segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O QUE É O SOCIALISMO EUROPEU EM TEMPOS DE CRISE CAPITALISTA?




Eduardo Febbro - Correspondente da Carta Maior em Paris

Os dois candidatos com mais votos, Hollande e Aubry, não esclareceram ainda a conta pendente que o PS tem com sua própria definição: o que é o socialismo europeu em tempos de estragos capitalistas? Como passar a ser outra coisa depois dos anos de ambivalência entre socialismo liberal e liberalismo social? O peso eleitoral que a ala esquerda do PS obtiver nas primárias do próximo domingo pode mudar nos próximos meses os ingredientes do discurso socialista. O artigo é de Eduardo Febbro.

O Partido Socialista francês entra na reta final do processo da eleição primária com vistas a apontar um candidato para as eleições presidenciais de 2012 sob um céu de brigadeiro. Pesquisas de opinião favoráveis, hecatombe da direita no poder, degradação da imagem do presidente Nicolas Sarkozy e, pouco a pouco, consolidação da candidatura do ex-primeiro secretário do PS, François Hollande. Ao mesmo tempo, o debate público organizado entre os seis candidatos que participam, dia 9 de outubro, do primeiro turno fez emergir algumas ideias novas no interior da chamada esquerda socialista, entre elas o conceito-chave da campanha de um dos candidatos, a “desglobalização” ou a “desmundialização”.

A eleição primária deste domingo oferece à esquerda uma tribuna que ultrapassa os limites de seu eleitorado e de seus simpatizantes. O PS calcula que se mais de um milhão de pessoas votarem na eleição ela terá sido um êxito. O processo é inédito na cultura política francesa. O voto não é reservado aos socialistas, mas a todas as pessoas inscritas nas listas eleitorais. A única condição para participar é pagar um euro e firmar uma “carta de adesão” aos valores da esquerda. Esta metodologia não restritiva teve um efeito inesperado: muitos eleitores ecologistas, comunistas, centristas e conservadores pensam participar. As pesquisas de opinião revelam que entre uma terça parte e a metade daqueles que participarão da primária do próximo domingo não são eleitores socialistas.

A configuração é paradoxal: esses eleitores “extra muros” do socialismo francês não votariam em nenhum candidato do PS no primeiro turno das eleições presidenciais de 2012, mas poderiam influenciar na interna socialista para optar pelo candidato que consideram melhor para disputar a eleição com a direita. O raciocínio é o seguinte: se o próximo presidente for um socialista, então que o seja o melhor deles.

As pesquisas internas apontam uma vitória expressiva de François Hollande frente a outra favorita, a atual primeira secretária do PS, Martine Aubry. Hollande poderia obter no próximo domingo cerca de 45% dos votos. A cifra é insuficiente para evitar um segundo turno no dia 16 de outubro. O candidato que avançou mais é Arnaud Montebourg e sua ideia de “desglobalizar” a sociedade. Montebourg conseguiu inclusive atrair os eleitores da esquerda da esquerda, agrupados na Frente de Esquerda.

Esta figura emergente foi a única que, até agora, tomou clara distância do liberalismo. “Proponho recuperar o controle da economia pela política”, disse, acrescentando: “não derrotaremos Nicolas Sarkozy respeitando as tábuas da lei da Organização Mundial do Comércio (OMC), não o derrotaremos aplicando suas ideias. Nós só vamos derrotá-lo combatendo os tabus que nos conduziram à quebra”. Seu projeto de “desglobalização” aponta para o “rompimento das cadeias ideológicas”, para a “quebra da ordem antiga”. De todos os candidatos, Arnaud Montebourg tem sido o mais severo em suas propostas contra o setor financeiro e em sua estratégia de incluir os “esquecidos da globalização”. O deputado socialista fez dos bancos seu principal cavalo de batalha. Para este deputado de 46 anos, o “espírito” socialista consiste em “desinflar” a esfera financeira e empregar “todos os meios para controlar os bancos”. Em uma entrevista ao diário Libération, Montebourg declarou que “os bancos deveriam ser cortados em pedaços (...) Os bancos têm uma responsabilidade pela derrocada do sistema financeiro”.

Nenhum outro candidato do PS falou até agora com essa agressividade. Frente a ele, François Hollande é mais modesto, quase um centrista cauteloso. Seu programa prevê um plano nacional de educação, a reforma fiscal a fim de reequilibrar as contribuições “entre o capital e o trabalho”, a imposição de regras para o sistema financeiro – não detalhadas – a instauração de um contrato geracional mediante o qual as empresas privadas conservariam os empregados mais antigos para que esses transmitam o ofício aos novos jovens contratados.

Os dois candidatos com mais votos, Hollande e Aubry, não esclareceram ainda a conta pendente que o PS tem com sua própria definição: o que é o socialismo europeu em tempos de estragos capitalistas? Como passar a ser outra coisa depois dos anos de ambivalência entre socialismo liberal e liberalismo social? O peso eleitoral que a ala esquerda do PS obtiver no domingo modificará nos próximos meses os ingredientes do discurso. Por enquanto, o socialismo francês navega no centro do rio, medindo com muita prudência a influência das costas.

Tradução: Katarina Peixoto

RAMALLAH, PALESTINA, ASSINALA 5 DE OUTUBRO PORTUGUÊS





As comemorações da revolução que levou à destituição da monarquia e implantou o regime republicano em Portugal surgem dentro de uma série de eventos de iniciativa civil organizados por grupos de jovens palestinianos em reconhecimento pela solidariedade para com a causa palestiniana.

O hino português vai ouvir-se a partir das 15 horas locais no centro de Ramallah, onde se vão hastear bandeiras da República Portuguesa e se dará início a uma tarde de gastronomia tradicional portuguesa.

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, apresentou em setembro o pedido de adesão de um Estado Palestiniano como membro de pleno direito das Nações Unidas, com base nas fronteiras de 1967 com Jerusalém Oriental como capital.

Embora não esteja diretamente envolvida nas comemorações, a presidência palestiniana tem apelado e encorajado ações de apoio de iniciativa civil ao processo de pedido de adesão palestiniano à ONU.

Vários membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas já disseram que vão aprovar o pedido palestiniano, casos de China, Federação Russa, Brasil, Índia, Líbano, África do Sul, Nigéria e Gabão.

Portugal, membro não permanente do Conselho de Segurança, ainda não divulgou qual vai ser o seu voto, defendendo uma posição comum da União Europeia e a importância das negociações entre palestinianos e israelitas.

