segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Angola: ELEITORADO FOI "DIGNO", A UNITA E O "FENÓMENO CHIVUKUVUKU"

 


Eleitorado foi "digno" e serve de exemplo - vice-presidente do MPLA
 
03 de Setembro de 2012, 18:59
 
Luanda, 03 set (Lusa) - O comportamento dos angolanos nas eleições gerais de 31 de agosto foi hoje classificado pelo vice-presidente do MPLA, partido no poder em Angola, como "digno" e exemplar para outros povos.
 
Segundo Roberto de Almeida, citado pela Rádio Nacional de Angola, não há conhecimento de "qualquer situação anormal, antes, durante ou depois do processo".
 
"Para isto, muito contribuiu a ação desenvolvida pelas forças de defesa e segurança. Devemos, também, felicitar o eleitorado, pela forma digna como se comportou", acrescentou.
 
Segundo os últimos resultados provisórios, divulgados às 12:48 de Luanda (mesma hora em Lisboa) pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o Movimento Popular de Libertação de Angola venceu com maioria qualificada (71,96%), à frente da União Nacional para a Independência Total de Angola (18,59%) e da Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (6,01%).
 
Os principais partidos de oposição dizem, no entanto, ter encontrado discrepâncias entre os dados da CNE e as atas das mesas de votação e a UNITA já anunciou que vai impugnar as eleições.
 
EL.
 
Resultados da UNITA surpreendem analistas face ao "fenómeno Chivukuvuku"
 
03 de Setembro de 2012, 19:22
 
Luanda, 03 set (Lusa) - Os resultados alcançados pela UNITA, maior partido da oposição em Angola, nas eleições gerais de sexta-feira, que lhe confere uma subida de oito por cento relativamente a 2008, surpreendeu analistas políticos angolanos próximos do MPLA.
 
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) segue, já perto do fim da contagem provisória dos resultados, com 18,59 por cento dos votos, num total de 1.020.393 de eleitores, um aumento, valores muito acima dos alcançados nas legislativas de 2008, quando obteve 10,39 por cento dos votos, num total de 670.363 eleitores.
 
Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Associação cultural Chá de Caxinde, Jaques dos Santos, ex-deputado do MPLA, partido no poder, manifestou-se "surpreso com a subida da UNITA".
 
"Estava à espera que se mantivesse no mesmo patamar de 2008 e que a CASA (nova coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola, liderada pelo dissidente da UNITA, Abel Chivukuvuku) fosse usurpar parte desses votos", disse Jaques dos Santos.
 
A mesma surpresa é manifestada por Mário Pinto de Andrade, reitor da Universidade Lusíada de Angola, e membro do Comité Central do MPLA, que considera, nessa ordem de ideias, os resultados alcançados pela UNITA "uma vitória".
 
"A UNITA subiu na votação destas eleições, comparativamente a 2008, mas, apesar da derrota, deve sentir-se satisfeita, porque se pensava que o 'fenómeno Chivukuvuku', 'o fator surpresa' fosse roubar votos à UNITA, mas não", sublinhou Mário Pinto de Andrade.
 
Por outro lado, os dois analistas mostraram preocupação em relação aos resultados alcançados pelo MPLA.
 
O MPLA ganhou, segundo os últimos dados preliminares divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), as eleições gerais de Angola, realizadas a 31 de agosto, com 71,96 por cento de votos de 3.948.230 de eleitores, dos 9.757.671 registados, quando faltam escrutinar cinco por cento dos votantes.
 
Segundo Jaques dos Santos, "houve uma transferência de votos do MPLA para a UNITA e para a CASA-CE".
 
"O MPLA, que é o meu partido, sou militante de base, tem de fazer uma reflexão muito grande do que aconteceu. Não é com bailes e festas que se consegue a adesão da população", disse Jaques dos Santos.
 
"O voto conquista-se com gestos palpáveis para melhorar a vida da população e não com passeatas", criticou o presidente da associação cultural, acrescentando: "Vamos ver se temos outro comportamento e se o partido é dirigido de outra forma, mais próxima das pessoas".
 
Já Mário Pinto de Andrade apontou a necessidade de o MPLA analisar a perda de 10 por cento da população votante, referindo-se também aos votos em branco e às abstenções, que considerou "um dado preocupante".
 
"O MPLA ganhou bem, mas os resultados em comparação a 2008, não podemos nos esquecer que o MPLA perdeu cerca de 10 por cento da população votante, é preciso analisar também a questão dos muitos votos em branco, bem como os votos de Luanda", frisou.
 
Por seu turno, Jaques dos Santos considerou "impensável" o nível de abstenção nestas eleições e os mais de 200 mil votos em branco, lidos como "uma forma de protesto".
 
"O recenseamento geral teve cerca de 10 milhões de votantes e votaram mais de cinco milhões", assinalou Jaques dos Santos.
 
Apesar de a CNE não avançar dados sobre a abstenção, é já possível antever, a partir dos resultados preliminares, que mais de 40 por cento dos eleitores não participaram na votação.
 
NME
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Guiné-Bissau: Combate à Sida, Malária e Tuberculose em perigo por falta de apoios

 

FP - Lusa
 
Bissau, 03 set (Lusa) - O combate e tratamento da Sida, Malária e Tuberculose está praticamente parado na Guiné-Bissau e os hospitais vivem "situações dramáticas", porque o Fundo Mundial criou entraves ao financiamento, disse hoje em Bissau um responsável do setor.
 
A informação foi dada à Agência Lusa por Carlos Ribeiro, presidente da Comissão de Coordenação Multissetorial (CCM), mecanismo criado no âmbito do Fundo Mundial e que se destina a envolver a sociedade civil, privados, o governo e doadores na gestão criteriosa dos dinheiros do Fundo. A Comissão está reunida hoje em Bissau.
 
De acordo com o responsável, a luta contra o HIV-Sida, a Tuberculose e Malária está "praticamente nas mãos" do Fundo Mundial, que agora está a criar entraves ao financiamento devido ao golpe de Estado ocorrido no país a 12 de abril passado.
 
O Fundo Mundial "não quer dizer abertamente que estão a suspender os apoios porque houve um golpe de Estado e que os países que o financiam não estão dispostos a colaborar com um governo que não reconhecem", diz só que quer assegurar-se de que há menos riscos no uso dos recursos, disse Carlos Ribeiro à Lusa.
 
