Matan Ruak e Lu Olo, dois candidatos fortes se Horta não se recandidatar |
ANA LORO METAN
As eleições presidenciais em Timor-Leste estão previstas para se realizarem em meados de 2012, provavelmente em Abril ou Maio, mas os candidatos já se perfilam e parece que serão cerca de uma dezena. Falta saber se José Ramos Horta, atual PR, se recandidata ou não. Disso não viria mal ao mundo, só a Timor-Leste.
Foi durante a presidência de Ramos Horta que o atual primeiro-ministro, Xanana Gusmão, teve e tem tido mão livre para cometer as mais ousadas tropelias. Começou quando ainda Horta era somente ministro dos Negócios Estrangeiros, quando apoiou Xanana no golpe de estado em 2006, e veio quase até à presente data. Atualmente Horta já não pode contar com o apoio de Xanana… e vice-versa. Pergunta-se a entidade credível, aqui não identificada, sobre as razões deste divórcio. Responde que “círculos próximos do PR juram a pés juntos que já assim acontecia há tempos mas que agora é mais visível”.
Perguntado se teria que ver com o atentado à vida do PR em 11 de Fevereiro de 2008 e se sobre esses acontecimentos Ramos Horta havia posteriormente recolhido mais elementos de esclarecimento, foi respondido que “o que também poderá esclarecer alguma coisa sobre isso será seguir o velho ditado de Portugal: Se não é cão é gato. Ou ler o Timor Lorosae Nação daquela data e seguintes” (refere-se à primeira edição daquele blogue, que não está disponível online mas arquivado em algures), “ou numa pequena peça jornalística de Rui Neumann, da PNN, publicada no Jornal Digital sob o título “Timor: Enigmas do atentado a Ramos Horta". Para além de outra comunicação social que na época abordou esses acontecimentos. Recorde-se igualmente que o FBI foi chamado, olhou, viu, informou-se, não permitiam que os agentes investigassem convenientemente, contaminaram provas, fizeram desaparecer outras… O FBI foi embora num ápice porque nada podia fazer.” Terminando com uma certeza: “Verdade é que a partir daí as relações entre ambos esfriaram e que de dia para dia pioraram. A decisão do presidente de comutar o cumprimento das penas ao Salsinha e seu grupo teve uma razão muito forte e também foi, de certo modo, um recado para Xanana Gusmão. Essa é a minha opinião.”
Outra corrente de opinião está convencida que “Os amuos ou zangas mais sérias de incompatibilidade entre Ramos Horta e Xanana Gusmão, seja por que razões forem, seriam de menor importância se desde há muito Xanana não viesse construindo um candidato a PR: Taur Matan Ruak.”
Em 2009, sensivelmente na coincidência do julgamento dos alegadamente implicados no 11 de Março de 2008, Angelita Pires e Gastão Salsinha, entre outros, já Taur Matan Ruak andava a propalar que tinha sido convidado para se candidatar à Presidência da República nas próximas eleições. Podemos ou devemos supor que o convite vinha da parte de Xanana Gusmão, direta ou indiretamente? Podemos. Imaginar porque razão o convite foi feito nessa altura? Parece que o julgamento não estava a sair como era desejado, pese embora as pressões que os juízes sofreram.
Sem dúvida que Taur Matan Ruak é um bom filho de Timor-Leste. Sem dúvida que é um homem inteligente, sem dúvida que ama o seu país, sem dúvida que pode ser honesto, sem dúvida que é permeável a pressões e facilmente influenciável. Será o presidente da República de que Timor-Leste precisa?
Dê por onde der temos em Matan Ruak um forte candidato de Xanana Gusmão na corrida a PR, o que não trará mal algum ao mundo se não vencer as eleições. Ou mesmo que as vença. O pior que pode acontecer é Taur ter de abrir as suas capacidades para dizer não quando tiver de o fazer e reagir em defesa dos interesses de Timor-Leste e dos timorenses cumprindo escrupulosamente a Constituição – coisa que nem Ramos Horta nem Xanana Gusmão têm feito. Se acaso virar pau-mandado de Xanana Gusmão, como Ramos Horta foi e tem sido em todos estes anos, salvo nos últimos tempos, então tudo estará estragado e mal virá aos timorenses de certeza absoluta. É que, como é dito, “Taur já é um pau-mandado nas mãos da esposa (que é muito ambiciosa) e se agora vêm mais fazer o mesmo… Seja o que Deus quiser.”
Pois, exatamente, deixemos nas mãos dos deuses aquilo que os homens íntegros e honestos devem resolver com diálogo e pacificamente sem ter de rastejar ou porem-se de cócoras perante um herói do passado como Xanana Gusmão, que é quem manda (mal) por aquelas paragens e tem aberto auto-estradas para os corruptos do país e também estrangeiros. Não é por acaso que Timor-Leste está a caminho das últimas posições da Transparência Internacional como país onde abunda bastante a corrupção.
Da maior parte dos candidatos que tão antecipadamente tiveram a preocupação de se anunciar diz-se que “deles não reza a história”. E não. Existe a convicção de que “se Ramos Horta se candidatar a luta vai ser renhida e pode acontecer que Taur não chegue à segunda volta das eleições”. No entender do interlocutor “Porque Lu Olo vai oficialmente anunciar a sua candidatura esta semana e será um candidato da FRETILIN que nas primeiras e únicas eleições presidenciais até este momento, em 2007, obrigou Ramos Horta a ir a uma segunda volta, tendo obtido uma elevada votação apesar de a FRETILIN estar numa fase tão difamada por Xanana Gusmão em todo o processo de mentiras e golpes que desenvolveu até conseguir monopolizar o poder, culminado com o golpe de estado em 2006”.
Mas afinal Ramos Horta vai recandidatar-se ou não? Muitos perguntam, se não todos. “Esse é um tabu que o presidente só desvendará no momento próprio, dentro de meses. É o que se prevê. Se não se recandidatar, a segunda volta das eleições irá acontecer na mesma, entre Matan Ruak e Lu Olo… E vá-se lá saber quem vencerá!”, garantem.
Esclarecidos? Cá por mim não. Timor-Leste adora “mistérios” e rumores. Por aquelas bandas do mundo Maromak (Deus) rapa, tira, põe e deixa. O que significa o mesmo que gerar grandes confusões aos que querem compreender o que se passa. Maromak, assolado pelo calor tropical, fica bulak (maluco, doido), causando confusões mentais e de facto inenarráveis. Deve ser isso. Conclusão: ficamos um pouco mais esclarecidos que no princípio da prosa porque ficamos a saber que não sabemos nada... Um militar na política pode ser perigoso, como já me disseram e constatei ao folhear compêndios da história universal. Timor-Leste, a quanto nos obrigas.