ALEMANHA REUNIFICADA AMADURECE, MAS AINDA MANTÉM CICATRIZES





Mais de duas décadas após a reunificação alemã, grandes progressos foram feitos na superação das marcas deixadas pela divisão do país, embora uma unidade real ainda não tenha sido atingida em todos os campos.

Do ponto de vista econômico, a Alemanha reunificada de hoje oferece uma imagem mista. Avanços enormes aconteceram nos últimos 21 anos e praticamente toda cidade do Leste do país foi completamente reformada desde a queda do Muro, em 1989.

Enquanto os níveis salariais no Leste continuam perfazendo apenas 78% daqueles no Oeste, até hoje, 21 anos depois da reunificação, o custo de vida, em especial os aluguéis, continuam sendo muito mais baixos no Leste. Diante disso, se poderia argumentar que a maioria dos alemães desta região não estaria vivendo em condições muito piores que os cidadãos do Oeste.

Além disso, há uma série de histórias de indústrias bem-sucedidas na antiga Alemanha Oriental, como por exemplo a Silicon Saxony, na Saxônia, assim chamada em referência a Silicon Valley, por reunir fabricantes de chips de computador; e a indústria ótica nos arredores de Jena, na Turíngia.

Entretanto, em agosto deste ano, as taxas de desemprego no Leste eram duas vezes maiores do que as registradas no Oeste do país. Aproximadamente metade dos 80 bilhões de euros que fluem anualmente em forma de subsídios do Oeste para o Leste, foram engolidos no último ano pelos encargos sociais e por pagamentos de benefícios.

Cerca de 1,6 milhão de pessoas mudaram-se do Leste para o Oeste desde 1990, a maioria delas em busca de melhores oportunidades de emprego. Essa é uma tendência que não dá, até hoje, sinais de reversão. Pior ainda: sociólogos apontam um brain drain, uma fuga de cérebros do Leste, ou seja, um êxodo da mão de obra qualificada.

Não é nada incomum ver prédios desabitados sendo demolidos em cidades do Leste. O exemplo mais extremo acontece em Hoyerswerda, perto das fronteiras com a Polônia e com a República Tcheca, que perdeu metade da população na última década. Neste sentido, o Leste e o Oeste continuam oferecendo bases econômicas diferentes. E a insatisfação com essas diferenças e desigualdades vem à tona na política.

Ascensão e fragmentação da esquerda

A incorporação do que os alemães chamam de "novos estados" no sistema político da antiga Alemanha Ocidental acarretou mudanças. Embora tenha nascido em Hamburgo, a chanceler federal Angela Merkel criou-se no Leste – fato que muitos alemães tendem a esquecer. E embora muitos alemães do Leste votem em partidos do Oeste, outros procuraram uma alternativa própria.

O partido A Esquerda, sucessor do antigo partido socialista da Alemanha de regime comunista, combinado com dissidências da esquerda de partidos do Oeste, já marcou seu lugar como porta-voz dos habitantes descontentes do Leste.

O Partido Social Democrata (SPD) e o Verde nutrem uma desconfiança em cooperar com os antigos comunistas, levando ao resultado irônico de uma esquerda dividida, que ajuda o governo de Merkel, de centro-direita, a se manter no poder.

A existência do partido A Esquerda como forma de protesto político pacífico pode ser vista como uma evidência da adoção, por parte dos alemães do Leste, da democracia ocidental. Embora isso tenha também acentuado a sensação dos alemães do Oeste de que há um abismo cultural entre eles e seus conterrâneos do Leste.

Nostalgia dos dois lados

Um aspecto indubitavelmente positivo da reunificação foi o fim das barreiras políticas, que mantiveram famílias separadas durante os anos da Guerra Fria. Não há registros exatos sobre o número de alemães que tinham parentes "na outra Alemanha", mas a média de 26 milhões de pacotes, enviados anualmente do Oeste para o Leste nos anos de divisão do país, eram um indicador dos problemas causados pela divisão política.

"Aqueles que se sentiam aprisionados ficaram felicíssimos com o fim de seu sofrimento", diz Brigitte Klump, escritora e responsável por petições particulares frente às Nações Unidas, que, no decorrer de muitos anos, conseguiu com que quatro mil pessoas deixassem a Alemanha Oriental, de regime comunista. "E naturalmente fico feliz em saber de pessoas que foram bem-sucedidas no processo de integração no Oeste", diz ela.

Ostalgia – termo cunhado para caracterizar a nostalgia dos alemães-orientais (ossis) das coisas como eram antes – é um assunto recorrente na mídia, mas diz respeito a apenas 10% dos habitantes do Leste, que continuam afirmando que preferiam a vida sob o socialismo. E a identificação dos alemães do Leste como membros de um grupo social específico – os alemães-orientais – é tão menor quanto mais jovens eles são.

Hoje, aproximadamente metade dos alemães do Oeste afirmam que o período anterior a 1989 era melhor do que depois da queda do Muro. Isso reflete suas memórias de um momento de afluência e consenso social, e sugere que a westalgia (a nostalgia dos wessis, habitantes do Oeste), é bem mais prevalente do que a do seu correspondente no Leste.

O professor Klaus Schroeder, da Universidade Livre de Berlim, acredita que muitos alemães-orientais tenham um "conceito idealizado" a respeito do que era o país antes de 1989, enquanto os habitantes do Oeste amaldiçoam terem "pago a conta da reunificação". Segundo Schroeder, "na batalha entre os dois sistemas, o Ocidente ganhou. O Leste foi frequentemente deixado no papel de perdedor".

Fator global

Um dos aspectos frequentemente negligenciados da reunificação são as contribuições feitas pelos residentes no país que não possuem passaporte alemão, e os efeitos da reunificação sobre eles.

Os estrangeiros perfazem aproximadamente 8% da população do país e, com o fim das fronteiras entre Leste e Oeste, que dividia a Europa como um todo, a sociedade alemã vem se tornando cada dia mais multicultural, com comunidades representativas de residentes vindos do Leste Europeu, além de uma substancial minoria turca, que se estabeleceu na Alemanha Ocidental do pós-guerra.

"A nação alemã é formada por muitas nacionalidades, incluindo os então alemães-ocidentais, os então alemães-orientais, os milhões de descendentes de alemães que viviam no Leste Europeu, bem como uma população de imigrantes sem ascendência alemã. Os antigos 'trabalhadores convidados' formam a maioria entre os imigrantes, mas há também diversos outros grupos menores, das mais variadas origens", diz Klaus Base, especialista em imigração.