O Fundo Mundial foi criado em 2002 e é uma organização internacional que junta dinheiro para distribuir por 150 países, apoiando-os na luta contra as três doenças. Os Estados Unidos e a União Europeia são dos principais financiadores do Fundo.
 
Para tentar "mostrar que o golpe de Estado não deve ser razão para se suspender a luta contra as três doenças" reuniu-se hoje a CCM. "A nossa preocupação é a de que as condicionantes que são postas acabam por tornar praticamente como suspensa a disponibilidade de dinheiro para a continuação da luta", alerta Carlos Ribeiro.
 
Em causa estão apoios na ordem dos 60 a 70 milhões de dólares (47 a 55 milhões de euros), segundo Carlos Ribeiro, que pergunta: "eles dizem que não querem pôr em causa o tratamento de doentes, mas se não pagam salários como é que os medicamentos vão ser distribuídos?".
 
No Hospital de Cumura (arredores de Bissau) a "situação é dramática", garante o responsável, acrescentando que sem pagamentos de salários as pessoas que foram capacitadas pelo Fundo vão-se embora, "sem falar nas mortes, na suspensão de medicação e criação de resistências".
 
Carlos Ribeiro salienta que antes do golpe de Estado já havia atrasos no financiamento do Fundo, que agora foram agravados porque a instituição invocou "a política de salvaguarda adicional", um agravamento das condicionantes para que o apoio seja disponibilizado.
 
Para Carlos Ribeiro, tratou-se "de uma questão política e tem a ver com o golpe de Estado".
 

O TRIBUNAL DA CONSCIÊNCIA E A CORRUPÇÃO QUE NÃO SE APAGA

 

Leonardo BoffDebates Culturais
 
O corrupto ama a escuridão e abomina a luz. Ele sabe o quanto é condenável o que pratica. É nesse ponto que se anuncia a consciência. Fizeram-se inumeráveis interpretações acerca da consciência. Tentaram derivá-la da sociedade, dos superegos, das tradições e das religiões, do ressentimento face aos fortes e outros. Os manuais de ética referem infindáveis discussões sobre a origem, a natureza e o estatuto da consciência. Entretanto, por mais que tentemos derivá-la de outras realidades, ela se mantém como instância irredutível e última.
 
Ela possui a natureza de uma voz interior que não consegue ser calada. Exemplifiquemos: em 310, o imperador romano Maximiano mandou dizimar uma unidade de soldados cristãos porque, depois de uma batalha, se negaram a degolar inocentes.
 
Antes de serem executados, deixaram uma carta ao imperador: “Somos teus soldados e temos as armas em nossas mãos. Entretanto, preferimos morrer a matar inocentes, a ter que conviver com a voz da consciência nos acusando” (Passio Agaunensium). A três de fevereiro de 1944, escreve um soldado alemão e cristão a seus pais: “Fui condenado à morte porque me neguei a fuzilar prisioneiros russos indefesos. Prefiro morrer a levar pela vida afora a consciência carregada com o sangue de inocentes. Foi a senhora, minha mãe, que me ensinou a seguir sempre primeiro a voz da consciência e, somente depois, as ordens dos homens” (Letzte Briefe zum Tode Veruteilter).
 
Que poder possui essa voz interior, a ponto de vencer o medo natural de morrer e aceitar ser morta? Ela admoesta, julga, premia e castiga. Com razão, Sócrates e Sêneca testemunhavam que a consciência “é Deus dentro de ti, junto de ti e contigo”. Kant, o grande mestre do pensamento ético, dizia que “a consciência é um tribunal interno diante do qual pensamentos e atos são julgados inapelavelmente”.
 
Foi esse filósofo que introduziu claramente a distinção entre preço e dignidade. Aquilo que tem preço pode ser substituído por algo equivalente. Entretanto, há uma instância em nós que está acima de todo preço e que, por isso, não admite nada que a substitua: essa é a “dignidade humana”, fundada na consciência de que “o ser humano é um fim em si mesmo e que não pode jamais servir de meio para qualquer outra coisa”.
 
A MÁ CONSCIÊNCIA
 
O mau e o corrupto se escondem sem que ninguém os procure e fogem sem que ninguém os persiga. Donde lhe vem esse medo e pavor? Quem é esse que vê os dinheiros escondidos, e para os quais não existem cofres secretos nem senhas para abri-los? Para ela, não há segredos dentro de quatro paredes palacianas ou em obscuro quarto de hotel. O corrupto sabe e sente que a consciência é maior que ele mesmo. Não possui poder sobre ela. Não a criou. Nem pode destrui-la. Ele pode desobedecer aos seus imperativos. Negá-la. Violentá-la. Mas o que ele não pode é silenciá-la.
 
Por que aventamos esse clamor íntimo? Porque estamos interessados em conhecer os tormentos que a má consciência inflige ao coração e à mente daquele corrupto que desviou dinheiro público, que se apropriou das poupanças dos trabalhadores e dos idosos e que, desmascarado, teve que inventar mentiras para esconder o seu malfeito. Mas não há nada escondido que um dia não venha a ser revelado.
 
Mesmo que saia absolvido em um tribunal, porque contratou advogados hábeis em fazer narrativas que encobriram seu crime e convenceram os magistrados, ele não consegue escapar do tribunal interior que o condena. Uma voz o persegue, acusando-o de indigno diante de si mesmo, incapaz de olhar com olhos límpidos para sua esposa e filhos, e conversar com coração aberto com seus amigos. Uma sombra o acompanha.
 
Artigo publicado no site Tribuna da Internet
 

Brasil eleva ajuda humanitária de olho em maior projeção internacional

 

Deutsche Welle
 
Governo brasileiro aposta na expansão de projetos humanitários, especialmente no Haiti e em países africanos, para ganhar mais espaço em organismos internacionais como a ONU e a OMC.
 
Nos últimos dez anos, com uma economia mais forte e mais estável, o Brasil vem aumentando sua participação em projetos de ajuda humanitária internacional. Além da doação de alimentos, o governo brasileiro também vem investindo em programas de parceria para estimular a produtividade agrícola e o desenvolvimento rural e vem atuando em missões de paz no Haiti e na Síria.
 
Há pouco mais de uma semana, o Programa Alimentar Mundial (PAM) divulgou que o Brasil subiu para o 9º lugar no ranking dos países que mais doam alimentos no mundo, com repasses que chegaram a 74,6 milhões de dólares apenas entre janeiro e agosto deste ano. O montante já é maior que o registrado em todo o ano passado, quando as doações de alimentos somaram 70,5 milhões de dólares. O Brasil fechou 2011 no 12º lugar no ranking – ainda liderado, de longe, pelos Estados Unidos.
 
