quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Brasil – ROLEZINHOS: QUAL DELES COMBINA COM VOCÊ?

 


Além dos adolescentes da periferia, também jovens politizados de forma mais tradicional programam ações. Mas há diferenças nítidas entre elas
 
Gabriela Leite – Outras Palavras, em Blog da Redação
 
Como aconteceu com os protestos de junho de 2013, a repressão aos encontros de adolescentes em shoppings de São Paulo pode sair pela culatra. Dias depois da decisão judicial que proibiu um rolezinho no aristocrático Itaim, e da violência contra os garotos em Itaquera, novas convocatórias multiplicam-se nas redes sociais. A principal novidade é o surgimento de um rolê político, que assume explicitamente o protesto contra a discriminação social. Até o momento, há dois convocados, ambos para o próximo sábado (19/1): em São Paulo e Rio. Mas as ações inspiradas pelo funk de ostentação continuam crescendo. São mais de quinze, espalhadas por diversos shoppings de São Paulo, além do Parque Ibirapuera e SESC Itaquera. Uma rápida análise, a partir das atividades agendadas no Facebook, pode revelar muito sobre a diferença entre estas as modalidades — e entre a juventude que as organiza.
 
Uma primeira distinção, muito clara, está em como cada grupo de jovens vê a violência. Nos rolês politizados, a crítica dirige-se, evidentemente, contra a polícia e o apartheid social. O jargão é sociológico. “Criminalizado como um dia foram a capoeira, o futebol, o samba, a MPB e o RAP, o funk moderno é tão contraditório em seu conteúdo quanto o é resistência em sua forma e estética”, diz a convocatória do Rolé contra o Racismo JK Iguatemi — marcado para o mesmo shopping que proibiu a entrada de pobres. Já os garotos discriminados parecem mais preocupados em não serem vistos como violentos ou praticantes de furtos. Num evento que convocava para ir no próximo sábado ao Shopping Tatuapé [e que foi deletado nesta terça-feira], um dos organizadores escreve, com as gírias comum a todos, que se alguém for para arrumar confusão, é melhor que não vá (ou “se for pra arasta nessa porra nem cola”). Muitos comentam apoiando, e reclamam dos chamados “ratos de tênis” — jovens que assaltam para tomar tênis de marca para si. A maioria afirma que só vai para “curtir” e “beijar na boca”.
 

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