Os estrangeiros são responsáveis por um impacto inestimável na sociedade alemã de hoje, e a imigração é crucial para contrabalançar a baixa taxa de natalidade, já que tanto os alemães-ocidentais quanto os orientais têm cada vez menos filhos.

Após o boom imigratório que sucedeu ao fim da Segunda Guerra, o número de estrangeiros no país permaneceu estável. Economistas e sociólogos veem essa tendência como preocupante, porque a Alemanha precisa aumentar a população em idade ativa para compensar o número de aposentados.

Mais de duas décadas depois de 1990, fica mais evidente que nunca que a "reunificação" não significa uma restauração da sociedade do passado, mas sim um processo de criar algo novo, que seja parte do mundo globalizado. Velhos paradigmas nacionais estão sendo submetidos a desafios cada vez maiores, de forma que o futuro da Alemanha poderá vir a ser muito mais influenciado por fatores externos do que por aqueles de dentro de suas próprias fronteiras.

Autor: Jefferson Chase (sv) - Revisão: Roselaine Wandscheer

África do Sul: Triplo assassínio de família portuguesa choca um país habituado à violência




AP - LUSA

Joanesburgo, 03 out (Lusa) - Três centenas de residentes de Walkerville, um subúrbio de transição entre os mundos rural e urbano a sul de Joanesburgo, reuniram-se hoje para discutir o triplo homicídio de uma família portuguesa no sábado.

Residentes de todas as idades, que ao longo dos anos têm colaborado com as autoridades em iniciativas comunitárias do combate ao crime, declararam-se chocados pelo nível de violência que foi infligido à família morta numa residência do bairro de Walkerville por pelo menos 3 assaltantes, um dos quais detido hoje pelas autoridades.

A reunião magna de residentes, que contou com a presença do vereador da câmara municipal eleito pelo bairro, Malcolm Hack, e vários responsáveis dos fóruns comunitários de policiamento da zona, decidiu por unanimidade realizar uma marcha de homenagem a Tony Viana, empresário português de 46 anos, a sua mulher Giraldine e o filho de 13 anos, brutalmente assassinados na sua residência.

Os corpos das três vítimas foram encontrados pela polícia no interior da residência no domingo, quando uma patrulha se deslocou ao local para informar o português de que uma das suas viaturas havia sido abandonada no bairro de Orange Farm.

Trabalhadoras de uma empresa especializada na limpeza de cenas de crimes, que todo o dia de hoje trabalharam na residência das vítimas, no número 61 da rua Kliprivier, em Wlkerville, declararam-se "extremamente revoltadas" com aquilo que designaram por "pura brutalidade" infligida à família portuguesa.

"O que hoje aqui tivemos de limpar não pode ser descrito por palavras. O que lhe posso dizer é que as três vítimas foram sujeitas a terríveis atos de tortura antes de serem mortas", disse à Lusa uma das trabalhadoras da empresa "Bloed Susters" (Irmãs de Sangue, o nome da empresa contratada pela família da mulher do português assassinado).

Para a maioria dos residentes do bairro, este crime foi um "balde de água fria", numa altura em que a criminalidade violenta está claramente em decréscimo na África do Sul.

A polícia deteve um dos suspeitos, um jovem de apenas 20 anos, filho de um empregada doméstica que trabalhava para as vítimas, e lançou uma caça ao homem em busca de dois presumíveis cúmplices que estão ainda a monte, disseram à Lusa fontes policiais.

Angola poderá receber escola da organização de cooperativas de língua portuguesa




NME - LUSA
Luanda, 03 out (Lusa) - A Organização Cooperativista dos Países de Língua Portuguesa (OCPLP) está reunida em assembleia-geral em Luanda, onde será assuntos analisada a criação de uma escola cooperativa, em Angola, para servir este organismo.

A reunião, que conta com a presença de representantes de sete dos oito países de língua portuguesa, à exceção de Cabo-Verde, tem como objetivo a criação de melhores condições para que todos os estados-membros e as suas organizações possam em conjunto encontrar estratégias para a promoção do desenvolvimento cooperativista.

A OCPLP é uma organização, criada em 1997, no Rio de Janeiro, Brasil, que reúne organizações cooperativas de todos os países de Língua Portuguesa, que está atualmente a receber reformas no sentido de se adaptar aos novos tempos.

Neste momento assume a presidência da OCPLP o Brasil, tendo a última reunião ocorrido em 2010, em Porto Alegre, Brasil.

Em declarações à Agência Lusa, o representante de Portugal, o presidente da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, disse que o encontro se reveste de extrema importância, numa altura em que as Nações Unidas declararam 2012 o ano internacional das cooperativas, servindo de preparação aos novos desafios.

"Sabemos como é importante o período que estamos a atravessar, particularmente a crise económica e financeira mundial, e também sabemos e é hoje em dia comummente também aceite de como o cooperativismo e a economia social no seu conjunto podem ter um papel muito relevante nas estratégias de combate a esta crise global", disse Eduardo Graça.

Segundo Eduardo Graça, Portugal pode ajudar no desenvolvimento da OCPLP transmitindo a sua própria experiência e tradição, quer do ponto de vista da organização, quer do ponto de vista legal. "Ou seja, todo um conjunto alargado de projetos que têm vindo a ser desenvolvidos em Portugal, que podem de alguma forma ser assumidos, embora não integralmente, mas adequados à realidade de cada um dos países", frisou.

Eduardo Graça disse que sentiu depois do encontro que manteve com o ministro angolano da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Afonso Pedro Canga, que existe da parte do Governo de Angola "uma verdadeira compreensão da importância do movimento cooperativo em Angola e também nos restantes países de Língua Portuguesa.

O governante angolano na abertura do encontro disse que o o executivo a que pertence "atribui uma atenção especial ao cooperativismo", sendo a área relacionada com a legislação também um dos principais assuntos a abordar na reunião.

De acordo com dados da Confederação das Associações de Camponeses e Cooperativas Agro-Pecuárias de Angola (UNACA), reunidos de junho de 2010 a julho de 2011, o país possui 8302 associações com 736.596 associados e 2043 cooperativas, com 269.257 cooperadores.

A OCPLP, além da criação de uma escola cooperativista a ser sedeada em Angola, tem também projetos na área da comunicação, informação, fundamentalmente o da criação de um portal que permita, sem exigir a presença de todos os representantes das diversas organizações numa sala fisicamente, trabalhar à distância.

*Foto em Lusa

MPLA considera que a França conspira para derrubar o "democrático" regime angolano!




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Sempre que algo foge uns milímetros ao controlo do regime angolano, o MPLA descobre tanto inimigos internos como externos.