"Não há dúvidas de que o Brasil tem cada vez mais um papel importante no cenário mundial não só na assistência humanitária, mas também em outras áreas, como saúde global, segurança internacional e participação em organizações multilaterais, como a ONU", ressalta o diretor-executivo da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Brasil, Tyler Fainstat, à DW Brasil.
 
Em 2010, o governo brasileiro divulgou um balanço da Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (Cobradi) mostrando que, entre 2005 e 2009, o Brasil contribuiu com 3,2 bilhões de reais. Deste total, 76,5% – ou seja, 2,46 bilhões de reais – corresponderam a contribuições para organismos internacionais e a fundos multilaterais de desenvolvimento, como a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), do Banco Mundial, o Fundo de Operações Especiais (FOE), do BID, e o Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD).
 
Os outros 23,5% do total, ou 755 milhões de reais, foram para os chamados projetos de cooperação técnica e ajuda humanitária, cujos repasses cresceram vertiginosamente nos últimos anos. Em 2005, por exemplo, o Brasil disponibilizou 1,5 milhão de reais em assistência humanitária. Quatro anos mais tarde, essa contribuição saltou para 87 milhões de reais. O dinheiro aplicado em cooperações técnicas – nas quais há o apoio do governo a projetos envolvendo empresas nacionais em outros países – também aumentou de 35,1 milhões para 97,7 milhões de reais nesse mesmo período.
 
Combate à fome
 
Um dos principais projetos de ajuda humanitária brasileira no exterior é o Programa de Aquisição de Alimentos na África (PAA-África). O programa leva a experiência brasileira com o PAA para cinco países africanos – Moçambique, Malawi, Etiópia, Níger e Senegal –, escolhidos em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O órgão é comandado pelo brasileiro José Graziano, ex-ministro de Combate à Fome.
 
De acordo com diplomata Milton Rondó, chefe da coordenação-geral de Ações Internacional de Combate à Fome do Itamaraty, o Brasil transmite aos africanos a sua experiência em organizar a compra da produção da agricultura familiar, que posteriormente abastece creches, asilos e escolas. No Brasil o projeto garante 47 milhões de refeições escolares gratuitas diariamente. "É o maior programa de alimentação escolar do mundo", afirma Rondó.
 
Segundo o diplomata, a África, especialmente Moçambique, e o Haiti são os principais focos dos programas brasileiros de assistência humanitária, e o Brasil está especialmente engajado em programas de combate à fome.
 
Interesses econômicos
 
Apesar de apoiarem uma maior participação do Brasil em projetos humanitários, ONGs do setor dizem que ainda há muita confusão no que diz respeito à divulgação de dados, até porque há muitos órgãos envolvidos nos programas. "Não é fácil entender a assistência internacional humanitária do Brasil", reclama Fainstat.
 
"Queremos entender qual vai ser o impacto dos países emergentes no cenário mundial da ajuda humanitária, e como podemos influenciar as agendas e atuação de ajuda humanitária desses países", completa.
 
A diretora-executiva da Organização em Defesa dos Direitos e Bens Comuns (Abong), Vera Maragão, elogia o PAA-África, mas ressalta que é fundamental que, além de ajudar, o Brasil garanta que as populações beneficiadas também possam um dia tornarem-se independentes da ajuda.
 
"É necessário ficar de olho para que de fato isso siga um caminho inovador, que promova mudanças positivas, que não seja mais do mesmo. Como se o Brasil agora tivesse pulado para o lado dos ricos e passasse a fazer a mesma coisa que os ricos faziam, impondo uma dominação colonial aos países mais pobres", avalia.
 
Fainstat destaca ainda que a grande preocupação é que as doações feitas pelo Brasil correspondam às principais demandas nos países mais necessitados. Segundo ele, não é sempre assim entre os países doadores. "Às vezes há populações que são mais negligenciadas. Queremos que o Brasil realmente se norteie pela necessidade e não por motivações políticas".
 
Rondó garante que os países beneficiados com programas brasileiros geralmente são indicados pela ONU ou são selecionados a partir de pedidos enviados pelos próprios países às embaixadas brasileiras.
 
De olho na ONU
 
Para Maragão, o governo brasileiro precisa garantir que, especialmente nos projetos de cooperação técnica, os interesses econômicos não se sobreponham aos sociais, os diretos humanos estejam sendo respeitados e o meio ambiente, preservado.
 
Em nota de setembro do ano passado, a Abong critica o "interesse estritamente econômico" na abertura de mercados para empresas brasileiras no exterior, por exemplo, e afirma que a projeção internacional do país também responde a motivações políticas.
 
"O governo nacional almeja ampliar seu poder de influência nas decisões mundiais: pleiteia assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a chefia da Organização Mundial do Comércio. Para esses fins, o apoio dos países do hemisfério sul ao Brasil é crucial e, reciprocamente, a intervenção brasileira nas negociações internacionais pode ser decisiva para que esses países, em bloco, consigam reverter condições desvantajosas a que ficam relegados nas disputas econômicas e políticas", afirma a nota.
 
A Abong ressalta ainda que a ONU e o Mercosul são os organismos que ficaram com a maior parte dos recursos da cooperação internacional brasileira entre 2005 e 2009, 1,3 bilhão de reais. No caso da ONU, onde o Brasil pleiteia um assento permanente no Conselho de Segurança, a contribuição se dá pela participação em operações de paz e acolhimento de refugiados.
 
Fato é que os programas têm dado uma visibilidade maior ao Brasil em âmbito internacional. Ao visitar o país, em abril deste ano, a vice-secretária-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, elogiou a participação brasileira em projetos de assistência humanitária e disse que o país tem muito a compartilhar sobre sua experiência com prevenção a desastres e a segurança alimentar.
 
Autora: Mariana Santos - Revisão: Alexandre Schossler
 

SOLO ALEMÃO AINDA GUARDA MILHARES DE BOMBAS DA SEGUNDA GUERRA

 

 
Quase 70 anos após o fim da Segunda Guerra, a Alemanha ainda é um barril de pólvora. Especialistas calculam que 100 mil bombas permanecem sob o solo e sob a água. E elas ainda podem explodir.
 
