais à direita dos socialistas, recebeu o apoio de Manuel Alegre, uma das figuras mais à esquerda do partido, e conta com o suporte da JS e da maioria das federações e distritais.

No meio de toda esta crise sem precedentes, discutem-se no Parlamento as derradeiras propostas de alteração ao Orçamento do Estado, que ainda ninguém sabe quem virá a executar, perante as inesperadas - e imprevisíveis - eleições de 10 de março.

CONCENTRAÇÕES EM ALMADA, SETÚBAL, MONTIJO, B. DA BANHEIRA, 15 NOVEMBRO

Concentrações em Beja: dia 16/Nov | em Guimarães: dia 17/Nov

MENTIRAS DA PROPAGANDA SIONISTA

Os media corporativos passaram a propalar mentiras às catadupas após a operação de 7 de Outubro em Israel. Eis algumas delas:

1) Que teria sido uma operação "terrorista", quando na verdade foi contra alvos legítimos do ocupante sionista:   quarteis da tropa sionista, esquadras de polícia e instalações militares.
2) Que o Hamas teria atacado deliberadamente civis israelenses. No entanto, a esmagadora maioria dos israelenses mortos dia 7 eram militares ou polícias. Muitos dos civis que morreram foram atingidos pelas próprias forças israelenses em meio a choques com os militantes palestinos.
3) Que o Hamas teria decapitado bebés (!). A mentira é tão grande quanto aquela do tempo da guerra do Iraque, de que as tropas de S. Hussein teriam assassinado bebés no Kuwait.
4) Que as operações palestinas são desenvolvidas exclusivamente pelo Hamas. É falso. Dela também participam outras organizações, tais como a Frente Popular de Libertação da Palestina.
5) Que o regime israelense é democrático, quando na verdade é um regime racista, teocrático e fundado no apartheid. O regime é tão racista que faz discriminação até entre os próprios judeus (os de origem europeia discriminam os de origem norte-africana). Quanto aos palestinos, trata-se um povo espoliado e resistente. São tratados como párias e o objetivo do regime nazi-sionista é a limpeza étnica. Há milhares de presos políticos palestinos.
6) Que o genocídio agora praticado em Gaza – já há mais de 6000 mortos civis – seria uma "resposta" aos ataques do dia 7. Na verdade trata-se de terrorismo de Estado. É um ato de gigantesca covardia responder a uma operação militar com ataques de retaliação a populações civis. Era o que faziam os nazis da Wehrmacht.
7) Que o imperialismo deseja a paz. Na verdade deseja a continuação do massacre em Gaza como se viu ontem com o veto dos EUA a qualquer proposta de cessação de fogo apresentada no Conselho de Segurança da ONU.

Resistir 26/Out/23

DO GUETO NAZI DE VARSÓVIA AO GUETO NAZI DE GAZA

Entre o Gueto de Varsóvia e o Gueto de Gaza a diferença é só de escala.   No primeiro houve "apenas" 380 mil judeus submetidos ao cerco dos nazis alemães, no segundo há 2,2 milhões de palestinos submetidos ao cerco nazi-sionista.   Em ambos os casos trata-se de terrorismo de Estado e de políticas genocidas sistemáticas e premeditadas.   Os últimos crimes do governo israelense são o corte de água, comida e eletricidade aos habitantes da Faixa de Gaza, seguido do bombardeamento indiscriminado da população civil por meios aéreos (a tropa sionista é demasiado covarde para por ali botas no terreno).   Mas punição coletiva de um povo é um crime de guerra previsto na Convenção de Genebra.

Mais uma vez, também nisto o Estado nazi-sionista segue o exemplo do seu antecessor alemão.   A ação "terrorista" do Hamas é uma resposta ao terrorismo do Estado israelense, ao longo de décadas.   Mas não se pode por um sinal de igual entre o terrorismo dos oprimidos e o terrorismo dos opressores.   O roubo de terras – com a expansão contínua dos colonatos judeus – e o despojamento dos recursos do povo palestino perduram desde 1948 até hoje.   Problemas não resolvidos tendem a apodrecer e este já gangrenou.   O povo palestino está sozinho.   Com o fracasso da ONU e da chamada "comunidade internacional" este povo não tem a quem recorrer.   Só pode lutar por si mesmo.   Deve por isso ser apoiado por todas as pessoas decentes do mundo.   Atirar pedras no Hamas e mostrar-se equidistante é um ato de covardia política e moral.

Resistir 14/Out/23

Guerra Israel-Hamas: Israel ataca o Hospital al-Shifa de Gaza

Os médicos de al-Shifa dizem que o ataque israelense alimentou o medo entre milhares de pacientes e pessoas deslocadas em complexos hospitalares.

Mersiha Gadzo  e  Usaid Siddiqui | Equipa Al Jazeera | # Traduzido em português do Brasil

As forças israelenses atacam o Hospital al-Shifa na cidade de Gaza, o maior complexo médico da Faixa, onde milhares de pessoas se abrigaram.

Um médico dentro da instalação diz que o ataque israelense despertou medo entre pacientes, deslocados e profissionais de saúde.

O Hamas nega estar a utilizar hospitais em Gaza, como o de al-Shifa, como centros de comando, acusando Israel e os Estados Unidos de tentarem justificar “ massacres brutais ”.