Em Fevereiro do ano passado, tal como agora com as manifestações anti-regime, a França é um alvo preferencial. Utilizando quase sempre o seu órgão oficial, o Jornal de Angola (JA), o MPLA acusa Paris de sistematicamente conspirar contra o país.

As reservas  do regime angolano em relação às autoridades francesas, tornaram-se notórias  logo após a  participação de tropas  francesas  na  Costa do Marfim e a cooperação do governo de Sarkozy na  queda do ditador Muammar Kadafi.

Por intermédio do JA,  as autoridades angolanas  mandaram escrever  editoriais desfavoráveis contra  o governo  francês,  não se inibindo da usar o termo  “Golpe de Estado”, para descrever a captura de  Lourent Gbago, o candidato favorito  do presidente José Eduardo dos Santos e que, aliás, contou com a segurança de militares angolanos que acabariam por ser detidos pelos soldados franceses.

A propósito da colónia angolana de Cabinda, o JA lançou duras críticas à França e aos meios de comunicação franceses, reproduzindo apenas a versão oficial dos seus donos (por sinal também donos de Angola), acusando-os de conspirarem contra Angola, e, creio, também contra a democracia que (não) existe, contra a legitimidade de um presidente (não eleito), contra as regras de um Estado de Direito que Angola (não) é.

Num editorial de Fevereiro de 2010, o JA acusou a Agência France Presse de fazer campanha contra Angola e terá sugerido ligações entre a França e o ataque à selecção togolesa de futebol, em Cabinda. É isso aí. Aliás, ao que parece, nem sequer eram homens da FLEC. Tudo indica que seriam soldados franceses disfarçados.

Tudo estaria bem se, como faz o presidente português, Aníbal Cavaco Silva, Nicolas Sarkozy tivesse dito que Angola vai de Cabinda ao Cunene. Não o disse e por isso o regime angolano, que ocupa militarmente Cabinda, não perdoa.

Não sei porquê mas creio que, bem vistas as coisas, se calhar os franceses sabem mais da História de Portugal do que os próprios portugueses. Sendo certo que para as actuais autoridades de Lisboa parece que essa mesma História só começou a ser escrita em Abril de 1974.

Horas antes de deixar Luanda no final da sua missão diplomática, o embaixador cessante francês em Angola, Francis Blondet, disse à BBC que estava triste com o editorial do Jornal de Angola.

Também não é caso para isso. Blondet sabe muito bem que o regime que desgoverna Angola desde 1975 é uma ditadura e que, por isso, entende que quem pensa de maneira diferente é obrigatoriamente inimigo. Quanto ao pasquim, limita-se a ampliar os recados do MPLA. É assim e assim continuará até que o país um dia seja um Estado de Direito.

"Fiquei triste com este artigo que sugere que a França deve ser acusada de fomentar uma conspiração contra Angola através da FLEC. É absurdo, em primeiro lugar, e também estranho," disse o diplomata.

Mas, bem vistas as coisas, não tem nada de estranho. Aliás a zanga do dono de Angola, José Eduardo dos Santos, tem outras origens, sendo a mais conhecida a sentença do Tribunal de Paris no caso “Angolagate”.

Importa recordar que, segundo o governo angolano, não está certo condenar “cidadãos franceses que em tempo oportuno ajudaram o país a garantir a defesa do Estado e do processo democrático, face a uma subversão armada condenada pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas, em particular”.

É mesmo isso. Só falta acrescentar que esses impolutos cidadãos franceses ajudaram os cidadãos angolanos de primeira categoria, os do MPLA, a matar os de segunda, também conhecidos como uma subespécie que dá pelo nome de kwachas.

Aliás, de acordo com uma declaração do Governo angolano, não foi provado em Tribunal qualquer comércio ilícito de armas, até porque estas não eram francesas nem transitaram em território francês. Como se vê...

"Não havia na altura qualquer embargo internacional contra a aquisição de armas pelo governo legítimo de Angola e estas foram adquiridas por Angola num negócio perfeitamente licito entre dois Estados soberanos. Tanto assim é que nem os seus signatários foram considerados parte em todo este processo judicial", frisa um documento do governo angolano.

Governo legítimo? Sim. Claro que sim. Não foi eleito, recebeu o poder das mãos dos portugueses à revelia e violando todos os acordos assinados, o que só por si legitima o governo. Ou não será?

Segundo a versão oficial do MPLA (a única válida, convenhamos), perante estes factos, tudo indica que este foi um processo desequilibrado e injusto, viciado por considerações e motivações de natureza política e parecendo, acima de tudo, eivado de um espírito de vingança, porque certos angolanos que foram apoiados pelos Serviços Especiais franceses falharam nos seus desígnios de conquista do poder pela força das armas.

Assim, tendo falhado – de acordo com os donos de Angola – a tentativa dos Serviços Especiais franceses conquistarem o poder pelas armas que, nessa altura, estavam nas mãos da UNITA, viram-se agora para a FLEC.

O Governo da República de Angola repudiou na altura, e não foi assim há tanto tempo (Outubro de 2009), com veemência a forma abusiva como foi reiteradamente utilizado nesse processo o nome de Angola, constituindo isso quer uma violação do princípio do respeito mútuo entre dois Estados com relações diplomáticas, quer do segredo de Estado inerente a questões sensíveis relativas à Defesa e Segurança nacionais.

Como na altura escrevi (“Angolagate” irrita os donos do poder porque as armas foram para matar uma subespécie de angolanos, os kwachas”), os súbditos de Nicolas Sarkozy que se cuidem. O MPLA não leva desaforo para casa e a vingança faz parte da genética dos angolanos de primeira, e esses, como se sabe, estão todos no MPLA.

Além disso, Sarkozy não pode esquecer que mais de 70 empresas francesas estão estabelecidas em Angola, inclusive – pois claro! - a gigante de petróleo Total, que é o segundo maior produtor de petróleo no país, depois da Chevron.

*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado

Tucanos aconselhados a assumir o que os envergonha: QUE SÃO DE CENTRO DIREITA




José Dirceu, de São Paulo - Correio do Brasil, opinião

No imbroglio em que mergulha cada vez mais o PSDB, surgiu até uma estudiosa de partidos brasileiros, a professora norte-americana Frances Hagopian, que veio dar conselhos aos tucanos. Num dos ninhos deles, o Centro Ruth Cardoso (falecida 1ª dama, mulher do ex-presidente FHC), a professora ensinou o óbvio: que o PSDB tem que ser de centro-direita.