Na maioria das vezes, tudo ocorre sem problemas. Mas de vez em quando as bombas conseguem mostrar toda o poder de destruição que ainda guardam, mesmo depois de 70 anos, criando uma bola de fogo que pode ser vista a distância, fazendo com que os mais velhos se lembrem dos tempos da guerra e com que os mais jovens se sintam dentro de um filme de ação de Hollywood.

Especialistas estimam que cerca de 100 mil bombas permanecem escondidas no solo e sob a água, jogadas sobre a Alemanha durante seis anos de guerra. A organização ambientalista alemã BUND presume que existam 40 mil toneladas de munições químicas de guerra no Mar Báltico. Elas foram lançadas ao mar no período da Guerra Fria, depois de 1945, pelos aliados e pela Alemanha Oriental.
 
Detonação em Munique
 
Há poucos dias, peritos tiveram que organizar uma explosão controlada de uma bomba de 250 quilos em Munique, devido à impossibilidade de desarmar o artefato. A detonação estilhaçou janelas de edifícios próximos, no bairro de Schwabing. Sacos de palha colocados próximos à bomba para reduzir o impacto da explosão voaram pelo ar e incendiaram telhados nas redondezas. Mas ninguém ficou ferido.
 
A bomba de fabricação norte-americana descoberta apenas no dia anterior em uma obra, a um metro de profundidade, continha um detonador químico de ação retardada. Estas bombas foram construídas de forma que o impacto da queda fizesse estourar uma ampola de vidro contendo acetona. O líquido provoca uma reação química que faz disparar o percussor da bomba com um atraso de horas ou até dias, provocando uma violenta explosão. A desativação de tal dispositivo é difícil.
 
Autoridades e membros da defesa civil da cidade de Koblenz passaram por essa mesma experiência em novembro do ano passado, quando 45 mil moradores foram chamados a deixar suas casas depois que uma bomba de 1.400 quilos foi descoberta durante um período de maré baixa do rio Reno.
 
Acredita-se que o número de bombas da Segunda Guerra nas áreas metropolitanas do estado da Renânia do Norte-Vestfália seja especialmente grande. O estado mais populoso da Alemanha abrigava a maioria das instalações industriais e militares do Terceiro Reich. Por isso, os aliados concentraram quase metade dos seus ataques aéreos nas cidades ao longo do Reno.
 
Bombas-relógio

Navios carregados com explosivos que foram afundados também constituem bombas-relógio que continuam sendo ameaças até os dias de hoje. Eles contêm substâncias tóxicas, tais como o gás mostarda e sarin. "Materiais químicos inflamáveis ficam
​​expostos ao tempo, enferrujam", diz Armin Gebhard, responsável da Secretaria do Interior da Renânia do Norte-Vestfália pela eliminação de materiais explosivos. "A corrosão progressiva dos compartimentos em que estão guardados pode causar vazamentos e a contaminação da água e do solo", explica. Os materiais também podem manter seu poder destrutivo durante décadas. Por isso, a remoção de explosivos é cada vez mais difícil e perigosa.
 
Os estados alemães e as autoridades a eles subordinadas são responsáveis pela eliminação dos explosivos de guerra. Só o distrito de Düsseldorf, que cuida da região do Reno entre Emmerich e Bonn, emprega 13 equipes que não fazem outra coisa além de procurar bombas e eliminá-las. "Granadas de mão e munições menores são descobertas diariamente. Isto acontece sem que a população tome conhecimento", conta a porta-voz do governo local, Stefanie Paul.
 
Profissão: perigo
 
"A diversidade de explosivos da Segunda Guerra Mundial é limitada. Cada equipe de eliminação de material bélico tem uma coleção de objetos que serve para treinamento e amostragem", revela Gebhard. De qualquer forma, os especialistas têm que se aproximar cuidadosamente do artefato encontrado para descobrir do que se trata, como ele é acionado e para saber em qual estado o explosivo se encontra.
 
Depois, os peritos procuram determinar a quantidade de explosivo. Muitas vezes, o dispositivo de detonação pode ser desarmado no local a mão, através de um cabo ou por controle remoto, antes de a bomba ser retirada e eliminada.
 
As autoridades avaliam também fotografias aéreas da época da Segunda Guerra dos arquivos militares de EUA e Reino Unido. Nelas, é possível se ver os buracos deixados pelas bombas ao cair, que não explodiram. Somente o estado de Renânia do Norte-Vestfália gastou em 2010 cerca de 21 milhões de euros na eliminação de explosivos e armamentos da guerra.
 
Especialistas acreditam que a eliminação total de todas as bombas ainda levará décadas. Por isso, profissões que lidam com eliminação de explosivos ainda têm bastante futuro.
 
Autora: Karin Jäger (md) - Revisão: Mariana Santos
 

Zona Euro: O ÚNICO ESTADISTA É DRAGHI

 


Le Monde, Paris – Presseurop – imagem Peter Schrank
 
A 6 de setembro, o presidente do Banco Central Europeu deverá anunciar que a sua instituição vai tentar resolver a crise da zona euro comprando dívida espanhola e italiana. Embora esta decisão seja contestada na Alemanha, ela tem o mérito de traçar um rumo para o futuro da Europa, considera Le Monde.
 
Esta semana, o presidente do BCE deve pôr fim ao debate sobre a compra de obrigações do Estado, divulgado o roteiro do Banco Central Europeu. No seu braço-de-ferro com o Bundesbank, Mario Draghi usa toda a sua autoridade para salvar a moeda única. E distingue-se pelo seu fervor.
 
No que diz respeito ao euro, o outono é sinónimo de um só nome: Mario Draghi. O homem vai continuar, sem dúvida alguma, a sorrir com elegância e mostrar-se amável para continuar a transmitir tranquilidade e serenidade em tempos de crise. Mas o futuro da moeda única está mais do que nas mãos do presidente do Banco Central Europeu (BCE). O que é bastante tranquilizante: este italiano é um verdadeiro europeu – e, nos tempos que correm, uma espécie rara, muito rara, entre os dirigentes dos países da União.
 
Draghi anunciou na semana passada ao semanário alemão Die Zeit que está disposto a tomar “medidas excecionais” para salvar o euro. Por outras palavras, o BCE vai relançar um programa de compra de títulos do Tesouro para aliviar os dois grandes países da UE com mais dificuldade em financiar-se no mercado: a Espanha e a Itália.
 