Mais de 11.300 palestinos foram mortos em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro. Em Israel, o número oficial de mortos nos ataques do Hamas é de mais de 1.200.

Milhares presos enquanto forças israelenses atacam o Hospital al-Shifa de Gaza

A operação segue-se a dias de fortes ataques na área, onde milhares de deslocados e pacientes estão abrigados.

As forças israelenses invadiram o Hospital al-Shifa, onde milhares de palestinos estão abrigados, após dias de fortes ataques na área ao redor do complexo na Cidade de Gaza.

Os militares de Israel disseram na manhã desta quarta-feira que estavam realizando uma “operação contra o Hamas em uma área específica” em al-Shifa. Chamando o ataque de “operação direcionada” à maior instalação médica de Gaza, disse que o ataque se baseou na inteligência de Israel e dos Estados Unidos.

Israel acusa o Hamas, grupo que governa Gaza, de usar o hospital como base. O Hamas rejeita a afirmação. Israel não apresentou provas que sustentem a sua afirmação.

Dezenas de soldados israelenses entraram nas instalações enquanto tanques estavam estacionados no pátio do complexo médico, disse Tareq Abu Azzoum da Al Jazeera, reportando de Khan Younis na quarta-feira. A operação “é considerada muito arriscada e perigosa porque dentro do hospital há cerca de 7.500 palestinos, incluindo pacientes, médicos e pessoas deslocadas”, disse ele.

O Dr. Munir al-Bursh, diretor-geral dos hospitais na Faixa de Gaza, disse à Al Jazeera que as forças israelenses revistaram o porão do al-Shifa e entraram nos edifícios cirúrgicos e de emergência dentro do complexo.

Dr. Ahmed El Mokhallalati, um cirurgião dentro da instalação, relatou fortes tiros e explosões podiam ser ouvidas no complexo. “Vimos os tanques [israelenses] e as escavadeiras no campus do centro”, disse ele à Al Jazeera.

Cerca de 700 pacientes permanecem no hospital, incluindo cerca de 100 em estado crítico, informou Mokhallalati. Mais de 1.000 funcionários médicos também estão presos no local, mas não conseguem tratar os pacientes devido à falta de medicamentos e combustível.

Milhares de civis deslocados pelo bombardeio de cinco semanas de Israel em Gaza, que matou mais de 11.200 palestinos, também estão dentro do Hospital al-Shifa.

Mokhallalati descreveu o medo que tomou conta dos milhares de pessoas presas nas instalações. “Não sabemos o que eles farão conosco. Não sabemos se eles vão matar pessoas ou aterrorizá-las. Sabemos que toda a propaganda é mentira e eles sabem tão bem como nós que não há nada no centro médico al-Shifa.”

'Crime bárbaro'

A área ao redor de al-Shifa tem sido atingida por vários ataques israelenses há semanas. O governo israelense emitiu avisos para evacuar as instalações. No entanto, as autoridades médicas palestinianas rejeitaram a ordem, dizendo que não podem deixar os seus pacientes para trás.

No meio do ataque, o Ministro da Saúde da Autoridade Palestiniana, Dr. Mai al-Kaila, disse, num comunicado publicado pela agência de notícias palestiniana Wafa, que as forças israelitas “estão a cometer um novo crime contra a humanidade, o pessoal médico e os pacientes”.

O governo palestino responsabiliza as forças israelenses “pelas vidas da equipe médica, dos pacientes e das pessoas deslocadas no complexo de al-Shifa”, acrescentou ela.

O Hamas disse que responsabiliza Israel e o presidente dos EUA, Joe Biden, pelas implicações do ataque, rotulando-o de “crime bárbaro contra uma instalação médica protegida pela Quarta Convenção de Genebra”.

“A ocupação israelita e todos os que conspiraram com ela para matar crianças, pacientes e civis inocentes serão responsabilizados”, afirmou o grupo num comunicado.

Os EUA afirmaram “ter informações” de que o Hamas e a Jihad Islâmica Palestiniana utilizam os hospitais de Gaza, incluindo o al-Shifa, “para ocultar e apoiar as suas operações militares e para manter reféns”.

Ao mesmo tempo, Washington continuou a oferecer palavras de cautela, informou a Reuters.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse: “Não apoiamos ataques aéreos a um hospital e não queremos ver um tiroteio num hospital onde pessoas inocentes, pessoas indefesas, pessoas doentes que tentam obter cuidados médicos. merecem são apanhados no fogo cruzado.”

O Hamas negou que utilize os hospitais de Gaza como base e convidou as Nações Unidas a enviar investigadores independentes para verificar se as alegações de Israel são “falsidades”.

Ardi Imseis, especialista em direito internacional da Queen's University, no Canadá, disse que Israel carrega o fardo de “produzir provas” e provar a sua afirmação de que o hospital foi usado pelo Hamas como base.

“O objeto do ataque é um objeto civil. Até que os israelenses forneçam provas de que foi convertido em um objeto militar, a natureza civil do objeto não muda”, disse ele.