Botou o dedo numa ferida dos tucanos. A questão é exatamente essa, é que o tucanato, faz tempo, é de centro-direita. As vezes até de direita. Como foi seu candidato ao Planalto, José Serra na campanha eleitoral presidencial do ano passado. Mas, não assumem. Rápido na volta foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

– Ela disse a verdade. Não foi provocação – apoiou o ex-presidente ao analisar a palestra da professora norte-americana “conselheira” dos tucanos.

Já fazem coalizões de centro-direita, mas publicamente renegam

Mas, o problema é outro. São as políticas da coalizão de centro-direita que o PSDB fez e com a qual governou oito anos e fracassou. Esse é o problema. Mais grave, o partido ainda não foi capaz de se reformular e redefinir suas alianças. Está, particularmente, atado a duas, com o DEM e o PPS – uma, a primeira, em estado terminal, a outra, a segunda, sem peso nenhum, quase um satélite.

Daí todo o esforço deles, via mídia, no ano passado para romper a aliança PT-PMDB. De novo agora, via denúncias de corrupção, perseguem o mesmo objetivo. Só que, enquanto isso nos Estados, o PSDB se alia a esses mesmos partidos com a mídia escondendo as denúncias de corrupção em seus governos.

Basta ver a quase nenhum repercussão das denúncias dos deputados etaduais paulistas Bruno Covas (PSDB) e Roque Barbieri (PTB) sobre a compra de apoio de deputados via emendas dirigidas e cobranças de propina.

Tudo feito com conhecimento do governo tucano do Estado conforme adianta hoje o deputado Barbieri, ao reafirmar que comunicou a prática de cerca de 30% dos deputados estaduais paulistas da base do governo estadual de comprar e vender emendas parlamentares a empreiteiras, prefeituras…

DILMA VAI OFERECER AJUDA À EUROPA PARA ENFRENTAR CRISE




JORNAL DO BRASIL - Agência Brasil

Presidente brasileira já está na Bélgica para participar da reunião de cúpula com a União Europeia

No primeiro dia de reuniões da 5ª Cúpula Brasil-União Europeia, na Bélgica, a presidente Dilma Rousseff vai reiterar a preocupação com os impactos da crise econômica internacional. Dilma vai defender a parceria estratégica com o bloco como alternativa para amenizar os prejuízos causados pela crise. Ela também deverá destacar que o Brasil está disposto a colaborar com os europeus no que for necessário. Em outra frente, Dilma vai tentar destravar um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, cujas negociações foram suspensas em 2006.

Para a presidente, um dos mercados que deveriam ser abertos aos brasileiros na Europa é o setor de serviços. Porém, há resistências dos europeus, que temem a competição.

A presidente deverá lembrar ainda que o desenvolvimento sustentável não pode ser excluído da pauta de discussões. O assunto é o principal tema da Conferência Rio+20, que ocorrerá no Rio de Janeiro entre 28 de maio e 6 de junho de 2012. Será a maior conferência mundial sobre preservação ambiental, desenvolvimento sustentável e economia verde.

Paralelamente, Dilma tratará dos temas que interessam às negociações envolvendo Mercosul e União Europeia. Há articulações para que seja fechado, ano que vem, um acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos. Segundo especialistas, com o acordo, as possibilidades de negócios e de geração de empregos serão multiplicadas com o acordo.

Porém, a negociação sofre resistências de alguns governos, como o da França, que teme, por exemplo, a competição com a carne produzida na América do Sul. Outra negociação envolve a indústria manufatureira. As negociações para criação do livre comércio entre os dois blocos foram interrompidas em 2006 e só foram retomadas este ano.

Nos discursos recentes que fez na Organização das Nações Unidas (ONU) e no Peru, Dilma disse que a crise não foi causada pelos emergentes, e sim, pelos países mais ricos. Ela se referiu aos Estados Unidos e aos europeus.

A presidente desembarcou hoje (2) em Bruxelas, capital da Bélgica. Além de participar da reunião de cúpula com a União Europeia, ela foi convidada abrir o 23º Europalia, o maior festival europeu de cultura que, este ano, vai homenagear o Brasil. Também está previsto um encontro com o rei Albert II, da Bélgica. De Bruxelas, a presidenta segue para a Bulgária, onde vai conhecer a família do pai dela, Pedro Rousseff, que emigrou para o Brasil e nunca mais voltou.

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 48 (I)




MARTINHO JÚNIOR

EXPLORANDO O ÊXITO (primeira parte)

I - Ainda há pouco se ia tendo referência da presença da CIA nas operações na Líbia, integrando o pelotão dos “rebeldes” lado a lado com os ex membros da Al Qaeda que compõem o Libya Islamic Fighting Group, (constate-se por exemplo o artigo do Los Ângeles Times, “CIA officers working with Lobya rebels” – http://www.latimes.com/news/nationworld/world/la-fg-cia-libya-20110331,0,4151799.story), já existem mais manifestações de sua acção em África.

De acordo com o Jornal de Angola no artigo “Bases secretas abertas em África” (http://jornaldeangola.sapo.ao/13/0/bases_secretas_abertas_em_africa):

“Os Estados Unidos estão a instalar bases secretas em África e na Península Arábica para realizar operações antiterroristas com aviões não tripulados contra a Al-Qaeda na Somália e no Iémen, informou ontem o jornal Washington Post  na sua edição digital.

Segundo o diário, que cita fontes oficiais da Administração Obama, uma dessas bases está a ser construída na Etiópia, aliada dos Estados Unidos para a luta na Somália contra a milícia radical islâmica Al Shabab, ligada à Al-Qaeda.

Outra base encontra-se nas ilhas Seychelles, no Oceano Índico, onde uma pequena frota de aviões não tripulados vai começar as suas operações este mês após uma "missão experimental" que provou a eficácia de vigiar a Somália.

Os militares americanos também dirigiram aviões não tripulados em direcção à Somália e ao Iémen a partir de bases no Djibuti, diz o Washington Post.

A iniciativa pretende atacar com grande precisão as forças rebeldes na região do Corno de África que criam sérios embaraços aos avanços da paz e dificultam a normalidade política e social nesses Estados. A situação na Somália deriva, em grande medida, das acções dos grupos terroristas que levam a cabo ataques indiscriminados contra civis e voluntários que tentam socorrer as vítimas da seca e de outras causas que assolam a região do Corno de África.

Além disso, a CIA está a construir uma pista de aterragem secreta na Península Arábica para uso de aviões não tripulados armados rumo ao Iémen, acrescenta o periódico. O jornal lembra que os Estados Unidos usaram aviões não tripulados para ataques letais bem sucedidos em pelo menos seis países: Afeganistão, Iraque, Líbia, Paquistão, Somália e Iémen”.