Tem razão. Madrid e Roma tomaram decisões corajosas para tratar pela raiz algumas das patologias que os afetam. Os italianos e os espanhóis estão a pagar caro estes drásticos programas de consolidação orçamental e reformas estruturais. Mas os mercados não querem saber. Estes continuam a reclamar taxas exorbitantes na compra de obrigações públicas destes dois países.
 
Esta situação compromete a zona euro. A penalidade imposta a duas das 17 maiores economias da UE acrescenta ao clima depressivo na Europa um pano de fundo de desemprego massivo e crescimento anémico. Tendo em conta os esforços realizados nestes dois países, o diferencial das taxas observado nas suas dívidas e na da Alemanha é irracional. Não tem um fundamento macroeconómico sério. Por fim, este diferencial representa a própria negação de uma moeda única.
 
Os puristas do Bundesbank
 
Os mercados só confiam no BCE. Ao divulgar as suas intenções, Mario Draghi salvou o verão: as taxas sobre a dívida espanhola e, sobretudo, sobre a dívida italiana diminuíram. Mario Draghi devia esclarecer o seu plano de intervenção nesta quinta-feira. Talvez aguarde mais uma semana, o tempo de ficar a conhecer a decisão que deverá ser pronunciada no dia 12 pelo Tribunal Constitucional alemão. Este último irá pronunciar-se sobre a conformidade do fundo de resgate financeiro dos 17 Estados-membros – o Mecanismo Europeu de Estabilidade – para com a Lei fundamental alemã.
 
Mario Draghi tem o apoio da chanceler Angela Merkel e do presidente François Hollande, que o verão aproximou ligeiramente. Os puristas do Bundesbank são os únicos a criticar e apontar os riscos da inflação. Mas dado que não têm qualquer proposta para impedir que a Espanha e a Itália se afundem, deviam ficar calados!
 
Draghi impôs uma condicionalidade estrita para as intervenções do BCE. Os Estados devem continuar com as reformas. Uma vez que este os salva, os governantes dos 17 Estados-membros ficam a dever ao italiano a reparação da arquitetura do euro. Trata-se, entre outras coisas, de concluir o Pacto fiscal e seguir para uma união bancária. Esperemos que o chefe do BCE não venha a ser considerado um dia o único homem da zona euro!
 
- Traduzido do francês por Ana Rita Azevedo
 
União Europeia
 
Uma perigosa diferença temporal
 
“Será que os europeus vivem no mesmo espaço-tempo em Paris, Bruxelas e Berlim? Eis uma questão que surge quando se está sucessivamente atento aos corredores do poder de qualquer uma destas três capitais”, interroga-se La Tribune.
 
O diário económico constata que enquanto em França, “a esquerda do Governo debate a ratificação do tratado orçamental europeu”, “em Bruxelas não se fala da adoção deste tratado… mas da sua elaboração e das consequências que poderá ter”. E na Alemanha, “o mês de setembro ficará marcado pela ideia do lançamento de uma Convenção para reformar, em grande escala, o funcionamento da União Europeia”.
 
Em suma, conclui La Tribune, “Paris vive este outono como se estivesse em 2011, Bruxelas em 2012, enquanto Berlim já passou para 2013. Esta falta de sincronia é, como é óbvio, perigosa”.
 

Crise econômica pode ampliar desigualdades entre homens e mulheres no trabalho

 


Responsáveis pelo trabalho doméstico e de cuidados, não valorizados pela economia de mercado, as mulheres também são as mais atingidas pelos mecanismos de precarização do trabalho. Para especialistas do campo da economia feminista, a retirada do Estado de serviços essenciais sempre redunda em mais trabalho para as mulheres. Num cenário de crise, é urgente romper com a divisão sexual do trabalho doméstico e desenhar um novo paradigma de sustentabilidade da vida humana. A reportagem é de Bia Barbosa.
 
Bia Barbosa – Carta Maior
 
SÃO PAULO - Historicamente, as relações desiguais entre homens e mulheres na sociedade foram sustentadas pela separação e hierarquização do trabalho através do sexo. O trabalho de homens e mulheres é separado entre produtivo e reprodutivo, e é hierarquizado de tal forma que o trabalho produtivo, considerado "masculino", tem maior valor econômico que o reprodutivo, considerado "feminino". Historicamente, também foram relegados às mulheres o trabalho doméstico e de cuidados, não remunerados e excluídos do que se compreende hoje por economia.

Romper com a divisão sexual do trabalho sempre foi uma luta do movimento feminista. Porém, num cenário de crise capitalista como o atual, colocar este tema no centro do debate é estratégico para combater as desigualdades entre homens e mulheres. Reunidas esta semana num seminário internacional em São Paulo, especialistas do campo da economia feminista de diferentes partes do mundo afirmaram: é urgente construir uma nova dinâmica de relações sociais e desenhar um novo paradigma de sustentabilidade da vida humana.

"A divisão sexual dos trabalhos profissional e doméstico entre homens e mulheres não é resultado de uma conciliação harmônica entre papéis, mas de relações sociais contraditórias e antagônicas. É reflexo de relações de exploração, opressão e dominação dos homens sobre as mulheres", afirma Helena Hirata, socióloga e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França. "Daí a importância de reconceitualizar o trabalho da maneira mais ampliada possível, de ter uma visão ampla de trabalho: profissional e doméstico, remunerado ou não, formal ou não formal. Se excluímos o trabalho doméstico da economia, tornamos invisível grande parte do trabalho das mulheres", explica.

O tema não é novidade. Apesar do ascenso das mulheres no mercado de trabalho nos últimos 45 anos - incluindo a ultrapassagem dos homens no campo da escolaridade em quase todas as áreas - os trabalhos domésticos e de cuidados permanecem a cargo das mulheres. Na França, por exemplo, uma mulher casada com filhos dedica ao trabalho doméstico 4,36 horas por dia, enquanto os homens destinam apenas 2 horas aos serviços da casa e da família. No Japão, a desigualdade é brutal: mais de 4 horas por dia para as mulheres contra 20 minutos dos homens. No Brasil, a última pesquisa do IBGE mostrou que, em 2009, as brasileiras dedicavam 20 horas semanais ao trabalho doméstico contra 9,5 dos homens.