Omar Shakir, Diretor da Human Rights Watch para Israel e Palestina, disse à Al Jazeera que “o governo israelense não apresentou nenhuma evidência que justificasse privar os hospitais de suas proteções especiais sob o direito humanitário internacional”.

Mesmo que as justificações de Israel para atacar hospitais sejam tomadas “pelo valor nominal”, disse Shakir, “o direito humanitário internacional só permite atacar hospitais se houver espaço para uma evacuação segura”.

Ele acrescentou: “A realidade aqui é que não há lugar seguro para estar em Gaza”.

Ler/Ver em Al Jazeera:

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Genocídio em Gaza: Um apelo à ação global urgente

O que está a acontecer em Gaza enquadra-se na definição de genocídio.

Genocídio | Jornalista palestino Ahmed Alnaouq lamenta 21 familiares mortos por Israel


Não somos números

Amy Goodman | Democracy Now | com Ahmed Alnaouq jornalista e cofundador da We Are Not Numbers. | # Traduzido em português do Brasil

Um milhão e meio de residentes de Gaza foram deslocados pelos bombardeamentos e cercos israelitas desde 7 de Outubro, no que muitos palestinianos chamam de uma segunda Nakba, ou catástrofe, referindo-se à expulsão de 700 mil palestinianos em 1948 para criar o Estado de Israel. “É o que tem acontecido nos últimos 75 anos”, diz o jornalista palestiniano Ahmed Alnaouq, que descreve como 21 membros da sua família foram mortos em Gaza, incluindo o seu pai e vários irmãos. Alnaouq não pôde visitar a sua família durante quatro anos antes da sua morte, devido a restrições à entrada em Gaza. Ele vem de Londres, onde protestos históricos pedindo um cessar-fogo foram considerados “marchas de ódio” pela secretária do Interior, Suella Braverman, que foi demitida pouco depois. Alnaouq fala sobre o apoio global aos palestinos e responde aos últimos comentários do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre os ataques de Israel aos hospitais em Gaza.

Transcrição

Esta é uma transcrição urgente. A cópia pode não estar em sua forma final.

AMY GOODMAN : As Nações Unidas afirmam que mais de 200 mil palestinos que vivem no norte da Faixa de Gaza fugiram de suas casas nos últimos 10 dias depois de terem sido deslocados à força pelo bombardeio maciço de Israel. Desde 7 de Outubro, mais de 1,5 milhões de palestinianos foram deslocados. Isso representa mais de três quartos da população de Gaza. Muitos temem nunca mais poder voltar para casa.

Mais de 1.500 palestinos deslocados permanecem em Al-Shifa, o maior hospital de Gaza, que ficou sem combustível e deixou de funcionar como hospital. A Organização Mundial da Saúde alertou que Al-Shifa se tornou, entre aspas, “quase um cemitério”, à medida que os cadáveres se amontoam fora do hospital. Fortes combates foram relatados do lado de fora das portas do hospital. Israel afirma que o Hamas tem um centro de comando abaixo do hospital, mas a afirmação foi negada pelas autoridades do hospital.

Muitos palestinianos em Gaza estão a comparar os acontecimentos recentes com a Nakba de 1948, que significa “catástrofe” em árabe, quando 700 mil palestinianos foram expulsos das suas casas e transformados em refugiados durante a criação do Estado de Israel. Este é Abla Awad, de 80 anos. Ela cresceu num campo de refugiados em Gaza, foi forçada a abandonar a sua casa quando tinha 5 anos de idade, em 1948. Agora tornou-se refugiada novamente.

ABLA AWAD : [traduzido] Viemos aqui. Fugimos do campo de Jabaliya e viemos para cá para escapar do bombardeio. E agora estamos aqui. As formigas estão por toda parte. As moscas estão por toda parte. Não há comida. Já faz um tempo que não como pão. Estou com fome e quero comer. Eles estão amassando a massa agora. …

É a mesma coisa acontecendo novamente. Fomos deslocados das nossas cidades de origem e acabámos em Gaza. Morávamos no campo de refugiados de Bureij. E agora é uma segunda Nakba. O que fizemos com eles? A cada poucos anos eles trazem uma nova Nakba para nós. …Eu tinha 5 anos e lembro-me de ter sido deslocado. As nossas famílias levaram-nos com as suas malas e levaram-nos para Gaza. Juro que é igual ao que está acontecendo hoje. Tal como nos deslocaram da primeira vez, vão fazê-lo noutra altura. As duas situações são semelhantes. Nunca vi uma guerra como esta. As pessoas estão sendo deslocadas.

AMY GOODMAN : As palavras de Abla Awad, uma mulher palestina de 80 anos em Gaza.

Seguimos agora para Londres, onde nos juntamos Ahmed Alnaouq. Ele é um jornalista palestino de Gaza que agora vive em Londres, cofundador da We Are Not Numbers. Pelo menos 20 membros da sua família foram mortos em Gaza desde 7 de Outubro, incluindo o seu pai e vários irmãos. Seu artigo recente para The Nation tem como título “Os palestinos só querem ser tratados como seres humanos”.

Bem-vindo ao Democracia Agora! Sentimos muito pela sua perda, Ahmed. Se você puder falar sobre o que aconteceu com sua família?

AHMED ALNAOUQ : Muito obrigado, em primeiro lugar, por me receber.