O “Arco de crise”, conforme nossa previsão de Maio de 2011, (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/o-arco-de-crise-em-direccao-africa.html), está já a atingir regiões extensas no norte e nordeste de África, da maneira mais contraditória: só o AFRICOM, a OTAN e a CIA, conjuntamente com os serviços de inteligência que compõem o ramalhete de aliados-fantoches mais próximos, são capazes de avaliar quais as células da Al Qaeda estão a trabalhar com suas Forças Especiais e quais as que (ainda) não lhes estão afectas!

No Médio Oriente os alvos estão situados em quatro países: o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão e o Iémen, pelo que deixa supor que para além desses países a CIA dispõe de bases de lançamento de “drones” em vários outros mais.

Em África há dois alvos, a Líbia e a Somália, existindo bases declaradas no Djibouti, na Etiópia e nas Seichelles.

As situações que se vivem em África torna possível o alargamento do emprego em várias outras regiões, pois fabricar motivos não é difícil para a hegemonia com o tipo de manipulações que estão em curso.

Quais as regiões que podem ser sacudidas por novas convulsões e ingerências?

1 ) Em todo o Sahara, uma vez que aí há três razões: a célula da Al Qaeda AQIM, os “touaregs” e a perseguição a Kadafi;

2 ) Na Nigéria há também pelo menos três razões que podem ser evocadas: as operações de células da Al Qaeda provenientes da Somália, as tensões entre islâmicos e cristãos e os rebeldes do delta do Níger;

3 ) Na costa ocidental africana, em especial na região marítima que envolve Cabo Verde, Mauritânia, Senegal, Guiné Bissau e Guiné Conacry; as razões que se podem evocar prendem-se com o tráfico de droga;

4 ) No Golfo da Guiné, tendo em conta indícios de aumento de pirataria marítima e os problemas que vão afectando o delta do Níger.

A “experiência” das Seychelles pode levar ao destacamento de operações da CIA com a utilização de “drones” para Cabo Verde, para as Bijagós (na Guiné Bissau), para São Tomé e Príncipe, para a Guiné Equatorial, ou mesmo para a Ascensão, a meio caminho entre Angola e o Brasil e com uma enorme pista que serviu de alternativa a aterragens dos recentes “Vai e Vem” espaciais.

A ambiguidade das opções da CIA decorrem dos dados adquiridos nos interrogatórios secretos realizados desde a invasão do Iraque: só os serviços de inteligência envolvidos com a CIA podem saber quais as células do Al Qaeda que poderão ser aproveitadas ou não para acções conjuntas com as Forças Especiais norte americanas, britânicas, francesas ou outras do quadro do AFRICOM/OTAN e ANZUS.

Desse modo, à surpresa do caso da Líbia, outras desagradáveis surpresas se poderão suceder, com o emprego de células da Al Qaeda integrados nos dispositivos de ingerência, sendo os africanos os últimos a saber e a avaliar o que está a acontecer e como está a acontecer, sendo os primeiros a sofrer as consequências!

As listas de “terroristas” que têm sido fabricadas pelos Estados Unidos e seus aliados-fantoches, sendo desde logo uma manipulação, são agora um motivo de confusão extrema: quantas células da Al Qaeda, ou de qualquer outra organização, não poderão estar ao serviço das ingerências, como o caso do Libya Islamic Fightong Group, mas quantos outros não serão “o inimigo a abater”?

A “Obama doctrine” apresta-se para explorar o êxito perante uma África subvertida pelos expedientes elitistas em curso, frágil, vulnerável e agora mais confundida que nunca com as “novas opções”.

(Constituido por 3 partes - continua)

Jornalistas vão receber formação sobre eleições num projecto financiado pela União Europeia




NME - LUSA

Luanda, 03 out (Lusa) - Um grupo de jornalistas de vários órgãos de comunicação social angolanos vão receber formação sobre recenseamento e contencioso eleitoral e os media nas eleições, um projeto transnacional avaliado em seis milhões de euros financiado pela União Europeia.

A notícia hoje divulgada no Jornal de Angola indica que o seminário de formação tem como objetivo dotar os jornalistas de mais conhecimentos sobre matérias ligadas às diversas etapas do processo eleitoral.

No seminário, os jornalistas vão receber formação sobre recenseamento e contencioso eleitoral, educação cívica, entre outros temas.

Segundo o coordenador do projeto Pro-PALOP, Fábio Bargiacchi, o seminário é promovido pela Bridge, organização internacional que promove ações de formação sobre democracia, administração e eleições.

Neste momento, de acordo com Fábio Bargiacchi, decorrem acertos entre a Bridge e a Comissão Nacional Eleitoral de Angola e o Ministério da Administração do Território sobre os detalhes do seminário, que é destinado a outros profissionais ligados às questões eleitorais.

O responsável sublinhou que a União Europeia financia este projeto, que visa apoiar ciclos eleitorais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, no contexto de desenvolvimento de capacidades e de troca de experiências.

Em setembro passado, a Bridge promoveu durante dez dias um seminário de capacitação para diversas instituições, nomeadamente da Comissão Nacional Eleitoral, do Ministério da Administração do Território e de organizações da sociedade civil ligadas a eleições.

Relativamente ao sistema de registo eleitoral aplicado por Angola, o biométrico, Fábio Bargiacchi considerou-o o mais avançado a nível dos PALOP.

LUSO-CANADIANA ALEXANDRA MENDES CANDIDATA A PRESIDENTE DO PARTIDO LIBERAL




JORNAL DE NOTÍCIAS

A ex-deputada federal portuguesa Alexandra Mendes faz, esta segunda-feira, o lançamento oficial da sua candidatura à presidência do Partido Liberal do Canadá.

A eleição do novo dirigente máximo daquele partido federal canadiano efectua-se durante o congresso nacional marcado para Janeiro próximo.

A sessão que dá início à campanha de Alexandra Mendes decorre ao final da tarde de hoje num restaurante na margem sul de Montreal, na área do seu distrito eleitoral de Brossard-La Praire, na província do Quebeque.

Com o período de candidaturas aberto até 10 de Novembro, deram entrada até ao momento quatro propostas. Sheila Copps, Ron Hartling, Mike Crawley, todos eles do Ontário.

"Eu sou a única candidata pelo Quebeque, completamente bilingue e canadiana da primeira geração", enalteceu à Lusa Alexandra Mendes.