Segundo as pesquisas, a desigualdade também persiste no mercado de trabalho convencional. Com o aprofudamento da globalização, a precarização do trabalho atingiu mais as mulheres do que os homens do ponto de vista do emprego. "Os empregos femininos criados são vulneráveis, com condições de trabalho precarizado. Lutamos muito para haver trabalho profissional para as mulheres, mas isso reforçou toda uma lógica de trabalho precarizado", disse Helena Hirata. "E as mulheres que saíram de casa para trabalhar o fizeram com o que chamamos de externalização do trabalho doméstico, via delegação das tarefas de cuidar das roupas, da casa e das crianças para outras mulheres. Esta delegação é incrivelmente desenvolvida no Brasil. Em 2010 eram quase 7 milhões de mulheres diaristas", acrescenta.

Para a equatoriana Magdalena Leon, da Rede Latino-americana Mulheres Transformando a Economia (REMTE), o próprio modelo capitalista se encarregou de tornar as mulheres visíveis e de instrumentalizá-las para sua sustentação, com a multiplicação de trabalhos. "Durante o ajuste neoliberal, por exemplo, quando o que estava em jogo era a mercantilização da vida, as mulheres desenvolveram estratégias de sobrevivência, afirmando nosso papel como permanentes geradoras de meios de vida e condições de subsistência, que vão além do dinheiro", relata. "Nós, feministas, recuperamos princípios de uma outra economia: a reciprocidade, solidariedade e complementariedade, em vez da concorrência e eliminação do outro", conta.

Agora, num novo cenário de crise capitalista, o risco de ampliação da desigualdade entre homens e mulheres crescer no mundo do trabalho é enorme, avaliam as feministas. Seja porque as mulheres já ocupam os trabalhos mais precarizados, que tendem a se ampliar; seja porque a retirada do Estado de serviços essenciais redundará em mais trabalho para as mulheres.

"O objetivo é reduzir o que se considera necessário para garantir as condições de vida dos trabalhadores, que custam muito. Então o Estado transfere e privatiza serviços públicos", critica Antonella Picchio, da Universidade de Módena, na Itália. Para ela, o tempo e o trabalho das mulheres são utilizados como se fossem recursos inesgotáveis para sustentar o atual modelo econômico da sociedade.

"O problema do trabalho não pago é central para as mulheres. Ele é usado para fazer com que os recursos monetários distribuídos com o trabalho pago bastem para sustentar a casa, porque outros - no caso as mulheres - trabalham sem receber. É um problema claro. O sistema descarrega nas famílias uma tensão grande acerca dos recursos necessários para a vida e usa as mulheres para o trabalho doméstico e de cuidados", explica Antonella, para quem o trabalho não pago está no centro do conflito da questão produtiva, distributiva e política contemporânea.

Estado cuidador

Para enfrentar as desigualdades entre homens e mulheres no mundo do trabalho, é necessário, na avaliação das especialistas presentes ao seminário, transformar a atual divisão sexual do trabalho no que diz respeito ao trabalho doméstico e cobrar o Estado sua responsabilidade com o trabalho de cuidados. "O cuidado não é uma atitude de preocupação e solicitude com o outro, mas é também um trabalho concreto, material", afirma Helena Hirata. "Temos que construir um Estado que é cuidador, responsável e participativo. Não podemos pensar no bem estar como algo que se dará natualmente", acrescenta Antonella Picchio.

Na agenda política de alguns países, o trabalho de cuidados já em sendo redefinido como um fluxo de ações com resultados materiais substantivos para a vida. A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), órgão das Nações Unidas, já afirma em seus documentos que o cuidado de pessoas dependentes deve ser compartilhado entre o Estado e as famílias. "É uma agenda que aos poucos começa a ser consenso entre líderes políticos da região. Estamos em momento de inflexões, de reflexões e redefinições de relações", analisa Magdalena Leon. "Mas esta crise está andando em grande velocidade e é uma das maiores. E se as mulheres não lutarem por outra política, serão sacrificadas", conclui Antonella.

O Seminário Internacional Feminismo, Economia e Política: desafios e propostas para a igualdade e autonomia das mulheres foi organizado pela SOF - Sempreviva Organização Feminista.
 

Moçambique: ROUBO A PROFESSORES, POLÍCIA CORRUPTA, FACIM, FRELIMO-MPLA

 


Roubado dinheiro para salários de professores de 94 escolas em Manica
 
03 de Setembro de 2012, 15:17
 
Chimoio, 03 set (Lusa) - Homens armados assaltaram uma viatura que transportava sete milhões de meticais (cerca de 200 mil euros) destinados a pagar salários a professores de 94 escolas de Manica, no centro de Moçambique, disse hoje à Lusa fonte policial.
 
Belmiro Mutadiua, porta-voz da polícia em Manica, disse que a viatura dos serviços de educação, que seguia sem escolta policial, foi abordada por sete pessoas que imobilizaram os ocupantes tendo retirado o dinheiro. Os ocupantes da viatura estão detidos para investigação.
 
"Confirmo o assalto ocorrido sexta-feira, às 10 horas da manhã, onde foi retirado um montante de sete milhões de meticais para pagar salários de professores. Continuamos as investigações, pois perícias no local mostram algumas lacunas das circunstâncias do assalto", disse à Lusa Belmiro Mutadiua.
 
As vítimas, segundo a polícia, não solicitaram a escolta policial como é habitual, para transportar avultadas somas monetárias. Também foi acionada a polícia da província de Sofala (centro) por o assalto ter ocorrido numa zona fronteiriça entre as duas províncias.
 
Para Estêvão Rupela, diretor provincial da Educação e Cultura de Manica, a negligência na dispensa da escolta policial, pode ter aumentado os riscos do assalto e apelou à calma dos professores afetados, adiantado estarem em curso mecanismos para "aliviar os danos do assalto".
 
O dinheiro roubado destinava-se ao pagamento de salários do mês de agosto em 94 das 95 escolas do distrito de Machaze.
 
Este ano, um funcionário do setor de educação em Machaze terá desviado avultadas somas de dinheiro também destinado a pagar bónus de professores, adiantou a polícia.
 
A ausência de rede bancária, sobretudo nos distritos do sul e norte de Manica, separados por centenas de quilómetros da capital, Chimoio, tem levado a que muitos serviços transportem dinheiro, em viaturas inadequadas, o que tem levado a assaltos.
 
A governadora de Manica, Ana Comoane, disse que o Banco Internacional de Moçambique (BIM, do Banco Comercial Português) e o Banco Comercial e de Investimentos (BCI, do grupo Caixa Geral de Depósitos) estão a fazer levantamentos na região, para "ter certezas da capacidade para o uso dos serviços", adiantando que o governo está a melhorar as infraestruturas para atrair os serviços.
 