O que aconteceu com a minha família foi o que aconteceu com outras mil famílias palestinas – na verdade, 1.200 outras famílias palestinas. E é o que vem acontecendo nos últimos 75 anos. Minha família morava na casa deles. Lá estavam meu pai, minhas três irmãs, dois irmãos, meu primo e 14 sobrinhas e sobrinhos. Eles estavam dormindo na minha casa no dia 22 de outubro quando Israel bombardeou minha casa e matou todos os membros da minha família, exceto dois – na verdade, exceto três. Um deles era um garoto chamado Malak, de 10 anos. Ela ficou gravemente queimada, passou alguns dias no hospital e sucumbiu ao ferimento. O resto é meu sobrinho de 3 anos e minha cunhada. Ela sobreviveu. Mas 21 membros da família foram mortos. E é isto que está a acontecer em Gaza. Isto é o que vem acontecendo nos últimos 75 anos. E só desde 7 de Outubro, mais de 1.200 outras famílias sofreram a mesma perda que sofri agora.

JUAN GONZÁLEZ: E, Ahmed, você deixou Gaza em 2019. Você conseguiu retornar desde então? E quando foi a última vez que você viu algum membro da sua família?

AHMED ALNAOUQ : Bem, infelizmente, deixei Gaza em 2019, mas não consegui encontrar nenhum membro da minha família desde então. E eu estava - nos últimos quatro anos, tenho tentado o meu melhor para me encontrar com meu pai, para ver meu pai. Ele era um homem velho. Ele tinha 75 anos, mas parecia mais velho do que é. Ele estava muito doente. E nos últimos quatro anos tenho morrido cem vezes todos os dias porque sinto falta do meu pai e não pude encontrá-lo por causa das fronteiras e do bloqueio. Infelizmente, não o vejo desde que deixei Gaza. E nunca me encontrei com nenhum dos meus irmãos, que perdi, desde que deixei Gaza.

JUAN GONZÁLEZ: Qual a sua reação aos enormes protestos em todo o mundo? Houve um grande em Londres neste sábado. O que você espera que possa resultar dessas mobilizações?

AHMED ALNAOUQ : Bem, na verdade, Londres tem protestado nas últimas quatro semanas, todos os sábados, em Londres, em protestos – não apenas em Londres, mas também em Edimburgo e em capitais de todo o mundo. As pessoas estão protestando aos milhares e às centenas de milhares. No sábado que vimos – o protesto que vimos no sábado em Londres, as pessoas estimam o número entre 800 mil e um milhão de pessoas. É um dos maiores protestos da história da Grã-Bretanha, depois do protesto na Guerra do Iraque em 2003. E estas centenas de milhares de pessoas que protestaram, cada uma delas apelou a uma única coisa: um cessar-fogo, e um cessar-fogo já.

Dá-me uma sensação reconfortante que a Palestina, que a minha família, que as crianças em Gaza não sejam esquecidas, que as pessoas acompanhem as notícias, que as pessoas se preocupem com os palestinos em Gaza, e com as pessoas - e, mais importante, que as pessoas no Ocidente já não aceitamos a narrativa da grande mídia que procura desumanizar e demonizar o povo palestiniano e fornecer uma cobertura para os israelitas cometerem massacres contra o povo palestiniano. Portanto, tenho uma sensação reconfortante de que não fomos esquecidos, e as pessoas preocupam-se connosco, e as pessoas continuarão a protestar contra a ocupação israelita, as pessoas continuarão a protestar contra esta agressão, esta investida contra os palestinianos em Gaza, até que haja um cessar-fogo .

E acho que esses protestos estão fazendo um ótimo trabalho. Vimos que os governos, muitos dos políticos, mudaram de tom quando se trata de Gaza. Vimos os comentários do Presidente Macron, o que é muito bom, e penso que é um passo na direção certa. Penso que este país é uma democracia, e penso que as pessoas, quando protestam, penso que, eventualmente, o seu governo terá de ouvi-las e pressionar Israel a parar o seu ataque a Gaza.

AMY GOODMAN : Você pode falar sobre a política do que está acontecendo em Londres agora? Quero dizer, este protesto massivo, um dos maiores que a Grã-Bretanha já viu, em Londres neste fim de semana, e depois a destituição do secretário dos Negócios Estrangeiros, Braverman, dizendo que as marchas pró-Palestina são “marchas de ódio”, por isso ela foi expulsa, e David Cameron, o antigo primeiro-ministro, foi nomeado secretário dos Negócios Estrangeiros, e depois a discussão sobre Tony Blair também foi trazida de volta. Sua resposta, Ahmed?

AHMED ALNAOUQ : Bem, penso que a mensagem que os manifestantes em Londres e em todo o Reino Unido deram ao governo é que não aceitamos ser criticados. Não aceitamos ser chamados de marchas do ódio. Não aceitamos a falsa alegação de que as pessoas que protestam pela Palestina são anti-semitas. E infelizmente, infelizmente, temos visto alguns comentários de políticos, do ex-ministro do Interior, descrevendo estas marchas como “marchas de ódio”. Infelizmente, nós, os palestinianos e os pró-palestinos e as pessoas de todo o Reino Unido – agora estamos a falar de que a maioria das pessoas que vivem no Reino Unido são agora pró-palestinos, são a favor do cessar-fogo. Raramente se encontrará alguém que queira que Israel continue os seus massacres contra o povo palestiniano. Infelizmente, o governo não está à altura da sua responsabilidade como democracia. Eles não estão à altura das exigências e aspirações do povo britânico.