"Lancei-me neste desafio com a intenção clara de participar activamente na reconstrução e redinamização necessárias para que o Partido Liberal do Canadá volte a ser a força viva política que soube representar durante mais de um século", justificou.

A ex-deputada em Otava que com este projecto vinca a vontade de estar politicamente activa ao mais alto nível frisou o que a moveu igualmente é a recusa de uma ideia de Partido Liberal terá perdido razão de existência no panorama político canadiano, tendo em conta a embaraçosa e arrasadora derrota que obteve nas últimas legislativas federais, em que pela primeira vez deixou de ser o partido de alternância no Poder, ao tornar-se na terceira força política no país.

Alexandra Mendes foi declarada eleita deputada federal pelo círculo de Brossard-La Prairie nas eleições gerais de 2008, após ganhar o recurso de impugnação da contagem de votos.

Porém, nas últimas legislativas federais, decorridas a 02 de maio passado, os 24 por cento dos votos depositados para Alexandra Mendes no seu círculo não foram suficientes para ser reeleita, ficando mesmo longe dos 41% granjeados pelo novo deputado eleito Hoang Mai.

"A derrota que vivi nas eleições de maio foi um golpe e difícil de digerir, particularmente quando observo as muito reais ameaças de um governo maioritário conservador à nossa vivência democrática e à identificação como Canadianos", desabafou a ex-deputada nascida em Lisboa.

Afirmando-se preocupada com o actual governo conservador em Otava, Alexandra Mendes comentou a situação vivida no Canadá e em Portugal.

"Como canadiana de origem portuguesa, sinto que ambos os "meus" países vivem horas de grandes debates de identidade, provocados pela crise económica, mas vindos de uma fonte de insatisfação popular profunda e que é urgente que a encaremos de frente", salientou.

Segundo defende, "as questões de estabilidade económica só poderão encontrar resposta quando soubermos realmente que tipo de sociedade queremos deixar aos nossos filhos: uma sociedade justa, de oportunidade, durabilidade e de prosperidade iguais para todos os seus cidadãos ou sociedades de "cada um por si", com governos que só querem poder sem aceitar os enormes desafios de governar".

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UTOPIAS REALIZÁVEIS




ROSA MARIA DA OLIVEIRA*
Vivemos imersos na mentira vestida de meias verdades… mentiras mais perigosas que a pura mentira. Vejamos as vidas das pessoas, a publicidade, o discurso político… nada é totalmente verdade… e a ilusão está presente. É um poço sem fundo!
A mentira é conscientemente alimentada e faz parte integrante da vida das pessoas. A palavra deixou de fazer todo o sentido. Se dantes a palavra era verdade absoluta, hoje a mesma palavra é um logro absoluto. A angústia instala-se entre as pessoas e no coração delas, pois ainda tem coração. Já nem a palavra é um factor de segurança, porque deixou de ter valor. 
A mentira é tanto mais perigosa quando se reveste de meias verdades. Aos mentirosos não interessa a verdade total, porque desse modo é impossível manipular as vontades e os sentimentos; perdem assim o seu reino confortável…
A verdade não tem interesse para os que permanecem na arte da manipulação… dela se alimentam e dela fazem um modo de vida descontraído, sem se responsabilizarem por nada.
Reinam na mentira a publicidade e a política, onde a manipulação impera e a mentira é feita de meias verdades. São estas as áreas que estão incomodando as pessoas que anseiam outro modo de vida. Na publicidade vende-se gato por lebre… e na política vendem-se mentiras por verdades…
Vejamos: pagamos um jornal mais barato, mas contendo mais de 50% de publicidade nas suas páginas… e além disso, publicidade enganosa…
Vemos televisão aparentemente gratuita, mas cheia de anúncios isentos de bom gosto, de ética e de verdade…
Usamos a internet, mas essa mesma internet da sua enorme utilidade também pode ser usada para a pessoa se degradar e buscar modos de vida degradantes…
Aceitamos a mentira, nas suas mais diversas vertentes… parece ser mais fácil e, até parece que somos melhor aceites na sociedade instituída.
Ora, sendo a mentira uma questão de educação, vivemos realmente numa catástrofe educativa. As crianças e os jovens mentem, vêm nos adultos os mestres da mentira compulsiva, os mesmos que se atrevem a dizer-lhes que não devem mentir… mas, um dia eles acordam e, descobrem que a vida dos adultos no meio pessoal, social, institucional, político e empresarial, é baseada na mentira e na manipulação…
Então, alguns recém adultos se revoltam contra a sociedade e contra a família e nem sabem porquê… ou talvez saibam, e não se dão conta que o sabem.
A mentira e a manipulação geram um mar de energias tão densas e falsas, que a falta de claridade nos impossibilita de ver um palmo à frente dos olhos… e nesse mar nos movemos no dia a dia… e vamos sendo envenenados, por falta de transparência e de verdade.
Já não sabemos mais distinguir o que é verdadeiro e o que é falso. E, ficamos piores pessoas, porque não é possível viver feliz e seguro no meio da mentira, ainda que vestida de meias verdades.
A vida, a sociedade em geral, evoluiriam muito mais, se todos vivessem honestamente na verdade e não procurassem enganar, mentir, manipular… mas, a sociedade e as pessoas que a compõem, continuam a organizar-se sob o paradigma da mentira mascarada de verdade… e cada vez mais se afastam do progresso e da evolução.
Ainda que a cegueira, nascida da mentira, domine as gentes, haverá sempre uma minoria que não se deixará cegar… e apostará num mundo mais limpo… onde a verdade passe a ser um modo de vida… e então, todos poderão abrir os olhos e gozar plenamente da claridade do Sol, do Bem-estar e da verdadeira realização humana…
Em ambientes de Verdade, vive-se realmente… em ambientes de Mentira sobrevive-se inseguramente…  
Hoje em dia, já se revela urgente procurar modos de vida mais honestos, mais verdadeiros. A mentira está tão instalada nas mentes humanas (quiçá desumanas) que, viver pela Verdade será mais uma decisão romântica e utópica…
Mas… há utopias que são realizáveis. Ainda que não seja aparentemente possível eliminar a mentira da vida das pessoas e da sociedade composta por essas mesmas pessoas, vale a pena dar o primeiro passo na direcção da Honestidade e da Verdade …  
*Editor – Universidade de Salamanca