AYAC
 
Corrupção na Polícia de Trânsito preocupa Ministério Público
 
03 de Setembro de 2012, 15:24
 
Chimoio, 03 set (Lusa) - O procurador-chefe da província moçambicana de Manica, Agostinho Rututo, apelou para "ações decisivas" para travar a corrupção na Polícia de Trânsito (PT), ao descobrir esquemas praticados pelos agentes para extorquirem dinheiro de automobilistas.
 
"O que é que tem existido nas cartas de condução quando interpelam automobilistas, sobretudo transportadores públicos?", indagou aos agentes Agostinho Rututo, numa clara indicação da sua perceção sobre esquemas, que se caracterizam pela introdução de notas na carta de condução ou nos livrete dos automobilistas, quando parados por agentes da PT.
 
Diariamente, os motoristas introduzem nos documentos uma nota de 100 meticais (cerca de três euros) nos circuitos urbanos e distritais, e o dobro nas rotas inter-provinciais, para beneficiarem do fechar de olhos dos agentes aos seus superlotados "chapas", os transportes públicos informais.
 
Durante uma reunião com os agentes da PT, Agostinho Rututo criticou a vulnerabilidade dos agentes por se deixarem levar com as ofertas dos automobilistas nas vias públicas.
 
Entre janeiro e junho deste ano, foram instaurados 40 processos contra automobilistas que tentaram subornar agentes da PT. Um único caso contra agentes foi julgado no tribunal da cidade, onde ninguém saiu condenado por falta de provas.
 
"Esta quantidade de processos instaurados contra motoristas e agentes corruptores é muito insignificante, admitindo a realidade no terreno, para além de que o parque automóvel na província está a crescer nos últimos anos", disse Agostinho Rututo, reconhecendo o esforço de agentes e automobilistas honestos.
 
Para Rututo, enquanto persistir a regra de mão estendida entre os agentes da Policia de Trânsito, cuja missão é assegurar a observância das normas de circulação rodoviária, serão infrutíferos os esforços para o combate à corrupção no setor.
 
"Enquanto não formos contundentes no combate à corrupção, ninguém o fará por nós" disse à Lusa o procurador-chefe de Manica, centro de Moçambique, no final da reunião com os polícias, apelando igualmente à população para denunciar atos de corrupção na PT.
 
AYAC
 
Mais de 90 mil pessoas visitaram a FACIM - Organização
 
03 de Setembro de 2012, 15:36
 
Maputo, 03 set (Lusa) - A Feira Internacional de Maputo (FACIM), que encerrou no domingo, foi visitada por 93 mil pessoas, superando a expectativa inicial de 62 mil visitantes, revelou hoje a organização da maior exposição industrial e comercial moçambicana.
 
O presidente do Instituto de Exportações de Moçambique (IPEX), João Macaringue, disse em conferência de imprensa que, durante os sete dias da FACIM, foram realizadas 4.050 bolsas de contacto, dos quais 3010 com "forte potencial para se traduzir" em parcerias
 
"Como tínhamos previsto, foi uma feira altamente bem sucedida, pois tínhamos estimado 62 mil visitantes, mas conseguimos 93 mil, dos quais 35 mil no último dia", afirmou João Macaringue.
 
Na FACIM 2012, participaram 1.800 expositores, mil dos quais moçambicanos e os restantes estrangeiros em representação de 19 países, acrescentou o presidente do IPEX.
 
Portugal foi a maior delegação estrangeira no certame, com a participação de 140 empresas portuguesas ou luso-moçambicanas.
 
A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que promove a participação do empresariado português na FACIM, ainda está a inventariar o balanço da participação do país no evento, segundo comunicou a entidade à Lusa em Maputo.
 
PMA
 
Frelimo felicita MPLA por "vitória retumbante"
 
03 de Setembro de 2012, 18:19
 
Maputo, 03 set (Lusa) - A Frelimo, partido no poder em Moçambique, felicitou hoje o MPLA pela "vitória retumbante que logrou nas eleições gerais" angolanas e elogiou "o ambiente de tranquilidade, serenidade, ordem e transparência" em que decorreu o escrutínio na sexta-feira.
 
Em comunicado enviado à Lusa, a Frelimo assinala que "esta vitória representa a vontade do povo angolano e reitera a sua confiança e compromisso para com o MPLA na condução dos seus destinos rumo ao bem comum, obra iniciada desde a fundação do MPLA e que cresce a cada dia".
 
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ganhou com maioria qualificada (72,24 por cento) as eleições gerais angolanas, realizadas no dia 31 de agosto, e José Eduardo dos Santos foi eleito indiretamente Presidente de Angola, segundo resultados provisórios que estão a ser divulgados pela Comissão Eleitoral angolana.
 
Para a Frelimo, o partido no poder angolano "não só venceu estas eleições, como também obteve maioria qualificada, uma maioria que vai servir cada vez melhor o povo angolano e que vai continuar a colocar o MPLA como o partido com a missão histórica de continuar a orientar a construção do Estado angolano".
 
A força política moçambicana liderada por Armando Guebuza "deseja que a vitória alcançada (pelo MPLA) tenha um impacto direto e positivo na vida dos angolanos, mas também nos esforços regionais de conquista de mais coesão, unidade e desenvolvimento".
 
MMT
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Angola: Liberdade, Liberdade!, CASA diz que faltam votos, Abstenção elevada

 


Manifestantes da coligação CASA libertados no domingo
 
03 de Setembro de 2012, 14:51
 
Luanda, 03 set (Lusa) - O grupo de manifestantes da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), detido no dia 30, quando tentava manifestar-se junto da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), foi libertado no domingo à noite.
 
Um comunicado da Procuradoria-Geral da província de Luanda informa hoje que o Ministério Publico "decidiu pela soltura dos 14 cidadãos, devendo o processo prosseguir a instrução para remessa posterior ao Tribunal competente".
 
"Felizmente, foram todos libertados no domingo, pelas 20:00", disse à Lusa Lindo Bernardo Tito, um dos vice-presidentes da CASA-CE, a nova coligação formada pelo dissidente da UNITA Abel Chivukuvuku.
 
Segundo o dirigente da CASA-CE, até domingo, permaneciam detidos 14 apoiantes da coligação, entre as quais Bimacha Mariana da Conceição André, candidata a deputada nas eleições gerais, realizadas no dia 31, e que não pôde votar.
 