E acho que o povo britânico foi muito generoso, muito gentil. Eles eram muito pró-justiça. E eles vieram de todo o Reino Unido no sábado. Vieram pessoas de todo o Reino Unido. Viajaram durante horas para participar neste protesto. E a mensagem deles foi que eles não aceitam essas alegações. Eles não aceitam que este protesto seja uma marcha de ódio. Eles vêm – judeus, muçulmanos, cristãos, ateus, pessoas LGBTQ , pessoas de todas as cores, de todas as religiões vieram para o Reino Unido, vieram para Londres no sábado e protestaram, pedindo um cessar-fogo. Na verdade, esta é uma marcha do amor. E as pessoas que vieram para cá vieram por amor, por humanidade. E eles vieram aqui para dizer que já basta. E estas pessoas não aceitam que o seu ministro do Interior diga que eles são manifestantes do ódio.

E acredito que o poder das pessoas é muito, muito – as pessoas são muito poderosas e os seus apelos são muito poderosos. E penso que, eventualmente, o governo terá de ouvi-los. Penso que este é um passo certo, um passo na direcção certa por parte do governo britânico para derrubar isto – Suella. E eu realmente espero que o próximo secretário do Interior – eu realmente espero que eles façam um trabalho melhor do que o anterior.

AMY GOODMAN : Estávamos mostrando o vídeo dessa grande marcha. E entre os cartazes, havia um grande grupo de judeus que marchava, dizendo “Judeus contra o apartheid”, a estrela judaica com “Não em nosso nome”. Mas eu queria vir aos Estados Unidos e obter a sua resposta, Ahmed, ao que está acontecendo aqui, o presidente Biden falando na segunda-feira, dizendo que o Hospital Al-Shifa deve ser protegido.

PRESIDENTE JOE BIDEN : Você sabe que não tenho relutado em expressar minha preocupação com o que está acontecendo. E é minha esperança e expectativa que haja menos ações intrusivas em relação ao hospital. Estamos em contato e estamos – com os israelenses. Além disso, há um esforço para fazer esta pausa para lidar com a libertação de presos. E isso também está a ser negociado com os catarianos envolvidos. E então continuo um tanto esperançoso. Mas o hospital deve ser protegido.

AMY GOODMAN : “O hospital deve ser protegido”, disse o presidente Biden. A sua resposta, e também, anteriormente, à grande população judaica que se manifesta contra o que Israel está a fazer em Gaza, e separa a sua condenação do anti-semitismo da condenação do Estado israelita?

AHMED ALNAOUQ : O povo judeu neste país e na América, na verdade, tem desempenhado um papel fundamental nesta luta contra a ocupação, nesta luta contra o apartheid e a ocupação da Palestina. Nós em Londres, temos, por exemplo, neste protesto, mais de mil pessoas, judeus, vieram no protesto, no bloco judeu, e protestaram. E seus apelos foram os mesmos que todos no protesto estão pedindo. O povo judeu faz parte da luta do movimento de libertação palestiniano e tem feito um excelente trabalho. E, na verdade, acredito que uma das vozes mais importantes da Palestina são as vozes judaicas. Vimos muitas organizações nos EUA e no Reino Unido com o povo judeu, Jewish Voice for Peace e Na'amod e muitas outras organizações aqui e ali, que estão a apelar, que estão a lutar dia e noite pela libertação do povo palestiniano, que lutam contra a ocupação de forma pacífica e justa. Eles não são anti-semitas. Eles não podem ser anti-semitas enquanto forem judeus.

E, infelizmente, as campanhas difamatórias que o lobby israelita está a fazer aqui são ferozes e não distinguem entre o povo judeu, os cristãos ou os muçulmanos. Enquanto formos pró-Palestina, enquanto formos contra a ocupação, seremos anti-semitas. Isso é realmente absurdo. Mas estou muito, muito, muito orgulhoso, e todos nós estamos muito, muito, muito orgulhosos da comunidade judaica, da comunidade judaica nos EUA e no Reino Unido que desafiam os estereótipos, que desafiam os meios de comunicação ocidentais, e que desafiar a desinformação e a desinformação sobre o que se passa na Palestina e em Israel. E eles saíram e disseram em uma palavra que são pró-justiça, pró-paz, e estão com o cessar-fogo agora.