Diáspora: CONHECENDO A COMUNIDADE CABO-VERDIANA EM MADRID




A SEMANA
Um tour pela Madrid dos cabo-verdianos. É esta proposta do asemanaonline neste texto, que lhe mostra os lugares, os problemas e as conquistas dos crioulos na capital espanhola.
Embaixada de Cabo Verde
A Embaixada de Cabo Verde, em Madrid, fica agora na Calle Orense nº58 no 2ºPiso. Instalada num espaço mais amplo e funcional espera pela nomeação do novo embaixador para Espanha, posto deixado vazio com chamada de Jorge Tolentino para o Governo. Até lá tem à frente a conselheira Dulcineia Gonçalves, que nos prestou breves declarações sobre a vida dos cabo-verdianos espalhados por terras de Espanha. “Uma das nossas prioridades é apoiar a criação de uma associação em Madrid para que, juntamente com as que existem em Bembibre-Leon e Saragoça, se possa formar o conceito de uma só comunidade junto dos líderes associativos, em contraponto com o conceito de “comunidades” que hoje prevalece”.
IFH em Madrid
Carlos Moura, Administrador Financeiro do IFH, esteve reunido com algumas dezenas de cabo-verdianos no passado sábado, 24 de Setembro, na embaixada, para apresentar projectos em carteira e a perspectiva do governo para a área de habitação, venda de apartamentos e loteamento de terrenos.
Cesária Évora
A doença e a retirada dos palcos da diva dos pés descalços foram temas de vários órgãos de comunicação em Espanha, numa clara expressão da sua popularidade e reconhecimento artístico.
Associação Cabo-Verdiana
Bemaisa Ali Aisa, um espanhol de origem marroquina, mais conhecido por “Mohamed”, construtor civil, casado com uma cabo-verdiana de São Vicente, é quem mais se encontra empenhado na criação de uma Associação Cabo-Verdiana. Já visitou a terra da esposa e Santo Antão. Conta ter o apoio dos cabo-verdianos para levar adiante o projecto que de início não terá ajudas financeiras de qualquer organismo oficial espanhol. Sobre este ponto, declarou: “temos primeiro de apresentar trabalho e só depois pedir apoio, podem pagar-nos mediante a apresentação das facturas a comprovar as despesas.” Sobre o momento de crise disse-nos que até este facto pode ser favorável ao projecto, no que toca ao aluguer de uma sede: “Os preços estão muito mais em conta para a possibilidade de arrendarmos um espaço para sede. Um lugar de encontro de todos os cabo-verdianos. Já temos a promessa de duas passagens aéreas para Cabo Verde, por parte dos TACV em Lisboa, e vamos sorteá-las brevemente. Através da Internet faço normalmente duas horas de emissão da Rádio Cabo Verde em Madrid, das oito às dez da noite". E espera, dentro em breve, cobrar ao actual Presidente de Cabo Verde, Jorge Fonseca a promessa que o mesmo fez em plena campanha eleitoral, quando disse que iria a Madrid para a inauguração da sede da futura Associação. E para apresentar a comunidade cabo-verdiana devidamente organizada aos espanhóis, Ali Aisa pretende organizar um desfile de Carnaval pelas ruas de Madrid. O projecto da Associação é não só dinamizar os imigrantes mas também apoiar instituições cabo-verdianas com a remessa de materiais recolhidos junto das entidades espanholas.
Desemprego
Na comunidade cabo-verdiana são pesadas as consequências de uma crise que assola a Europa. Em Espanha reflectiu-se profundamente na construção civil, sector que empregava uma grande parte da mão-de-obra cabo-verdiana. O tempo vai-se esgotando junto daqueles que recebiam subsídios do Estado espanhol, cada vez mais reduzidos. E não são poucos aqueles que vão-se metalizando que a crise será prolongada, com consequências imprevisíveis. Permanecer na Europa, tentar a emigração para outras paragens parece ser intenção de muitos emigrantes crioulos em Epanha.
Empreendedorismo
Lino Ferreira é o dono de um cabeleireiro para homens: a Peluqueria Mindelo, na Calle Puerto Alto. Fechou a secção das senhoras e mantém ainda três empregados, todos cabo-verdianos. Sobre o actual momento do negócio disse-nos que o movimento de clientes em Setembro sempre é menor porque os pais e encarregados de educação têm de gastar na compra de livros e material escolar, e poupam noutros sectores, mas que em Outubro volta a clientela fixa.
Outra empresária deste sector é Marcolina Ferreira que, com o marido Januário Fonseca, gere a Peluqueria Buena Imagen, na Calle Tortosa, Porta de Atocha, de que são proprietários. Januário foi mineiro durante quinze anos mas um acidente de trabalho afastou-o do fundo das minas. Em Fevereiro partirá rumo a Alto Mira, em Santo Antão, para ir ajudar o pai no fabrico do grogue. Conta ir gozar a reforma na sua terra natal, porque as coisas aqui “estão de cabeça para baixo”.
Em Parla, cidade dormitório nos arredores de Madrid, existe uma grande concentração de cabo-verdianos. É aqui que encontramos Romana Conceição, proprietária do bar “La Fragua” e que trabalha sem olhar para as horas. Afinal, é ela quem ganha para a família, tem três filhos em São Vicente. Faz petiscos de Cabo Verde e costuma ter música ao vivo “com uns rapazes de São Nicolau que tocam em troca de comida e bebidas". Mas o negócio segue "com muito pouco movimento”.
No mesmo quarteirão existe outro bar, o “Elvira”, propriedade do Sr. Zeca, natural de São Nicolau. Na altura da nossa passagem pelo estabelecimento quem se encontrava ao balcão era o filho Wander Duarte. O movimento aqui também era escasso. Ainda tocámos à porta do pai, mas mandou-nos recado que o contacto ficaria para outra ocasião.
José João Lopes, Djô Branco, ex-mineiro em pré-reforma, sócio proprietário de duas casas de diversão nocturna, “Dejavu” e “Monte Cara”, inaugurou recentemente um terceiro estabelecimento e mantém interesses em Angola, na área da construção civil. Neste momento pondera investir em Cabo Verde, na área da distribuição. É o grande apoio de Benaisa Alsa no desafio de criar uma associação de cabo-verdiana em Madrid. Trabalha também na área do futebol em parceria com o empresário de Valdo, seu filho, jogador do Levante e internacional pela selecção de Cabo Verde.
Ponte de Culturas em Saragoça
A Casa Cultural de Cabo Verde vai organizar uma semana de cultura de 3 a 7 de Novembro. Este evento conta com o apoio do Instituto de Comunidades, Ministério de Comunidades e Ayuntamiento de Saragoça e conta com a presença da ministra das Comunidades, Fernanda Fernandes.
Texto e Fotos: Alexandre Conceição

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