A procuradoria de Luanda assinalou que as autoridades tinham indeferido um pedido de vigília da CASA-CE, por ter sido apresentado fora de prazo, por não corresponder a um dia e hora previsto na lei para manifestações, e ainda por ser dia de reflexão para as eleições gerais.
 
"Por terem desobedecido e resistido às autoridades policiais e persistido na realização do desfile", os 14 manifestantes foram detidos "em flagrante delito", diz o comunicado, acrescentando que a libertação foi determinada "por se tratarem de infrações punidas com pena correcional, estando os cidadãos infratores devidamente identificados e localizáveis" e ainda por se estar a viver em Angola "um momento historicamente memorável".
 
O vice-presidente da CASA-CE afirmou que, desde o dia 30 até domingo, aos detidos não foi facultado o acesso de advogados e familiares, nem conheceram uma acusação ou foram levados à presença de um juiz: "Nem um auto de notícia para um julgamento sumário", assinalou o responsável partidário para quem estas detenções foram "ilegais".
 
Elementos da Polícia Nacional e da Polícia de Intervenção Rápida prenderam na quinta-feira, dia de reflexão para as eleições gerais em Angola, um grupo de jovens que tentavam manifestar-se junto da sede da CNE, em Luanda, contra alegados atrasos na acreditação dos delegados de lista.
 
A manifestação, segundo o comunicado da procuradoria, teve duas vagas, uma de manhã, outra da parte da tarde e esta última foi testemunhada pela Lusa, quando um grupo de cerca de 30 jovens, com os pulsos atados com fitas amarelas, iniciou um protesto pacífico nas imediações da sede da CNE, imediatamente reprimido pelas autoridades.
 
De acordo com Lindo Bernardo Tito, um dos detidos, Rafael Aguiar, líder da Juventude Patriótica Angola, ligada à CASA-CE, e também candidato a deputado, foi libertado no próprio dia, mas os outros manifestantes permaneceram na cadeia.
 
O comunicado indica que o Ministério Publico "constatou já durante o processo de audição" que, entre os presumíveis arguidos, se encontrava o candidato, "tendo sido de imediato reposta a legalidade da sua situação", mas nada menciona sobre a outra candidata, Bimacha Mariana da Conceição André.
 
Angola disputou eleições gerais na sexta-feira e os resultados preliminares divulgados no domingo dão a vitória, com mais de dois terços dos votos ao partido no poder, Movimento Popular de Libertação de Angola, e a eleição automática de José Eduardo dos Santos para Presidente de Angola, apesar das queixas de irregularidades apresentadas pelos principais partidos de oposição.
 
HB/NME
 
Coligação CASA diz que faltam 30 mil votos em Luanda
 
03 de Setembro de 2012, 16:43
 
Luanda, 03 set (Lusa) - A Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) disse hoje que os resultados preliminares das eleições gerais de sexta-feira em Angola omitem 30 mil votos para esta formação na província de Luanda.
 
Lindo Bernardo Tito, um dos vice-presidentes e porta-voz da CASA-CE, informou que a comissão especial criada por esta nova coligação angolana encontrou dados "não coincidentes" entre os resultados preliminares, anunciados no domingo à noite pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), e as atas das mesas de voto.
 
"Estamos a falar de algo em grande escala", afirmou o dirigente da CASA-CE, adiantando que a comissão técnica da coligação para análise dos resultados detetou pelo menos 30 mil votos nas atas das mesas de voto que não constam nos dados da CNE. "Dava para eleger um deputado pelo círculo nacional", assinalou.
 
O responsável da coligação criada em abril por Abel Chivukuvuku, dissidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), adiantou que a comissão técnica está ainda a processar os dados, tendo finalizado cerca de 80 por cento do trabalho na província de Luanda e menos nas restantes províncias.
 
A CASA-CE, segundo Lindo Bernardo Tito, prevê ter este trabalho terminado na terça-feira e, em função das conclusões que retirar, tomará uma posição ainda no mesmo dia.
 
No mesmo sentido, a UNITA e o Partido de Renovação Social (PRS) também estão a proceder a contagens paralelas, comparando os dados das atas das mesas de voto com aqueles que foram divulgados pela CNE.
 
"No geral, a UNITA manifesta a sua preocupação com a discrepância notória entre o número de eleitores registados e o número de votantes confirmados, até à presente data da divulgação dos resultados provisórios, que não podem caber na única designação de abstenção", salientou hoje em comunicado o maior partido de oposição, que espera fazer um pronunciamento "a seu tempo".
 
O PRS também encontrou discrepâncias entre as suas atas e os resultados da CNE, disse hoje Benedito Daniel, secretário-geral do partido que era, até este escrutínio, a terceira maior força angolana, remetendo uma posição final para depois da divulgação dos resultados definitivos da votação.
 
O MPLA ganhou as eleições gerais em Angola com mais de dois terços dos votos, segundo o último balanço da CNE, hoje à tarde, quando faltavam escrutinar 5 por cento dos votos.
 
Em segundo lugar, nos totais nacionais, seguia a UNITA com 18,59 por cento, em terceiro a CASA-CE, com 6,01 por cento e em terceiro o PRS com 1,7 por cento.
 
À luz da Constituição angolana, aprovada em 2010, José Eduardo dos Santos foi eleito indiretamente Presidente de Angola, na qualidade de número um da lista do MPLA, obtendo pela primeira vez, em mais de três décadas, a legitimidade num processo eleitoral completo para exercer o cargo.
 
HB (EL/NME)
 
Resultados preliminares indicam elevada abstenção
 
03 de Setembro de 2012, 17:49
 
Luanda, 03 set (Lusa) - As eleições gerais de 31 de agosto em Angola tiveram uma abstenção na ordem dos 40 por cento, indicam resultados preliminares da votação anunciados hoje à tarde pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana.
 
Do total de cerca de 9,7 milhões de eleitores registados, foram escrutinados 5,8 milhões, faltando ainda cerca de meio milhão, segundo os dados hoje avançados pela CNE, que não avança números sobre a abstenção.
 
Se todos estes 500 mil eleitores tivessem votado a taxa de abstenção seria de 35,13 por cento. Mas a tendência demonstrada pela evolução da contagem indica que muitos se abstiveram, antevendo-se uma percentagem final acima dos 40 por cento.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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