Quanto a Biden, ele disse que o Hospital Al-Shifa deveria ser protegido. Eu realmente quero acreditar nele, mas não acho que ele seja genuíno em seus apelos, porque está apoiando Israel. Ele tem ajudado Israel com dinheiro, diplomacia e armamento. Ele duplicou o dinheiro que dá a Israel para nos bombardear. Por exemplo, minha família foi bombardeada por um F-16, um avião fabricado nos Estados Unidos. Então, Biden fornece a Israel tudo o que necessita, a arma, tudo o que necessita, e depois dizem que o Hospital Al-Shifa deve ser protegido. Infelizmente, o Hospital Al-Shifa não está protegido. Agora, a maioria dos refugiados que vieram para o Hospital Al-Shifa já partiram. Vimos vídeos de pilhas de corpos no Hospital Al-Shifa, e testemunhas oculares dizem que os cães vadios vão comer os corpos do povo palestiniano, porque não podem enterrar os corpos das pessoas mortas na Faixa de Gaza. Infelizmente, acho que esses comentários de Biden deveriam ser – só acreditarei nesses comentários se ele fizer alguma coisa, se ele agir. Mas neste momento não confio nas palavras dele. Eu não confio em suas ligações. E acredito que ele é cúmplice dos crimes de guerra que Israel está a cometer contra o povo palestiniano, incluindo os ataques contra os hospitais, o Hospital Al-Shifa e outros hospitais. Estes hospitais foram alvo de ataques porque Israel tinha a cobertura e a atmosfera do governo dos EUA, dos militares dos EUA, dos meios de comunicação dos EUA, dos principais meios de comunicação social, para fazer o que estão a fazer neste momento.

JUAN GONZÁLEZ: Sim, Ahmed, queria perguntar a você - você estava mencionando o Hospital Al-Shifa e a cumplicidade dos Estados Unidos. As imagens terríveis, absolutamente terríveis que vimos nos últimos dois dias, de bebés prematuros isolados das suas incubadoras e reunidos num grande grupo rodeados por folhas de alumínio para os proteger - não consigo compreender porquê, mesmo nos Estados Unidos Nos Estados Unidos, ou mesmo no Ocidente, ainda há pessoas que não reconhecem os enormes crimes de guerra que estão a ser cometidos aqui. Qual a sua noção do que será necessário para pôr fim a isto, para permitir pelo menos um cessar-fogo em Gaza neste momento?

AHMED ALNAOUQ : Bem, não sei o que é necessário para forçar um cessar-fogo, depois de tudo o que vimos, depois dos ataques a civis, dos ataques a hospitais, dos ataques a escolas, dos ataques aos refugiados que se dirigem para o sul, mais mais de 15.000 pessoas já mortas, incluindo as 2.000 ou 3.000 pessoas que estão sob os escombros. Áreas inteiras foram devastadas. Bairros foram destruídos. E as pessoas estão morrendo de fome. As pessoas estão literalmente morrendo de fome em Gaza. Eles não têm comida. Eles não têm água. Eles não têm suprimentos médicos. Eles não têm eletricidade. Eles não têm conexão com a internet. Tudo isto, um genocídio, está a ocorrer em Gaza, e ainda vemos alguns políticos e alguns governos que se recusam a pressionar Israel por um cessar-fogo. Não sei o que é preciso para parar tudo isso.

E vimos que o que está acontecendo no hospital, no Hospital Shifa, é um crime. É um crime contra a humanidade. Não creio — não sei como é que estas pessoas são humanas, o que sentem pelos seus irmãos e irmãs, que permitem que estes massacres aconteçam no Hospital Al-Shifa. E permitam-me que diga o seguinte: os israelitas têm como alvo o Hospital Al-Shifa e outros hospitais, não porque neles exista uma base do Hamas. É claro que eles sabem que lá não existe Hamas. São áreas públicas e todo mundo é gravado e filmado o tempo todo. Não há Hamas dentro do Hospital Al-Shifa, mas Israel quer destruir o Hospital Al-Shifa para forçar todos os que vivem ao norte do vale a irem para o sul, porque as pessoas estão se refugiando nesses hospitais, então Israel está bombardeando esses hospitais, então que acabem com todos os abrigos para os refugiados, e é então que serão forçados a mudar-se para sul. Portanto, todas estas alegações de que membros do Hamas ou base militar estão no Hospital Al-Shifa, outro hospital, são absurdas.

Agora, um país ou um exército que esteja disposto e seja capaz de matar 5.000 crianças palestinianas enquanto dormiam nas suas casas, incluindo 14 dos meus sobrinhos e sobrinhas, é capaz de mentir e dizer que há o Hamas no hospital. Isso é uma mentira e o mundo deveria saber. O mundo deveria saber melhor. Agora temos mídias sociais. Vemos a verdade como ela é. E não dou qualquer desculpa a quem acredita ou acredita na narrativa israelita sobre o que se passa neste conflito, porque este exército é um assassino, é um assassino, e eles são, claro, capazes de mentir, como mentiram. por muitos, muitos, muitos anos antes.

AMY GOODMAN : Ahmed Alnaouq, quero agradecer a você por estar conosco, cofundador da We Are Not Numbers. Pelo menos 20 membros da sua família foram mortos em Gaza desde o ataque do Hamas em 7 de Outubro, incluindo o seu pai e vários irmãos. Seu artigo recentepara The Nation tem como título “Os palestinos só querem ser tratados como seres humanos”. Faremos um link para ele em democraticnow.org.

No programa (vídeo) - A seguir, conversamos com duas jornalistas, a premiada Jazmine Hughes, forçada a renunciar à The New York Times Magazine após assinar uma carta aberta criticando Israel. Também conversamos com a escritora Jamie Lauren Keiles, que também está deixando o The New York Times. De volta em 30 segundos.

AMY GOODMAN : “Quarta-feira de manhã” de Macklemore, que discursou no comício pró-cessar-fogo em Washington, DC, na semana passada.

O conteúdo original deste programa está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Obras Derivadas 3.0 dos Estados Unidos . Por favor, atribua cópias legais deste trabalho a democraticnow.org. Alguns dos trabalhos que este programa incorpora, entretanto, podem ser licenciados separadamente. Para mais informações ou permissões adicionais, entre em contato conosco.

Próxima história deste programa diário

Os redatores do NY Times, Jazmine Hughes e Jamie Keiles, renunciam após assinarem carta contra a guerra israelense em Gaza

Os EUA têm uma política de ignorar as violações dos direitos humanos dos seus aliados

Caitlin Johnstone* | CaitlinJohnstone.com | Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

O Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, tem-se recusado repetidamente a dizer à imprensa se acredita que Israel tem seguido as leis da guerra em Gaza.

Aqui está uma transcrição de uma conversa com Niall Stanage do The Hill em uma coletiva de imprensa na Casa Branca na terça-feira:

Stanage: Você disse hoje, como já disse várias vezes, sobre a importância de as leis da guerra serem respeitadas. Israel matou cerca de 11.000 palestinos. Cerca de dois terços deles são mulheres e crianças. A situação nos hospitais é terrível. Israel lançou uma quantidade astronómica de material bélico em áreas muito urbanizadas. Israel, na sua opinião, cumpre as leis da guerra? E se for, como você chega a essa conclusão? Sullivan: Bem, como eu disse ontem, eu – Jake Sullivan, aqui – não estou em posição de ser juiz e júri para tomar essa decisão. É uma determinação legal. O que posso fazer é expor-lhes a política clara da administração Biden, sobre a qual temos sido inequívocos desde o início deste conflito. E é que, embora o Hamas esteja a usar civis como escudos humanos, esteja a escavar áreas civis com os seus mísseis que continuam a lançar todos os dias contra áreas civis em Israel, isso coloca um fardo adicional sobre as FDI, mas não diminuir a sua responsabilidade de agir de forma a separar os terroristas dos civis e fazer tudo o que estiver ao seu alcance para proteger as vidas dos civis. Stanage: Mas o -  Sullivan: Isso é - esse foi o caso. Esse continua sendo o caso hoje. Essa é a mensagem que dissemos publicamente e que comunicamos aos nossos homólogos israelitas em privado —  Stanage: Mas —  Sullivan: — e fazemos isso diariamente. Stanage: Só estou tentando ser claro. A opinião da administração é que as IDF estão fazendo isso? Sullivan: O que eu lhe disse é que não estou em posição de lhe dar uma determinação legal para sua questão. Não estou em condições de fazer isso. O que estou em posição de fazer é declarar a posição do governo dos EUA sobre como as operações israelitas devem ser conduzidas. E foi isso que eu fiz. É isso que continuo a fazer. É isso que posso fazer neste pódio.

Sullivan executou a mesma dança evasiva durante uma aparição no programa State of the Union da CNN no domingo, dizendo à apresentadora Dana Bash “Não vou sentar aqui e bancar o juiz ou júri nessa questão” quando questionado se Israel está operando de acordo com o regras da guerra. 

Foi engraçado porque a pergunta de Bash surgiu da afirmação do próprio Sullivan de que Israel tem a “responsabilidade de operar de acordo com as regras da guerra”; Sullivan afirmou que isso era responsabilidade de Israel, mas imediatamente se recusou a dizer se isso estava realmente acontecendo ou não.

Grã-Bretanha implicada no assassinato de médico de Gaza patrocinado pelo seu MRE

Grã-Bretanha implicada no assassinato de médico de Gaza patrocinado pelo seu Ministério das Relações Exteriores

Kit Klarenberg* | The Grayzone | # Traduzido em português do Brasil

O governo do Reino Unido recusou-se a condenar o assassinato selectivo por parte de Israel da Dra. Maisara Alrayyes, uma ex-aluna palestiniana da prestigiada bolsa Chevening do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico. Entretanto, Londres instruiu os meios de comunicação social a manterem silêncio sobre o seu envolvimento directo no massacre de Gaza.

Desde o início do ataque militar de Israel à sitiada Faixa de Gaza, o governo britânico manteve-se imperturbavelmente silencioso sobre a carnificina infligida aos civis palestinianos, com uma notável excepção.

Em 8 de novembro, o Ministério das Relações Exteriores anunciou a morte da Dra. Maisara Alrayyes, ex-aluna palestina do prestigiado programa de bolsas Chevening , sob o qual “líderes emergentes notáveis ​​de todo o mundo” podem cursar mestrado com todas as despesas pagas em prestigiadas universidades britânicas. universidades. 

O Foreign Office recusou-se a declarar a causa da morte de Alrayyes, provocando uma onda de condenação . 

Do amigo mais próximo de Maisara, Bahzad Al-Akhras, aos covardes do @CheveningFCDO:

Maisara AlRayyes foi assassinada junto com sua família pelas chamadas “IDF” como parte do GENOCÍDIO de mais de 30 dias contra os palestinos em Gaza!
O assassinato de maisara foi apoiado pela bancada… https://t.co/QGL05d9sKC pic.twitter.com/w07w3br2Oe

— Refaat em Gaza (@itranslate123) 8 de novembro de 2023

Entretanto, o King's College, onde em 2019 Alrayyes estudou Saúde da Mulher e da Criança, emitiu um breve comunicado afirmando que ele e a sua família foram “mortos”, embora se tenha recusado a identificar o autor do crime. A faculdade observou que o seu trabalho tinha sido publicado “numa série de revistas de alto nível… e ele era muito respeitado e conhecido entre os seus colegas pela sua dedicação à melhoria dos cuidados de saúde para mulheres e crianças em regiões de baixos rendimentos e afetadas pela guerra”.

Colegas de Alrayyes revelaram posteriormente que ele e sua família foram assassinados como resultado de ataques aéreos israelenses, depois de passarem 30 horas presos sob os escombros. 

Nos dias que antecederam a morte, o médico mandou uma mensagem para seus ex-colegas do King's College, dizendo-lhes:

“Nos últimos dias, estou começando a me sentir mais apavorado do que nunca. Imagino-me debaixo dos escombros e tenho muito medo de continuar vivo debaixo dos escombros.”

Seus piores pesadelos foram realizados graças, em grande parte, aos patrocinadores do governo britânico de sua bolsa Chevening.

Crimes de guerra e propaganda israelita seguem o modelo dos EUA

O correspondente da Al Jazeera Wael El-Dahdouh chora ao segurar um de seus familiares que foi morto em um ataque aéreo israelense a um prédio em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, em 25 de outubro de 2023. (Foto: Omar Ashtawy/APA Images )

Há muitos anos que temos reportado e protestado contra os crimes de guerra dos EUA e contra crimes idênticos cometidos por aliados e representantes dos EUA, como Israel e a Arábia Saudita: usos ilegais da força militar para tentar remover governos ou “regimes” inimigos; ocupações militares hostis; violência militar desproporcional justificada por alegações de “terrorismo”; o bombardeio e assassinato de civis; e a destruição em massa de cidades inteiras.

Medea Benjamin e Nicolas JS Davies* | Global Research | # Traduzido em português do Brasil

A maioria dos americanos partilha uma aversão geral à guerra, mas tende a aceitar esta política externa militarizada porque somos tragicamente susceptíveis à propaganda, à máquina de manipulação pública que trabalha de mãos dadas com a máquina de matar para justificar horrores que de outra forma seriam impensáveis.

Este processo de “fabricação de consentimento” funciona de várias maneiras. Uma das formas mais eficazes de propaganda é o silêncio, simplesmente não nos dizendo, e certamente não nos mostrando, o que a guerra está realmente a fazer às pessoas cujas casas e comunidades foram transformadas no mais recente campo de batalha da América.

A campanha mais devastadora que os militares dos EUA levaram a cabo nos últimos anos lançou mais de 100 mil bombas e mísseis sobre Mosul, no Iraque , Raqqa, na Síria , e outras áreas ocupadas pelo ISIS ou pelo Da'esh. Um relatório da inteligência curda iraquiana estimou que mais de 40 mil civis foram mortos em Mosul, enquanto Raqqa foi ainda mais destruída .

O bombardeamento de Raqqa foi o mais pesado bombardeamento de artilharia dos EUA desde a Guerra do Vietname, mas mal foi noticiado nos meios de comunicação social corporativos dos EUA. Um artigo recente do New York Times sobre as lesões cerebrais traumáticas e o TEPT sofridos pelos artilheiros dos EUA que operavam obuseiros de 155 mm, cada um dos quais disparando até 10.000 projécteis contra Raqqa, foi apropriadamente intitulado Uma Guerra Secreta, Novas Feridas Estranhas e Silêncio do Pentágono.

Envolver em segredo esta morte e destruição em massa é um feito notável. Quando o dramaturgo britânico Harold Pinter recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2005, em plena Guerra do Iraque, intitulou o seu discurso do Nobel “Arte, Verdade e Política” e utilizou-o para lançar luz sobre este aspecto diabólico da guerra dos EUA. - fazendo.

Depois de falar sobre as centenas de milhares de assassinatos na Indonésia, Grécia, Uruguai, Brasil, Paraguai, Haiti, Turquia, Filipinas, Guatemala, El Salvador, Chile e Nicarágua, Pinter perguntou :

“Eles aconteceram? E serão sempre atribuíveis à política externa dos EUA? A resposta é sim, eles aconteceram e são atribuíveis à política externa americana.”

“Mas você não saberia”, ele continuou. "Isso nunca aconteceu. Nada aconteceu. Mesmo enquanto estava acontecendo, não estava acontecendo. Não importava. Não foi de nenhum interesse. Os crimes dos Estados Unidos têm sido sistemáticos, constantes, cruéis, impiedosos, mas muito poucas pessoas falaram realmente sobre eles. Você tem que reconhecer a América. Exerceu uma manipulação de poder bastante clínica em todo o mundo, ao mesmo tempo que se disfarçou como uma força para o bem universal. É um ato de hipnose brilhante, até espirituoso e de grande sucesso.”

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